Baccano! - Vida: Vigor - Vol 05 - Anime Center BR

Baccano! – Vida: Vigor – Vol 05

Vida: Vigor

Tradutor: PH

Dezembro de 2001

Uma floresta em algum lugar no norte europeu

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“Ei, tem certeza que estamos no caminho certo?”, o pequeno garoto perguntou.

Ele estava sentado no banco da frente de um carro que dirigia através da floresta, arrancando pela neve recém-caída cobrindo a trilha de cascalho. Havia parado de nevar há algum tempo, o sol já brilhava através das coníferas. Estranhamente, a luz do sol diminuía de acordo com que avançavam, por conta das árvores que ficavam cada vez mais agrupadas.

“Não parece que estamos entrando mais fundo em uma floresta ao invés de indo para uma vila? E não há sinais de que um carro passou nessa trilha.”

“Tenho quase certeza de que estamos indo na direção correta, apesar de parecer que, caso a gente continue por aqui, a estrada vai acabar logo.”, o homem usando óculos de armação preta e sentado no banco de motorista respondeu. Ele continuou dirigindo com um sorriso caloroso em sua feição.

“… Bem, se você diz, acho que não tem problema. Mas essa floresta… Estou com um mau pressentimento.”

“Haha, você ainda se preocupa muito.”

“O que você está falando? Você é quem se preocupa de menos.”

O garoto, Czeslaw Meyer, deu um olhar desconcertante na direção do homem no banco de motorista, Maiza Avaro. Mas Maiza apenas olhou rapidamente para ele e deu um sorriso ainda mais largo.

“Com a idade vem a compostura.”, ele disse, apesar de parecer ter apenas uns trinta anos. O garoto fez uma careta.

“Logo eu vou fazer 300 anos. Não estamos tão distantes em idade ou experiência.”

Eles eram, em outras palavras, imortais.

Não eram vampiros ou monstros, mas meramente pessoas com corpos completamente imortais; Vida e juventude eterna, com exceção de quando atacados por outro imortal.

Essa era a maldição e a benção que caía sobre estes tão sortudos. A única maneira de morrer sendo um imortal é sendo devorado por outro semelhante. Tudo que era necessário para isso era colocar a mão direita na cabeça da vítima e desejar…

Eu quero consumir tudo que essa pessoa é.

Somente com esse forte desejo, alguém poderia tomar tudo que fazia da outra pessoa alguém. Memórias, conhecimento, e até mesmo reflexos musculares.

Como se estivessem jogando um jogo, os alquimistas matavam uns aos outros. Como fantoches dançando com os fios do demônio que deu-lhes imortalidade. Claro, a maioria dos crimes terríveis cometidos por eles estavam somente nas mãos de um velho homem.

Duzentos anos atrás, um grupo de alquimistas que uma vez já foi composto por mais de trinta pessoas, agora podia ser contado nos dedos. Porém, com a morte daquele que começou essa guerra, o homem que havia sido o centro desse desastre, Szilard Quates, o terror que uma vez assombrava-os, lentamente começou a sumir.

Maiza e Czes vagaram o mundo, espalhando o conhecimento da morte de Szilard aos seus companheiros, aqueles que haviam se escondido com medo da fome daquele monstro.

E graças a uma dica sobre o paradeiro de um de seus companheiros, Elmer C. Albatross, eles encontraram-se dirigindo um carro através de uma floresta em uma terra estrangeira…

A conversa morreu abruptamente enquanto o carro continuava seguindo em frente. O silêncio reinou por um tempo, até a mulher no banco de trás falar:

“Então, para que tipo de vila estamos indo? Vocês acham que eles ao menos terão um chuveiro?”, perguntou, com a voz clara como um sino. Ela juntou ambas as mãos atrás de si e alongou-se.

Apenas um breve olhar em seu pulso magro e suave através da manga de suas roupas de inverno era um sinal direto de sua beleza. Seu rosto era equilibrado e amável, lembrando a sutil graça de um predador felino, envolto por um cabelo macio que caía naturalmente sobre ele. As curtas mechas prateadas não estavam ajeitadas em um estilo em particular, mas ao invés de prejudicar sua beleza, a desorganização apenas servia para intensificar as linhas de seu pescoço.

Ela era uma mulher que definitivamente se encaixava nas definições da palavra ‘bonita’. Mas essa beleza não era a graciosidade natural de uma deusa em uma pintura. Ao invés disso, sua forma era preenchida por uma sensualidade misteriosa, como se tivesse sido feita de acordo com os desejos da humanidade.

“Hmm…”

A mulher, Sylvie Lumiere, terminou de alongar e se ajeitou, soltando um suspiro. Essa ação apresentava uma fascinante tentação em qualquer um que estivesse olhando, independente do gênero, mas Maiza, talvez acostumado com isso, olhou ela pelo retrovisor e não mostrou sinal de perturbação.

“Teremos que chegar lá para saber.”

“Hmm… O Elmer realmente está lá?”

“Provavelmente. O agente de informação na minha vizinhança não mente.”

Sylvie assentiu, satisfeita com a resposta confiante.

