Circle of Inevitability – Capítulos 181 ao 190 - Anime Center BR

Circle of Inevitability – Capítulos 181 ao 190

Capítulo 181 – O Leal Ciel

Combo 43/50


Lumian recostou-se em sua cadeira, assumindo uma postura casual. Seu olhar se fixou no “Gigante” Simon enquanto perguntava: — E qual é o problema?

O “Gigante” Simon lançou seus olhos azuis claros sobre Louis e Sarkota parados atrás de Lumian.

— Eles não são homens de Brignais? Por que você permitiria que eles o seguissem?

— Se fosse eu, eu os colocaria para trabalhar como seguranças.

Louis e Sarkota trocaram olhares ansiosos quando Simon acertou em cheio.

Lumian quis aplaudir, grato por Simon ter lhe proporcionado a oportunidade de ganhar a confiança deles.

No entanto, ele não podia confiar inteiramente em Louis e Sarkota. Não tinha vontade de se tornar um mafioso, mas não queria levar um tiro nas costas.

Lumian sorriu mais uma vez.

— O que você quer dizer com homens de Brignais? Eu costumava trabalhar sob o comando de Brignais!

— Somos todos membros do Savoie Mob, leais ao Chefe. Contanto que eu permaneça fiel, não há necessidade de me preocupar com a possibilidade de eles se voltarem contra mim!

Louis e Sarkota assentiram repetidamente, impressionados com a mente aberta e o comportamento de Ciel.

“Isso mesmo. O Barão Brignais mudou nosso status no Savoie Mob e nos deu muita confiança, mas ainda somos membros do Savoie Mob. Trair o chefe está fora de questão. E foi o Chefe quem nos ordenou seguir Ciel e obedecer às suas ordens!”

Simon engasgou com as palavras de Lumian. Depois de alguns segundos, ele finalmente disse: — Você pode ser leal ao Chefe, mas outros podem não ser. Brignais é ambicioso.

“Você acha Brignais infiel ao chefe? Lâmina Oculta… Uh… ‘Botas Vermelhas’ Franca mencionou que Brignais não tem sido obediente ultimamente…” Lumian de repente sentiu pena de Gardner Martin, o chefe do Savoie Mob.

Seus subordinados mais capazes careciam de lealdade e sua amante favorita tinha segundas intenções. O recém-chegado que ele havia promovido recentemente era um espião de outra organização…

Percebendo que não conseguia se livrar de Louis e Sarkota, dois bandidos que frequentemente acompanhavam o Barão Brignais e tinham conhecimento de vários assuntos, Simon conduziu a conversa de volta aos trilhos.

— Vim aqui para discutir o salário básico das dançarinas.

— Caramba, por que diabos temos que dar dinheiro a essas vadias todos os dias, mesmo quando elas não têm um único cliente?

— Franca é autoritária. Só porque é amante do chefe, ela o convenceu a concordar com uma exigência tão irracional!

— Somos mafiosos, não uma instituição de caridade. Pelo Vapor, quando entreguei dinheiro para aquelas mulheres, me senti como um maldito padre!

— Por mim, tudo bem. Só preciso dar alguns licks por dia. Mas é 1 verl d’or por dia para o Salle de Bal Brise. Os trabalhadores têxteis do Quartier du Jardin Botanique ganham apenas 1,5 verl d’or por dia, e trabalham de manhã à noite!

Em Trier, a contratação de trabalhadoras femininas custa 55-70% da contratação de trabalhadores masculinos. Os empregadores mais implacáveis ​​não tinham medo de serem investigados e aqueles que ousavam recorrer ao trabalho infantil pagavam apenas 15% do salário de um homem adulto, ou até menos.

“Não admira que as belas dançarinas de Franca se recusassem a trabalhar na Rue du Rossignol. Os preços lá são baixos e o salário base é escasso… Por que vocês estão xingando Franca e Jenna? As vulgaridades podem ser contagiosas? Aurore parecia xingar da mesma maneira durante seus ataques ocasionais de loucura…” Lumian ignorou deliberadamente a sugestão de Louis e perguntou com um sorriso: — Qual é o seu plano?

A fúria de Simon permaneceu gravada em seu rosto.

— Você, eu e Negro, iremos juntos até o Chefe. Devemos fazê-lo mudar de ideia e controlar Franca!

— Qual das outras gangues paga às suas dançarinas um salário base?

“Ele está tentando tirar vantagem da minha recente aquisição do Salle de Bal Brise? Ele está me incitando a me rebelar contra o Chefe? Heh heh, como Aurore disse uma vez, o primeiro verme é comido por pássaros, e os corvos que esticam o pescoço levam um tiro…” Lumian ergueu as mãos, estalando os nós dos dedos com um sorriso malicioso.

— É inútil. Franca é a amante do chefe. O chefe sem dúvida irá ouvi-la. Se você quiser que ele mude de ideia, só há uma maneira: tornar-se você mesmo o chefe!

“Isso é algo que você deveria dizer na frente de tantas pessoas?” Louis, Sarkota e os outros atrás de Lumian ficaram tão aterrorizados que quase cobriram a boca do líder.

O “Gigante” Simon também pareceu surpreso.

— Que bobagem você está dizendo?

A maioria de seus capangas tremia de medo.

— O que quero dizer é… — Lumian de repente agarrou a borda da mesa e jogou-a no “Gigante” Simon!

Clang!

A mesa caiu no chão e as xícaras sobre ela se despedaçaram.

O “Gigante” Simon já havia recuado dois passos, sua expressão escurecendo. Seus subordinados instintivamente pegaram seus revólveres. Ele olhou para Lumian e exigiu:

— O que você quer?

Lumian estava atrás da mesa de madeira virada, fervendo de raiva.

— Seu desgraçado, o chefe significa alguma coisa para você? Como ousa planejar um motim em segredo, tentando forçá-lo a mudar suas ordens!

— Você realmente deseja ser o chefe?

— Os comandos do Chefe devem ser executados, sejam eles bons ou ruins. Se houver um problema, você pode resolvê-lo com o Chefe em particular, mas não pode conspirar com outros para coagi-lo!

A pergunta expôs as verdadeiras intenções do “Gigante” Simon, deixando-o incapaz de explodir de raiva ou continuar incitando Ciel.

Ele cuspiu suas palavras. — Droga, há algo errado com o seu cérebro? Quando eu disse que queria forçar o chefe? Apenas sugeri que todos se aproximassem do chefe e explicassem que fornecer um salário base a uma dançarina não é razoável. Isso representa um fardo pesado em nós.

Com isso, o “Gigante” Simon acenou com a mão, com uma expressão que transmitia dificuldade de comunicação com Ciel. Ele se virou e partiu, seus subordinados seguindo-o, descendo a escada.

Observando a partida deles, Lumian riu interiormente.

“Muito obrigado. Amanhã, não, esta noite, o Chefe saberá o quanto sou leal!”

Lumian encontrou uma oportunidade de ganhar a confiança de Gardner Martin e aproveitou-a sem hesitação.

Fazendo um show, ele simulou um suspiro de raiva, restringindo suas emoções. Apontando para a bagunça no chão, ele ordenou a Louis e aos outros: — Limpem isso.

Assim que Lumian terminou de falar, uma figura emergiu das sombras perto da escada.

Era Jenna, tendo terminado sua apresentação no salão de dança.

Jenna não estava usando uma roupa reveladora hoje. Seu vestido rosa, sustentado por uma anágua, fazia com que ela parecesse uma flor de cabeça para baixo. Seu cabelo amarelo acastanhado estava preso em um coque simples na parte de trás, com algumas mechas soltas caindo suavemente em cascata. Animecenterbr.com. As olheiras ao redor dos olhos azuis eram menos pronunciadas, conferindo-lhe um toque de elegância. Uma verruga adornava o meio de sua bochecha esquerda.

Isso simbolizava elegância.

Observando Jenna, Lumian não pôde deixar de rir.

— O pessoal do distrito comercial aprecia esse estilo?

Ele estava se referindo ao traje menos provocativo de Jenna.

Jenna sorriu presunçosamente.

— Funciona surpreendentemente bem de vez em quando. Franca mencionou que às vezes, quanto mais inatingível algo parece para os homens, mais eles o desejam.

— Qual é o problema? — Lumian olhou para os garçons arrumando e encontrou outra mesa para sentar.

Jenna sentou-se em frente a ele e sorriu.

— Estou aqui para discutir o preço de canto para a próxima semana. Anteriormente, eram 10 músicas por noite, 4 verl d’or e um terço do dinheiro jogado no palco.

— Ultimamente, parece que me tornei mais popular do que nos últimos meses!

Lumian ponderou por um momento antes de responder.

— O Poison Spur Mob começou a suspeitar de você, tornando difícil para você se apresentar em seus salões de dança?

— Porra, isso me enfurece! Você não poderia ter se disfarçado melhor? Você foi identificado tão facilmente e acabou me implicando! — Jenna respondeu indignada.

Um sorriso travesso apareceu nos cantos da boca de Lumian.

— A partir de hoje, você ainda tocará 10 músicas por noite, mas a taxa aumentará para 10 verl d’or. Você pode ficar com dois terços do dinheiro jogado no palco.

Louis, que estava atrás de Lumian, sentiu uma pontada de tristeza.

Embora a Pequena Atrevida não cantasse aqui todas as noites, ela frequentava o local várias vezes por semana. Essa mudança resultaria no Salle de Bal Brise ganhando 2.000 verl d’ou menos anualmente!

No entanto, parecia que a Pequena Atrevida desempenhou um papel significativo no assassinato de “Martelo” Ait. Como consequência, ela perdeu a oportunidade de se apresentar no território do Poison Spur Mob, totalizando uma perda de mais de 1.000 verl d’or por ano.

Jenna parecia bastante contente.

Receber 10 verl d’or por 10 músicas e manter dois terços do dinheiro jogado no palco foi o tratamento mais generoso na indústria de cantores desse submundo.

Ela sorriu e disse: — Só posso vir três dias na próxima semana, de sexta a domingo à noite.

— Procurando oportunidades em salões de dança de outros distritos? — Lumian perguntou casualmente.

Jenna balançou a cabeça.

— Não, eu não tenho muito tempo para cantar. Tenho outras coisas para fazer.

— Ser cantora não é sua profissão? — Lumian perguntou curioso.

— Este é apenas um show de meio período! — Jenna enfatizou com um sorriso malicioso. — Meu trabalho principal é ser amante compartilhada do ‘Leão’ Ciel e ‘Botas Vermelhas’ Franca!

As pernas de Louis quase cederam com a brincadeira.

Para ele, Franca era uma mulher possessiva. Ela havia ensinado uma lição a qualquer homem que ousasse arrebatar Pequena Atrevida dela.

Se o chefe realmente se envolvesse com a Pequena Atrevida, ele sem dúvida enfrentaria a fúria de Botas Vermelhas!

“Essa mulher tem outras identidades?” Os pensamentos de Lumian dispararam quando ele perguntou pensativamente: — Jenna é seu nome verdadeiro ou um pseudônimo?

Cantoras do submundo de meio período muitas vezes adotavam um pseudônimo para evitar impacto em suas outras ocupações.

Os lábios de Jenna se curvaram e ela piscou antes de responder: — O que você acha, Monsieur Ciel?

Ela enfatizou deliberadamente o nome Ciel, o que implica que ele também usava um pseudônimo.

Com isso, Jenna levantou-se, inclinou-se sobre a mesa de madeira e sussurrou no ouvido de Lumian: — Depois de ouvir sua conversa com o ‘Gigante’ Simon, tenho uma sugestão sincera. Quanto menos leal alguém é, mais se vangloria de sua lealdade. Seu desempenho foi um pouco exagerado, hehe.

Jenna se endireitou, com ar de orgulho, e caminhou com confiança em direção à escada.

Finalmente chegou a vez dela de educar Ciel!

“É mesmo?” Lumian ponderou enquanto observava a figura de Jenna partindo.

— Você não está usando perfume hoje?

Jenna se virou, sua expressão transbordando de alegria enquanto perguntava: — Então você não me notou subindo as escadas?

Capítulo 182 – Soro da Verdade

Combo 44/50


— O que você acha, Madame Jenna? — Lumian sorriu, devolvendo as próprias palavras de Jenna para ela.

— Caramba! — Jenna exclamou, levantando a mão em frustração antes de se virar com uma carranca e descer as escadas.

Lumian ponderou por alguns momentos, batendo na mesa à sua frente. Ele se virou para Louis e Sarkota e disse: — Tragam-me um copo de absinto de erva-doce.

Ser o protetor do Salle de Bal Brise tinha suas vantagens, e suas refeições aqui eram por conta da casa.

Ao lembrar que teria de entregar a maior parte dos lucros do salão de dança ao patrão e subornar a polícia, Lumian sentiu-se menos inclinado a ser frugal.

Por mais difíceis que as coisas se tornassem, ele não podia se permitir sofrer. Tinha que fazer o máximo para fazer o Chefe sofrer!

Lumian bebeu dois copos do líquido verde-claro, amargo e alcoólico, e permaneceu no Salle de Bal Brise até quase meia-noite.

Levantando-se, virou para Louis e Sarkota e declarou: — Vou para a cama. Esperem até o salão de dança fechar antes de voltar para casa.

— Se alguém causar problemas, joguem-no fora. Se não conseguem lidar com ele sozinhos, reúna todos e seja ousado o suficiente para agir. Não se preocupe, assumirei a responsabilidade se algo der errado.

O que ele não disse foi: se eu não puder assumir a responsabilidade, deixarei que o chefe se preocupe.

Salle de Bal Brise ficava aberto até as 2h todos os dias, geralmente abrindo entre 10h30 e 11h

— Sim, chefe, — Sarkota e Louis responderam em uníssono.

Ao retornar para seu quarto, Lumian demorou mais quinze minutos antes de pegar a mala marrom contendo os cadernos de Aurore. Ele se espremeu para fora da janela e pousou suavemente no chão do segundo andar.

Ele caminhou pelas sombras, virando da Avenue du Marché para a Rue des Blusas Blanches, e entrou na casa segura que havia alugado anteriormente.

Depois de esconder os cadernos e liberar um pouco de enxofre para repelir os insetos, Lumian saiu do quarto e entrou em um beco atrás da Rue des Blusas Blanches. Planejava fazer um desvio até o Auberge du Coq Doré, onde passaria a noite.

Depois de caminhar uma dúzia de passos, notou uma pilha de lixo ao lado de uma barricada.

Catadores e faxineiros só viriam na manhã seguinte para limpá-la. Naquele momento, tornou-se um refúgio para ratos, baratas, moscas e cães vadios.

