Vol. 5 Cap. 511 Aviso

Francesco soltou um suspiro pesado e falou: — No primeiro semestre do ano, quando eu trabalhava como barman em outro navio, encontramos piratas. Mais de dez deles estavam entre os passageiros. Eles tomaram o controle das cabines do motor e da caldeira logo de cara, repelindo qualquer tentativa da tripulação de revidar. Eles esperaram que seu navio pirata se aproximasse.

— Obrigado, Mãe Terra. Eles só saquearam as cabines uma por uma, e enquanto não resistimos, eles nos deixaram ilesos. Naturalmente, as belas damas e cavalheiros foram excluídos. Você não pode esperar que piratas tenham altos padrões morais.

Lumian tomou um gole de absinto com sabor de menta, com um sorriso nos lábios.

— Eles não estão preocupados que possa haver alguém como o aventureiro Gehrman Sparrow entre os passageiros? E se eles encontrarem uma potência que não quer abrir mão de seu dinheiro e está pronta para usar a força?

Francesco foi pego de surpresa pela pergunta de Lumian.

Depois de uma pausa, ele respondeu: — Ser um pirata envolve riscos maiores, não é?

— Isso faz sentido — Lumian concordou com a cabeça.

Francesco continuou, — Muitos navios mercantes hoje em dia contratam pessoal aposentado da marinha, aventureiros marítimos e mercenários profissionais para proteção. Eles são durões e conseguem lidar com distúrbios a bordo. Além disso, eles fazem os piratas pensarem duas vezes, deixando espaço para negociação.

— Houve um incidente semelhante em um navio mercante antes. Piratas estavam em vantagem, assumiram o controle, mas hesitaram em enfrentar uma equipe de marinheiros liderada por aventureiros. Eles optaram por negociações, exigiram uma taxa de proteção e se retiraram sem saquear as cabines.

Lumian riu.

— Se eu fosse um pirata, eu começaria uma empresa de segurança em Porto Gati, oferecendo mercenários marítimos experientes. Se os navios os contratassem, eu ganharia algumas taxas. Se não, bem, então é hora de um bom e velho saque. De qualquer forma, eu teria lucro.

Francesco olhou surpreso para o homem de cabelos pretos e olhos verdes na casa dos vinte anos e murmurou:

— Não me diga que você é um pirata disfarçado? As facções marítimas estão um caos. Seus subordinados podem proteger aqueles que o contratam de outros piratas? Fuuu, é por isso que nunca gostei do mar. Pisar no chão me dá uma sensação maior de segurança.

— Louvai a Terra, louvai a Mãe de Todas as Coisas!

“Um Feynapotteriano puro que acredita na Mãe Terra…” Lumian sorriu e perguntou: — Se você não gosta do mar, por que ainda está trabalhando como barman no navio?

A expressão de Francesco gradualmente se tornou animada.

— Você não acha romântico ter um reino independente, um que dificilmente pode contatar o mundo exterior, flutuando no mar? Quando você conhece uma bela dama aqui, você sentirá que só vocês dois sobraram no mundo inteiro. Vocês só podem confiar um no outro.

“Seu objetivo final é encontrar um encontro romântico?” Às vezes, Lumian achava difícil compreender os Feynapotterianos e alguns Triernenses que se pareciam com eles.

Naquele momento, Francesco gesticulou em direção a uma mesa redonda.

— Esse é Philip, o supervisor de segurança do Pássaro Voador. Ele alega ser um oficial aposentado da frota do Mar da Névoa. Ele destruiu vários navios piratas com seus canhões e capturou pessoalmente muitos piratas com cartazes de procurados.

Lumian seguiu o dedo de Francesco, olhando para o salão iluminado por lustres de querosene.

Um grupo de homens e mulheres se reuniu em volta de uma mesa redonda ao lado. No meio deles estava um homem de meia-idade com cabelo curto dourado-claro, olhos azuis-claros e um rosto envelhecido. Apesar de sua aparência, ele não exalava seriedade ou formalidade.

Philip, vestido com um traje de tripulação azul-escuro, levantou um copo de Lanti Proof e se gabou: — Quando eu servia no San Martin, cruzei o caminho da Rainha da Doença, Tracy. Naquela época, ela era apenas Vice-Almirante da Peste. Tsk tsk, como esperado da mulher mais bonita dos Cinco Mares…

— Vou te dizer uma coisa, se algum dia encontrarmos um pirata formidável, não se preocupe. Eu os conheço, e tenho um certo nível de amizade com eles. No mínimo, posso negociar…

— Haha, não pergunte por que oficiais navais têm laços com grandes piratas. Há muitas coisas no mar que você não entende, e é melhor não se aprofundar nelas…

Os homens e mulheres que cercavam Philip ouviam atentamente, ocasionalmente expressando surpresa quando ele mencionava figuras influentes ou quando ele narrava histórias de aventuras emocionantes.

Em algum momento, a mão esquerda de Philip envolveu a cintura de uma garota, e ela não fez nenhuma tentativa de escapar. Em vez disso, tinha uma expressão tímida.

Lumian desviou o olhar e perguntou ao barman Francesco: — Ele realmente conhece tantos grandes piratas? Ele é realmente um oficial aposentado da frota do Mar da Névoa?

Depois de terminar de limpar uma xícara, Francesco abriu as mãos e disse: — Quem sabe? No entanto, desde que ele assumiu como supervisor de segurança do Pássaro Voador, não enfrentamos nenhum ataque pirata durante nossas cinco viagens ao mar nos últimos meses. Não sei se é sorte ou se ele realmente conhece muitos piratas e consegue detectar espiões de relance, dando-lhes um aviso antecipado.

“Nos Cinco Mares, onde os piratas são uma ameaça constante, a probabilidade de evitar encontros em cinco viagens consecutivas de longa distância é pequena…” Lumian virou o corpo novamente, examinando Philip, cuja pele exibia as marcas ásperas, vermelhas e desgastadas de um marinheiro experiente.

Era desafiador discernir se essa pessoa era um Beyonder, muito menos determinar sua Sequência. No entanto, Lumian podia deduzir pelos detalhes físicos que ele havia passado um tempo considerável no mar.

Lumian se concentrou e observou brevemente a sorte de Philip.

Tinha um toque de sangue.

“Há uma possibilidade de combate e ferimentos no futuro, mas isso não colocará sua vida em risco…” Lumian franziu a testa, terminando o absinto em sua mão e pedindo outro copo de Lanti Proof.

Em pouco tempo, Philip saiu do bar com a garota ainda enrolada em sua cintura e o rosto vermelho.

Lumian estalou a língua e balançou a cabeça.

— Vocês, intisianos.

Depois de um tempo, uma música rítmica encheu o bar. Muitos clientes se levantaram e correram para o espaço vazio no meio para dançar.

Lumian segurava a bebida, balançando suavemente no ritmo, parecendo perdido em pensamentos.

Desde que descobriu que os abençoados de deuses malignos não estavam tramando nada de bom, ele não se sentia tão relaxado há muito tempo.

O plano do Albergue agora estava no passado. A investigação dos principais membros da Reunião da Mentira só poderia começar ao chegar a Porto Santa.

Essas foram férias raras.

Achando que era hora do segundo lanche noturno de Ludwig, Lumian pousou o copo e saiu do bar para o deque.

Enquanto Lumian voltava para a cabine de primeira classe, ele de repente sussurrou: — Temiboros, há alguma maneira de identificar os Beyonders no navio e os passageiros disfarçados de piratas? Quero visitá-los um por um, avisá-los para se comportarem e não interferir no meu prazer da viagem.

Se alguém se recusasse a atender ao aviso, 007 poderia ajudar a coletar a recompensa. As características de Beyonder que eles produzissem também poderiam ser trocadas por dinheiro!

A voz majestosa de Termiboros ecoou nos ouvidos de Lumian.

— Somente quando você se tornar um semideus da Inevitabilidade ou mudar de caminho você terá uma solução.

Sem esperar pela resposta de Lumian, o Anjo selado acrescentou: — Com a aura persistente de Alista Tudor e a leve corrupção de 0-01, há uma grande chance de você desencadear uma calamidade se realmente avisar essas pessoas.

“Isso significa que eu sou a maior calamidade e só preciso cuidar de mim mesmo?” Lumian, que esperava reorganizar o mundo sombrio do Pássaro Voador e garantir uma jornada agradável, entendeu o significado de Termiboros. Ele não teve escolha a não ser desistir.

Naquele momento, o Pássaro Voador caiu em um sono profundo. Lumian andou pelo chão sólido, os rangidos fracos e gritos abafados ecoando ao redor dele.

Em algum lugar dentro do navio, uma mulher chorava em soluços de partir o coração.

Lumian não era estranho a tal desespero. Ele frequentemente ouvia a Srta. Ethans, o objeto da admiração de Charlie no Auberge du Coq Doré, chorar em angústia similar.

“Há pessoas que sofrem em todos os lugares. Pessoas tristes…” Lumian, influenciado por sua irmã escritora, possuía um toque do espírito artístico.

Balançando a cabeça, ele retornou ao Quarto 5, sua cabine de primeira classe.

Lugano já havia se retirado para os aposentos dos empregados, enquanto Ludwig, vestido com pijama e uma touca de dormir, aguardava seu lanche noturno.

Lumian suspirou e pegou a comida facilmente conservável de sua Bolsa do Viajante, grato por ter reabastecido em Porto Gati.