Czes se virou com dificuldade em seu assento e disse: “Ei, Maiza, está ficando escuro mesmo estando no meio do dia.”

Czes curvou sua cabeça em preocupação, e Sylvie curvou-se para frente e envolveu o pescoço dele com seus braços.

“Ah, Czes. Você é tão fofo.”

“Argh! Pare com isso, Sylvie! Eu não sou mais uma criança!”

“Ah! Você parece uma, então é fofo!”

Sylvie esfregou sua bochecha contra a de Czes enquanto ele agitava-se em seu assento. O garoto corou, mas se esforçou para ignorá-la e virar-se na direção de Maiza.

“Mas esse lugar é muito assustador, sério… Parece como se um monstro fosse aparecer por entre as árvores ou algo assim.”

Sylvie riu e acariciou a cabeça de Czes.

“Um monstro? Agora você está agindo como uma criança.”

Ele afastou sua mão suave e murmurou para si mesmo, como se tivesse lembrado de algo indesejável.

“Você só diz isso porque nunca viu um monstro de verdade, Sylvie.”

Ela abriu a boca para perguntar sobre o que ele estava falando, mas antes de conseguir, Maiza a interrompeu, com a expressão subitamente tensa:

“Você está certo. Isso é estranho.”

“Huh? O que há de errado?”

“A floresta ao nosso redor. A densidade das coníferas espalhadas a nossa volta é muito grande. Você pode concluir que essas árvores cresceram aqui mesmo não tendo luz do sol o suficiente para suportá-las.”

Sylvie endireitou-se e olhou ao seu redor. As árvores estavam tão próximas que quase parecia que estavam se abraçando, organizadas próximas uma das outras em uma formação que negava a entrada humana.

“… Agora que você diz, isso é um pouco assustador. Me pergunto o que está acontecendo.”

“Não posso dizer com certeza… Talvez se nós avançarmos um pouco mais, seremos capazes de descobrir algo.”

“Creio que esse lugar combina com Elmer.” Sylvie disse, dando de ombros, aceitando as palavras de Maiza e relaxando mais uma vez, ficando confortável. “Se o alquimista mais malvado naquele barco era Szilard, e o mais assustador Huey, então o mais estranho tem que ser o Elmer. Ele sempre encontrava maneiras de me surpreender… Apesar de que ao mesmo tempo eu acho que ele era o mais feliz.”

“Huey era tão assustador para você? Admito, eu já me encontrei incapaz de imaginar no que ele estava pensando algumas vezes, mas…”

“Claro que sim. Lembra, Elmer era o único que era realmente próximo dele.”

“Realmente, Elmer é meio ingênuo… Apesar de que ele frequentemente costumava vangloriar-se, como aquela ocasião em que disse ter enganado o Luís XV, ou que era imune aos efeitos de um diamante amaldiçoado… Talvez, por ser Elmer, essas coisas podem ser possíveis.”

Subitamente, Maiza parou o carro e olhou pela janela da frente.

Bloqueando o caminho havia um montante de terra, alto demais para ser chamado de colina. A curva em si não era muito ingrime, mas terra e pedras estavam espalhados de maneira aleatória, criando um grande amontoado que seria perigoso de atravessar a pé, e muito mais de carro. Árvores cercavam a subida e mantinham-se quase unidas, tornando impossível de dirigir pelos lados.

“Eu ouvi que havia um túnel passando por esse lugar antes, mas… Parece que ele colapsou e foi enterrado pela terra. Pelo jeito já faz um tempo desde que está assim, mas ao menos nenhuma árvore cresceu aqui.”

“O que você quer dizer com ‘ao menos’? De qualquer forma, nós ainda não podemos dirigir por essa coisa. Eu não entendo por que eles não reconstruíram o túnel.”, Sylvie disse.

Maiza deu de ombros.

“Era um túnel que ninguém usava. Essa é a entrada para a propriedade privada logo a frente, então talvez o dono da área decidiu não utilizar mais esse caminho.”

“Hmm…”, Czes assentiu em entendimento, então parou. “Espere, Maiza. O quê? Propriedade privada? Pensei que você disse que Elmer estava em uma vila.”

“Isso mesmo. Pelo que me lembro, há uma vila dentro da propriedade privada além daqui.”, Maiza disse, com calma. O olhar de Czes encontrou o de Sylvie no retrovisor, uma sobrancelha curvou-se para cima.

“Hahaha. Eu tentei contatar o dono da propriedade com a desculpa que estaríamos fazendo uma pesquisa na vida selvagem, mas foi tudo em vão. Parece que ele é um homem rico, mas eu não tenho conexões para falar nesse país.”

Apesar de ser um camorrista de uma organização criminosa americana, parece que tal posição era de pouca ajuda em um país onde ele não conhecia ninguém. Sylvie franziu as sobrancelhas e murmurou para si mesma:

“Uma vila… Dentro de uma propriedade privada?”

“Isso mesmo.”

“Você tem certeza de que esse seu agente de informação é confiável?”

“Claro.”

Sylvie encarou Maiza como se ele fosse estúpido.

“Agora, devemos ir? Segurem-se.”