Ao ver os ratos e cães vadios, Lumian de repente se lembrou de algo.

Entre as três latas de metal que adquiriu do pervertido Hedsey, uma permaneceu não identificada.

“Eu poderia muito bem tentar…” Lumian acenou com a cabeça para si mesmo, imperceptivelmente.

Confiando em suas habilidades excepcionais, reflexos rápidos, movimentos ágeis e observação aguçada, rapidamente pisou em um rato com pelo preto acinzentado. Ele se agachou, pegou a vasilha de metal ligeiramente pesada e despejou um líquido inodoro e incolor na boca da presa.

O rato soltou um guincho rápido, mas fora isso nada de incomum aconteceu.

“Considerando os métodos do pervertido, pensei que poderia ser um afrodisíaco, mas não parece… Isso faz sentido. Esse pervertido possui poderes Beyonder que estimulam o desejo. Ele não precisaria de uma vasilha adicional com o mesmo efeito…” Lumian ergueu o pé direito, observando o rato voltar correndo para seus companheiros. Ele se juntou ao enxame enquanto emitia guinchos contínuos, mas não fez mais nada.

De repente, uma voz tão clara quanto cristal soou atrás dele.

— O que você está fazendo?

Lumian se virou e viu “Botas Vermelhas” Franca emergindo das sombras no final do beco.

Ela ainda usava botas vermelhas, calças esbranquiçadas e uma blusa xadrez preta e branca. Seu cabelo louro estava bem amarrado.

“Por quê você está aqui?” Lumian ia perguntar, mas imediatamente lembrou que Franca morava na Rue des Blushes Blanches, nº 3.

Ele só poderia responder honestamente: — Conduzindo um experimento.

— Que tipo de experimento? — Franca se aproximou com curiosidade.

Seus olhos, parecendo lagos cintilantes, examinaram os ratos antes de ela soltar uma risada.

— Sua irmã lhe ensinou a fazer experiências em ratos?

— Você está se referindo a ratos de laboratório? — Lumian achou fácil conversar com Franca. Muitas palavras não exigiam maiores explicações.

Ele então disse: — Jenna não lhe informou que depois de me livrar do pervertido, obtive três latas de metal? Uma delas continha gás que poderia deixar as pessoas inconscientes. Eu a esgotei quando eliminei “Martelo” Ait. A segunda lata continha um estimulante gasoso e ainda sobrou uma boa quantidade.

— A terceira lata contém um líquido. Não tenho certeza de suas propriedades. Por isso, fiz experiências com esses ratos.

A compreensão surgiu no rosto de Franca.

— Então, é uma sobra daquele pervertido.

Ela então perguntou com antecipação: — Poderia ser um afrodisíaco?

“Por que você compartilha meus pensamentos, Madame?” Lumian gesticulou em direção ao rato guinchante, achando graça na situação.

— Não parece. Você parece um pouco desapontada?

Franca não escondeu seus sentimentos e soltou um suspiro.

— De fato. Se fosse realmente um afrodisíaco, quão intrigante seria.

— Se fosse realmente um afrodisíaco, para que você gostaria de usá-lo? — Lumian de repente passou a suspeitar que Franca pretendia fazer algo com Jenna.

Franca olhou para ele.

— Droga, você está me acusando em sua mente? Você acha que não tenho limites morais?

— Espero que seja um afrodisíaco. A minha principal curiosidade reside em experimentar os seus efeitos e eficácia. Eu mesmo consumiria um pouco e pediria a Gardner que experimentasse também. Se suas amantes desejarem, elas também poderão participar. Você entende os prazeres do flerte e da diversão?

Lumian ficou momentaneamente sem palavras. Depois de alguns segundos, ele respondeu: — Vocês, Trienenses, certamente são excelentes nos jogos.

— Não sou Trienense, — retrucou Franca, — mas concordo com sua afirmação.

Ela voltou seu olhar para a lata de metal nas mãos de Lumian.

— Devo ajudá-lo a descobrir suas propriedades?

— Você não está preocupado com os perigos? — Lumian ficou um tanto surpreso.

Permanecia incerto se este frasco de líquido era um veneno de ação lenta ou um recipiente para maldições!

Franca riu e respondeu: — Você realmente precisa complementar seu conhecimento sobre misticismo.

— Pretendo empregar adivinhação. As bruxas possuem habilidades divinatórias consideráveis.

“Os cadernos de Aurore não faziam menção a isso. Eles documentaram apenas a Poção da Bruxa, que causa transformação de gênero. Especula-se que toda Bruxa é excelente em feitiços… Sim, aquelas proficientes em feitiços não deveriam ser ruins em adivinhação…” Lumian entregou a lata cheia de líquido para Franca.

Franca caminhou até a beira do beco e parou atrás de um prédio de cinco andares.

Ela estendeu a mão direita e traçou-a para frente e para trás na janela de vidro escuro.

Simultaneamente, recitou suavemente algo em Hermes. Mesmo com a audição apurada de Lumian, ele só conseguiu captar algumas palavras.

“Espiritualidade… Inquérito… Resposta…”

Alguns segundos depois, a janela de vidro escureceu e aprofundou-se, como se conduzisse a um mundo enigmático e desconhecido.

Franca recuou, ergueu o recipiente de metal e falou em Intis: — Qual é a finalidade do líquido dentro?

Das profundezas da janela de vidro, uma voz idosa respondeu: — Induz uma vontade de confessar.

Franca assentiu, expressou gratidão e concluiu a adivinhação.

Quando a janela de vidro voltou ao seu estado original, ela se virou para Lumian e declarou: — Parece ser uma mistura semelhante a um soro da verdade.

— Soro da verdade? — Lumian perguntou.

Aurore nunca mencionou tal termo.

Franca explicou casualmente: — É um soro que obriga as pessoas a falarem a verdade.

— Uma vez desencadeado o desejo de revelar os seus segredos, juntamente com o interrogatório do interrogador, embora possa haver uma quantidade razoável de irregularidades, torna-se extremamente difícil mentir. O que eles pronunciam deve resultar dos seus desejos mais íntimos.

“Confiando em seus desejos… Semelhante às outras habilidades do pervertido, envolvendo diversos anseios humanos… Como esperado de um abençoado da Árvore Mãe do Desejo… Isso pode ser bastante útil para um Beyonder como eu, que não tem proficiência em comunicação espiritual e adivinhação…” Lumian recuperou a lata de Franca.

Franca olhou ao redor e perguntou com um sorriso: — Por que você escolheu a Rue des Blusas Blanches para o experimento? Suas atividades não deveriam estar centradas na Avenue du Marché e na Rue Anarchie?

Lumian não escondeu nada.

— Aluguei uma casa segura aqui para proteger os cadernos da minha irmã. Temo que eles possam ser danificados se eu for o alvo.

— Muito cauteloso, — Franca assentiu com aprovação. — Sua irmã tem sorte de ter um irmão como você. Eu também tive um irmão. Ele era vaidoso, gostava de exibir suas habilidades e carecia de praticidade. Eu ansiava por lhe ensinar uma lição todos os dias

Ela parou no meio do caminho, seu olhar caindo sobre suas botas vermelhas.

“Costumava ter. Isso significa que ele não está mais presente?” Lumian percebeu profundamente o que Franca quis dizer e prontamente entendeu a razão por trás de seu súbito desânimo.

Depois de alguns segundos, o sorriso de Franca voltou.

— Sua irmã deve confiar em você também. Caso contrário, ela não teria revelado nossa organização para você. Embora nunca tenhamos mencionado explicitamente manter a sociedade de investigação em segredo das nossas famílias, quase ninguém a revela. Afinal…

Franca ficou em silêncio mais uma vez, seu sorriso assumindo um tom amargo.

“Afinal, o quê?” Lumian ficou perplexo, mas se absteve de perguntar. Em vez disso, simplesmente elaborou o raciocínio de Aurore.

— Fomos apanhados numa calamidade naquela altura, sem saber quem sobreviveria e quem pereceria. É por isso que minha irmã me revelou alguns segredos, esperando que eles fossem úteis no futuro.

— Entendo. — Franca assentiu, recuperando a compostura. Ela sorriu e comentou: — Pensei que você tivesse vindo à Rue des Bluses Blanches em minha busca, ansioso para aprender sobre o misticismo.

— É muito tarde agora. — Lumian já estava se sentindo cansado.

Franca estalou a língua e riu.

— Eu não farei nada com você. É muito… muito louco e vergonhoso me envolver em tais atividades com alguém que conhece meu verdadeiro gênero.

“É mesmo? Eu tinha medo de que, uma vez que você se acostumasse, a vergonha só aumentasse a sua excitação…” Lumian suspeitava que Franca, que poderia ser influenciada pela noção de “A vida é curta, por que não tentar,” se envolveria em imprevistos.

Depois de se despedir da Demônia, ele retornou ao Auberge du Coq Doré.

Nada de marcante ocorreu no Le Marché du Quartier du Gentleman até quinta-feira.

Às 20h, Lumian chegou à Rue Scheer, nº 19, na Avenue du Boulevard, e encontrou o Sr. K no porão.

O Sr. K gesticulou em direção aos três assistentes que seguravam bandejas de prata atrás dele e declarou: — Há um total de três itens místicos, cada um com preços entre 15.000 verl d’or e 20.000. Escolha.

Capítulo 183 – Três Itens

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Ao entrar no porão, os olhos de Lumian imediatamente pousaram sobre três placas de prata contendo os itens.

Havia uma luva branca despretensiosa, um par de óculos com armação dourada e um botão dourado brilhante.

Observando o interesse de Lumian pelos objetos místicos, o Sr. K, sentado em uma poltrona vermelha, apresentou-os em voz baixa e rouca: — Essa luva é Circo. Ela concede a você algumas habilidades místicas fracas, mas peculiares. Pode conjurar uma rajada de vento, criar neblina e usar rajadas de luz para atrapalhar a visão do seu alvo. Ao tocar neles com ela, você pode congelar seus inimigos. Você também pode abrir a maioria das portas sem uma chave.

— Essas técnicas atendem à sua necessidade de misticismo, mas lembre-se, carregá-las fará com que você se perca com mais frequência. E às vezes, perder-se traz infortúnio.

— O preço é 18.000 verl d’or.

“Parece a Sequência 8: Mestre de Truques do caminho do Aprendiz mencionado nos cadernos de Aurore… Embora os poderes não sejam formidáveis, se usados ​​como suporte ao lado de armadilhas ou minhas habilidades de combate corpo a corpo e tiros de revólver, elas podem produzir resultados milagrosos.” Lumian encontrou consolo nos efeitos positivos da luva Circo, compensando sua falta de misticismo e desamparo em determinadas situações.

No entanto, os efeitos negativos eram terríveis. Para os Caçadores que dependiam de rastreamento e exploração de caminhos, perder o caminho frequentemente significava perder totalmente suas forças. O infortúnio poderia atacar a qualquer momento, mesmo sem usar a luva. Apenas tê-la no bolso afetaria Lumian.

O Sr. K voltou sua atenção para os óculos marrons com aros dourados e se dirigiu a Lumian: — Você se lembra da pintura da reunião?

“Pintura?” A mente de Lumian imediatamente conjurou a imagem da vertiginosa pintura a óleo.

A pintura, supostamente criada por um Beyonder antes de sua morte, ostentava cores vibrantes, um padrão peculiar e uma cena alucinatória. Parecia que o artista havia enlouquecido antes de morrer.

— Sim. — Lumian assentiu.

Sr. K continuou: — Depois que o dono da pintura faleceu, seus atributos Beyonder junto com um estranho poder se fundiram em seus óculos, criando um item místico único.

— Permite ao usuário perceber coisas invisíveis a olho nu. Ocasionalmente, pode-se vislumbrar a verdade deste mundo até certo ponto…

As palavras de advertência de Aurore ecoaram na mente de Lumian: — Não veja o que não deveria ver, não ouça o que não deveria ouvir.

Internamente, Lumian não pôde deixar de criticar: “Esse par de óculos não está fazendo exatamente o oposto? É como uma arma de autodestruição! Esses itens parecem não ter nada a ver com minhas duas necessidades…”

Sr. K olhou para Lumian, sua voz ainda baixa e rouca no porão confinado. — Ao perceber o mundo de uma perspectiva diferente e testemunhar o que antes era invisível, o usuário será tomado por uma necessidade incontrolável de pintar. Cada pintura produzida possuirá efeitos sobrenaturais. Por exemplo, a pintura de um oceano fará com que os espectadores se sintam como se estivessem se afogando.

— Seguindo a lógica, se você aplicar vários cosméticos em seu rosto em vez de pintar na tela, poderá conseguir um excelente disfarce. Qualquer pessoa que examinar seu rosto ficará convencida de que é sua verdadeira aparência, ainda que temporariamente.

— Lembre-se, depois de pintar um ‘novo’ rosto, evite se olhar no espelho. Caso contrário, você acreditará que é o seu verdadeiro eu. Lenta, mas seguramente, seu corpo e sua mente se transformarão até que você se torne uma pessoa totalmente diferente.

— Da mesma forma, você não pode sustentar esse semblante recém-descoberto indefinidamente. Depois de um período de três horas ou mais, seu senso de identidade sucumbirá gradualmente à sua influência até que você acredite sinceramente que é o mesmo.

Ao analisar o possível caminho Beyonder do item místico, Lumian não pôde deixar de especular: “Parece semelhante à hipnose e às sugestões do caminho do Psiquiatra, mas difere muito em outros aspectos… Considerando o falecimento do pintor, poderia ser um poder ou aura deixada por um deus maligno?”

O Sr. K fixou o olhar nos óculos marrons.

— Seu proprietário anterior era um Advogado, o que lhe permite manipular os pensamentos, a cognição e as conclusões do alvo até certo ponto por meio de palavras, ações ou uma série de processos.

— Você provavelmente pode supor seus efeitos negativos. Ver o que deveria permanecer invisível e perceber a verdade do mundo sem proteção adequada expõe você a perigos desconhecidos. Talvez, um dia, você encontre uma morte peculiar como a do pintor, deixando para trás uma pintura enigmática.

— O preço é 15.000 verl d’or.

“Pertenceu a um Sequência 9: Advogado? O aspecto crucial reside no poder peculiar que lhe está associado. Sim, não reflete totalmente as habilidades de um Advogado. Os cadernos de Aurore descrevem os Advogados como mestres da eloquência e do raciocínio, adeptos de descobrir brechas nas regras e explorar as fraquezas de seus oponentes. Eles criam uma atmosfera vantajosa para alcançar a vitória final. Eles podem influenciar julgamentos, pensamentos e conclusões por meio de palavras, ações e processos estabelecidos. Além disso, eles se destacam na utilização do poder da ordem…” Lumian revisou mentalmente o conhecimento místico relevante.

