Arena – Capítulos 61 ao 70 - Anime Center BR

Arena – Capítulos 61 ao 70

Volume 2

Capítulo 61: O Quarto Exame (1)

A combinação rápida de Choi Hyuk continuou e eu movia minhas mãos como flashes de luz para bloquear todos os socos dele. Por fim, ele atacou com um gancho de direita que eu desviei agachando e revidei com gancho direcionado ao queixo dele.

O gancho roçou o queixo do Choi Hyuk, se eu tivesse mirado de verdade, acredito que teria nocauteado ele, que balançou a cabeça pra lá e pra cá.

— Você é incrível, não tem mais nada que eu possa te ensinar.

— Você é muito gentil.

Este era o último dia dos 20 dias de descanso que eu havia recebido.

Mesmo sem ter acertado nele, eu havia dominado o Choi Hyuk. Ele usou as técnicas que havia aprendido, com boa velocidade e rápidas combinações, ele foi capaz de desviar ou bloquear todos meus golpes.

Minhas habilidades haviam melhorado durante esse tempo? Sim.

Contudo, falar que minha técnica no boxe havia superado a do Choi Hyuk? Isso seria incorreto.

Minha técnica era como a de um bebê que mal começou a andar, incapaz de seguir Choi Hyuk. Porém, durante este tempo, com ajuda da “capacidade física” nível inicial 2, um punhado de movimentos de boxe foram cravados no meu corpo e mais do que qualquer coisa, o “fortalecimento corporal” nível inicial 5 e os novos reflexos começaram a ser brilhantes.

O tempo de reação e reflexos eram incríveis. Com a “capacidade física” os movimentos precisos eram gravados pelo meu corpo e com isso, eu podia reagir melhor.

Com tantas vantagens a meu favor, não importava o quão talentoso Choi Hyuk fosse, não havia nada que ele pudesse fazer.

— Ainda tem muitas coisas para você aprender, mas como eu estou perdendo de forma tão unilateral, é vergonhoso eu te ensinar.

— Não mesmo, isso é graças aos seus bons ensinamentos, por favor continue.

— Certo, seria bom ver você aqui amanhã de novo.

— … eu voltarei.

Havia acabado de passar o almoço e decidi ir para casa mais cedo. Enquanto dirigia para casa no meu Porsche Cayenne, fiz uma ligação para Min-jeong,

Talvez fossem apenas os desejos egoístas de um homem, conforme eu pensava que aquele poderia ser meu último dia, queria ver ela. Queria passar um tempo com ela, não, eu queria abraçar ela.

— Alô?

— Oi, Min-jeong.

— Oii!

— Tenho que ir para casa cedo hoje, você quer sair jantar?

— Ah, não! Eu marquei de me encontrar com umas amigas.

— Hyun-ji?

— Não, elas são do curso de culinária.

— Sério?

— Elas são habilidosas de verdade, me ajudaram muito. Eu disse para elas que pagaria um jantar como agradecimento.

— … bem, que pena então.

— Aw, me desculpe. Eu te vejo amanhã e teremos um ótimo dia.

Sorrio meio melancólico.

— Certo, vamos sim.

— Desculpe.

— Tudo bem.

Terminei a ligação e senti um vazio.

“Como posso me sentir tão sozinho”

Sem dúvidas que não era porque Min-jeong não podia sair neste dia. Não era fim de semana, e era bom que ela levasse a vida à sua maneira. Eu não podia simplesmente ver ela sempre que quisesse.

Quando chegasse em casa, como sempre, minha família estaria fora. Além de ter que fazer o exame, este era um dia como qualquer outro.

Eu não era mais o cara desempregado de meio período que voltava para o minúsculo porão. E ainda, assim, me sentia tão sozinho.

As três pessoas que haviam morrido antes de mim, seus rostos voavam pela minha mente.

“Então, é isso.”

Era porque eu não tinha pessoas na vida e morte. Como participantes, sentíamos a ansiedade e medo juntos, superando aquilo como companheiros, eu não tinha mais isso.

Ninguém podia compartilhar meu medo.

Eu tinha que lutar sozinho.

E assim, sem ninguém ao meu lado, tinha que ir de novo para aquele lugar.

Cheguei em casa e como sempre mamãe e minha irmã mais velha estavam fora trabalhando e chegariam tarde, até mesmo Hyun-ji que só tinha aulas de manhã, não havia chegado em casa ainda, ela devia estar vadiando fazendo alguma coisa.

“Devo me preparar mais cedo?”

Ainda tinha dez horas sobrando. Portanto, como não havia nada em particular para fazer, decidi me preparar para o exame.

Peguei o traje de batalha do CCPA e tênis de trilha, assim como outras roupas boas para a selva.

Peguei as caixas com balas de 7,62 mm que havia escondido no canto do meu armário. Apanhei minha mochila e coloquei os cartuchos, também coloquei uma garrafa com água fresca e uma faca, então.

O celular vibrou, era Min-jeong.

“O que será?”

Eu, ensopado na minha solidão, recebi a ligação alegre de Min-jeong.

— Alô?

— Oii!

— Oi, Min-jeong.

— Cancelei meus planos.

— O quê?

— Quero te ver hoje.

— Por quê? Nós podemos nos ver amanhã…

Perguntei em uma voz trêmula, Min-jeong respondeu.

— Oppa, sua voz meio que parecia solitária, tem alguma coisa errada? Eu me preocupei, então quero te ver hoje.

Boom, um sentimento caloroso atingiu meu peito. Essa era a Min-jeong, a qual eu decidi sair sem muito caso.

Se eu não sobreviver ao quarto exame, este dia seria o fim para mim. Contudo, ignorando este fato, meu coração se sentia iluminado…

E naquele exato momento, eu estava tão agradecido a Min-jeong. Senti um sentimento ardente, pelo simples fato de ela ter enxergado minha solidão, onde eu logo teria que lutar até a morte.

— E amanhã?

— Vou te ver amanhã também, hehehe.

Abri um sorriso.

— Certo, vamos nos ver hoje e amanhã também. Onde você está?

— Estou na escola de culinária.

Eu havia estado lá alguns dias antes.

— Vou passar aí.

— Sério?

— Sim, espere por mim.

De forma atrapalhada, joguei os itens que havia arrumado para baixo da cama e saí de casa. Devido ao tanto que queria ver ela, minha velocidade correspondia a minha pressa.

Cheguei em frente à escola de culinária e mandei uma mensagem para ela sair.

— Oppa!

Ela correu para mim com uma expressão animada, sai do assento do motorista, segurei e abracei ela bem forte.

— Woah, opaa! Elas vão nos ver.

— Quem vai ver?

— As amigas que eu falei antes.

— Hm?

Só então eu vi as amigas que vieram correndo atrás da Min-jeong.

As duas garotas com mais ou menos a mesma idade de Min-jeong, pareciam surpresas.

— Eh, olá.

— Oi.

Meio sem jeito eu troquei cumprimentos com as amigas dela.

— Me desculpem, estou roubando a Min-jeong hoje.

— Não, não.

— Você deve estar mesmo sentindo a falta dela. Não tem o que se fazer quanto a isso, hahaha.

Elas riram e nos provocaram.

Eu fiquei envergonhado, mas a resiliente Min-jeong acenou as mãos com bravura.

— Bem, eu irei primeiro. Meu oppa, parece estar com bastante pressa hoje.

As amigas dela riram ainda mais, eu suportei minha cara vermelha e acompanhei Min-jeong até o assento do passageiro.

Saímos com o carro e claro, fomos para o apartamento de Min-jeong.

— Você está apressado?

— Ah, desculpe.

— Hmph, homens sempre ficam tão solitários quando querem fazer isso.

— Eu só quero estar com você. Não vamos fazer nada, só fique aqui comigo, isso é tudo.

— Yup yup, você acha mesmo que não vamos fazer nada?

— Eh?

— Um cara deveria saber como ser mais atrevido.

Fiquei sem palavras e Min-jeong saiu do carro.

— Vamos, suba comigo, vou preparar alguma coisa para você comer.

— Ah, uh, certo.

Min-jeong já estava brincando comigo como se eu fosse um cãozinho. Subimos para o apartamento dela e eu comi a comida que ela preparou.

Um pote de arroz quente e melado, ensopado de soja com tofukimchi, algas secas e um ovo frito como acompanhamento.

Não podia dizer se era porque ela tinha aprendido direito ou se já era talentosa desde o começo, já que cada um dos pratos estava delicioso. Terminei a refeição e fomos para a cama.

Tira a roupa, abraça, lábios se tocam…

Como se estivesse tentando preencher um buraco no meu peito, eu a desejei infinitamente. E para mim, ela combinava comigo de forma manhosa, continuando a acariciar meu cabelo.

Era um sentimento estranho.

Eu, de forma grosseira me entreguei a ela, e ainda assim me senti acolhido sob a proteção dela.

Botei para fora todas minhas ambições, e passamos o tempo assim, um abraçando o outro. O calor continuou e com o rosto corado, Min-jeong me perguntou.

— Oppa, tem alguma coisa errada?

— Não.

— Então por que você está assim hoje? Está diferente do seu habitual.

Respondi brincando.

— É porque os homens ficam solitários quando querem fazer isso.

— Você quer ser atingido por um presente de R$ 5.000,00?

O presente de R$ 5.000,00, era o luxuoso jogo de facas japonesas que trouxe para ela da Dinamarca.

Gargalhei e segurei ela firme.

— Geez, não consigo respirar.

Ela me deu uma bronca, enquanto se aconchegava ainda mais. Nos abraçamos como se fossemos um desde o começo.

— Esse é um problemão.

— O quê?

— Acho que está tudo indo como você tinha falado.

— …?

— Acho que estou ficando louco por você.

Ela dever ter se alegrado com as minhas palavras, já que sorriu.

— Eu não disse? É assim que é.

— Estou vendo. O que eu vou fazer?

— Começando agora, você vai me tratar muito bem. Se não, depois quando não puder viver sem mim, terei minha vingança.

Com a fofa ameaça dela, não teve como eu não rir alto.

— Vou te tratar bem. Então quando esse tempo chegar, pegue leve comigo.

— Hmph, eu vou pegar você, te sacudir, te derrubar e depois te levantar. E fazer você me oferecer presentes caros.

— Aw, não faça isso.

— Vou falar que vou sair e ir para algum clube, fazendo você se preocupar.

— Isso seria demais. Eu iria espionar você.

Trocamos esse tipo de brincadeiras, e rimos juntos. Nem pude ver o tempo passar, de alguma forma já eram 22:00 horas.

Havia pouco tempo sobrando, eu deveria ter voltado antes para me preparar, contudo, Min-jeong insistiu que eu ficasse até mais tarde e não fui capaz de voltar.

E para ser sincero, eu só queria ficar com ela também. Cada minuto e cada segundo eram tão importantes e tão penosos também.

— Eu tenho mesmo que voltar agora.

— Vamos ficar juntos até amanhã, por favor?

Agora a situação era a da Min-jeong se segurando em mim.

Me senti como um bastardo saindo assim, como se mudasse meu comportamento após ter meus desejos atendidos, me senti tão mal.

— Min-jeong, eu tenho algo importante hoje. Me desculpe de verdade, eu também queria mesmo ficar aqui com você.

— Hmph, você vai ser desse jeito?

— Me perdoe. Amanhã depois do trabalho, eu vou vir correndo direto aqui, tudo bem?

— Que seja! Espere e veja o que vai acontecer depois. Você vai implorar para que eu “brinque” com você.

Por sorte, ela não estava brava de verdade, Min-jeong estava apenas brincando.

Eu a beijei, o que poderia ser nosso último beijo, vesti minhas roupas e saí.

Voltei para casa, terminei meus preparativos e me deitei. Quando a hora chegou, minha mente ficou nebulosa.

 

***

 

— Você teve um bom descanso?

O Anjo Bebê bateu suas asas e me recepcionou.

— Sem dúvida.

— A partir de hoje, você terá que passar pelo exame sozinho, porém sua expressão está mais vívida do que eu esperava.

— Você tem algum problema com isso?

— Sim, eu esperava uma expressão sombria, como se você estivesse carregando todos os pecados do mundo.

— Porquê? Eu deveria?

Soltei um gancho, mas o desgraçado evitou com destreza. Ele era como uma mosca de merda.

— Como você ousa chamar um anjo de uma mosca de merda? Você quer ser atingido pelo sagrado relâmpago da desobediência?

— …

“Não leia os pensamentos dos outros sem permissão. Você só gosta de importunar outras pessoas.”

— O exame?

— Você pode ver na sua placa de dados.

Eu recuperei minha placa de dados.

Nome: Kim Hyun-ho

Classe: 7

Karma: 0

Missão: Durante o seu tempo, ajude os elfos da Montanha Marrom

Limite de Tempo: 30 dias

“Elfo?”

Era uma das espécies que eu havia visto nos arquivos que Cha Ji-hye me entregou. Ajudar um elfo, isso é bem ridículo.

— Me dê uma dica.

— Você não acabou de receber uma dica?

— O quê?

— Vamos lá, você deveria se apressar e ir.

O Anjo Bebê trouxe a porta do exame.

Respirei fundo, abri a porta e passei. Uma brilhante luz branca se expandiu e cobriu meus olhos.

Volume 2

Capítulo 62: O Quarto Exame (2)

Cheguei ao local onde havia terminado o terceiro exame. A floresta terminava ali e uma imponente montanha marrom bloqueava minha visão do terreno à frente.

Era o lugar por onde eu havia escapado do pesadelo na floresta, onde senti desespero, alegria e tristeza. Os sentimentos desses momentos voltaram e fizeram meu sangue ferver. Carregando ira nos meus olhos, encarei a floresta ao Leste.

Os malditos estavam lá.

“Vou ter minha vingança não importa como.”

Prometi isso para mim mesmo, me virei e segui para o outro lado em direção a montanha marrom. Intuí a direção para o centro da montanha usando a habilidade “guia”.

“Elfos…”

Eu tinha lido algo sobre eles nos arquivos do CCPA.

Pesquisei sobre eles, pois eram uma espécie não-humana inteligente. Isso me deixou curioso.

Elfos são parecidos com humanos, porém possuem orelhas largas e pele mais branca. Não branquelos, mas brancos como em “sem cores”.

Floresta, montanha, rio, mar… sem dúvidas eles amam a natureza. Por isso, odeiam os humanos que vivem causando danos à natureza.

Normalmente, vivem em áreas remotas, onde as mãos do homem não chegaram, e têm reações mais sensíveis quando humanos ou bestas invadem seus territórios. Atiram flechas muito bem e invocam espíritos livremente. A minha habilidade de invocar espíritos era derivada da invocação dos elfos.

Raras vezes, um humano que nutria amor pela natureza como os elfos poderia se tornar amigo deles e aprender a invocar espíritos, mas esse número era pequeno dentre todos da Arena.

“Quando falaram que eu era o único participante com a habilidade de invocar espíritos pude entender isso.”

O exame em questão era ajudar esses elfos.

E, para fazer isso, primeiro eu teria que me aproximar de algum elfo e ganhar a confiança dele. Porém, estava preocupado se eu seria capaz de me aproximar, já que eles não eram amigáveis com humanos.

O reconfortante é que eu também era um invocador de espíritos.

Esses elfos amam a natureza, então iriam amar espíritos que eram encarnações da Mãe Natureza.

“Se eu conduzir com Sylph e Kasa, talvez sinalize que eu não sou um inimigo.”

Continuei subindo a montanha marrom. Era bem íngreme. Com isso, vez e outra precisei subir com ajuda das mãos; mas, graças ao “fortalecimento corporal”, estava mais forte e não tive problemas para escalar. Mesmo que eu caísse, tinha Sylph para me pegar.

A luva de aracne era de grande ajuda também. Segurei entre as rochas pontiagudas com a minha mão e não me machuquei.

— Sylph.

— Miau?

Escalei para o topo de uma superfície rochosa e invoquei Sylph.

— Verifique se existem bestas ou monstros perigosos por perto.

— Miau!

Sylph saiu voando. Deixei ela fazer a verificação e continuei a andar. Pouco depois, ela retornou e balançou a cabeça.

