Baccano! – Capítulo 0.5 – Vol 02 - Anime Center BR

Baccano! – Capítulo 0.5 – Vol 02

Prólogo IV – O Maníaco Homicida

Tradutor: PH

 

30 de Dezembro. Tarde. 

Placido Russo, o chefe da Família Russo, sentou-se em sua mansão e reafirmou o fato de que aquele era o pior dia de sua vida.

Tudo começou quando a totalidade de seus ganhos astronômicos do mês foram roubados a caminho.

Haviam dois assaltantes: Um homem e uma mulher, vestidos como Babe Ruth e Ty Cobb, respectivamente. Aparentemente, os homens ouviram um barulho atrás deles, e foram atacados com bastões de baseball assim que se viraram. Eles conseguiram desviar dos bastões, mas logo foram superados por uma mistura em pó de pimenta e limão, perdendo suas bolsas de dinheiro na confusão.

(NT: Babe Ruth e Ty Cobb eram dois jogadores de Baseball americanos).

Foi uma tolice. Ele inicialmente havia torturado o transportador por suspeita de que ele estava mentindo, mas no fim parecia que ele estava falando a verdade.

Isso por si só era tolerável. Mas então ele começou a escutar rumores de que um de seus capos e muitos de seus subordinados foram encontrados em pedaços carbonizados nos subúrbios da cidade. Ele ainda tinha que receber uma confirmação, mas os homens que estavam em uma missão de reconhecimento na área ainda tinham que retornar; A história de suas mortes era, provavelmente, mais do que um rumor.

Não apenas isso, ainda não havia contato dos ex-terroristas que haviam concordado em se unir com ele hoje; De acordo com o relatório, a fábrica que eles estavam usando como quartel-general agora era nada mais que uma pilha de destroços e uma bagunça de corpos.

Ele não poderia deixar o assunto sair do controle, então Placido enviou uma grande número de homens para desempilhar os destroços e se livrar dos corpos.

“Merda! Então o desgraçado do Neider falhou. Fui um idiota em confiar nele.”

As coisas não estavam bem. Se Neider vazou seus planos de juntar-se à Família Russo, os terroristas podem acabar direcionando sua atenção a ele. Placido não tinha como saber suas intenções.

Os delinquentes também eram um problema para ele. Matar seu chefe e subordinados deveria ser fácil, mas ele nunca esperava que eles seriam tão fortes.

“Mas primeiro aquele casal. Merdinhas… Eu irei capturar todos os casais na rua até amanhã!”

“Não faça isso, tio. Você apenas irá parecer um velhote rabugento.”

Uma voz subitamente se dirigiu a Placido. Era seu sobrinho, Ladd Russo.

Seu cabelo não era nem curto nem longo, e ele vestia um terno preto como qualquer membro da máfia que se respeite. Ele era um pouco alto, mas não havia nada particularmente chamativo em Ladd. Ele era um belo homem jovem. Porém, seu tom era animado e não havia nada parecido com respeito em suas palavras.

“Não tenho tempo para lidar com você, Ladd. Suma da minha vista!”

“Ooooohh? Você está partindo meu coração, tio! O que deu em você hoje? Dinheiro? É dinheiro? É a segunda coisa mais importante para você, só perdendo para sua vida, certo? Então você perdeu a sua segunda posse mais importante para alguém, tio? Então é isso que quer fazer, não é? Catar os ladrões como se fossem pulgas; Achar eles mesmo se você tiver que queimar a fodendo cidade inteira, então agarrar eles pelo pescoço e apertar e apertar e apertar até eles espumarem pela boca, e apertar um pouco mais, e continuar até os olhos saírem para fora!”

O rosto de Placido avermelhou-se de raiva ao seu sobrinho divagar condescendentemente.

“Não aja como se eu fosse como você, seu homicida lunático! Você sabe quanto dinheiro eu gasto limpando suas bagunças?!”

‘Homicida lunático’ era uma ótima descrição para Ladd.

Sua verdadeira natureza era completamente diferente de sua aparência e tom; Ele vivia apenas pelo seu próprio prazer.

Ladd Russo vivia para matar. Ele se diferenciava dos mercenários comuns pela sua grande admiração pelo ato de assassinar.

Placido apenas mantinha Ladd em sua organização pois ele era um contra-ataque extremamente eficiente para qualquer conflito que a Família Russo tinha. Atualmente, apesar de não ser um trabalho oficial, Ladd era o melhor assassino da Família Russo.

Placido estava convencido de que Ladd não era nada mais que um louco homicida que vivia de acordo com sua vontade.