No entanto, ele permaneceu incerto sobre a característica de Advogado, principalmente sobre como aproveitar o poder da ordem. Aurore também não tinha conhecimento a esse respeito.

Em essência, os óculos marrons com aros dourados atendiam à necessidade de Lumian de melhores disfarces. Eles também forneciam meios místicos que exigiam preparação, mas eram menos problemáticos do que os elaborados rituais do Monge da Esmola.

O único problema era sua natureza perigosa!

Lumian analisou, mas não chegou a uma decisão final. Ele esperou que o Sr. K apresentasse o botão dourado.

Em pouco tempo, a voz rouca do Sr. K ressoou novamente.

— Chama-se Brilho. Originou-se de um falecido Suplicante da Luz.

— Ele concede buffs adicionais, como coragem e força através do canto. Ele permite que você sinta a presença de criaturas mortas-vivas e entidades malignas. Você também pode empregar feitiços e rituais do domínio do Sol, tornando-o altamente eficaz contra espíritos, mortos-vivos e alvos semelhantes.

— Depois de usá-lo, você se sentirá compelido a cantar. A escuridão e o frio se tornarão insuportáveis, e você ansiará pela luz do sol e pelo calor. Se não o remover depois de meia hora, você se tornará um seguidor devoto do Eterno Sol Ardente, louvando sinceramente o Sol.

— O preço é 20.000 verl d’or.

“Se isso puder resolver meu problema de resistir aos mortos-vivos, os efeitos negativos serão suportáveis… O problema está nos alvos viáveis ​​limitados…” Lumian ponderou profundamente, dividido entre qual item escolher.

Seu raciocínio sugeria optar por Brilho ou Circo, mas ele não conseguiu fazer uma escolha decisiva.

Os óculos marrons com aros dourados atendiam a ambas as suas necessidades e eram sua opção preferida.

Ao usá-los apenas antes de se disfarçar e criar pinturas com efeitos sobrenaturais em um ambiente seguro, ele poderia efetivamente evitar a maioria das consequências negativas. Assim, evitaria presenciar coisas que não deveria e a chamada verdade do mundo.

Em essência, não era um item que precisasse ser usado constantemente. Lumian poderia escolher o momento oportuno para utilizá-lo.

Dessa forma, poderia construir proativamente uma barreira espiritual, filtrando anomalias, semelhante a quando executou a Dança de Invocação.

Considerando seu selo, as coincidências da Inevitabilidade e a ocasional Dança de Invocação, Lumian não acreditava que uma característica adicional pudesse piorar a situação.

— Eu quero esses óculos.

O Sr. K pareceu surpreso com a escolha de Lumian. Depois de alguns segundos, ele perguntou: — Você tem certeza?

— Sim. — Lumian pegou uma pequena sacola de pano cheia de notas e contou meticulosamente 15 mil verl d’or.

Sr. K absteve-se de mais persuasão, emitindo uma risada rouca.

— Você é ainda mais louco do que eu imaginava.

Havia uma pitada de admiração em seu tom.

Instruindo o atendente a aceitar os 15.000 verl d’or e entregar os óculos marrons a Lumian, o Sr. K assentiu e comentou: — Você pode fazer um teste aqui. É bastante seguro.

Lumian acariciou a moldura e descobriu que o material aparentemente metálico tinha uma estranha textura emborrachada.

“Vou apelidá-lo de Óculos do Espreitador de Mistérios…” Lumian ponderou, relembrando o caminho Beyonder de sua irmã.

No momento seguinte, colocou os óculos marrons de aros dourados.

Quase instantaneamente, contemplou uma infinidade de cenas de vários ângulos.

O teto manchado, manchas de sangue nos cantos, as costas do Sr. K que deveriam estar fora de vista e os atendentes parados no corredor…

Lumian também avistou uma mancha de escuridão, uma silhueta, um olhar emanando de uma fonte desconhecida e um rosto escondido nas sombras.

Sob o capuz havia cabelos pretos e emplumados, feições delicadas, olhos fundos, orbes escuros e pele limpa, visível apenas de baixo.

“Essa é a cara do Sr. K?” Lumian experimentou uma revelação repentina.

Imagens de diferentes perspectivas inundaram sua mente, deixando-o tonto. Seu estado de espírito tornou-se cada vez mais anormal e um desejo insaciável de desenhar tudo o dominou.

Apressadamente, Lumian removeu os Óculos do Espreitador de Mistérios e sua visão voltou ao normal. No entanto, a compulsão para desenhar permaneceu dentro dele.

Exalando profundamente, ele declarou: — É tolerável.

O Sr. K ofereceu um breve aviso: — Tente usá-lo em situações familiares e seguras.

Depois de se despedir do Sr. K, Lumian embarcou em uma carruagem de volta ao Le Marché du Quartier du Gentleman.

No caminho, ao passar pelo Quartier de la Cathédrale Commémorative, um pensamento lhe ocorreu.

“Preciso reunir algumas telas, pincéis e tintas…”

“Embora minhas habilidades sejam limitadas a esboços e não sejam particularmente excepcionais, a qualidade da pintura não deve influenciar os efeitos sobrenaturais associados. Talvez, quanto mais distorcido e grotesco parecer, melhor será o resultado…”

Quinze minutos depois, Lumian desceu da carruagem antes do previsto e localizou uma loja especializada em materiais para pintura a óleo.

Ao ouvir o preço, ele não pôde deixar de perguntar: — O quê? 160 verl d’or? Uma única tela custa 160 verl d’or?

Capítulo 184 – Pintura

Combo 46/50


Quando Lumian voltou ao Auberge du Coq Doré, sua mente ainda estava ocupada com o custo exorbitante dos materiais de pintura.

Entre seus colegas da Salle de Bal Brise, o salário mensal de Charlie como garçom era considerado decente. No entanto, ele levaria dois meses renunciando a comida e bebida apenas para comprar uma única tela!

Lumian não podia deixar de ver os pintores como um grupo indigente. Como eles poderiam pagar telas, pincéis, tintas, molduras de madeira, modelos humanos e todas as outras despesas que acompanhavam seu artesanato?

Talvez eles dependessem do apoio financeiro de suas famílias apenas para sobreviver. Afastando esses pensamentos, Lumian fechou a porta atrás de si e colocou cuidadosamente a pilha de itens sobre a mesa de madeira.

Eventualmente, ele se resignou ao fato de que não podia comprar telas adequadas. Em vez disso, ele se contentou com os pincéis, tintas, papel e outras necessidades mais baratas. A verdade é que Lumian não aspirava ser pintor nem ter o seu trabalho exposto numa exposição. Ele simplesmente precisava de um médium para imbuir o poder sobrenatural, obtido dos Óculos do Espreitador de Mistérios. A qualidade da tinta, a possibilidade de rachar, o desbotamento com o tempo, ou mesmo suas habilidades de pintura eram questões sem importância.

E assim, Lumian gastou um total de 30 verl d’or, adquirindo seus modestos suprimentos.

Misturando uma paleta de cores vibrantes e desenrolando uma folha flexível de papel branco, Lumian se preparou para o ritual que teria pela frente. Com a adaga de prata santificada em mãos, ele construiu uma parede de espiritualidade dentro do quarto 207.

Sua intenção era explorar o que poderia desenhar e observar os efeitos que isso produziria.

Com base na reação do mensageiro da Madame Mágica no Auberge du Coq Doré, Lumian supôs que não havia nada de particularmente anormal neste lugar. A única questão notável parecia ser a abundância de percevejos. A situação difícil de Susanna Mattise provavelmente teve sua origem no Teatro da Velha Gaiola de Pombos ou talvez até em uma caverna subterrânea.

Respirando lentamente, Lumian pegou os óculos marrons com aros dourados e colocou-os cuidadosamente.

Num instante, o mundo ao seu redor pareceu girar, como se ele tivesse despencado do céu para as profundezas da terra.

Durante essa viagem desorientadora, Lumian contemplou o motel invertido com seus ocupantes movendo-se de maneira semelhante, um bar subterrâneo, raízes de árvores e solo estendendo-se abaixo da superfície, ratos espreitando nos cantos e vermes correndo.

Ele caiu cada vez mais fundo, suportando a sensação nauseante.

E então ele avistou uma imensa rede de raízes verde-acastanhadas que se estendia em todas as direções, alcançando a distância e desaparecendo no vazio.

— Ugh — Lumian quase vomitou. Os restos do jantar inacabado subiram até sua garganta, ameaçando escapar.

Rapidamente, removeu os Óculos do Espreitador de Mistérios e lutou contra a vontade de vomitar. Alimentado por um desejo insaciável de desenhar, Lumian pegou um pincel, mergulhou-o na tinta e começou a desenhar na tela em branco.

Sem que soubesse, sua espiritualidade infundiu no pincel um vigor crescente.

Depois de alguns minutos, Lumian interrompeu suas pinceladas e contemplou sua criação.

“O que diabos eu desenhei?” A pergunta ecoou em sua mente.

Após observação cuidadosa, conseguiu discernir o tema de sua obra: uma casa triangular de tonalidade azul acinzentada, com telhado adornado com árvores verdes e chuva parecida com lama.

Lumian olhou para a pintura por um momento e de repente sentiu uma sensação de coceira nas costas da mão. Incapaz de resistir, coçou, apenas para ver sua pele ficar vermelha e inchada, acompanhada de uma coceira generalizada.

“Poderia ser esta a influência Beyonder da pintura?” O coração de Lumian agitou-se quando desviou o olhar, tentando acalmar a irritação através da fricção de suas roupas. Mas seus esforços foram em vão e ele não pôde deixar de coçar mais algumas vezes.

Ao desviar o olhar do desenho infantil de uma pintura a óleo, a coceira diminuiu gradualmente e acabou desaparecendo.

A vontade de pintar também desapareceu.

Ele se virou e contemplou os detalhes.

“Tenho que olhar para a pintura por pelo menos três segundos antes que meu corpo coce…”

“É um desafio usá-la em batalha. Não posso simplesmente colar na cara, posso?”

“Se eu usá-la como uma armadilha, pode ter alguma utilidade…”

“Será que existe alguma pintura que possa ser usada sem chamar a atenção do alvo?”

Após cuidadosa consideração, Lumian decidiu fazer outra tentativa.

Ele colocou os Óculos do Espreitador de Mistérios mais uma vez e a experiência foi quase idêntica.

No entanto, desta vez ele também vislumbrou uma escuridão profunda e figuras sombrias movendo-se dentro dela.

Em meio às ondas de náusea, Lumian tirou os óculos marrons de aros dourados, pegou uma nova folha de papel e um pincel.

Desta vez, não se rendeu aos traços impulsivos, mas se concentrou em visualizar o que desejava e se esforçou para aproximar o desenho da imagem em sua mente.

Com esta abordagem, Lumian criou um sol vermelho-dourado, rodeado por um círculo vibrante de cores — vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo e violeta.

Quando terminou, o quarto 207 esquentou repentinamente e o frio do ar se dissipou.

“Parece ter um simples efeito de exorcismo…” Lumian não tinha certeza.

Ele sentou-se na beira da cama, observando atentamente as mudanças.

Com o tempo, o calor, que inicialmente evocava inquietação e desconforto, começou a desaparecer.

Lumian tentou dobrar a pintura, mantendo as costas voltadas para fora. O calor desapareceu imediatamente e a perda da essência espiritual dentro da pintura diminuiu para um ritmo quase imperceptível.

“Devo ser capaz de preservá-la por cerca de dois meses… Quando desdobrada, só pode ser usado por no máximo três dias… Sim, isso é semelhante a um método alternativo de criação de armas Beyonder.” Lumian estimou, relembrando suas experiências anteriores.

Desenhar duas pinturas em rápida sucessão colocou um fardo considerável em sua espiritualidade.

Depois de uma pequena pausa, Lumian prosseguiu com seu terceiro experimento.

Desta vez, passou a usar ferramentas de pintura relacionadas à maquiagem.

Colocando os Óculos do Espreitador de Mistérios mais uma vez, ele se preparou para a sensação de vertigem profunda. No meio disso, Lumian avistou várias figuras indistintas espreitando nas sombras. Retirando o item místico, começou a espalhar diversas substâncias no rosto, traçando cuidadosamente linhas com o auxílio da janela de vidro, que era iluminada pela luz da lâmpada de carboneto.

Semelhante à sua tentativa anterior, Lumian fez um esforço para manter o controle sobre sua maquiagem, mas ocasionalmente seus instintos assumiam o controle.

No espelho, viu sua aparência ficar desgastada e abatida. Suas sobrancelhas pareciam desgrenhadas, as maçãs do rosto um pouco mais pronunciadas e os lábios um pouco mais cheios.

Parecia que ele estava olhando para um estranho. Desviando rapidamente o olhar, puxou a cortina para esconder o resultado de sua pintura.

Depois de guardar as pinturas da Coceira e do Sol junto com as diversas ferramentas, Lumian decidiu que era hora de se aventurar e verificar os efeitos.

Ao se dirigir para o Salle de Bal Brise, notou Jenna fazendo gestos extravagantes enquanto cantava a plenos pulmões, e Charlie, que acabara de entregar algumas bebidas na periferia da pista de dança.

Os bandidos não prestaram atenção em Lumian e nenhum deles o chamou de chefe. Sentindo uma sensação de alívio, Lumian caminhou até o lado de Charlie, deu um tapinha amigável em seu ombro e sorriu. — Boa noite!

Charlie, vestido com uma camisa branca e colete preto, virou-se, retribuindo o sorriso ao perguntar:

— Boa noite, senhor. Você gostaria de algo para beber?

Deliberadamente, Lumian perguntou: — Você não me reconhece?

Pego de surpresa, os olhos de Charlie se arregalaram e, por alguns segundos, ele olhou para a luminária a gás distante na parede.

De repente, um sorriso se espalhou por seu rosto e ele exclamou surpreso: — É você! Louvado seja o sol. Quanto tempo se passou desde a última vez que nos encontramos? Aguarde só um momento. Irei até você assim que não estiver tão ocupado!

Charlie apontou para o balcão do bar e se despediu de Lumian.

— As habilidades de atuação desse garoto são bastante impressionantes, — Lumian riu satisfeito. — Ele nem reconheceu seu próprio patrão, eu!

Desviando o olhar, Lumian se aproximou do palco de Jenna, esperando pacientemente que ela terminasse de cantar uma música repleta de letras vulgares.