Ele calculou o custo das refeições diárias de Ludwig — 100 verl d’or, traduzindo-se em quase 40.000 verl d’or anualmente. Uma onda de aborrecimento tomou conta dele. Nesse ritmo, Ludwig esgotaria suas economias em dois anos.

Ele não pôde deixar de se perguntar se o Barão Brignais havia dado um suspiro de alívio ao confirmar o “desaparecimento” de Ludwig.

Depois de preparar as duas refeições da meia-noite, Lumian lavou-se rapidamente e instalou-se no quarto principal.

Enquanto o balanço suave do navio o acalmava, sua mente adormeceu.

Lumian acordou às 6 da manhã, sentindo-se revigorado.

A mesa de jantar estava vazia, Ludwig e Lugano ainda dormindo.

Ele abriu a janela e se espreguiçou, inalando o ar fresco da manhã.

Pouco antes das sete, a campainha tocou.

“Meu café da manhã estava programado para chegar às 8h30…” Lumian abriu a porta e encontrou Philip, o supervisor de segurança do Pássaro Voador, com seus cabelos loiros, olhos azuis e rosto envelhecido, parado diante dele.

Philip parecia sombrio, um contraste gritante com o homem jovial que ele havia sido no bar na noite anterior.

— Confirmei que seus documentos de identificação são falsos.

“Como ele confirmou? Por que ele checou especialmente nossa identificação?” Lumian não sentiu que nada sobre eles se destacasse depois que embarcaram no navio.

Suprimindo sua confusão, ele franziu a testa e perguntou: — Você está tentando nos extorquir?

Philip olhou para a sala de estar e disse solenemente: — Não me importa quem vocês eram ou o que planejam fazer. Apenas se comportem durante sua estadia no Pássaro Voador. Aproveitem a viagem, não causem problemas, e todos nós ficaremos bem.

“Ele está realmente confirmando se somos problemáticos… Como esse cara fez isso? Ele é bem capaz. Ele não é tão frívolo e simples quanto parece…” Lumian respondeu calmamente, sem desistir, — Receio não entender. Talvez haja um mal-entendido?

Philip olhou para ele por um longo momento.

— Contanto que você entenda o que estou dizendo — ele finalmente respondeu antes de se virar e ir embora.

Vol. 5 Cap. 512 Estranho Navio Pirata

Lumian observou a figura de Philip se afastando e desaparecendo na distância, enquanto uma risada silenciosa escapava de seus lábios.

Esse cara era competente, ele tinha que admitir. A fachada frívola, infantil e indisciplinada que ele havia exibido no bar na noite anterior se foi.

Era uma característica comum entre muitos homens intisianos, Lumian observou. Quando não estavam envolvidos em trabalho exigente e cercados por mulheres atraentes, eles se transformavam em pavões vaidosos, desesperados para exibir suas proezas. Tornar-se um Beyonder não mudou essa natureza fundamental.

As demônias prosperavam em Intis, especialmente em Trier. Isso não era apenas devido ao fascínio subterrâneo da cidade; havia uma conexão mais profunda e harmoniosa com a sociedade em geral.

Lumian não se ofendeu com o aviso de Philip, nem levou para o lado pessoal.

Ele planejou aproveitar a viagem nos próximos dias e até considerou ajudar a manter a ordem no navio, tornando-se uma espécie de inquisidor das sombras.

Mas agora, sua principal preocupação mudou para como Philip havia desmascarado suas verdadeiras identidades.

Lumian havia meticulosamente vasculhado o grimório de Aurore, estudando as habilidades dos Beyonders de Baixa Sequência em 22 caminhos, e complementado seu conhecimento com informações coletadas de várias fontes nos últimos meses. A partir disso, ele formou uma hipótese preliminar.

“Philip provavelmente é um Beyonder de um dos três caminhos: Espectador, Leitor ou Árbitro.”

“Um se destaca em observar detalhes minuciosos e ler os verdadeiros pensamentos das pessoas. Outro é um mestre da dedução, sua Sequência 7 até mesmo sendo chamada de “Detetive”. Eles podem detectar anormalidades a partir das pistas mais sutis. O terceiro, na Sequência 8, Oficial de Segurança Pública, exerce controle extraordinário dentro de sua jurisdição, permitindo que sintam e rastreiem anomalias…” 1

“Dado que não falamos diretamente com Philip antes, posso eliminar a opção Espectador. Além disso, Espectador não é tipicamente escolhido como supervisor de segurança, não é o forte deles…”

“Após descobrir que havia um problema conosco por meio de suas habilidades e que nossas origens não eram claras, Philip provavelmente verificou cópias de nossa identificação e enviou telegramas às autoridades emissoras. E ele recebeu a confirmação de que essas três pessoas não existiam?”

“Isso explica a demora em seu aviso. Ele esperou pela investigação e resposta antes de fazer seu movimento.”

“Isso também implica que ele tem uma rede de ajudantes em diferentes regiões, recebe informações e feedback e possui amplas conexões.”

“Fazer isso sozinho não seria possível. Ele tem uma organização o apoiando, algo mais oficial, talvez? Ele alegou ser um oficial aposentado da Frota do Mar da Névoa, afinal…”

“Essa pessoa é realmente muito adequada para liderar a segurança de um navio mercante fortemente armado como este.”

Lumian se virou e fechou a porta, uma onda de alívio o invadiu.

Com um supervisor de segurança tão capaz no comando, emitindo avisos discretos sobre possíveis ameaças, a jornada à frente prometia ser relativamente segura.

Lumian passou a manhã no conforto de sua cabine de primeira classe, Quarto 5, entregando-se a um estudo tranquilo de Escocês e interrompendo sua leitura com períodos de exercícios. Enquanto isso, Ludwig, depois do café da manhã, implorou a Lugano para levá-lo em um passeio pelo navio, passando mais de uma hora no convés brincando como uma criança de verdade.

Lumian, no entanto, suspeitava que o verdadeiro propósito desta excursão era examinar meticulosamente a localização e as condições das reservas de alimentos do navio.

Antes do almoço, atraído pelo sol brilhante, Lumian desceu ao convés. Ele apoiou as mãos no corrimão e olhou para a vasta extensão azul-escura do mar.

Pelo canto do olho, ele avistou Philip, de volta ao seu comportamento casual habitual. Ele estava agora enredado com a garota da noite anterior na proa do navio, sussurrando coisas doces e rindo, a imagem de um casal apaixonado.

“Vocês, Intisianos…” Lumian balançou a cabeça com uma risada.

Depois de deixar Trier, ele ajustou suas frases habituais para refletir melhor a realidade.

Philip e a garota continuaram seu passeio pelo convés, suas risadas ecoando pelo ar.

Com a audição aprimorada de um Caçador, Lumian não teve problemas em entender o nome da garota — Gozia. Embora não fosse convencionalmente bonita, ela exalava uma vibração juvenil que era inegável.

Lumian observou o olhar de Philip disparar para além da amurada do navio, seu rosto endurecendo por um breve momento.

Seguindo a linha de visão do supervisor de segurança, Lumian examinou o horizonte e avistou uma sombra colossal espreitando sob as ondas ondulantes!

Ele desapareceu tão rápido quanto apareceu, engolido pela onda do mar.

“Menor que o Pássaro Voador, mas muito maior que qualquer criatura marinha… Peixe gigante, ou algo mais?” Lumian refletiu, uma faísca de excitação acendendo dentro dele.

— Meu querido, o que chamou sua atenção? — A voz de Gozia interrompeu o devaneio de Philip.

— Meu amor, estou pensando em qual restaurante de primeira classe vou te levar mais tarde, — Philip respondeu com indiferença.

De repente, um fino véu de neblina surgiu do mar, obscurecendo o sol e escurecendo o ambiente ao redor.

Os passageiros e a tripulação no convés permaneceram imperturbáveis, acostumados a mudanças climáticas tão repentinas no Mar da Névoa. Embora menos intensas que o Mar Berserk, a natureza imprevisível da região estava sempre presente.

Enquanto Gozia se deleitava com o primeiro dia da jornada, Philip discretamente levantou o braço direito, gesticulando em direção ao local onde a sombra havia desaparecido.

“Ele não acha que seja um peixe gigante passando…” Lumian admirou o mar à frente com interesse. Ele notou vários membros da tripulação terminando suas pausas e tomando suas posições, incluindo os artilheiros.

A atmosfera pacífica foi quebrada por um forte barulho quando um gigante preto como ferro emergiu das profundezas.

Era um “navio” de aparência peculiar.

Ele era coberto por uma camada de metal, com apenas tubos finos, semelhantes a olhos de caracol, saindo do casco.

À medida que a água do mar caía em cascata pelas laterais, a metade superior da estranha embarcação se abriu, revelando um conjunto assustador de canhões e mastros erguendo-se de dentro, criando um amplo convés.

Dezenas, talvez até centenas de piratas armados com armas de fogo e espadas estavam no convés, enchendo o ar com seus gritos intimidadores.

Uma vela branca se desenrolou automaticamente, direto até o topo do mastro.

“Uau…” Lumian ficou maravilhado interiormente.

Ele nunca tinha visto uma embarcação tão mágica antes, uma embarcação que podia desaparecer e reaparecer das profundezas do mar.

A expressão de Philip tornou-se cada vez mais grave.

Ao lado dele, Gozia congelou, com os olhos arregalados de terror enquanto instintivamente se aproximava de seu amante.

— Que tripulação pirata é essa?

