Baccano! – Capítulo Único Parte 2 – Vol 02 - Anime Center BR

Baccano! – Capítulo Único Parte 2 – Vol 02

Episódio Local – O Homem Que Não Chora – Parte 2

Tradutor: PH

 

No vagão de jantar, a senhorita Beriam estava falando com sua filha.

“Escute bem, Mary. Você tem que esconder-se em algum lugar seguro com Czeslaw. Apenas fique escondida até amanhã de manhã, e seu pai irá nos salvar. Tudo ficará bem.”

O salão de jantar estava surpreendentemente quieto. Todos passageiros permaneceram em seus assentos, com uma variedade de expressões em seus rostos, indo desde desespero até esperança. Diferente do furdúncio ocasional, o local estava quase silencioso.

Claro, ninguém estava no clima para pedir nenhuma comida.

“Agora, Czes. Você deve tomar conta de Mary.”

“Sim, madame!”

O garoto assentiu energeticamente, então saiu do vagão segurando a mão da menina. Ele abriu a porta e olhou a sua volta com cautela.

“Você não vai se esconder?” John perguntou, de trás do balcão.

“Não, é melhor desse jeito. Não sei o porquê, mas parece que ambos os lados estão atrás de mim… E se eu fosse me esconder, causaria problemas para todos os outros a bordo.” Senhorita Beriam sorriu suavemente.

“Entendo. Então eu suponho que o mais seguro para você seja ficar aqui. E eu duvido que até mesmo pessoas como eles iriam matar um par de crianças.”

Claro, não posso dizer o mesmo sobre o boxeador vestindo o terno branco. John pensou, mas não vocalizou sua opinião. Ele tinha certeza que a senhorita Beriam já sabia disso, o que era a principal razão dela mandar as crianças se esconderem em algum lugar.

Subitamente, Isaac e Miria elevaram seu tom de voz.

“Certo, estamos indo!”

“Vamos embora!”

Eles simultaneamente saíram dos seus bancos.

“O que vocês estão fazendo?” Fang perguntou. Isaac respostou sem hesitar.

“Nós iremos procurar o Jacuzzi, óbvio!”

“E Nice!”

“É perigoso lá fora!” Fang tentou pará-los, mas a determinação deles era inabalável.

“É exatamente por isso que iremos procurar por eles!”

“Iremos resgatá-los!”

“Não sei o que está rolando com aqueles homens de pretos, homens de branco, e o homem com a faca, mas eu irei defendê-los com minhas armas e correr!”

“Incrível!”

Isaac pressionou seu coldre vazio e assobiou dramaticamente.

“E-entendo…”

John recuou. Não apenas isso, o fato de que ele era conhecido do homem com a faca fez com que fosse um pouco constrangedor para ele tentar parar o casal.

Enfim, mas o que Nick estava pensando?

Enquanto John inclinava sua cabeça, Isaac e Miria saíram pela porta dos fundos.

No mesmo instante, a porta da frente abriu-se. O passageiros gritaram e simultaneamente jogaram-se ao chão.

Através da porta, adentraram os homens de preto, armados com submetralhadoras.

“Boa noite. Você é a senhorita Beriam, estou certo?” O líder do grupo perguntou para senhorita Beriam. Os outros homens estavam observando os outros passageiros, brandindo suas armas.

“Meu nome é Goose. Espero que você entenda que temos alguns negócios dos quais precisamos da cooperação de seu marido. Por favor, venha conosco.”

Ela severamente encarou o homem chamado Goose.

“Prometa para mim que você não machucará nenhum outro passageiro.”

“Haha! Creio que você não esteja em posição para barganhar. Claro, eu suponho que seja verdade que o destino dos passageiros esteja nas mãos de seu marido e do governo.”

Goose começou a guiar a senhorita Beriam com ela em sua mira, então percebeu que algo estava fora de lugar.

“Onde estaria sua filha?” Ele perguntou, com uma mínima, quase nula, presença de sobrancelhas franzidas em sua expressão. Beriam olhou para baixo e mordeu seu lábio. Suas mãos estavam fortemente cerradas em punhos.

“Onde ela está?”

Ela levantou sua cabeça. Haviam lágrimas em seus olhos, e seus lábios e palmas estavam sangrando.

“Os homens de terno branco… Eles pegaram minha filha…!”

Ah, então é isso que ela está planejando. John pensou, impressionado com as capacidades de atuar que a senhorita Beriam tinha. Ela havia transformado-se completamente em relação a imagem respeitável que tinha antes.

“Os homens de branco, você diz? Quem são eles?” A forma com que Goose disse ‘homens de branco’ continha certo desdenho, porém ele logo ocultou esse descontentamento.

“Não tenho certeza. Eles também estavam atrás de mim, mas pegaram minha filha primeiro… Oh… Oh, Mary…”

“Você tem meus sentimentos.” Goose disse, nem um pouco comovido pela atuação extraordinária da senhorita Beriam. “Mas sinto em informá-la que terá que vir conosco.”

Ela então foi levada para fora do vagão de jantar pelos homens de Goose.

“Certo. Formem duplas e façam turnos para vigiar o salão.” Goose ordenou.

Ele virou-se para sair, mas subitamente notou o som do vento entrando no vagão. Ele seguiu o som e encontrou uma janela aberta próxima a uma das mesas. Não era nada incomum, mas ainda assim chamou a atenção de Goose. Ele apontou uma arma para o homem que estava sentado perto da janela.

“Você. Quem abriu essa janela?”

“Aah!” Surpreso com a ameaça repentina, o homem fez um barulho igual a Jacuzzi e gritou. “N-n-não! Não fui eu! F-foi uma mulher vestindo uma farda!”

“Uma mulher de farda?”

“S-s-sim! Quando o tiroteio começou, ela abriu a janela e foi para o lado de fora! Sério! Eu estou contando a verdade, por favor não atire em mim!”

Goose não perguntou mais nada para o homem e olhou para fora da janela. Logo acima de si ele poderia ver parte dos ornamentos na parede exterior, um braço de distância da janela. Havia uma fileira de superfícies irregulares pela parede, e seria possível escalar até o teto com um pouco de esforço.

Uma mulher de farda.

Goose havia visto ela antes, próxima aos vagões de carga. Quem seria ela?

Goose adicionou-a em uma lista mental de sujeitos perigosos, e então saiu do lugar tranquilamente.

 

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Ao mesmo tempo, em um cassino subterrâneo em Nova York

 

“Qual foi, Firo! Você não pode deixar as roletas daqui um pouco mais fáceis de ganhar?”

“Desculpa, mas você não deveria dizer isso no território de outra Família, Berga.”

Dois homens estavam conversando em um cassino luxuoso e vívido. Um deles era um gigante parrudo, e o outro era um rapaz.

O gigante chamado Berga era um dos chefes de uma pequena família mafiosa de Nova York, os Gandor. Ele e seus dois irmãos eram os líderes, e os três juntos comandavam a organização.

O jovem garoto chamado Firo era o executivo mais novo da Família Martillo, uma organização da Camorra. Ele também era um amigo de Isaac e Miria.

Algo importante de citar é que, por Firo ser o dirigente dese cassino subterrâneo, era normalmente impensável que Berga, chefe de outra organização, estivesse aqui. Mas Firo e os irmãos Gandor haviam crescido como família no mesmo lugar. Claro, negócios ainda eram negócios e as obrigações pessoais ainda deveriam ser respeitadas.

