Circle of Inevitability – Capítulo 4 - Anime Center BR

Circle of Inevitability – Capítulo 4

Capítulo 4 – Pastor

Lumian levantou-se rapidamente, os olhos brilhando de determinação. — Então vamos até o seu pai.

Ele sempre foi um homem de ação e sabia que a investigação da lenda da aldeia não poderia esperar. Se demorasse, sua irmã Aurore certamente ficaria sabendo disso e nunca permitiria que ele prosseguisse.

Aos olhos de Aurore, mergulhar no reino dos poderes extraordinários era o mesmo que brincar com fogo.

“Como posso não saber que há perigo? Aurore não mentiria para mim sobre isso. Mas mesmo que o mundo esteja em chamas, tenho que continuar caminhando. Não posso deixar Aurore enfrentar isso sozinha…” Quando se levantou, esse pensamento passou pela mente de Lumian.

Cada vez que Aurore mencionava que o mundo estava se tornando mais perigoso, a seriedade e a preocupação em seu rosto não poderiam ser mais genuínas!

Reimund Greg olhou para Lumian com confusão estampada em seu rosto.

— Por que você vai até ele?

Lumian olhou para ele com um olhar fulminante. — Perguntarei a ele há quanto tempo a lenda do Bruxo aconteceu.

“Por que esse cara está se esforçando tanto para compreender um assunto tão simples? Talvez eu precise encontrar algum tempo para testar sua inteligência.”

Reimund ainda parecia perplexo enquanto olhava para Lumian.

— Por que você precisa saber esses detalhes?

“Uh… Devo me preocupar em tentar explicar isso para esse sujeito sem noção? Ou devo simplesmente inventar uma desculpa plausível?” Ele pesou suas opções.

A mente de Lumian disparou enquanto ele considerava seu próximo movimento. Ele sabia que não poderia manter suas investigações em segredo dos amigos, mas também sabia que buscar a verdade sobre a lenda era uma atitude arriscada. No entanto, ele rapidamente teve uma ideia.

Ele abriu um sorriso que normalmente reservava para momentos em que estava prestes a enganar alguém.

— … — Reimund deu dois passos para trás, sentindo que algo estava errado. — Fale!

Lumian ajeitou a camisa escura e a jaqueta de linho antes de sorrir.

— Acredito que a lenda do Bruxo merece nossa atenção.

— O que há de tão importante nisso? — Reimund perguntou depois de pensar um pouco.

— De fato houve um Bruxo em nossa aldeia de Cordu no passado, — disse Lumian com uma expressão séria. — Pense nisso, meu amigo. Quando minto, não forneço detalhes específicos como hora, local e histórico que alguém possa verificar facilmente. No entanto, esta lenda menciona um Bruxo que viveu em Cordu, e se fosse falsa, seria muito fácil para alguém expô-la como tal.

— Mas isso foi há muito tempo, — rebateu Reimund.

— Também estou me referindo às pessoas que estavam por perto quando a lenda começou a circular, — explicou Lumian, com um sorriso cada vez maior. — Elas poderiam facilmente ter confirmado se um Bruxo vivia ou não em Cordu naquela época. E como a lenda foi transmitida de geração em geração, é altamente provável que seja baseada em um evento real.

Reimund não se convenceu.

— Mas quando você inventa histórias, muitas vezes usa frases como ‘mais de cem anos atrás’, ‘séculos atrás’, ‘muito, muito tempo atrás’, para tornar impossível para qualquer pessoa verificar.

— É exatamente por isso que preciso confirmar isso com seu pai, — respondeu Lumian, com um olhar malicioso que dizia: — Você vê aonde quero chegar com isso, não é?

— Isso é verdade… — Reimund assentiu lentamente, aceitando a explicação de Lumian, mas não conseguia afastar a sensação de que algo não estava certo.

Ao saírem da praça e se aprofundarem na aldeia, Reimund teve uma súbita epifania.

— Mon Dieu1, por que você quer confirmar se tal lenda é verdadeira?

— Bruxo, mon ami2, é isso que estamos procurando! Se pudermos confirmar a casa onde ele morava e o local onde foi enterrado, poderemos descobrir seu segredo e ganhar poderes mágicos que vão além dos meros mortais, — respondeu Lumian, suas palavras verdadeiras gotejavam engano.

A expressão de Reimund tornou-se cética: — Não me conte mentiras.

— Mon ami, a maioria dessas histórias é criada para assustar crianças. Como podem ser verdade?

— E além disso, qualquer um que busque o poder de um Bruxo acabará na Inquisição!