— Não havia fezes ou pegadas?

Sylph negou outra vez.

Terreno acidentado e sem humanos. O fato de não ter bestas ou monstros significava…

“Ainda bem, isso deve significar que os elfos estão próximos.”

Sabendo disso, a primeira coisa que deveria me preocupar era evitar causar danos ao meu entorno. Enquanto estivesse cortando árvores para uma fogueira, eu poderia ser atingido pela flecha de algum elfo.

Continuei em frente. Fui pegando alguns gravetos caídos pelo caminho e colocando nos meus bolsos, estava com uma caça com vários bolsos, com isso juntei uma boa quantia de gravetos.

A cada 10 minutos eu invocava Sylph e Kasa. Não para patrulhar a área, mas por estar cansado de caminhar sozinho.

— Miau!

— Au-au!

Nesse tempo, cada um deles sentava em um ombro meu. Enquanto eu andava, lutavam pelo melhor lugar: minha cabeça.

Em determinado momento, Sylph pulou delicadamente sobre mim. Usando suas patas dianteiras, atingiu Kasa sem piedade. Kasa, por sua vez, forçou a carinha contra a rival, fazendo a gata sair do lugar. Sylph, então, usou sua cauda para derrubar Kasa, voltando com confiança para minha cabeça. Contudo, o cãozinho saltou logo em seguida e ficou por cima dela.

As duas crianças discutindo e brigando entre si me deixaram feliz. Conforme prossegui, encontrei as fezes de um coelho. Pedi para Sylph caçar ele e em cinco minutos ela trouxe o bichinho.

“Devo descansar por aqui?”

Fiz uma fogueira com os gravetos que havia reunido, preparei o coelho e estava pronto para grelhá-lo, porém como a fonte do fogo não era muito coisa, não era muito forte.

— Kasa, grelhe para mim.

— Au-au!

Kasa fez expressão de cachorro fazendo cocô e chamas luminosas assaram o coelho em um instante. Em seguida, pedi para Sylph cortar o coelho em pequenos pedaços. Então eu comi. A carne estava muito bem grelhada, um talento muito benéfico do espírito do fogo.

Para poupar o tempo de invocação, enviei os dois de volta e continuei minha refeição.

“Tem uma coisa que trouxe especialmente para esta ocasião.”

— Invocar item, mochila.

A mochila apareceu pendurada nos meus ombros. De dentro dela, peguei um pequeno saco plástico. Dentro dele estavam um pouco de sal, pimenta e outros condimentos. Salpiquei um pouco dos temperos e a carne ficou ainda mais saborosa.

Kasa acertou em cheio quando grelhou o coelho, que ainda estava suculento de uma forma incrível. Esta, com certeza, foi a melhor refeição que fiz dentro da Arena.

Mas era claro que a comida não era tão boa quanto a feita pela Min-jeong.

“Já estou sentindo falta dela.”

Quando saíamos para algum lugar e depois voltávamos para o apartamento dela, antes de irmos para a cama, ela sempre me preparava algo.

O que quer que ela preparasse, foi ficando cada vez mais impressionante conforme o seu repertório de receitas aumentava. Em especial quando ela pegava peixe Juliana, ovos, cenouras, cogumelos e outros vegetais e cozinhava tudo junto… era surpreendente.

Suspiro.

“Acho que não vou poder ver ela por 30 dias.”

Estar saindo com Min-jeong parecia um erro, já que, quando eu estava sozinho, não sentia esse tipo de solidão. E agora sem companheiros de time, eu devia me acostumar com a solidão.

A neblina começa a se assentar sobre o céu. Ponderei se deveria continuar andando ou ficar por ali, mas então: — Não se mova, humano.

Bem atrás de mim, escutei a voz de um homem. Surpreso, gritei de forma automática: — Arma!

Mosin-Nagant apareceu nas minhas mãos.

— Eu disse para não se mover.

Escutei outro aviso do homem.

“Devo invocar Sylph e atacar?”

Eu não era um fã de situações de ameaça à vida, mas decidi não atacar. Coloquei o Mosin-Nagant no chão e levantei as mãos.

— Não tenho intenção de lutar.

— Eu vou decidir isso.

Oh, você vai?”

Fiquei um pouco puto, mas me segurei. Isso porque eu sabia quem era o inimigo. Não tinha dúvidas de que era um elfo. Podia afirmar isso pelo simples fato dele me chamar de humano.

— Fique parado onde está.

Ouvi a voz que vinha diretamente das minhas costas e me surpreendi.

“Como ele se aproximou tanto sem eu escutar qualquer passo?”

O elfo havia se aproximado como uma sombra, pensei que ele estava averiguando alguma coisa, pois não havia movimento.

Estava frustrado, pois não podia me virar para ver.

— Você não causou dano a nenhuma árvore. — disse o elfo em uma voz segura.

— Eu peguei os gravetos que estavam caídos no chão.

— Você é um humano com boas maneiras. Com base no seu comportamento, você veio para esta área sabendo que é nosso território?

— Sim.

— O que você quer? Não desejamos visitas de humanos.

— Quero ser amigo de vocês.

O elfo riu.

— Independentemente de um humano ser ímpio ou honesto, sempre se aproximam de nós com o pretexto de amizade. Os últimos invasores sem vergonha falaram o mesmo.

— Que desgraçados sem vergonha?

— Eles tentaram sequestrar uma criança da nossa família.

“Tráfico de humanos”

Isso estava nos arquivos também. Apesar de raro, os humanos na Arena sequestravam elfos e os usavam como escravos.

Devido à sua beleza, eles eram usados como atrativos ou escravos sexuais.

Quase todas as nações haviam banido a escravidão legal. Contudo, era comentado que a família real Nerora mantinha e exibia seus caros elfos com forma de poder.

Por isso, o relacionamento entre elfos e humanos estava ficando azedo. E acabou que, infelizmente, não muito tempo antes, desgraçados que caçavam elfos haviam passado por essa região específica.

— Ainda bem que eles falharam.

— Nós fizemos picadinho deles de forma fina e então transformamos eles em alimento para as plantas.

Foi ainda mais assustador o fato dele falar isso como se não fosse nada demais. Não era uma ameaça, mas sim uma simples descrição do ocorrido.

— Porém, aquela pobre criança ficou bem traumatizada.

— Mesmo assim, ainda é bom que a criança esteja segura. — Continuei falando de forma amigável.

— Aquele que caçou e matou os cinco homens fui eu. Então, humano, não tente me fazer de tolo.

— Não vou.

— Me fale o que você quer.

— Quero ser amigo dos elfos.

— Tomados por preconceitos, você só pode falar isso como uma mentira. Considerando isso, vou aconselhar para que vá embora. Não queremos nenhum amigo.

— …

— Nós falamos de forma direta a você. Então vá. Vá e desapareça da minha vista.

“E agora?”

Por sorte eu não havia sido considerado um inimigo, mas o comportamento dele era muito exclusivo.

Primeiro, fiz como orientado e me levantei, mas, antes de ir, pensei em algo e invoquei Sylph.

— Sylph.

— Miau?

Sylph sentou com delicadeza na minha cabeça.

— O QUÊ?!

Escutei a voz surpresa do elfo.

— Humano, isso é um espírito?

— Sim.

— Você aprendeu a invocar espíritos?

— Como você pode ver…

— Como isso pode acontecer!

— Isso é incomum?

— Mais para um milagre!

— …?

“Não é um pouco demais chamar isso de milagre? Eu escutei que isso era apenas raro no mundo de Arena.”

As palavras do elfo continuaram.

— Um gato! M-mas que bonitinha e adorável Sylph! Isso é impossível! Sua existência por si só é um milagre!

— … O quê?

— Aqui, me dê Sylph por um momento! Rápido!

— Uh, Sylph, você escutou ele.

— Miau.

Sylph saltou da minha cabeça e se aproximou do elfo. Eu também me virei, enfim vendo a aparência do elfo.

Ele era um “gigante”, de mais de 1,90 m de altura. Tinha aparência elegante e longas orelhas. Um arco e aljava com flechas estavam pendurados em suas costas.

Como esperado, era bonito…

— Miau.

— Como você pode ser tão fofa? Que milagre!

Ele segurou Sylph e a esfregou contra suas bochechas, enlouquecido.

“Onde o guerreiro perigoso de alguns momentos atrás foi parar?”

Aprendi algo novo, que não estava nos arquivos. Elfos gostam de espíritos. Mais que gostar, eles ficam idiotas com espíritos.

“Será que Sylph gosta de elfos por instinto? Ela está esfregando as bochechas com ele, mostrando afeto.”

Fiquei curioso pela reação do homem, então também invoquei Kasa.

— Kasa.

— Au-au!

Com um poof, um cachorrinho de chamas apareceu.

Engasgar.

Os olhos do elfo quase saltaram.

— Humano, o que você é?

— Hmm?

— Com Sylph, e agora Kasa! Para estar vagando com espíritos tão fofos, você foi muito abençoado pela mãe natureza!

— Ah, é mesmo?

O elfo também abraçou Kasa de forma enlouquecida. Se Cha Ji-hye viesse a se tornar um homem elfo, acho que esse seria ela.

— Hm… então, eu tenho que ir?

— Ir aonde?

O elfo teve uma mudança completa de atitude, o que me deixou nervoso.

— Você é um amigo! Você tem o direito! Vou falar com as mães e apresentar você!

Era sem sentido me preocupar com “elfobia” para com os humanos. Tive a sensação que as coisas iriam dar certo.

Volume 2

Capítulo 63: Elfo (1)

O vilarejo que os elfos viviam parecia ter saído de um conto de fadas.

Com tecidos pesados esticados cobrindo uma grande árvore, com as casas espalhadas por todo o lugar. Todos os tipos de espíritos voando em volta, Sylph e Kasa é claro, além dos espíritos da água, Undine, e da terra, Noam, nos mais variados tamanhos e constituições. Havia espíritos como pequenas garotinhas, espíritos que se pareciam com a “Sininho”.

— Hm?

— É um humano!

— Um humano!

— O senhor Jake deve ter trazido ele.

Os jovens elfos que estavam brincando por perto com os espíritos interromperam o que estavam fazendo e ficaram me olhando. Olhos brilhantes com curiosidade e medo.

“Bonitinhos!”

Os jovens elfos eram tão bonitinhos que do nada me veio o pensamento e desejo de ter filhos adoráveis como eles. Para tentarem sequestrar essas crianças, aqueles desgraçados.

“Brutamontes, foi uma coisa boa eles terem virado fertilizante.”

Talvez devido à recente tentativa de sequestro, os pequenos elfos pareciam um pouco amedrontados.

“Devo mostrar Sylph e Kasa para eles? Isso poderia causar uma boa impressão.”

Pensava isso quando o elfo chamado Jake sinalizou para mim.

— O que você está fazendo? Me siga!

— Ah, certo.

Eu segui Jake, não sabia se era porque ele era alto ou se todos elfos eram assim, mas ele andava rápido, era difícil de acompanhar.

Os adultos do vilarejo começaram a me notar também. Diferente dos pequenos que ficaram nervosos, os adultos tinham vigilantes olhos cheios de frieza.

“Todos são lindos.”

Todas as mulheres eram como modelos, com os cabelos soltos ao vento, cintura fina e graciosas pernas. A beleza delas era ainda mais visível devido às roupas curtas que mostravam um pouco do corpo delas.

Contudo, eu não senti atração sexual por elas, tinha consciência de que elas não eram humanas, então não uma atração sexual, eu apenas achei todos muito bonitos.

Penso que os bastardos que tentaram escravizar eles, iriam usá-los mais como exibição do que como escravos sexuais. Contudo, claro que, com uma luxúria excessiva voltada para o apetite sexual, alguns humanos encontrariam atração sexual pelos elfos.

— Jake!

Uma elfo se aproximou de nós, ela caminhava de forma macia, como uma rena.

— Ella.

— Jake, o que é isso? Como você pôde trazer um humano aqui?

Ella falou e me olhou fixamente. Jake respondeu.

— Esse humano é um amigo.

— Amigo? Jake, você está louco? Você já se esqueceu o que aconteceu da última vez?

— Como eu poderia.

— Como você pode fazer uma coisa tão descuidada? VOCÊ SABE O QUÃO ATERRORIZADA A ELLIS FICOU, QUANDO OUVIU QUE HAVIA UM HUMANO NO VILAREJO?

— Eu também sou alguém que cuida da minha irmãzinha. Não se esqueça que aquele que libertou Ellis fui eu.

Na Arena, os elfos também se expressavam fazendo uso da terceira pessoa. E de novo, diferente da Terra, inteligência superior não era exclusividade dos humanos.

— E ainda assim, você trouxe um humano aqui? O que você vai fazer pela Ellis que está tremendo de medo?

Jake e Ella estavam falando sobre uma elfo e eu peguei a ideia da situação. Humanos desavergonhados haviam sequestrado a irmãzinha deles, Ellis.

Quando eu apareci no vilarejo, Ellis relembrou do trauma de ser sequestrada e estava tremendo de nervosa, e devido a isso sua irmã estava furiosa.

— É pela Ellis também. — Jake falou.

— Como assim?

Na acanhada pergunta de Ella, Jake apontou para mim.

— Quando ela vir esse humano, a ansiedade dela vai se acalmar. Ela vai perceber que nem todos os humanos são personificações de terror.

— Por que você está confiando neste humano?

— Logo você vai ver.

A fofura da Sylph e do Kasa eram minhas provas de simpatia…

— O que está acontecendo aqui? Não era você quem estava mais irritado com os humanos?

— Sem dúvida, Ellis também é minha irmãzinha.

— Jake…

No rosto de Ella, podia ver que ela estava comovida e Jake se aproximou dela e deu um beijinho na bochecha dela, com isso o rosto de Ella corou.

Ah, eles se amam.”

Por isso, a conversa deles soava tanto como uma briguinha de casal.

Ella me encarou.

— Eu vou vigiar você de perto, humano.

— Tudo bem. — Respondo tranquilamente.

O olhar de Ella subiu a outro nível de tensão, talvez minha resposta tivesse soado como uma ameaça?

E mais uma vez, segui atrás do Jake, seguimos para o centro do vilarejo.

O local não tinha casas, era um espaço vazio. Estava repleto com todos os tipos de árvores, mais que qualquer coisa…

Oh, meu Deus!”

O que havia me chocado era o tamanho de uma árvore.

“Isso é uma árvore ou um prédio?”

Era uma árvore tão grande, que estava além do imaginável. Com base nas folhas, parecia ser uma espécie com folhas largas, além de que a altura era como se alcançasse os céus.

Isso me fez pensar se a Torre de Babel da bíblia era grande assim, mas, diferente do senso de culpa da história bíblica, dessa árvore eu podia sentir uma vivacidade incrível.

Como se fosse um aconchego de mãe. Olhando essa nobre árvore eu fiquei comovido e Jake falou.

— Espere aqui. Sem a permissão das mães, um humano não pode se aproximar da árvore da vida.

— Entendido.

Jake caminhou em direção a grandiosa árvore chamada de árvore da vida.

Eu fiquei sozinho apreciando a árvore e pensando.

“É uma sociedade matriarcal.”

As decisões importantes dos elfos eram tomadas por mulheres. As “mães” que o Jake havia mencionado, eram quem governavam o vilarejo.

“Governantes? Acho que líderes seria mais apropriado.”

A atmosfera livre do vilarejo fazia difícil acreditar que alguém fosse governado. A especialidade humana que era o caos não estava presente ali, sem preocupações. Com isso…

— Aquele humano é nosso amigo?

— Jake disse que sim.

— O humano não é confiável. Qual será a decisão das mães?

— Difícil de falar, mas elas sempre tomam a decisão certa.

Elfos de todas as idades se juntaram à minha volta. Contudo, não havia nenhum elfo que se aproximasse de mim para falar, apenas se reuniram em volta como se estivessem em um zoológico observando um macaco e conversando entre si.

— Nós devemos ir ver o que as mães e o Jake estão falando?

— Não, as mães podem não gostar disso.

Não havia ordenação entre os elfos, prova disso era que qualquer um podia se aproximar das líderes que eram as mães.