Ir aonde? A pergunta estava na ponte de suas línguas quando Maiza pisou fundo no acelerador.

“Ah! Mai-”

thumptrumpthrlumthunmp…

O grito desesperado de Czes foi ofuscado por um choque tão tremendo que tremeu o chassi inteiro do carro. Seu corpo leve foi jogado violentamente para todas as direções, com o impacto percorrendo de sua espinha direto para seus pulmões.

“AaaaAaAaaaaah!”

Sylvie deitou no banco de trás, absorvendo o choque enquanto o tom dos gritos de Czes aumentava e diminuía de acordo com o carro. Por longos minutos, o automóvel continuou avançando, e finalmente parou com uma grande batida; O outro lado do montante terminou com uma queda ingrime que os deixou três metros acima do chão.

“Aaarhg!”

Naquele momento um grito veio de trás do banco traseiro, área entre o acolchoado dos assentos e o painel traseiro, mas nenhuma das três pessoas no carro percebeu, e ao invés disso tentavam recuperar suas respirações.

“… De tempos em tempos, você faz algumas coisas bem selvagens, sabia?”

“É por causa do trabalho.”

“Algumas vezes em invejo essa sua compostura eterna.”

“Perdão.”

Czes e Sylvie encararam Maiza, mas ele apenas riu e olhou para fora do carro. O caminho de cascalho nevado estendia-se novamente, apesar de que parecia como se o carpete de neve no chão estivesse um pouco mais fino, talvez por conta das árvores que estavam mais juntas do que antes.

“Agora, se avançarmos mais uns cinco quilômetros, deveremos chegar até lá…”

“Maiza! Seu tolo, você está tentando me matar?!”

Outro grito veio de trás de Sylvie, mas Maiza pisou no acelerador como se não tivesse escutado nada. Após ter certificado-se de que não havia nada de errado com o motor, ele pisou na embreagem e trocou para a primeira marcha.

“Você está me ouvindo, seu desgraçado?!”

“Claro que estou, Nile.”, Maiza disse calmamente, e em um só movimento pressionou o acelerador até o chão. “A estrada ainda está meio ruim, então tome cuidado para não morder sua língua sem querer.”

A neve caía em todas as direções, e as rodas giravam furiosamente.

“Não tente mudar de assunto. Eu digo isso: Coisas como essa são o motivo por que sua namorada te- Argh!”

Um impacto alto soou no porta-malas. Por um momento Maiza olhou para trás com uma expressão preocupada, mas logo virou para frente e concentrou-se em dirigir novamente.

O homem atrás não falou mais.

Era uma situação inegavelmente desconfortável, mas ninguém naquele carro pareceu se importar muito, e o veículo apenas avançou cada vez mais fundo naquela floresta escura.

Para uma vila que não poderia ser achada em mapa algum, para achar um velho amigo…

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Pessoas chegaram na vila.

Eles chegaram em uma coisa estranha.

Uma caixa de metal colossal. Como uma carruagem, mas um pouco menor.

Como a carroça que o mercante dirige. Parece isso.

Assim como o veículo do mercante, se move sem a ajuda de cavalos.

Mas é um pouco diferente. Não parece estar carregando bens.

A caixa de metal para na entrada da vila.

Eu sou a primeira da vila a perceber.

Mas o aldeões são os primeiros a se aproximar. Segurando armas. Um por um, eles caminham na direção da caixa metálica.

Infortúnio irá cair sobre alguém.

Mais alguém será infeliz.

Eu posso sentir isso. Assim como foi antes…

… Cinco anos atrás, quando Mestre Elmer foi morto pela primeira vez…

Eu apenas posso olhar. Até mesmo agora, eu apenas posso ficar parada e observar os aldeões avançando, com seus corpos cheios de medo e hostilidade.

E apenas posso associar à verdade que contemplo.

Essa é minha missão.

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“Ah, aqui está.”

Após um tempo, Maiza e seus companheiros emergiram da floresta e chegaram a uma estrada levemente mais larga que o caminho de cascalho que deixaram para trás. Seu campo de visão expandiu-se dramaticamente, com um brilhante mundo branco desdobrando-se diante de si. No início eles acharam que era uma planície normal, mas pela maneira como a estrada estava disposta em uma linha reta, parecia que os campos de neve ao seu redor provavelmente eram campos agrícolas.

“Campos de cevada, talvez.” Maiza disse, fazendo os outros dois olharem ao redor. Os campos, maiores do que pareciam, eram cercados pela floresta. Havia caído menos neve do que pensaram, e de vez em quando podiam ver um pouco do solo através do carpete branco.

E no fim da estrada, diante deles, haviam algumas construções.

“Então realmente havia uma vila.”

“Você tem certeza de que essa é uma propriedade privada?”

Maiza não prestou atenção nas palavras dos dois, e estacionou o carro onde era suposto ser a entrada da vila.

As construções eram feitas de pedra. De longe, elas pareciam como celeiros feitos para trabalho agrário, mas assim que o carro aproximou-se, tornou-se claro que na realidade eram casas. Elas pareciam um pouco diferentes do restante das moradias que viram no país, mais como galpões do que casas.