A República Intis ficava no Continente Norte, onde as divindades ortodoxas eram o Eterno Sol Ardente e o Deus do Vapor e da Maquinaria. Estas duas igrejas dividiram a fé de quase todas as pessoas, e não permitiram que a Igreja da Deusa da Noite Eterna, a Igreja do Senhor das Tempestades do Reino de Loen, a Igreja da Mãe Terra do Reino de Feynapotter, a Igreja do Deus do Conhecimento e da Sabedoria de Lenburg, e a Igreja do Deus do Combate do Império Feysac entrassem e pregassem.

A Inquisição da Igreja do Eterno Sol Ardente era temida por todos. Inúmeros hereges foram presos e submetidos a torturas inimagináveis.

Lumian riu.

— Por que você está preocupado agora, meu amigo? Você mesmo disse, a maioria dessas lendas são falsas. As chances de encontrar os restos mortais de um Bruxo são quase nulas.

— Além disso, mesmo se tropeçarmos nos restos mortais de um Bruxo, não precisamos assumir seu poder proibido. Podemos entregá-lo à Igreja e obter uma bela recompensa cheia de tesouros.

A Igreja da qual Lumian falou era a Igreja do Eterno Sol Ardente. A Igreja do Deus do Vapor e da Maquinaria não era encontrada em Cordu, mas geralmente ficava localizada em grandes cidades e locais com fábricas.

Vendo a tentação crescendo nos olhos de Reimund, Lumian não pôde deixar de estalar a língua de satisfação.

— Você realmente quer ser pastor, meu amigo?

O ‘pastor’ ele não estava falando sobre a ideia romantizada de um pastor religioso que os moradores da cidade muitas vezes tinham. Não, isso era uma profissão. Todas as manhãs, eles teriam que conduzir um rebanho de ovelhas para pastar e cuidar delas.

Cordu estava localizado em Dariège, província de Riston. Ser pastor era uma profissão aqui, uma profissão difícil e solitária.

Eles trabalhavam para proprietários de ovelhas, pastoreando dezenas, até centenas de ovelhas entre as montanhas e as planícies.

Isso era conhecido como pastoreio. Todo outono, as montanhas ao redor de Cordu murchavam e os pastores conduziam as ovelhas para fora da passagem nas montanhas para as planícies mais quentes e distantes, às vezes cruzando as fronteiras para Feynapotter, Lenburg e outros países. No início de Maio, traziam as ovelhas de volta a várias aldeias para tosquiá-las e desmamar os cordeiros. Em junho, subiriam as montanhas e chegariam às cordilheiras altas. Eles moravam em barracos e faziam queijo enquanto pastavam as ovelhas até o tempo esfriar.

Os pastores passavam a vida inteira em movimento, viajando de um lugar para outro. Eles só tinham uma pequena parcela de tempo para voltar à aldeia, o que tornava quase impossível constituir família. A maioria deles eram solteiros, e as poucas viúvas que não tinham escolha senão pastorear ovelhas para viver eram muito procuradas pelos pastores.

Reimund ficou em silêncio.

Depois de um longo tempo, ele disse hesitantemente: — Vou ouvir você. Parece divertido e eu poderia usar alguma coisa para passar o tempo.

No curso normal dos acontecimentos, uma vez que a família decidisse qual criança se tornaria pastor, eles a enviariam para um determinado local de pastor para ajudar entre as idades de quinze e dezoito anos. Lá, ele aprenderia os fundamentos do pastoreio. Três anos depois, o jovem se tornaria oficialmente pastor e procuraria emprego em outro lugar.

Reimund, de dezessete anos, porém, encontrou vários motivos para adiar esse assunto por mais de dois anos. Se as suas circunstâncias não se alterassem, ele teria que começar a aprender a pastorear no próximo ano.

— Vamos, — disse Lumian, dando um tapinha no ombro de Reimund. — Seu pai está no campo ou em casa?

— Recentemente, não tem havido muito trabalho. A Quaresma está se aproximando rapidamente. Ele está em casa ou no bar. — Reimund soltou uma voz de inveja. — Você não sabe nada sobre isso? Você definitivamente não é um fazendeiro. Você tem uma irmã sortuda!

Lumian colocou as mãos nos bolsos e seguiu em frente, ignorando as lamentações de Reimund.

Ao se aproximarem do bar decadente da aldeia, uma pessoa emergiu da rua lateral.

Este indivíduo estava vestido com um longo casaco marrom escuro com capuz. Uma corda estava amarrada em sua cintura e ele usava um par de sapatos novos e flexíveis de couro preto.

— Pierre? Pierre dos Berrys? — Reimund gritou de surpresa.

Lumian parou e se virou para olhar.