— Na última vez, quando Ellis foi sequestrada e as mães estavam discutindo contramedidas, aquelas crianças se juntaram chorando e fizeram uma bagunça.

— Jake estava tão furioso, ao menos ele foi atrás deles.

— Mas, mais que culpar as crianças, vocês não acham que as discussões das mães são bastante longas?

Hmm, não ter um ranking de poder tem esse ponto negativo também.”

Elfos não tinham governantes e súditos, então devido a isso, o processo de tomada de decisão era demorado.

Me perguntava quanto tempo teria passado, devia ser por volta de uma hora, contudo, ainda sem notícias do Jake.

“O que eles estão falando? Eles podiam ter levado o ‘humano’ para a reunião, o que eles podem estar discutindo por tanto tempo?”

Fiquei cansado e me sentei no lugar que estava.

— Ele se sentou.

— O humano sentou.

— Ele deve estar entediado.

Os elfos tagarelaram de novo.

“Deve ser assim que celebridades se sentem quando saem. Deve ser difícil sair para namorar.”

Eu era o centro da atenção dos elfos e estando parado sozinho com todos me olhando era estranho.

Após pensar um pouco, eu decidi invocar Sylph e Kasa.

Os elfos então começaram a se alvoroçar.

 

***

 

— Ele é um humano digno de confiança, ele é um invocador de espíritos.

Jake declarou sua opinião com firmeza.

Mães…

Debaixo da árvore da vida, pelo que se via do lado de fora, muitas mulheres de meia idade estavam reunidas. Parecia que todas as elfos mais velhas estavam reunidas ali e dentre elas uma falou.

— Jake, não estou duvidando do que você disse, não existe humano perverso que seja um invocador de espíritos. Contudo, os humanos perversos nem sempre são maus e nem os humanos bons são sempre puros.

— Não tem nada errado no que você disse, mas…

— Mais que qualquer coisa, isso não é natural. O motivo de o humano percorrer todo o caminho até aqui, é só para sermos amigos?

— Isso é bem estranho. Humanos não são seres que se movem dessa forma, sem outras intenções, ele tem algum motivo ulterior.

— Mesmo que ele seja um humano bom, ele pode estar sendo manipulado por um humano mal. Quando eu era mais jovem e observava o mundo humano, vi esse tipo de coisa.

A discussão das mães continuou avançando em teorias sobre a ética dos humanos. Jake, vendo que a decisão demorava cada vez mais, ficou frustrado.

“Elas estão discutindo outros problemas de novo! Esse é o problema!”

O problema que os elfos tinham com elas era esse. Não importa o que fosse a reunião, haveria um monte de conversa.

Não importava a decisão, os elfos executariam imediatamente, mas eles tinham que esperar até a decisão ser tomada.

Ainda bem que as decisões tomadas depois de tantas conversas sempre foram corretas, de outra forma, essa sociedade matriarcal não teria durado tanto tempo, e então.

— Mãe!

— Mães!

Desde longe os elfos se juntavam.

As mães contemplaram isso.

— Minha nossa, o que eles estão fazendo aqui?

— Oh, céus, isso é o fim da reunião.

— Eles devem estar curiosos.

— Eles deveriam esperar um pouco mais, céus!

Os elfos, sem importar a idade, todos reunidos gritavam.

— Aquele humano é nosso amigo!

— Vocês têm que aceitar ele como um amigo!

— Isso mesmo!

— Parem de conversar e só se reúnam com ele!

— Vocês não podem não o aceitar como amigo!

— Aquele espírito…

As mães estavam sem palavras, apenas Jake olhava para a situação como se falasse “eu avisei vocês”.

 

***

 

Os elfos corriam pelos galhos da árvore da vida se amotinando neles, e centenas deles fizeram o caminho de volta em minha direção.

E como aquela multidão veio em minha direção, que era apenas um, fiquei um pouco apreensivo.

— Own!

— Eu amei essa Sylph. Miau, miau!

— Kasa está balançando a cauda tão rápido, hehehe!

Felizmente, fui tranquilizado pelos jovens elfos que estavam brincando com os espíritos ao meu lado. Uma multidão de elfos estava à minha volta e Jake e as elfos caminhavam em minha direção.

Elas aparentavam ter idade, mas eram deslumbrantes.

Pareciam todas como “de volta ao dia em que eu era bem bonita.” Elas deveriam ser as mães que o Jake se referia, mas o número delas era grande, 20 ou 30 delas.

“Eu pensei que no máximo seriam apenas algumas.”

Devia ser que, não importa o que, uma elfo velha se tornava “mãe”. Não era de duvidar, porque as decisões eram tão demoradas, havia tantas tomadoras de decisão.

— Você é o humano que Jake nos falou?

Perguntou a que parecia ser a mais velha.

Ela era velha, mas ainda assim era linda. De certa forma, era estranho, mas ela não aparentava envelhecer.

— Sim, sou eu. — Respondi de forma respeitosa.

Os olhares das mães se viraram para as crianças que brincavam com os espíritos. As mães olharam para a minha Sylph e o meu Kasa e suspiraram.

— Como eles podem ser tão adoráveis….

— Sem dúvida, nós não temos escolha a não ser aceitá-lo como amigo.

— Sem dúvida.

Aos poucos começava a me preocupar com o futuro dos elfos.

Volume 2

Capítulo 64: Elfo (2)

Graças a minha habilidade principal de invocar espíritos, eu fiz amizade fácil com os elfos. Na verdade, comecei a pensar que essa habilidade foi o motivo de eu ter recebido essa missão.

O objetivo dos exames não era causar sofrimento ao participante. Tinha que ter algum tipo de destino e para alcançar esse destino, os participantes tinham um papel apropriado nesse final.

Quem sabe o poderoso supremo sabia que eu iria passar o terceiro exame pelo território dos licantropos e acabaria aqui?

— Você se tornou nosso amigo. Mas, não é porque alguém é amigável que será sempre considerado um amigo próximo. — As mães falaram.

— Nós ainda não conhecemos você.

— Não podemos ficar seguros só porque você possui adoráveis espíritos.

“Ficar seguros? Eu nunca esperei que vocês enlouquecessem pela mera fofura dos espíritos!”

Fiquei um pouco frustrado, mas mantive a calma e respondi de forma política.

— Eu concordo que existem níveis para os relacionamentos. Estou contente que nós deixamos de lado nossas desconfianças e nos demos a oportunidade de sermos amigos. Espero que aos poucos eu mereça a confiança de vocês.

Para as minhas palavras, as mães apresentaram uma expressão de satisfação e dessa forma eu me tornei amigo dos elfos e recebi permissão para ficar no vilarejo.

Os jovens brincaram com os espíritos até que o meu tempo de invocação se esgotasse e eles se dispersassem.

— Me siga, vou te mostrar seus aposentos.

— Obrigado.

— Eu prefiro que você não seja tão formal.

— Tudo bem com isso? Então, Jake, quantos anos você tem?

— 102.

— … sendo assim, eu devo mesmo ser informal?

— O tempo de vida de um elfo é o triplo dos humanos.

“Entendi.”

Se eu dividisse a idade de Jake por três, ele teria mais ou menos 34 anos, então seria como se tivéssemos quase a mesma idade. Mesmo que eu, é claro, mal estivesse chegando nos 30!

— Então, cerca de quantos anos as mães têm no geral?

— Nossas elfos, qualquer uma delas acima de 200 anos, se torna uma mãe.

— Woah…

Aquelas “tias” eram todas elfos com mais de 200 anos. Ainda que fossem velhas, todas elas tinham uma beleza estonteante e nenhuma aparentava idade avançada, os elfos, diferente dos humanos, envelhecem bem.

A moradia que Jake havia preparado era uma casa não diferente de uma tenda. Porém, eu não tinha ideia de qual era o material do tecido, mas ele era forte como uma parede, e a cama era feita de folhas e palha, macia e bonita.

O único problema é que não havia lamparina ou vela, então era bem escuro. Perguntei se havia algumas velas e Jake balançou a cabeça, dizendo que não.

— Agora que penso nisso, os humanos precisam de coisas como essas. Os elfos conseguem enxergar bem mesmo à noite.

Eles viviam bastante, mantinham a aparência jovem e podiam enxergar no escuro. De verdade, eu desejei ser um elfo.

— Bom descanso.

Jake me deixou e desapareceu.

Pensei em acender uma “lareira”, porém não queria incomodar, então não fiz. Pensei que os elfos não gostariam muito do fogo, provavelmente porque queimaria as árvores.

Entretanto, conforme a entrada da tenda foi puxada para o lado, uma silhueta feminina apareceu na escuridão.

— Hey, humano!

Era a voz da elfo que eu havia visto mais cedo, a amada de Jake, Ella.

“Mas, por que ela soa tão irritada?”

— O que aconteceu?

— Por que você não brincou com nossa Elise?

— Desculpe?

— Quando as outras crianças estavam brincando com seus espíritos, minha pobre Elise ficou só olhando para você!

— Eh, ela estava? Me desculpe, eu não sabia.

Como eu deveria saber se alguém estaria olhando para mim? Porém, eu estava ciente da personalidade temperamental de Ella e então apenas me desculpei.

Ella com uma voz mais calma, falou.

— Assegure-se de brincar com Elise amanhã. Ela não foi capaz de sair de casa desde que você veio aqui! Se a Elise não sair amanhã também, saiba que isso será sua culpa!

— …

Ella disse tudo que queria e então foi embora. Fiquei pensando o que Jake viu nela para decidir estar com ela, mas pensando bem, Jake também tinha gênio forte, quem sabe a união deles era o destino agindo.

No dia seguinte, eu atraí a garota chamada Elise para fora e ela brincou com os espíritos. Foi fácil, Sylph foi para a tenda que ela estava, colocou a cauda e ficou balançando até seduzir a garota para fora.

Elise perseguiu Sylph para fora da tenda, onde ela me viu e ficou congelada de medo, mas eu invoquei Kasa e o coloquei acima da minha cabeça e assim ela deixou de lado a desconfiança.

Depois disso, não tive problemas. Passamos o tempo brincando com outras crianças e espíritos.

As crianças elfos também sabiam como invocar espíritos.

Os espíritos que as crianças invocam estavam voando em volta, por todo lado e isso me lançou em um loop como se eu estivesse vendo coisas.

“Em exatamente o que eu deveria estar ajudando-os?”

A questão de repente passou pela minha mente.

Nome: Kim Hyun-ho

Classe: 7

Karma: 0

Missão: durante o seu tempo, auxilie os elfos da Montanha Marrom

Limite de Tempo: 28 dias, 15 horas e 42 minutos

Pensei, que eu precisaria saber qual era o problema que eles tinham para que eu pudesse ajudá-los. Já que, não tinha como eu ter recebido uma missão impossível, pensei então que encontrar qual era o problema também deveria ser parte da missão.

Decidi perguntar para o menos terrível, Jake. Usei minha habilidade “guia” para encontrar ele, comecei então caminhando para a direção leste.

Jake não estava no vilarejo. Parecia que ele saíra, porém, eu não tinha como saber o quão longe ele havia ido e hesitei se deveria continuar a procurar ou não.

Então me aproximei de uma elfo que estava por perto e perguntei.

— Você sabe onde o Jake foi?

— Ele deve estar patrulhando como sempre.

— Sério? Obrigado.

— Porém, eu vi esta manhã que a Ella saiu do vilarejo com ele, hehehe.

— Uh, o-obrigado.

A risada maliciosa da elfo me fez gaguejar. Mas, segui para fora do vilarejo na mesma direção, seguindo na direção que sentia a presença de Jake.

— “Proteção divina do vento”.

Usei a habilidade para procurar em um ritmo mais rápido, só podia usar por 15 minutos então corri o mais rápido que pude.

Cada vez que atingia o chão, meu corpo voava por 5-6 metros. Me sentia tão livre, meu corpo parecia leve como uma pena e continuei correndo animado.

— Sylph!

— Miau?

— Encontre Jake.

— Miau!

Sylph saiu voando rápido.

“Quão longe eu já corri?”

— Miau!

Sylph retornou e apontou para a frente.

“Ótimo!”

Senti estar perto e corri em frente na velocidade máxima.

Encontrei Jake.

Mas o rosto de Jake parecia irritado mais que qualquer outra coisa, e próximo a ele…

Ella estava ajustando suas roupas de forma desesperada.

Olhei sem entender e o rosto dela começou a corar. A pele deles era tão clara que a menor mudança já era evidente.

— O que foi? — Jake perguntou em um tom irritado.

— … isso não é negligência do dever?

— Que negligência de dever! O que eu faço enquanto patrulho é minha escolha!

Ah, estou vendo, o livre arbítrio dos elfos. Se fosse no mundo real, isso seria demissão por justa causa.”

— De qualquer forma, o que aconteceu?

— Hm, bem, sabe…

Pensei um pouco antes de perguntar.

— Por que você sai para patrulhar?

— Você está perguntando por quê? Não é óbvio quando se trata de proteger o território de alguém, patrulhar?

— No vilarejo, todos os homens se foram, eles estão todos patrulhando com você?

— Normalmente não patrulhamos de forma tão diligente como agora. — Jake falou. — Nos últimos tempos, escutamos que a área estava estranha, então aumentamos nosso patrulhamento. Como no outro dia, em que Elise quase foi sequestrada, os humanos invasores têm se tornado frequente e os licantropos que vivem na parte leste da floresta, que costumam ficar nos arredores do nosso território, antes desaparecerem.

— LICANTROPOS?

Perguntei surpreso e Jake inclinou a cabeça.

— Isso, por que ficou tão surpreso?

Naquele momento, várias coisas passaram pela minha cabeça.

“É sempre assim. Não termina com um único exame, mas sim, em muitos casos o exame seguinte é continuação do anterior. Eles são meio que interligados.”

Odin havia dito isso.

“Você já não recebeu uma dica?”

O anjo quem disse.

E o líder do Clã Prata, Leon Silver!

O desgraçado sabia bem sobre a invocação de espíritos. E acima de tudo isso, ele estabeleceu um “rancho humano” e fez crescer os números do clã em cinco vezes, num curto período. Por quê? Para quê?

“Então é isso.”

Percebi que isso correspondia com o que os deuses já haviam decidido.

“Desde quando eu tive a oportunidade de pegar a invocação de espíritos como minha habilidade principal, não, desde quando eu fui revivido como um participante após morrer, até este momento, tudo isso pode estar acontecendo conforme o plano ‘Dele’.”

— O que você está pensando? — Perguntou Jake.

Dispersei meus pensamentos e respondi-lhe.

— Se é sobre licantropos, eu tenho uma história para contar a vocês.

— O quê? Certo, você veio da parte oriental da floresta, tem algo que você saiba?

Assenti com a cabeça e contei a história do que aconteceu comigo e com o Clã Prata. Eu, claro, escondi ser um participante e não mencionei a perda dos meus companheiros.

— Isso aconteceu?

A expressão de Jake ficou bem séria.

— Não temos que informar as mães sobre isso?

Tendo sido interrompida enquanto namoravam, Ella que estava frustrada e irritada, também ficou séria.

— Não havia pensado muito nisso, devido a que os licantropos eram em poucos números, mas isso é inesperado. Nós devemos alertar as mães.

“Ótimo!”

Fechei o punho. Eu havia falado para eles essas verdades e com certeza eu podia dizer que fui de ajuda para os elfos.

E tinha a promessa de Odin antes de começar o quarto exame. Ele havia dito que enviaria um exército para subjugar o Clã Prata.

“Esse exame vai ser tranquilo”

Eu pensei que iria concluir a missão e permanecer os restantes 28 dias no vilarejo elfo. Não parecia que teria mais nada requerendo minha assistência.

 

***

 

Jake terminou sua patrulha, voltou para o vilarejo e contou para as mães o que eu havia contado para ele. Naquela noite, fui chamado pelas mães.

— Nós escutamos sua história pelo Jake. Por favor, nos conte ela mais uma vez.

— Sim.

Eu mais uma vez recontei a história dramática ajustada.

— O Licantropo, chamado de Leon Silver, sabe mesmo bastante sobre a invocação de espíritos.

— É um amador, mas ele sabe como contra-atacar espíritos.

