Baccano! – Capítulo 0.4 – Vol 02 - Anime Center BR

Baccano! – Capítulo 0.4 – Vol 02

Prólogo III – Terroristas

Tradutor: PH

 

29 de Dezembro, 1931. Tarde.

Uma fábrica abandonada em um planície a dezenas de quilometros ao sul de Chicago. 

Um grupo de cinquenta indivíduos se mantinha organizado em fileiras dentro do grande salão principal da fábrica. Algo sobre a maneira como se comportavam sugeria que eles não eram civis comuns. O olhar determinado em seus olhos fazia eles parecerem algo como uma mistura entre soldados e a máfia. Os homens, enfileirados em pé naquele cômodo com chãos e paredes cinzas, estavam assustadoramente em silêncio.

Um homem finalmente quebrou o silêncio. Ele era o homem de olhos estreitos que estava de pé diante dos outros, com luzes tênues vagamente iluminando sua face.

Esse homem, Goose Perkins, começou com uma frase diretamente da era dourada da máfia, ou ao menos da visão hollywoodiana da era.

“Cavalheiros. Lamento de ter que informá-los sobre a presença de múltiplos traidores em meio a nós.”

Os homens permaneceram em silêncio. Goose continuou sem se importar, elevando seu tom de voz.

“Nosso Mestre, o grande Huey Laforet, foi recentemente preso pelos federais ignorantes. Eles estão tentando colocar nosso exaltado Mestre em julgamento, de acordo com suas leis e cortes incivilizadas!”

A voz de Goose ficou cada vez mais alta, mas os homens diante dele não mostravam absolutamente nenhuma mudança em suas expressões.

“Mas isso é de pouca importância para nós! O plano de amanhã certificará que o Mestre Huey irá manter-se livre! Nossa principal preocupação é o traidor que colocou nosso Mestre nessa situação humilhante!”

Não houve mudança, tanto nos olhos de Goose quanto nos olhos dos cinquenta homens diante de si.

“Eu mesmo me encarreguei de procurar esses traidores. Mas eu desejo agir como nosso piedoso Mestre Huey.” Goose colocou suas mãos atrás de suas costas e se virou para a direção contrária dos homens. Seu tom havia se acalmado consideravelmente.

“Eu peço isso aos traidores. Se você percebeu o erro de seus atos, peço que dê um passo para frente. Saiba que nenhuma desculpa ou imploração irá te salvar.

O silêncio foi quebrado quando um homem que estava na frente de uma das fileiras deu um passo para frente, com o rosto se contorcendo em um sorriso.

E no momento que ele completou a sua ação, o resto dos homens sorriu como resposta. Todos os cinquenta deram um passo à frente em uníssono.

“Como você se sente sendo traído por todos, Goose?”

O jovem homem que deu um passo à frente primeiro permaneceu sorrindo e pegou uma arma.

“Foi certamente um choque ver que você recorreria a um blefe tão fácil, mas aposto que você nunca esperaria por isso, não é?”

Goose, porém, não foi oprimido. O brilho obscuro em seus olhos permanecia.

“Neider, seu tolo. Eu irei te perguntar uma última coisa.”

O jovem, Neider, sorriu, satisfeito, levando a frase de Goose como uma rendição.

“O que foi, Goose? Já irei te avisar agora, você não vai sair dessa vivo.”

“Vamos supor que é um fato que vocês desprezam tanto a mim quanto ao Mestre Huey. Como, então, vocês planejam seguir com essa sua revolução? Com qual filosofia?”

Os traidores riram, zombando de Goose. Neider respondeu, com a voz agora sem respeito algum; Ele agora estava falando como um superior.

“Hah! Revolução?! Não me faça rir. Isso é impossível! Escuta, Goose. Eu não posso mais seguir você ou Huey. Nós iremos nos juntar a Família Russo lá em Chicago. Com nossos números, e com todos nós sendo lutadores do caralho, será moleza tomar conta! Na verdade, agora que Scarface se foi, nós podemos até mesmo tomar conta de Chicago! Quem liga para filosofia nessa época? É tudo sobre poder, Goose! Você não acha que eu sou o melhor homem para liderar? Você é apenas um militar desertor, e quem caralhos sabe algo sobre Huey?”

Goose suspirou silenciosamente e balançou sua cabeça.

“Esperava uma resposta assim de você, Neider, mas sua tolisse realmente ultrapassou minhas expectativas. Se juntar à máfia? Usando a queda de Capone como uma oportunidade? É o completo oposto. A máfia de Chicago perdeu suas oportunidades para o futuro próximo. Você acha que novatos como vocês podem sobreviver ao submundo de Chicago sem a liderança do Mestre Huey ou minha?”

“Obrigado pelas dicas. Isso é tudo?”

“Não, eu ainda tenho mais a dizer. Antes, você disse que eu estava blefando. Mas veja, não sou um mentiroso.”

Goose elevou sua mão.

“?”

“Eu disse para você. Eu procurei por todos os traidores. Até mesmo aqueles que não estão mais interessados em você.”

No momento que Goose abaixou sua mão, a fábrica foi tomada por um barulho aterrorizante.

Era o som de dezenas de armas sendo disparadas simultaneamente; Após diversar repetições do barulho, a fábrica foi tomada pelo silêncio.

“O quê…?”