“Aliás, você tem mesmo tempo para estar aqui? Eu ouvi que vocês estão quase em guerra com os Runorata.” Firo mencionou o nome da família mafiosa que recentemente começou a expandir-se em Nova York.

“Como se eu não soubesse. Estou aqui pois alguém pode ser atacado em nosso território. E eu sei que os Runorata não encostariam na Família Martillo.”

“Não nos envolva, Berga. Apenas vá para casa.” Firo disse, e subitamente elevou sua mão direita para dar um sinal.

No mesmo instante, um grupo de homens cercou um único homem que estava em uma grande sequência de vitórias na mesa de poker no canto. Um dos homens puxou o braço do sujeito.

Diversas cartas caíram no chão, saindo de sua manga.

O homem logo foi arrastado até um pequeno quarto, com desespero tomando conta de seu rosto.

“Eu tenho que ir para casa logo. Tenho que pegar alguém na Estação Pensilvânia amanhã, então eu realmente quero descansar um pouco, sabe? Volte antes que os Runorata achem você, Berga.”

Berga inclinou a cabeça.

“O quê? Você também?”

“Ahn?”

“Nós estamos indo para a Estação Pensilvânia amanhã também. Pensei que buscar as pessoas era nosso trabalho.”

“De quem você está falando?”

“De quem você está falando? Você disse que vai amanhã!” Berga começou a ficar irritado.

“Acalme-se, Berga. Estou indo buscar Isaac e Miria amanhã. Você viu eles na minha festa de promoção ano passado, lembra?” Firo disse.

“Uh? Ah. Aaaaaah. O que, aqueles idiotas?”

“Olha quem fala… Enfim, não faça uma cara tão feia. Quem você vai buscar? Me diga um nome.”

Berga sorriu.

“Claire.”

Os olhos de Firo ficaram arregalados.

“Claire? Claire está vindo?”

“Isso mesmo!”

“Entendo… Isso vai ser bom. Então Claire vai ajudar vocês… Então acho que a Runorata logo vai ser só história.” Firo refletiu, levado a prever a derrota dos Runorata com apenas a mera menção do nome.

“Claro, nós não podemos dizer com certeza que ganharemos.”

“Como assim você não tem certeza? Quem por aqui não conhece o nome ‘Vino’? Se você perder com Claire do seu lado, você não merece chamar-se de competente.” Firo sussurrou. Não era bom senso referir-se a um assassino ativo pelo seu nome em voz alta.

“Se tem algo que você pode confiar em Claire, é sua habilidade. Nem mesmo um gênio pode aparecer do nada e matar qualquer um, quando quiser!”

“Silêncio, grandalhão. E novamente, Claire realmente está no topo quando se trata de habilidades atléticas e de luta. Eu fico imaginando como braços tão finos conseguem puxar tanto peso.”

Parecia que o nome Claire era equiparado com algum conceito de poder absoluto para esses dois.

“Ei, não me diga que Claire está no Flying Pussyfoot.” Firo subitamente perguntou.

“Sim! Esse mesmo! Eles estão no mesmo trem?”

Firo subitamente calou-se. Ele parou por um momento, então elevou sua cabeça.

“Na verdade, Maiza disse que vai amanhã também.” Ele disse, hesitando, mencionando seu superior.

“Uh? Maiza vai buscar aqueles idiotas pessoalmente?”

“Não, eles não. Ele tem outro conhecido que está vindo vê-lo naquele trem…”

Firo hesitou, então murmurou em silêncio.

“Um velho amigo dele. Um dos alquimistas que virou imortal duzentos anos atrás.”

 

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Ladd encaminhou-se até o compartimento do condutor para achar Lua. Ele teria que passar pela Terceira Classe e os vagões de carga se quisesse chegar lá, e estava certo de que os homens de preto haviam dominado a Terceira Classe.

Ele se divertia com fantasias sobre matar os homens de preto, então notou alguém perambulando pela região de engate.

Ladd mirou seu rifle na direção da figura e falou com o homem.

“Ei! Não se mexa, amigo. Está assustado? O que você está fazendo, vadiando por aqui?”

Ele então percebeu que a silhueta não era um dos homens de preto, mas o ‘mágico’ cinza que havia passado por eles quando embarcaram no trem.

O mágico virou-se para olhar Ladd, e falou, sem nenhum medo da arma que estava apontada para si.

“Você não é aliado dos homens de preto?”

Era definitivamente a voz de um homem.

“Não.” Ladd respondeu, não abaixando o rifle. Esse homem era um inimigo ou um aliado?

“Eu só estava no teto para pegar um ar fresco. Mas agora parece que minha cabine foi tomada.”

 

Por sua voz, Ladd supôs que o homem tinha quarenta ou cinquenta anos de idade. Ele não era novo, mas também não parecia muito velho.

A região de engate nesse trem não tinha paredes ou teto, apenas cercas prevenindo quedas. Haviam escadas de metal construídas nas paredes ao lado das portas, então qualquer um poderia escalar no teto caso quisesse.

O mágico olhou para o céu noturno com uma expressão melancólica. Vendo seu rosto, Ladd abaixou o rifle.

“Ei. Senhor Mágico. As cabines de Segunda Classe estão todas livres. Use qualquer uma que quiser.

O mágico riu por trás do tecido que cobria sua boca.

“Obrigado, nobre homem. Mágico, você diz? Maravilhoso. Claro, suponho que isso não seja tão distante da minha profissão real.” Ele disse, então passou por Ladd com uma bolsa preta em mãos.

“Hm? O que há na bolsa?”

“Gostaria de dar uma olhada? Não acho que irá te interessar tanto.” O mágico virou-se a abriu-a.

Dentro dela havia todo tipo de garrafas medicinais, aparatos estranhos, e livros escritos em uma língua que Ladd nunca havia visto antes.

“Você estava certo. Pode ir… Ah, certo! Se um dos homens vestidos como eu tentar te parar, diga para eles que Ladd te deu permissão. Eles vão te deixar passar.”

O mágico assentiu, fechou sua bolsa, e entrou em uma das cabines da Segunda Classe.

“Tch.” Ladd observou-o desaparecer. “Ah, droga! O que há com esse olhar? É como se ele não se importasse com quando irá morrer! É como se já estivesse morto! Não consigo lidar com caras assim.” Ele reclamou, então lembrou de Lua e voltou a seguir até o compartimento do condutor.

“Claro, se ele fosse uma mulher, seria exatamente do meu tipo.”

Lembrou-se dos olhos de Lua, vazios como os de um peixe morto, e olhou para o céu pela região de engate.

“O teto, é? Isso vai ser divertido.”

 

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Em uma cabine de Primeira Classe.

Quando Goose e os outros retornaram a sua cabine com a senhorita Beriam sob sua custódia, eles acharam Spike em frente ao telégrafo, parecendo um pouco apreensivo. Goose segurou a vontade de perguntá-lo sobre isso imediatamente, preocupado que a senhorita Beriam pudesse notar que eles estariam tendo problemas. Foi apenas quando ela foi levada até outra cabine de Primeira Classe que ele falou com Spike.

“O que está havendo?”

“Bem, não há nada de errado com o telégrafo, mas nós perdemos o contato com os nossos homens no vagão de carga.”

Três homens foram encarregados de vigiar o restante do equipamento no vagão de carga.

Goose enviou uma ordem para lá, mas não importava o quanto ele esperava, não houveram respostas.