— Tendo aumentado os números do clã em cinco vezes nos últimos 20 anos, ele poderia estar reunindo força para nos atacar.

— Os 20 anos é o que me chamou a atenção.

Uma das mães falou e todas as outras devem ter se lembrado de algo, já que acrescentaram algo sobre isso.

— Relembrando aquele tempo, nós não enfrentamos os licantropos uma vez?

— Sim, um velho licantropo usou armas e atacou nosso território.

— Isso foi há uns 24 anos.

Juntando pedacinhos das histórias desconexas que elas estavam contando, eu peguei um resumo da situação.

Vinte quatro anos atrás, um velho licantropo que havia tido sua posição de líder do clã tomada por um desafiante, pegou sua família e foi exilado do território do Clã Prata. A família expulsa colocou os pés na Montanha Marrom, foi atacada pelos elfos e foi aniquilada.

— Eles falaram que perderam aquele velho licantropo. Eles o caçaram até o fim, mas eventualmente perderam o rastro, eu sei disso, porque quem o caçava era meu marido.

— Não pensei muito sobre isso naquele tempo…

— Quem poderia imaginar que um licantropo exilado voltaria para o clã.

Resumindo, o velho licantropo que perdeu toda a sua família e sem um lugar para ir, perdeu toda a esperança e em desespero voltou para o clã. Contudo, o Clã Prata pegou aquele licantropo de volta e Leon Silver ouviu as histórias que ele contou sobre os elfos e mostrou um grande interesse nisso.

E tudo foi esclarecido.

Volume 2

Capítulo 65: A Árvore da Vida (1)

— O Clã Prata não é o problema.

A mais velha das mães fez um gesto com as mãos e todos ficaram em silêncio, e ela comentou.

— Quando mais de 100 licantropos atacarem, não temos nada a temer. Nossos maridos e jovens vão suprimi-los sem dificuldade.

As mães assentiram, concordando.

— Portanto, o problema que temos que avaliar não é esse. Temos que ver o quadro geral. — A mais velha das mães continuou falando. — Eu falo dos contínuos maus presságios que vem acontecendo conosco.

Com essas palavras, as outras mães pareciam surpresas.

— Sim, é verdade. O sequestro de Ellis não muito tempo atrás e os humanos invadindo de forma mais frequente nosso território.

— Licantropos no leste e humanos no norte…

— Isso não é tudo. De outras direções, nos últimos tempos, outros monstros têm aparecido bastante também.

— Só existe uma razão para esses maus agouros continuarem a cair sobre nós.

— Com certeza é a árvore-da-vida…

Uma mãe murmurou enquanto uma lágrima cintilava do olho dela. E conforme ela falava, as outras mães logo a detiveram.

— Shh!

— Fique calada!

— Isso mesmo, esse humano é um amigo, mas você vai mesmo mencionar assuntos relacionados com a árvore-da-vida na frente de um humano?

A mãe percebeu estar falando demais e balançou a cabeça.

— Me desculpem, falha minha.

“O que foi isso? Algo que eu não deveria escutar?”

Lembrando de antes, Jake havia me falado que eu não deveria me aproximar da árvore-da-vida. Mesmo após ser reconhecido com um amigo, isso não mudou.

Todos estavam tensos sobre o assunto, então fingi não ter escutado nada e seguimos. Então, a mais velha das mães me perguntou.

— Humano, deixe-me perguntar uma coisa.

— Sim, o que desejar.

— Qual o motivo de você vir se reunir conosco?

Naquele momento, minha mente se lembrou da minha resposta. Eu esperava receber uma pergunta como essa. Já que, apenas para sermos amigos, era uma razão muito vaga, mesmo da minha perspectiva. Eu respondi.

— O local que eu costumava viver era um distrito governando pelo Visconde Bastian.

Usei a história que havia escutado de Odin em Copenhague.

— Estava cansado de ser perseguido pela tirania do Visconde, então, fugi. Preferi ir para um lugar sem humanos e me conectar com a natureza, e com esses pensamentos eu fui para a floresta.

Suspiro.

— Na minha ignorância, eu pensei que tendo espíritos eu estaria seguro, então segui para a chamada Floresta da Morte, onde eu fui atacado pelos licantropos.

— E então você fugiu e acabou aqui.

A mais velha mãe falou e eu assenti.

— Eu mal escapei da floresta, ainda assim eu não queria voltar para o lugar onde eu vivia antes. Então me lembrei que vocês viviam na Montanha Marrom e pensei que talvez, nós poderíamos ser amigos e então eu vim.

As mães assentiram. Parecia que elas gostaram da ideia de eu me cansar dos humanos e querer viver em contato com a natureza.

Bem, era uma história feita sob medida para a cultura dos elfos, contudo, a mais velha das mães me olhou e fez um estranho sorriso.

O sorriso dela fez eu me sentir inquieto, como uma criança que escondeu um boletim e foi descoberta.

— Que estranho.

— … o que você quer dizer?

— Como você escutou, do norte, leste, sul e oeste, de todas as direções, maus agouros tem caído sobre nós. Vindo até mesmo do centro da nossa vila.

O centro da vila que ela estava falando era a árvore-da-vida.

— E nesse meio tempo, você veio até nós alegando querer ser nosso amigo. Estou curiosa, se você é um mau agouro ou um bom presságio para nós.

— …

— Não me interprete mal porque eu falei isso, nós não suspeitamos de você.

— Eu entendo que ainda tenho que provar minha lealdade para vocês.

— Não se preocupe com isso, você já provou.

As outras mães assentiram concordando.

“Eu provei? Ela está falando sobre eu ter contado sobre os licantropos? Isso foi suficiente para ganhar a confiança delas e me estabelecer como amigo?”

A mais velha mãe falou.

— São os espíritos.

— H-hã?

Eu gaguejei por um segundo.

“No final são os espíritos? Desde que os espíritos sejam fofos?”

— Você acha estranho que nós te aceitamos como amigo, apenas por ver seus espíritos?

— … Para ser sincero, sim.

Com as minhas palavras, as mães riram. A mais velha das mães deu uma risada carismática, desafiando a idade que tinha enquanto falava.

— Porém, estamos corretas. Nós podemos saber do invocador com base nos espíritos.

— Sério?

— Dentre os humanos, existem raros invocadores de espíritos. Mas claro, nem todos são bons. Eu já ouvi histórias sobre humanos cruéis que usam espíritos para coisas ruins.

— …

— Contudo, a natureza do invocador é refletida no espírito.

— Desculpe?

— A aparência do espírito é um espelho que reflete o coração do invocador.

Para um eu surpreso, a explicação dela continuou.

— Se você fosse uma pessoa perversa, seus espíritos iriam refletir essa natureza e tomar formas mais agressivas. Você poderia nos mostrar seus espíritos mais uma vez?

— Sim, Sylph, Kasa.

Eu invoquei os dois. O gato de vento e o cachorrinho de fogo apareceram e alegraram as mães. A mais velha estendeu as mãos e Sylph e Kasa se aproximaram dela com um comportamento adorável.

Ela pegou Sylph, a abraçou e falou.

— Vê isso, vê o quão fofos e adoráveis esses espíritos são?

— Eles são mesmo.

Eu já estava ciente do quão fofo eles eram, a mais velha mãe continuou a falar.

— Você é solitário?

— …?!

De repente havia sentido como se tivesse levado um soco no estômago.

— Você deve ter vivido uma vida solitária até hoje. Tenho certeza de que você desejou ter o carinho de alguém.

— Isso…

Minha voz estava trêmula e eu não pude continuar falando, vários pensamentos passaram pela minha cabeça. Coisas enterradas lá no fundo, haviam acordado.

Os dias solitários que gastei nos anos que estudava para concursos. Um a um, os pensamentos passaram, conseguir emprego, me casar, os amigos que sumiram por um motivo ou outro…

E tudo isso se juntou com uma morte súbita.

Exame.

Arena.

Meu destino de ter que lutar para viver.

Voltar para o “porto seguro” da família, mas ninguém sabia da minha angústia.

Eu tinha que lutar sozinho.

“Foi por isso que Sylph veio até mim?”

Olhei para Sylph. A velha mãe que estava segurando-a e acariciando seu pelo, entregou ela para mim.

— Aqui, ela é sua.

— Ah… 

— Ela é uma grande amiga que veio para te confortar.

Sylph pulou no meu colo e foi direto para o meu ombro direito, onde ela esfregou a cara na minha bochecha.

— Au, au!

Kasa logo pulou no meu ombro esquerdo e balançou sua cauda de um jeito fofo. As mães olharam para os espíritos e riram.

“Então é isso. Vocês vieram nessas formas para me confortar.”

Eu havia estado sozinho, por um longo tempo antes disso. Embaraçoso, mas as lágrimas vieram.

A mais velha mãe me olhou com um sorriso bondoso.

Estava agradecido por ela ter me ensinado o significado dos espíritos, uma verdade preciosa. Eu queria agradecer ela de alguma forma, não pelo exame, mas agradecer de coração.

“Não existe coincidência.”

Não foi por acidente que eu recebi a invocação de espíritos, nem Sylph e Kasa. Logo, nada até aquele momento havia sido um acidente. Ao final do meu pensamento eu falei.

— Desculpem, mas tem algo que eu gostaria de perguntar para vocês.

— Vá em frente.

— Quais os problemas com a árvore-da-vida? Ela está doente?

Se esse fosse o caso, todas as minhas habilidades não eram por acaso, mas sim, um arranjo dos deuses. As expressões de felicidade das mães para comigo e meus espíritos ficaram sombrias e a mais velha assentiu com a cabeça.

— Sim, seu palpite está correto. Por décadas, a saúde da árvore da vida tem se deteriorado. Nós não queríamos acreditar no começo, e enquanto ela não murchou por fora, não aceitamos isso, então tentamos ao máximo negar. Porém, o tempo de aceitarmos isso chegou, a árvore da vida está ficando mais fraca.

A tristeza era evidente nos rostos das mães. Algumas delas estavam partindo em lágrimas. Isso porque a árvore da vida era uma existência muito importante para eles.

— Eu não sei nada sobre a árvore da vida, também não sei o que ela representa para vocês, tampouco o que pode acontecer se ela desaparecer.

— A árvore da vida é o pilar que mantém a natureza. Para nós elfos que amamos e vivemos com a natureza, ela é como um de nossos pais.

— …

— Mesmo que a árvore da vida desapareça, nós elfos ainda viveremos. Mas vamos ter perdido uma “parte de nós”. E de modo mais realista, a energia dos espíritos irá enfraquecer. — ela continuou. — A árvore da vida é a grande base da natureza, e uma grande fonte de vida, ela fortalece a natureza que vive em volta. É o mesmo para os espíritos, se a árvore da vida desaparecer, os espíritos enfraquecerão.

Escutando tudo isso, a árvore da vida para os elfos que vivem com a natureza, era a identidade deles. Eu perguntei.

— Quando a árvore da vida secar por inteira, não tem mais nada que dê para fazer?

Eu estava preocupado de que fosse uma pergunta grosseira, mas ela não se abalou com isso.

— Esse não é o caso, nós podemos procurar uma nova árvore da vida e cultivá-la.

— Então, a semente da árvore da vida existe em algum lugar?

— É, em algum lugar. Já que todas as árvores têm a chance de se tornarem uma árvore da vida.

— Desculpe?

A mãe mais velha, apontou para a grande árvore da vida que estava um pouco longe.

— Qual árvore aquela se parece?

— Hm, não tenho certeza. Além de ser a árvore da vida…

— É chamada de árvore zelkova.

Fiquei chocado, uma árvore zelkova havia crescido tanto ao ponto de ser comparada a um edifício?

Era inacreditável. Havia as mesmas árvores na Terra também!

— Claro, nem todas as árvores zelkova vão crescer tanto e se tornar uma árvore da vida. Dentre todas as árvores, aquelas que podem crescer e se tornar uma árvore da vida são poucas.

— Então nós temos que encontrar uma árvore que tenha potencial para se tornar uma árvore da vida.

— Encontrar uma não é difícil. Elas são poucas, mas nós podemos encontrá-las. Nesta montanha marrom, tem algumas que nós encontramos.

— Então, vocês não podem cultivar essas?

— Nós já estamos cultivando-as, os jovens patrulham o leste e norte, mas nossos maridos tomam conta dessas árvores diariamente, no leste e sul.

A mais velha mãe suspira.

— Contudo, não é porque elas têm potencial que vão se tornar uma árvore da vida. Nós colocamos nossos corações e almas para nutrir elas, mas no final, a maioria morre antes de se tornar uma árvore da vida.

Segundo a história que continuou, 30 anos antes, uma árvore de pinho prestes a se tornar uma árvore da vida, secou e morreu. Sessenta anos antes, e ainda 200 anos antes, na juventude dela, a mesma coisa aconteceu.

“É isso!”

Esse era o exame real! Se eu não descobrisse isso, mesmo que completasse o exame, eu não receberia uma grande quantidade de karma.

Sorri, e com o meu sorriso a mais velha mãe olhou incrédula. Óbvio, que tendo ouvido a infeliz história e então rido, lógico que seria estranho.

— Eu não tenho certeza se isso pode ajudar. Gostaria de ver?

Então, eu fiz o que deixava o presidente Park Jin-seong louco, as “chamas da vida”.

Volume 2

Capítulo 66: A Árvore da Vida (2)

Nas minhas mãos, uma pequena chama apareceu.

— Isso é?

Algo raro de se ver, havia um olhar de surpresa nos rostos das mães. E mesmo dentre os elfos, ela que havia vivido por tanto tempo, a mãe mais velha, também era a primeira vez que via algo do tipo.

Mais uma vez, essa era uma habilidade que apenas eu tinha, então fazia sentido a surpresa.

— É chamada de “chama da vida”. Acho que sou o único no mundo inteiro capaz de fazer isso.

A mais velha das mães, com uma expressão de total surpresa, estendeu a mão em minha direção.

— Espere um pouco, você pode me mostrar isso?

— Claro.

Eu entreguei a chama da vida para ela, que recebeu com cuidado e estremeceu quando olhou para a chama.

— Isso tem força vital, energia da natureza. É mesmo como você nomeou, uma chama da vida! Como você criou isso?

— Aqui, me deixe ver também!

— Nós queremos ver isso também!

As mães nos rodearam ansiosas, todas ávidas para ter uma melhor visão da chama da vida. Era bom de se ouvir o eufemismo explodindo aqui e ali.

Eu olhei para o “espetáculo” com uma expressão satisfeita.

— Você seria capaz de nos ensinar como fazer isso?

— Me desculpem. Eu gostaria de ensinar vocês, mas eu mesmo não sei como sou capaz de criar isso.

— Você tem alguma pista de como faz?

— Sinto como se fosse uma mistura do poder dos espíritos e uma poção de cura. Eu não sei mesmo, é uma habilidade que surgiu um dia…

Eu não podia falar que era por meio de uma habilidade de sintetizar, eu podia?

A mais velha mãe ficou bem desapontada.

— Poder dos espíritos e poção de cura? Não acredito que isso seria todo o necessário, isso é mesmo uma felicidade digna de um milagre.

Também acreditava nisso, devido a que a habilidade especial de “sintetizar habilidades” era um milagre que também mudou minha vida.

— Nós seremos capazes de curar a árvore-da-vida com isso?

— Mas, não é muito pequena?

— Sem chance de isso ser suficiente.

As mães entraram numa discussão calorosa. Eu esclareci umas coisas.

— Eu só posso fazer uma por dia. Se isso for de ajuda, enquanto eu estiver aqui, eu farei uma todos os dias e darei para vocês.

— Como assim uma por dia?

— Ah, mas é muito pequena!

— Seria bom se você pudesse fazer ela um pouco maior!

— Vocês! Já é uma grande coisa termos encontrado uma forma de tratar a árvore-da-vida.

— Isso mesmo!

Todos estavam tagarelando, quando a mãe mais velha bateu as mãos silenciando a todos. E ela falou.

— É importante como vamos usar essa chama da vida que só pode ser feita uma vez por dia. Devemos usar isso para curar a árvore doente, ou melhor, usarmos para crescer uma árvore que tenha a possibilidade de virar uma árvore-da-vida.

