Baccano! - Prólogo VI: O Alquimista - Vol 03 - Anime Center BR

Baccano! – Prólogo VI: O Alquimista – Vol 03

Prólogo VI – O Alquimista

Tradutor: PH

É quase assustador como as coisas sempre vão tão bem.

Após duzentos anos esperando, eu finalmente encontrei uma chance para devorá-los. E ao mesmo tempo, eu consegui fazer um acordo que irá pagar o suficiente para viver sem problemas por um bom tempo.

Eu não pude acreditar quando eu recebi a carta de Maiza. Pensar que Szilard seria devorado… Eu imediatamente escrevi de volta, dizendo que iria visitá-lo nesse inverno. Eu estava planejando ir para Nova York de qualquer maneira, então foi como matar dois coelhos com uma só cajadada.

Os produtos… Ou melhor, os subprodutos da minha pesquisa, os explosivos, encontraram um comprador para mim na forma de uma certa organização em Nova York.

Inicialmente eu considerei fazer um acordo com os militares, mas eu não quero que meu nome seja conhecido. O exército americano não é mais o que costumava ser. Eu não posso fazer um acordo com eles sob uma identidade falsa.

Isso me prejudicou bastante, já que as regras me proibiam de usar um pseudônimo.

No fim, eu abandonei a ideia e decidi vendê-las para uma organização do exterior, e secretamente comecei as negociações.

Isso até que eu recebi duas cardas. Elas eram ambas de velhos amigos meus, e ambos eram de Nova York.

Eu fiquei desconfiado no começo, imaginando como eles sabiam onde eu estava, mas de acordo com as cartas, eles me acharam após perguntar para uma agência de informação em Nova York.

Droga. Se uma agência de informação de outra cidade conseguiu me achar, então não há como saber quando alguém vai aparecer para me devorar.

Eu pensei em fazer as malas e sair naquele momento, mas eu li as cartas novamente e fui convencido o contrário.

Uma carta era de Maiza, um dos meus amigos alquimistas. Ele disse que é o guarda-livros de uma organização em Nova York, mas não elaborou. Sua carta basicamente dizia: “Szilard não existe mais, então acalme-se”.

Szilard. Esse é o nome do velhote desgraçado que traiu todos nós após devorar nossos amigos duzentos anos atrás, quando nos tornamos imortais. Como resultado, nós alquimistas nos separamos, e muitos de nós estamos nos escondendo, com medo. Incluindo eu mesmo.

Szilard realmente não deveria ter feito o que fez.

Afinal, se ele não tivesse sido impaciente duzentos anos atrás…

Eu teria devorado-os por conta própria.

Naquela época eu não pensava desse jeito. Mas os dias dolorosos que suportei após isso começaram a mudar minha mente.

Eu estava vivendo com outro alquimista que havia escapado comigo. Eu não consigo descrever em palavras como a vida com ele era. Pobreza não era o problema. Afinal, imortais como nós não temos que nos preocupar com morrer de fome.

O problema era o amigo com quem eu morava.

Ele era gentil no começo, mas com o tempo começou a revelar sua verdadeira natureza sinistra.

Foi quando nós já tínhamos nos acostumado a escondermo-nos de Szilard. Aquele desgraçado começou a abusar de mim sempre que tinha vontade. Sempre que estava com raiva, sempre que estava feliz, sempre que estava triste. Suas ações estabeleceram-se em nossa rotina diária, quase como respirar ou comer refeições regulares.

Com o tempo suas ações ficaram cada vez piores. Era como se ele estivesse brincando com meu corpo regenerativo. Ele abusou de mim interminavelmente, algumas vezes como um experimento.

Mesmo nós ainda sentindo dor apesar de nossa imortalidade.

Mesmo ele sabendo muito bem disso.

Ele inventava todo tipo de desculpas para se justificar. E toda vez eu caía no que ele dizia. Talvez eu subconscientemente soubesse que se eu recusasse, sentiria ainda mais dor do que eu sentiria aceitando. Afinal, mesmo se eu quisesse escapar, naquela época eu não tinha o tipo de conhecimento ou coragem necessário para viver por conta própria.

E durante esses dias terríveis, nós recebemos uma notícia inesperada: Um companheiro alquimista com quem o desgraçado estava em contato foi devorado por Szilard.

Seu abuso apenas piorou após isso. No começo, ele usava ferramentas científicas, mas depois ele começou a simplesmente me bater. E havia ficado mais violento do que quando usava as ferramentas.

Eu questionava sobre o porquê dele estar fazendo tudo isso. Ele ficou assustado, mais do que ele deveria ter ficado, e começou a cuspir mais desculpas do que antes. Eu lembro que até suas tentativas de bajulação eram nojentas. Ele percebia a maneira como eu olhava para ele, fazia uma careta maior, e me batia novamente.

