Cap. 76 – Assassinos Calsapas (2)

Rudger esperava por isso desde o início. Ele já sabia que os assassinos estavam escondidos na multidão, aguardando eles se desgastarem.

“Se tentarmos romper o cerco solto e fugir logo, não terão escolha a não ser sair.”

Assassinos, dadas as circunstâncias, realizam suas missões de uma maneira assustadoramente calma. Visto que Rudger quebrou o esquema deles, não tiveram escolha a não ser aparecer.

Como seu plano falhou, eles tinham duas opções: recuar ou completar a missão.

Quando Rudger subiu no telhado, não se esqueceu de observar os inimigos que o seguiam. De fato, como ele esperava, os assassinos subiram, revelando suas verdadeiras cores.

Eram três, como adivinhou. Ele esperou pelo primeiro, então o perfurou na hora certa.

— Restam dois.

— O que você… — Violetta olhou para ele, incrédula. — Como diabos você sabia que eles se moveriam assim?

— Como diabos você sabia que eles se moveriam assim?

— É o padrão dos assassinos do sul.

Eram assassinos do meridional. Assassinos calsapa liderados pela dinastia Fátima. Eram o grupo de assassinato mais famoso do continente, e também os mais infames.

Normalmente, os assassinos recuavam quando as coisas apertavam, diferente deles.

Quando uma tarefa era dada, ela era realizada, não importava o quê. Seus ensinamentos de quase doutrinação, combinados com as doutrinas da religião deles, os tornaram muito famosos.

Por causa da disciplina rigorosa, cresceram e ficaram mais fortes.

“Mas a regra de que a missão deve ser concluída os vincula.”

Era impossível apontar que eles eram estúpidos por terem um adversário ruim que era um mago, que sabia como se envolver em combate corpo a corpo e estava armado com dispositivos estranhos.

— Acabei de abrir essa brecha.

— Você também tem conhecimento sobre eles.

— Fui alvo algumas vezes.

— Sério?

Quando ele ainda era criança, ele foi alvo dos Assassinos Calsapa. Naquele momento, ele pensou que iria morrer.

“Se não fosse por ela, eu já teria morrido.”

Por causa dessa experiência, ele pôde lidar com eles sem dificuldades agora. Em comparação com os do passado, esses de agora eram como crianças.

Eles estavam em Leathervelk porque foram expulsos por falharem em sua missão ou para melhorar suas habilidades. Seja o que fosse, se ele os olhasse de um nível objetivo, estavam muito abaixo dos reais no sul.

— Você vem de novo?

O olhar dele, parado no corrimão, foi direcionado para o beco. Os dois assassinos estavam ocupados se movendo na escuridão.

— É porque são eles, não é? Seu companheiro está morto, mas eles não são afetados.

— O que vamos fazer agora?

Com Rudger perturbado, os assassinos escondidos no escuro se moveram. Eles saíram das fendas do prédio e logo jogaram suas adagas.

Todavia, Violetta não ficou parada e abriu bem o guarda-sol preto. Como se provasse que não era feito de material comum, as adagas afiadas não puderam penetrá-lo.

— Ah, isso.

— Parece que o guarda-sol não tem resistência ao veneno.

O veneno aplicado na ponta da adaga corroeu seu guarda-sol. Enquanto isso, os assassinos se escondiam.

— Ei, como eles fizeram isso…

— É um veneno especial usado pelos calsapa. Ao entrar em contato com a pele, infiltra-se no corpo. Desmonta qualquer armadura.

— Com uma faca assim?

— É uma adaga especial. Para ser preciso, foi revestido na adaga pelo derretimento do celvantio, um metal raro do sul. Chamam de metal dos deuses, e é o principal produto de exportação da dinastia Fátima. É muito resistente à corrosão.

— Entendo.

Quando a informação vazou da boca dele, ela decidiu não perguntar mais nada. Ela aceitou que o que esse homem disse não era estranho.

— Como respondemos?

— Você tem que aguentar até que eles fiquem sem adagas para jogar.

— E podemos?

— Como o guarda-sol derreteu, não podemos. Não conseguimos usar nem magia agora.

Em outras palavras, se eles não se esquivassem do próximo ataque, morreriam.

— Devemos nos mover primeiro.

— Pra?

— Recuar.

Era perfeito para se tornar uma presa para os assassinos no telhado aberto.

Ele estendeu a mão para ela sem dizer uma palavra. Hesitou, mas ela pegou.

— Segure firme.

Rudger agarrou Violetta em um de seus braços e pulou do telhado.

Um dos membros da Sociedade Vermelha, que foram espalhados para perseguir Rudger e Violetta, teve a cabeça esmagada pelo sapato dele.

Ele desceu para o beco usando uma pessoa como amortecedor e correu sem procurar a localização do assassino.

“Tentando se esconder?”

Os assassinos não entenderam as ações dele. Ele foi para o telhado e de repente desceu.

“É um alvo imprevisível. Preciso ter cuidado.”

Um de seus colegas já foi morto.

Os dois assassinos trocaram olhares no escuro, e isso por si só transmitiu o significado. Um perseguiria e o outro estaria logo acima, impedindo o caminho.

“Pegue-os antes que escapem.”