— Só um homem comanda tais embarcações submarinas — Philip respondeu, sua voz desprovida de sua frivolidade habitual e pesada com uma certeza sombria. — Almirante do Mar Profundo, Howl Constantine. A julgar pelo tamanho desta embarcação, não é sua nau capitânia, a Newins. É o Polvo Negro, comandado por seu subordinado mais confiável, Divisor de Ossos Basil.

A visão de Gozia ficou turva e ela quase desmaiou.

Na noite anterior, durante a conversa, Philip mencionou os infames reis marítimos e almirantes piratas que governavam os Cinco Mares. Entre eles, Howl Constantine, que recentemente ascendera ao posto de Almirante, estava envolto em mistério.

A lenda sussurrava sobre sua herança monstruosa, alegando que ele possuía o sangue de monstros marinhos. Ele até se aventurou nas ruínas de uma cidade submersa, recuperando as relíquias de antigos alquimistas: dois barcos furtivos capazes de navegar nas profundezas do oceano sem serem vistos.

Inspirada por essas embarcações, a Igreja do Deus do Vapor e da Maquinaria tentou desenvolver sua própria frota submarina. No entanto, eles falharam em produzi-las em massa. Devido à dependência de Beyonders de Sequência superior, apenas uma ou duas dessas embarcações puderam ser designadas para cada frota de Intis, cada uma servindo a funções especializadas.

Das duas embarcações submarinas do Almirante do Mar Profundo, a primeira, a Newins, era um gigante que rivalizava com o Pássaro Voador em tamanho. Inspirada por uma renomada lenda de tesouro marítimo, ela serviu como a nau capitânia de Howl Constantine. A segunda, a Polvo Negro, que tinha acabado de emergir das profundezas, foi confiada ao seu subordinado mais confiável, Divisor de Ossos Basil.

Ele era uma figura igualmente formidável, conhecido por sua brutalidade a sangue frio e táticas implacáveis. Ele tinha prazer em torturar seus cativos, e a recompensa por sua cabeça, muito superior à da maioria dos piratas não-almirantes, era de impressionantes 250.000 verl d’or.

A revelação de Polvo Negro e do Divisor de Ossos mergulhou Gozia em um poço de desespero.

Como um mero navio mercante armado como o Pássaro Voador poderia enfrentar piratas tão notórios dos Cinco Mares?

Que horrores os aguardavam sob o reinado de terror do Divisor de Ossos Basil?

Philip, no entanto, não tinha tempo para a aflição de sua nova amante. Sua atenção total estava focada no espetáculo que se desenrolava do Polvo Negro e seus canhões ameaçadores, prontos para liberar sua fúria a qualquer momento.

Parado a uma curta distância, Lumian sentiu uma emoção correndo por suas veias quando ouviu o nome Divisor de Ossos Basil, o subordinado mais forte do Almirante do Mar Profundo Howl Constantine. Não era nervosismo, mas a sensação estimulante de sentir o cheiro de ferro e sangue.

Essa foi uma das beligerâncias dos Caçadores.

Mesmo depois de digerir completamente as poções, um Beyonder ainda seria afetado por elas.

Os olhos esmeralda de Lumian, afiados como os de uma águia, fixaram-se no bizarro ferro do navio negro enquanto ele formulava seu próximo movimento.

Assim que o Divisor de Ossos Basil surgiu e as duas embarcações diminuíram a distância, Lumian planejou se “teletransportar” para trás do infame pirata e liberar o Feitiço de Harrumph.

Se o efeito do Feitiço de Harrumph se mostrasse insuficiente e não conseguisse incapacitar Basil, Lumian vestiria suas luvas de boxe Atormentadoras, instilaria um desejo específico em seu oponente e se “teletransportaria” novamente, criando uma distância maior antes de ativar a Sinfonia do Ódio, amplificando o desejo instilado a um grau enlouquecedor.

Com Divisor de Ossos Basil gravemente ferido e momentaneamente incapacitado, Lumian aproveitaria a oportunidade para lançar todo o seu arsenal de Caçador, derrubando o inimigo com golpes devastadores.

Para evitar a interferência dos piratas ao redor, ele poderia potencialmente usar a habilidade Garrafa de Ficção e isolar Divisor de Ossos Basil para um duelo mano a mano…

Um plano complexo, completo com medidas de contingência, passou pela mente de Lumian, causando um leve tremor em seu corpo, como se antecipasse a emoção da batalha que se aproximava.

Assim que a tensão atingiu o auge e um confronto naval parecia iminente, os piratas a bordo do Polvo Negro se viraram como um só, com os olhos fixos em choque nas escadas que levavam mais para dentro do navio.

Poucos segundos depois, o bizarro navio negro como ferro fez uma curva abrupta, alterando seu curso e se afastando do Pássaro Voador.

Com precisão rápida, as seções expostas do Polvo Negro se retraíram, selando seu interior mais uma vez.

Aos olhos de Lumian e dos outros, o Polvo Negro rapidamente se distanciou, mergulhando de volta nas profundezas do mar.

Num piscar de olhos, ele se transformou em uma mera sombra, desaparecendo completamente.

— E-escapou? — Pronunciando a palavra após um longo momento de silêncio atordoado, Gozia se virou para seu amante, sua voz cheia de surpresa e confusão.

Divisor de Ossos Basil e seu Polvo Negro estavam simplesmente indo embora?

Sem luta, sem pilhagem?

Philip, ele próprio perplexo, olhou para o local onde o Polvo Negro havia desaparecido, forçando um sorriso no rosto.

— Eu não te disse que conheço muitos piratas fantásticos?


Nota do Tradutor:

[1] olha.. acho que a tradução chinês – inglês errou aqui, e não tenho como ir no cap original hoje, então vou colocar as sequências corretas segundo a wiki: Leitor, Sequência 7: Guardião do Conhecimento; Árbitro, Sequência 8: Xerife.

Vol. 5 Cap. 513 Preocupação

O olhar de Gozia imediatamente se tornou fervoroso ao ouvir a resposta de Philip, sua admiração era evidente.

“Eles fugiram?” Os lábios de Lumian se contraíram. A mudança abrupta de curso e o mergulho repentino do Polvo Negro o deixaram sem palavras.

A manobra o pegou desprevenido, deixando-o congelado por um momento crítico.

Este incrível navio subaquático, comandado por um grande pirata com uma recompensa enorme, simplesmente deu meia-volta e fugiu sem sequer disparar um único canhão?

Como alguém pode ser um pirata com uma coragem tão insignificante?

“Divisor de Ossos Basil? Com ​​uma recompensa de 250.000 verl d’or e uma reputação assustadora? Nem pense em mostrar sua cara em alto mar novamente!”

Lumian xingou baixinho, então franziu a testa pensativamente. “Por que Basil fugiu sem se revelar?”

“Eu poderia entender se fosse a aura do Imperador do Sangue que eu ativei que fez você correr tão rápido, mas por que agora?”

“Não poderia ser que ele tivesse mirado no navio errado, não é? O Pássaro Voador não é o navio mercante que ele queria saquear, então ele estava correndo para encurralar sua verdadeira presa?”

“Ele de alguma forma sentiu que sequestrar este navio levaria ao desastre?”

“Se ele realmente possuísse o poder de adivinhação ou profecia, eles saberiam que não deveriam vir. Ele não teria que se envergonhar na frente da tripulação e dos passageiros, apenas para voltar e vagar sem rumo…”

“Premonição de Perigo? A intuição de perigo de um Caçador não reagiria tão fortemente até que ele estivesse cara a cara com a ameaça…”

Então ele percebeu. Uma sequência que o deixou cauteloso por meses: “Sequência 6: Diabo, do caminho do Criminoso!”

“Beyonders nesta Sequência possuíam uma habilidade única chamada ‘Percepção Maliciosa’.”

“Se alguém dentro do seu alcance tivesse a intenção de causar-lhes dano letal e agisse dentro de um período de tempo específico, eles poderiam sentir a fonte do perigo e identificar o agressor.”

“Divisor de Ossos Basil… um diabo? Seu título e reputação certamente se encaixam…”

“Eu tinha acabado de formular um plano de caça para ele, pretendendo “teletransportar” depois de confirmar a situação. Ele sentiu minha malícia e confirmou a extensão do perigo antes de rapidamente decidir escapar?”

“Ei, você é um diabo. Você está fugindo sem lutar? Eu nem estou confiante em derrotar um diabo. Além disso, você está em seu barco alquímico com um grande número de subordinados ao seu redor. Você provavelmente não tem falta de itens místicos. Você tem que ser tão covarde?”

“O plano que imaginei tinha uma alta taxa de sucesso, tanto que a habilidade de Basil de sentir perigo excedia sua resistência. Portanto, ele não assumiu o risco e escolheu a resposta mais eficaz e segura — escapar?” Quanto mais Lumian ponderava, mais ele sentia que esse palpite estava próximo da verdade.

Isso também o divertiu.

Para ser honesto, seu plano era bem idealista. Ele não considerou a Sequência do Divisor de Ossos ou as habilidades dos piratas ao redor, nem considerou como usar a Garrafa de Ficção para isolar Basil para uma batalha um-a-um. Tudo isso dependia de suas observações subsequentes do Polvo Negro

“Os caçadores podem não ser aqueles que avançaram para lutar desde o começo. Eles podem até ser os últimos a aparecer e serem responsáveis ​​pela colheita.”

“Mas será que um plano tão simples e tão maldoso afugentou o Diabo antecipadamente?”

