Capítulo 149 – Velho Amigo
Seus membros contorciam e dançavam enquanto as presas se protuberavam e retraiam fluidamente de suas bocas, seguindo o ritmo dos instrumentos musicais.
Li Huowang permaneceu ali, apenas observando a dança de longe. Neste momento, não se sentia como um espectador, mas uma árvore observando animais selvagens.
Após algum tempo, uma voz estridente soou das máscaras de madeira quando começaram a cantar numa língua desconhecida.
Li Huowang e o resto não reconheceu. Entretanto, o tom do canto oscilava entre o alto e baixo junto dos instrumentos musicais; tinha seu próprio charme.
Após ouvir o canto por um tempo, Li Huowang voltou a andar. Independente da estranheza da atuação, não tinha nada a ver com ele.
Ele só deu alguns passos quando notou Lu Zhuangyuan parado.
— Não precisa se preocupar conosco, vá na frente. Hmph! Quero ver o que tem de tão especial no show deles — falou Lu Zhuangyuan. Por algum motivo, um senso de competição ardente tinha ascendido nele.
Será que é porque ambos são artistas?
— Pai, por que não observamos o show deles da próxima vez? Estamos em terras estrangeiras e pode não ser seguro — sugeriu Lu Juren.
Os olhos de Lu Zhuangyuan arregalaram e pegou o cachimbo para bate nele: — Está tentando controlar sue pai? Não tem muita gente na rua. Por que não seria seguro?
Enquanto discutiam, Lu Huowang levou o resto consigo.
Após quinze minutos, finalmente encontraram uma pousada e alugaram os quartos.
No quarto velho e mofado, Li Huowang colocou seus pertences na mesa e suspirou.
Duas espadas, os Registros Profundos, o texto sagrado e todas as ferramentas de tortura. Todos juntos, faziam com que seu equipamento de viagem não fosse nada leve.
Naquele momento, despejou um pouco de água no copo e bebeu antes de franzir a testa.
Quando Bai Lingmiao, que estava organizando as cobertas, o viu franzir, perguntou: — Qual é o problema?
— Aqui, prove. Acha o sabor da água estranho? — Li Huowang passou o copo de água.
Bai Lingmiao provou e ficou atordoada: — Verdade. Tem um gosto terroso.
— Pensei que fosse devido a minha sensitividade elevada, mas parece que a qualidade da água de Hou Shu é ruim — disse Li Huowang enquanto abria a janela: — Preciso que vocês saiam amanhã para reunir algumas informações. Seria melhor se puderem obter um mapa para que não tenhamos que fazer desvios indesejados.
— Tudo bem. Como quiser. — Bai Lingmiao terminou de organizar a cama antes de tirar o manto de Li Huowang: — Quando estávamos tentando amarrar os cavalos, vi um poço. Como temos algum tempo, vou lavar suas roupas. Além disso, lembro que um dos assistentes que morreu costumava viver nesta cidade. Podemos enviar suas cinzas para casa.
Li Huowang lembrou de repente que alguém havia dito que um dos assistentes mortos era do Reino de Hou Shu.
— Quem está cuidando das cinzas? Vou enviá-las de volta para casa agora — perguntou Li Huowang.
— Agora? Já é tarde. Por que não fazemos isto amanhã? — sugeriu Bai Lingmiao.
Porém, no final, Li Huowang ainda pegou as cinzas e saiu da pousada com Yang Xiaohai e o Pão. Ele não era alguém que atrasava em pequenas tarefas.
Ele precisava de Yang Xiaohai porque o assistente morto era seu amigo; então ele sabia onde sua casa ficava.
Ao mesmo tempo, o outro propósito de Li Huowang o levar consigo era para ter pelo menos uma pessoa no caso de entrar na alucinação novamente. Li Huowang precisava de pelo menos uma pessoa ao lado. Assim, no mínimo, essa pessoa poderia voltar correndo e chamar os outros.
Neste momento, Yang Xiaohai segurava as cinzas enquanto falava sobre o assistente morto.
— No Templo de Zéfiro, costumávamos chamar ela de Mentirosa Mao porque ela amava mentir. Ela continuava dizendo que sua casa era maior que o Templo de Zéfiro e que sua família tinha mais de cem cabras e vacas. Ela também falou que era a única filha da casa e que todos a amavam. Seu pai matava várias cabras quando ela quisesse e tinham de cabras a vontade — explicou Yang Xiaohai.
Li Huowang olhou para o jarro de cinzas: — O assistente era uma garota?
— Sim. Você não lembra dela, Sênior Li? — perguntou Yang Xiaohai.
Li Huowang balançou a cabeça. Ele não se lembrava dos nomes de nenhum dos assistentes e nunca prestou atenção nas crianças trabalhadoras.
— Ai ai… que pena. Ela já tinha conseguido escapar do Templo de Zéfiro e acabou se afogando. — Li Huowang sentiu pena dela.
— Você sabe quão horrendo essas palavras parecem quando fala isso? Você tem alguma qualificação para dizer isto? Você sabe quantas pessoas você estrangulou até a morte pessoalmente?
As palavras de Jiang Yingzi o irritaram, fazendo-o perder a paciência: — Calada!
Ao ouvir aquelas palavras, Yang Xiaohai saltou de surpresa. Mesmo que visse o Sênior Li falar consigo várias vezes, ainda achava bem pouco natural.
O rosto de Li Huowang ficou sombrio enquanto seguiam em silêncio para a casa da assistente morta. Ele tentou ignorar as ilusões, mas não foi tão simples dessa vez.
Eles se afastaram cada vez mais do centro da cidade até chegarem na fronteira dela.
Neste momento, o sol estava se pondo e havia pouquíssimas pessoas nas ruas. Várias estavam apressando para casa.
Assim que Li Huowang estava prestes a perguntar se Yang Xiaohai realmente sabia o caminho de casa, um grito animado soou de trás.
— Ei! Taoísta! Taoísta, sou eu!
Ao ouvir o grito, Li Huowang se virou e ficou surpreso ao ver quem era.
Era o velho monge que ficou no Monastério da Retidão, o Monge!
Comparado ao sua aparência limpa e bem-cuidada na época, ele agora estava de volta ao seu velho eu desgrenhado.
— Monge, como chegou aqui? Não ia ficar no Monastério da Retidão?
O Monge resmungou e lamentou: — Não fale sobre isto. Fiquei muito entediado no monastério. Não podia fazer nada e até me forçavam a ler sutras. Não consegui aguentar e fui embora. Espera, onde vocês estão indo?
— Nós… estamos enviando algo para alguém. Vamos juntos. A propósito, os monges do Monastério da Retidão tentaram de impedir? — perguntou Li Huowang.
— Não. Além de não me assediarem, eles até me deram um pouco de dinheiro. Os monges foram todos boas pessoas — respondeu o Monge.
— Heh. — Li Huowang bufou, sentindo preguiça demais para argumentar.
Enquanto caminhavam, Li Huowang e o Monge continuaram conversando. Ele continuou falando sobre o passado e o Monge de alguma forma conseguiu manter a conversa.
Enquanto conversavam felizes, a voz de Yang Xiaohai os trouxe de volta a realidade: — Sênior Li… chegamos.