Epílogo I
Tradutor: PH
31 de Dezembro, 1931. Noite.
“Ah… Eles poderiam ter tido ao menos a decência de empilhar tudo em um só lugar.” Um homem resmungou frustradamente enquanto encarava os corpos jogados pelos trilhos do trem.
“Vamos tentar ser um pouco mais sensiveis com isso.”
Dois homens estavam de pé sobre a neve, enquanto rajadas de vento descendiam sobre si. Eles eram os Inspetores Bill Sullivan e Edward Noah, ambos membros do Bureau Americano de Investigação.
Eles foram atarefados com o serviço de limpeza de um misterioso incidente que ocorreu logo no fim do ano.
‘Serviço de limpeza’ também incluia uma investigação formal. Oficiais da polícia estavam reunidos no que poderia ser generosamente dito como intervalos pelos trilhos, cada um deles dando tudo de si em seu trabalho.
Era claro que todos os corpos estavam conectados ao mesmo incidente. Isso porque todos eles eram presumidamente passageiros do mesmo trem.
“Eu não vejo nenhuma necessidade de ser tão delicado sobre esse assunto.”
“De qualquer jeito, eu tenho uma pergunta.” Edward perguntou, enquanto Bill coçava a sua cabeça. “Por que todos nós fomos chamados para cá? Isso normalmente não é nossa jurisdição.”
Edward fazia parte de uma força-tarefa especial do Bureau de Investigação. O time não era oficialmente a sua própria ramificação, mas ele tinha reconhecimento do Bureau. Membros dessa força-tarefa eram pessoas que iriam tomar conta de seus deveres especiais juntamente de seu trabalho regular.
Bill e Edward eram esse tipo de pessoa.
“Bem… Dispensando o sigilo, nós achamos um deles na lista de passageiros em Chicago.”
“Você quer dizer… Imortais?”
Haviam poucas palavras que combinariam menos com aquele local cheio de corpos do que a palavra ‘imortal’. Não seria estranho se os outros oficiais ao redor deles começassem a rir com a menção da palavra.
Na verdade, seria anormal para qualquer um não achar isso engraçado. Afinal, o grandioso Inspetor estava discutindo sobre imortais com um olhar de seriedade extrema.
Mas os dois homens aqui sabiam da verdade.
Há mais de duzentos anos, um grupo de alquimistas atravessou o oceano até esse continente. E no meio de sua jornada através o Atlântico, eles invocaram um demônio e adquiriram corpos imortais.
Nem mesmo contos de fadas lidam com conceitos tão absurdos, mas essa era a verdade, sem dúvida alguma. A maior evidência de todas era o fato de que seu superior direto era um dos previamente mencionados imortais.
Em outras palavras, esses homens tinham o dever de supervisionar e vigiar os diversos imortais espalhados pelos Estados Unidos. Claro, assuntos sobre imortais nunca poderiam ser conhecidos oficialmente, nem mesmo eles eram permitidos deixar algo assim acontecer.
“Você lembra as características dos imortais?”
“Sim. Primeiro, eles nunca envelhecem e irão se recuperar de qualquer ferimento, com a cabeça servindo como centro de regeneração. Segundo, a única exceção de sua imortalidade é caso sejam mortos por outros como eles. O imortal deve colocar sua mão direita na cabeça de outro e pensar, ‘Eu quero devorar’, e a vítima será absorvida pela mão do assassino. Terceiro, os imortais que devorarem outros irão ter todo o conhecimento da vítima para si. Quarto, imortais não podem usar nomes falsos entre si ou em funções públicas.”
“… Você não precisava ter descrevido exatamente como em um livro. De qualquer jeito, eles não podem usar pseudônimos na lista de passageiros ou coisas do tipo… Você sabe o que isso significa, certo?”
Edward respondeu à pergunta de Bill com uma pergunta cética.
“Sobre o imortal, ele estava envolvido com o incidente?”
“Donald está vendo isso agora mesmo. Vendo se ele chegou em segurança. Nós demoramos muito em achá-lo, talvez tenha conseguido escapar.”
Outro corpo se juntou à pilha atrás dele. Edward cerrou seus punhos.
Mas o que aconteceu aqui?
O expresso transcontinental de Chicago à Nova York, o Flying Pussyfoot.
Mas que tipo de desastre aconteceu nesse trem?