“Talvez os desgraçados de terno branco pegaram eles.” Spike sugeriu, coçando a cabeça.

“Não temos tempo para suposições, Spike. O que precisamos agora é de uma imagem clara da situação.”

Goose reuniu um novo trio para investigar o vagão de carga, e enviou-os.

Então, percebeu que Chane não estava mais no canto da cabine.

“Spike. Onde Chane foi?”

“Ah, parece que ela foi caçar alguns dos homens de branco. Eu vi ela pegando algumas armas enquanto saía.”

Chane, a fanática, pode ser um membro dos Lemures, mas ela apenas seguia as ordens de Huey, nada mais. Ela só estava dando sua cooperação silenciosa à missão pelo propósito de libertar Huey. Talvez ela até mesmo considere Goose e os outros como nada além de peões para atingir seu objetivo.

Goose olhou a sua volta, certificando-se de que Chane não estava em nenhum lugar perto o suficiente para escutá-lo, então revelou a verdade para Spike.

“Nós precisamos deixar ela fazer o máximo possível do nosso trabalho. Afinal, ela não viverá o suficiente até amanhã de tarde.

 

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Um casal caminhava pelo vagão de Segunda Classe. As luzes estavam ligadas, mas elas eram superadas pela intensa escuridão do mundo exterior.

“É tão escuro aqui. Estou ficando nervoso.” Isaac notou, sem energia.

“Está frio! E assustador!” Miria concordou quietamente, mas com energia.

“O quê? Está tudo bem! Eu não estou com frio ou assustado! Então não se preocupe e me siga, Miria!” Isaac falou orgulhosamente, virando o rosto para a direção contrária dela.

“Uau! Você é tão confiável, Isaac!”

Ninguém reagiu à conversa deles. Apenas silêncio envolvia o corredor.

“Está tão quieto. É como se ninguém estivesse por perto. Imagino onde todos os homens de branco da Segunda Classe foram.”

“Só há um caminho até o fim do trem!”

“Talvez o Espreitador de Trilhos já os pegou.”

“Aaah!”

“Melhor nós nos apressarmos… Eu posso estar armado, mas nem mesmo um boxeador profissional poderia derrotar o Espreitador de Trilhos!”

“É um monstro imbatível! Como o Frankenstein e o Conde Drácula!”

“Miria, Frankenstein é o nome do cientista, não do monstro.”

“Sério? Então qual é o nome do monstro?”

“Uh… Eu acho que era… Mary Shelley? Eu acho que seu nome completo era Mary Wollstonecraft Godwin Shelley.”

“Você é tão inteligente, Isaac! Mas Mary não é um nome de mulher?”

“Há vários homens por aí com nomes femininos! Além do mais, não há nada que diga que tipo de nome um monstro deve ter!” Isaac declarou triunfantemente.

Sua declaração foi respondida pelo distante som de submetralhadoras disparando.

“Isso veio da Terceira Classe?”

“Não, deve ter sido mais longe! Eu acho que pode ter sido o vagão de carga!”

 

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Subitamente, a voz de um homem surgiu de um rádio na cabine de Goose.

Bbrrzz… [-da! Aqui é-] Bbrrzz… [Vagão de carga-] Bbrrzz… [Aqui é o vagão de carga! Alguém, por favor, responda!]

Havia tanta estática que Spike desajeitadamente se apressou para mudar a frequência. Eles normalmente comunicavam-se por telégrafo, então o fato de que uma transmissão de rádio foi recebida significava que essa era uma grande emergência.

“Aqui é o Spike. Qual é a situação?”

[Ajuda! Ajuda! Envie reforços imediatamente! Os outros dois estão mortos! Na verdade, eles apenas desapareceram então eu não consigo confirmar, mas eles se foram! Eles só desapareceram!]

“O quê?! Quem atacou vocês?! Os homens de branco?!”

[Homens de branco? N-não! Não é isso! Aquela coisa não pode ser humana! E-eu não consegui ver direito, mas… Aquilo é um monstro! Eu não posso acabar… Com… Aquela coisa…]

“Ei! O que está havendo? Responda-me!”

A voz no rádio ficava cada vez mais distante. Parecia que seu aliado estava de frente com seu oponente, com as costas para o rádio.

[Não… Afaste-se… Não, não, não, não… NAAAAAAAÃO!]

O som de disparos de uma submetralhadora ecoaram pelo rádio. O som saiu do alto-falante como uma bagunça de barulhos, quebrando por completo a atmosfera calma da cabine de Primeira Classe.

Spike inconscientemente colocou suas mãos sobre suas orelhas, mas nesse momento os tiros já haviam parado.

Então, eles escutaram o som de algo sendo jogado contra o chão, seguido de um baixo gemido. O gemido dissipou-se em questão de segundos.

O silêncio de ambos os lados do rádios pesava intensamente nos homens de preto.

A quietude ocasionalmente foi quebrada pelo som de algo como passos em uma poça.

Spike e os outros estavam certos de que não era uma poça d’água; Era o sangue que havia esguichado de seu aliado que estava falando com eles agora pouco.

Algo estava caminhando sobre essa poça. O algo que havia acabado de matar um deles. O ser do outro lado do rádio, que marcou presença poderosamente apenas pelo som, tornou-se um medo real nas mentes dos terroristas.

“Alguém vá e chame de volta os homens que acabaram de sair para o vagão de carga.” Goose disse solenemente, quebrando o silêncio na cabine.

Havia algo além dos homens de branco que estava ficando em seu caminho. Goose socou a parede com uma expressão de pura raiva.

Algo tomava conta dos pensamentos de Goose; Algo sobre a possível identidade do ‘monstro’ do outro lado do rádio. Claro, ele não tinha como ter certeza.

Aquela mulher de farda que desapareceu do vagão de jantar…

 

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Mary Beriam estava dentro de um armário de vassouras no banheiro da Segunda Classe, em total silêncio.

“Irei dar uma olhada nos outros vagões, então esconda-se aqui até eu voltar, Mary. Você tem que permanecer aqui, tá bom? Não se preocupe, eu voltarei logo.” Czes disse ao partir. Mary sentia como se o seu coração fosse explodir de medo.

Após um tempo, ela subitamente escutou a uma voz vinda do corredor; Uma voz alta e animada que não condizia com a situação atual. Era Isaac. Tendo certificado-se da identidade da voz, Mary perguntou-se por um momento se poderia sair do armário de vassouras.

Porém, ela então escutou o barulho distante de submetralhadoras disparando. Mary estremeceu, cobrindo as orelhas e agachando. Ela estava muito assustada para mover-se. Ela estava tão amedrontada que não conseguia nem chorar por ajuda.

A voz de Isaac logo foi se distanciando.

 

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“Mas o que aconteceu aqui?”

“Uou. Jacuzzi. O que… Está acontecendo?”

O compartimento do condutor havia virado um matadouro. Um par de vozes familiares falavam com o estupefato Jacuzzi.

Alívio tomou conta dos olhos do rapaz assim que ele reconheceu seus amigos.

“Vocês estão bem… Estou tão feliz que estejam seguros… Eu estava tão assustado… Sniff… Que alívio…”

“Só eu e o Donny, aliás.”

“Ahn? Então o que aconteceu com Nick e Jack?”

Nice preocupadamente curvou sua cabeça.

“Eles foram pegos. Lembra da orquestra vestindo ternos pretos? Eles provavelmente são assaltantes de trem também.”

“O-o quê?”