Pelo menos, até hoje.

“Qual foi? Eu tenho uma boa notícia para você, tio.”

“O que você quer, Ladd? Supera e suma da minha frente.”

Ladd deu de ombros dramaticamente, e logo foi para o que importava.

“Estou falando isso porque você disse que está tendo alguns problemas com dinheiro, tio. O negócio é, estou planejando um pequeno trabalho para hoje a noite, então você pode me emprestar uma grana para eu realizá-lo, certo?”

Por um momento, a estranha escolha de palavras da pergunta de Ladd confundiu Placido. Ladd parecia esperar a reação do tio, pois continuou a explicar.

“Veja, você conhece o Expresso Transcontinental, o Flying Pussyfoot? Aquele que está saindo da Estação União hoje de noite. É uma viagem sem parada até Nova York. Estava pensando em dar uma volta nele e o descarrilhar lá em Manhattan.”

A mente de Placido ficou vazia.

“Tô falando em dar um susto neles. Descarrilhar o trem deve ser uma ameaça muito boa, não é? E se eles ainda não nos derem a mercadoria, mudaremos as coisas para um sequestro. Acho que a companhia ferroviária provavelmente vai nos pagar no momento que matarmos metade dos passageiros. Iremos matar pessoas e ganhar dinheiro! Não é uma boa ideia, tio?”

“Vaza daqui.”

Isso era tudo que Placido poderia dizer assim que havia conseguido reunir o que restava de sua consciência. Ele não tinha mais tempo para gastar com Ladd. Onde estavam os guardas? Onde estava a ajuda contratada?

“Ei! Alguém tira esse cara daqui!”

Ao Placido chamar, a porta entreaberta lentamente rangeu ao ser aberta por um grupo de homens e uma mulher, que entravam no cômodo.

Todos eles eram estranhos para Placido. Assustadoramente, todos vestiam branco; Os homens com ternos ou suéteres brancos, e a mulher com um vestido da mesma cor. Não parecia muito com uma festa de casamento, mas sim com um grupo reunido para uma festa à fantasia.

Ansiedade finalmente se formou no rosto de Placido, e sinais de alerta começaram a soar em sua cabeça. Ele desesperadamente agarrou-se ao seu senso de autoridade para questionar os intrusos.

“Quem são vocês?!”

A resposta veio de Ladd.

“Tio! Vejo que conheceu meus amiguinhos! Nós todos temos os mesmos hobbies, sabe. E essa aqui é Lua, minha namorada, amante e esposa. Diga oi!”

“Hm… É um prazer te conhecer…”

Lua, a mulher de face pálida, cumprimentou Placido quase sussurrando.

“Sabe como umas pessoas nesse mundo quase não tem energia? Creio que você possa dizer que isso funciona muito bem comigo e Luna. É como um tipo de combinação feita no paraíso!”

“Calado!” Placido gritou enraivecido. Lua estremeceu, e Ladd deu de ombros ainda mais dramaticamente.

“Você está falando coisas sem sentidos desde que colocou os pés aqui! Que merda! Onde todos esses guardas foram?!”

Placido bateu com seu punho na mesa, então se levantou e agarrou Ladd pelo colarinho.

“Escuta aqui, seu merdinha maluco. Eu estou pouco me fodendo se você sequestrar ou matar alguém. Mas nem ferrando que eu deixaria você fazer isso sob o nome da Família Russo. Mate pessoas como bem quiser e morra, eu não importo! Apenas faça tudo isso como uma merda sem nome!” Ele ameaçou, com os olhos arregalados, mas Ladd não estava nem um pouco aturdido.

“Eu sei, eu sei. É mais divertido matar pessoas apenas por matá-las, sabe? Usar o nome da Família apenas tira toda a diversão disso, tio.”

“E daí?! Se você gosta de matar pessoas tanto assim, por que não vai e vira um mercenário na América do Sul ou algo assim?!”

“Agora você apenas está sendo maldoso com aqueles pobres mercenários, tio.”

“Cala a porra da sua boca! Você pode matar quantas pessoas você quiser se estiver em um campo de guerra! Não é isso que quer?! Satisfaça você mesmo com ilusões sobre matar pessoas poderosas, eu não ligo!”

Subitamente, Placido percebeu que sua mão adormeceu. Ladd havia agarrado fortemente o seu antebraço.

Parecia como se algo tivesse emperrado entre seus músculos. Ao sentir a sensação de força se esvair de sua mão, Placido soltou o colarinho de Ladd.

