Capítulo 48 – Fuga
Creak~
A porta de madeira abriu lentamente enquanto Li Huowang observava o exterior pela pequena fenda. Já era de tarde e tudo estava muito quieto. Com a exceção de um monge varrendo o chão um pouco longe, não havia nada de incomum.
No entanto, Li Huowang já tinha visto a realidade do Monastério da Retidão. Para ele, esta não era mais uma cena pacífica.
Tudo isto é falso! Eles não podem me enganar! Como estão tentando tanto me manter aqui, provavelmente querem que eu vá ao Grande Banquete por vontade própria!
Então, um pensamento passou pela sua mente.
Espera, por que estão fazendo tudo isto? Sou apenas um humano normal. Como eles são tão fortes, poderiam me forçar a fazer o que desejam. Por que passar por tantos problemas?
Ele não tinha uma resposta ainda, mas não precisava agora. O que precisava fazer era fugir o mais rápido possível deste lugar.
Os monges do Monastério da Retidão não notaram nada de estranho sobre mim ainda. Preciso aproveitar esta chance.
Mesmo que não houvesse ninguém fora, Li Huowang não tentou escapar ainda. Ele aguardou pacientemente. O tempo passou devagar enquanto suas palmas começavam a suar.
Dong~ Dong~ Dong~
O som pesado de um sino percorreu todo o Monastério da Retidão, fazendo Li Huowang se assustar um pouco. Ele aprendeu que o toque deste sino era para mostrar que era cinco da tarde, a hora do jantar para os monges.
Naquele momento, Li Huowang abriu a porta e saiu calmamente, seguindo os monges na direção da cantina. Afinal, seria completamente razoável ele aparecer lá, já que vinha comendo com os monges este tempo todo.
Comparado ao local em que estava vivendo atualmente, a cantina era um pouco mais perto do salão onde os devotos normais vinham orar. Desde que o oponente usou feitiços de ilusão, então deve significar que não queriam que os devotos normais e as pessoas vissem seu lado sombrio.
Pelo caminho, Li Huowang notou que vários dos monges estavam olhando para ele e sussurrando entre si. Parecia que ainda estavam discutindo o que aconteceu mais cedo. Seus olhos, fixos nele, estavam cheios de hostilidade, curiosidade e até zombaria.
Porém, Li Huowang sabia que isto era tudo falso; eles estavam fingindo!
Eles devem ter o mesmo objetivo do Xin Hui! Ninguém aqui é boa pessoa. Eles estão tentando me ferir!
Li Huowang tinha certeza disto.
Logo, chegou na cantina e viu um mar de cabeças carecas. Contudo, ao invés de fugir, seguiu eles e entrou. Ele pegou uma tigela de madeira e recebeu a refeição antes de sentar na cadeira e comer silenciosamente a refeição vegetariana na frente dele. A refeição de hoje consistia em sopa de inhame, konjac com tofu frito, vegetais fritos, batata e ensopado de abóbora. Embora não houvesse carne, o sabor era realmente excelente.
Mesmo assim, após o incidente anterior, Li Huowang não tinha mais apetite. Entretanto, para enganá-los e evitar suspeita, ainda não ousou fazer algum movimento estranho e apenas continuou comendo.
Pa!
Naquele momento, uma mão bateu de leve no seu ombro, assustando Li Huowang.
— Taoístazinho! Você também está aqui? Por que fugiu mais cedo? — perguntou o Monge.
Ao ouvir a voz familiar, Li Huowang se virou com comida na boca. Com certeza, era o velho monge exibindo um sorriso com dentes faltando.
Ele se encontrou com o Monge por acaso enquanto viajava. Se não fosse por ele puxando Li Huowang para ver as estátuas, ele ainda poderia estar alheio a situação.
O Monge pegou sua tigela de comida e sentou ao lado de Li Huowang: — Vamos comer juntos.
Li Huowang olhou para os outros monges e viu que não havia nada de suspeito, então continuou mastigando quando respondeu: — Claro.
— Taoístazinho, onde está o resto do seu grupo? Por que não pediu para virem ficar com você? A comida aqui é grátis. Eles não têm mais que ficar na pousada — o Monge falou bem alto, alheio a situação toda.
Por outro lado, Li Huowang, que estava ansiosamente tentado fugir, não podia se incomodar em conversar. Ele comeu na maior velocidade como de costume e arrotou antes de sair da cantina.
Logo, estava mais uma vez no caminho de tijolo e desta vez, o Monge estava o perseguindo.
— Ei, não vá ainda. Vamos conversar um pouco. Estou muito entediado aqui — expressou o Monge.
Enquanto lambia o resto da comida presa nos dentes, Li Huowang olhou para ele com irritação: — Não me siga e vá dormir.
— O quê? Ainda é muito cedo para dormir. Deixe-me te contar algo… — respondeu o Monge num tom de choro. Todavia, o Monge nem conseguiu terminar o que estava prestes a dizer quando viu o rosto de Li Huowang azedar.
Naquele momento, Li Huowang sussurrou agressivamente ao monge: — Vá! Fuja deste lugar o mais rápido possível! Este monastério é um lugar extremamente perigoso!
No segundo seguinte, correu o mais rápido que podia para o salão principal.
Os monges ao redor notaram que Li Huowang estava fugindo, mas eles ignoraram completamente.
Ele correu cada vez mais rápido, seu coração batia feito louco e sua atenção foi elevada ao limite enquanto procurava por rastros daquele velho Xin Hui.
Trinta metros! Quinze metros! Três metros!
Quando Li Huowang atravessou a porta lateral e entrou no salão principal, as redondezas foram preenchidas com som — o som de passos, conversas e o peixe de madeira, todos entraram em seus ouvidos. Ele voltou ao salão principal onde todos estavam queimando bastões de incenso e orando para o Buda. De fato, havia tantas pessoas que ele foi empurrado levemente para o lado.
Parado na multidão, Li Huowang ficou atordoado enquanto olhava para seus rostos distraídos.
Naquele instante, percebeu algo de repente e se virou para a porta lateral.
Não tinha ninguém lá — nenhuma pessoa o perseguiu.
Ao mesmo tempo, nenhum dos monges se virou para olhar na direção de Li Huowang, sejam os monges que estavam cumprimentando os devotos ou os que estavam prevendo fortunas.
Para Li Huowang, tudo isto parecia completamente normal, normal até demais.
A menos que… tudo foi realmente minha ilusão? Aquelas coisas nojentas foram apenas uma invenção da minha imaginação?
Contudo, Li Huowang descartou aquela possibilidade muito rápido, balançando a cabeça enquanto corria do monastério.
Ele não podia arriscar, nenhum pouco!
Foi surpreendentemente fácil sair do monastério, quase tão fácil quanto foi entrar.
Com sua velocidade, logo chegou na pousada. Ao retornar, os ingredientes e assistentes que não o viram nesse tempo o cercaram.
— Sênior Li, por que voltou? Você terminou os negócios que tinha com o monastério? — indagou um deles.
— Sem tempo para falar! Empacotem suas coisas agora! Precisamos sair, rápido! — respondeu Li Huowang.
— Tudo bem, vou contatar o líder da trupe Lu — disse outro dos ingredientes.
— Não. Não vamos esperar eles. Precisamos sair agora! Rápido! — gritou Li Huowang.
— Sênior Li, onde estamos indo? — Bai Lingmiao perguntou.
— Vamos sair deste reino! — ele respondeu.