“Jack foi pego… As pessoas de branco foram pegas… Nick foi pego, também.”

“Uh… Ahn?”

Nice explicou a situação: Primeiro, Jack foi ao vagão de carga, dizendo que ele iria amarrar os vigias.

A orquestra estava usando o primeiro dos três vagões de carga, o que significa que a mercadoria que a gangue de Jacuzzi procurava estava no segundo ou terceiro vagão.

Nice e Donny esperaram por Jack no segundo vagão, mas ele não retornou.

Eles saíram para ver o que aconteceu, quando eles viram Jack, amarrado, saindo do vagão. Os homens de preto apareceram atrás dele, armados com submetralhadoras.

“Jack estava vindo em nossa direção, então nos escondemos em um canto. Eles jogaram Jack no compartimento de carga.”

“Dois homens. Com submetralhadoras. Vieram do corredor. Um homem e uma mulher de branco vieram… E foram pegos. Nick veio depois, e foi pego. É isso.”

“N-não termine assim! Então o que aconteceu?! Jack e Nick estão bem?”

“Acalme-se. Um dos três homens estava vigiando todos os reféns agora mesmo. Isso significa que eles ainda estão vivos, então devem estar seguros.”

No início, Nice e Donny ficaram preocupados achando que Jacuzzi havia sido capturado. Eles ficaram parados por um tempo para ver o que poderiam fazer, então determinaram que os homens de preto não tinham intenção de sair de suas posições. Então decidiram checar o compartimento do condutor.

“E é assim que nós chegamos aqui e achamos você nessa bagunça. O que aconteceu aqui, Jacuzzi? Não se preocupe. Nós sabemos que você não fez isso.”

O-obrigado, Nice… Mas isso é terrível! O Espreitador de Trilhos! O Espreitador de Trilhos está aqui! Nós temos que sair daqui ou ele vai nos pegar também! Rápido. Temos que salvar Nick e Jack e fugir-”

Repentinamente, eles escutaram o barulho distante de submetralhadoras disparando.

“Tiros…?”

O único olho de Nice arregalou-se por debaixo das lentes.

“O-o que está acontecendo? O que foram esses tiros agora? No que eles estão atirando?! Quem morreu? Uh?!”

O que esses sons significavam? Todos os tipos de possibilidades formavam-se na imaginação de Jacuzzi, resultando nele considerar todas elas.

“Sniff…. Aaaah… Niiiice… Donny…”

Seu cérebro estava mandando ele fugir, sair desse trem o mais cedo possível. Mas seu coração estava indo para uma direção completamente diferente.

Jacuzzi imaginava os rostos de John e Fang. Ele lembrou-se de Isaac, Miria, Czes, a família Beriam, e o rosto das pessoas que ele viu passando no vagão de jantar. Juntamente dessas imagens mentais, ele viu os corpos dos condutores diante de si, largados no chão.

Antes dele mesmo saber, Jacuzzi já havia sumido com os pensamentos de fuga e chegou a uma decisão diferente.

“Nós faremos tudo que pudermos para tirar esses homens de preto e o Espreitador de Trilhos desse trem… Sniff… Uh? O-o que estou falando? Não, não, nós devemos fugir, mas… Mas…”

 

Eles eram um grupo de delinquentes intratáveis. Eles contrabandeavam licor e matavam pessoas (O que não era perdoado pelo fato dos homens que eles matavam serem mafiosos). Eles já eram criminosos sem escapatória, e tudo isso era sua culpa.

Mas Jacuzzi sempre agiu com o que ele considerava as melhores intenções. Ele acreditava que a Lei Seca estava errada, e ele não gostava do fato de que a máfia abusava do sistema para fazer fortunas e cometer assassinatos a torto e a direito. Era por isso que ele decidiu pessoalmente fazer licor gostoso e barato para vender às pessoas.

Assim que percebeu, estava cercado por um grupo de delinquentes que chamavam-no de líder.

Quando seus amigos foram mortos, ele agressivamente lutou contra a Família Russo. E naquela outra noite, apesar de que ele não tinha a intenção de ter feito aquilo, acabou vingando a morte de seus amigos.

Jacuzzi estava a bordo desse trem com o objetivo de roubar uma certa mercadoria do Flying Pussyfoot. Essa mercadoria, que Nice também queria, estava segura para ser vendida desde que o interior fosse descartado. Não apenas isso, era perigoso deixar a mercadoria chegar a Nova York.

Se ela chegasse a seu destino, provavelmente iria causar a morte de muitas pessoas. Jacuzzi não poderia deixar isso acontecer. Ele sabia que estava sendo um hipócrita sem esperança, mas também sabia que permitir algo assim acontecer iria transformá-lo em um ser humano sem valor.

E agora ele planejava puxar seus amigos para um ainda maior ato de hipocrisia.

Ele queria salvar os passageiros. Era um pensamente infantil e tolo para o líder de um grupo, que deveria estar pensando em seus subordinados acima de tudo.

Mas ele sabia muito bem que Nice e Donny iriam concordar e sorrir. A ideia de abusar da confiança deles fazia-o ficar tonto, mas Jacuzzi não hesitou.

Ele já era um criminoso que quebrou a lei e matou pessoas. O que mais ele poderia perder com alguns outros atos de hipocrisia?

Estava farto de inventar desculpas. Jacuzzi sabia melhor do que ninguém que ninguém iria aceitar tais mentiras esfarrapadas, então era por isso que a desculpa era direcionada para ele mesmo. Ele sabia que era um pensamento egoísta, mas não se importava.

No fim, ele ainda era um criminoso.

Após um momento de silêncio, ele vocalizou sua decisão. Quanta coragem foi precisa para ele expressar algo que um ‘Guerreiro da Justiça’ diria sem nem mesmo piscar? Lágrimas estavam escorrendo por sua face, mas não havia medo nos olhos de Jacuzzi.

“Nós iremos acabar com eles. Tanto os homens de preto quanto o Espreitador de Trilhos.”

A relutância desapareceu da expressão de Jacuzzi. Seus olhos sérios tornaram-se uma combinação perfeita com a tatuagem em seu rosto.

Ele esperou pela confirmação de Nice e Donny, então saiu da cabina coberta de sangue.

Seu rosto demoníaco coberto por uma tatuagem estava coberto por lágrimas quentes.

 

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Mary estava completamente imóvel no armário de vassouras.

Algum tempo havia passado, mas não houve sinal do retorno de Czes.

Talvez ele tenha sido capturado.

Seu medo intensificou-se naquela escuridão completa, enquanto lágrimas desciam por suas bochechas.

Logo, ela escutou o som de passos se aproximando dos corredores. Seria Czes? Ou Isaac?

Mary tentou colocar sua orelha contra a parede para escutar melhor, mas acidentalmente derrubou um esfregão durante o processo.

O baixo, porém distinto, som ecoou pelo armário.

O som era tão claro que Mary pensou que seu coração iria parar.

Por favor, que aquela pessoa não tenha escutado o barulho…

Seu desejo não foi escutado. Os passos pararam.

Logo, ela escutou a porta do banheiro abrir-se. A pessoa provavelmente não pôde dizer exatamente de onde o som veio. Isso descartava a possibilidade de ser Czes.

Medo envolveu seu coração. Lágrimas saíam de seus olhos, e Mary não queria mais nada além de ser capaz de correr gritando.

Ela descartou tais pensamentos e em desespero colocou todas as suas forças em manter-se quieta. Mary lembrou do rosto de sua mãe e esperou o tempo passar.