E uma noite, ele tentou me devorar.

Talvez o fato de que eu estava acordado tenha sido sorte. Talvez eu soubesse que algo como isso pudesse acontecer em um futuro próximo. Eu desesperadamente afastei sua mão direita e revidei com o máximo de força que podia.

Talvez tenha sido graças a eu ter colocado toda minha suspeita e ódio na resistência. Por pouco consegui tocar sua testa com minha mão direita. Antes de eu perceber, tudo sobre ele estava sendo sugado para dentro de mim. Seu corpo , suas memórias, e até suas emoções.

Foi aí que o inferno realmente começou. Tudo que vi em seu conhecimento foram seus sentimentos distorcidos sobre mim e o medo de ser devorado por mim. No fim, eu não era nada além de uma ferramenta para ele satisfazer-se. Não havia um pingo de confiança em sua mente.

Tudo que eu nunca quis ser, as coisas mais nauseantes, impregnadas em minha mente. Agora eu não tenho escolha além de viver com suas memórias e conhecimento amaldiçoados como se fossem meus.

Eu vivi em sofrimento, com as memórias de ser traído e as memórias daquele que me traiu. Eu amadureci mentalmente apenas, como as regras da imortalidade.

E finalmente percebi quão sujos, aproveitadores e insignificantes os humanos são.

Em certo ponto eu até mesmo comecei a respeitar o velho Szilard por viver por seu próprio prazer e nada mais, mas aquele velhote desgraçado provavelmente não me veria como nada além de uma presa.

Não tem problema. Afinal, eu decidi que todo mundo além de mim será minha presa. Se eu não poderia confiar em ninguém mais nesse mundo, então eu iria viver manipulando todos eles. E no fim eu decidi que tornaria todos na humanidade em seres como eu, e devoraria todos.

Para fazer isso, eu primeiro tenho que devorar todos os outros que estavam no navio comigo.

Eu esperava que alguém fosse matar Szilard como vingança algum dia desses, mas eu sei que eu provavelmente poderia sair fazendo a mesma coisa sem ser pego. Eu tenho confiança em mim mesmo.

Afinal, todos eles são bons comigo, e eu duvido que eles consigam me ver como nada além da pessoa que eu era antes. E diferente de Szilard, eles não saberão o que eu estou pensando até eu ter devorado-os. Eles não serão capazes de avisar os outros alquimistas sobre mim.

Estou com medo de que os outros possam me atacar primeiro, mas eu tenho confiança em atacar primeiro.

Eu escrevi de volta para Maiza. Claro, tudo que escrevi foi que eu queria vê-lo de novo.

Eu escolhi a data em que íamos nos encontrar, graças à outra carta que recebi.

Também era de um velho amigo em Nova York. Eu pensei que talvez ele estivesse trabalhando com Maiza, mas parece que ele escreveu por algo completamente diferente. Ele contou-me que queria comprar os explosivos que criei durante meu trabalho.

Eu acho que esse amigo está abrigado com a Família Runorata. Excelente. Eu colocarei minhas mãos em uma grande quantia de dinheiro, e serei capaz de devorar ele, assim como Maiza. E quando eu devorar Maiza, irei naturalmente receber o conhecimento de Szilard também.

Enquanto eu fantasiava sobre minhas ambições tornando-se realidade, percebi que estava sorrindo.


O trem que irá transportar os explosivos foi decidido.

O Flying Pussyfoot. Um trem especial de uma corporação diferente da companhia ferroviária, que é geralmente usado para contrabandear licor.

Eu reuni toda a quantia de dinheiro que eu podia achar e consegui colocar a grande quantidade de explosivos no trem.

E finalmente, era o dia que eu deveria embarcar. Eu tentei passar pelo condutor, que estava checando a lista de passageiros na plataforma, mas ele rapidamente me interrompeu.

“Você está viajando sozinho? Poderia me dizer seu nome?”

Uma vantagem, e desvantagem, de parecer como eu, é o fato de que as pessoas tentam tomar conta de mim. Então eu decidi usar minha aparência para meu benefício o máximo que eu podia.

Até mesmo o homem em quem eu esbarrei não suspeitou de nada. Muito fácil.

É muito ruim que eu não possa usar nomes falsos para coisas assim. Eu faço uma expressão, assim como um tom de voz, infantil, e conto ao condutor meu nome verdadeiro.

“Meu nome é Czeslaw Meyer. Por favor, me chame de Czes!”

In this post:

Deixe um comentário

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

Adblock detectado! Desative para nos apoiar.

Apoie o site e veja todo o conteúdo sem anúncios!

Entre no Discord e saiba mais.

Você não pode copiar o conteúdo desta página

|