Assim que Jenna terminou de recolher as moedas de cobre e prata do palco e desceu, Lumian cumprimentou-a ansiosamente e exclamou: — Você cantou magnificamente! Posso te oferecer uma bebida?

Jenna imediatamente assumiu uma expressão cautelosa.

Desde o incidente com aquele pervertido Hedsey, ela não podia se dar ao luxo de ser descuidada com qualquer membro da audiência que se aproximasse dela. Ela se preocupou em encontrar outra situação desagradável.

Por alguns segundos, examinou o rosto de Lumian e forçou um sorriso para esconder sua cautela.

— Devo preservar minha voz para minha próxima música! Ajude-me tomando outra bebida!

Com uma piscadela, Jenna se aproximou dos dois mafiosos que protegiam o palco, buscando ajuda.

Os mafiosos não ousaram ofender a Encantadora Diva, que, segundo rumores, era sua chefe e amante da Botas Vermelhas. Dando um passo à frente, eles se posicionaram entre Lumian e Jenna.

Aproveitando a oportunidade, Jenna foi até o salão perto do balcão do bar.

Antes de sair, ela olhou para a cor do cabelo de Lumian e examinou seu rosto atentamente por um momento. Ela murmurou para si mesma: — Caramba, isso é algum tipo de tendência da moda agora?

Lumian alegremente desviou o olhar e virou-se para a escada que levava a cafeteria. Os dois mafiosos vigilantes que guardavam a área o detiveram.

“Muito zeloso…” Lumian sorriu e respondeu: — Só vou tomar um café!

Depois de observar Lumian de perto por alguns segundos, os dois mafiosos se afastaram.

Entrando na cafeteria e percebendo que Louis e Sarkota não tinham nada para fazer, Lumian foi até o banheiro.

Ele não ousou se olhar no espelho. Em vez disso, jogou água da torneira no rosto e esfregou algumas vezes, removendo gradualmente a maquiagem.

Quando terminou, olhou para o espelho e viu seu reflexo pálido e cansado olhando para ele.

“Isso esgota um pouco a minha espiritualidade… Até pintei duas obras antes,” Lumian pensou consigo mesmo, recuperando a compostura antes de sair do banheiro.

Louis olhou ao redor e levantou-se surpreso.

— Chefe! Quando você voltou?

— Agora mesmo, — respondeu Lumian, apontando para o corredor. — Vou descansar um pouco.

— Entendido, chefe, — Louis e Sarkota responderam obedientemente, abstendo-se de questionar mais.

Lumian entrou em seu quarto, obrigou-se a se refrescar e se acomodou na cama, adormecendo.

Em seu sonho, experimentou a insuportável sensação de queda livre do ar em direção ao solo. Quando despencou, a terra abaixo dele se abriu inesperadamente, revelando um mar de chamas furiosas. Lumian sentiu uma dor lancinante e penetrante em sua mente. Ele abriu os olhos, sentou-se e respirou ofegante.

Naquele momento, a sala estava envolta em escuridão e silêncio. Apenas um leve brilho do luar carmesim filtrava-se através das cortinas, lançando uma luz fraca sobre a mesa ao lado da janela.

Capítulo 185 – Mercadorias Desaparecidas

Combo 47/50


“Por que eu tive esse sonho? Parecia assustadoramente real…” Lumian se recompôs e avaliou sua condição, mas não encontrou nada de errado.

No entanto, em seu sonho, ele sentiu como se estivesse usando mais uma vez os Óculos do Espreitador de Mistérios, e eles revelaram ainda mais.

Depois de ponderar um pouco, Lumian suspeitou que os efeitos negativos de usar os Óculos do Espreitador de Mistérios três vezes seguidas ainda persistiam. Eles pareciam ter penetrado em seu subconsciente, manifestando-se em seu sonho dentro dos limites do Salle de Bal Brise, um antigo cemitério.

“Parece que algo está realmente errado abaixo da superfície aqui…” Lumian suspirou interiormente. Levantou-se da cama, vestiu o casaco e resolveu passar a noite em outro lugar para testar sua hipótese.

Sob o manto da escuridão, com o Salle de Bal Brise desprovido de qualquer iluminação, Lumian seguiu as sombras ao longo da estrada e voltou ao Auberge du Coq Doré, com a entrada principal trancada.

Para Lumian, isso não representou nenhum obstáculo. Ele não tentou despertar a irritada Madame Fels batendo na porta. Em vez disso, circulou para o lado, apoiou no cano e subiu na varanda do segundo andar.

No quarto 207, Lumian dormiu até as seis da manhã. Ele teve apenas dois sonhos comuns e esporádicos.

“Então, foram de fato os ossos antigos enterrados nas profundezas da Salle de Bal Brise que desencadearam os poderes residuais dos Óculos do Espreitador de Mistérios dentro de mim…” Lumian sentou-se, uma mistura de alegria e decepção tomaram conta dele.

Seu plano original era usar os Óculos do Espreitador de Mistérios para criar uma ou duas pinturas sobrenaturais por dia, acumulando-as para necessidades futuras. No entanto, parecia que o uso frequente dos óculos era desaconselhável. Ele teria que esperar até que os efeitos negativos persistentes se dissipassem antes de tentar novos experimentos. Caso contrário, arriscaria que algo terrível e bizarro acontecesse ao longo do tempo, possivelmente levando a uma morte estranha, semelhante à do advogado que havia deixado os óculos para trás, deixando para trás apenas uma misteriosa pintura a óleo com efeitos anormais duradouros.

“Esta noite, dormirei no Salle de Bal Brise e verificarei se os efeitos negativos se dissiparam… No futuro, devo abster-me de usar os óculos mais de duas vezes num curto espaço de tempo… Esses são os detalhes que o Sr. K deixou de mencionar. Sim, devo experimentá-los em primeira mão. Somente através da experiência em primeira mão posso realmente compreender…” Lumian levantou-se energicamente e foi até o banheiro para se refrescar.

Ainda cedo, muitos dos inquilinos ainda estavam na cama e a manhã continuou tranquila, desprovida do habitual clamor pelo acesso ao banheiro.

De vez em quando, Madame Fels subia as escadas para inspecionar os hidrômetros de cada andar, garantindo que ninguém desperdiçasse o precioso recurso.

Foi assinado um contrato entre o Auberge du Coq Doré e a Companhia Imperial de Abastecimento de Água, estipulando uma porção diária não inferior a 250 litros e não superior a 500 litros de água. O custo foi de 100 verl d’or por ano.

Sem pressa, Lumian caminhou até a cafeteria na Rue des Blusas Blanches. Ele se deliciou com guloseimas deliciosas como biscoitos e brioche, uma variação mais suave de croissants. Depois, procurou um local para fazer exercícios.

Ao retornar ao Auberge du Coq Doré, ele avistou Charlie, vestindo uma camisa de linho e calças pretas, sentado nos degraus do lado de fora da entrada, saboreando um bocado de bolo de carne acompanhado de um Whiskey de Maçã.

— Tão cedo? — Lumian perguntou com um sorriso brincalhão em seus lábios.

Salle de Bal Brise fechava as portas às 2h, e não abria às 8h30

Sem saber se deveria levantar-se apressadamente e cumprimentar seu empregador ou iniciar a habitual conversa casual, Charlie hesitou por um momento antes de se levantar, com um sorriso tímido no rosto.

— Acho que vou dormir um pouco mais antes de voltar para o salão de dança. Não acho que posso continuar fazendo isso. Acho que deve haver algum tempo em que não tenhamos que dormir ou trabalhar. Caso contrário, parece, parece…

Salle de Bal Brise abria às 10h30

— Parece que somos meras máquinas construídas para o trabalho, desprovidos de uma vida para chamar de nossa? — Lumian terminou a frase de Charlie, ajudando-o.

— Exatamente! Isso mesmo! — Charlie concordou. — Você é um indivíduo bastante refinado, sabe? Às vezes, você não parece um mafioso. Quero dizer, não como um líder do Savoie Mob. Você parece mais… civilizado!

“Se tudo tivesse corrido conforme o planejado, eu estaria estudando em uma universidade no Quartier de la Cathédrale Commémorative. Eu passaria um tempo conversando com meus colegas de classe e explorando as profundezas do Subterrâneo de Trier…” O coração de Lumian afundou quando ele concentrou sua atenção em Charlie.

Este foi o método que usou para observar se o problema de Susanna Mattise ainda persistia e quando surgiria.

— O-o que você está olhando? — Charlie gaguejou nervosamente. — Você vê algo errado?

Lumian aliviou sua preocupação. Sua sorte parece relativamente normal e estável. Ele sorriu, levantando a mão direita e acenando pelas costas de Charlie.

— Bom dia, Susanna!

Charlie se virou, os olhos bem abertos, examinando cada detalhe.

Alguns segundos depois, exalou e se virou, forçando um sorriso. Ele se dirigiu a Lumian: — Você está brincando comigo de novo.

Esse nome continuou sendo um pesadelo assustador do qual ele não conseguiria se livrar tão cedo.

— Estou fortalecendo sua resistência mental. Dessa forma, se algo realmente acontecer, você não entrará em pânico e será capaz de encontrar uma solução. — Lumian deu um tapinha sério no ombro de Charlie.

Momentos antes das 10h30, Lumian voltou para o Salle de Bal Brise.

Após sua chegada, Louis e Sarkota se aproximaram simultaneamente, suas vozes se fundindo enquanto falavam. — Chefe, algo está acontecendo!

— Qual é o problema? — Lumian perguntou com um sorriso, aparentemente alheio à ansiedade e desconforto que irradiavam de seus dois subordinados.

Louis olhou para a escada, baixando a voz. — Botas Vermelhas, Gigante e Rato estão todos aqui. Deve ser algo sério.

“Cada líder presente?” Lumian ponderou sobre suas ações recentes e achou difícil acreditar que não tivesse ofendido todos os líderes do Savoie Mob.

“Tenho me comportado da melhor maneira nos últimos dias!”

— De fato, — Louis confirmou com um aceno solene.

Lumian subiu as escadas do segundo andar com indiferença, onde Franca e os outros aguardavam.

Franca havia trocado o calçado por botas vermelhas mais escuras. Ela usava calças claras e uma saia escura da moda que ganhou popularidade em Trier recentemente. Completando seu conjunto estava um traje formal mais masculino.

Com a perna direita cruzada sobre a esquerda, Franca sorriu para Lumian enquanto ele se aproximava.

À sua direita estava o Barão Brignais, vestido com um terno formal e cartola. À sua esquerda estava um homem de rosto esguio, que mal chegava a 1,6 metros de altura, ostentando um par de bigodes de rato. Ele usava uma camisa marrom escura que era curta, e seu cabelo grosso e preto acinzentado emoldurava seu semblante. Seus olhos azuis escuros revelaram um traço de ansiedade.

— ‘Rato’ Christo —, o Barão Brignais apresentou cortesmente Lumian ao homem de rosto fino.

O Barão Brignais então apontou para o homem sentado à sua frente. — ‘Palma Sangrenta’ Negro.

Negro possuía cabelos castanhos, olhos azuis e rosto redondo. Ele parecia ter trinta e poucos anos e tinha um sorriso caloroso que dificilmente lembrava o de um líder de máfia.

Vestido com trajes mais voltados para a formalidade, suas mãos eram grandes, com ossos claramente definidos sob a superfície. Ele segurava um charuto que fumegava lentamente.

— Bom Dia a todos. — Lumian arrastou uma poltrona para mais perto e se acomodou, posicionando-se a quase um metro de distância da mesa, assumindo o ar de quem está no controle.

“Gigante” Simon olhou para ele, deu uma tragada no cigarro e exalou uma nuvem de fumaça azul-acinzentada.

— Christo encontrou alguns problemas e precisa de nossa ajuda.

— Que tipo de problema? — Lumian dirigiu seu olhar para “Rato” Christo.

Christo desempenhou um papel vital no lucrativo negócio do Salle de Bal Brise.

Apesar do bônus que cobrava pela bebida contrabandeada que vendia, a falta de tributação tornava-a significativamente mais barata do que as lojas atacadistas de bebidas em Trier. Além disso, uma parte substancial do álcool com o qual Christo lidava era bebida alcoólica, habilmente adornada com rótulos de marcas e origens relativamente renomadas.

Rangendo os dentes, Christo, que tinha uma notável semelhança com um rato, falou.

— Perdi uma remessa no subsolo. Os entregadores e os acompanhantes desapareceram. Droga, meu irmão mais novo estava entre eles. Sua esposa e filho estão chorando em minha casa!

“Algo aconteceu no Submundo de Trier? As operações de contrabando são divididas em transportadores e proteção armada? Isso mesmo. Osta Trul mencionou ajudar outras pessoas a transportar livros ilícitos. Carruagens puxadas por cavalos são inúteis no Submundo de Trier; eles dependem apenas do trabalho manual…” Lumian assentiu sutilmente e perguntou: — Que tipo de mercadorias?

— Um lote de vinho tinto e conhaque, junto com um pouco de Peixe Preto. — Christo não pôde evitar bater na mesa. — Droga, já fizemos esse caminho inúmeras vezes. Nunca aconteceu nada, nem encontramos aquelas hienas.

O termo “hienas” referia-se à polícia do lugar, especializada em reprimir o contrabando e manter a ordem no subsolo.

Observando a confusão de Lumian, o Barão Brignais explicou casualmente: — ‘Peixe Preto’ refere-se a armas de fogo.

Entre os cinco principais empreendimentos lucrativos da máfia, a cadeia de abastecimento de álcool contrabandeado ficou em segundo lugar. As armas de fogo, devido à baixa demanda, foram as que geraram menor lucro. O negócio dos casinos, que era o mais lucrativo, não era particularmente favorecido na zona comercial, dados os rendimentos modestos da população local. O dinheiro que se podia extrair dos clientes era bastante limitado. Em comparação com o jogo, que exigia inteligência, aqueles que trabalhavam o dia todo preferiam entregar-se a bebidas baratas, girar o corpo e buscar consolo na companhia de dançarinas cativantes.

No que diz respeito à venda de drogas psicotrópicas, o departamento de polícia de Trier reprimiu-a fortemente. Após repetidas advertências da sede da polícia do distrito comercial, o Salle de Bal Brise pôs fim a tais incidentes. No entanto, a Rue du Rossignol, supervisionada pelo “Gigante” Simon, ocasionalmente passou por alguns casos.

Lumian virou-se para “Rato” Christo e falou: — Algum suspeito?

— Nenhum, — lamentou Christo. — Droga, essa rota está incrivelmente bem escondida. Além de mim e dos meus homens, ninguém no distrito comercial está ciente disso.