Com esse pensamento em mente, o assassino que estava atrás dos dois encontrou uma sombra negra na frente e parou de andar. Encontrou o alvo, mas algo estava estranho.

“A mulher está sozinha? E o homem?”

Ele a deixou? Analisando a batalha pouco antes, ela parecia um fardo.

— Vamos lá, espere! Como você pôde me deixar?

Apesar de ela estar em prantos, o assassino não tinha certeza se era uma armadilha ou não.

“Talvez ele nunca tenha ido embora. É uma armadilha? Eles estão tentando me confundir?”

A fuga para o telhado também foi uma armadilha. Talvez James Moriarty estivesse escondido por perto.

O assassino caminhou devagar em direção a Violetta com uma adaga envenenada na mão. Seu olhar estava nela, porém os ouvidos estavam erguidos para captar os sons.

Naquele momento, ele ouviu um pequeno barulho no ouvido da direita.

“Bem aqui!”

De imediato ele jogou sua adaga, mas nada foi atingido.

“O quê?! Eu tenho certeza que ouvi algo.”

— É lamentável.

Uma voz veio de trás dele como se de repente saísse do ar. Rudger ficou atrás dele.

Em vez de ter essa pergunta, o assassino inconscientemente moveu seu corpo com base no treinamento que recebeu.

Ele agarrou a adaga e a balançou para trás… Mas antes que o assassino pudesse se mexer, foi perfurado por trás.

— Como…

O som veio do lado direito, mas ele apareceu por trás?

— Magia — disse Rudger.

Os restos da difusão ainda permaneciam, mas ele inverteu a direção dela. Ele combinou magia sonora e a designação de coordenadas para tornar a direção que o som vinha difícil de distinguir.

— Pegou ele?

— Sim.

Violetta ficou envergonhada quando ele lhe pediu para desempenhar o papel de isca, mas ela fez o que lhe foi dito.

“Bem, é a magia que deixa sair sons de diferentes direções. Deve ser embaraçoso para aqueles que sofrem.”

Mas quando você lutava por sua vida, não havia necessidade de ser atencioso com seu oponente.

“Só resta um.”

Às vezes, uma brisa fresca soprava pelo beco.

“O aroma da difusão é dispersado pouco a pouco.”

No fim, tinha que permanecer na atmosfera para ser eficaz, e uma vez que estavam em um beco, era mantido por um longo tempo, desaparecendo por conta do vento. Agora o tempo estava do lado de Rudger.

Naquele momento, uma sombra negra caiu sobre sua cabeça.

— Acima!

Violetta viu e reagiu, mas já era tarde demais.

O assassino jogou algo em Rudger.

 — Humm.

Rudger ergueu a lâmina escondida como se soubesse disso. O que o assassino jogou não era uma adaga envenenada, mas um gancho em uma corrente.

O gancho pegou a lâmina e puxou. O assassino, que desceu ao chão, jogou a espada presa no gancho no chão e correu em direção a Rudger.

Uma adaga afiada foi puxada de sua cintura.

— É perigoso.

O assassino tinha certeza da vitória. Não havia tempo para usar magia e ele roubou a arma alvo. Dois de seus compatriotas morreram, mas ele cumpriu sua missão.

Mesmo à beira da morte, Rudger não perdeu a compostura.

“O quê? Por que diabos você está parecendo assim…”

Ele não conseguia entender a situação, mas seus pensamentos não foram mais longe. Foi porque naquele momento em que ele correu, as duas mãos de Rudger ficaram cada vez mais rápidas.

— ?

O assassino, que havia cortado a nuca de Rudger, desabou no chão, seu corpo relaxado.

— Você estava distraído no momento crucial.

Ele limpou seu sangue da karambit em mãos. O assassino revelou uma lacuna em sua convicção que o matou, falhando no foco contínuo.

— Essa complacência momentânea matou você.

Rudger pegou a sua arma, que caíra no chão. Após verificar se a lâmina havia sido danificada, viu que ainda estava intacta e a guardou na mesma hora.

Ele pegou sua bengala e esticou o colarinho de leve.

— Você superou o assassino em combate corpo a corpo…?

— Por quê? O que mais deseja saber?

— Mesmo que eu esteja curiosa, não vou perguntar.

Era difícil contar quantas vezes Violetta fora surpreendida no dia. E neste momento. um grito da Sociedade Vermelha foi ouvido de longe.

— Está aqui! O som veio por aqui!

— Vamos pegá-los! Se fugirem, está tudo acabado!

Violetta olhou para ele.

— O que vai fazer agora?

— Como está se sentindo?

Rudger encolheu os ombros.

— Toda a difusão se foi.

— Ah, é?

— Sim, deixe isso comigo.

Sob o véu negro, Violetta sorriu sedutoramente. O fato de ela ter usado sua magia, que havia sido banida por um tempo, significava que ela tinha a oportunidade de fazer suas próprias coisas.

Ela levantou o guarda-sol quase derretido. Era uma arma para autodefesa, entretanto ao mesmo tempo era também um cajado que a ajudava a concentrar seus poderes mágicos.

— Eu cuido do resto.

Uma horda de membros da Sociedade Vermelha apareceu.

— Aqui! Eles estão…

E o que os saudava era uma lâmina de vento que cortou bruscamente a escuridão.

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