— Ah, isso é um bom ponto…!

— Sem dúvidas é muito pequena para usar na árvore-da-vida. Contudo, seria o bastante para transformar uma pequena árvore em uma árvore-da-vida!

— Nós temos que usar isso na árvore-da-vida!

— E quando nós vamos conseguir curar ela com uma chama tão pequena?

— Se nós tentarmos curar a árvore-da-vida com essa coisinha pequena, vai levar muito tempo.

— Então, transformar uma pequena árvore em uma árvore-da-vida, isso levaria menos tempo?

Era uma cena de discussão intensa. De novo, quem silenciou a todos foi a mãe mais velha. E ela me perguntou.

— Quanto tempo você pode ficar aqui?

— Se possível, vou ficar por um tempo. Por ora, não tenho nenhum plano urgente.

— Nós gostaríamos que você ficasse o quanto puder. No momento, gostaríamos que você vivesse conosco para sempre. Você passou de ser um amigo, agora você é como da família.

Uau, família?”

A estruturação do nosso relacionamento havia saltado alguns degraus. Ainda assim, eu não poderia ficar para sempre com os elfos, então falei.

— Que tal isso. Nós vamos usar o equivalente a 28 dias com chamas da vida para curar a árvore-da-vida. Dependendo do resultado, se não tiver efeitos, usaremos a chama para crescer uma nova árvore que tenha potencial.

— Parece bom.

A mãe mais velha assentiu com a cabeça.

— Eu concordo.

— Isso, se não funcionar, vamos para a segunda melhor opção.

— Por que não pensamos nisso? Primeiro, vamos tentar isso.

— Deve ser por isso que nossos maridos reclamam da gente!

— Hohoho!

Elas eram barulhentas. Pensando bem, a sociedade era matriarcal e as decisões eram tomadas por meio de uma forma tão “brincalhona”.

E então.

— Ali está ele!

Um grupo de crianças elfos veio correndo em minha direção.

— Hyung humano!

— Oppa humano, oppa!

— Você está recarregado de novo? Invoque seus espíritos!

— Eu vou brincar com o cachorrinho e a gatinha!

A importante reunião estava próxima de ser lançada no caos.

— Oh, as crianças estão aqui!

— Como alguém pode resistir!

— De qualquer forma, ainda bem que a decisão já foi tomada.

As mães se acalmaram e então, a força que influenciava as mães na sociedade elfo, não eram nem mesmos seus maridos, mas sim as crianças.

Eu estava cercado pelas crianças e então a mãe mais velha, silenciosamente pegou a chama da vida e partiu.

Essa sociedade era mesmo pura e divertida.

***

A partir daquele dia, eu criei uma chama da vida por dia. No começo, a mais velha mãe vinha coletar a chama toda manhã, mas depois de quatro dias, ela falou.

— Você agora é parte da família e você tem o direito de se aproximar da árvore-da-vida.

Aquela velha, ela achou irritante vir buscar a chama a cada dia. A partir disso, eu peguei a chama da vida e eu mesmo coloquei na árvore-da-vida. Sempre foi interessante ver a pequena chama penetrar e desaparecer na gigantesca árvore.

“Eu não sei se isso será suficiente.”

A árvore-da-vida era tão grande que a copa dela parecia ser o céu. Fascinado pela beleza dela, eu puxava a pequena chama da minha mão, como se eu quisesse alcançar o céu com aquela palma, repeti isso diariamente.

“Bem, tenho certeza que algo vai acontecer.”

Eu tinha esperança e repeti isso de novo e de novo.

Esperança, o cerne dos preceitos religiosos, esse era o suporte da minha fé.

Primeiro, após perder meus amigos e atravessando uma crise, uma ótima habilidade especial chamada “sintetizar habilidade” foi concebida para mim.

Segundo, eu recebi as “chamas da vida” e o presidente Park Jin-seong, sofrendo de uma doença terminal, veio a me encontrar.

Terceiro, graças ao apoio do presidente Park Jin-seong, eu ganhei a ajuda de Odin, e com a ajuda dos soldados que ele enviaria, eu derrotaria o Clã Prata que estava atacando os elfos.

Quarto, devido aos elfos estarem aflitos com a doença da árvore-da-vida, eu fui capaz de me aproximar deles graças as “chamas da vida”.

Via como tudo estava perfeitamente alinhado!

Eu estava seguindo o caminho da forma que os poderes supremos queriam. Sempre havia uma dica nos exames.

Mesmo que não me contassem qual era a dica, se eu pensasse com cuidado, sempre havia uma dica. Isso porque as dicas eram mandamentos dos deuses.

Nesse momento eu me sentia como um genuíno participante. Sentia como se naquele instante, soubesse o real significado dos exames.

“Se isso vai mesmo ajudar a árvore-da-vida, eu poderei dizer pela avaliação do exame. Quando o tempo do exame acabar, eu vou ter terminado o quarto exame e conforme os resultados, eu receberei o karma equivalente. E com base na quantidade, vou saber se fui bem ou não. Se tiver algum efeito, eu vou receber um monte de karma, mas se isso não servir para nada, eu, com certeza, vou receber menos.”

Eu gastei o tempo restante do exame de forma tranquila. Sem ameaças a minha vida eu passei o tempo sossegado. Pensava se isso estava certo.

Eu não estava preocupado com a ameaça do Clã Prata.

Primeiro de tudo, Odin havia prometido derrotar eles com o exército dele, e mesmo sem eles, os elfos levantariam uma boa luta. No vilarejo havia um pouco mais de 100 elfos, todos especialistas em arco e invocação de espíritos.

Sem falar que eles se moviam sem fazer nenhum barulho na montanha e na floresta, caçadores hábeis.

Tendo sido considerado como parte da família deles, eu ganhei a proteção deles e planejei passar meus dias de forma agradável.

Claro, eu não estava sempre repousando.

— Vamos brincar!

— Hyung humanoonde você está?

Ahhh, os seres que até mesmo as líderes têm medo apareceram.”

Eu logo me escondi.

— Ele está se escondendo!

— Vamos encontrar ele!

— Ele não tem nenhuma chance!

Os jovens elfos, um a um começaram a invocar seus espíritos. Em instantes, dezenas de espíritos com forma de animais se aproximaram de mim.

Todos sendo variações da Sylph ou outros espíritos, me puxaram para fora do meu esconderijo.

— Hehehehe, hyung!

— Oppa humano, apenas desista.

— Na Montanha Marrom, você não pode escapar da nossa vista, hyung humano.

— Ha… 

Meus espíritos eram entregues, mas eles passaram a querer brincar comigo também. Eu ensinei a eles, pedra-papel-tesoura e montinho e eles ficaram loucos por isso.

— As meninas falaram que não gostaram do montinho.

— Isso machuca minhas costas!

“Certo, certo.”

Depois de pensar com cuidado, eu peguei cinco pedrinhas, coloquei elas na minha mão e mostrei para eles, então gong-gi.

“Que garoto miserável joga gong-gi? Eu tinha uma irmã mais velha e uma mais nova, então eu era bom nisso, o que é que tem?”

— Uau, nossa!

— O que é isso!

— Parece divertido!

— Que legal. Oppa humano é o melhor.

Os jovens elfos ficaram enlouquecidos e começaram a brincar.

Eles tinham “kasas” para buscar pedras ou usavam “sylphs” para cortar as rochas em pedaços menores e circulares. Crianças assustadoras…

Os jovens elfos ficaram entretidos jogando gong-gi. Logo, as garotas mais velhas que estavam apenas olhando as crianças, também começaram a jogar.

De acordo com o que escutei, os jovens que elfos que saiam para patrulhar ficavam brincando de montinho. Escutei também um rumor de que depois que aprenderam pedra-papel-tesoura, as reuniões das mães ficaram muito mais rápidas.

“Se isso for verdade, o futuro dos elfos me assusta. Eu não devo nunca ensinar eles a apostarem.”

Não importava o que eu ensinasse a eles, me preocupava o quão fissurado com isso eles ficavam. E assim, meu exame progrediu, cada dia tão agradável quanto o anterior.

Então, quando o prazo do meu exame estava quase acabando, algo incrível aconteceu.

— Hm?

Eu não havia invocado, mas, de repente, diante dos meus olhos a placa de dados apareceu. E nela estavam escritas algumas palavras.

Invocação de espíritos (habilidade principal): invoque um espírito e utilize o poder da natureza.

Espíritos: Sylph, Kasa

Nível inicial 2: tempo de invocação de 2 horas e 15 minutos

— Nível inicial 2?

Fiquei totalmente surpreso, minha habilidade principal de invocar espíritos havia evoluído!

“Eu nem usei o prêmio karma!”

Evoluir uma habilidade principal do nível inicial 1 para o 2 teria me custado 500 karma. Contudo, do nada no meio do exame ela havia evoluído.

“Talvez…”

Olhei para a árvore-da-vida. Naquela manhã, como nas anteriores, eu havia ido e inserido a chama da vida.

“A árvore-da-vida é um ser vivo da natureza, e com uma grande força vital, ela fortalece a natureza em volta. O mesmo para os espíritos. Se a árvore desaparecer, os espíritos também vão enfraquecer.”

Em termos contrários, se a árvore-da-vida existir, o poder dos espíritos seria mais forte. A invocação de espíritos emprestava poder da natureza, estando perto da árvore-da-vida, que fornecia energia para a natureza, também me fortaleceu.

Era a única forma que achei para explicar o que havia acontecido.

“Tirei a sorte grande!”

Fiquei arrepiado.

As coisas estavam indo tão bem. Quase acreditei que isso seria uma compensação pelas atrocidades do terceiro exame.

Volume 2

Capítulo 67: Os Resultados do Quarto Exame (1)

Bboo bboo

— Parabéns, voltando para a casa com glória!

Pela primeira vez em um longo tempo, o Anjo Bebê tocou sua buzina e fez uma algazarra. Toda vez que ele voava em volta, sua minhoquinha se debatia desinibida para a esquerda e para a direita, me deixando desconfortável.

Mesmo assim, como ele tinha falado, eu estava voltando com glória. O quarto exame foi, de diversas maneiras, muito significativo para mim.

Primeiro, foi um longo exame de 30 dias, o qual terminei de forma bastante segura.

Segundo, eu peguei a ideia das intervenções divinas e um sentido geral do propósito dos exames.

Terceiro, graças à árvore-da-vida, meu nível de invocação aumentou.

Se eu podia falar que perdi muita coisa durante o terceiro exame, eu também podia falar que em compensação por isso, eu havia ganhado várias coisas. Não que algo pudesse ser comparado às três vidas…

— Uau! Você é tão impressionante.

O Anjo Bebê bateu palmas e me elogiou.

— Você está se tornando o participante que nós queríamos.

— …

— Continue como tem feito até aqui. Todo exame tem um objetivo específico e nós queremos que o participante se aprimore nisso. Nós não jogamos participantes no perigo por simples diversão.

— Eu sei.

— Tudo certo, você quer saber a pontuação do seu quarto exame?

— Claro.

— Então o que você está fazendo que não invocou sua placa de dados? Não é como se fosse a sua primeira ou segunda vez, você por acaso é idiota?

Eu estava pensando “que mudança de atitude, o comportamento dele estava tão amigável”, mas sem dúvida, ele acabou me deixando puto.

— Placa de dados.

Conforme falei isso, a placa de dados apareceu e os resultados estavam sendo exibidos.

Nome: Kim Hyun-ho

Classe: 10

Karma: +2000

Missão: descanse até o próximo exame

Limite de Tempo: 30 dias

Uau…”

Estremeci. Estava sem palavras devido ao tamanho do prêmio.

Minha classe havia aumentado 3 vezes e recebi uma incrível quantia de 2000 karma.

— Esse resultado é um reflexo do valor das minhas ações?

— Correto.

— Como estão esses resultados?

— O que você acha?

— O melhor resultado de um participante de quarta rodada?

— Então você sabe. Que bom para você.

O Anjo Bebê estava sendo sarcástico, mas não prestei atenção para a provocação dele. Devido a que minhas decisões resultaram no sucesso absoluto.

Eu havia apenas descansado na vila dos elfos e não fiz nada mais que produzir as “chamas da vida” diariamente. Estava tão tranquilo, que às vezes me sentia nervoso.

Eu estava errado? Não tinha como o exame ser assim tão fácil. Poderia ser que eu estivesse fazendo tudo errado na missão? Eu lutei com esses pensamentos.

Mas, aí estavam os resultados.

“Eu agi certo!”

Podia enlouquecer de alegria.

— Vendo o participante Kim Hyun-ho alegre me deixa entediado. Pode ir, saia.

O Anjo Bebê que estava me elogiando no começo, estava provocando de novo.

A porta do exame apareceu. Eu levantei o dedo do meio para ele e atravessei tranquilamente pela porta do exame.

***

11 horas.

No meu smartphone havia três mensagens.

[Hyun-ji: Irmão idiota 😭, eu tentei te acordar, mas você não acordou e então me atrasei para a aula!]

[Presidente Park Jin-seong: entre em contato assim que acordar]

[Yoo Min-jeong^^: como você pode ser tão cruel e ir. Vou me vingar!]

Sorri e enviei uma resposta para cada um deles.

[Eu: cala boca]

Essa foi para Hyun-ji.

[Eu: vou sair para trabalhar daqui a pouco]

Essa foi para o presidente.

[Eu: Vou te ligar assim que eu sair do trabalho. Eu te amo muito😍]

Essa foi para Min-jeong.

De verdade, o mês inteiro que passei com os elfos, eu senti muito a falta dela. Ainda mais, com o relacionamento do Jake com a Ella.

Eu tinha que ver a Min-jeong aquela noite. Recebi uma mensagem da Hyun-ji.

[Hyun-ji: corretor? Isso foi o correto de mensagens, certo?]

[Eu: eu falei para calar a boca]

[Hyun-ji: não me mande calar a boca]

“TOEIC pontuação de 400, o negócio de frango frito é o único futuro viável para você. Por que você está abrindo mão de um caminho seguro para pegar um caminho de dificuldades?”

Antes de eu ir trabalhar na cabana, decidi organizar meu karma.

“Onde eu vou usar isso? Um montante de 2000 karma. Quando eu vou usar isso tudo?”

Havia tantas utilidades para isso. Mas, eu tinha que usar isso com sabedoria, de forma que isso fosse de ajuda para mim no próximo exame.

Tinha que considerar para fosse lá o que acontecesse no quinto exame e sem importar o quanto karma ele me renderia. Contudo, o que poderia ser o quinto exame?

“Deve ser para reviver a árvore-da-vida!”

Seguindo o contexto e fluxo das coisas, eu estava certo que seria uma continuação no exame seguinte.

Com um salto de três classes e um prêmio de karma de 2000, isso era uma prova de que o meu pensamento estava correto. Assim sendo, eu tinha certeza de que o próximo exame seria para curar por completo a árvore-da-vida.

Seguindo as intervenções divinas, eu deduzi que o objetivo final do exame era curar a árvore-da-vida.

“Mas…”

Eu não gostava de apostar, mas dessa vez, eu tinha que ter convicção para ser bem-sucedido.

— Placa de dados.

A placa de dados apareceu e o karma que eu havia recebido estava exposto com orgulho.

— Se eu investir todo o meu karma nas “chamas da vida”, quantos níveis eu poderia saltar?

O que segue é uma demonstração se você usar todo o seu karma para chamas da vida (habilidade sintetizada)

Chamas da vida (habilidade sintetizada): sopro das chamas da vida que dá origem. Dois usos ao dia.

  • Nível intermediário 2: reavivamento da energia, antienvelhecimento, efeito em doenças e maldições

Karma restante: +200

— Nível intermediário 2…

Eu ponderei a decisão de forma profunda. Se eu usasse 1800 karma nas “chamas da vida”, eu seria um nível intermediário 2 e poderia fazer elas duas vezes ao dia e, com efeito mais potente. Havia ainda a inclusão do tratamento de doenças e maldições.

Contudo, se eu fizesse isso, tudo que me restaria eram 200 karma. Se o quinto exame fosse para curar a árvore-da-vida, colocando o máximo possível, ou seja, usando 1800 karma nas “chamas da vida” seria a decisão correta.