Lumian suspeitava que Basil poderia não ser capaz de sentir o plano específico. Foi somente porque ele tinha o Anjo da Inevitabilidade, a aura do Imperador do Sangue, o selo do Sr. Tolo e a corrupção leve de 0-01, independentemente de serem poderosos ou não, que eles se combinaram com um plano viável e clara malícia. Isso agitou fortemente o Divisor de Ossos, fazendo-o sentir que o perigo iminente estava além de sua capacidade de lidar. Daí a cena de agora.

“Todos os diabos são tão tímidos?” Lumian xingou silenciosamente e deixou o convés desapontado, retornando ao Quarto 5 da cabine de primeira classe.

Naquele momento, o atendente exclusivo havia chegado com o almoço. Ludwig se concentrou nas iguarias, enquanto Lugano se demorava na janela, seu rosto cheio de excitação.

Ao ver o retorno de Lumian, o Médico exclamou animadamente: — Agora mesmo, um grande pirata apareceu… Divisor de 6 Basil, o capitão mais formidável do Almirante do Mar Profundo Howl Constantine. Ele até opera o Polvo Negro. V-você já ouviu falar do Polvo Negro? É um navio místico que pode mergulhar no fundo do mar!

— Ouvi isso de alguém no bar ontem à noite, — Lumian respondeu honestamente.

Antes disso, ele não sabia muito sobre o Almirante do Mar Profundo e sua tripulação pirata. Tudo o que sabia era que havia um almirante pirata. Afinal, Howl Constantine era bastante misterioso e raramente aparecia em jornais e revistas que registravam histórias do mar. Sua única aparição na série O Aventureiro foi seu título e nome, dando a ele um histórico sem nenhuma trama.

Lugano não escondeu suas emoções.

— Eu testemunhei o navio pirata místico com meus próprios olhos. Ele realmente emergiu do fundo do mar e pode florescer como uma flor!

— Achei que iríamos colidir com o Divisor de Ossos e usar suas habilidades de teletransporte para escapar. Para minha surpresa, o Polvo Negro decidiu ir embora depois de observar por pouco mais de dez segundos.

“Mais de dez segundos? Você não está menosprezando o Divisor de Ossos? Foram alguns segundos!” Lumian retrucou internamente.

Lugano continuou, — Quando conversei com alguns marinheiros esta manhã, eles me disseram que o supervisor de segurança do Pássaro Voador é um formidável oficial aposentado que conhece muitos grandes piratas. Pensei que eles estavam se gabando, mas pelo que parece, esse supervisor de segurança não é simples. É realmente possível que ele tenha laços com muitos grandes piratas. É por isso que o Divisor de Ossos Basil não saqueou o Pássaro Voador!

— Isso mesmo — repetiu Lumian.

“Divisor…” Ludwig arrancou a pele oleosa e a carne de uma coxa de pato.

Lumian olhou para o garoto, que estava absorto na comida, e de repente teve uma nova ideia.

“Poderia a malícia e o perigo que Basil pressentiu ser mais de um? Não poderia ser somente meu?”

Ludwig pode ter engolido em seco ao ouvir a palavra “divisor de ossos”…

“Entretanto, embora esse estômago sem fundo ambulante pareça de alto escalão quando comparado a mim, ele não possui as habilidades correspondentes…”

Para celebrar o fato de que o Flying Bird não havia sido saqueado pelo Polvo Negro, o capitão ofereceu uma festa no convés à noite, com palhaços, mágicos e domadores de feras. Ele ofereceu a todos três copos de cerveja.

Tarde da noite, o bar da terceira classe fervilhava de atividade. Philip se tornou o centro das atenções, cercado por quase todos os clientes. Eles se revezavam para elogiá-lo e convidá-lo para bebidas.

Todos ficaram gratos ao supervisor de segurança por usar sua amizade com o Divisor de Ossos Basil para persuadir o grande pirata a ir embora e evitar que os passageiros do Pássaro Voador sofressem.

Lumian, sentado no balcão do bar e envolvido em uma conversa com o barman Francesco, saboreou o Lanti Proof. Seu olhar casualmente varreu o rosto de Philip, e ele notou uma pitada de seriedade e preocupação sob o sorriso frívolo do homem de meia-idade, loiro e de olhos azuis.

Em outras palavras, ele não estava tão feliz assim.

“Sim, tenho certeza de que ele não assustou o Polvo Negro… Heh heh, você ainda está relativamente lúcido. Não é algo para comemorar saber que um grande problema se aproximou de seu navio, mas anormalmente escolheu ir embora. Isso geralmente significa que há um problema maior espreitando aqui…” Lumian riu interiormente e desviou o olhar. Ele continuou a conversar com o barman Francesco sobre as belas mulheres na cabine de terceira classe.

Depois de quase uma hora, Philip saiu do meio da multidão bêbada e sentou-se ao lado de Lumian com sua amante, Gozia.

Ele bateu na mesa e pediu um copo de cerveja dourada. Casualmente, ele disse: — Você realmente gosta de beber em um lugar tão barulhento.

— As meninas aqui são mais entusiasmadas do que na primeira classe. — Lumian conseguiu adivinhar o motivo da vinda de Philip, mas ele não perguntou mais nada.

Philip riu. — É verdade.

Casualmente, ele perguntou: — O que você fez quando o Polvo Negro chegou?

— Você não se lembra? Eu não estava longe de você. Você não sabe o que eu fiz? — Lumian respondeu candidamente.

Philip assentiu levemente e não insistiu mais.

Lumian tomou um gole de bebida e perguntou com um sorriso: — Você acha que há um grande problema no navio que assustou aquele pequeno encrenqueiro?

Philip virou a cabeça e olhou para Lumian, não muito surpreso por ele ter feito tal conexão.

— Do que vocês dois estão falando? — Gozia, embriagada, não conseguia entender direito a conversa entre os dois homens.

Era como se estivessem falando por enigmas.

— Essa é a explicação mais lógica que posso dar — respondeu Philip, ignorando a pergunta de sua amante.

Lumian perguntou com interesse: — Quem você acha que é suspeito?

Da tarde de ontem até o meio-dia de hoje, o supervisor de segurança deve ter alertado muitas pessoas.

Philip pousou a caneca de cerveja e massageou as têmporas.

Depois de pensar um pouco, ele sorriu. — Eu queria te contar, mas não acho que seja necessário agora.

— Por quê? — Lumian perguntou curiosamente.

Philip tomou outro gole de cerveja e riu.

— Enquanto esse grande problema não surgir no navio, não será um problema para mim.

— Como você pode ver, ele não se revelou e está se escondendo silenciosamente. Isso significa que ele pode querer apenas chegar ao arquipélago ou Porto Santa sem problemas.

Nesse ponto, Philip suspirou e disse com experiência: — Muitas vezes, quando você vê uma anormalidade, não há necessidade de se importar ou descobrir a verdade. Fingir não notar e esperar pacientemente que a anormalidade vá embora é a melhor escolha.

— A anormalidade que não irrompeu não é anormal. Sua investigação pode agitá-la, aumentando o problema e fazendo com que a catástrofe realmente desça.

— Enquanto essa anormalidade não nos prejudicar de verdade, tente ao máximo manter a reverência e evitar estímulos. Essa é uma das principais razões pelas quais consegui sobreviver no mar até agora.

Lumian assentiu gentilmente e disse: — Um parente meu mencionou uma vez que, em certos eventos, aqueles que não conseguem ver, ouvir, falar ou cheirar têm mais chances de sobreviver.

Philip sorriu e estendeu a mão direita.

— Fico feliz que você compartilhe desse entendimento.

Esse era seu verdadeiro motivo para vir falar com Lumian. Ele queria que Lumian, que estava usando uma identidade falsa, não ficasse curioso e tentasse descobrir o problema oculto no navio.

Isso pode comprometer o navio inteiro!

Entendendo o que Philip quis dizer, Lumian não pôde deixar de levantar as sobrancelhas.

“Isso significa que há outros problemáticos no navio?”

Vol. 5 Cap. 514 Onda Enorme

Lumian levou um momento para considerar. Ele não achava que houvesse perigo real.

A preocupação de Philip era baseada na reação do Divisor de Ossos Basil, que apenas sugeria um problema potencial no navio. Embora Philip soubesse quais passageiros e tripulantes eram suspeitos, ele não conseguia identificar a verdadeira fonte do problema. Ele nem tinha certeza se estava certo e não ousaria ter certeza. Portanto, seu suspeito pode não ser o problema real.

Em outras palavras, era mais provável que o problema real estivesse sentado bem ao lado dele: Lumian e seu novo afilhado, Ludwig. No entanto, Philip não sabia disso e, ao excluí-los, erroneamente focaria em outros suspeitos.

“Além de Ludwig e eu, haja outros problemas sérios ou não, Philip está certo,” Lumian pensou, soltando um suspiro suave. “Antes que qualquer problema maior apareça, é melhor não investigá-lo ou provocá-lo. Vamos fingir que não vemos, ouvimos ou falamos, e esperar que eles cheguem ao seu destino e deixem o Pássaro Voador…”

“Claro, isso depende da situação permanecer estável. Se alguma anormalidade surgir, teremos que encontrar uma maneira de resolvê-la imediatamente. Às vezes, fingir não ver as coisas não as impede de piorar. A catástrofe de Cordu é um lembrete horrível disso…” Lumian pensou e suspirou suavemente.

Ele se virou e estendeu a mão, apertando brevemente a de Philip com um sorriso.

— Estou feliz que chegamos a um acordo.

Philip deu um suspiro de alívio, retraiu a mão direita e bebeu sua cerveja de malte dourado.

