Cap. 65 – Armadilha da Bruxa (1)
Tenho um pedaço de uma relíquia, ainda assim, não posso dizer que todas são iguais. Sei por que são chamadas de relíquias, então tenho certeza que esta pedra, com certeza, não é uma.
“A presidente me disse que a pedra foi roubada.”
E ela disse que a pedra era uma relíquia. Todavia, a que peguei não é uma. Esta é somente uma pedra que detém um poder mágico inexorável.
Naquele momento, não tive escolha a não ser assumir o pior cenário. Ao mesmo tempo, uma sensação estranha percorreu minha espinha. A Floresta Silenciosa faz jus ao seu nome, e inúmeros espíritos e pensamentos vagam e choram.
Ocasionalmente, bestas mutantes, também conhecidas como bestas mágicas, vagam por aí, mas agora sem som.
“Os arredores ficaram quietos.”
Olhei para o céu, obscurecido pelas nuvens, e algo estava flutuando lá em cima. Estava longe, mas vi absorvendo poder. Rapidamente gerei magia, invocando a Ater Nocturnus para envolver-me ao mesmo tempo.
Uma sombra semelhante a um pano preto tornou-me algo parecido com uma múmia. Meu corpo, coberto de sombras, cavou no chão enquanto estrela caía do céu.
* * *
Uma explosão branca e deslumbrante ocorreu no centro da Floresta Silenciosa. A luz pura que queimava a escuridão se espalhou na forma de uma enorme cúpula e engoliu um canto da floresta. Uma enorme tempestade se alastrou, e fragmentos de galhos e pedras se espalharam em todas as direções.
A cúpula branca, que se espalhou como se fosse engolir toda a floresta, acabou parando sua expansão explosiva e desapareceu de forma gradual. Onde a luz sumiu, nada restou. As árvores, os espíritos e demônios se retiraram com medo e admiração de um ser.
— Acabe com isso.
As nuvens se afastaram e o luar caiu do céu, iluminando seu cabelo branco. Era a diretora Elisa Willow.
Ela desceu do céu e pousou no centro das ruínas que havia criado. No lugar onde tudo desapareceu, apenas uma coisa permaneceu.
— Recuperei a falsa Pedra Onipotente — murmurou, olhando ao seu redor. Em simultâneo, polvilhou seu poder mágico, mas nada foi descoberto.
As baratas que se escondiam em Sören morreram com um único golpe, e isso foi tudo graças à “isca”: a Pedra Onipotente.
“Eu queria algo maior, mas só posso me contentar com isso.”
Ela balançou um pouco a cabeça de um lado para o outro. Não queria ficar lá por muito tempo, graças ao feitiço de alto nível que usou. Os arredores estavam tranquilos por ora, porém a Floresta Silenciosa voltaria a preencher o espaço.
“Eu queria apagar a floresta inteira.”
Não importava o nível do feitiço, não poderia acabar com ela sozinha. Todavia, se alguém fraco entrasse, ficaria louco. Era irritante, mas não teve escolha a não ser deixar isso em paz.
“Vou apenas dizer aos outros que dei conta do recado.”
Ela deliberadamente pediu ajuda a Rudger Chelici para lidar com este assunto em segredo, porque ele parecia capaz, mas suas dúvidas sobre ele ainda não haviam sido esclarecidas. Ela pensou que talvez ele estivesse aqui.
“De fato, o que teria acontecido?”
O feitiço usado não poderia ser parado com facilidade nem por um mago do mesmo nível. Além do mais, como era um ataque surpresa, era ainda mais difícil evitá-lo. Se ele estivesse aqui, teria morrido também.
“Espero que não.”
Ela esperava que um homem desse calibre não fosse um traidor. Elisa pensou assim, pegou a isca e voou de volta para o céu.
* * *
“Sendo honesto, estou surpreso.”
Vendo a diretora saindo, limpou o suor frio escorrendo da testa.
“Ela deve ter intervindo. Se eu tivesse chegado um pouco atrasado, teria sido um desastre. Essa é uma magia de um sexto grau?”
Ele não podia acreditar que ele tinha estado lá apenas um momento antes. Foi graças ao Ater Nocturnus que conseguiu escapar.
“É bom que eu defina as coordenadas com antecedência.”
Magia de movimento espacial não existia neste mundo. Na verdade, existia, mas não é conhecida “externamente”. Por isso que os alunos ficaram surpresos com o método de designação de coordenadas que Rudger mostrou.
Muitas vezes, em romances de fantasia em sua vida anterior, havia teletransporte. Graças a Ater Nocturnus, ele pôde usar.
Ao contrário da maioria das bestas invocadas, Ater Nocturnus era a sua roupa. Se ele a movesse com a técnica de designação de coordenadas, ele próprio iria junto.
“Estou tonto.”
Com as mãos trêmulas, ele pegou uma pílula do bolso interno e colocou na boca. Os tremores em seu corpo diminuíram quando o poder mágico puro foi fornecido ao seu cérebro.
A desvantagem disso era que o número de usos era limitadíssimo. Além do consumo extremo de poder mágico, o corpo, atraído pela magia, salta sobre o espaço e sofre de extrema dor.
Até um cavaleiro ficaria atordoado, mas graças ao meio das sombras, os efeitos secundários são mínimos. Se tivesse sido um feitiço de outro atributo, estaria em uma condição muito pior.
