Capítulo 33: Um passo rumo à verdade (2)

— Desgraça! Irmão!

Bruno reagiu assim que confirmou que a cabeça do Veron foi decapitada.

Inúmeros insetos ziguezaguearam pelas aberturas nas roupas dele.

Bruno quebrou a cabeça rapidamente.

‘O que ele usou foi ondas sonoras… e até usou magia de metal…’

As propriedades elementares eram divididas em 10 elementos: fogo, água, vento, terra, plantas, eletricidade, metal, gelo, trevas e luz.

Existiam também propriedades desconhecidas que ainda não foram reveladas.

No caso da magia sonora, ela era frequentemente vista como uma ramificação do elemento vento, porque usa vibração atmosférica.

E o que Ludger usou para deter a arma de Tesla foi a magia da propriedade do Metal.

‘O metal é um elemento derivado da terra. As propriedades elementares que normalmente podem ser manipuladas pelos magos são compostas apenas por características semelhantes.’

De acordo com o julgamento do Bruno, Ludger podia usar magia elemental de Vento, Terra e Metal.

Normalmente, os magos podiam usar cerca de duas ou três propriedades.

Não importa o quão habilidosos fossem, só podiam dominar até quatro propriedades.

Dependia apenas do talento natural para dominar cinco propriedades.

Como resultado, os magos basicamente conjuravam três elementos, que os oponentes precisavam lidar.

Isso era senso comum básico, e era uma coisa óbvia.

‘Se ele domina o elemento vento, então os insetos voadores e pequenos vão estar em desvantagem. Vou ter que resolver isso com a ajuda do grandão.’

Ainda não tinha certeza, então não podia descartar a possibilidade do Ludger ter um quarto elemento.

Uma centopeia gigante com uma crosta grossa saiu da manga do Bruno.

Era um inseto que não podia ser visto em um ecossistema geral, criado por meio da magia negra e da hibridização de subespécies de insetos específicos capturados na selva meridional.

Mas o pescoço da centopeia foi cortado em um instante.

Levou menos de um segundo para a espada afiada mirar no pescoço dele.

— Urk!

Bruno torceu o corpo e escapou da lâmina do Ludger.

Escondido debaixo das roupas, besouros duros estavam cobrindo seu corpo como uma cota de malha.

‘Ele está disposto a ter uma luta à distância? Será que é um mago de combate?’

Bruno tentou se distanciar imediatamente do Ludger.

Naquele momento, uma técnica de feitiço foi conjurada na frente dele.

Os olhos do Bruno se arregalaram.

‘Isso é a Espiral Flamejante!’

Uma técnica de feitiço que parecia formar uma chama ardente foi conjurada em apenas alguns milissegundos.

O feitiço do elemento de chama de terceiro grau, Espiral Flamejante, engolfou Bruno em menos de um segundo, emitindo chamas intensas.

— Aaaaaaaaargh!

O fogo eclodiu junto com o grito dele, iluminando os arredores. Os soldados, que estavam olhando para a entrada, olharam para trás e ficaram arregalados.

— É… o inimigo!

— Como raios?!

Mas, enquanto isso, Bruno torceu seu corpo dentro do calor.

O elemento mágico mais difícil para um mago que lidava com insetos era definitivamente a propriedade do fogo.

Não conseguia acreditar que o intruso estava utilizando um elemento que não tinha nada a ver com as outras três propriedades.

Era inacreditável.

— C-como caralhos?

Quase todos os insetos morreram queimados, e a condição do Bruno também não estava muito boa.

Seu corpo estava meio derretido, quando olhou para Ludger enquanto desmaiava no local.

Pensou que não tinha baixado a guarda, mas também não esperava que o inimigo fosse tão extremo.

— Quem… raios é você?

— …

Bam~

Em vez de responder, Ludger pegou um revólver e disparou na cabeça do Bruno.

Ao mesmo tempo, a energia reserva foi ativada, de modo que a luz do laboratório voltou.

— Oooh!

— Não… sem chance, os irmãos insetos estão mortos.

Os soldados, que estavam no comando da segurança interna, olharam para os corpos dos irmãos Bruno e Veron e ficaram perdidos.

Mesmo que todos combinassem o poder, ainda perderiam nas mãos de um dos irmãos, mas o intruso sozinho acabou com ambos.