Ele estava preocupado que alguém como Louis Berry, que usava uma identidade falsa e era suspeito de ser um criminoso, fosse teimoso e aventureiro. Estava preocupado que Louis não ouvisse a razão e insistisse em descobrir o “enorme problema” que assustou o Polvo Negro.

Filipe não sentia nenhuma simpatia por alguém que poderia morrer por causa de sua própria tolice, mas não queria que colocassem todos os outros em perigo.

Felizmente, Louis Berry parecia alguém com quem era possível raciocinar.

Enquanto Philip terminava sua cerveja, ele continuava se assegurando:

“O Arquipélago do Mar da Névoa não ficava longe da República. Na verdade, sua proximidade foi o motivo pelo qual Intis o escolheu como sua primeira colônia ultramarina. O Pássaro Voador não precisaria parar em outros portos para obter suprimentos em sua jornada, permitindo que chegasse diretamente.”

“Supondo que o tempo permanecesse calmo, o Pássaro Voador deveria atracar em Farim, a capital do Arquipélago do Mar da Névoa, na noite seguinte. Se encontrassem mau tempo, talvez precisassem diminuir a velocidade, mudar de curso ou buscar refúgio em outro porto. O mais tardar que poderiam chegar seria ao meio-dia depois de amanhã.”

“Talvez esse problema incômodo desembarcasse em Porto Farim?”

“Mesmo que algo estivesse acontecendo sob a superfície, não entraria em erupção completamente em apenas um ou dois dias.”

“Persista e tudo acabará!”

Tranquilizado, Philip — abraçando sua amante, Gozia — levantou-se do banco e deixou o bar movimentado.

Lumian continuou tomando seu Lanti Proof, aparentemente imperturbável.

Com um sorriso, ele se virou para o barman, Francesco, e comentou: — Ouvi dizer que muitos feynapotterianos sentem saudades de casa. Mesmo quando precisam sair para trabalhar, eles geralmente voltam para casa, escrevem cartas ou enviam telegramas. Você, no entanto, escolheu trabalhar no mar, em um navio que dificulta manter contato com o mundo exterior.

Francesco levantou a mão e gesticulou. — Embora eu ame muito minha família, famílias como a nossa, com gerações vivendo juntas, frequentemente enfrentam vários problemas e conflitos. Minha avó, uma mulher sábia, nos administra bem, mas pode ser sufocante para a geração mais jovem. Há muitos idosos ansiosos para compartilhar suas experiências de vida.

— Além disso, minha casa é em Porto Santa. O Pássaro Voador atraca lá quase todo mês. Então, para mim, esse trabalho é tanto trabalho quanto uma viagem para casa.

“É como o livro que descreveu os costumes Feynapotterianos. Os Feynapotterianos gostam de viver em famílias grandes que abrangem várias gerações. E em tais famílias, a mulher mais velha que deu à luz se torna a matriarca natural, controlando todos os assuntos da família, independentemente de seu marido estar vivo. Em um sentido religioso, tal mulher é considerada a personificação da Mãe Terra dentro da família…” Sua conversa com o Barman Francesco não era puramente para relaxamento. Ele tinha dois objetivos: primeiro, queria entender melhor os passageiros através dos olhos de Francesco. Seu destino final era Porto Santa, que ficava de cinco a seis dias de distância. Prestar atenção aos vários detalhes da vida no Pássaro Voador era crucial. Segundo, ele queria verificar as informações em seus livros e obter uma compreensão dos costumes locais no Reino Feynapotter. Perder conhecimento importante poderia levá-lo a interpretar mal as situações em Porto Santa.

A noite passou pacificamente, exceto por uma criança acordando duas vezes para comer, os ruídos rítmicos de mastigação mal perturbando o sono de Lumian. O balanço suave do navio e as ondas do lado de fora de sua janela criaram uma atmosfera calmante.

Justo quando ele pensou que o Pássaro Voador chegaria suavemente a Porto Farim, a capital do Arquipélago do Mar da Névoa, à noite, o clima mudou repentinamente.

O mar, antes velado por uma névoa fina, começou a ferver. Ondas gigantes, como montanhas imponentes, subiam e desciam em rápida sucessão.

O Pássaro Voador balançava precariamente nas ondas, seu ar de poder colossal substituído pela vulnerabilidade.

Agora, era uma mera folha jogada entre o céu e o mar, um brinquedo nas mãos de um gigante. Minúsculo e frágil, parecia pronto para virar a qualquer momento.

Estranhamente, as ondas enormes não foram acompanhadas por escuridão ou chuva torrencial. Em vez disso, o vento uivante dispersou a névoa acima, revelando um céu azul claro.

Um marinheiro desceu do convés de observação e, segurando seu telescópio para Philip, gritou: — Chefe, essa onda não está certa!

— Só nossa área tem ondas desse tamanho! Em todo o resto é calmo!

— Aqui também não chove!

Philip, segurando Gozia, que tremia pálida pela força dos elementos, instintivamente franziu a testa.

“Ondas anormais?”

“Esse ‘grande problema’ as causou?”

Assim que esse pensamento passou pela sua cabeça, o Pássaro Voador foi arremessado no ar por uma onda monstruosa, apenas para bater em outra.

Tremores e solavancos aterrorizantes ecoaram pelo ar, provocando gritos de medo de muitos passageiros.

Eles sentiram o Pássaro Voador à beira do naufrágio, um naufrágio iminente.

Na cabine de primeira classe nº 5, Lugano olhava calmamente pela janela, segurando a moldura enquanto a mesa de jantar deslizava pela sala com a força da tempestade.

Ele sabia que se o Pássaro Voador não conseguisse resistir à tempestade, Lumian Lee sem dúvida os “teletransportaria” junto com Ludwig para um lugar seguro em Porto Farim.

Lumian, olhando para o mar azul estranhamente calmo além das ondas monstruosas, sentiu que algo estava errado.

Ele não perdeu tempo e pegou os Óculos do Espreitador de Mistérios de sua Bolsa do Viajante, na esperança de descobrir a causa oculta daquele desastre.

Enquanto os óculos marrons de aro dourado se acomodavam na ponte do seu nariz, uma tontura familiar tomou conta dele. Ele viu uma montagem caótica de cenas ao seu redor se desenrolar.

No convés, uma onda gigante surgiu, jogando Philip. Agarrando uma corda em desespero, ele desceu rapidamente com Gozia. Ele instintivamente se posicionou abaixo dela, protegendo sua nova amante da queda. Ele pousou com um baque pesado, a corda queimando um corte em sua palma, tirando sangue.

O caos reinava no refeitório enquanto pratos, facas e garfos voavam pelo ar; clientes eram arremessados ​​para todos os lados.

Em um quarto, a figura borrada de uma mulher estava sentada perto da janela, soluçando incontrolavelmente.

A câmara da caldeira era um cenário de desordem, com carvão espalhado pelo chão. Abaixo dele, rastejava uma horda horripilante de criaturas parecidas com conchas.

E abaixo da superfície azul enganosamente calma, um peixe peculiar olhava para o sitiado Pássaro Voador!

Seu tamanho rivalizava com o de um tubarão, seu corpo cinza-escuro desprovido de escamas, substituído em vez disso por numerosas almôndegas pulsantes. Essas estranhas esferas brilhavam com uma luz estelar tênue e interconectada, formando símbolos enigmáticos. Ele ostentava um par de olhos em cada lado da cabeça, e sua boca escancarada era tão afiada quanto um mastro de bandeira.

Ao redor desse peixe estranho e de vários peixes semelhantes parecia formar um cardume.

Com um suspiro agudo, Lumian arrancou os Óculos do Espreitador de Mistérios e os colocou de volta em sua Bolsa do Viajante, com o peito arfando.

Ele suspeitava que os peixes estranhos estivessem por trás das ondas violentas, embora não estivesse claro se o vento era uma consequência da agitação ou uma causa separada.

Sabendo que os peixes estranhos estavam submersos, Lumian descartou a ideia de usar uma enorme bola de fogo para guiar os canhões do Pássaro Voador em direção a eles.

Em vez disso, ativou a marca preta em seu ombro direito e se “teletransportou” para o pedaço de mar próximo que acabara de testemunhar.

Ao fazer isso, pegou a flauta de osso enegrecida, adornada com buracos vermelho-escuros.

Sinfonia do Ódio do General Philip!

Lumian se materializou no ar e, enquanto descia, levou a flauta de osso aos lábios.

Ele havia aprendido tocar flauta com pastores durante seu tempo em Cordu, e nos últimos dias, ele vinha praticando e refinando suas habilidades diligentemente. Agora, começou a tocar uma melodia melodiosa, uma cheia de saudade de casa.

Era uma melodia favorita entre os pastores errantes.

As explosões abafadas de bolas de fogo agitavam a água, retardando a descida de Lumian. Mas em meio à sua melodia, uma nova melodia, uma que parecia emanar das profundezas do próprio destino, perfurou a água do mar e alcançou os “ouvidos” dos peixes estranhos e seus semelhantes abaixo.

De repente, o peixe estranho congelou. Uma onda parecida com uma montanha desceu, mas nenhuma nova seguiu.

Bum! Bum! Bum! Os peixes menores que cercavam o peixe estranho explodiram de suas cabeças, virando-se contra os da sua própria espécie em um frenesi. Outros simplesmente morreram e flutuaram para a superfície.

A descida de Lumian acelerou enquanto seus pés, pernas e corpo submergiam no mar gelado.