Porém, se esse não fosse isso o exame? Havia uma variável a se considerar. Pensando nisso, perdi um pouco da confiança que tinha nessa ideia e invoquei a placa de dados outra vez.

— Me mostre como seria se eu aumentasse o nível de “chamas da vida” para o nível intermediário 1.

Chamas da vida (habilidade sintetizada) evoluindo para o nível intermediário 1, segue a opção.

Chamas da vida (habilidade sintetizada): sopro das chamas da vida que faz dá origem. Dois usos ao dia.

  • Nível intermediário 1: reavivamento da energia, antienvelhecimento, efeito em doenças e maldições

Karma restante: +700

— Então, as possibilidades são as mesmas?

O karma restante seria de 700. Sendo que, elevar do nível intermediário 1 para o nível intermediário 2 custaria 500 karma.

Sabendo que o nível intermediário 1 e 2, ambos seriam capazes de gerar duas chamas por dia e tratar doenças e maldições. Claro que haveria uma diferença na potência do tratamento, mas com isso eu teria uma flexibilidade de 700 karma e poderia usar isso para aumentar o nível de outra habilidade.

— Certo.

Ao final dos meus pensamentos, tomei minha decisão.

— Prêmio karma, vou evoluir as chamas da vida para o nível intermediário 1.

A luz que saiu da placa de dados entrou no meu corpo.

Olhei novamente para a placa de dados e verifiquei que as chamas da vida haviam evoluído para o nível intermediário 1.

Com isso, o que eu tinha sobrando eram 700 karma, a pergunta era, onde usar isso?

“Por hora, não tem necessidade de aumentar minha invocação de espíritos.”

Eu sabia que estar próximo à árvore-da-vida, aumentaria o nível da invocação de espíritos. De modo que, por que usar o karma para aumentar algo que eu poderia conseguir de graça?

— Prêmio karma, vou aumentar meu “fortalecimento corporal”.

Fortalecimento corporal (habilidade de apoio) evoluiu um nível.

Fortalecimento corporal (habilidade de apoio): rápido fortalecimento do condicionamento físico

  • Nível intermediário 1: ganhe o condicionamento físico que supera os limites humanos

Karma restante: +300

Condicionamento físico que supera os limites humanos! Esse era o nível que o Kang Chun-seong havia me mostrado.

O próximo passo era fácil.

— Evolua o nível de “capacidade física”.

Capacidade física (habilidade sintetizada): melhora os reflexos do corpo

  • Nível inicial 3

Karma restante: +100

Gastei de forma despretensiosa, ainda assim me sobraram 100 karma. Com isso, não havia nenhuma habilidade que eu pudesse evoluir.

“Eu deveria pegar uma habilidade de apoio?”

Se eu pegasse uma habilidade de apoio, eu também poderia usar ela como ingrediente para “sintetizar habilidades”. Pensei que seria uma boa ideia, então pedi para a placa de dados me mostrar as habilidades de apoio que podia conseguir com o prêmio de karma restante.

Dentre várias habilidades, uma me chamou a atenção.

21. Teleportar (habilidade de apoio): Salto espacial na direção que você desejar. Pense em uma direção e diga “teleportar”.

  • Nível inicial 1: distância 1 metro. Tempo de resfriamento de 1 hora (-100)

Sendo apenas nível inicial 1, a distância era de apenas 1 metro. Contudo, essa era uma habilidade muito útil. Em um momento de perigo, se eu usasse essa habilidade, poderia desviar de um ataque. Não apenas isso, mas eu poderia atravessar portas ou paredes.

Somando-se a isso, eu estava imaginando quais habilidades poderia criar combinando essa nova habilidade com as que eu já tinha.

“Com certeza, isso será de algum uso.”

— Eu escolho “teleportar”.

Teleportar (habilidade de apoio) foi escolhida.

Karma restante: 0

— Agora está ficando divertido, “sintetizar habilidade”!

Selecione a habilidade ou item para sintetizar.

  • Habilidades disponíveis para sintetização: invocar espírito (Sylph), invocar espírito (Kasa), fortalecimento corporal, guia, teleportar.
  • Itens disponíveis para sintetização: Mosin-Nagant, item mochila, luvas aracne.
  • O item utilizado na sintetização será consumido.

— Sintetizar “invocar espírito Sylph” com “teleportar”.

Invocar espírito (Sylph) e teleportar (habilidade de apoio) estão sendo sintetizados.

Sintetização falhou.

— Pfft, então sintetizar “invocar espírito Kasa” com “teleportar”.

Invocar espírito (Kasa) e teleportar (habilidade de apoio) estão sendo sintetizados.

Sintetização falhou.

— Então, “fortalecimento corporal” com “teleportar”?

Fortalecimento corporal e teleportar (habilidade de apoio) estão sendo sintetizados.

Sintetização bem-sucedida. Você recebeu a habilidade difusão (habilidade sintetizada).

Difusão (habilidade sintetizada): você pode passar um objeto voando pelo seu corpo sem receber danos.

  • Nível inicial 1: efeitos duram por 3 segundos, tempo de resfriamento de 1 hora

— Isso!

Fiquei feliz de quase sair saltando. A habilidade criada “difusão” seria de grande ajuda para esquivar de ataques perigosos.

“Ótimo, vamos continuar sintetizando.”

Eu podia testar as habilidades depois na cabana.

— Sintetizar “guia” e “teleportar”.

Guia e teleportar (habilidade de apoio) estão sendo sintetizados.

Sintetização falhou.

Outra falha, pude fazer apenas uma habilidade, foi um pouco frustrante. Porém, no meu desapontamento, voltei os olhos para os itens que poderia usar para sintetizar. O Mosin-Nagant, item mochila e luvas aracne.

“Eu deveria tentar com os itens?”

Não importava se eles falhassem, mas era arriscado, já que eu poderia acabar com uma habilidade inútil e perder um item.

“Primeiro, o Mosin-Nagant não é uma opção. É uma arma importante também.”

Tentei sintetizar.

— Sintetizar luvas aracne e “teleportar”.

Luvas aracne e teleportar (habilidade de apoio) estão sendo sintetizados.

Sintetização falhou.

Assim, a única opção restante era com o item mochila.

— Sinto que isso vai gerar algo.

O item mochila era onde eu guardava as coisas, de modo que eu podia atravessar com elas pela porta do exame e a habilidade de “teleportar” me movia pelo espaço.

Ambos tinham relação com atravessar o espaço, tinha certeza de que se combinasse os dois alguma coisa iria surgir.

“Vamos fazer isso.”

Se eu falhasse, penso se poderia pedir ao Odin para me dar uma mochila de itens.

Antes de mais nada, eu tirei os itens de dentro da mochila.

— Sintetizar item mochila e “teleportar”.

Item mochila e teleportar (habilidade de apoio) estão sendo sintetizados.

Sintetização bem-sucedida. Você recebeu a habilidade armazenamento espacial (habilidade sintetizada).

Item mochila foi utilizado.

Armazenamento espacial (habilidade sintetizada): crie um armazenamento espacial para guardar itens. Diga “armazenar” ou “retirar” para usar.

  • Nível inicial 1: 50x50x50 cm.

“Incrível!”

Senti uma empolgação como se tivesse ganhado na loteria. Eu acabara de conseguir “armazenagem espacial” que era muito mais prática que usar o item mochila. Coloquei minha mão sobre os itens que havia retirado da mochila e falei.

— “Armazenar”.

As balas, a garrafa de água e o canivete suíço desapareceram, depois, pensei na garrafa de água e disse.

— “Retirar”

A garrafa de água apareceu na minha mão esquerda.

“Isso é o melhor!”

Penso que poderia até roubar dessa forma. Claro que eu não faria isso, mas ainda assim poderia se quisesse.

E assim, eu usei todo o meu karma. Me senti satisfeito com o quão bem e cuidadosamente eu gerenciei meu karma.

Volume 2

Capítulo 68: Os Resultados do Quarto Exame (2)

— Desgraçado! Por que você está tão atrasado? Quer ser demitido?

— Muito obrigado por tudo até aqui.

— Hã? com autorização de quem?

O Presidente Park Jin-seong me deu um abraço assim que sai do Porsche Cayenne. Essa era uma demonstração do quanto ele ansiava pelo meu retorno.

Tinha certeza de que uma parte disso era pela cura da doença dele, mas ele me tratando assim não me deixava mal. Afinal, eu estava curando-o de graça? Não, eu estava recebendo um monte de dinheiro pelo tratamento.

— Você está aqui, me dê uma.

— Hmmm… 

— O que foi garoto?

— É que… hmm… 

— Ah, o que é isso! Você quer mais dinheiro?

— Sim.

— Rapaz, tudo bem que eu sou um bilionário, mas isso já não é uma forma de roubo? Por acaso eu te paguei pouco até aqui?

— Não, o que acontece é que eu evoluí minhas “chamas da vida” para o nível intermediário 1. Essa evolução, com certeza, terá efeito de cura para doenças terminais.

— Isso é verdade?

— Se você não acredita em mim, então tudo bem.

— Seu desgraçado!

De forma tranquila eu desviei do peteleco na minha cabeça que o presidente tentou acertar.

— Oh? Peguem ele!

Ele gritou para os seus seguranças.

“Merda.”

Saltei de onde eu estava e cai de lado no topo de um pinheiro. Naquele momento, meu condicionamento havia ultrapassado os limites humanos e fazer algo assim, não era nada de mais.

Os seguranças me olharam congelados, não sabiam como proceder e coçavam suas cabeças enquanto eu ria. Do topo do pinheiro eu gritei para o presidente Park Jin-seong.

— Quanto você vai me pagar? Dessa vez, você vai ver uma diferença significativa.

— Nós podemos fixar o preço depois de eu comer isso e ser examinado sobre o quão efetivo será. Eu recebi um exame ontem, então eu posso verificar a diferença com exatidão.

“Bem, o presidente Park Jin-seong não é alguém mesquinho com o dinheiro dele.”

Assenti para ele.

— Certo.

— Então desça aqui seu idiota.

Eu saltei do velho pinheiro e entreguei as “chamas da vida”.

As chamas que apareceram na palma da minha mão, não eram mais do tamanho de uma bola de gude, mas sim do tamanho de um punho.

— Minha nossa, é grande.

A cor retornou ao rosto do presidente.

— Eu pensei sobre isso e tem necessidade de você comer isso?

— Como assim?

— Você poderia simplesmente colocar no seu corpo.

Falava com propriedade, tendo a experiência de colocar as chamas todos os dias na árvore-da-vida. Com as minhas palavras, ele hesitou por um momento até que moveu as chamas para a parte de baixo do seu tórax.

“É um câncer de pulmão?”

Vendo-o colocar as chamas da vida onde estavam seus pulmões, assumi ser isso. As chamas se infiltraram no corpo dele.

— Huh, era só isso que precisava fazer. Estive comendo isso todo esse tempo sem necessidade.

— Essa é uma especialidade para pessoas velhas, colocando todas as coisas boas na boca.

— Cale a boca.

— Como você se sente?

— Hahaha, como eu posso falar? Me sinto muito bem, muito bem mesmo, mas não consigo descrever em palavras.

Ele verificou seu próprio corpo e estava encantado. Seus olhos poderiam saltar se eu falasse para ele que podia fazer duas chamas por dia.

— Já faz um tempo, você não gostaria de ir caçar?

— Com certeza.

Pegamos nossas coisas e fomos caçar. Em especial nesse dia, o presidente estava cheio de energia e caminhou na frente.

— Isso, me sinto melhor do que quando eu era saudável. Que interessante!

Contudo, por volta de uma hora depois, decidimos fazer uma pausa. O presidente se sentou em uma rocha e perguntou.

— Como foi o exame?

— Eu completei ele.

— Uau, bom trabalho. Então, foi uma boa coisa conseguir o apoio do Grupo de Exame Nórdico?

— Acredito que sim.

Mesmo que para ser sincero eu tenha passado o quarto exame, gastando os dias sem fazer nada relacionado a batalhas. Não fui capaz de saber se Odin conseguiu usar seu exército para obliterar o Clã Prata.

No momento que pensei sobre isso, Odin não sabia que meu exame havia acabado. Pensei se deveria ligar para ele.

— Como você acha que será o próximo exame?

— Não acredito que o próximo exame venha a ser muito difícil também.

— Sério? Isso é bom.

Se tudo seguisse conforme eu imaginava, no próximo exame, eu seria muito mais poderoso. Por meio da árvore-da-vida, a “invocação de espíritos” ficaria mais poderosa e com o karma que recebesse por completar o exame eu iria aumentar o nível das minhas habilidades ainda mais.

O sol estava se pondo e nós não conseguimos encontrar nenhuma presa.

— Quer que eu invoque Sylph?

— Tudo bem.

O presidente balançou a cabeça.

— Deve ser difícil mesmo e às vezes deve-se falhar para que a caça seja divertida.

Isso soou como se fosse a filosofia de vida dele.

— Essa é sua filosofia de negócios?

— Hm? Que besteira você está falando? Se você falhar nos negócios, isso não será divertido.

— …

— Você não tem ideia de quantos executivos e funcionários que eu tenho que alimentar, como falhar seria divertido? Seus exames são divertidos? Você é um moleque engraçado.

Era inútil eu falar qualquer coisa.

O presidente partiu com pressa para ser reexaminado.

Eu pensei em testar minhas habilidades e treinar, mas já era bem tarde, sendo assim, decidi ir para casa. Sentia tanta falta da Min-jeong, do meu ponto de vista eu não a via há 30 dias.

Peguei meu smartphone e liguei para ela, naquele horário ela deveria estar em casa.

— Alô?

A voz dela parecia feliz, mas com a voz dela escutei uma música alta, com ritmo rápido e uma batida forte, do tipo de música que dá vontade de dançar…

— Mi-Min-jeong, onde você está?

Pensei “sem chance” e perguntei com uma voz trêmula.

— Onde você acha que eu estou?

— Hmm, quem sabe, um clube?

Assim que falei, Min-jeong caiu em gargalhadas e a música alta de repente sumiu.

— Estou em casa.

Huh?”

— Então, o que era aquela música?

— Eu liguei a música quando você ligou.

Ela havia me trollado!

— Min-jeong, eu tenho um coração fraco. Não faça mais isso por favor, tá?

— Hmph, fale por você, você simplesmente saiu depois de se satisfazer.

De repente eu me lembrei do acontecido um mês antes.

— Não é bem assim.

— Hmph, não sei não.

— De qualquer forma, vou estar logo aí.

— Faça o que você quiser.

E depois, ela desligou, fingindo estar rabugenta, quando ela nem sequer havia ficado brava. Isso era ela me falando, para deixá-la feliz de alguma maneira.

“Melhor eu comprar um presente.”

Eu não a vi por um mês e queria dar um presente para ela.

***

Ding dong-

— Eu não quero jornal.

Falou a Min-jeong pelo interfone.

— Eu sei que você pode ver meu rosto pelo interfone.

— Eu disse que não quero o jornal.

— O interfone está quebrado? Mesmo assim, você pode ouvir minha voz.

— Ahh, que insistente. Eu disse que não quero o jornal.

— Eu trouxe um presente.

— Oppa!

A porta abriu na hora e Min-jeong correu para me dar um abraço. Eu sorri e a abracei de volta levantando-a com uma mão, Min-jeong gritou, com a outra mão eu fechei a porta e entrei.

Ela estava empolgada no meu abraço, mas quando eu a deitei na cama, a expressão dela ficou azeda.

— O que é isso?

— Huh? O que é o quê?

— Porque a cama de novo? Você quer ter problemas?

— Ah, eu não percebi.

“Gah, faz 30 dias que eu não te vejo! Mesmo que você tenha me visto ontem.”

— Me dê o presente, o presente.

Eu peguei uma caixa cheia de macarons da minha mochila.

— Aaaa, eles parecem deliciosos!

Min-jeong me deu uma mordida na bochecha e correu para a cozinha falando que queria um pouco de café para comer junto. Ela trouxe dois expressos e tivemos um “momento do chá” com os macarons.