Ele parou por um momento antes de compartilhar suas intenções.

— Preciso de sua ajuda para procurar pistas ao longo dessa rota, usando sua experiência. Eu mesmo fui lá, mas não encontrei nada.

Sem esperar pela resposta de Lumian, Franca assentiu e sugeriu: — Vamos formar duplas para garantir a segurança durante a investigação.

— Certo, vou me juntar a Ciel. Há algo que preciso discutir com ele.

O olhar do “Gigante” Simon passou entre Franca e Ciel algumas vezes antes de ele se lembrar que Ciel era suspeito de dormir com a amante de Franca, traindo-a assim.

Aproveitando a oportunidade para dar uma lição a Ciel, o “Gigante” Simon acenou com a cabeça imperceptivelmente e disse ao “Palma Sangrenta” Negro: — Você e eu seremos a outra dupla.

O Barão Brignais então se voltou para “Rato” Christo. — Vou acompanhá-lo em sua segunda viagem.

Depois que o Barão Brignais e o “Gigante” Simon vasculharam a rota subterrânea sem sucesso, Lumian e Franca seguiram um contrabandista até o Submundo de Trier.

Capítulo 186 – Pegadas Estranhas

Combo 48/50


Tradutor: a partir desse cap a tradução do montsouris será: fantasma Montsouris


Segurando uma lâmpada de metal, Franca olhou para o caminho entre pilares de pedra e perguntou ao contrabandista Fernandez, que ia na frente, confusa: — Isso não leva ao Quartier de l’Observatoire?

Embora o Submundo de Trier fosse um labirinto complexo, os túneis neste nível tinham nomes de ruas correspondentes à superfície. Depois de refletir por um momento, Franca percebeu que estavam indo na direção errada.

As operações de contrabando certamente implicavam a entrada na cidade pelos arredores, e o Quartier de l’Observatoire estava posicionado mais perto do centro de Trier em comparação com Le Marché du Quartier du Gentleman. O distrito ficava do outro lado do rio Srenzo, separando-o efetivamente da Avenue du Boulevard.

Fernandez, um contrabandista associado ao “Rato” Christo, virou-se com um sorriso e explicou: — A rota escondida que estamos tomando leva ao Quartier de l’Observatoire. Sempre entregamos as mercadorias no armazém de lá.

— É mesmo? — Franca diminuiu a velocidade e aumentou a distância entre ela e Fernandez, que usava um chapéu de feltro marrom.

Como ainda não haviam entrado na rota do contrabando, ela baixou a voz e conversou com Lumian.

— Lembro que você trocou sua característica de Beyonder do Pugilista por 18.000 verl d’or com Gardner. Você sabe que é uma característica de Beyonder, certo? Ou melhor, você entende o verdadeiro significado de uma característica de Beyonder?

— Minha irmã mencionou isso antes. — Lumian atribuiu seu conhecimento a Aurore.

Franca era alta e tinha pernas longas, o que tornava fácil acompanhar Lumian.

Dominada pela emoção, ela suspirou e comentou: — É uma sorte ter alguém para guiá-lo. No passado, estávamos tropeçando como ratos cegos, confiando em nós mesmos para descobrir as coisas. Caso contrário, eu não teria escolhido…

Sua voz foi sumindo, terminando com um longo suspiro.

Isso lembrou Lumian de um ditado, dito pela própria Aurore ou transmitido pelas famosas palavras do Imperador Roselle: — Uma vez que você comete um erro grave, ele irá assombrá-lo por toda a vida.

Franca rapidamente recuperou a compostura e sussurrou para Lumian: — Você acabou de entrar no campo do misticismo.

— É melhor não ser frugal com essa quantia de dinheiro. Use-o para comprar um item místico ou uma arma Beyonder para compensar as limitações de misticismo de um Caçador. Caso contrário, se o ‘Escorpião Negro’ Roger realmente busca vingança contra você, ele vencerá. Não haverá muitos problemas. Ele pode simplesmente convocar alguns mortos-vivos para caçar você. Se quiser, ficarei de olho nos itens por você.

Lumian riu.

— Já comprei.

— Tão rápido? — Franca quase perdeu o controle da voz, fazendo com que o contrabandista Fernandez olhasse para trás.

As lâmpadas de metal projetavam sombras que se cruzavam, obstruindo a visão de Lumian da expressão de Fernandez. Ele não conseguia discernir quais pensamentos eles desencadearam.

Lumian respondeu “honestamente”, — Antes de me juntar ao Savoie Mob, descobri um grupo de Beyonders através da reunião de entusiastas do misticismo do Física. Lá, troquei o verl d’or que o Chefe me deu por um item místico.

— Não é à toa… — Franca revelou uma expressão cúmplice e elogiou Lumian. — Sua mente é ainda mais aguçada do que eu imaginava. Hmm, é um item que aumenta suas habilidades de misticismo?

Lumian falou francamente: — Um par de óculos de um advogado1, mas parecem ter sido contaminados por algum poder estranho.

Enquanto falava, pegou seus óculos marrons e os exibiu. — Eles me permitem ver coisas que normalmente não consigo…

A testa de Franca franziu levemente quando ela interrompeu Lumian. — Isso é altamente perigoso.

— Eu sei, — explicou Lumian com um sorriso. — Mas desde que eu escolha o ambiente certo e tome precauções, não será muito arriscado. Além disso, oferece excelentes disfarces e técnicas de misticismo…

Lumian contou brevemente sua vontade de pintar depois de colocar os Óculos do Espreitador de Mistérios.

O rabo de cavalo de Franca balançou atrás de sua cabeça.

— É certamente útil. Se eu estivesse no seu lugar, faria a mesma escolha.

— Apenas os líderes e bandidos do Poison Spur Mob não interagiram realmente com você. Eles só conhecem você pela sua peculiar cor de cabelo. Caso contrário, eles já teriam reconhecido sua verdadeira identidade. Eles poderiam ter buscado vingança compartilhando suas informações e cartazes de procurados com a sede da polícia e as duas catedrais.

Lumian riu.

— Isso mesmo. Já posso marcar um café com o oficial Everett.

Os vibrantes olhos de Franca brilharam quando ela disse: — Você compartilhou muito comigo sobre a reunião de misticismo e seus trunfos. Jenna até continuou me dizendo o quão astuto e enganador você é. No entanto, você é verdadeiramente sincero e direto! Claro, nosso relacionamento é diferente dos outros. Eu sabia. O irmão da Trouxa não é esse tipo de pessoa!

Por um momento, Lumian sentiu uma pontada de culpa. Ele falou sinceramente: — Sim, ela me entendeu completamente mal.

Depois de conversar um pouco, eles finalmente chegaram aos arredores da área subterrânea do Quartier de l’Observatoire e entraram em um túnel para o sul.

Logo Fernandez parou em frente a um poço secundário pertencente a uma pedreira abandonada.

Ele posicionou a lâmpada de carboneto na boca do poço e apontou para baixo.

— Vamos entrar.

Com a ajuda da luz azul, Lumian espiou as profundezas do poço. Estava abandonado há muito tempo e parecia completamente bloqueado por cascalho.

Usando o recesso na parede do poço, cordas escondidas nas sombras e uma escada básica de ferro presa ao musgo, os três desceram e alcançaram rapidamente o fundo do poço.

Fernandez moveu algumas pedras aparentemente pesadas, revelando um túnel estreito na borda do poço, largo o suficiente para uma pessoa.

Ao atravessarem o túnel, que exalava um fedor fétido, a passagem à frente se alargava, como se tivessem entrado em outra seção da caverna da pedreira.

O ar ficou estranhamente parado e a escuridão os envolveu. O teto da caverna estava úmido, com escassos vestígios de musgo.

Lumian e Franca, cada um segurando uma lamparina de carboneto, diminuíram o passo e examinaram meticulosamente as diversas placas ao longo da rota do contrabando.

Depois de um tempo indeterminado, Fernandez apontou para um túnel próximo.

— Nosso chefe e o Barão Brignais não foram totalmente infrutíferos. Eles descobriram que os rastros da caravana desapareceram no ar ali.

Era um túnel conectando duas seções da caverna da pedreira. O caminho estava repleto de escombros e buracos. Ao longe, prevalecia a escuridão, desprovida de qualquer luz.

Lumian e Franca localizaram rapidamente as pegadas relativamente recentes que haviam desaparecido abruptamente. Eles se agacharam, examinando-as de perto.

— Apenas pegadas entrando. As que voltam terminam aqui. A maioria das pessoas que retornam carrega cargas pesadas. Suas pegadas são mais profundas, distintamente diferentes de quando vieram… Podemos descartar a possibilidade de eles se virarem e refazerem seus passos… — Lumian rapidamente fez uma série de deduções.

Franca desviou o olhar do ambiente e se levantou.

— Não há sinais de luta. É incrivelmente peculiar!

Ela então fez sinal para que Fernandez se afastasse e esperasse na caverna da pedreira.

Enquanto o brilho da lâmpada de metal de Fernandez se desvanecia ao longe, Franca tirou uma pequena caixa de maquiagem e um lenço branco com padrão xadrez azul.

O lenço pertencia ao irmão de “Rato” Christo, Erkin, que também havia desaparecido durante a operação de contrabando.

Franca colocou a lâmpada no chão, abriu a caixa dourada e passou os dedos pelo espelho interno.

Enquanto isso, segurando o lenço, ela repetiu em um sussurro: — O paradeiro atual de Erkin, o paradeiro atual de Erkin…

O túnel já escuro ficou ainda mais sufocante. A luz das duas lâmpadas de carboneto foi empurrada para trás por uma força invisível, e o espelho do tamanho da palma da mão emitiu um brilho aquoso, como se revelasse as profundezas de um rio escuro.

Antes que Lumian pudesse contar até três, uma cena se materializou na superfície do espelho.

Trabalhadores carregando caixotes de madeira e contrabandistas armados com revólveres e rifles marchavam pelo túnel. À medida que avançavam, a escuridão atrás deles engolfou o espaço onde a luz havia recuado. Eventualmente, o brilho da lâmpada desapareceu de vista e a superfície do espelho ficou escura como breu.

— Eles desapareceram nesta área. — Franca terminou sua adivinhação, seus finos lábios vermelhos pressionados. — Mas não consigo discernir mais nada.

Lumian não sugeriu experimentar os Óculos do Espreitador de Mistérios. Do seu ponto de vista, o subsolo de Trier era um lugar traiçoeiro, escondendo todo tipo de segredos. Havia ruínas da Quarta Época, ossos antigos e fedorentos, catacumbas com regras específicas a seguir e o persistente fantasma Montsouris que desafiava a erradicação há anos. Todos eram elementos que incutiram medo naqueles que buscavam a verdade. Se ele usasse os Óculos do Espreitador de Mistérios para inspecionar os arredores, havia uma grande chance de ele explodir no local.

No devido tempo, o Submundo de Trier ostentaria outra lenda entrelaçada com o poder de um deus maligno.

Portanto, Lumian ajudaria em consideração ao chefe do Savoie Mob, mas não faria tudo e correria riscos desnecessários.

Afinal, foi “Rato” Christo quem sofreu a perda. O que isso tem a ver com ele, “Leão” Ciel?

Salle de Bal Brise ainda tinha um suprimento abundante de álcool!

Franca olhou para ele, sem intenção de dificultar as coisas.

Botas Vermelhas guardou a caixa de maquiagem e o lenço de Erkin, pegou a lâmpada de carboneto e disse a Lumian:

— Vamos voltar e encontrar Fernandez. Deixe-o nos guiar. Talvez haja outras pistas deixadas para trás.

— Tudo bem. — Lumian sentiu que Franca estava apenas cumprindo seu dever como membro do Savoie Mob.

Os dois se viraram, carregando suas lâmpadas de carboneto, e se aventuraram de volta à caverna da pedreira original, mergulhando na escuridão cada vez mais profunda.

Depois de dar uma dúzia de passos, Lumian parou abruptamente, sua expressão ficando séria.

— Qual é o problema? — Franca perguntou, perplexa.

A voz de Lumian ressoou com seriedade enquanto dirigia a atenção dela para os escombros espalhados e o chão esburacado.

— Não há mais pegadas. Os rastros dos contrabandistas desde sua partida e os nossos enquanto atravessamos desapareceram! Mas há um rastro de pegadas carregando uma carga pesada que segue em frente!

O coração de Franca deu um pulo. Ela olhou para frente, percebendo que o chão estava em desordem. As pegadas deixadas por ela, Lumian e Fernandez no túnel desapareceram, substituídas pelo súbito reaparecimento dos rastros da caravana desaparecida!

  1. nao se refere ao caminho, mas a propria pessoa[↩]

Capítulo 187 – Passado ou Futuro?

Combo 49/50


— Droga! — Franca exclamou frustrada, sua voz cheia de intensidade.

Ela examinou os arredores, sua mente acelerou enquanto ponderava e especulava.

— Será que tropeçamos na mesma coisa que a caravana desaparecida encontrou? Entrar naquele túnel nos transportou para outro mundo, apagando as pegadas originais? Será que desaparecemos no ar aos olhos de Fernandez?

Lumian nunca havia enfrentado tal situação antes, nem sua irmã Aurore escreveu sobre algo semelhante em suas novels. Ele não conseguia entender o que estava acontecendo.

Perdido em pensamentos, com as sobrancelhas franzidas, Lumian de repente ouviu a conjectura de Franca.

“Que imaginação…” A reação inicial de Lumian foi um suspiro profundo antes de contemplar as possibilidades.

Quanto mais considerava isso, mais percebia que as palavras de Franca eram assustadoramente semelhantes à situação atual. Ele se ajoelhou e examinou as pegadas mais uma vez.

— Na verdade, as pegadas aparecem de repente com o peso de algo pesado, — disse Lumian, apontando para uma dúzia de passos atrás dele.

Esse era o mesmo local que eles haviam atravessado anteriormente, mas não havia vestígios de sua passagem.

Franca cerrou os dentes e falou.

— Parece que realmente entramos em outro mundo. Ou melhor, em um reino subterrâneo…

— Droga! Por que isso aconteceu conosco? Christo, Brignais, Simon e Black não encontraram nada e retornaram em segurança à superfície!

“Uh…” Lumian de repente sentiu uma pontada de culpa pelo questionamento do destino de Botas Vermelhas.

Agachado no chão, instintivamente levantou a mão e tocou o lado esquerdo do peito.

Isso era de alguma forma inevitável?