Ele continuou tocando a melodia saudosa dos pastores, sentindo a água do mar atingir seu pescoço e ameaçar engolir sua boca.

No momento seguinte, sangue vermelho escuro escorreu dos quatro olhos e várias saliências no peixe do tamanho de um tubarão.

As ondas aterrorizantes diminuíram rapidamente.

Com apenas metade da cabeça acima da água, Lumian abaixou a flauta de osso e sorriu. Ele ativou Travessia do Mundo Espiritual mais uma vez.

Coff, coff, coff! Quando ele se materializou de volta no Quarto 5 da cabine de primeira classe, água salgada do mar saiu de sua boca.

Em sua ânsia de garantir a eficácia da música, parou de tocar tarde demais, acabando por engolir um bocado de água do mar. Além disso, temendo que muita comoção pudesse interromper o “teletransporte”, ele prendeu a respiração até retornar antes de engasgar.

“Isso é uma forma de azar?” Lumian refletiu.

Lugano, assustado com o estado encharcado de Lumian, perguntou: — Está resolvido?

— Parece que sim — Lumian respondeu com um sorriso.

Seus sapatos e calças apresentavam marcas de uso e desgaste, além de água do mar queimada e pingando.

Naquele momento, aplausos irromperam no Pássaro Voador quando passageiros e tripulantes notaram o recuo das ondas.

— Louvado seja o Sol!

— Pelo vapor!

— Obrigada, Mãe de Todas as Coisas!

— …

Vol. 5 Cap. 515 Peixe Estranho

Philip, diferentemente dos outros tripulantes e passageiros exultantes, empurrou Gozia para longe, ignorando a dor nas costas e nas palmas das mãos, e correu para o lado do navio, com os olhos examinando a vasta extensão do mar.

Ele se movia implacavelmente, procurando por qualquer coisa incomum, qualquer coisa fora do lugar.

Então, um grito abafado cortou o ar.

Atordoado, ele localizou a fonte e correu em direção à proa do Pássaro Voador.

O grito ficou mais alto, mais desesperado. Philip viu uma mancha carmesim florescendo no azul distante, uma grande sombra se movendo abaixo.

A sombra rapidamente se materializou em um peixe monstruoso com quatro olhos — orbes azul-acinzentadas substituindo escamas e uma boca assustadoramente afiada.

Não era um peixe pequeno. Ele se contorcia e se debatia, com movimentos frenéticos de sua cauda, ​​fazendo gotas de água voarem.

Ondas surgiam ao redor dele, atingindo alturas de cinco a seis metros, mesmo sem a ajuda do vento, quebrando com força estrondosa.

Os gritos estridentes cessaram momentaneamente, e o monstro de quatro olhos, tomado por um medo palpável, mergulhou de volta nas profundezas, nadando para longe com uma velocidade que desmentia seu tamanho.

Seus irmãos restantes seguiram logo atrás.

Na cabine primeira classe, quarto 5, perto da janela, Lumian vestia roupas secas com a indiferença casual de alguém despercebido.

Ele sabia que a Sinfonia do Ódio havia despertado o terror do peixe de quatro olhos, e foi por isso que ele optou por um rápido “teletransporte” de volta em vez de saltar no ar e desencadear outro ataque devastador enquanto a criatura emergia.

O medo afastaria o monstro e o impediria de liberar toda a sua fúria e causar ainda mais estragos.

— Ufa — Philip suspirou, aliviado quando o peixe de quatro olhos desapareceu de vista.

— Graças a Deus, graças a Deus — ele murmurou, sua voz cheia de gratidão. Ele abriu bem os braços e exclamou: — Louvado seja o Sol!

— Você conhece esse peixe?

Uma voz de repente quebrou o silêncio ao lado de Philip.

Ele se virou surpreso ao ver Louis Berry, com seus cabelos pretos, olhos verdes e feições marcantes, parado ao seu lado.

Sua amante, Gozia, estava hesitante na entrada da cabine, querendo se aproximar, mas com medo de se aproximar do navio.

— É o Peixe-Bandeira Mutante. Heh heh, é assim que os estudiosos o chamam. No mar, eles têm outro nome para ele: Navegador da Morte — Philip respondeu à pergunta de Lumian, pressionando sua mão contra a bordo do navio para se apoiar.

— Navegador da Morte? Por que nunca ouvi falar dele? — Lumian perguntou, genuinamente curioso.

Para ser honesto, seu conhecimento sobre criaturas Beyonder era limitado. Suas experiências anteriores envolviam principalmente lidar com Beyonders, hereges e Descontrolados.

Philip olhou para ele, exalou e sorriu levemente.

— Essas criaturas parecidas com peixes só apareceram nos últimos anos. Muitos marinheiros os chamam de demônios do mar.

“Só apareceu nos últimos anos…” Lumian franziu a testa, pensativo.

Essas descrições frequentemente apontavam para a corrupção de deuses malignos, anomalias ambientais ou desastres naturais.

— Ele apareceu recentemente no Mar da Névoa ou não havia lenda sobre tal peixe nos Cinco Mares? — Lumian interrompeu a explicação de Philip, ansioso para esclarecer suas dúvidas.

Philip refletiu por um momento antes de falar.

—Eu costumava servir na frota do Mar da Névoa. Além do Mar da Névoa, eu só viajei pelo Mar do Norte. Eu não sei muito sobre o Mar Berserk, o Mar Sônia ou o Mar Polar, mas até alguns anos atrás, eu nunca ouvi nenhuma menção de um peixe tão estranho da tripulação, piratas ou colegas de outras frotas.

“Poderiam ser peixes corrompidos por um deus maligno?” Lumian de repente se sentiu grato por não ter tentado impulsivamente eliminar o Peixe-Bandeira Mutante.

Não só teria exposto seus poderes de Beyonder aos muitos tripulantes e passageiros, mas também poderia ter levado a perigos imprevistos. E para quê?

Uma pilha de lixo que só seria boa o suficiente para alimentar Ludwig!

Vendo que Louis Berry não estava mais fixado nos detalhes, Philip continuou, — Os peixes-bandeira mutantes aparecem em noites sem neblina, pairando eretos como se estivessem observando silenciosamente o cosmos. Muitos marinheiros e piratas testemunharam essa visão, acreditando que os peixes estão invocando uma entidade maligna.

— Pense nisso. O mar noturno está escuro como breu, a lua carmesim mal é visível, e apenas a luz das estrelas ilumina as assustadoras e distorcidas cabeças de peixes emergindo silenciosamente da água, imóveis e dispostas em padrões estranhos… É o suficiente para assustar qualquer um!

“Olhando para o cosmos… Eles poderiam ter sido corrompidos pelo poder de um deus maligno…

Lumian ponderou por alguns segundos antes de perguntar: — Por que eles são chamados de Navegantes da Morte?

Philip esfregou as bochechas.

— Depois de examinar o cosmos, os peixes-bandeira mutantes permanecem na superfície, formando duas linhas como uma ponta de flecha que aponta para um ponto específico no mar, como se guiassem alguma criatura desconhecida.

— Alguns piratas, aventureiros e caçadores de tesouros acreditam que isso indica itens valiosos ou tesouros escondidos, então eles tentam seguir os Peixes-Bandeira Mutantes para ver aonde eles levam.

— Mas nenhum dos navios que tentaram isso retornou, e a tripulação desapareceu.

— É por isso que os chamamos de Navegadores da Morte.

Philip suspirou e continuou: — Uma vez ouvi de marinheiros que os Navegadores da Morte podem controlar as ondas. A julgar pelo que acabamos de ver, esse rumor parece muito provável, e é muito pior do que eu imaginava.

— Certo, aquele Peixe-Bandeira Mutante deve ter sido relativamente poderoso até mesmo entre os Navegantes da Morte.

— No entanto, nenhum Navegador da Morte jamais atacou um navio humano antes…

Uma risada suave escapou dos lábios de Lumian.

— Talvez eles tenham atacado, mas ninguém sobreviveu para espalhar a notícia.

Philip ficou surpreso.

— Isso é verdade. Em uma onda tão grande, uma vez que um navio vira ou se parta, apenas aqueles com habilidades especiais teriam uma chance.

Ele fez uma pausa e murmurou para si mesmo: — Aquela pessoa problemática provocou o ataque dos Navegadores da Morte?

— É possível — Lumian respondeu sinceramente.

Depois de confirmar que os Navegadores da Morte não haviam retornado, Philip se virou para os passageiros e a tripulação reunidos perto da janela e da entrada da cabine.

— O perigo passou! O tempo voltou ao normal!

Os humanos, que haviam comemorado antes, explodiram em gritos de alívio, louvando suas divindades.

Philip desviou o olhar e ponderou: — O Navegador da Morte finalmente sucumbiu àquela ameaça desconhecida? Eu pude sentir seu imenso medo.

— É possível — respondeu Lumian com a mesma sinceridade.

Com esse interlúdio, o Pássaro Voador aumentou sua velocidade e chegou a Porto Farim, a capital do Arquipélago do Mar da Névoa, antes do anoitecer.

O sol se pôs atrás da Ilha do Santo Tick, lançando um brilho carmesim sobre o mar distante, vastas florestas e o vulcão marrom adormecido. A visão era magnífica e de tirar o fôlego.

Farim, na língua nativa do Arquipélago do Mar da Névoa, significava “tendo fragrância e doçura”. A Ilha do Santo Tick era rica em cravo, noz-moscada, pimenta e cana-de-açúcar. As frutas eram principalmente bananas e uvas, enquanto o resto da terra era plantada com algodão.