Ele aproveitou essa oportunidade para se aproximar de seu tio; Eles estava cara a cara, perto o suficiente para as respirações que saíam de suas narinas se sobrepusessem. Ladd então monstruosamente arregalou seus olhos e disse claramente:

“Tio? Você não acha que, talvez, você seja aquele que não sabe de nada? Você não sabe nada sobre mim. Campos de guerra? Sabe, mesmo nós não temos direito algum de estar falando dos caras que lutam lá. Vê? Um campo de guerra é onde guerreiros se reúnem. Lutadores. Eles são pessoas que lutam contra a morte com o objetivo de defender as próprias vidas. E honestamente? Não é divertido matar gente assim. Entende do que eu falo, tio?”

Placido não podia responder. Isso era porque, no meio de seu longo discurso, Ladd havia pego um rifle e o mirado em seu queixo.”

“Nós não ligamos para matar pessoas mais fortes que nós mesmos. Mas isso não significa que vamos atrás de fracotes como mulheres e crianças, também.”

Ladd cuspia suas próprias filosofias, brincando com o queixo de seu tio usando a ponta do cano do rifle.

“Veja, as pessoas que eu gosto de matar… Eles são aqueles que são relaxados. Entende? Eles são pessoas que acham estar completamente seguras, nem mesmo considerando que podem ser os próximos. Por exemplo…”

O olhar nos olhos de Ladd mudaram. O brilho em seus olhos mudou, deixando para trás um afeto brincalhão e pena de seu tio, a quem ele queria oferecer uma morte igualitária.

“C-calma… Espera. Ladd! Pare! Não!”

“Isso mesmo. Por exemplo…”

Os olhos de Ladd finalmente acomodaram-se nas profundezas dos olhos de Placido, tingidos de negro pelo terror. Ladd percebeu esse brilho, contorceu seus lábios em um sorriso, e colocou pressão no dedo que estava no gatilho.”

“Assim como você, tio.”

“NÃO! POR FAVOR!”

 

Houve um clique.

Nada mais.

O silêncio do quarto logo foi quebrado pelas gargalhadas de Ladd.

“Ahaha! Hahahaha! Não tem como eu te matar, tio! A arma não está nem mesmo carregada! Até mesmo um homicida lunático como eu tem um pouco de respeito pelo homem que tomou conta de mim todos esses anos, sabe?”

Não havia um resquício de tensão na expressão de Ladd. A força de vontade de Placido já havia sido estilhaçada; Ele havia colapsado no chão, respirando ofegante.

“Irei sair agora. Creio que não iremos mais nos ver novamente, mas se cuida, tio!”

Ladd se virou como se os seus negócios tivessem chegado ao fim.

“E então, acho que eu não poderia voltar para cá, mesmo se quisesse.”

“?”

“Você sabe que está acabado, tio. Você tentou protestar contra a proposta de reorganização de Luciano, não é? Acho que isso te deixa na lista deles.”

Lucky Luciano era um dos mafiosos mais conhecidos da era, rivalizando até mesmo com Capone. Ele estava empurrando a modernização da operação da máfia, ativamente limpando as Famílias que se seguravam aos seus ideais conservativos. Em outras palavras, aqueles que se mantinham presos aos velhos valores como ‘justiça’ e ‘tradição’ estavam sendo eliminados.

“O quê…?”

“Você sabe que Lucky Luciano está tomando conta de centenas de chefes da máfia apenas porque eles estão pensando como pessoas velhas, certo? Ele é muito mais assustador que um pequeno psicopata como eu. Eu nunca iria querer me virar contra ele. Não acha o mesmo, tio?”

Com o distanciamento da voz de Ladd, Placido estremecia de medo e desesperadamente tentava conter sua náusea.

“N-não pode ser…”

“Tente não terminar como Salvatore Maranzano, tio!” Ladd avisou, mencionando o nome de um mafioso de Nova York que havia sido morto em sua própria casa há alguns meses. Ele estava sendo generoso ou cruel?

“Aliás, os guardas daqui são muito bons, então acho que você não deve se preocupar muito. Mas veja, eu acho que a polícia e o escritório de contabilidade fiscal te deixaram na listinha deles também, graças ao que acabou de acontecer. Quem sabe? Talvez eles estejam planejando usar você como um bode expiatório para tomar Chicago de volta da máfia.”

Não pode ser. Isso deve ser uma piada doentia. Placido pensou, mas então percebeu algo: Ele não havia contado nada sobre o incidente recente para Ladd. Não apenas isso, não havia como Ladd saber sobre sua oposição aos planos de reestruturação de Luciano.