“Sim, não posso descartar a possibilidade de que seja obra de Franca. A Sequência dela é superior à minha, e ela carrega um item místico que pode conter alguns segredos…” Lumian rapidamente se recompôs.

Franca olhou para seu companheiro e murmurou para si mesma: — Poderia estar ligado a uma de nossas Sequências? Alternativamente, poderia ser o efeito adverso dos seus óculos.

Lumian respondeu pensativamente: — Caçador e Demônia são caminhos vizinhos.

Em outras palavras, se esse problema resultasse da convergência dos atributos do Beyonder, os dois não poderiam escapar da responsabilidade.

É claro que, no nível de Lumian e Franca, a convergência das características de Beyonder não teria efeitos tão óbvios. No entanto, Lumian lembrou-se de ter encontrado duas Demônias menos de duas semanas depois de chegar em Trier, e ele era apenas uma Sequência 8. Ele suspeitava que o poder da Inevitabilidade havia transformado a convergência em algo fadado a ocorrer.

“Hmm…” Franca pensou profundamente.

Depois de alguns segundos, ela cerrou os dentes e falou.

— Talvez este encontro seja realmente um problema de nosso caminho, mas por que a caravana de contrabando de Christo entrou neste espaço e desapareceu misteriosamente na realidade? Eles percorreram essa rota inúmeras vezes sem problemas. Por que é diferente agora? Droga! Aquele maldito rato não deve ter dito tudo! Ele não estava apenas contrabandeando álcool e armas de fogo desta vez. Há algo mais, algo ligado ao misticismo?

— Isso não é necessariamente verdade. O Imperador Roselle disse uma vez: ‘Toque e você será contaminado.’ A caravana de contrabando de Christo continua passando por este túnel problemático. Algo estava prestes a acontecer e, infelizmente, aconteceu desta vez. — Lumian levantou-se, defendendo o infame “Rato” Christo.

Franca foi relutantemente influenciada. Ela exalou e disse: — Agora não é hora de dissecar a causa. O que importa é encontrar uma saída. Fuuu, por que o Submundo de Trier está entrelaçado com as anormalidades dos caminhos do Caçador e da Demônia? Uh…

Franca ficou em silêncio abruptamente, como se lembrasse de algo.

— Você descobriu alguma coisa? — Lumian levantou-se.

Franca ponderou antes de responder.

— Não sei se sua irmã alguma vez mencionou alguma coisa sobre a Quarta Época. Uh, ela pode nem estar ciente. Resumindo, Trier durante a Quarta Época serviu como capital da Dinastia Tudor e do Imperador de Sangue que governou o império era provavelmente um Beyonder de Alta Sequência do caminho do Caçador. Além disso, a família da Demônia daquela época compartilhava uma certa conexão com um ou vários nobres proeminentes da Dinastia Tudor.

— Família da Demônia? — Lumian ficou surpreso com o termo.

Franca franziu os lábios.

— Na Quarta Época, o caminho da Demônia estava sob o controle de uma família específica. Fuuu, desde que escolhi o caminho do Assassino1, só pude fazer o meu melhor para reunir informações relevantes, mas ainda me falta conhecimento substancial.

Lumian conduziu a conversa de volta aos trilhos.

— Você suspeita que este espaço esteja ligado à esquecida Quarta Época de Trier?

— Sim, — Franca respondeu vagamente, não descartando a possibilidade. Ela contemplou por um momento antes de acrescentar: — As duas Igrejas devem ter lidado com as ruínas até certo ponto. Se conseguirmos encontrar o nó correspondente, poderemos escapar.

Carregando a lâmpada de carboneto, Lumian examinou mais uma vez o chão.

— Devemos prosseguir ou voltar atrás?

— A caravana de contrabando de Christo não parece ter notado nada de errado. Eles ainda estão avançando.

Franca ponderou por alguns segundos e disse: — Vamos voltar ao local onde entramos neste espaço e investigar. Fica a poucos passos de distância. Não perderemos muito tempo.

— Tudo bem. — Lumian caminhou em direção ao centro do túnel.

Logo, ele e Franca estavam no local onde os rastros da caravana de contrabandistas se materializaram do nada, tentando dar um passo à frente.

Não havia vestígios de pegadas à frente.

Depois de caminhar mais uma dúzia de passos, a escuridão se aprofundou. Apenas as pegadas de Lumian e Franca permaneceram no caminho.

Eles não haviam retornado à realidade.

— Espere. — Franca levantou a mão direita, sinalizando para parar. — Vamos voltar e seguir para a caverna da pedreira de onde viemos. Precisamos ver se Fernandez entrou neste espaço.

Lumian não se opôs.

Isso poderia ajudá-los a determinar melhor a natureza do problema.

Guiados pelo brilho azulado de suas lâmpadas de carbureto, Lumian e Franca seguiram os rastros deixados pela caravana de contrabandistas.

Em pouco tempo chegaram à caverna da pedreira.

Uma figura estava na fronteira entre luz e escuridão, de costas para eles.

Franca exclamou com alegria: — Fernandez!

Parecia que o contrabandista também havia entrado neste espaço. Talvez o problema não seja dela ou de Ciel!

Porém, a expressão de Franca ficou tensa assim que ela terminou de falar.

Simultaneamente, Lumian falou em voz profunda: — Algo está errado.

Fernandez, o contrabandista, carregava uma lâmpada de carboneto. Não havia como ele ficar parado ali na escuridão!

No momento seguinte, a pessoa se virou.

Sob a iluminação das lâmpadas de carboneto de Lumian e Franca, um rosto ensanguentado apareceu.

O homem tinha cabelo curto e louro, sobrancelhas grossas e castanhas e olhos azul-lago.

Seus lábios eram finos e sua aparência não era digna de nota. No entanto, seus olhos irradiavam malícia e ódio indescritíveis.

Naquele momento, um sangue pegajoso manchou o rosto do homem, como se pudesse pingar a qualquer momento.

“Não é Fernandez! Por que ele parece familiar…” Lumian avaliou a situação enquanto pegava o revólver preto escondido debaixo do braço.

Com um estrondo, a lâmpada de carboneto de Franca caiu no chão.

Assustada pelo barulho e pela luz bruxuleante, o agressor disparou para a escuridão e desapareceu em um túnel que ligava à caverna.

— O que está errado? — Lumian voltou-se para Franca.

Como Beyonder da Sequência 7, membro de uma organização secreta e combatente experiente, ela não deveria exibir um comportamento tão anormal e reações exageradas!

Franca olhou para a escuridão por alguns segundos antes de falar: — Esse… esse era o meu eu passado…

“Seu eu passado, quando você ainda era homem?” Lumian ficou alarmado.

Uma sensação inquietante tomou conta dele quando ele perguntou em voz baixa: — Você quer dizer, antes de beber a poção da Bruxa?

— Sim. — Franca se abaixou e pegou sua lâmpada de carboneto, confusão e medo estampados em seu rosto. — Achei que ninguém neste mundo se lembraria daquele rosto, exceto eu… Por quê? Por que estou vendo isso aqui? É gerado a partir de minhas memórias? Nossas memórias não podem ser mantidas em segredo neste espaço?

“Isso não seria uma coisa boa?” A reação inicial de Lumian foi de entusiasmo.

Se este espaço pudesse revelar as memórias ocultas de seu subconsciente, ele poderia começar a juntar os pedaços da verdade sobre o desastre de Cordu!

Quanto à questão de saber se este espaço poderia interferir em algo que não deveria e correr o risco de corrupção e danos graves, ele não se importou.

Com a lanterna de carboneto e o revólver na mão, Lumian circulou cautelosamente a pedreira vazia. Ele não encontrou outras figuras ou qualquer coisa relacionada ao seu passado.

Desanimado, expressou sua decepção para Franca: — Não consegui encontrar meu eu passado.

— Será que não é uma memória do passado, mas sim algo do futuro? — Franca sugeriu retornar ao poço secundário que os trouxe aqui. Ao procurar mais anomalias ao longo do caminho, eles poderiam inferir a natureza deste espaço e encontrar uma maneira de sair.

Lado a lado, atravessaram a gruta da pedreira, seguindo as pegadas deixadas pela caravana de contrabandistas, rumo ao limite do Quartier de l’Observatoire.

Com o passar do tempo, Lumian e Franca notaram algo no chão quase simultaneamente.

Eram gotas de sangue espalhadas, misturadas às pegadas desordenadas da caravana de contrabandistas.

— As anormalidades estão começando a se manifestar? — Franca sussurrou.

Lumian assentiu.

— Se prosseguirmos, poderemos encontrar essas pessoas. — Ele olhou para Franca e acrescentou: — Embora possam não ser mais humanos.

Franca zombou.

— Você está tentando me assustar? Você acha que isso vai me assustar? Quer sejam cadáveres ou monstros, está dentro das minhas expectativas.

— Lembre-se, a coisa mais assustadora neste mundo é o desconhecido.

Assim que Franca terminou de falar, a expressão de Lumian congelou, iluminada pelo brilho da lâmpada de metal duro.

— Você ainda está tentando me assustar… — Antes que Franca pudesse terminar a frase, ela sentiu algo quente escorrendo de seu nariz e caindo no chão.

Era uma gota de sangue vermelho brilhante.

  1. caminho da demonia = caminho do assassino[↩]

Capítulo 188 – Confiança

Combo 50/50


— Droga!

Franca não pôde evitar deixar escapar sua personalidade habitual. Com um rápido toque do dedo indicador no nariz, sua mão revelou uma mancha vermelha brilhante. A visão por si só causou um arrepio na espinha dela.

Franca bufou.

Em um instante, chamas negras tremeluziram em suas narinas, dedos e no sangue no chão, desaparecendo rapidamente no ar.

Ao captar o olhar de Lumian, Franca, ligeiramente contorcida pela dor, forçou-se a esclarecê-lo.

— Não podemos deixar nosso sangue neste lugar desconhecido. Caso contrário, horrores inimagináveis ​​podem acontecer. Ei, por que você está ileso?

Do ponto de vista de Franca, ela superava Ciel em termos de sequência e experiência. Não havia razão para ele sair ileso enquanto ela sofria!

— Talvez eu esteja bem por enquanto, — Lumian respondeu condescendentemente, ponderando pensativamente. — Talvez o clone que encontramos representasse o velho você, não o velho eu.

— Então por que encontramos o velho eu e não o velho você? — Franca olhou Lumian com desconfiança.

“Esse cara poderia estar escondendo outro segredo?”

Lumian ponderou por um momento antes de responder.

— Talvez este espaço esteja mais interligado com as Demônias.

— Poderia ser… — Franca caiu em profunda contemplação.

Depois de alguns segundos, ela apontou para as pegadas e gotas de sangue no chão e sugeriu: — Vamos nos atualizar e investigar. A condição atual dessas pessoas pode revelar nosso futuro e nos ajudar a nos preparar com antecedência.

Lumian respondeu com ação, caminhando na escuridão que engoliu as pegadas e as gotas de sangue.

A luz azul-amarelada da lâmpada de carboneto resistiu silenciosamente à escuridão invasora.

À medida que avançavam, as anormalidades em seus corpos tornavam-se cada vez mais aparentes. Sangue quente começou a escorrer do nariz de Lumian, enquanto um líquido carmesim escorria dos olhos, gengivas, pele e orelhas de Franca.

Com suas chamas negras, não sobrou nem uma gota de sangue.

Por fim, “retornaram” ao poço secundário, onde os rastros da caravana de contrabandistas e o sangue que coagulava lentamente desapareceram abruptamente.

Quer fosse o túnel que levava ao poço secundário ou o caminho para outras áreas, não havia mais vestígios.

— Eles desapareceram de novo? — Franca, com o rosto envolto em chamas negras, franziu a testa.

Lumian, com o nariz selado pelas chamas negras, respirou fundo e sorriu.

— Este pode ser o nosso fim. Quando o sangue atingir um certo ponto, nossos corpos desaparecerão gradualmente.

Franca olhou para Lumian, que permaneceu calmo e sereno, e estalou a língua em admiração. — Você tem uma mentalidade decente.

Lumian riu.

— E daí? Muitas emoções negativas só vão atrapalhar meu pensamento.

— Às vezes, acho que você é mais maduro do que eu. — Franca suspirou.

— Você acabou de descobrir isso? — Lumian naturalmente não mencionou que estava pensando sinceramente sobre o assunto e confiante.

Comparado a Cordu, preso em um loop infinito, pelo menos não havia sinal de poder terrível neste lugar!

Além disso, Lumian não precisou quebrar a cabeça para bolar diversas estratégias de fuga.

A primeira opção era fazer um movimento arriscado usando os Óculos do Espreitador de Mistérios para explorar os arredores de diferentes ângulos e localizar uma saída.

Em segundo lugar, poderia tentar usar o dedo do Sr. K para estabelecer uma conexão, esperando que isso criasse uma passagem.

Em terceiro lugar, convocar Madame Hela ou a mensageira da Madame Mágica era outra possibilidade. Se tivesse sucesso, significaria que este lugar não estava totalmente isolado do mundo espiritual. As duas madames poderiam ter uma maneira de extrair Lumian e Franca à força.

Em quarto lugar, se tudo mais falhasse, poderia erguer um altar e oferecer orações ao misterioso governante além da névoa cinza. Um espaço tão bizarro não poderia restringir uma grande entidade. Mesmo o ciclo do destino orquestrado pelo deus maligno não poderia protegê-los de Seu olhar atento, muito menos deste lugar.

Por último, se a grande entidade permanecesse indiferente, Lumian poderia realizar um ritual e implorar por uma benção. Ele poderia ativar o símbolo com espinho negro em seu peito, permitindo que a corrupção do deus maligno selado se amplificasse. Esta opção poderia criar uma vulnerabilidade no funcionamento deste espaço.

“Você pode ser tão calma e serena quanto eu se possuísse vários métodos não experimentados e acreditasse que há uma grande chance de escapar deste lugar…” Lumian criticou interiormente, sentindo-se um tanto perplexo.

Parecia que ele havia esquecido algo importante, mas isso escapou de sua memória momentaneamente.

Franca pegou uma caixa de maquiagem dourada clara, abriu-a e colocou-a no chão.

Sua forma desapareceu rapidamente, sem deixar rastros.

A luz aquosa dentro do espelho do tamanho da palma da mão tremeluziu, iluminando a figura de Franca.

“Que mágico…” Lumian suspirou, maravilhado com a visão.

Franca olhou ao redor no espelho por alguns segundos antes de desaparecer.

Ela reapareceu em frente a Lumian, balançando a cabeça e proferindo: — Não consigo encontrar uma saída confiando no espelho…

Sem esperar pela resposta de Lumian, a Bruxa tentou vários outros métodos, mas todos se mostraram inúteis.