Quando Neider cambaleou para olhar a sua volta, ele notou que os chãos cinzas haviam sidos tingidos por um vermelho claro. Os homens que estavam nas primeiras fileiras haviam sido reduzidos à ‘colmeias’, largados nas piscinas de seu prórpio sangue.

Os trinta homens que sobraram de pé estavam todos apontando suas armas fumaçando na direção de Neider.

“D-desgraçados!”

“Lembra do que eu disse antes, Neider? Eu disse que haviam traidores em meio a nós; Claro, eu estava falando sobre aqueles que traíram você.” Goose disse sem expressar nada. Neider, em comparação, estava suando frio, perdido em confusão.

“Esses trinta homens imediatamente reportaram para mim quando tomaram conhecimento de sua traição. Eles simplesmente não concordavam com você, para sua infelicidade.”

Neider parecia ter finalmente percebido a sua posição. Sua mandíbula tremia enquanto ele alcançava seu bolso e pegava uma pistola preta.

No momento seguinte, porém, sua mão direita foi tomada por dor.

Thump

A arma que ele havia pego caiu no chão. No momento que Neider percebeu que sua própria mão havia caído juntamente da arma, ele viu uma mulher diante de si.

“Ch-Chane…”

Chane estava vestindo um uniforme militar. Conhecida como uma ‘fanática’, ela era a melhor assassina da organização. Ela também era uma seguidore devota de Huey Laforet. Era dito que os assassinos da Ásia debilitavam seus sentidos com drogas, mas os sentidos de Chane haviam sido congelados por sua devoção. Não seria surpreendente para ela até mesmo esquecer que era uma mulher, ou até um ser humano.

Tentando ignorar a dor em seu pulso direito, Neider desesperadamente tentou superar o medo que tinha da mulher em sua frente.

“E-eu pensei que você estava morta! Você não morreu quando Huey foi preso?!”

Chane permaneceu em silêncio. Goose falou em seu lugar.

“Ela conseguiu sobreviver. E ela desprezou esse fato acima de qualquer outra coisa. É por isso que ela está priorizando a destruição de qualquer coisa que ficar no caminho do plano de amanhã.”

Chane lentamente pegou a faca ensanguentada, sem falar e nem mesmo gesticular. A faca que havia cortado a mão de Neider era grande e afiada, feita para uso militar.

“Espere, Chane.”

Chane parecia confusa quando Goose a interrompeu. Um vestígio de esperança retornou aos olhos de Neider.

Ele então percebeu que nunca deveria ter tido nenhuma esperança em primeiro lugar.

“Nós não devemos permiti-lo ter uma morte tão rápida.”

 

<=>

 

“Estou apenas dizendo, Goose. O desgraçado pode sair dessa vivo.” Um dos homens disse. Ele estava atualmente viajando em um caminhão de uso militar, com Goose no banco de motorista.

Goose havia amarrado Neider, fundido e selado todas as portas da fábrica, e saído da construção. Eles haviam parado o sangramento em seu pulso, e haviam destruído qualquer veículo na fábrica que eles não iriam usar. Em outras palavras, se Neider sobrevivesse, ele teria que escapar da construção e caminhar dezenas de quilômetros até uma cidade próxima.

“Não é uma caminhada tão longa até a próxima cidade, e há coisas para comer e beber lá.”

“Suponho que esteja certo. Ele provavelmente já cortou as cordas em um pilar ou algo do tipo e está tentando achar uma maneira de sair.”

“Então…”

“Agora, Spike. Espero que suas habilidades não tenham se deteriorado.”

Goose parou o caminhão a mais ou menos trezentos metros da fábrica, interrompendo seus subordinados.

“Não, senhor.”

“Mire naquela caixa branca na entrada da fábrica.”

“Ahhh… Entendi.”

Finalmente entendendo a situação, Spike abriu um caixote que estava na parte de trás do caminhão.

Dentro dela estava um rifle de precisão preto. Era customizado, com o barril sendo mais longo que os modelos regulares. Spike animadamente o preparou atrás do caminhão, calmamente mirou, e—

“Aqui vai. Boom!”

Ele puxou o gatilho.

Alguns segundos depois, a caixa de madeira na entrada pegou fogo. Goose confirmou que a caixa havia sido incendiada, e sem falar mais nada ligou o motor novamente.

Após um minuto, a fábrica explodiu por dentro. Uma poderosa explosão sacudiu a área ao redor enquanto uma fumaça negra ascendia ao céu azul. Daquela distância isso quase parecia como um figura em miniatura, mas o estrondo sônico que seguiu era a prova da força da explosão.

“Não é algo feliz morrer com a esperança de escapar vivo?”

“Estou encantado por sua piedade, Goose.” Spike brincou. Goose sorriu, e os outros terroristas sentados na traseira do caminhão explodiram em gargalhadas.

A única exceção era Chane, sentada no banco de passageiro.

“Falha não é uma opção. Iremos rumo à Estação União em Chicago assim que as preparações estiverem completas.”

Goose revisou o plano de amanhã mais uma vez com os trinta membros que sobraram.

“Esse país precisa de descanso. É por isso que a existência do Mestre Huey é crucial.” Goose disse, com os seus olhos dando um brilho feroz. “Nós devemos ter certeza que os passageiros no transcontinental se tornarão uma base digna para nossa causa… A lápide dos Lemures.”

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