Olhando para os prédios de paredes brancas e telhados vermelhos que margeavam o litoral, os mastros, velas e chaminés emitindo neblina, Lumian riu e disse: — O Imperador Roselle, que deu nome a esta cidade naquela época, provavelmente não esperava que Farim se tornasse o último bastião da língua indígena.

Sob gerações de genocídio cultural, os atuais ilhéus só conseguiam falar Intisiano. Sua língua nativa havia se perdido há muito tempo.

Pode haver velhos nas tribos primitivas que viviam nas profundezas da floresta que ainda entendiam a língua indígena, mas em todas as cidades coloniais e plantações vizinhas, uma língua reinava suprema: o intisiano.

É claro que o Arquipélago do Mar da Névoa tinha seus próprios dialetos únicos, uma mistura de línguas intisianas e indígenas, raramente usadas pelos intisianos fora desta região.

— Você vai desembarcar? — Lugano perguntou a Lumian.

O Pássaro Voador não deixaria o porto até a tarde seguinte.

— Claro — Lumian respondeu com uma pitada de excitação. — Agora que estamos aqui em Farim, não posso perder a chance de experimentar o famoso Golden Somme deles! Você gostaria de liderar o caminho, levando eu e Ludwig por aí, ou prefere ficar aqui e ficar de olho nele?

O Arquipélago do Mar da Névoa era conhecido por sua cana-de-açúcar de qualidade superior, e o licor de açúcar produzido a partir de seu xarope, chamado “Golden Somme”, era lendário.

O primeiro instinto de Lugano foi acompanhar seu empregador, pois ele se sentia mais seguro perto da presença capaz e decisiva de Lumian. No entanto, após um momento de reflexão, o Médico decidiu que seria mais sensato permanecer a bordo.

Embora Lumian fosse inegavelmente formidável, seu talento para atrair problemas era igualmente impressionante!

Deixando Ludwig com comida suficiente para o jantar e duas rodadas de lanches noturnos, Lumian desembarcou do Pássaro Voador, vestindo uma camisa branca, um colete preto, uma jaqueta escura e calças combinando.

Em Trier, já era o começo do outono, e o ar estava revigorante de frio. No entanto, o Arquipélago do Mar da Névoa parecia estar aproveitando o fim do verão. Embora o ar estivesse quente, ele foi rapidamente dispersado pela refrescante brisa do mar.

Quando Lumian saiu do porto, ele avistou uma velha senhora de pele morena, enrugada e feições negras, vendendo chapéus de palha dourados do outro lado da rua.

Esses chapéus eram tecidos de uma planta local chamada folhas douradas, que era preferida pelos crentes da religião Eterno Sol Ardente. Usar um supostamente dava a ilusão de ter o sol brilhando diretamente sobre a cabeça.

Intrigado pela ideia, Lumian comprou um chapéu por 5 licks e colocou-o na cabeça. Ele então continuou seu passeio tranquilo em direção à praça próxima.

No coração da praça ficava um Obelisco do Sol, cercado por vários avisos adornados com cartazes de procurados.

Lumian parou, suas mãos instintivamente deslizando para dentro dos bolsos. Antes que o sol mergulhasse abaixo do horizonte, ele examinou os cartazes de procurados e memorizou as recompensas.

“Rainha Mística, uma rainha do mar… Recompensa de 100 milhões de verl d’or.”

“Rei dos Cinco Mares Nast, um rei do mar… Recompensa de 20 milhões de verl d’or.”

“Rainha das Estrelas Cattleya, uma rainha do mar… Recompensa de 11 milhões de verl d’or.”

“Rei da Imortalidade Agalito, um rei do mar… Recompensa de 4 milhões de verl d’or.”

“Rainha da Doença Tracy, uma rainha do mar… Recompensa de 3 milhões de verl d’or.”

“Rei do Crepúsculo Bulatov Ivan, um rei do mar… Recompensa de 2,6 milhões de verl d’or…”

Observando o intenso escrutínio de Lumian nos cartazes de procurados dos seis reis marítimos, um aventureiro parado ao lado dele não conseguiu resistir e fez uma piada.

— Quer caçar os reis do mar, hein?

Vol. 5 Cap. 516 Método de Questionamento

Lumian se virou para encarar o homem provocador.

— Todo aventureiro que vem para o mar não sonha em seguir os grandes passos de Gehrman Sparrow?

O aventureiro brincalhão não tinha passado dos vinte anos. Cabelo castanho cacheado cobria um rosto magro, seus olhos azuis-íntis brilhavam de diversão. Apesar da barba por fazer desgrenhada adornando seu queixo, ele emanava um ar de classe média de Trier, refinado em seus detalhes.

Sua vestimenta: um fino casaco azul, calças brancas e botas marrons. Um revólver de grosso calibre e uma requintada espada equilibravam sua cintura.

A réplica e as aspirações elevadas de Lumian pareceram surpreender o aventureiro. Ele riu depois de um momento, — Nem mesmo Sparrow conseguiu caçar nenhum rei pirata.

— Não foi Gehrman Sparrow quem supostamente matou Barros Hopkins, o desaparecido Rei do Trono Negro, um dos Quatro Reis do Mar originais? — Embora a série O Aventureiro ainda não tivesse tocado no assunto, Lumian era um leitor dedicado de contos marítimos em jornais e revistas.

O aventureiro zombou: — Não confirmado. Só quando é incluído na série O Aventureiro é que é verdade. Dizem que Fors Wall foi especialmente contratada pela Igreja do Tolo para promover as façanhas de Sparrow.

“Como eu suspeitava, a famosa autora, Fors Wall, opera sob a proteção da Igreja do Tolo, o que lhe permite escrever sem medo sobre os segredos dos grandes piratas…” Lumian perguntou com interesse: — Então, o relacionamento entre Gehrman Sparrow, a antiga Vice-Almirante da Peste, e a atual Rainha da Doença é real?

— Eu apostaria nisso. A própria Rainha da Doença nunca negou isso — respondeu o aventureiro, claramente gostando da conversa.

Após a conversa, o aventureiro, com seu comportamento brincalhão, achou Lumian ainda mais amigável. Ele sorriu e perguntou: — Como devo me dirigir a você? Depois de aprender seu nome e você se tornar uma lenda como Gehrman Sparrow, posso me gabar para outros aventureiros de que o conheci antes de você se tornar famoso.

Sua última frase foi temperada com uma brincadeira bem-humorada.

— Louis Berry, — Lumian ofereceu seu pseudônimo. — E você? Talvez você seja o próximo Gehrman Sparrow.

— Batna Comté. — O aventureiro com o revólver de grosso calibre e a espada requintada riu e disse, — Eu não espero acabar como Gehrman Sparrow. Eu não me importaria em me tornar o próximo Blazing Danitz ou mesmo o antigo Caçador mais forte do Mar da Névoa, Anderson. Isso seria bem satisfatório.

*Bastante ambicioso… Ele não parece um novato nos mares…” Lumian avaliou Batna rapidamente, inconscientemente deslizando para a mentalidade de um Conspirador. “Ele ainda acredita que alcançar poder como Blazing Danitz é possível depois de tudo o que viu. Isso sugere um forte senso de autoconfiança… Ele poderia ser um Beyonder também?”

Ajustando seu chapéu de palha dourado, Lumian sorriu para Batna Comté. — A bebida é por minha conta. Que tal?

Ao entrar em Porto Farim, a movimentada capital do Arquipélago do Mar da Névoa, a Ilha do Santo Tick, Lumian tinha um duplo propósito: descobrir mais informações sobre piratas e adquirir os ingredientes suplementares restantes para a poção de Ceifador.

Esta missão exigiu contato com Beyonders e corretores de informações locais.

Enquanto seus pensamentos corriam, a recompensa da Madame Mágica passou por sua mente:

“Fórmula da poção de Ceifador:

“Sequência 5;

Ingredientes principais: Garras dianteiras do Lobo Demoníaco Cinzento, Língua do Caçador da Floresta;

Ingredientes suplementares: 80 mililitros de sangue de Lobo Demoníaco Cinzento, duas presas de Caçador da Floresta, 10 gotas de veneno de Lagarto Barbudo com Chifres Coloridos e 10 gotas de óleo essencial de Carpino;

Ritual: Planeje e execute uma captura bem-sucedida de um alvo com uma Sequência maior que a sua. Explique a conspiração completa diante deles e consuma a poção enquanto eles testemunham sua vitória, cheios de medo e desespero.

Nota 1: Quanto maior o número e a sequência dos alvos capturados e quanto maior o medo, o arrependimento e a raiva deles, mais potente será o efeito do ritual.

Nota 2: Os dois ingredientes principais podem ser substituídos pela característica Beyonder de Gardner Martin. Seu sangue e dois dentes também podem substituir o sangue do Lobo Demoníaco Cinzento e as presas do Caçador da Floresta, respectivamente.”

Em outras palavras, Lumian tinha apenas um único ingrediente faltando: o veneno do Lagarto Barbudo de Chifres Coloridos. Esse ingrediente sugeria uma criatura rara. Felizmente, o óleo essencial de Carpino, um ingrediente comum entre os entusiastas do misticismo, já estava em sua posse antes de ele deixar Trier.

— Tudo bem. — Batna Comté não rejeitou o convite de Lumian.

Os dois caminharam em direção a uma rua lateral da praça, onde havia um movimentado mercado ao ar livre.