Haviam diversas outras coisas que o incomodavam também. A Família Russo havia coberto as matanças de Ladd diversas vezes, mas estas estavam sempre no limite de coisas que eles conseguiam fazer com seu poder. Ladd apenas matava pessoas que poderiam ter suas mortes ocultadas.

Não apenas isso, essa situação de agora havia ocorrido no mesmo momento que a Família Russo havia perdido seu poder de o cobrir. Em outras palavras, Ladd estava completa e deliberadamente aproveitando suas mortes. Ele não era tomado pela compulsão. Ele planejou seus assassinatos com racionalidade.

Apesar de que não houvesse nada parecendo um plano estruturado na proposta de sequestro de Ladd, Placido esclareceu isso com a nova conclusão em que chegou:

Ladd não era incapaz de planejar as coisas, ele só escolhia não fazer isso. Ele agia instintivamente quando realizava seus atos, mas a ocasional aparição de cálculos lógicos levavam-no ao sucesso.

Ladd não foi negligente e manteve-se atento a qualquer informação sobre si, e esse foi o resultado final. A Família Russo não podia mais o manter seguro após realizar seus assassinatos. Placido não era mais útil para Ladd.

“Que pena, tio. Lá nos velhos tempos você já teria pensado em uma maneira de se safar.” Ladd disse, se afastando de Placido. “Você nem mesmo tentou lutar quando eu apontei meu rifle para você. Isso não é praticamente falhar para um chefe da máfia como você?”

Os olhos de Ladd estavam completamente diferentes de quando ele havia entrado. Placido o parou.

“E-espere. O que você fez com todos os meu guardas?”

“Eles? Não se preocupe. Eu não matei eles, se é isso que está perguntando. Eles são realmente bons! Esses caras te defenderiam até a morte. Lembra? Sobre como eu não me divirto matando pessoas como eles? Eu apenas os nocauteei por um tempo. Claro, eles provavelmente quebraram alguns ossos antes de ficarem inconscientes.” Ladd sorriu, e adicionou:

“Não é um golpe de sorte que o seu netinho fofo ainda esteja indo à escola?”

O rosto de Placido novamente avermelhou-se de raiva.

“Vaza daqui! Por que você veio me ver se você apenas vai sair?!”

“Ah, certo! Eu quase esqueci!”

O rosto de Ladd finalmente demonstrou um pouco de ansiedade. Ele então fez uma pergunta a Placido, que estava com os punhos tremendo de raiva.

“Tio? Sabe aquele seu terno branco? Acha que pode dar ele pra mim? Como um presente de casamento para mim e Lua, sabe? Porém, não sei dizer quando nós iremos nos casar.”

A pergunta de Ladd foi tão inesperada que Placido momentaneamente esqueceu sua irritação.

“Por que vocês estão todos vestidos de branco, como se estivessem indo à uma festa extravagante?”

A resposta simples de Ladd para a pergunta simples Placido foi o suficiente para enviar calafrios na espinha de seu tio.

“Se nós vamos destruir dezenas de vidas naquele trem apertado, todo esse branco irá fazer o sangue parecer maravilhoso, não acha, tio?”

 

<=>

 

“Vê? Ele fica perfeito.”

Dentro do ônibus de dois andares preto que estava em sua posse, Ladd vestiu-se para a festa que estaria por vir.

Lua olhou para ele e fez uma pergunta:

“Por que você não o matou?”

“Como assim, docinho?”

“Normalmente você teria matado alguém como ele.”

Parecia que Lua estava falando sobre Placido.

“Creio que esteja certa.” Ladd respondeu, murmurando para si mesmo.

“Então por quê?”

“É melhor ir para uma festa de estômago vazio, não acha?” Ladd respondeu sem hesitação.

Lua olhava para o sociável e ainda assim homicida maníaco, e então fechou seus olhos.

“Você é doente, Ladd.” Ela murmurou.

“E você está apaixonada por esse doente, não é?”

Lua apenas assentiu.

Ladd nem se certificou de que Lua havia assentindo, e logo anunciou a grande abertura de sua festa para as dezenas de homens de terno branco no ônibus.

“É hora! Nós iremos tratar aqueles pobres passageiros como se eles fossem nosso gado e um bando de vermes! Nós iremos deixá-los em pedaços com amor, raiva, paixão, e devoção! Ahahaha! Hahaha!”

O ônibus fez seu trajeto para sua última, e primeira, parada; A Estação União de Chicago.

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