Epílogo II – O Espreitador de Trilhos
Tradutor: PH
“Com licença, você por acaso seria o senhor Gandor?”
“Exatamente.”
O funcionário da estação entregou a Luck um envelope. Keith leu o conteúdo e saiu da estação com seus irmãos mais novos. Berga desculpou-se para Firo.
“Desculpa, Firo. Parece que Claire está esperando do lado de fora. Logo voltamos.”
O homem estava de pé no canto de um beco.
“Como vai, Claire? Vocês condutores não deveriam estar trabalhando dentro ou algo assim?”
Claire ignorou a pergunta de Berga e foi direto ao ponto.
“Vamos. Quem vocês querem que eu mate? A noite passada foi como caminhar no parque. Eu quero um exercício de verdade, para não sair de forma.”
Claire, tendo tirado seu uniforme de condutor, começou a caminhar. Os irmãos, apesar de surpresos, começaram a segui-lo.
“Vamos logo terminar com isso. Eu tenho que procurar alguém depois disso, sabiam? E se forem sortudos, vocês podem ser convidados para meu casamento daqui um tempo.”
Os irmãos olharam um para o outro.
“Não me diga que você pediu uma completa estranha em casamento de novo.”
“Quase isso.”
“O que você quer dizer com ‘quase isso’?! Quantas vezes isso já aconteceu?”
Berga estava atônito, mas Claire continuou sem se importar.
“Calma lá. Eu não estava agindo como um maluco. Eu estava totalmente sério, então isso não deve ser um problema. E aliás, eu só fui rejeitado até agora porque obviamente iria encontrar alguém melhor. Afinal, o mundo-”
“‘Gira em torno de mim’, né?” Luck concluiu a sentença, tendo ouvido a frase centenas de vezes.
“Isso. Enfim, eu posso receber uma boa resposta agora. E se essa não funcionar, há esta outra garota – Se a primeira recusar, vou ver o que a próxima tem para dizer.”
“Ainda um mestre da fidelidade, posso ver.” Luck disse, seco.
“Não diga isso. Eu nunca traí uma mulher, se é isso que quer dizer. E isso é porque nunca namorei uma mulher antes. Eu chamo uma garota, e se ela recusa, eu vou para outra. E se ela dizer sim, passarei o resto da eternidade apaixonado por ela. Eu não vejo nenhum problema nisso.”
De certa forma, Claire estava certo. Luck suspirou, desistindo.
“Se ao menos o Firo fosse um pouco como você…”
Claire parecia nostálgico com a súbita menção de seu velho amigo.
“Firo, huh? Eu sinto falta dele. Então, o que eu tenho que ele precisa?”
“Pelo último ano, ele está vivendo com uma garota por quem está apaixonado. Eu não acho que ele declarou-se propriamente, nem mesmo a beijou.”
“Putz… Ele é humano?” Claire disse, surpreso. Porém, não diminuiu o passo.
“Enfim, Claire. Eu não acho que seja uma boa ideia confiar em uma mulher que aceitaria sua proposta tão facilmente.” Luck advertiu.
“Claire está morto. Legalmente, no caso.”
Apesar de que Claire achava que esteava sendo legal ao evitar o aviso, Luck puxou-o de volta ao chão.
“Se você está legalmente morto, como seria capaz de se casar?”
Claire parou de andar e virou-se na direção dele.
“Espera. Isso não é bom. Por quanto você acha que consigo comprar um nome?”
“Do que você está falando? Quer que nós te chamemos do quê?”
Claire começou a caminhar novamente, e respondeu seriamente.
“Vocês podem me chamar de Vino, ou se gostarem, Espreitador de Trilhos.”
“Muito idiota, se me perguntar.” Berga disse.
Um duelo entre Berga e Claire iniciou-se em um beco em Nova York. Keith observou-os, questionando-se sobre o conflito que sem dúvidas começaria a intensificar-se.
Keith manteve-se em silêncio, sabendo que demoraria um tempo até as coisas ficarem em paz novamente.