“Além do mais, a diretora interveio. Eu não sabia que as coisas iriam tão longe.”
Rudger de repente lembrou que ela lhe pedira ajuda.
“Ela está me testando?”
Ele pensou sobre e depois balançou a cabeça. Se assim for, não há necessidade de usar um método tão pesado. Ela disse que deixaria para outros professores, e que ele mesmo deveria lidar com esse assunto em segredo.
A única coisa que ele ignorou foi que ele fez contato com seus inimigos muito rapidamente, muito mais do que a diretora pensava. Ela deveria avisá-lo e outros depois que agisse. Ela não devia ter pensado que ele encontraria os inimigos antes dela, mesmo na Floresta Silenciosa.
“Além disso, até aquela Pedra Onipotente não era nada mais do que uma farsa. Tenho que estar vigilante quanto a ela.”
Ele estremeceu. Ela mais uma vez gravou em sua mente que era um ser humano extraordinário.
“Devo ter mais cuidado para não ser pego.”
Ou a diretora descobria que ele era uma farsa, ou o Amanhecer Negro descobria. Não era como se um bom resultado viria a público se qualquer um deles o pegasse.
Em particular, quando vi o feitiço que a diretora usou, ficou bem claro que devo ter muito cuidado.
“O único benefício que pude obter foi a Pedra Onipotente, mas mesmo isso era falso.”
De certa forma, foi apenas uma pequena perda. Ele não se arrependeu.
“Traços foram deixados para trás.”
A Pedra Onipotente roubada por Demires não é uma relíquia real, entretanto, uma farsa feita com cuidado pela diretora. Todavia, isso por si só não poderia afirmar que a verdadeira não existia. Quando ela o convocou, ele não achou nada estranho.
“Não há como Demires e os outros terem brincado com falsificações assim. Deve haver algo que realmente os atraiu.”
A verdadeira estava lá.
“Já que deixei minha marca na farsa, ela provavelmente verificará a real. Só preciso me lembrar dos vestígios gravados na farsa. Vou agir na hora certa.”
No momento em que eu estava pensando em sair da Floresta Silenciosa, o som de pisar em galhos ecoou atrás de mim.
— Professor?
“…….”
Ele olhou para trás lentamente. Flora Lumos estava lá, olhando para ele com os olhos trêmulos.
“Você viu?”
Ele sequer questionou por que ela estava aqui. Por enquanto, apenas o fato dela ter visto ele na Floresta Silenciosa era importante.
Rudger afastou os punhos da vista dela. Ele pensou em destruir as evidências de imediato, porém, pensando que iria longe demais, abriu a boca.
— Flora Lumos, por que está aqui?
— Ah, não. Isso é…
“Como posso dizer que acabei de seguir o cheiro agradável que senti pela primeira vez?”
E Rudger Chelici estava no fim desse cheiro. Se ela dissesse isso, não pareceria uma pervertida?
— Não vai responder?
— Isso, isso… Por que o senhor está aqui?
No final, tudo o que Flora podia dizer era isso.
Ele soltou um pequeno suspiro com sua reação perplexa. Ela não levou a sério, então isso significava que não tinha o visto usando Ater Nocturnus. Mesmo assim, ela devia ter entrado por acidente, visto que a entrada estava sendo vigiada.
— Flora Lumos, esta floresta é perigosa para um estudante. Volte.
— Não sou tão fraca, sou?
A floresta era, sim, perigosa, ainda mais para o corpo discente. Entretanto, uma estudante como ela era forte o suficiente para sobreviver.
Ela continha uma constituição peculiar chamada de Sinestesia Mágica, então, se sentisse que a magia da floresta era perigosa, poderia evitá-la e escapar.
Já que ela foi até lá, queria perguntar a respeito da magia misteriosa. Quando ela estava prestes a falar, viu Rudger segurando um porta comprimido em uma mão.
— Professor, o que é isso?
— Não é nada — respondeu ele, o pondo no bolso.
Ela olhou para ele com um olhar desconfiado. Ela entrou na floresta perseguindo o cheiro e, do nada, uma grande luz brilhou à distância. No fim do cheiro, estava Rudger.
— Eu…
— Flora, onde diabos você está? Ei!
Naquele momento, uma voz jovem ressoou. Era o grito de Cheryl Wagner, que a seguira de longe.
Flora e Rudger fecharam a boca ao mesmo tempo.
— Flora! Estou com medo! Onde diabos você foi?!
Rudger suspirou e seguiu em frente.
— Siga-me. Vou ajudá-la a sair daqui em segurança com sua amiga perdida.
Flora também desistiu de fazer perguntas nessa situação perturbadora, então seguiu em silêncio.
Após ajudar Cheryl, Rudger saiu da floresta com as duas. Ao mesmo tempo, os guardas no lado de fora encontraram os três e se aproximaram, perguntando o que estavam fazendo.
— As alunas foram para a floresta e se perderam, então fui buscá-las.
Rudger respondeu que não era grande coisa.
A unidade de perseguição que estava estacionada perto da floresta foi dissolvido sob o comando da diretora.
Cheryl gritou um “sinto muito” após o outro, porém Flora não ouviu.
“Por que o senhor Rudger estava na floresta?”
E que tipo de magia ele estava usando?
Ela olhou para as costas dele e não conseguiu se livrar de seus pensamentos céticos.