Os soldados perderam o espírito de luta.

Não tinha como lutarem contra um monstro assim.

Todos se afastaram do Ludger com medo, e uma mudança estava acontecendo no corpo de Veron, que foi decapitado e desabou.

Whoosh!

— …!

Ludger respondeu imediatamente. Assim que o corpo voou para a frente, uma mão enorme arranhou o espaço onde Ludger estava há um segundo.

Era a perna frontal de um inseto, cheia de espinhos afiados na casca lisa.

Todos os observantes também ficaram atordoados.

— Você não morreu?

Ludger olhou para Veron, que estava movendo seu corpo e perguntou.

O corpo do Veron, que foi decapitado, levantou-se. Foi sua mão direita bizarramente transformada que se destacou para Ludger.

Veron estendeu a mão esquerda, que ainda estava na forma humana.

Tinha uma boca na palma dele.

— Fiquei surpreso. Não esperava uma emboscada assim.

— É… a sua forma de inseto?

— Oh. Então você sabe disso?

Era Bruno cuja especialidade era insetos.

Pelo contrário, seu irmão mais velho, Veron, tinha um corpo grande e não lidava com insetos, então Ludger se perguntou por que eram chamados de irmãos insetos.

‘Era por causa disso?’

Veron era um mago negro cujo próprio corpo sofreu mutação como algum tipo de inseto.

Isso não ocorreria naturalmente, então realmente usou seu próprio corpo como um experimento de magia negra.

Veron era um exemplo de por que os magos negros eram repletos de malucos.

— Mesmo assim, sua cabeça foi cortada, então eu não esperava que ficasse bem.

— Meu corpo não é mais o de uma pessoa normal.

Ao mesmo tempo que disse isso, o corpo do Veron sofreu mutação com o som arrepiante de trituração.

O manto preto ao redor do seu corpo se expandiu e inúmeros espinhos apareceram.

Ludger recuou.

Veron — que já tinha um corpo gigante — olhou para Ludger enquanto ele crescia ainda mais.

Tinha uma forma horrível de monstro que parecia uma mistura de vários insetos.

Naquele momento, era difícil dizer se era um mago negro ou um Criptídeo.

[Não acredito que você matou meu irmão mais novo. Não estou triste, mas vou garantir que pague por isso.]

Veron puxou os braços para trás e atacou Ludger como flechas.

Ludger voou imediatamente usando um lançador de fio.

O golpe do Veron passou pelos pés dele e penetrou nos soldados que estavam alinhados atrás.

— Aaaaaah!

— Fujam!

Veron não se importou com seus homens gritando e morrendo.

[Nossa. Sua reação é rápida. Você é literalmente como um inseto voador.]

Veron olhou para cima e tentou encontrar Ludger.

Boo-boom~

Naquele momento, as estruturas de aço no teto desmoronaram e caíram na cabeça do Veron.

Baam~

Veron estava bem, embora um peso considerável de ferro tivesse caído nele. Havia apenas um arranhão na concha dele, e não tinha nenhum ferimento.

[Você estava tentando chamar minha atenção com isso?]

Veron virou a cabeça enorme e olhou para Ludger, que pousou lentamente no chão com um fio.

Obviamente foi um ato de provocação, mas Ludger não respondeu.

‘Que saco.’

O corpo do Veron já estava fora do reino de insetos comuns.

A concha cobrindo um corpo tão grande também era dura, então não era de admirar que fosse chamado de monstro além de um mero mago negro.

‘É por isso que são magos negros.’

Ludger, que estava prestes a disparar seu revólver, desistiu e guardou todas as suas armas, porque percebeu que até mesmo cem tiros não funcionariam no Veron.

[Oh. Já está desistindo?]

Veron riu das ações dele, mas Ludger estendeu a mão no alvo.

[O que está fazendo?]

As ações do Ludger, que esticou os braços, não só provocaram a curiosidade do Veron, como até o deixou desconfortável.

[Ele está tentando usar algum tipo de magia?]

Contudo, é praticamente impossível ferir Veron, a menos que fosse um feitiço acima do quarto grau.

Ludger era um mago de rank 3 de acordo com o seu julgamento.

Sua velocidade de conjuração era tão rápida que chegava a ser bizarra, mas era só isso.

