Cap. 61 – Magia de Designação de Coordenadas (1)
— Bem, foi um professor.
— “Sabe quem é o professor?”
— Rudger Chelici, um novo professor — respondeu sem pensar.
— “Hum… certo.”
— Isso ajudou?
— “Sim. Terei que encontrá-lo o mais rápido possível.”
— Espero que haja progresso na sua investigação.
— “Obrigada por me ajudar, princesa.”
— Sem problemas.
— “Mas… princesa Erendir…”
— Pois não?
Quando eu estava prestes a desligar, ela me chamou, como se tivesse acabado de se lembrar de algo.
— “A primeira princesa quer entrar em contato com você. Ela afirmou estar chateada por você não ter falado com ela recentemente e me pediu para informá-la.”
— Entendido.
— “Até mais.”
Após o encerrar da ligação, Erendir encolheu os ombros e não teve escolha a não ser soltar um profundo suspiro. O fato de a sua irmã mais velha estar procurando por ela a deixou desconfortável. Ter sido comunicada por meio de Terina também deixou claro que sua irmã era o mais carinhosa possível.
— Sir Terina virá a Theon?
O incidente do lobisomem parecia mais sério do que o esperado, ou então o Departamento de Segurança não teria entrado no meio assim.
Se havia algo a ser ganho visitando Sören, isso por si só era uma coisa boa, então não pensou mais nisso.
* * *
— E aí?
Seu tenente, Lloyd, que estava esperando que Terina terminasse sua ligação, perguntou enquanto a luz refletia em seu óculos.
— A terceira princesa disse que um professor resolveu o problema em Sören.
— Um professor de lá?
— Ela também disse que é um novo professor que acabou de ser nomeado. Acho que terei que encontrá-lo em pessoa e conversar com ele.
— Vai agora?
— Não, a investigação em Leathervelk ainda não acabou. Enya, você tem algo especial para relatar?
— Sim! — respondeu Enya com vigor, que estava esperando. — Parece certo que a fábrica incendiada era um laboratório secreto que pesquisava ou desenvolvia algo.
— O que importa é quem estava lá e o que estava acontecendo.
— Ainda assim…
— Algo mais?
— Ugh. Além disso, não acho que haja mais nada fora do comum, exceto pelo barulho do lado sombrio de Leathervelk.
— As ruas sombrias são barulhentas.
Cavaleiros estavam em um palco chamativo, mas eram diferentes do Departamento de Segurança. Como viam um monte de coisas sujas, suas conexões com o submundo eram mais profundas do que o normal. Na verdade, o lugar onde obtiveram mais informações dessa situação também foi no submundo.
Com as palavras de Terina, Enya suspirou levemente e continuou o relatório.
— Desta vez, algo um pouco incomum aconteceu.
— Algo incomum.
— O submundo de Leathervelk era dominado pela Sociedade Vermelha, sabe?
— Já ouvi falar. É um pouco irritante, mas não sentimos a necessidade de nos livrarmos dela, então deixamos isso em paz. Mas me lembro que era bem grande.
— Sim. Dizem que ela foi destruída em um dia há pouco tempo.
— Um dia?
Na escuridão que existia por trás da cidade, todos os tipos de grupos lutavam, por isso não era muito estranho que muitos morressem. Porém, a Sociedade Vermelha era grande ao ponto de ser chamada de organização. Como desapareceram da noite para o dia, até Terina não pôde deixar de ficar curiosa.
— Isso é meio interessante. Acha que tem alguma coisa a ver com este caso?
— Não parece ser isso. Mas, pelo visto, uma pessoa muito talentosa apareceu no submundo de Leathervelk, então acho que seria melhor ficar de olho. Pode ser uma ameaça para o império.
Ao contrário da preocupação de Enya, Terina balançou a cabeça.
— Não há necessidade de se preocupar com isso no momento. Vamos nos concentrar em nossa investigação.
— Sim!
— Assim que for confirmado que não tem mais nada a ser encontrado em Leathervelk, iremos direto para Sören.
— Está bem.
Depois que seus tenentes saíram, Terina cruzou os braços.
“Sören, huh?”
Embora não tenha falado com os tenentes, Terina estava prestando atenção em Sören desde que falou com a princesa havia algum tempo. Ela estava convencida de que havia uma pista lá. Era apenas sua intuição, então não precisava contar aos dois.
“Vou ter que ir lá para saber mais a respeito.”
Seus sentidos continuavam dizendo a ela que havia algo lá.
* * *
Mesmo depois que a diretora me contou sobre a Pedra Onipotente, rumores a respeito dela ainda circulam na academia. Está muito pior do que antes, na verdade.
“Alguém está instigando rumores?”
É difícil identificar com exatidão quem era, visto que o número de pessoas no grande campus chega a quatro dígitos. É realmente como uma pequena cidade, por isso é impossível verificar todos.
Os rumores se espalharam até mesmo através dos registros akáshicos, que só podem ser usados pelos alunos, e a segurança do anonimato é tão rigorosa que é difícil encontrar a fonte.
“Neste caso, seria melhor lidar com a pedra logo e acabar com isso.”