Mas o tempo eventualmente levou-a até seu cruel destino.

Os passos em frente ao banheiro aproximaram-se de si, e pararam logo em frente ao armário.

Não havia nenhum tipo de mecanismo de tranca na porta do armário. Uma simples girada na maçaneta iria tirar o escudo de Mary.

Mas a porta ainda tinha que abrir.

Está tudo bem. Está tudo bem. Aliás, deve ser o Senhor Isaac. Pode ser o Senhor Jacuzzi. Ou pode ser a mamãe… Talvez seja a mamãe. Tem que ser. Mamãe está aqui para me pegar. Por favor, mamãe… Mamãe…

Na mente de Mary, a pessoa do outro lado da porta não poderia ser mais ninguém além de sua própria mãe. O desespero foi substituído pela esperança, e ela não conseguia mais pensar em nenhuma outra situação.

A porta lentamente abriu-se.

Mary queria chorar pela sua mãe e sair do armário de vassouras, mas ela não poderia fazer isso.

A mão que apareceu na porta pertencia a um homem. Seguindo a grande mão, Mary poderia ver uma manga branca como a neve.

A fantasia construída pela garota começou a colapsar. Ela então começou a gritar.

Mas a sua boca foi coberta pela mão do homem de branco.

“Achei você~!”

O homem de olhos caídos sorriu como um maníaco enquanto abria o restante da porta.

“Não grite agora, haha! Eu sinto muito por Ladd, mas parece que eu estou ficando com a garota!”

Mary resistiu com toda sua força, mas o homem de branco era mais forte que a maioria dos outros adultos. Ela ainda assim tentou escapar.

“Pare de resistir! Ahaha! Eu irei jogar você pela janela antes que Ladd me alcance!”

Ele tentou tirar ela do armário de vassouras.

“Eu não sou como Ladd! Eu apenas escolho as pessoas que são mais fracas que eu! Hehehehe… Hee-!”

A risada do homem subitamente parou. Ele congelou por um momento, e Mary sentiu o aperto dele enfraquecer. Ela aproveitou a chance para empurrá-lo; O homem caiu no chão sem resistência.

Uma poça de sangue espalhou-se pelo corredor enquanto o corpo estava largado diante de Mary. Ela lentamente olhou para cima, sem saber o que havia acontecido.

Havia uma mulher lá.

“Aah!” Maria gritou, em um tom baixo.

A mulher estava vestindo um vestido preto. Ela segurava uma faca, com sangue pingando da lâmina.

Mas não era disso que Mary estava com medo. Ela havia visto um olhar inexplicável e aterrorizante nos olhos da mulher.

Mary acabou olhando direto para os profundos olhos puros de Chane, a mulher de vestido preto.

Infelizmente, Mary encontrou-se dizendo um nome completamente diferente. Em seu estado atual, ela não podia ver a aparência de Chane como nada mais além daquela de um certo monstro.

“O… O Espreitador de Trilhos…!”

 

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“Certo. Primeiro, nós vamos tomar conta do guarda. Irei atraí-lo para fora, então vocês dois atacam ele assim que sair pelas portas.”

“Claro. Pode. Deixar.”

Eles estavam no corredor do lado de fora do compartimento de carga onde Jack e Nick estavam sendo aprisionados. Jacuzzi bateu na porta.

Se Nice e Donny viram corretamente, deve haver apenas um homem guardando o local. Jacuzzi recuou dois passos e esperou, escorando-se na janela.

Mas não importava o quanto ele esperava, não houve resposta. Talvez eles precisassem de uma senha ou algo do tipo? Jacuzzi caminhou até a porta e bateu novamente. Ainda não houve resposta.

Jacuzzi então respirou profundamente e segurou a maçaneta. A porta abriu facilmente, rangindo.

O local estava fracamente iluminado. Haviam duas silhuetas no canto. Um deles estava agachado, como se estivesse com dor, e o outro estava encarando na direção da porta, amarrado.

“Ahn? Jacuzzi, é você?”

“Nick? Que bom que você está seguro-”

A alegria de Jacuzzi logo tornou-se preocupação. Ele notou que Jack, agachado ao lado de Nick, estava com o rosto ensaguentado.

“Jack!”

“Não se preocupe. Não é fatal.” Nick curvou sua cabeça, com raiva.

“Como eu poderia não me preocupar?! O que aconteceu com vocês?”

“É isso que quero saber. Deixando os homens de preto de lado, o que é aquele lunático de terno branco?”

Nick explicou o que aconteceu com ele após ter sido capturado pelos homens de preto.

 

Quando ele foi arrastado até o vagão de carga, notou que diversas pessoas haviam sido levadas até lá antes dele.

“Jack!”

“Ei, eles te pegaram também, Nick?”

Uma das três pessoas amarradas era seu amigo Jack. Os outros dois eram um homem e uma mulher, ambos vestidos de branco.

As pessoas de branco não falavam, não importa o quanto ele tentasse falar com eles. Nick desistiu deles e tentou falar com Jack, mas mudou de ideia quando percebeu que o guarda, armado com uma submetralhadora, estava os observando atentamente.

Quando algum tempo passou, o guarda abriu a porta e foi para fora. Ele deveria ter ido fazer a troca de turnos com um de seus aliados.

Certo tempo já havia passado, mas ninguém voltou. Nick e Jack tentavam tirar suas amarras durante esse meio tempo, quando a porta foi aberta bruscamente.

Quando olharam na direção do barulho, viram um homem vestido de branco. Ou melhor, ele estava vestindo um terno branco com respingos vermelhos por todo o traje.

“Obrigado! Vai se foder! A estrela está aqui!” O homem gritava, sem vergonha. Ele Fez uma pose estranha ao entrar no lugar, e então deu uma pirueta.

“Hm? O que é isso? O que é isso? Não há guardas, não há nada! Que chatice! Mas enfim, estou tão feliz por saber que você está bem, Luaaaaa!”

“Você não estava nem um pouco preocupado comigo?” O homem de branco amarrado falou pela primeira vez. Enquanto isso, a mulher murmurou, “Obrigada”, de maneira quase inaudível.

Nick e Jack sorriram para si mesmos, aliviados com a sua boa sorte. Porém, o homem de branco apenas desamarrou os seus companheiros e tentou sair.

“E-ei! Você não vai nos desamarrar também, amigo?”

O homem virou-se na direção de Nick e Jack, com uma expressão de confusão.

“Hm? Por que eu deveria fazer isso? O que eu ganho se desamarrar vocês? Vocês vão fazer algo para mim? Se você fosse uma mulher, eu pediria por um beijo! Mas vocês são dois caras! Por que não morrem assim? Talvez se vocês morrerem, um par de mulheres irá nascer nesse mundo! Então apenas morram, okay? Pois esse é seu destino. E se você tentar desafiar o destino, você morre!”

O homem girava onde estava e provocava-os impiedosamente. Jack, com o rosto vermelho de raiva, levantou a voz.

“Cala a sua boca, seu filho da puta! Nos desamarre agora!”

O homem animado nem mesmo tentou retrucar, ele apenas caminhou na direção da saída com seus amigos.

“Espera aí, seu merdinha! Eu não terminei de falar contigo!”

“Pare, Jack, vamos apenas tentar nos desamarrar sozinhos.”

Foi nesse exato instante, o instante em que Nick falou o nome de Jack, que um rosto surgiu pela porta do vagão de carga. Era o homem estranho que estava ali agora pouco.