Não achava que Ludger pudesse causar danos consideráveis nele.

[Vou ser um pouco generoso e ver o que esse intruso está tentando fazer.]

Veron fez esse julgamento.

— Eu não queria usar aquilo.

[Hmm?]

— Bem, não tenho escolha.

Assim que Ludger terminou sua frase…

O interior do laboratório foi preenchido por uma luz branca.

— Huu. Haa! Que frio.

Hans, que estava esperando pelo Ludger do lado de fora da fábrica abandonada, estremeceu quando enfiou a mão no bolso para escapar do ar congelante da noite calma.

Já fazia meia hora desde que Ludger entrou.

‘Já está quase na hora de ter terminado.’

Ludger tinha se esforçado muito para não tornar isso óbvio, mas Hans percebeu que ele estava muito zangado.

Bem, também ficou furioso.

Não conseguia acreditar que aqueles lunáticos sequestraram uma criança de 7 anos junto com os pais e os usaram como experimentos humanos.

Não importa o quanto alguém não fosse justo, existia uma “linha” que não deveria ser ultrapassada, até mesmo por pessoas que faziam seu tipo de trabalho.

Só que a escola Shamsus ultrapassou em muito essa linha.

‘Ele está um pouco atrasado. É difícil lidar com dois magos negros?’

Ainda mais se os magos negros eram os irmãos insetos, que tinham sua própria reputação no submundo.

Mas Hans não achava que Ludger morreria.

Eles se conheciam há anos.

Ludger era um homem que deveria ter morrido há muito tempo.

Existia apenas um motivo para isso não ter acontecido: ele era muito forte.

‘Não parece que tem intenção de mostrar isso.’

Era um caçador que tinha caçado o monstro em Jévaudan sozinho em primeiro lugar.

O monstro tinha comido mais de cinco cavaleiros, mas Ludger o caçou sozinho.

Além disso, Ludger não usou apenas a identidade de “Abraham Van Helsing” como caçador.

Também foi um detetive particular, um ladrão misterioso, um consultor criminal, um mercenário, um artista e assim por diante.

Ele tinha muitas faces, e cada uma das máscaras que usou no passado sempre causou um grande impacto.

Assim que pensou que estava na hora, uma luz forte que fez seus olhos doerem saiu de toda a fábrica abandonada.

Whiiiiirrrrr~

Ao mesmo tempo, a luz se transformou em chamas, transformando a fábrica abandonada em um mar flamejante.

Era um poder aterrorizante que explodiu a fábrica enorme.

Hans sabia muito bem quem tinha feito isso.

‘Então ele usou aquilo.’

O próprio Hans se referia a essa habilidade como “aquilo”, mas, na verdade, também não sabia que tipo de habilidade era.

Tinha perguntado ao Ludger sobre isso uma vez antes.

Mas a única coisa que ouviu foi uma resposta estranha de que era uma “magia verdadeira”.

‘Magia é magia. O que é magia verdadeira?’

De qualquer forma, o oponente era durão para Ludger usar essa habilidade.

E mostrava o quão sério estava.

Ludger colocou os dados do laboratório e as drogas experimentais em uma mala e saiu.

Hans, que estava esperando do lado de fora, falou:

— Terminou? Vamos vazar daqui primeiro. A polícia vai vir mesmo que seja uma fábrica abandonada, já que você chamou muita atenção. E o interior?

— Já cuidei de tudo.

Ludger verificou minuciosamente o laboratório depois de lidar com Veron.

As aparências horríveis dos experimentos que estavam presos numa gaiola no escuro…

Eram todas pessoas comuns que tinham desfrutado de vidas diárias.

Só que elas foram destruídas no fim.

Eram aquelas pessoas que sofreram ao cruzar fronteiras onde seus corpos sofreram mutações. Perderam o raciocínio e não podiam mais ser chamados de humanos.

A única misericórdia que Ludger poderia dar era deixá-los descansar em paz sem nenhuma dor.

Ludger explodiu todo o laboratório, matou os cientistas e saiu com os relatórios de pesquisa e resultados experimentais.

— É isso?

Hans perguntou quando viu uma ampola contendo líquido vermelho dentro da mala que recebeu de Ludger.

— Sim.