Por fim, acariciou o espelho dentro da caixa de maquiagem, buscando orientação em sua espiritualidade.

Em tal lugar, hesitou em realizar a adivinhação do espelho mágico, temendo uma conexão perigosa e terrível.

— A saída… A saída… — Franca repetiu várias vezes a frase de adivinhação em Hermes, e o espelho escureceu, parecendo um lago iluminado pela lua.

A luz aquosa cintilante refletia alguém.

Era Lumian — usando um chapéu redondo de abas largas, camisa branca, jaqueta marrom e calça escura. Chamas negras tremeluziam sutilmente em seu nariz.

— Uh… — Franca se virou, olhando para seu companheiro ao seu lado.

Ela franziu ligeiramente a testa e afirmou: — Encontrar a saída com seus óculos? Isso não é muito perigoso?

“Parabéns por finalmente descobrir a mais simples entre minhas cinco soluções…” Lumian ponderou e comentou: — Este não é mais o verdadeiro Submundo de Trier, nem parece estar diretamente ligado às ruínas da Quarta Época. Enquanto nos protegermos, devemos ser capazes de suportar qualquer perigo.

— Suportar… — Franca repetiu a palavra com um sorriso. — Acontece que eu sou excelente nisso!

Com um movimento rápido da mão direita, ela apagou as chamas negras no nariz de Lumian.

Depois de alguns segundos, uma gota de um líquido vermelho brilhante escorreu, pega pela palma aberta de Franca.

Então, ela conjurou novas chamas negras, selando as narinas de Lumian mais uma vez.

A leve sensação de queimação era tolerável para um Monge da Esmola como Lumian. Ele perguntou cautelosamente: — O que você está fazendo com meu sangue, uma maldição?

Franca riu.

— Preciso passar por todo esse problema só para matar você? Vou realizar uma Substituição de Espelho para protegê-lo do perigo de usar esses óculos.

Enquanto falava, ela pegou outro espelho do tamanho da palma da mão e espalhou nele o sangue de Lumian.

“Ela tem tantos espelhos… Eles são a essência dos feitiços de uma Bruxa?” Lumian observou os movimentos agitados de Franca, esclarecido e com um pouco de inveja.

Franca virou a cabeça e se dirigiu a ele: — Dê-me duas mechas do seu cabelo.

Sem hesitar, Lumian arrancou dois fios e os entregou.

Uma chama negra apareceu na mão de Franca, incinerando os fios dourados.

Ela espalhou as cinzas na superfície do espelho e acariciou-o com a palma da mão em chamas negras enquanto murmurava um encantamento inaudível.

Quando as chamas negras recuaram repentinamente para o espelho, os vestígios de sangue e cabelo desapareceram.

— Não se afaste mais de 30 metros de mim, — advertiu Franca, segurando o espelho aparentemente comum.

Lumian assentiu e tirou os Óculos do Espreitador de Mistérios do bolso.

Ele colocou os óculos marrons com aros dourados, mas sua mão direita permaneceu segurando o porta-espelho, pronto para removê-los a qualquer momento.

Quase simultaneamente, Lumian contemplou uma infinidade de cenas:

Rostos escondidos na escuridão, pálidos e ferozes, encharcados de sangue.

Uma massa de cabelos escuros flutuava entre as sombras, composta por centenas ou talvez milhares de fios, estendendo-se em várias direções.

Figuras persistentes, paredes rochosas brilhando com luz aquosa e uma escuridão impenetrável.

Na poça semelhante a um lago, um rosto colossal, inchado e pálido espreitava sob a superfície escura, olhando para fora.

Havia uma caverna brilhante…

“Luz… Caverna…” A intuição de Lumian atingiu instantaneamente, obrigando sua mente tonta a se concentrar na borda da cena.

A caverna cheia de luz aumentou rapidamente, revelando uma passagem mal iluminada além.

À medida que a caverna se aproximava, Lumian percebeu que era apenas um reflexo num espelho. Sua superfície era sólida e inacessível.

O espelho afundou nas profundezas da piscina sem luz.

De repente, o rosto colossal, inchado e pálido expandiu-se rapidamente diante dos olhos de Lumian, consumindo seu campo de visão.

A visão de Lumian escureceu e ele quase perdeu a consciência.

Vagamente, viu sua carne tentando se separar de seu esqueleto.

Swoosh!

Lumian ouviu um som estridente e sua mente clareou.

Ele rapidamente removeu os Óculos do Espreitador de Mistérios e vomitou.

Depois que ele recuperou a compostura, Franca perguntou preocupada: — Você está bem?

Em algum momento, o espelho em sua mão se quebrou em incontáveis ​​fragmentos, espalhados pelo chão.

Lumian respirou fundo e respondeu: — Estou bem agora.

Ele estendeu o dedo, indicando uma direção específica.

— A mais de cem metros do túnel, existe uma enorme poça. E nas profundezas da poça, você encontrará um espelho. Esse espelho reflete uma caverna, que leva a um caminho de luz.

— No entanto, cuidado, pois dentro daquela poça se esconde um monstro perigoso. Quase morri quando vi seu rosto.

Franca ouviu em silêncio, seus murmúrios eram uma mistura de confusão e frustração.

— Droga, este lugar poderia realmente estar conectado a uma Demônia?

Capítulo 189 – Cooperação

Combo 01/100


Observando o olhar perplexo de Lumian, Franca forneceu uma explicação sucinta: — Uma das principais habilidades do caminho da Demônia gira em torno de espelhos e da manipulação do mundo dentro deles.

— Quando suspeitei que este lugar pudesse estar conectado ao caminho da Demônia ou do Caçador, ponderei se inadvertidamente entramos em um determinado local dentro do mundo espelhado. Assim, tentei usar o espelho de maquiagem para ver se conseguia escapar por ele. Como você testemunhou, foi infrutífero.

— Por causa disso, descartei provisoriamente a noção de estar em um mundo espelhado ou de encontrar uma relíquia pertencente a uma Demônia. No entanto, agora tropeçamos em um espelho escondido que provavelmente esconde uma saída…

— Então, você suspeita que este seja um lugar específico dentro do mundo espelhado, restrito a certos espelhos? — Lumian tentou compreender a linha de raciocínio de Franca.

— Exatamente, — Franca respondeu com um aceno gentil. — Mas o que me deixa perplexa é como nos encontramos aqui sem encontrar nada parecido com um espelho. Talvez minha conjectura esteja incorreta, ou apenas parcialmente verdadeira…

Lumian ponderou por um momento, na esperança de adquirir algum conhecimento. Ele fez uma pergunta sincera: — O que exatamente é um mundo espelhado?

Franca agarrou o rabo de cavalo na nuca.

— Explicar isso para você é um desafio, já que eu mesmo não tenho certeza.

— Permita-me explicar com base no meu entendimento. No misticismo, os espelhos possuem significados simbólicos distintos, como o reflexo de alguém ou a entrada para outro reino. O primeiro sugere que podemos usar espelhos para criar substitutos, enquanto o último indica um mundo espelhado.

— É frequentemente associado ao terror, ao mistério, ao horror e ao bizarro. Não consigo determinar se existem elementos ocultos ou se realmente representa uma dimensão alternativa. No entanto, sei que o mundo espelhado se conecta a várias entidades semelhantes a espelhos. Poderia potencialmente apontar para espaços que normalmente são inacessíveis. À medida que minha Sequência avança, eu deveria ser capaz de utilizar o mundo espelhado para atravessar rapidamente diferentes locais.

Lumian relembrou os acontecimentos recentes e deixou sua imaginação correr solta.

— Será que a versão sua que vimos pode ser um reflexo deixado no mundo espelhado de um encontro anterior, antes de você se tornar uma Bruxa? Isso explicaria por que nunca encontrei meu eu passado.

— Essa é uma explicação plausível, mas não encontrei nada de peculiar… — Franca ponderou por um momento. — Se for esse o caso, devemos nos apressar para a poça imediatamente. A saída provavelmente está lá! Não podemos mais nos dar ao luxo de prosseguir com cautela ou esperar mais. Como mencionei anteriormente, o mundo espelhado abriga fenômenos estranhos e aterrorizantes. Se demorarmos mais aqui, temo imaginar o que pode nos acontecer!

— Muito bem. — Lumian manteve a compostura.

Franca se virou e correu, com Lumian a seguindo de perto.

Enquanto a Bruxa corria, parecia que empregava alguma forma de habilidade. Pequenas manchas de gelo se materializaram sob seus pés, causando uma redução acentuada no atrito. Seu corpo parecia leve enquanto ela deslizava graciosamente pela caverna escura da pedreira e pelas profundezas do túnel subterrâneo.

Utilizando todas as suas forças como Caçador e Dançarino, Lumian lutou para acompanhar Franca e evitar ficar para trás.

No frio do inverno, uma fina camada de gelo formou-se gradualmente nas paredes das rochas circundantes.

Na superfície gelada, surgiram rostos manchados de sangue. Seus semblantes contorcidos, olhos cheios de ódio, parecendo espectros vingativos emergindo das profundezas do inferno.

Entre eles estava a encarnação anterior de Franca, quando ela ainda aparecia como homem!

Depois de correr um pouco, Lumian e Franca avistaram a poça.

À medida que a luz da lâmpada de metal lançava seu brilho, a superfície da poça brilhava com um tom azul-amarelado.

— É isso? — Franca parou abruptamente.

Lumian examinou-a por um momento antes de responder: — Sim.

Naquele momento, cada fibra do seu ser latejava de dor, como se seu corpo estivesse à beira de explodir, exceto pela sensação de queimação em sua cavidade nasal.

Segurando a lâmpada de carboneto com força, Franca se aproximou cautelosamente da poça.

— O desafio agora é como escapar do monstro que você encontrou e localizar o espelho. Lamentavelmente, ainda não consigo atravessar os espelhos. Só posso permanecer lá dentro por alguns segundos fugazes..

— Vou desviar a atenção dele e mantê-lo ocupado por um tempo. Por que você não mergulha na água e recupera o espelho?

Lumian falou claramente: — Não acredito que você tenha chance contra ele. Quase me derrubou quando apenas vislumbrei ele.

— … — Embora Franca sentisse uma pontada de aborrecimento e frustração, ela teve que reconhecer que Lumian falava a verdade.

Com sua Sequência e item místico, ela ainda poderia se manter firme mesmo contra um Beyonder um nível acima. No entanto, a julgar pela exibição do monstro, ele a superou em mais de um nível!

Após uma breve pausa, Franca cerrou os dentes e disse:

— Mesmo que eu esteja em desvantagem, minhas habilidades de fuga e autopreservação são formidáveis. Devo ser capaz de resistir a isso por mais de dez segundos. Se você conseguir recuperar o espelho dentro desse prazo, poderemos escapar!

Lumian soltou uma risada.

— Não deveríamos arriscar nossas vidas ainda.

— Tenho um plano para atrasar aquele monstro por dez a vinte segundos sem correr riscos excessivos. E confio que você conseguirá localizar aquele espelho, correto?

— Eu sou capaz. Tenho um método único para detectar espelhos, — Franca olhou para Lumian com ceticismo. — Você está realmente à altura da tarefa? Não há realmente nenhum perigo envolvido?

— Em teoria, os riscos são mínimos, — respondeu Lumian calmamente.

Simultaneamente, acrescentou silenciosamente: “Se os riscos se revelarem demasiadamente grandes, encontrarei uma alternativa. Sr. K, Madame Hela, Madame Mágica, o grande ser e o poder da Inevitabilidade são opções viáveis.

Franca não perdeu tempo e franziu os lábios enquanto falava: — Tudo bem, só por segurança, vou criar um substituto espelhado para você.

Naturalmente, Lumian não tinha objeções a algo que pudesse efetivamente reduzir o risco.

Depois que Franca pegou um pequeno espelho e criou o substituto correspondente, Lumian empunhou a adaga de prata ritualística e cercou a poça semelhante a um lago, criando uma barreira espiritual.

Durante todo o processo, manteve uma distância de quatro a cinco metros da beira da água, temendo que o monstro o arrastasse para baixo.

Guardando a adaga de prata, Lumian virou-se para Franca com um sorriso genuíno.

— O que vem a seguir envolve um dos meus segredos. Você poderia se virar?

— Muito bem. — Franca estava satisfeita com sua franqueza.

Ela suspirou interiormente mais uma vez.

“Jenna entendeu mal Ciel?”

Quando Franca se virou, Lumian colocou a lâmpada de carboneto de lado e começou a Dança da Invocação.

Ele pretendia invocar o monstro, mas não permitiria que ele o possuísse!

Lumian acreditava que quanto maior o nível de uma criatura peculiar, mais consciente ela estaria da corrupção dentro de seu corpo. Isso a tornou menos inclinada a se fundir a ele.

Em outras palavras, enquanto ele se abstivesse de emitir comandos que pudessem influenciar o monstro, era provável que ele observasse ansiosamente a Dança de Invocação, esperando por uma oportunidade para atacar. No entanto, sendo intimidado pelo selo e pela corrupção, não ousou agir de acordo com seus pensamentos. Isso só o envolveria verdadeiramente quando a dança terminasse.

A Dança de Invocação durou de 20 a 30 segundos, tempo suficiente para Franca submergir e localizar o espelho.

Contanto que Lumian pudesse escapar deste mundo antes que o monstro atacasse, não haveria mais problemas!

É claro que, se ele não conseguisse controlar os poderes correspondentes da natureza neste lugar e permitir que a Dança de Invocação tivesse efeito, ele sempre poderia empregar um método alternativo.

Em meio à dança contorcida e frenética, a espiritualidade de Lumian agitou as forças da natureza, formando uma conexão que se dissipou no ambiente, apenas para ser obstruída pela barreira espiritual.

Depois de alguns segundos, ondulações apareceram na superfície da poça e uma figura pálida emergiu, flutuando acima da água.

Tinha uma semelhança com um humano, com um corpo inflado e um rosto gigantesco ocupando metade de sua forma.

O monstro flutuou em direção a Lumian e parou bem próximo.

Lumian não ousou olhar diretamente para ele. Com os olhos semicerrados, ele gritou: — Depressa!

Sem hesitar, Franca soltou a lâmpada de carboneto, deu dois passos e pulou na água.

Com um respingo, a água espirrou ao redor.

Uma sensação fria e úmida penetrou na pele de Franca enquanto a escuridão envolvia sua visão.

Guiado pelo brilho fraco da lâmpada de carboneto que penetrava na água, Franca desceu rapidamente às profundezas.