“Hm? O que é isso? Eu ouvi o nome ‘Jack’?”

Ele entrou e rapidamente desamarrou Jack.

“O que você quer?” Nick perguntou, mas o homem estava olhando apenas para seu companheiro.

“Então seu nome é Jack, uh? Isso é interessante! Finalmente é a hora de ver se todo mundo chamado Jack é bom em Boxe ou não! Começar!”

Assim que o homem anunciou verbalmente o início da partida, ele golpeou fortemente o rosto de Jack com seu punho.

 

“Foi muito ruim após isso. Ele só continuou espancando Jack o tempo inteiro… Então escutamos tiros vindo do vagão em frente a esse, e ele finalmente parou.”

Após ouvir os disparos, o homem com o terno branco salpicado contorceu seu rosto em um sorriso malicioso, e correu na direção dos tiros.

“Jack poderia ter morrido se ele não tivesse parado.” Nick murmurou. Jacuzzi checou o rosto de Jack novamente.

Ele estava respirando com certa dificuldade, e seu rosto estava tão inchado que era impossível dizer qual eram as cores de seus olhos.

Jacuzzi estreitou seus olhos e cerrou seus punhos. Nick deu um passo para longe dele e sussurrou para Nice e Donny: “Ei. Não me digam que Jacuzzi está ficando sério?”

Nice assentiu. “Sim. Eu não vejo ele assim desde que a Família Russo matou oito de nosso pessoal.” Ela sussurrou.

“Aquilo foi um problemão.”

“Ele derrubou oito dos Russo em um dia. E ele estava chorando o tempo inteiro.”

Foi isso o que tornou o rosto de Jacuzzi conhecido, levando à disseminação de seu cartaz de procurado pela Família Russo. Ele apenas retornou ao seu eu covarde após o funeral de seus amigos assassinados.

Eles foram incapazes de encontrar túmulos decentes para seus companheiros, então cavaram um área de terra não utilizada no cemitério. Era um fim melhor, pelo menos, do que enterrar eles debaixo do chão das casas como as pessoas faziam no gueto. Diversos dias depois, eles levaram um padre conhecido deles para fazer um simples funeral para seus amigos. Foi apenas após isso que Jacuzzi finalmente pareceu reganhar seu medo, desculpando-se para seus amigos com a cabeça curvada.

“Ele não parece tão irritado quanto antes, mas algo aconteceu?”

“Bem… Eu explicarei mais tarde.”

Jacuzzi já havia saído, então não tinha mais tempo para ficar de papo. Nick estava apoiando Jack em seus ombros, não se importando com o fato de que suas roupas estavam ficando manchadas com sangue.

“Ei. Eu. Carrego Jack.”

Donny pegou Jack, e os delinquentes deixaram o vagão de carga.

Jacuzzi então notou que a largura da área de carga em si era muito pequena em comparação com o comprimento do vagão. Ele também notou que a cor da parede traseira era levemente diferente da cor do chão e teto.

Ele agora tinha certeza que seu alvo estava escondido dentro dessas paredes.

“O que houve, Jacuzzi?”

“N-não é nada, Nice. Vamos.”

Jacuzzi não revelou sua nova descoberta. Afinal, eles ainda tinham tempo sobrando, e eles tinham outro trabalho para fazer agora.

Mas ele também sabia que, dependendo das circunstâncias, ele poderia eventualmente ter que voltar para essa mercadoria secreta; Uma grande quantidade de novos modelos de explosivos, e as bombas que foram fabricadas a partir deles.

 

<==>

 

“Que tal isso? O que vocês acham? Não é maravilhoso? Animador, não é? Ah, mas que merda? Droga! Eu deveria ter entrado normalmente ao invés de caminhar pelo teto!”

Ladd estava dançando no corredor em frente a porta do primeiro dos três compartimentos de carga.

“O que aconteceu…?”

Os olhos escuros de Lua brilhavam ainda menos. Ela estava olhando diretamente para o compartimento de carga além da porta aberta.

Repentinamente, eles escutaram um grito vindo do fim do corredor.

“Lá! Eu vejo eles!”

Nice e Jacuzzi tentaram impedir Nick de gritar, mas era tarde demais. Nice e Jacuzzi ficaram preparados, mas os homens de branco apenas olharam em sua direção, não fizeram mais nada.

“E os homens de preto?”

Jacuzzi e os outros cautelosamente caminharam na direção dos homens de branco. Ele estava planejando perguntar o porquê deles terem machucado Jack, e dependendo da resposta, ele até mesmo iria recorrer à violência.

Mas as palavras de Ladd impediram seus planos.

“E aí? Então o Jackzinho estava com vocês? Aquele perdedor que tentou enfrentar uma submetralhadora com uma toalha ainda está vivo, Jacuzzi Splot?” Ele perguntou assim que Jacuzzi entrou em seu campo de vista.

“?!” Jacuzzi estava em choque. Como esse homem sabia seu nome?

“Hm? Onde estão minhas maneiras? Meu nome é Ladd Russo. E isso deve te dizer exatamente como eu sei seu nome. E se você ainda não sabe, você é um completo idiota, mas eu creio que isso seja muito engraçado, também!”

“Russo…!”

Jacuzzi e os outros ficaram tensos. Eles não sabiam qual era a conexão desse homem com o chefe, Placido, mas não havia duvidas sobre sua afiliação com o inimigo deles.

“O que, então você me reconhece? Isso é muito mal. Eu estava esperando algo mais animado. Ah, bem. Então por que vocês estão nesse trem, afinal? O que faz vocês pensarem que são bons o bastante para esse lugar? Nós vamos dominar essa porra toda, sabe? Nós vamos matar metade dos passageiros… Ou talvez todos eles! Se você não quer ser morto por nós, pule do trem e morra! Não fique no nosso caminho!” Ladd argumentou, gesticulando como se estivesse afastando um cachorro.

Splash.

Jacuzzi foi interrompido antes mesmo que pudesse falar por um barulho súbito.

“…?”

O som aconteceu assim que Ladd gesticulou para afastar Jacuzzi.

As ondas se espalhando abaixo do pé de Ladd explicaram tudo sobre o som.

Uma poça de um líquido vermelho vazava de dentro do compartimento de carga. Era idêntico ao da cena do interior do vagão do condutor.

“Está curioso sobre esse lugar? Por que não entra pra dar uma olhada? Se você tiver a coragem para fazer isso, de qualquer forma.” Ladd riu, tentando provocar Jacuzzi. Mas a gangue do rapaz permaneceu como estava.

“Cautelosos, uh? Eles dizem que ser cauteloso e covarde são duas coisas diferentes, mas ter cautela não significa que você é um covarde também? Qual deles você é?” Ladd riu. Jacuzzi encarou-o friamente.

“Nós não temos tempo para encarar vocês agora. Mas terei certeza que você irá pagar por isso mais tarde.”

“Bem audacioso, não é, bebê chorão? Você está completamente diferente de antes. O condutor maltratou você antes de vir aqui?”

“Ambos os condutores estão mortos. Não foram vocês, foram?” Jacuzzi perguntou.

Ladd e os outros visivelmente reagiram.

“Eles estão mortos? Ambos?”

“Sim.”

“Ambos? Não havia mais ninguém lá?”

“?”

Jacuzzi franziu as sobrancelhas. Por que Ladd estava sendo tão insistente com esse ponto?