As estruturas por si só eram velhas, mas a atmosfera da vila também era tão antiquada que eles quase sentiam como se tivessem entrado em um filme. Nenhuma arquitetura com visual moderno poderia ser vista, aumentando ainda mais a sensação.

Mas nenhum dos viajantes estava verdadeiramente confuso, a visão diante deles era diferente do verdadeiro passado que eles experienciaram. Era como se a vila não tivesse sido feita naturalmente, mas ao invés disso foi construída de acordo com os cálculos de alguém…

“Maior do que eu esperava.”

Pelo que parecia, a estrada onde estacionaram era o caminho principal; Diversas casas estavam presentes em cada lado. Haviam construções de madeira e chalés de lenha além das casas de pedra que viram antes, desorganizadamente misturados entre si.

“Parece como uma vila construída apressadamente, não parece? Um pouco fora de estilo.”, Czes murmurou.

“Eu não sei, acho que tenha um charme antiquado.”, Maiza respondeu.

Sylvie fechou seus olhos e soltou um suspiro exagerado, deixando seus ombros caírem. “Droga. Eu não acho que esse lugar tenha um chuveiro… Nem mesmo água encanada.”

“Acho que isso é o de menos, Sylvie.”, Maiza disse subitamente, com a voz tensa.

“Por quê?”

Algo em seu tom fez Sylvie olhar para fora da janela mais uma vez.

Havia uma garota vestindo roupas velhas no centro da estrada larga que dividia a vila, timidamente encarando o carro.

“O que tem ela?”

“Não é ela. São os outros.”, Czes disse. Sua voz também estava levemente preocupada.

Talvez sentindo algo a partir da expressão da garota, Sylvie olhou ao redor com cuidado. No começo pensou que apenas a menina estava lá, mas logo percebeu que muitos olhos estavam observando-os das sombras nas ruas.

Nas sombras, atrás das janelas, dezenas de silhuetas estavam em silêncio, os encarando sem falar nada.

“Hmm… Parece que esse é o caso.”

“O que é o caso?” Czes perguntou, incapaz de conter seu nervosismo. Maiza ajustou a mão no volante.

“Bem, há alguns casos de vilas sendo fundadas dentro de propriedades privadas. Por exemplo, organizações ilegais e grupos religiosos extremistas geralmente fundam bases como essa.”

“E isso significa?”

“Não há como dizer o que farão com forasteiros. Se tivermos sorte, irão nos entregar às autoridades por invasão, mas no pior dos casos…”

Maiza pausou, seus olhos afiados estreitaram-se, e em seguida continuou:

“Os resultados serão terríveis.”

“Vamos embora. Eu não quero me envolver em algo que pode tornar-se incômodo.”

“Espere, Czes. Se Elmer está aqui, nós temos que perguntar para essas pessoas, gostando ou não. Se Elmer tornou-se um membro dessa vila, então certamente eles irão nos receber assim que explicarmos nossas circunstâncias.”

Contrário a opinião positiva de Maiza, Czes manteve-se pessimista.

“E se ele não tiver tornado-se um membro, ou se ele nunca esteve aqui pra começo de conversa?”

“Alguém está vindo.”

“Maiza? Ei, me responda. Olhe para mim, Maiza!”

Czes o agarrou e balançou-o com força, mas Maiza apenas ignorou-o e saiu para fora do carro sozinho.

“Bem, nesse caso, eu suponho que não temos escolha além de correr.”

Um homem aproximou-se deles pela estrada, acompanhado por diversos jovens. Ele parecia estar na meia-idade, tinha olhos afiados e um bigode cheio. Seu corpo magro e estava envolvido por roupas de inverno grossas, feitas de pele grossa e não de fibras sintéticas. Os jovens o seguindo vestiam-se similarmente, e em suas mãos haviam bastões de metal e rifles de caça.

Os rifles eram velhos; A memória de Maiza indicou que eram modelos usados há um século.

A garota ainda estava de pé no meio da estrada, e ao aproximarem-se de Maiza, os homens afastaram-na agressivamente. Eles encaravam-no com ferocidade, e seus pés pisoteavam com força o chão de pedra.

De acordo com cada construção pela qual passavam, uma ou duas silhuetas que estavam observando das sombras juntavam-se a eles, e logo o grupo marchando na direção do grupo de Maiza estava com o dobro de membros.

Haviam mulheres entre aqueles que juntaram-se ao grupo, e em suas mãos carregavam facas de cozinha e enxadas, com os olhos cheios de hostilidade.

Porém, mesmo ao fechar a porta do carro atrás de si, Maiza não parecia nem um pouco preocupado. Sua mão manteve-se posicionada na maçaneta da porta, preparado para abri-la e entrar assim que necessário.

Espero que consigamos nos comunicar.

“… Quem são vocês? Você não é o mercador… Como chegaram aqui?”

Como se respondendo as preocupações de Maiza, o homem que parecia ser o líder falou. Maiza desejava ter falado primeiro, mas o grupo de aldeões parou antes do esperado.

Ainda assim, certa tensão do seu corpo esvaiu-se quando ele percebeu que os camponeses ao menos falavam no dialeto comum do país.

