Capítulo 121 – Yang Na
Li Huowang ficou chocada quando viu o estado em que o corpo dela estava.
— Isto… Eles fizeram tudo isto com você? — Sua voz estava tremendo; ao mesmo tempo, seu ódio pela Seita Ao Jing ficou ainda mais forte.
— Eles só fizeram uma parte disto no começo. Depois, fiz a maioria sozinha para assimilar na seita e me tornar uma deles. — Yingzi colocou calmamente o manto de volta antes de continuar num tom cheio de ridículo. — Já sacrifiquei tanto e pensei que já era uma deles; no entanto, acabou não sendo o caso. Em seus olhos, não sou nada mais que um peão descartável.
LI Huowang queria consolá-la, mas não sabia o que dizer. Assim, só podia deitar de volta na cama.
— Não se preocupe. Tirarei você deste lugar amaldiçoado. Você pode recomeçar — falou Li Huowang.
Entretanto, Yingzi não respondeu.
Li Huowang sabia que suas palavras não tinham poder; se ela mesmo não quisesse, sua vida jamais melhoraria.
Splat~
Naquele momento, uma língua molhada começou a lamber o rosto de Li Huowang — foi Pão, que estava deitado em seu peito.
Li Huowang o afagou e encarou o teto preto.
Quando acordou no segundo dia, alguém já tinha enviado seu café da manhã, que consistia em mingau de batata junto de biscoitos multigrãos.
Primeiro, Li Huowang deu um pouco de comida ao cachorro. Após confirmar que não estava envenenado, convidou Yingzi para comer com ele.
Li Huowang decidiu não perguntar nada hoje. A posição dela na Seita Ao Jing era relativamente baixa, então só saberia algumas coisas que seriam consideradas de conhecimento comum. Ele provavelmente tinha uma chance maior de aprender algo novo se saísse sozinho.
Ele até pensou numa desculpa caso Shou San perguntasse o que ele estava fazendo de fora. Ele apenas diria que queria aprender como os membros da Seita Ao Jing causariam dor em si.
Sob a orientação de Yingzi, Li Huowang começou a vagar pelo sistema de caverna.
Li Huowang conseguiu vagar livremente sem nenhum membro interceptá-los. Tudo que fizeram foi olhar para ele. Ele não tinha certeza se isto foi por causa de sua adesão as regras deles ou ao Livro de Carne entregue pela Abadessa Jing Xin.
Com seus sentidos apurados, Li Huowang conseguiu detectar um senso de alerta e curiosidade dos membros da seita. Também havia algumas emoções não identificadas interligadas com aquela curiosidade.
Entretanto, logo decidiu ignorá-los; ele estava sentindo cada vez mais repulsa pelas coisas que viu no sistema de caverna.
Se as Dezoito Camadas do Inferno descritos no Budismo realmente existisse, então este local era precisamente isto.
Esfolamento, cortar no meio, desmembramento, cortar partes do corpo, morte por milhares de cortes e vários outros métodos de tortura que ele nunca vira antes.
O seu estômago começou a revirar devido o fedor intenso de sangue atacando seu nariz.
Logo, ele saiu da área cheia de som de carne sendo rasgada e gritos. Mal conseguiu respirar enquanto escorava numa parada quando viu uma figura pequena correr com um cata-vento nas mãos. O garotinho usava um par de sapatos e um chapéu feito de pele de tigre enquanto levantava feliz o cata-vento.
— Pai, você é devagar demais — disse o jovem.
Atrás do garoto estava um dos membros da seita. Ele levantou as mãos cicatrizadas enquanto corria atrás do garoto: — Filho, você é rápido demais.
Vendo ambos saírem, o rosto de Li Huowang contorceu com desgosto: — Estes lunáticos malditos! Eles não têm consciência?
Yingzi, que estava liderando o caminho, deu uma olhada em Li Huowang antes de continuar: — Senhor, você parecia estar interessado nos outros livros da Seita Ao Jing. Se quiser, posso dar meu livro. Que tal?
Yingzi esperava uma resposta, mas não houve nenhuma. Quando se virou, viu que o Taoísta de manto vermelho estava segurando a cabeça com uma dor aparente.
— Droga! Está aqui de novo! — Li Huowang sentiu o entorno desaparecer de repente. Sabia que a alucinação estava começando novamente.
— Senhor? Senhor, qual é o problema? — Yingzi se aproximou rapidamente.
Naquele momento, Li Huowang viu com os próprios olhos a figura de Yingzi virar a de uma enfermeira.
— Role a língua para dentro, não morda nela — instruiu a enfermeira.
Quando ela viu como Li Huowang estava a encarando atordoado e sem falar, ela suspirou e saiu.
Enquanto isso, Li Huowang estava olhando para o sol, atordoado e sem saber o que fazer.
— Espera! Ainda estou fora na realidade! É extremamente perigoso! — Li Huowang cuspiu.
Percebendo o perigo em que estava, ele falou com urgência: — Yingzi, ouça-me; me leve de volta logo para o quarto e me amarre…
— Huowang. — Uma voz o interrompeu.
Ao ouvir a voz, Li Huowang levantou a cabeça e viu o rosto choroso de Yang Na. Ela ainda usava o mesmo traje simples que consistia em um suéter branco e um par de jeans com uma pequena bolsa na cintura.
— Huowang, consegue reagir a minha voz agora? Você está acordado? Consegue me reconhecer? — Yang Na correu e agarrou suas mãos.
Li Huowang foi lançado em confusão quando sentiu o calor familiar. Ele congelou instintivamente e fingiu que não havia voltado aos sentidos.
Vendo isto, a empolgação nos olhos de Yang Na logo virou decepção; mesmo após chamar seu nome algumas vezes, não houve resposta.
Lágrimas acumularam nos olhos dela e mancharam seus longos cílios. Sua voz suave estava tremendo: — Huowang, seu mentiroso. Você falou que iria à universidade comigo! Já estou no primeiro ano e você ainda nem acordou!
Quando ouviu isto, Li Huowang sentiu uma dor no coração. Mesmo que soubesse que era uma alucinação, não se conteve ao falar: — Nana, sinto muito.
Quando ouviu aquelas palavras, Yang Na ficou animada e se lançou no abraço dele, enquanto chorava: — Sinto muito. Realmente queria te visitar mais cedo, só que desde que apareceu nas notícias, meus pais me proibiram de vir te encontrar. Hoje, finalmente tive chance e vim te ver.
Li Huowang abraçou ela gentilmente antes de afastá-la: — Nana, seu pai está certo. Não venha mais. Receio que eu…
A segunda metade da sentença foi algo que enterrou no fundo do seu coração; mesmo assim, ainda precisava dizer: — … Receio que eu possa acabar pensando que este lado seja o real.
Quando Yang Na ouviu isto, não conseguiu acreditar. Ela sentiu-se ter sido jogada num lago gelado. Nunca pensou que quando Li Huowang finalmente ficasse coerente após muito tempo, estas seriam suas primeiras palavras.
Entre a frustração, ela pegou a bolsa e bateu em Li Huowang várias vezes enquanto chorava e gritava: — Você já considerou meus sentimentos antes de dizer essas palavras? Por que quer que eu te deixe também? Meus pais, meu irmão, meus amigos e até você! Estou tão cansada de tentar perseverar, então por que precisa dizer isto também?! Você não falou que me amava e que jamais iria querer que eu desistisse de você?!