— O mundo ficou assustador demais. Quem poderia imaginar que havia pessoas fazendo experimentos humanos num lugar desses? Nunca imaginei que cientistas e inventores teriam dado as mãos aos magos negros.

— Isso não foi tudo.

— Oi? O que tem mais?

— Como você acha que eles têm um laboratório secreto tão grande?

— Isso…

— Tem alguém por trás deles que tem financiado muito dinheiro.

— Isso… é obviamente um problemão.

Era necessário uma quantia aterradora para construir um laboratório assim em segredo.

Portanto, existia um apoio substancial nos bastidores.

— Não se preocupe. Já sei quem é.

— Está falando sério?

— Sim.

Hans ficou desconfortável com a resposta do Ludger.

— Não me diga…

— O quê?

— Não é… aquilo… né?

Ludger não perguntou o que Hans queria dizer, só o encarou.

— Ah.

Hans não conseguia detê-lo.

Ele percebeu isso imediatamente e pegou a mala.

— Vou para o esconderijo primeiro. Dê uma passada lá se tiver tempo depois do trabalho.

Hans saiu sem ouvir a resposta do Ludger, que ficou lá parado por um tempo.

As chamas vermelhas e brilhantes queimando de longe iluminaram a zona escura da fábrica abandonada.

Era como a vela mais espetacular acesa logo antes do fogo se apagar.

— Você me trouxe essa merda?!

Praang!

No interior de uma mansão luxuosa, o milionário Belfort Ricksen jogou um prato de comida que foi trazido pela empregada.

Ela foi atingida pelo prato e caiu com a testa sangrando.

A comida no prato manchou suas roupas e rosto.

Mas ninguém poderia ajudá-la.

Um velho de 60 anos, cuja barba branca vinha crescendo há anos, olhou com nojo para a empregada e estalou a língua.

— Chama isso de comida? E eu ainda gastei meu dinheiro nessa merda.

Belfort se levantou do assento e saiu da sala de jantar.

Era um homem que ascendeu como um capitalista de muito sucesso nesta era de revolução.

Mas Belfort só viu um velho cheio de rugas quando se olhou no espelho.

Afinal, tinha dedicado sua juventude para conquistar essa posição.

Portanto, queria recuperar sua juventude.

Com esse desejo em mente, ajudou os magos negros a fazer algum tipo de experimento.

Recentemente, algumas das cobaias escaparam, e foi informado de que o experimento só deu errado.

‘Droga! Idiotas! Lixos inúteis!’

‘Quando dinheiro acham que investi?!’

Belfort voltou para o quarto com raiva.

‘Ainda assim, o experimento em si não era sem sentido. Mais cedo ou mais tarde, terá um resultado decente.’

Uma droga que traria o corpo humano enfraquecido de volta ao auge…

A capacidade de recuperar sua juventude não estava distante.

Queria não apenas ser jovem novamente, mas também ser mais saudável e mais forte.

Estava imerso nesses pensamentos, quando tentou ligar a luz do quarto escuro…

— Belfort Ricksen.

— O-o quê?! Quem é você?!

Tinha alguém no centro do quarto.

Belfort tentou ligar a luz mágica, mas não acendeu porque algo estava errado.

Belfort ficou preso no quarto sozinho com um intruso não identificado na escuridão sem a luz da lua.

— S-segurança! Segurança!

— Pode chamar à vontade, mas ninguém vai te ouvir.

Ele já tinha espalhado uma barreira de som no quarto. Claro, o alarme soaria imediatamente se alguém usasse esse tipo de magia, já que era a casa de um milionário.

Só que a magia dele era tão discreta que nem mesmo a magia do alarme conseguiu detectar.

Ludger, que estava sentado numa cadeira, levantou-se.

E se aproximou lentamente do Belfort…

— Belfort Ricksen, vou fazer uma perguntar.

— O-o quê?! Quem é você?! Revele-se!!

— Uma criança de sete anos está desesperadamente tentando sobreviver a uma terrível realidade, testemunhando a si mesmo e seus pais se tornando monstros…

Baam~

Ludger esticou o braço, agarrou Belfort pela gola e o puxou para perto do seu rosto.

Seus olhos brilharam em vermelho no escuro.

— Como você acha que se sentiu a pessoa que não teve escolha a não ser queimar eles até a morte?