“Com licença. Nós somos apenas viajantes comuns.”

Havia a chance de que apenas dizer o nome da pessoa que estavam procurando iria elevar as suspeitas dessas pessoas. Maiza decidiu fingir ser um viajante e observar suas reações.

“Viajante… Você diz?” O homem perguntou com cuidado, dando uma olhada furtiva no carro antes de encarar Maiza por completo. Havia uma luz escura em seus olhos, não era raiva, era algo mais como grande ódio.

Ele olhou mais uma vez para o carro e então para Maiza, e sua expressão ficou mais severa. “Faça todos ali dentro saírem.”

“Posso perguntar o porquê?”

“Eu tenho que ter certeza de que não há nenhuma pessoa estranha com você.”

Maiza perguntou-se qual seriam os padrões do homem para ‘estranho’, mas decidiu que não havia nada a ganhar com uma discussão desnecessária. Ele soltou um leve suspiro e sinalizou para os dois dentro do carro.

A hostilidade dos aldeões diminuiu minimamente ao verem Czes sair. E quando Sylvie saiu do banco traseiro, seus olhos arregalaram-se.

Ela olhou ao seu redor aguçadamente, então estreitou os olhos e inclinou-se contra a porta do carro em um movimento suave. Com isso, a animosidade direcionada a eles morreu ainda mais, e alguns dos homens olhavam para ela com emoções em seus olhos diferentes daquelas que estavam anteriormente.

“… É isso?”

Apenas o líder recusou-se a vacilar.

“Você é muito prudente.”, Maiza disse de maneira zombeteira, como resposta.

Mas o homem não reagiu, ao invés disso disse: “Eu sou o prefeito, Dez Nibiru.”

“Prazer em te conhecer, eu sou-”

O líder, Dez, desviou o olhar, interrompendo a introdução de Maiza.

“Eu não quero escutar forasteiros. Não podemos acomodar vocês, então vão embora agora.”

“Por favor. Nós não estamos pedindo para vocês deixarem a gente dormir em uma de suas casas. Se pudermos apenas ficar aqui por um tempo nesse carro…”

“Essa vila não pode arriscar ficar envolvida com forasteiros agora. Não queremos seus problemas. É por causa de forasteiros como vocês que aquele demônio-”

Dez subitamente fechou sua boca.

O rosto de um homem subitamente surgiu na mente de Maiza. O demônio que havia dado a vida eterna para eles… E ao mesmo tempo, o homem que era seu companheiro camorrista, agora distante em Nova York. Mas não tinha como ele estar aqui, então Maiza decidiu perguntar para certificar-se que suas suspeitas seriam desfeitas.

“Demônio?”

“Não é nada. Saia dessa vila… Não, saia dessa floresta, agora.”

“Um demônio, você disse?”

O prefeito bufou com o interesse contínuo de Maiza e relutantemente abriu sua boca:

“… Há um monstro vivendo aqui.”

Uma terra afastada do mundo exterior por uma parede de árvores, e um monstro que atacou a vila.

Tal cenário oculto soava mais como algo que seria encontrado em uma fábula ou lenda, mas ao invés de zombá-lo, Maiza manteve-se em silêncio e esperou Dez elaborar.

“Você não pode nem imaginar o quanto essa coisa está nos atormentando. Não, você nem mesmo acreditaria se eu contasse para você.”

“O que é essa monstro?”

“Eu não tenho mais nada para te dizer! Saia, agora!”

A raiva de Dez fez sua respiração condensar no ar frio do inverno. Maiza ficou em silêncio por um momento, então, como se confirmando uma teoria, ele murmurou:

“… Elmer… Elmer C. Albatross.”

Um alvoroço.

O ar tornou-se carregado por uma energia de nervosismo.

No momento que essas palavras saíram dos lábios de Maiza, a atmosfera mudou em um instante. A hostilidade que lentamente se esvaía retornou com força total, e até mesmo os homens que estavam perdidos na beleza de Sylvie subitamente voltaram seus olhares para Maiza, com as cabeças virando como brinquedos.

Até mesmo o prefeito, que havia mantido uma expressão fria até o momento, subitamente encarou-os com olhos arregalados.

“Seus desgraçados…”

“Estamos procurando por ele. Se ele não está aqui, então iremos embora-”

“Agarre-os!”

O grito do prefeito interrompeu as palavras de Maiza e soou pela rua.

Os aldeões avançaram como água em uma barragem. Eles pareciam quase como um grupo de animais selvagens atacando sua presa, mas Maiza percebeu que havia outra emoção em seus olhos, além da animosidade.

… Medo?

Ele percebeu o terror em seus olhos, mas antes que pôde ter certeza, os homens estavam avançando e o agarrando.

Mas Maiza manteve-se calmo, tendo previsto isso desde o começo. Mantendo o seu olhar estável, ele recuou para trás, conseguindo evitar por pouco as mãos que tentavam o prender.

“Por favor, acalmem-se. Nós não queremos-”

No momento que olhou para o prefeito, viu que o jovem atrás de Dez estava mirando seu rifle.

“Vejo que palavras não vão adiantar.”