“Vamos… Iremos ao vagão do condutor.” Ladd disse para seus dois amigos, e caminhou na direção de Jacuzzi.

Ele e os outros ficaram tensos. Nick pegou sua faca, e Nice pegou uma pequena bomba e um isqueiro zippo. Mas Ladd colocou as mãos nos bolsos e passou direto por eles com desinteresse em seus olhos.

“Vocês têm sorte. Eu não tenho tempo para vocês agora.”

O ânimo de Ladd havia sumido. Seu tom quase soava ansioso.

No momento que a gangue de Ladd passou por eles completamente, Nice disse:

“Ei, Jacuzzi. Nós podemos deixar eles irem embora assim?”

“Sim. Está tudo bem. Nós temos outros negócios para tomar conta primeiro.”

Jacuzzi não conseguia acreditar que Ladd realmente seguiria sua ameaça de matar todos os passageiros, e decidiu priorizar a derrota da orquestra de preto e o Espreitador de Trilhos.

O compartimento de carga diante deles também preocupava Jacuzzi.

Assim que ele pisou em frente a porta, porém, Ladd gritou com eles do outro lado do corredor, prestes a passar pela região de engate.

“E apenas para seu conhecimento, nós não fomos os responsáveis por essa bagunça!”

Jacuzzi virou-se sem falar nada e pisou no carpete manchado de sangue. Ele virou-se, reconhecendo o que veria.

 

Inicialmente, Nick achou que uma garrafa de vinho havia sido derramada no compartimento de carga.

Jacuzzi e os outros, porém, já tinham visto algo parecido no vagão do condutor. Eles não tiveram problemas em reconhecer a cena.

O qualquer estava encharcado por sangue. A luz incandescente refletindo nas poças vermelhas resultava em um brilho assustador, fazendo o sangue no chão quase parecer quente. Mas aquele calor instantaneamente tornou-se medo assim que eles olharam o objeto no meio do cômodo.

A coisa jogada no meio do local estava vestindo uma terno preto.

Era fácil reconhecer que aquilo não era mais uma pessoa, mas sim um objeto; Algo além da enorme quantidade sangue era o suficiente para mostrá-los isso.

O corpo do homem de preto estava sem a sua porção inferior inteira.

A incisão não era nem um pouco limpa. Na verdade, parecia mais como se o homem tivesse sido literalmente arrancado pela metade. Nick permaneceu em silêncio por um momento, então correu até a janela do corredor.

Eles ouviram a janela abrindo-se e o som intenso de vômito. Jacuzzi e Donny olharam o corpo, e o único olho de Nice cuidadosamente certificou os seus arredores. As cargas da orquestra estavam empilhadas em grandes pilhas de cada um dos lados do lugar, e diversas caixas estavam abertas. Uma máquina estranha havia sido posta em cima de uma das caixas, mas era impossível adivinhar o que ela fazia.

No momento que Nice olhou para cima, porém, seu olho parou onde estava.

“Jacuzzi…”

Jacuzzi, com a chamada de Nice, olhou a sua volta. O olho de Nice estava fixo no teto.

O rapaz olhou para cima, e recuou.

No teto havia uma mancha de sangue que não era nada comparada com o terror no chão. O problema, em primeiro lugar, era o fato de que uma quantidade tão grande de sangue havia ficado no teto.

Não seria possível um corpo esguichar esse tipo de sangue do chão.

Lágrimas estavam escorrendo pelo rosto de Jacuzzi, mas ele não tinha mais medo do Espreitador de Trilhos. Ainda assim, ele encontrou-se ainda mais encurralado com a visão das coisas que esse monstro era capaz de fazer.

O teto manchado de sangue não era a única coisa curiosa sobre esse lugar.

Havia uma porta deslizante do outro lado do cômodo, usada para colocar a carga no trem diretamente das plataformas. Ela estava entreaberta no momento.

O cenário no exterior da porta estava banhado em escuridão, parecendo como se houvesse um buraco escancarado na parede.

O trem atualmente estava passando por uma floresta, e a fraca luz da lua trazia um brilho amedrontador para as árvores que passavam, fazendo-as parecer mãos gesticulando na direção do buraco.

Ainda mais estranho que isso, haviam pegadas no chão.

Não era o chão inteiro que estava coberto por sangue. Haviam partes dele que permaneceram com sua coloração original, estas partes que tinham pegadas vermelhas em algumas seções.

Inicialmente Jacuzzi achou que Ladd e os outros poderiam ter vagado pelo lugar, mas logo descartou o pensamento.

As pegadas claramente iriam para uma direção.

Após vagar por todo o local, o dono das pegadas saiu da área sem muito cuidado, pela porta que levava ao escuro mundo exterior.

 

Nick finalmente reganhou um pouco de sua calma, tendo expelido o conteúdo de seu estômago.

Porém, no momento que ele iria virar-se na direção de seus amigos, ele percebeu algo no canto de seu campo de visão. Ele viu algo vermelho além da porta que levava à região de engate na frente do vagão.

“Ei, caras. Venham aqui.”

Jacuzzi e os outros poderiam perceber pelo tom ansioso de Nick e seu rosto pálido que havia algo de errado.

Eles cuidadosamente foram até o corredor e encontraram Nick coberto de suor frio.

“Eu acho que tem algo ali, perto da região de engate lá na frente.”

Jacuzzi e os outros foram tomados por uma sensação assustadora. Eles tinham a sensação de que estavam sendo observados por algo da mesma região de engate que Nick havia apontado.

“Nós vamos olhar na contagem de três… Um, dois, três!”

Todos menos Jack, que estava no ombro de Donny, olharam na direção da região de engate.

E eles conseguiram ver aquilo. A visão de uma criatura vermelha movendo-se da área de engate até a lateral do trem.

A coisa havia movido-se para longe de sua visão Era rápida demais para a gangue de Jacuzzi conseguir distinguir sua forma, mas eles agora tinham certeza de que algo vermelho estava vagando pelo trem.

Eles cautelosamente dirigiram-se até a região de engate, mas não conseguiam mais ver nada.

Ainda não conseguiam o ver, mesmo no vagão logo antes da Terceira Classe.

“Talvez tenha subido no teto.”

O grupo olhou um para outro e assentiu, então subiu no teto do vagão.

“Você não pode subir aqui com Jack, então vá pelo corredor, Donny. Cuidado com os homens de preto, tá bom?”

“Certo. Deixa. Comigo.”

Donny assentiu, então caminhou até o corredor.

“Espere por nós na próxima área de engate, tá bom, Donny?” Jacuzzi disse do teto, enquanto começou a mover-se para frente, contra os ventos poderosos.

 

<==>

 

O que poderiam ter sido aqueles disparos?

Isaac e Miria caminhavam pelos corredores com muita cautela.

Havia apenas um vagão da Terceira Classe nesse trem. E uma grande silhueta estava de pé diante dos dois, que haviam aberto a porta para entrar no vagão.

Era um homem gigante de pele marrom, com um jovem ensanguentado estirado em seu ombro.

 

Donny atravessou o corredor da Terceira Classe. As coisas estavam indo bem, mas ele não poderia baixar sua guarda.

No momento que chegou à porta da região de engate, ela abriu-se.

Diante dele apareceu um homem vestido como um pistoleiro e uma mulher vestida como uma dançarina.

O vestido da mulher era vermelho, quase como se tivesse sido tingido de sangue.