De repente, criaturas escuras parecidas com algas marinhas estenderam seus tentáculos semelhantes a cabelos, deslizando ao redor de Franca como se estivessem vivas.

Franca não lhes deu atenção e continuou a descida.

Assim que a alga marinha estava prestes a tocá-la, ela inesperadamente explodiu em chamas negras.

As chamas negras queimavam silenciosamente debaixo d’água, sem mostrar sinais de extinção. As algas marinhas não viraram cinzas, mas a consciência delas foi apagada.

Flutuavam na água, balançando com as correntes.

Mais longe, uma multidão de algas marinhas continuava a avançar, obstruída por camadas de gelo condensado.

Ao lado da poça, Lumian, absorto na Dança da Invocação, não olhou para o monstro. No entanto, ele ouviu um som semelhante ao estouro de uma bolha. Um odor pútrido flutuou em sua direção, acompanhado por um frio envolvente.

Uma imagem passou pela mente de Lumian:

O monstro inchado com seu rosto enorme estava a menos de um passo dele, quase agarrado às suas costas. Ele podia até perceber sua respiração!

Hiss… Lumian ofegou instintivamente, recusando-se a interromper a Dança de Invocação.

Na água, Franca, tendo mergulhado mais fundo, finalmente sentiu a presença do espelho!

Sua forma desapareceu de repente, desaparecendo de sua posição original.

A figura de Franca rapidamente se materializou no antigo espelho prateado que repousava silenciosamente no fundo do mar.

Ela recuperou o artefato e nadou em direção à superfície, com uma expressão de alegria adornando seu rosto.

Ela acabara de confirmar que esse espelho realmente levava ao túnel subterrâneo no mundo exterior!

Ao lado da poça, Lumian estava cheio de ansiedade enquanto mantinha o olhar fixo na superfície da água. A Dança da Invocação estava chegando ao fim e o monstro inchado se aproximou, sua carne quase roçando sua pele.

Se Franca não surgisse logo, ele recorreria ao dedo do Sr. K!

Nesse momento, Franca chegou à margem, segurando o espelho, e saltou em meio aos respingos de água.

Evitando contato visual com o monstro, ela abaixou a cabeça e correu para o lado de Lumian, agarrando seu pulso.

Simultaneamente, ambos ficaram etéreos, enquanto o antigo espelho caiu no chão.

Uma cena se desenrolou na superfície do espelho: Franca agarrou a mão de Lumian e conduziu-o por um túnel curto e escuro até uma “caverna” iluminada antes de saltar para fora.

Em meio a luzes e sombras bruxuleantes, Lumian percebeu que estava em um caminho escuro, com uma luz distante penetrando.

Franca recuperou o espelho que lhe servira de substituto e notou inúmeras rachaduras marcando sua superfície, prestes a quebrar.

— Foi por pouco. — Ela suspirou sinceramente.

Capítulo 190 – Desenvolvimento Inesperado

Combo 02/100


Lumian olhou para o espelho quebrado na mão de Franca, alívio e confusão evidentes em seu rosto.

— Mas não sinto que estava sendo atacado.

Sua Dança de Invocação ainda tinha cinco a seis segundos restantes antes de Franca agarrar seu pulso.

Franca pigarreou e assumiu a postura de professora.

— Algumas técnicas de misticismo são indetectáveis. O momento em que você sente o ataque é o momento da sua morte.

“Será que o monstro me influenciou secretamente quando pausei a Dança da Invocação para entrar no espelho por aqueles breves segundos?” Lumian assentiu pensativamente.

— Sim, o sangramento naquele espaço nos pegou de surpresa. Não tínhamos ideia de como evitá-lo.

Enquanto falava, olhou para o rosto de Franca e notou sua pele lisa e sem cicatrizes. Era impossível dizer que o sangue havia vazado de vários lugares.

Franca tocou seu rosto e ponderou antes de dizer: — É realmente muito bizarro. Mas perdemos um pouco de sangue. Como Bruxa, tenho uma percepção mística da quantidade do meu sangue. Em outras palavras, o dano que sofremos no mundo especial dos espelhos não é falso. Só que não ficamos com nenhuma ferida. Droga, eu não trouxe a lâmpada! —

Enquanto falava, ela se virou e procurou em uma pilha de cascalho na lateral do túnel escuro.

Lumian também não teve tempo de recuperar sua lâmpada de carboneto. Ele só conseguia observar cada movimento de Franca com a ajuda da luz distante.

Em menos de dez segundos, Franca retirou um espelho dos escombros.

O espelho parecia ser feito de prata pura. Os padrões de ambos os lados eram misteriosos e sinistros, e sua superfície era escura e sem vida, como se o tempo a tivesse desgastado.

— Como esperado, existe um espelho correspondente na realidade. — Franca fez o possível para não se refletir no espelho prateado de design clássico. Ela também instruiu Lumian: — Em locais inseguros ou ao encontrar ocorrências estranhas, tente não se olhar no espelho, se puder. Caso contrário, algo terrível pode acontecer. Não devemos tocar em objetos tão misteriosos e malignos de origem desconhecida!

Lumian, que não havia mencionado a Franca que não poderia se olhar no espelho depois de usar os Óculos do Espreitador de Mistérios para se disfarçar, assentiu.

— Entendo que a saída é um espelho. O que não consigo entender é como entramos naquele espaço sem perceber. Não encontramos nada no caminho.

— Isso também me deixa perplexa. — Franca cobriu a superfície do espelho prateado de estilo clássico com um lenço e outros itens. Ela se levantou e disse: — Essa coisa parece estar intimamente relacionada ao caminho da Demônia. Que tal você dar para mim? Encontrarei algo valioso para compensá-lo mais tarde.

— Sem problemas, — Lumian riu. — Você não precisa perguntar. Eu não posso vencer você.

Franca estalou a língua e disse: — Não, os despojos de guerra devem ser distribuídos de forma justa. Caso contrário, certamente haverá conflitos dentro da equipe. Eu costumava ser prejudicada assim no passado. Se não fosse pela minha boa natureza e por não guardar rancor, eu já teria procurado vingança há muito tempo.

“Por que parece que você está me xingando, Madame…” Lumian murmurou silenciosamente.

Se alguém pegasse seus despojos e o explorasse sem motivo, e sua força fosse inferior à da outra parte, embora ele não dissesse nada na hora, com certeza encontraria uma maneira de se vingar mais tarde. Ele não iria simplesmente perdoar a outra parte tão facilmente.

Guardando o espelho prateado de estilo clássico, Franca apontou para a fonte de luz.

— Vamos dar uma olhada ali. Poderemos encontrar a polícia da pedreira ou outros contrabandistas. Podemos pedir instruções.

“Isso mesmo…” Lumian concordou de todo o coração.

Se não fosse por isso, o fantasma Montsouris teria sido erradicado há muito tempo pelos Beyonders oficiais.

Os dois prosseguiram pelo túnel, guiados pelo brilho fraco, permanecendo alertas para qualquer ataque potencial.

Em pouco tempo, chegaram a uma caverna. No centro da caverna havia uma pessoa usando um chapéu de feltro. A luz emanava da lâmpada de carboneto que ele segurava na mão.

Franca o reconheceu e gritou: — Fernandez!

Ela percebeu que era Fernandez, o contrabandista que os estava guiando.

Esta parecia ser a caverna da pedreira onde eles haviam combinado de encontrá-lo.

Fernandez se virou surpreso e perguntou: — Como vocês vieram daí? Estou esperando há quase meia hora, mas vocês não apareceram. Eu até fui ao local onde as pegadas desapareceram para procurar por vocês, mas não encontrei nada.

Lumian e Franca trocaram olhares e assentiram.

Na verdade, eles passaram quase meia hora no especial mundo espelhado.

Franca abordou Fernandez e explicou casualmente: — Nós tropeçamos em algumas pistas e as perseguimos. No entanto, acabamos voltando para cá e encontramos uma emboscada no caminho. Perdemos nossas lâmpadas.

— Que pistas? — Fernandez perguntou, agradavelmente surpreso.

Franca sorriu.

— Discutiremos isso diretamente com Christo.

Fernandez conhecia bem o seu lugar e não se intrometeu mais. Ele conduziu os dois de volta pelo mesmo caminho que haviam seguido antes.

Subiram pelo poço secundário e entraram no subterrâneo correspondente ao Le Marché du Quartier du Gentleman, chegando finalmente à saída da Rue Anarchie.

Somente quando Lumian e Franca colocaram os olhos nos vendedores ambulantes, nas crianças catando cascas de frutas, nos moradores de rua amontoados nos cantos e na multidão agitada, é que eles realmente se sentiram como se tivessem escapado daquele reino estranho e retornado ao mundo real.

Depois de embarcar na carruagem que o “Rato” Christo havia enviado para buscá-los, Lumian olhou para Franca e perguntou em voz baixa:

— O que devemos dizer mais tarde?

Fernandez conhecia o condutor da carruagem e sentou-se ao lado dele, por isso não estava na carruagem.

Franca riu.

— Diremos simplesmente que entramos em um espaço desconhecido, descobrimos alguns vestígios e conseguimos escapar usando minha magia de espelho.

— O resto não tem nada a ver com Christo.

Lumian não disse mais nada. Ele fechou os olhos e relembrou seus encontros no especial mundo espelhado.

A carruagem de quatro rodas virou rapidamente na Avenue du Marché, avançando em direção à locomotiva a vapor de Suhit. Ela desviou para o beco que levava ao depósito.

“Rato” Christo os esperava no armazém próximo.

Em pouco tempo, Lumian e Franca avistaram o contrabandista parecido com um rato.

Christo se aproximou deles com um sorriso e exclamou: — Obrigado, pelo Vapor! Erkin e os outros estão de volta!

“Erkin…” Os olhos de Franca se estreitaram quando ela deixou escapar: — A caravana desaparecida voltou?

Erkin, o irmão mais novo de Christo responsável pela caravana de contrabando, já havia desaparecido e Franca ainda usou sua adivinhação.

“E agora ele está de volta?”

“O que diabos estava acontecendo?”

Christo assentiu, ainda sorrindo.

— De fato, as mercadorias também retornaram!

— Eles chegaram há mais de uma hora.

“Há mais de uma hora? Não foi nessa mesma época que descobrimos o local onde as pegadas desapareceram e entramos naquele peculiar mundo espelhado?” Lumian franziu a testa, uma pitada de confusão agitando-se dentro dele.

Foi só porque já havia vivenciado fenômenos inacreditáveis ​​como o loop temporal e o sonho vívido que Lumian conseguiu manter a compostura, ao contrário de Franca.

Observando as expressões de surpresa e perplexidade de Franca e Ciel, Christo sorriu e declarou: — Vou deixar o próprio Erkin explicar.

Ele se virou e deu alguns passos em direção à entrada do armazém, gritando: — Erkin, saia um momento!

Aproveitando a oportunidade, Franca inclinou ligeiramente a cabeça e sussurrou para Lumian: — Isso é altamente incomum

Os lábios de Lumian se curvaram em um sorriso quando ele baixou a voz e respondeu: — Eu até suspeito que Rato e os outros conspiraram para preparar uma armadilha para nós. Eles usaram o desaparecimento das mercadorias como isca para nos atrair para aquele reino perigoso.

Franca o estudou com diversão nos olhos e comentou: — Você não confia muito nos outros, não é?

Lumian falou com franqueza: — Os salários das dançarinas deixam o Gigante e o Barão Brignais ressentidos, e eu possuo o cobiçado Salle de Bal Brise. Apenas ‘Rato’ não tem conflito de interesses conosco, então ele foi obrigado a intervir.

Franca pensou profundamente, considerando seriamente a possibilidade de ser enganada.

Naquele momento, Lumian sorriu.

— Isso é apenas uma conjectura. Não leva em conta as pegadas e outros rastros no mundo espelhado.

Assim que terminou de falar, um homem que parecia ter menos de 30 anos saiu do armazém.

Ele não era particularmente alto, medindo cerca de 1,6 metros. Além da ausência de bigodes de rato, ele tinha uma notável semelhança com Christo.

— É realmente Erkin, — sussurrou Franca para Lumian.

Então, voltou seu olhar para Christo e Erkin, que estavam se aproximando juntos, e perguntou: — Erkin, o que aconteceu?

Os olhos azuis escuros de Erkin revelaram uma mistura de medo e alegria.

— Entramos em um mundo peculiar dentro de uma seção do túnel e não conseguimos encontrar uma saída. À tarde, enquanto procurávamos em todas as direções, de repente nos encontramos de volta ao nosso caminho original.

“Nossa entrada lhes proporcionou uma oportunidade de escapar?” Franca tinha uma suspeita.

Lumian olhou para Erkin, sua expressão desprovida de qualquer emoção, como se avaliasse um adversário que poderia lhe trazer calamidade.

Em sua mente, ele se lembrou das gotas de sangue deixadas no chão do mundo espelhado. Gradualmente, elas se fundiram, manchando toda uma área de vermelho.

“Alguém que perdeu tanto sangue poderia realmente retornar vivo?”

Franca evidentemente também havia pensado nisso. Ela olhou para Erkin e perguntou: — O que aconteceu com você lá?

Erkin não pôde deixar de tremer.

— Começamos a sangrar inexplicavelmente. No final, muitos estavam à beira da morte.

— Pelo Vapor, conseguimos encontrar a saída a tempo. Assim que saímos, nos recuperamos.

“É mesmo?” Franca sentiu que Erkin, adornado com o Emblema Sagrado, estava transmitindo seu relato de acordo com sua própria experiência e poderia ser explicado. Assim, ela só poderia deixar de lado temporariamente suas dúvidas.

Ao lado deles, “Rato” Christo lançou um olhar em sua direção e os convidou com um sorriso,

— Independentemente das circunstâncias, devo expressar minha gratidão. Gostaria de provar o mais autêntico frango assado de Savoie?

— Tudo bem, — respondeu Lumian em nome de Franca.

Christo pegou um molho de chaves e jogou-o para seu irmão, Erkin.

— Vá para o meu escritório e leve todos os temperos para a cozinha.

— Tudo bem. — Erkin recebeu a chave e subiu as escadas de ferro embutidas na parede externa do armazém. Com a mão esquerda, inseriu uma das chaves na porta do escritório de Christo e girou-a para destrancá-la.

Franca ficou momentaneamente surpresa antes de murmurar para si mesma: — Lembro que Erkin costuma usar a mão direita

Por que ele abriria a porta desajeitadamente com a mão esquerda quando não estava segurando nada?

Ao ouvir o comentário de Franca, Christo assentiu e respondeu: — Na verdade, ele é destro.

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