O alto som de um tiro ressoou, e o corpo de Maiza estremeceu com o impacto.

“Maiza!” Sylvie gritou sem querer. Ao contrário dele, ela não sentiu a situação dando errado, e ainda estava escorada no carro. Czes, porém, já havia percebido a atmosfera em um instante e já havia retornado ao veículo.

O disparo rasgou a pele da coxa de Maiza, retalhando suas calças grossas e esguichando sangue em todas as direções.

Enquanto os aldeões reuniam-se à frente, sentindo uma abertura, o prefeito estava focado em outra coisa: O sangue que havia saído da perna de Maiza. Um forte sentimento de presságio tomou conta de seu peito enquanto ele encarava os respingos escarlates nas pedras.

E suas preocupações foram confirmadas.

O sangue que deveria ter ficado no chão começou a rastejar pela terra.

Possuídos por vida própria, os pingos de vermelho reuniram-se na perna de Maiza. Como se dançando, os respingos uniram-se um com o outro, então avançaram até a sua perna e fluíram pela sua calça.

Os aldeões que estavam tentando atacá-lo também perceberam. Eles congelaram onde estavam e recuaram, com os rostos pálidos de medo.

“Ele é igual…”

“Um demônio.”

“Ele é igual aquele…!”

“Nós vamos morrer.”

“É o nosso fim.”

“Não olhe em seus olhos…”

Os aldeões murmuraram entre si, desviando o olhar de Maiza.

Enquanto isso, ele parou, um pouco suspeito.

Durante sua vida, ele tinha, de tempos em tempos, sido pego no ato de regeneração. Aqueles que o viram sentiram medo e correram de si. Seu chefe, o don de uma pequena organização criminosa em Nova York, foi uma das poucas exceções.

Mas a reação que esses aldeões demonstraram foi um pouco diferente daquelas que ele observou durante os anos. Normalmente, aqueles que o viam se curar temiam-no como algo desconhecido, mas… Essas pessoas pareciam temê-lo como algo que estavam familiares. Não era o medo do desconhecido que os fazia estremecer de medo. Mas sim as implicações do que representava um homem que podia se curar de ferimentos em segundos.

Ah, entendo.

Maiza assentiu e entendeu a situação mais uma vez.

Os homens que haviam recuado dele subitamente avançaram na direção de Sylvie. Pela maneira como eles encaravam-no enquanto corriam, parecia que estavam tentando fazê-la de refém.

“Espera, o que vocês estão fazendo?”

Sylvie tentou desviar do primeiro homem a alcançá-la, mas ele foi um pouco mais rápido e sua mão grande agarrou o seu pulso fino.

Maiza quase moveu-se para salvá-la, porém parou no meio do caminho. Atrás dela, a janela do banco traseiro lentamente abaixou com um barulho baixo. O jovem que agarrou Sylvie estava tão focado em imobilizá-la que não percebeu a mão marrom clara que emergiu da janela até esta já estar envolvendo o seu próprio pulso.

“Argh!”

O jovem soltou um grito e afastou-se de Sylvie como se tivesse se queimado. O braço saindo do carro rapidamente voltou para dentro, arrastando o corpo do jovem consigo.

“Aaaaaaah!”

O braço dele já estava metade para dentro antes de poder reagir. Logo o barulho baixo retornou; Alguém no carro estava fechando a janela enquanto o braço do jovem ainda estava em seu caminho.

“Aaaauurgh…”

Uma pressão tremenda atingiu o membro. O vidro não era forte o suficiente para feri-lo com rapidez, mas ainda assim ele afundava-se impiedosamente em sua carne enquanto um som torturante de maquinário preenchia o ar.

Aqueles cercando Sylvie congelaram, incapazes de entender a situação. Ela olhou cuidadosamente para dentro do carro, então rapidamente se afastou. Quando alcançou a parte da frente do carro, a porta traseira abriu bruscamente, com o braço do aldeão desafortunado ainda preso na janela.

“Yaaaaaahggh!”

Seus pés saíram do chão e ele começou a voar pelo ar, mas o braço preso na porta o impedia. Um barulho doentio preencheu o local, mas ninguém foi capaz de discernir se o som havia vindo dos ossos ou juntas do jovem.

E quando um grito soou, alguém saiu para fora do carro…

“Um… Um monstro?”

Diferente da reação que demonstraram com Maiza, as vozes dos aldeões agora estavam preenchidas pelo medo do desconhecido. O homem que saiu do carro era simplesmente estranho.

Ele estava vestido inteiramente com seda branca, e suas mangas chegavam até o cotovelo, mostrando sua pele marrom clara. Elas não eram roupas finas, mas considerando o clima congelante, eram mais do que o suficiente para fazer aqueles que observavam estremecerem.

Apenas as suas roupas não eram motivo para tanto alarme, mas a área acima de seu pescoço, por outro lado, era.

Uma máscara peculiar cobria sua face. Era um objeto ornamentado, com um design que não estaria fora de lugar no sudeste asiático, ou em um festival em Hong Kong; Sua cor era marrom e era acentuada com seções vermelhas e laranjas.