De pouco em pouco, alguns dos alunos começaram a perguntar se também deveriam procurar. Talvez não tenham percebido nada durante o último incidente com o lobisomem, ou pensam que são diferentes, mas existe uma tendência crescente de estudantes não fiéis aos seus estudos e que se concentram nos estranhos rumores.
“Por ora, não há pessoas que cruzaram a linha ainda, então estou deixando isso em paz. Isso não vai durar muito tempo.”
Eles foram instruídos a não saírem durante os lobisomens, mas foi conveniente, pois tudo o que eu precisava fazer era pegar o lobisomem lá fora. Sendo honesto, eu não podia falar nada da Pedra Onipotente.
Não importa quem se machuque procurando por ela. Em vez disso, se tentássemos evitar ainda mais, os alunos poderiam até suspeitar ainda mais da existência dela.
“A diretora vai cuidar dessa parte, de qualquer maneira.”
Assim como um aluno tem deveres discentes, como professor, tenho deveres docentes.
— Concentrem-se.
Como de costume, quando falo com um pouco de força, se concentram. No entanto, não sinto o mesmo entusiasmo que no início do semestre. Devo ter elevado muito as expectativas iniciais com o código-fonte, e desde então, só resumi o conteúdo do livro, em vez de ensinar feitiços novos.
Entre o que ensinei, havia a Sensação dos Elementos, mas parece que não foi suficiente para os alunos que estão na fase de aprendizado. Aos olhos de alguns, a insatisfação com a matéria está começando a se acumular. No fim, não tive escolha a não ser fechar o livro em voz alta.
— Muitos parecem entediados, então hoje vou mostrar algo divertido e refrescante.
“……?”
Devagar, os que estavam prestes a dormir nas mesas ergueram a cabeça com minhas palavras. Estão começando a se interessar agora.
“Me lembrou do passado.”
Quando penso no meu tempo na Terra, houve um tempo em que eu também era um estudante. Acordava às 6h30 e trabalhava até às 22h.
Eu passava 15 horas por dia estudando. Era desesperador, mas, com certeza, havia momentos em que eu não suportava o tédio de continuar a aula. Naquela época, os professores sempre tentavam acalmar o tédio dos alunos falando de tópicos não relacionados à aula.
— Quando os magos usam magia, ela sempre gira em torno deles mesmos.
— Normalmente, a magia elemental sempre foca no usuário.
Com isso dito, usei o feitiço de fogo de primeiro grau, Piro, fazendo irromper uma pequena faísca da ponta do meu dedo. É um feitiço básico que nem sequer requer técnicas complicadas, por isso não há nada para se surpreender. Todavia…
— Se você trabalhar um pouco nele, isso aqui é possível.
Apaguei as chamas e conjurei o feitiço de novo. Foi o mesmo, mas a diferença era que o fogo desta vez não estava na minha mão, mas em um lugar a uma certa distância de mim.
— Uau?!
Um deles, que estava quase no sono profundo, gritou de espanto quando viu as chamas subindo bem na frente dos seus olhos quase fechados. Riram dele.
— O que é isso?
— A distância é de dez metros, mas é só uma pequena chama?
— Como o professor fez isso?
— Isso não é um truque?
Eu sabia que falariam isso, então desconjurei Piro e conjurei outros feitiços. Energia elétrica se espalhou pela sala, gotículas de água foram criadas e o vento viajou pelo ar.
Ativei vários feitiços em locais diferentes, e foi então que os olhos deles se voltaram para mim como se percebessem algo. O silêncio se sobressaiu no lugar.
— Alguma dúvida?
A maioria deles levantou as mãos, o oposto de suas reações de um tempo atrás. Eu sorri para mim mesmo e apontei para um deles.
— Qual a sua dúvida?
— Professor, como você fez isso?
— A intenção da pergunta é ambígua.
— Então… o feitiço normalmente é centrado no conjurador, já que a mana, a matéria-prima para magia, vem dele.
— Isso.
— Mas a magia do professor foi ativada a uma distância além do senso comum.
A maioria deles ficará curiosa sobre isso, então decidi mostrar mais uma vez.
— Vamos, olhem.
Conjurei uma faísca na palma da mão.
— Embora se diga que a magia está centrada no conjurador, esse feitiço não entrou em contato comigo. Para ser preciso, foi condensado no ar cerca de cinco centímetros acima da minha palma. O normal é que o limite seja de até um metro. É quase impossível ir deste púlpito para a parte de trás da sala.
— Mas senhor Rudger…
Eu fiz isso para entenderem o que estão dizendo. O feitiço que mostrei a eles era um mistério que não conseguiam compreender.
— No fim, o princípio é semelhante ao que estou mostrando agora.
Apaguei a chama flutuando na minha mão.
— Dizem que um metro é o limite, mas não é impossível ir além. O consumo de mana aumentará muito, mas se o princípio for diferente, é bem possível, como acabei de fazer.
Em vez de manifestar o feitiço em torno do conjurador, usei um método para conjurar um feitiço em uma coordenada específica.
— Este é o método de designação de coordenadas.