Um silêncio desconfortável envolveu o homem e a dupla assim que eles se encontraram.

“… Com licença.”

Isaac lentamente fechou a porta.

 

“O qu-qu-qu-qu-qu-que foi isso?! E-ele pode ser o Espreitador de Trilhos?!”

“Aaaaah! Nós vamos desaparecer!”

 

“Uou. Um vestido v-vermelho. Aquela mulher… Espreitador de Trilhos?”

 

Três pessoas, separadas por uma única porta, começaram a suar frio. O silêncio envolveu eles no momento que ouviram a voz um do outro. Apenas o som do trem se movendo e do vento soprante encaminhou-se até a porta que chacoalhava.

Isaac finalmente respirou fundo e tentou conversar com a figura.

“Hm… Olá?”

“Por favor nos responda!”

“Uh.”

Eles ouviram uma voz grossa respondendo ao chamado de Miria. Ela deve ter vindo do gigante que eles acabaram de encontrar.

“Hm… O Espreitador-! Eu, uh, quero dizer, você é, por acaso, o Espreitador de Trilhos?”

“Um monstro! … Quero dizer, você é um monstro?”

“Ah… Você não é… O… Espreitador de trilhos?”

Silêncio.

“Ei, Miria, você é o Espreitador de Trilhos?”

“Não! Provavelmente não!”

“Então tá bom! Eu confio em você, Miria! Ei, eu perguntei para ela, e acho que ela não é!”

“Eba! O Isaac confia em mim!”

“Ah. Que bom.”

Eles ouviram um suspiro de alívio vindo do outro lado da porta.

“Hm, então, você não é o Espreitador de Trilhos?”

“Você não é?”

“Uh. Não.”

“Então quem é o homem no seu ombro?”

“Você vai comer ele?”

“Não. Esse cara… Meu amigo. Machucado. Eu carregando… Ajudando ele.”

Isaac e Miria finalmente abriram a porta. Seu tom de voz mudou completamente.

“Então você não é um monstro, afinal! Eu quase acabei tentando te bajular! Desculpa!”

“Você não é um monstro!”

“Você é um cara legal que está pensando em seu amigo!”

“Uh… Você… Quem?”

Donny finalmente parecia ter baixado sua guarda também, falando com Isaac e Miria em um tom envergonhado.

“Eu e Miria? Hm. Nós podemos parecer com a Miria e um pistoleiro comum, mas na verdade, somos Isaac e Miria!”

“Incrível, Isaac!”

“Hm…?” Donny estava confuso. “O q-que… Vocês fazendo?”

“Estamos procurando por nossos amigos.”

“Vê, nós temos que achar nossos amigos antes que eles sejam devorados pelo Espreitador de Trilhos!”

Donny agora estava convencido de que esses dois não eram seus inimigos. Ele também percebeu que a história do Espreitador de Trilhos era mais conhecida do que ele inicialmente achava.

Claro, ele não tinha como saber que o casal era a causa de todo o fiasco do Espreitador de Trilhos. Não apenas isso, ele não fazia ideia que o amigo que eles estavam procurando era, na verdade, o seu líder.

“Entendo. Vocês. Boas pessoas.”

Uma sombra projetou-se no rosto de Isaac.

“Uma boa pessoa, uh? Sinto que isso seja um grande engano. Mas espero que nós sejamos capazes de merecer esse título algum dia.”

“É por isso que estamos tentando fazer coisas boas! Mesmo se o resto do mundo não reconhecer a gente, continuaremos fazendo coisas boas até nos satisfazermos! Fizemos coisas ruins antes, mas iremos compensar isso!”

“Hm?”

Donny encontrou-se inexplicavelmente envergonhado com o sorriso de Miria, que severamente contrastava com a expressão de Isaac. Ele não entendia o que eles estavam falando, mas Donny tinha certeza que eles eram boas pessoas.

“Eu espero… Você encontrem. Amigo. Logo.”

“Obrigado! Eu espero que o amigo em seu ombro fique bom logo!”

“Uma tigela de canja da vovó deve ajudar!”

Com isso, o casal dirigiu-se rumo aos vagões mais traseiros.

“Uh. Ternos brancos. Perigosos! Fiquem longe.” Donny gritou para eles. O par acenou e agradeceu-o.

Donny acenou de volta e despediu-se, então caminhou até a região de engate e esperou por Jacuzzi e os outros em silêncio.

 

<==>

 

Enquanto isso, em uma cabine apenas uma porta de distância do corredor onde Donny encontrou-se com Isaac e Miria–

“Ei. Você está escutando algo?” Um homem de branco, um dos amigos de Ladd, perguntou.

O jogo de assassinato já havia chego ao fim nessa cabine de Terceira Classe.

Cinco pessoas estavam no cômodo, com três delas no chão. Uma pessoa estava ajoelhada diante dos homens no chão, e o último homem estava de pé próximo a porta.

O homem ajoelhado olhava para as três silhuetas imóveis e começou a rir histericamente.

Aqueles que ainda se moviam estavam vestidos de branco.

Aqueles jogados no chão estavam vestido de preto.

“Ei, você está me escutando?”

“Hihihihihihihihihi! Ahahahahaahaha! Hahahaha!”

“Ei, você e o chefe Ladd podem ter um gosto por matar pessoas, mas eu estou aqui pela grana. Eu preciso do meu pagamento, então por favor, tente tomar cuidado…”

“Hahahahahahaaha!”

Os dois haviam eliminado os homens de preto, e agora estavam dando uma pausa na cabine. Talvez eles ainda estivessem desorientados pelo ânimo das mortes.

O homem na porta, cansado da gargalhada sem fim de seu aliado, colocou sua orelha na porta.

“Ahahahahahaaha! Ahahahaah!”

Ele poderia vagamente ouvir a voz de uma mulher animada e um par de vozes masculinas.

“Eheheheheeheheh! Waaaaaaaahahaaha!”

“Ei, cala a porra da boca!” Ele gritou, sem nem mesmo olhar para o outro homem.

“Hahahahaha! Ahahahaha! Aha-!”

A gargalhada repentinamente parou.

Finalmente.

O homem de branco não deu muita atenção ao silêncio enquanto dava seu melhor em concentrar-se nas vozes do lado de fora.

A voz feminina e de um dos homens se distanciou. Eles provavelmente estavam indo para os vagões mais atrás.

“Ei. Vamos.”

Ele colocou sua mão na maçaneta, mas não escutou uma resposta.

“Ei…?!”

Ele virou-se, e ficou em silêncio.

Seu aliado não estava mais ali.

A cabine de Terceira Classe não era pequena, mas era um cômodo bem vazio. Não havia nenhum espaço para alguém se esconder.

“Ei! Onde você está?”

Ele tentou procurar por seu companheiro, mas não recebeu respostas.

Uma coisa, porém, chamou sua atenção: A janela escancarada. Ele estava certo de que, até agora pouco, a janela estava fechada.

A janela inutilmente grande era larga o suficiente para um homem adulto poder entrar e sair por ela com facilidade.

“Uh… Ele caiu do trem?”

O homem de branco caiu na tentação e caminhou até a janela.

Mas no momento que ele elevou sua perna para pisar em um dos corpos, “aquilo” apareceu na janela.

Uma silhueta vermelha escura investiu pela escuridão e entrou na cabine.

E algum tempo passou.

 

Nenhuma silhueta sobrou nessa cabine.

Tanto homens de branco e quanto homens de preto haviam sido apagados completamente.

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