Ainda mais, o pouco que poderia ser visto por trás da máscara não era pele, mas bandagens fortemente enroladas. Em outras palavras, esse homem havia coberto sua cabeça com ataduras e então colocado a máscara. Através dos buracos para os olhos, os aldeões poderiam ver olhos cobertos pela metade, brilhando com uma luz afiada.

Tal homem havia aparecido. Os aldeões observando começaram uma confusão tremenda, com suas vozes preocupadas preenchendo o ar.

O homem mascarado ignorou suas reações e calmamente virou-se na direção de Maiza.

“Você dirige como um maluco. Digo isso mais uma vez. E novamente repito: Você está tentando me matar?”

A máscara escondia sua expressão, mas pelo seu tom de voz, era certo que estava irritado.

“Normalmente, eu iria te espancar, ou te mandar voando com um chute, mas considerando a situação, eu irei te perdoar. Digo isso: Eu te perdoo.”

“Obrigado. Você tem a minha gratidão eterna, Nile.” Maiza disse, dando de ombros. Ele virou e falou com o grupo do prefeito, que agora estava quase paralisado pelo choque:

“Ah, eu devo deixar claro que essa pessoa não estava dirigindo conosco; Nós estávamos meramente carregando ele atrás do banco traseiro. Por favor, não confundam. Não tentamos escondê-lo.”

Mas eles nem estavam escutando. Eles apenas podiam encarar sem falar nada, incapazes de desviar os olhares do homem aterrorizante diante deles.

O mascarado, Nile, olhou brevemente para as pessoas e cruzou seus braços, logo voltando seu olhar para Maiza.

“Eu não sei o que está acontecendo, mas parece que eles se acalmaram, ao menos. Mas eu te pergunto, Maiza: O que você quer que eu faça?”

“Ah… Não quero confusão, então tente não machucar ninguém.”, Maiza disse, mais preocupado com os aldeões do que com Nile.

O homem assentiu brevemente e deu uma volta no carro. Com seu pé na roda reserva atrás do veículo, ele impulsionou-se até o teto em um movimento só, cruzando seus braços mais uma vez e encarando de cima as pessoas da vila.

Assim que certificou-se de que os olhos deles estavam direcionados em si, ele falou:

“Ótimo. Primeiro, ajoelhem-se. Falaremos assim que vocês fizerem isso.”

Sua voz era baixa, porém clara, sendo carregada com facilidade pelo ar. Suas demandas eram ridículas, porém nem Sylvie ou Maiza protestaram, sendo acostumados com esses hábitos há muito tempo. Porém…

“Nile, essas pessoas não entendem inglês.”

… Talvez fosse melhor assim.

O silêncio reinou entre as pessoas reunidas por um momento, e…

“O quê?!”

A voz sob a máscara soou levemente surpresa.

“Como ousam me fazer de tolo?!”

“Eu nunca nem sonharia com isso. Você não estava escutando? Nem uma única palavra da nossa conversa até agora foi em inglês.”

“Hmm… Então foi meu erro. Eu devo reconhecer isso. Irei reconhecer meu erro, ao invés de tentar escondê-lo! O problema é: Os únicos idiomas que sei falar além de línguas berberes são o inglês, chinês e indonésio. O que devo fazer?”

“Não faça nada. Na verdade, eu prefiro que você desça daí antes que acabe danificando o teto do carro.”, Maiza respondeu, esfregando a própria testa.

“Os aldeões estão todos assustados porque você está falando idiomas que eles não entendem.”, Sylvie disse, finalmente conseguindo falar algo.

“Hmm.”

Nile bisbilhotou os moradores através de sua máscara, ainda arrogante. Eles estavam espalhados para cercar Maiza e Nile em um semicírculo irregular, conscientemente tentando manter uma distância entre eles e os dois. O jovem que teve seu braço preso na janela finalmente conseguiu se livrar, com lágrimas percorrendo sua face enquanto recuava.

Se eles entendessem o que Nile estava dizendo, talvez sua hostilidade teria diminuído por conta da audácia dele, porém apenas podiam entender as palavras de Nile como barulhos assustadores e sem sentido.

“Entendo… Maiza, eu digo isso.”

“O quê?”

“Nós não vamos sair dessa pacificamente.”

“De fato.”, Maiza respondeu.

Apenas os jovens perto do prefeito haviam mantido sua calma. Todos eles tinham seus rifles elevados, apontados na direção de Maiza e Nile.

“Mirem nas cabeças.”

Os homens, caçadores pela maneira como manejavam suas armas, ajustaram suas miras de acordo com a ordem do prefeito.

“Se eles forem como ele, não serão capazes de se mover por um tempo caso tenham suas cabeças estouradas. Se pudermos pegar ao menos um deles, seremos capazes de usá-los como fichas de troca contra ele.”

Apesar de que objetivamente parecia que os aldeões estavam em vantagem, nem um único deles estava certo da vitória. Até mesmo aqueles que miravam seus rifles estavam com suas palmas encharcadas de suor.

Nile bufou.

“Vão, atirem. No momento que apertarem o gatilho, irei considerá-los meus inimigos. E digo isso: Eu vou exterminar todos vocês!”

