Capítulo 87 – Floresta

Sun Baolu ouviu Filhote enquanto tirava uma carta de sua mão e jogava: — Vi o Sênior Li ir ao ferreiro da aldeia. Ele parecia estar preparando algo. Verdade, Filhote, o Sênior Li não te pediu para reunir algumas informações? E você está aqui jogando cartas? Não está com medo de ser repreendido quando ele voltar?

— Que “Filhote”?! Me chame de Cao Cao! — exclamou o Filhote enquanto jogava uma carta: — Esta aldeia pequena não é muito grande, então não precisa de muito tempo. Além disso, trouxe aquelas duas crianças para fazer perguntas e terminei rápido. Os idosos da aldeia nos contaram que existem vermes comedores de gente na floresta a oeste e nos aconselhou a não ir lá.

— Vocês querem ir lá? Vocês não deveriam… realmente não deveriam… Dez anos atrás, minha mãe viu vermes voando naquela área! — O dono da casa, que estava observando o jogo, se intrometeu.

— Ah, não se preocupe! O Sênior Li é muito poderoso. Com ele por perto, aqueles vermes ou seja lá o que for, não serão capazes de se aproximar da gente. Ah, espera, quem jogou esta carta? Hahahah, eu venci. Tudo bem, todos os ovos no seu macarrão são meus — explicou o Filhote.

— Venha dar uma olhada; o Sênior Li está de volta — disse um dos ingredientes.

Assim que ouviram aquelas palavras, os outros se viraram para ver Li Huowang carregando uma grande bolsa de couro enquanto entrava no pátio.

Cercado pelo grupo de ingredientes curiosos, Li Huowang colocou a bolsa de couro na mesa e abriu na frente deles. Dentro, havia fileiras dei tens bem-organizados. Estas eram armas novas e feitas para ele.

Havia um par de alicates pretos grandes, furadores afiados, pás do tamanho de uma unha, e longas agulhas farpadas. Estes objetos estranhos eram ruins até de olhar.

Naquele momento, Filhote pegou uma colher com bordas muito afiadas e brincou com ela: — Sênior Li, para o que são estes itens? Em vez de armas, parecem mais com ferramentas de tortura. Por exemplo, isto. Não pode matar pessoas, mas definitivamente conseguiriam arrancar os olhos de alguém…

Filhote parou abruptamente, assustado pelas próprias palavras. Ele imediatamente pensou nos eventos que ocorreram na ilha de junco. Aquela pessoa usou alicates para arrancar os próprios dentes e estourar os próprios olhos.

Naquele momento, Li Huowang estendeu a mão para pegar o objeto da mão do Filhote: — Como foi a coleta de informações?

— Está… feita. As pessoas falaram que tem vermes comedores de gente. As pessoas por aqui evitam ir lá. Os vermes também são muito quietos e nunca saem. — Medo era visível nos olhos do Filhote enquanto observava os objetos na mesa.

Enquanto isso, Li Huowang pegou uma pequena pá e gesticulou algumas vezes na direção da unha. Então, colocou os itens nas costas: — Vamos lá.

— Já é meio-dia. Por que não descansamos a noite antes de ir? — sugeriu Sun Baolu.

No entanto, esta sugestão foi recebida por um olhar frio de Li Huowang: — Eu falei vamos lá!

Logo, as rodas da carroça começaram a girar na direção da floresta infestada com criaturas comedoras de gente.

Quando a lua subiu, Li Huowang e seu grupo finalmente chegaram no destino.

Havia uma floresta de bambu extremamente densa e vaga-lumes eram vistos cintilando dentro e fora da vista. Havia um pequeno caminho tortuoso, fazendo parecer que uma serpente havia se enterrado na floresta de bambu. As ervas daninhas no caminho sugeriam que não fora usada por muito tempo.

Li Huowang não avançou imprudentemente. Segundo a Abadessa Jing Xin, o Décimo Oitavo Lunar era um ser maligno que tinha múltiplas formas. Ninguém sabia qual forma tinha agora ou que tipo de ameaça seria.

Ele permaneceu na beira da floresta e passou algum tempo observando em silêncio.

O tempo passou lentamente e tudo parecia normal na floresta — todas as criaturas permaneceram inalteradas e ele até viu alguns ratos comendo o bambu.

Foi só após amanhecer que Li Huowang parou de observar.

Enquanto comia o macarrão na tigela, Li Huowang falou aos outros: — Pelo que parece, a periferia é segura. Entraremos na floresta após a refeição. Quando estivermos lá, não façam nada. Só tem uma coisa que precisam fazer: se… e eu repito, se…

Sua expressão ficou séria quando parou: — Se meu comportamento ficar anormal, fiquem de olho em mim e não andem sem rumo.

 Sim, o motivo de Li Huowang os trazer desta vez foi esta.

Como os efeitos do Taisui Preto estavam sumindo lentamente, Li Huowang sentiu as redondezas se tornarem cada vez mais irreais e sentiu que poderia ser engolfado nas alucinações a qualquer momento.

Ele precisava da companhia deles, só para ter certeza.

Após ouvir o pedido incomum, os outros trocaram olhares e assentiram.

— Mesmo que meu comportamento fique anormal, não deve ser por muito tempo. Ficará tudo bem quando eu voltar ao normal — continuou.

Após terminar de falar, ele bebeu uma boa cheia de sopa. Naquele momento, uma mão branca delicada se aproximou e arrancou alguns fios do seu cabelo, fazendo-o sentir um pouco de dor na cabeça.

— O que está fazendo? — Li Huowang ficou descontente com a dona da mão, Bai Lingmiao.

— Minha mãe uma vez falou que cabelo branco precisa ser arrancado. Se os deixar, mais cabelo branco crescerá na sua cabeça — respondeu Bai Lingmiao.

Ao ouvir isto, Li Huowang começou a comer mais rápido.

Enquanto isso, Bai Lingmiao sentou-se de pernas cruzadas ao lado e estendeu a mão na direção do pergaminho de bambu nas costas de Li Huowang: — Sênior Li, você esteve carregando esta coisa o tempo todo…

Entretanto, ele se levantou antes que ela pudesse tocar. Ele terminou a sopa numa golada e jogou a tigela na panela vazia: — Vamos entrar na floresta.

Todos estavam cheios e seguiram Li Huowang pelo pequeno caminho. Apesar de ser de manhãzinha, quando entraram na floresta, as redondezas ficaram escuras. A densa floresta de bambu atuava como uma barreira que bloqueava bem a luz do sol.

Assim, tiraram as pedras brilhante verde-escuro, usando-as para iluminar as redondezas.

Porém, quando esta luz iluminou a floresta, os bambus ao redor assumiram uma tonalidade doentia, fazendo os espectadores se sentirem inquietos.

Entre o balançar das árvores de bambu, parecia haver algo escondido nas profundezas da densa floresta, os observando.

Li Huowang forçou os olhos para entender o que era, mas não conseguiu ver nada. Quando estava prestes a se virar, sentiu um formigamento nas costas.

Este é o poder do Décimo Oitavo Lunar? Está me observando da floresta? Qual forma assumiu??

Os outros também conseguiram sentir a sensação estranha.

Os únicos sons que conseguiram ouvir eram dos sapatos pisando nas ervas daninhas. Ninguém falou e a atmosfera ficou mais tensa.

— Sênior Li… você… sente que o bambu acima está ficando mais próximo de nós? — perguntou um dos ingredientes.

Ao ouvir isto, todos olharam para cima lentamente. As árvores de bambu ao redor estavam completamente dobradas, com suas pontas doentiamente coloridas apontadas diretamente para eles.