— Você teve um bom senso melhor do que eu pensei.

— Obrigado.

— Teria sido engraçado se você tivesse trazido um presente caro hahaha.

— Ha-haha…

— Hm? Porque essa expressão?

— Não, não é nada.

— …

— …

— … pegue logo.

— Tá…

Obedientemente eu respondi enquanto colocava minhas mãos na mochila.

“Mãos! Não me abandonem agora!”

Com minhas mãos, removi o embrulho mostrando o logo da caixa e aí eu peguei só o colar e mostrei para ela.

— Minha nossa, é lindo!

Era um bonito colar de pedra preta. A mulher da loja que escolheu ele para mim, porém eu comprei porque também achei muito bonito. Min-jeong estava próxima olhando com admiração para o colar quando olhou para mim.

— Quanto custou isso?

— Uh, R$ 200,00.

— Isso? Sem chance!

— Eles estavam vendendo isso na rua, então eu comprei.

— Sério? Então é uma imitação. Uau, isso se parece muito com o verdadeiro.

— Ah, sério? Eu não entendo dessas coisas.

Eu não entendia, mas os mecanismos de busca na internet sim e o GPS sabia onde a loja estava localizada.

— Hehehe, uma amiga mais velha que conheço tem um desse. Ele é igual ao original, parece um verdadeiro colar Marni.

— Bem, que bom que você gostou.

“Eu não posso nunca ser descoberto, esse é um colar luxuoso de mais de R$ 5.000,00. Uma loja da Marni nunca iria vender uma imitação.”

— Coloque em mim.

 Uhum.

Peguei o colar com as duas mãos e fui para trás dela, mas isso era um “golpe”. Como se ela esperasse por isso, Min-jeong se inclinou em direção a minha mochila.

— Ah, não!

— Haaah!

Min-jeong pegou a caixa e o embrulho com o logo da Marni.

— Ohh, veja isso! Naquele momento, você conseguiu colocar suas mãos na mochila, remover o embrulho e abrir a caixa? Que mãos habilidosas você tem!

Eu havia evoluído minha “capacidade física” para o nível inicial três e isso melhorou minha destreza com as mãos também.

— Desembucha, quanto custou isso?

— … um pouco mais de R$ 5.000,00.

— Está louco, que loucura!

Min-jeong me deu um tapa forte no ombro.

— Você está tentando provar que é mole? É por isso que a Hyun-ji está tão preocupada com você!

— Eh, eu me sinto injustiçado agora…

— SOBRE O QUÊ?

“Eu não te vi por 30 dias e estava feliz de poder te ver e então eu comprei um presente!”

… do ponto de vista da Min-jeong, nós estávamos nos vendo todos os dias e do nada eu comprei um presente luxuoso, então entendi por que isso parecia estranho.

— Devolva isso.

— Não quero.

— Devolva isso logo. Não estamos saindo a tanto tempo assim, não posso aceitar algo assim tão caro.

— Eu não sei, não sei. Não posso devolver isso. Não quero.

Amassei e rasguei a caixa do colar.

— Ahh! Agora você não poderá devolver isso!

— Não vou. Fique com ele, eu só queria comprar ele para você.

Ela me encarou.

— Assim não dá, oppa, você precisa ser punido.

— Punido?

Min-jeong pegou o smartphone dela.

— Hã, por que você pegou seu telefone?

Ela colocou o colar no pescoço e de repente fez uma pose com o sinal de “V” com uma mão e tirou uma selfie. Logo, enviou a foto como mensagem, mas a pessoa que recebeu isso…

— Não, não pode ser!

Me desesperei, mas já era tarde demais.

[eu ganhei isso do oppa^^ Marni ❤]

Depois disso, a mensagem de uma pessoa chegou no meu smartphone.

[Hyun-ji: Eii, seu bobalhão ingênuo! Você ganhou muito dinheiro???]

— Hehe…!

Estava desesperado em posição de OTL. Nesse momento, Min-jeong balançou o dedo me chamando

— Hehehe, oppa, de qualquer forma, obrigada pelo presente. É muito lindo mesmo.

— Tudo bem…

— Você está chateado?

— …

— Venha aqui.

Eu balancei pela forte sedução dela, mas resisti. Estava aborrecido, como ela pode me dedurar para a Hyun-ji!

“Não sou trouxa, eu sou rico. Não tenho motivos para ficar sendo mesquinho por um “pedaço de chiclete”!”

Como isso poderia ser complicado, quando eu tinha quase 100 milhões de reais descansando na minha conta?

— Você não vem mesmo se eu fizer isso?

Min-jeong começou a tirar as peças de roupa dela, uma a uma. Com delicadeza, cada peça de roupa dela que caia no chão e eu estremecia. Enfim, quando o colar que eu havia dado para ela, era a única coisa que havia permanecido no corpo dela, perdi minha firmeza.

Quando o “fogo” acalmou, ela estava encolhida nos meus braços e sussurrou.

— Você não precisa me dar coisas como essa. Só fique ao meu lado, isso é tudo que eu preciso.

… aquela era a única coisa que eu não podia prometer para ela.

Desse modo, eu mantive a Min-jeong, com quem eu estava me reunindo depois de um longo tempo, nos meus braços e dormi.

Naquela hora, eu não percebi que deveria ter deixado meu smartphone desligado.

Volume 2

Capítulo 69: Ponto de Virada

smartphone vibrou e Min-jeong pegou ele por reflexo ainda meio sonolenta. Próximo a ela estava um homem dormindo profundamente que havia dado um presente luxuoso para ela.

Ainda com a vista embaçada, ela olhou para a tela do telefone e por um segundo não acreditou no que viu.

[Presidente Park Jin-seong: 5 milhões por dia, é uma quantia muito alta, então mantenha isso em uma conta separada na Suíça]

A sonolência desapareceu na hora, só então ela percebeu que aquele não era o telefone dela. Com isso, ela rapidamente apagou a tela e largou o telefone, em seguida se cobriu e puxou o cobertor sobre a cabeça dela.

O coração dela estava batendo acelerado, o peito dela tremendo, ela não conseguia se acalmar. Min-jeong se enterrou nos braços de Hyun-ho.

“Tenho que apagar isso da minha mente, esses são negócios do Hyun-ho.”

Mas ela não podia controlar seus pensamentos.

“5 milhões de reais por dia? Do Presidente Park Jin-seong? Conta na Suíça?”

O homem do Grupo Jin-seong que ele havia tido um desentendimento, ela se lembrou dos acontecimentos daquele dia.

“Então, era mesmo sobre o Presidente Park Jin-seong? Quem realmente é o oppa?

Ela olhou inquieta para o rosto tranquilo do Hyun-ho dormindo, então se enterrou ainda mais nos braços dele.

— Hmm… 

Ainda dormindo, Hyun-ho abraçou ela.

Oppa, você não pode.”

Ela sentiu o calor do abraço dele.

“Eu quero retirar o que eu disse antes. Por favor, seja um homem comum do dia a dia.”

O motivo dela ter se interessado pelo Kim Hyun-ho foi porque ela pensou que ele era um cara como nenhum outro. Porém, agora isso era o que a assustava, já que ele poderia ser um cara que ela não pudesse lidar, talvez ela não estivesse à altura de estar ao lado dele.

Dessa vez não era só interesse, ela gostava dele de verdade. Presentes caros, uma vida de rosas, ela não precisava de nada disso. Min-jeong só queria estar com ele para sempre, ela queria isso do fundo do coração.

***

Abri meus olhos com a luz da manhã, Min-jeong já estava acordada, e fora do habitual parecia bem cansada.

— Você dormiu bem?

— Não muito, eu acordei no meio da noite.

— Sério?

Tomei um banho, coloquei as roupas e verifiquei o telefone, então eu vi uma mensagem do Presidente Park Jin-seong.

“5 milhões por dia? Então por semana isso daria 35 milhões de reais!”

Isso significava que os efeitos haviam sido muito bons. Enfim, eram 35 milhões por semana!

Era muito dinheiro para uma pessoa só. Como o Presidente havia falado, de fato era uma boa ideia colocar esse dinheiro numa conta na Suíça, já que os bancos suíços protegiam muito bem os dados dos clientes, ou ao menos é o que eu tinha escutado.

“A Suíça é próxima à Dinamarca?”

Poderia muito bem ir para a Dinamarca me encontrar com Odin e enquanto estivesse por lá, passar na Suíça. Pensando nisso, lembrei que deveria falar com Odin também.

— Oppa, café da manhã.

— Ah, obrigado.

Me sentei na mesa pronto para comer o café da manhã que a Min-jeong havia preparado, era sopa de wonton com carne, ovos, tofu e algumas outras coisas.

— Nossa, parece delicioso.

— Coma bastante.

— Isso deve ter dado muito trabalho para fazer, você não está se esforçando demais?

— Eu fiz como prática, então.

Eu apenas olhei direto para Min-jeong, que se assustou com meu olhar.

— O que foi isso?

— Ah, eu só estava pensando o porquê você parece cabisbaixa hoje.

— Eu? Nem um pouco.

— Verdade? Tudo bem, então.

Ela estava diferente do seu jeito usual alegre e brincalhão, era estranho.

“Será que ela?”

Um pensamento passou pela minha mente. Pensei que não poderia, não é que eu suspeitasse dela, mas isso explicaria o motivo de ela estar tão cansada.

“Devo verificar?”

Peguei meu smartphone e fingi estar verificando alguma coisa. Meus olhos estavam em direção a tela do telefone, mas eu estava prestando atenção na reação da Min-jeong e de fato ela ficou olhando disfarçadamente para mim, eu confirmei minha suspeita sobre o celular.

“Min-jeong…”

Ficou todo confuso, entretanto, fingi não perceber nada e tomei o café da manhã, a sopa de wonton estava deliciosa, ela tinha boas habilidades culinárias. De repente, Min-jeong abriu a boca com cautela.

— Oppa.

— Sim?

— Me desculpe.

Ela veio na minha direção e falou.

— O quê?

Com a cabeça para baixo ela continuou.

— Noite passada, meio sonolenta eu peguei e vi o seu celular sem querer. Pensei que fosse uma mensagem no meu telefone.

— Ufaa.

Sem querer eu expressei meu alívio e então abracei ela.

— Op-oppa?

— Obrigado por me contar.

— Oppa… 

Foi quando Min-jeong entendeu a situação e fungou.

— Me desculpe, eu olhei o seu telefone.

— Não se preocupe, está tudo bem, foi uma confusão por causa do sono.

— Me desculpe, buááá (choro). Não consegui mais dormir depois disso.

— Você ficou tão preocupada por isso?

— Sim.

Ela se afundou no meu corpo e sussurrou.

— Oppa, você não me odeia?

— Aiai, claro que não.

Acariciei os cabelos dela e dei uma explicação simples para a mensagem do presidente.

— Eu tenho um negócio com o Presidente Park Jin-seong. Eu fiz um pequeno negócio com meus amigos, mas aconteceu de isso chamar a atenção do Presidente Park Jin-seong…

Dessa vez, de novo, claro que eu soltei uma história fantasiosa, essa meio que coincidia com a história do negócio com amigos que eu havia contado para a Hyun-ji, então pensei ser uma coisa boa.

— Então, quando o seu negócio der certo você será um milionário?

— Sim, na verdade, eu já sou.

— Então foi por isso que você comprou aquele presente luxuoso ontem?

— Hm, aquilo foi porque eu sou um molenga.

— Hehehe, não é, um homem capaz não é um molenga.

— Agora é tarde demais, eu sou um molenga.

— Aw, oppa.

Min-jeong ficou sendo fofa próximo a mim durante todo o café da manhã.

***

Min-jeong tinha aulas pela manhã, então eu a deixei no colégio e segui direto para a cabana na montanha e como sempre eu entreguei uma “chama-da-vida” para o presidente.

— Como eu disse, estou pensando em viajar para a Suíça.

— Pode ir.

— Vou ficar fora por duas noites e três dias.

— O quê, duas noites e três dias para abrir uma conta num banco? Eu não posso ir com você dessa vez.

— Quero passear por lá um pouco e visitar a Dinamarca também.

— Ah seu pateta, essa droga de turismo…

— Deve ter sido bom para você que viajou pelo mundo todo. De qualquer forma, você vai ficar sem as chamas por um ou dois dias.

— Ah, quando você vai?

— Não sei ao certo ainda, primeiro vou falar com Odin.

— Faça o que você quiser, eu posso ficar sem, um dia ou dois.

— Wow, sério?

— Eu fiz um exame ontem e foi confirmado que as células cancerígenas diminuíram. O médico falou que se continuar a diminuir nesse ritmo, posso estar em remissão completa em 20 dias.

— Isso é bom de se ouvir.

— Quando eu chegar na remissão, vou te pagar uma grande quantia, então não se preocupe com essa parte.

— Não me preocupo com isso. Você é o homem mais rico da República da Coréia, tenho certeza de que você compensará de acordo.

— Hahaha, seu merda, as formas de você fazer dinheiro são infinitas.

Eu olhei para o presidente como se falasse “o que você quer dizer com isso”. Ele me explicou.

— Han Man-young presidente do grupo Auto Futuro também está em péssimas condições de saúde atualmente. Quando você chega na nossa idade, todos nós acabamos quebrando, eu acho.

— Ah!

Era verdade, dentre as pessoas ricas, estava cheio desses velhos com doenças.

“Isso vai me transformar numa pessoa incrivelmente rica.”

Não dezenas de milhões, mas sim milhões de milhões, não, eu poderia acumular todos os ganhos do mundo. Porém, pensando bem, imaginei se tinha necessidade de tudo isso.

— Por favor, mantenha minha habilidade em segredo.

— Por quê?

— O que você iria fazer com todo esse dinheiro? Eu acredito que seria irritante e um fardo.

— Por outro lado, isso é verdade. Além de que velhotes poderiam vir daqui e dali e te atrapalhar enquanto se prepara para os exames, isso pode acabar te distraindo.

— Verdade.

— Entendido, vou manter isso em segredo.

— Obrigado.

— Não fale isso, eu que agradeço por você salvar a minha vida.

Passei aquele dia praticando duas habilidades, “teleportar” e “difusão”. Me teleportei para perto de uma árvore e então usei “difusão” para passar através dela.

No começo, me senti um pouco tonto, mas com o tempo de resfriamento de uma hora e praticando de novo e de novo, me acostumei com o uso delas. No momento da habilidade “difusão”, eu joguei uma pedra para o alto e testei a habilidade, onde a pedra passou pelo meu corpo até cair no chão.

“Devo ter cuidado com isso.”

O tempo dela era de três segundos. Tudo passava pelo meu corpo nesse intervalo, contudo depois desses três segundos e se alguma coisa ainda não tivesse passado por completo pelo meu corpo?

Nesse caso, eu teria o grotesco incidente de ter algo ainda dentro de mim.

“Eu não devo usar isso, exceto quando não tiver outra opção.”

Como em uma situação de grande perigo, ou quando tivesse a certeza de que era seguro. Ou quem sabe, quando o nível da habilidade aumentasse e o tempo de uso ficasse maior, já que, se o tempo aumentasse eu me sentiria mais seguro no uso dela.

Eu estava treinando quando isso aconteceu, como se ele estivesse esperando o momento, eu recebi uma ligação.

— Sr. Kim Hyun-ho?

— Sim, Sr. Odin.

Era Odin do Grupo de Exame Nórdico.

— Eu liguei para você assim que o meu exame acabou, que bom que você está bem.

— Você acabou de terminar?

— Correto, eu estive na Arena por 40 dias. Você completou seu exame?

— Sim.

— Uau! Ainda bem que completou! Me desculpe, eu não pude te ajudar.

— Hm? Como assim?

— Hã? Você não sabia? A supressão falhou.

— Falhou?

— Isso é estranho, o seu quarto exame, esse de agora, não teve relação com os licantropos?

— Não é que não teve nenhuma relação. Mas, eu não tive motivos para enfrentar os licantropos. Porém, falha, o Clã Prata era tão poderoso para conter o ataque do exército que você enviou?

— Não foi o Clã Prata. Lealdade e habilidade, eu enviei 300 cavaleiros e soldados de confiança. Aqueles licantropos não foram o problema.