“Já te disse, eles não entendem uma única palavra de inglês.”

Mesmo quando suspirou e zombou de Nile, os olhos de Maiza nunca desviaram dos canos dos rifles.

Agora, o que fazer? Ser pego de propósito é uma maneira de fazer isso…

Mesmo enquanto tais pensamentos preenchiam a sua cabeça, o ar hostil vindo dos aldeões intensificou mais ainda.

Encarando o céu azul claro acima, Maiza tomou uma decisão. Ele iria fazer seus companheiros correrem e permitir ser capturado. Todos eles poderiam escapar juntos, mas ele não queria largar essa dica sobre o paradeiro de Elmer se possível.

Maiza deixou para trás a sua posição como o executivo financeiro de uma organização Camorra de Nova York, a Família Martillo, por uma jornada através do mundo. Não por turismo, mas para achar os imortais que estavam espalhados por todo o globo.

Por três décadas, ele viajou com Czes para achar seus velhos companheiros alquimistas. Havia tomado uma quantidade considerável de tempo apenas para achar Sylvie e Nile, mas para eles, imortais no mais verdadeiro dos sentidos, tal tempo significava pouco. E apenas quando Maiza estava desistindo de achar os dois restantes, ele encontrou uma informação sobre um deles, Elmer C. Albatross. Era uma dica de uma agência de informação que ele frequentava. Não era algo vago, detalhava exatamente a localização da vila. Mas até mesmo a agência não descreveu a vila em detalhes, e ao invés disso usou as simples palavras: “Segredo de troca”. Porém, para Maiza, desesperado por qualquer tipo de ajuda, até mesmo isso foi um milagre.

Ele não poderia largar essa chance. Ele tinha oito meses até o dia que prometeu voltar à Nova York. Se ele perdesse Elmer aqui, não teria tempo para outra tentativa.

Havia um pouco de impaciência em suas ações. Era por isso que ele especificamente mencionou o nome dele, mesmo depois de ter deduzido pelas reações dos aldeões que o demônio do qual falavam provavelmente era Elmer.

Mas mesmo que ele esteja desentendido com os aldeões, e Nile tenha atraído tudo isso para si mesmo, ele não poderia permitir que Sylvie e Czes tornem-se envolvidos. Afinal, só porque eles são imortais não quer dizer que são imunes a dor.

Assim que Maiza virou-se para sinalizar que estava se entregando, ele viu algo no canto de seus olhos. De onde Maiza estava, eles estavam aproximando-se do outro lado da vila, o lado oposto de onde ele e os outros emergiram da floresta. As três figuras desconhecidas estavam todas vestindo roupas vermelhas claras e andando à cavalo.

Maiza congelou, de costas para os moradores, mas eles também pararam logo antes de atacá-lo e engoliram em seco, com as bocas secas, vendo as três figuras montadas.

“Olhem… As mensageiras estão aqui.”

“Abaixem suas armas!”

“Droga, elas não deveriam vir nesse dia…”

“Então eles realmente são demônios, afinal…”

Baixos sussurros preocupados espalharam-se de acordo com que alguns largavam suas armas, e outros corriam para suas casas e batiam as portas atrás deles. As diversas presenças que estavam encarando o grupo de Maiza das sombras sumiram como um sonho. Em meio à súbita confusão, apenas o prefeito e o grupo próximo a ele mantiveram-se onde estavam, encarando o trio.

“O quê? O que é isso?”

“Hmm?”

Nile e Sylvie também ouviram os sons dos cascos dos cavalos e viraram para olhar.

Os animais pararam uns dez metros do carro. As três figuras eram mulheres… Não, pelo que parece elas poderiam ser chamadas de garotas. Elas pareciam similares, e Maiza supôs que poderiam ser irmãos.

Em adição às suas roupas vermelhas, o tecido branco costurado em suas mangas lembrava o Papai Noel. Era uma visão que parecia incomum quando comparada às roupas antiquadas dos aldeões.

“… Mestre Dez.”

Uma delas desceu do cavalo e timidamente olhou para o prefeito hostil.

“Essas pessoas são convidados do Mestre Elmer. Eu irei guiá-los até o castelo.”

“Desgraçadas…”

O prefeito olhou para as garotas com um olhar que poderia ter derretido metal.

Ao invés do medo que ele demonstrou com Maiza ou Nile, apenas desgosto poderia ser encontrado em sua expressão.

“Por favor, voltem. O Mestre Elmer ordena.”

O prefeito manteve seu silêncio por um bom tempo, fez um vago som de desgosto, e voltou sua cabeça aos aldeões. Com seu sinal, os jovens que ainda sobraram viraram e foram embora.

A entrada da vila, que até a aparição das garotas havia sido uma cacofonia quase constante de vozes, estava em total silêncio. A atmosfera era difícil de descrever, e até mesmo Maiza encontrou-se sem saber o que falar por conta da intrusão inesperada.

A garota que havia falado com o prefeito finalmente quebrou o silêncio. Ela colocou um pé no estribo e falou com Maiza e os outros:

“Hmm… Se vocês me acompanharem, eu ficaria… Aah… Grata. Esse lugar… É perigoso.”

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