— Sou eu, — respondeu Pierre Berry com um largo sorriso e um aceno de mão.

Ele era um homem magro, com olhos fundos e cabelos oleosos e encaracolados. Sua barba por fazer sugeria que já fazia algum tempo desde a última vez que ele se barbeou.

— Por que você está de volta? — Reimund perguntou confuso.

Pierre Berry era pastor e era apenas início de abril. Ele deveria estar cuidando de suas ovelhas nos campos além da passagem na montanha. Como diabos ele estava na aldeia?

Ele tinha apenas começado sua jornada e, mesmo que tivesse ido para Lenburg ou para o norte de Feynapotter, levaria um mês para retornar às montanhas de Dariège.

Com seus olhos azuis calorosos e sorridentes, Pierre exclamou alegremente: — Não é quase a Quaresma? Faz anos que não a celebro. Não posso perdê-la este ano!

— Não se preocupe. Tenho um companheiro para me ajudar a cuidar das ovelhas. Essa é a beleza de ser pastor. Sem um supervisor, desde que eu encontre alguém que me ajude, posso ir aonde quiser. Eu sou livre como um pássaro.

A Quaresma era um festival amplamente celebrado em toda Intis. As pessoas acolheram a chegada da primavera de diferentes maneiras e rezaram por uma colheita frutífera para o ano.

Embora não tivesse nada a ver com a Igreja do Eterno Sol Ardente ou com a Igreja do Deus do Vapor e da Maquinaria, já havia se tornado folclore e não envolvia a adoração de divindades pagãs. Portanto, obteve a aprovação tácita das facções ortodoxas.

— Você quer ver quem será escolhido como Elfa da Primavera este ano, não é? — Lumian brincou, abrindo um sorriso.

Em Cordu, o povo escolhia uma linda garota para ser a Elfa da Primavera na Quaresma. Tudo fazia parte da celebração.

Pierre riu junto.

— Espero que seja sua irmã Aurore, mas ela definitivamente não vai concordar e também não tem a idade certa.

— Tudo bem, — disse ele, apontando para o bar a poucos passos de distância. — Vou para a catedral para rezar. As bebidas são por minha conta mais tarde.

Reimund respondeu distraidamente: — Não precisa. Você não tem muito dinheiro.

— Haha, como o próprio bom Senhor disse: ‘Mesmo que haja apenas uma moeda, temos que compartilhá-la com nossos irmãos…’ — Ele recitou um ditado que era bem conhecido entre os pastores da região de Dariège.

Lumian sorriu para Reimund, dizendo: — Pierre está rico. Ele definitivamente está nos convidando para uma bebida!

Ele apontou para os novos sapatos de couro de Pierre Berry.

Pierre Berry ficou emocionado.

— Meu novo chefe não é tão ruim. Ele me deu algumas ovelhas e um pouco de lã, queijo e couro.

Os pastores eram compensados com comida, uma pequena quantia em dinheiro e animais, queijo, lã e couro. O valor que recebiam dependia do acordo que haviam assinado com o empregador.

Para os pastores que tinham que percorrer longas distâncias, ter um bom e adequado par de sapatos de couro era o desejo mais premente e prático.

Enquanto Lumian observava Pierre Berry caminhando em direção à praça da cidade, seu olhar tornou-se gradualmente solene e cheio de suspeita.

Ele murmurou silenciosamente para si mesmo: “Vai viajar por uma semana ou duas ou talvez até um mês só para assistir à Quaresma?”

Lumian parou por um momento, seus olhos examinaram a área antes de se virar e caminhar em direção ao bar local com Reimund.

O bar era um estabelecimento indefinido, sem nenhum apelido sofisticado. Os habitantes da cidade referiam-se carinhosamente a ele como Antigo Bar.

Ao entrar, os olhos de Lumian percorreram a sala com sua maneira habitual.

De repente, seu olhar parou.

Ali, diante dele, estava a estrangeira que partira tão apressadamente na noite anterior.

Ela estava sozinha, não na companhia de Ryan, Leah e Valentine.

Seu vestido era longo e esvoaçante de cor laranja, e seus cabelos eram de um castanho rico, desgrenhados em cachos suaves. Seus penetrantes olhos azul-celeste estavam fixos na bebida escarlate que enfeitava sua mão delicada.

Linda e elegante, ela parecia deslocada no bar decadente e mal iluminado.

In this post:

Deixe um comentário

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

Adblock detectado! Desative para nos apoiar.

Apoie o site e veja todo o conteúdo sem anúncios!

Entre no Discord e saiba mais.

Você não pode copiar o conteúdo desta página

|