— Então o que foi que aconteceu?

— Você se lembra do Bastian?

— Sim, que usava de violência para oprimir os cidadãos…

— Nós fomos derrotados por aqueles desgraçados. Ouvindo de um cavaleiro que sobreviveu por um triz, eles haviam entrado na Floresta da Morte quando o exército de Bastian atacou eles de surpresa.

— …!

— O que acha de nos encontrarmos e conversar sobre isso?

— Vamos sim, quando posso ir te visitar?

— Não tem hora, quando você puder. Ah, bem acho que vou precisar de um tempo a mais para compensar.

— Tempo para compensar?

— Não pude manter minha promessa. Quero te compensar por isso com algo, por acaso, existe algum item que você precise?

— Hã? Não tem necessidade de fazer isso tudo…

— Tem o dinheiro que eu recebi do Presidente Park Jin-seong e mais importante, eu quebrei minha promessa, então isso é uma questão de honra. Como eu não pude manter minha promessa, você poderia ter morrido.

“Bem, estou certo que isso não teria acontecido.”

Não falei isso, mas eu passei os dias tranquilamente na vila dos elfos.

— Dentro de 1000 karma, eu irei atender, não importa o que seja, basta falar.

— MI-MIL KARMA? TUDO ISSO?

— Não é uma quantia pequena, mas para mim não é uma quantia tão onerosa assim.

— Como assim? Karma é de suma importância, mesmo em uma pequena quantia. Não tem necessidade disso, se eu precisar da sua ajuda daqui para frente, eu posso voltar e solicitar novamente.

— Pense em alguma coisa, pode ser que eu já tenha isso ou possa adquirir na Arena e talvez nem precise usar o karma.

— Eh, então…

Após pensar com cuidado, eu falei.

— Você pode adquirir um rifle?

— Rifle?

— Isso, eu tenho um Mosin-Nagant, mas devido a uma série de coisas, ele tem um monte de desvantagens.

— Um Mosin-Nagant, é um rifle bem antigo, tenho certeza de que é desconfortável.

— É sim, e é difícil pegar uma arma sem ter que usar karma para transformá-la em item, não é?

Depois que falei isso, perguntei envergonhado. Mas, de forma surpreendente, Odin respondeu com uma gargalhada.

— Não, se for só isso, tem um jeito de conseguir isso direto na Arena. Sem usar nenhum karma.

Volume 2

Capítulo 70: Armeiro (1)

— Você pensou que dentre todos os participantes, não teria nenhum especialista em armas?

— Um especialista em armas?

— Exato, há um participante que a habilidade principal é fazer armas e ele é do Grupo de Exame Nórdico.

— Ah!

“Há um participante assim, claro que tem…”

Qualquer homem do mundo atual deveria pensar ou querer usar uma arma nesses assuntos de vida, ou morte, assim como eu.

— Tem um tempo necessário, então o participante não vai dar uma arma para qualquer um, mas eu não sou qualquer um. Venha para Copenhague em quatro dias, vou me encontrar com você lá.

— Entendido.

Terminei a ligação e idealizei um plano. No dia seguinte, eu iria para a Suíça e abriria a conta e então iria direto para a Dinamarca.

Primeiro, eu mandei uma mensagem para o Presidente Park Jin-seong, expliquei o plano e pedi um tradutor para ele, contudo, a resposta que tive dele foi inesperada.

— Já está tudo preparado para você. Você só precisa ir.

— Sério?

— Sim, eu tenho certeza de que você se sairia bem comprando as passagens, reservando o hotel e abrindo a conta no banco, seu bostinha.

— Hehehe… 

— Só porque eu falei de uma conta na Suíça, você pensou que seria qualquer banco na Suíça?

— E, não é?

— Leia algum jornal enquanto está vivo. Bancos suíços não são mais como eram antes, eles entraram em um acordo com a Receita Federal do nosso país, então você não pode mais esconder seu dinheiro.

— Você sabe bem sobre isso, sabe como alguém que já fez bastante disso.

— Cale a boca, enfim, o banco que pensei é um específico. É um banco para todos os participantes ao redor do mundo.

— Hã? Algo assim existe?

— Todas as coisas associadas com os exames e a Arena não podem ser reveladas ao público. Devido a isso, não tem como explicar os ganhos que um participante recebe ao vender o majeong.

Aquilo fazia sentido, e inclusive era o motivo de eu querer depositar o dinheiro na Suíça.

— Para participantes que fazem pequenas quantias, isso pode ser explicado através de contracheques, porém para participantes como você que fazem grandes quantias, isso pode se tornar um problema.

— Então, existe um banco para participantes assim?

— Sim, a Suíça já teve ganhos com negócios deste tipo e  quem já provou carne antes é o melhor para comê-la.

Em outras palavras, não importa a pressão imposta pela América, esse banco em especial tinha intensa segurança e nunca iria divulgar as informações privadas.

— Sendo assim, eu já deixei tudo preparado, vão entrar em contato com você durante o dia.

— Certo, obrigado.

Uma coisa que havia percebido depois da conversa com o presidente era que ele era mesmo pontual e efetivo com o trabalho, devia ser esse o motivo dele ser tão bom nos negócios. Graças a ele, meus planos de viagem ficaram bem mais simples.

Liguei para Min-jeong para avisá-la dos meus planos.

— Oppa?

— Sim, sou eu.

— Você não deveria estar trabalhando? Hehehe, você não pôde esperar para ouvir minha voz, né?

— Claro.

Trocamos palavras que se outro alguém escutasse ficaria arrepiado e então falei para ela.

— Min-jeong, a partir de amanhã eu estarei fora por duas noites e três dias.

— Suíça?

Ela não havia esquecido a mensagem mesmo.

— Isso, Suíça e Dinamarca.

— Oppa… 

— Sim?

— Eu te amo tanto!

A voz dela de repente ficou toda fofinha e eu entendi o que isso significa.

— Você quer vir comigo?

— Hehehe, tudo bem se eu for junto?

— Sim, você pode passear por lá enquanto eu cuido dos negócios. Mas, você tem passaporte?

— Sim, ano passado, Hyun-ji, Ji-hyun e eu viajamos para Tokyo.

— Certo, então comece a se aprontar, nós vamos amanhã. Deixa a passagem comigo.

— Certo!

A voz dela estava toda animada.

Agora era esperar quando e quando a pessoa que o presidente havia solicitado para falar comigo ligasse, eu diria para reservar outra passagem.

Mais que isso, iria passar duas noites e três dias na Europa com a Min-jeong, essa estava se tornando uma ótima viagem europeia. Só de pensar nisso, já fiquei com o gosto doce na boca, senti como se estivesse voando no Porsche Cayenne.

Porém, o que aconteceu quando cheguei em casa…

— Oppa!

Logo que passei pela porta, Hyun-ji grudou em mim como um chiclete.

— O que foi garota do frango assado?

Ela se ajoelhou de repente, abaixou a cabeça e segurou a barra da minha calça.

— Hã, mas o que você está fazendo?

Só depois que ela me segurou firme, sem que eu pudesse correr, foi que ela mostrou suas verdadeiras intenções.

— Eu também vou ir! Eu também vou para a Europa! Suíça! Dinamarca!

… Yoo Min-jeong! Porquê a minha namorada tinha que ser tão tagarela? Ela e a Hyun-ji por acaso nasceram grudadas?

— Eii, sua sem noção! Nós estamos indo em uma viagem de casal, fique fora disso!

— BUÁÁ! (chorando), eu também vou. Suíça! Dinamarca!

— Você não pode! Você tem que estudar!

— Psh! Você está gastando dinheiro com a vaca da Min-jeong! Que tipo de irmão não cuida da sua irmãzinha?

— Você já se esqueceu do dinheiro que eu te dei tempo atrás? Você tem demência?

— Eu também! Me leva também! Eu também tenho passaporte!

— Que bom. Deve ser legal ter um passaporte, agora me solta!

— Não, não vou soltar!

“Minha nossa, estou ficando louco…”

Conforme me lembrei, Hyun-ji era como um cão de caça que nunca soltava depois que mordia. Ainda mais se a caça fosse eu, ela nunca havia falhado nessa caçada.

Devido a isso, o tanto que tive que abrir mão desde que éramos crianças!

— Vou ser direto. Min-jeong e eu vamos ficar no mesmo quarto, não nos incomode.

— Não vou!

— Certo.

Acabei cedendo, Hyun-ji ficou pulando de alegria e começou a fazer ligações se gabando por ir para a Europa.

— Caramba!

Suspirei e fui para o meu quarto.

Logo recebi uma ligação.

— Sr. Kim Hyun-ho?

— Ele mesmo, quem fala?

Era uma voz feminina familiar.

— Estou te ligando a pedido do presidente, sou a Lee Soo-hyun, você se lembra de mim?

— … eh?

— Hahaha, tem algum problema?

A risadinha dela era agradável.

“Porquê dentre todas as mulheres!”

— Hm, não, problema nenhum.

— Ainda bem! Por hora eu já reservei a passagem, mas estou te ligando caso precise de alguma alteração.

— Ah, tem alterações sim. Você pode reservar mais duas passagens por favor?

— Você vai em grupo?

— Sim, mais duas pessoas.

— Entendido, por favor me envie os nomes delas e data de nascimento, obrigada.

— Certo.

Peguei os dados de Hyun-ji e Min-jeong e enviei para a Lee Soo-hyun.

 

***

 

No dia seguinte, seguindo o horário que a Lee Soo-hyun havia falado, fomos para o aeroporto. O caminho todo eu estava irritado e Min-jeong com esforço me acalmou com a fofura dela.

— Hyun-ji queria sair comigo e eu disse que não poderia por três dias, aí ela ficou me pressionando o porquê e aonde eu iria.

— Você podia ter falado que iria visitar sua família ou algo do tipo, tinha um monte de desculpas.

— Oppa, você estaria fora por três dias também, Hyun-ji iria ligar as coisas. E se ela ficasse chateada comigo por mentir para ela, como eu lidaria com esse resultado depois.

— Isso mesmo. Como você iria lidar comigo quando voltasse?

Hyun-ji de forma descarada, assentiu com a cabeça e disse isso.

Eu apenas cerrei meus dentes, eu pensava que seria um tempo íntimo na Europa. Quem poderia pensar que uma pontuação 400 no TOEIC se meteria no caminho desse jeito!

— Você deveria ter ficado em casa e estudado para o seu TOEIC…

— Pois, fique você sabendo que eu recuperei minhas notas. Eu terei uma pontuação de 700 logo, logo!

— Você estudou tudo aquilo e ainda não chegou nos 700…?

Eu apertei meus dentes, em sincero sentimento pela inaptidão dela, Hyun-ji ficou brava, mas graças a isso eu ganhei uma discussão.

— Eu vou cuidar das passagens, hotel e alimentação, mas o resto cada um estará por sua conta.

— Oppa, e a Min-jeong? Ela vai pagar o dela também?

Min-jeong se agarrou ao meu braço e trouxe sua fofura, o toque suave que senti no meu braço me fez rir como um idiota.

— Mas é claro que eu vou cuidar da Min-jeong. Não se preocupe com dinheiro, vamos nos divertir.

— Você é tão legal!

— Hehehe.

“Confie no seu molenga rico.”

Então, Hyun-ji me agarrou pelo outro braço.

— Oppa! E quanto a Hyun-ji?

“Sua vaquinha.”

— Ah, mas quem é essa? A estrela recém-chegada aos negócios de frango frito.

— Awww, Hyun-ji também! Irmãozão, tome conta da Hyun-ji também.

— O que você está falando? Saia de perto de mim, é nojento.

Chorando!

Após obrigar a Hyun-ji a obedecer, nós chegamos no aeroporto de Incheon, Lee Soo-hyun estava nos esperando. O que estava para acontecer, aconteceu.

— Olá, eu sou a Lee Soo-hyun.

Na saudação dela, os olhos de Min-jeong cuspiram chamas. Com a visão de “licantropo” da Min-jeong, eu desviei meu olhar.

— Minha nossa, você é a Lee Soo-hyun?

Do nada, Hyun-ji aparentou saber de algo.

— Eu mesma, você ouviu algo sobre mim?

— Eu ouvi que você é uma grande profissional!

Com essas palavras, Lee Soo-hyun me deu um sorriso.

“Como a Hyun-ji sabe sobre isso?”

Eu olhei para Min-jeong e dessa vez, foi ela quem desviou o olhar.

“… se vocês duas não trocarem segredos, vão crescer espinhos nas suas línguas?”

Durante todo o processo de embarque, Hyun-ji fez todo tipo de pergunta para a Lee Soo-hyun e ficou encantada, maravilhada com as respostas dela.

Nessa situação, no aeroporto de Incheon na parte das lojas, ela me encheu para comprar isso e aquilo para ela. Eu cedi e comprei para ela maquiagens, Hyun-ji estava tão feliz e Min-jeong olhava para ela com inveja.

Min-jeong, diferente de Hyun-ji que era da família, não podia ficar me importunando para comprar coisas.

Por fim, eu tive que comprar algo para ela também, Min-jeong recusou até o fim, enquanto segurava um vidro de perfume Chanel nas mãos.

Lee Soo-hyun observou tudo com um sorriso no rosto.

A hora do embarque chegou e as pessoas começaram a se enfileirar no saguão, mas nós não precisamos, apenas mostramos as passagens, checamos as bagagens e embarcamos. Primeira classe não precisava aguardar.

— Uau!

Hyun-ji olhou para o espaço da primeira classe e ficou encantada. Min-jeong estava encantada também, mas disfarçou cobrindo a boca, eu também fiquei impressionado, mas não demonstrei. Outras pessoas da primeira classe nos olharam e riram.

“Merda, isso é constrangedor.”

Contudo, a vergonha logo passou.

— Ah, sinto falta da Min-jeong.

— Oppa, não está do meu lado, estou solitária…

Cada assento da primeira classe era individual e separado. Eu e Min-jeong estávamos como Altair e Vega.

— Ugh, esses dois.

Na nossa demonstração de amor Hyun-ji estava bem emburrada.

 

***

 

Tendo a Lee Soo-hyun conosco, deixou tudo mais tranquilo, ela organizou a agenda, traduziu, guiou e cuidou dos pagamentos, ela resolveu tudo.

Ao que parecia nosso voo foi bancado pelo Grupo Jin-seong, o presidente era mesmo generoso.

No primeiro dia chegamos a Geneva na Suíça, assim que chegamos, fizemos o check in no hotel e fomos turistar. Caminhamos pelas ruas de Geneva e aproveitamos o passeio, depois “descarregamos” as cansadas Hyun-ji e Min-jeong no hotel e fomos só eu e a Lee Soo-hyun para abrir a conta no banco privado para participantes.

Quando nós dois estávamos de saída, o olhar brilhante de ciúmes da Min-jeong me preocupou. Lee Soo-hyun e eu entramos em um táxi e fomos para algum lugar, quando de repente ela falou.

— Sua namorada é uma gracinha.

— Ah, é sim.

Eu hesitei, digo, quem estava flertando era a Lee Soo-hyun, mas eu senti como se encolhesse e isso era triste. Isso era porque me faltava confiança.

O local onde chegamos era em uma área no subúrbio, no décimo andar de um prédio. Não havia placa nem nome indicando o local, aquilo era estranho.

Assim que nós entramos, dois seguranças nos cumprimentaram e conversaram com a Lee Soo-hyun e depois apontaram para a direita.

— Eles falaram que a abertura de contas é por aqui.

Eu segui atrás dela, e olhei de volta para os seguranças. Aqueles dois, provavelmente, eram nativos. Conforme seguimos pelo corredor, algo parecido com um banco surgiu, porém, parecia que só havia empregados, sem patrões.

Lee Soo-hyun pegou e mostrou um punhado de papéis para os funcionários e conversou com eles. Depois, a moça do caixa, olhou para mim, falou algo e fez alguns gestos, Lee Soo-hyun ajudou com a tradução.

— Ela está pedindo seu documento.

Eu entreguei meu passaporte, assinei esse e aquele papel…

Depois de vários processos, eu peguei um único cartão.

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