Pilhas enormes de frutas se alinhavam na beira da estrada, enquanto barracas transbordavam com chapéus de palha Folhas Douradas, cana-de-açúcar suculenta, doces, carne assada saborosa, cigarros nativos e fatias de banana fritas. Ilhéus marrom-escuros, marinheiros estrangeiros, turistas curiosos e aventureiros experientes se misturavam em torno de barracas de churrasco, compartilhando bebidas e risadas.

Dois bares próximos, com as portas abertas, ofereciam mesas redondas espalhadas pela calçada, convidando os transeuntes a ficar e desfrutar de uma bebida.

Batna examinou a cena animada e alertou Lumian: — Parece que esta é sua primeira vez no arquipélago. Lembre-se, nunca confie em um ilhéu.

— Sua deferência e mansidão exteriores mascaram suas verdadeiras intenções. Eles sonham em roubar nosso dinheiro e nos vender por um preço alto. Se você não tiver força e inteligência para colocá-los em seu devido lugar, seus pensamentos malignos certamente serão colocados em ação.

Lumian encontrou o olhar de Batna e riu.

— Eles se aproveitaram de você quando você chegou?

Batna ficou em silêncio, evitando a pergunta.

Lumian não insistiu mais. Ele gastou dois licks por um pequeno pacote de fatias de banana recém-fritas. O exterior crocante deu lugar a um interior macio e doce, explodindo de sabor.

Enquanto mastigava, Batna murmurou: — Isso é só para crianças e mulheres.

Como um homem adulto, determinado a seguir os grandes passos de Gehrman Sparrow, poderia se deliciar com fatias de banana fritas?

“Em teoria, pelo menos, ainda sou menor de idade…” Lumian mentalmente descartou o assunto. Enquanto eles continuavam pelo mercado, ele se virou para Batna e perguntou: — Piratas costumam entrar em Porto Farim disfarçados?

— Sim, frequentemente — Batna respondeu sem hesitação. — Mas caçá-los aqui dificilmente vale a pena.

— Por que não? — Lumian levantou uma sobrancelha. — Seria mais fácil coletar a recompensa por suas cabeças.

Batna riu e baixou a voz.

— Os oficiais de Porto Farim tacitamente permitem que piratas venham aqui, vendendo seus bens saqueados e comprando suprimentos e prazeres em troca.

— O comércio pirata é uma grande força econômica em Porto Farim. Muitos, incluindo o governador, o comandante da frota local e o chefe da guarnição, acumularam riquezas por meio dele.”

— Enquanto os piratas se mantiverem discretos, persegui-los em Farim é como desafiar os poderosos locais. Se isso acontecer, você e os piratas correm o risco de serem pegos, mas os piratas podem encontrar uma maneira de ‘fugir da prisão’.

— Trier não tem nenhuma objeção? — Lumian perguntou, divertido.

Fora de Trier, as pessoas frequentemente se referiam ao governo Intis como Trier.

— Quem sabe? Talvez aqueles que sabem sobre o comércio pirata estejam nadando em riquezas da corrupção. Se não sabem, não vão se incomodar em descobrir — Batna riu. — De qualquer forma, os piratas são bem tranquilos em Porto Farim e preferem evitar problemas.

— É mesmo… — Lumian ponderou por um momento e disse: — Se um pirata me atacar, não tenho o direito de me defender?

— Sim, mas por que eles iniciariam um ataque contra você? — Batna podia sentir que esse cara estava tentando provocar os piratas.

— Talvez eles pensem que sou um alvo fácil? — Lumian respondeu enquanto ele e Batna Comté se dirigiam a um bar próximo.

Eles entraram, escolhendo sentar-se lá dentro em vez de na rua.

O interior era igualmente animado, com uma mulher mestiça dançando provocativamente no palco de madeira no centro do salão. Seus movimentos sincronizados com a música, frequentemente levantando as pernas e seguindo o ritmo. Gradualmente, ela tirou a jaqueta e várias camadas, revelando amplas áreas de pele saudável e curvas suaves.

Quando ela colocou a mão na roupa íntima, os clientes ao redor responderam com assobios e gritos de alegria, a atmosfera chegando ao clímax.

— O que achou? De certa forma, Farim não é mais mente aberta do que Trier? Você não só pode ver, mas também pode tirar aquilo com uma quantia de dinheiro — Batna comentou com um sorriso.

Lumian levantou a mão direita e declarou: — Isso significa apenas que Farim está longe o suficiente do alcance das Igrejas e da Avenue du Boulevard.

— O que você quer dizer? — Batna ficou momentaneamente surpreso.

Lumian adotou um tom piedoso, imitando um devoto crente no Eterno Sol Ardente. — Está muito longe da justiça para ser limitado pela lei!

Vendo a expressão de Batna congelar, Lumian sorriu novamente.

— Brincadeira! No mar, quem se importa com a lei? A força faz o direito!

Batna riu aliviado. — Por um segundo, pensei que você estava prestes a purificar o lugar em nome de Deus.

Sentados, eles pediram o famoso licor de açúcar do Arquipélago do Mar da Névoa, o Golden Somme.

Oito doses por copo eram muito mais baratas que um Trier.

Enquanto o licor doce como caramelo aquecia sua garganta, Lumian iniciou uma conversa entusiasmada sobre Gehrman Sparrow, agindo como um seguidor devoto. Ele conversou com Batna e até com o barman, atraindo-os para seu discurso apaixonado.

Depois de um tempo, Lumian terminou seu Golden Somme e se levantou, atraído em direção à plataforma central de madeira onde uma nova stripper havia subido ao palco.

Batna observou com um sorriso cúmplice. Ele assumiu que o rapaz não conseguiria resistir ao fascínio.

Lumian se aproximou da plataforma, agarrou dois clientes que estavam bloqueando seu caminho e, sem esforço, os jogou para o lado. Com um poderoso empurrão contra a borda da plataforma, ele pulou no palco.

Diante do olhar perplexo de todos, Lumian sacou seu revólver, apontou para o teto do bar e atirou.

Estrondo!

A poeira caiu, assustando a stripper a ponto de se agachar. Os clientes entraram em pânico, lutando para se proteger. Alguns ficaram congelados em choque, outros olharam indignados ou franziram a testa, e alguns até ostentaram sorrisos expectantes.

“O que ele está pensando? O que ele está fazendo?” Batna ficou estupefato.

Lumian soprou o cano do revólver e abriu um sorriso para os clientes.

— Pessoal, peço a atenção de vocês. Tenho algo para perguntar.

Vol. 5 Cap. 517 Comerciante Proeminente

Lumian ignorou o silêncio atordoado que se seguiu à sua pergunta. Um sorriso irônico brincou em seus lábios enquanto ele se dirigia ao grupo,

— Então, onde um sujeito pode encontrar algumas bugigangas místicas por aqui?”

Ao ouvir essa pergunta, Batna Comté não conseguiu evitar levantar a mão direita e terminar seu Golden Somme restante.

“De onde veio esse punk?”

“Como ele pôde fazer uma pergunta dessas em público?”

“Mesmo que ninguém o denunciasse, eles só o veriam como um tolo!”

Por um momento, Batna se arrependeu de ter aceitado o convite de Louis Berry. Esse sujeito mancharia sua reputação por associação.

Percebendo as expressões estranhas ao redor do bar, Lumian deu de ombros indiferente. Ele guardou seu revólver e anunciou:

— Então parece que vocês são pessoas comuns.

Com isso, ele saltou da plataforma de madeira, navegando pela multidão assustada de volta ao balcão.

Os dois bêbados que ele expulsou, junto com os outros que ficaram assustados com ele, mediram sua força e armas, optando por não retaliar.

De volta ao seu banco, Lumian pediu um Lanti Proof com um sorriso para Batna.

— Porto Farim é certamente mais aberto que Trier.

Batna estudou Louis Berry com uma expressão de “você está falando sério?”, forçando um sorriso.

— Devemos seguir a carreira de Gehrman Sparrow, não suas ações.

“Esse sujeito é tão obcecado por Gehrman Sparrow que imita seu comportamento frio e imprudente?”

“Gehrman Sparrow, pelo menos, teve força para sustentar sua loucura. E você?”

“Além disso, Gehrman Sparrow exala uma loucura fria e indiferente, enquanto você é imprudente, tolo e sem cérebro. Como os dois podem ser iguais?”

Lumian ignorou a provocação de Batna e mudou a conversa para o recente aumento da atividade pirata no Mar da Névoa.

Após terminar seu Lanti Proof, ele se despediu de Batna e saiu. Caminhando pelo movimentado mercado ao ar livre, ele seguiu em direção ao porto.

Assim que Lumian retornou à praça coberta de anúncios, um choque repentino o fez girar.

Um habitante da ilha, usando uma cartola e uma jaqueta preta empoeirada, aproximou-se hesitante, com um sorriso forçado estampado no rosto.

— Eu vi você no bar mais cedo.

— Vamos direto ao ponto — Lumian insistiu impacientemente.

O ilhéu, com sua pele marrom-escura esticada sobre um rosto magro, inclinou-se e baixou a voz.

— Procurando por itens místicos, não é? Eu conheço o lugar certo.

— Sério? — Lumian perguntou incrédulo.

— Não posso prometer nada, mas vale a pena tentar. Só não compre nada se não for adequado. — O olhar do ilhéu foi para a axila esquerda de Lumian. — Além disso, você está armado e é perigoso. Não é exatamente um alvo fácil para roubo, certo?

— É verdade. — Lumian contemplou isso por um momento, então deu um aceno lento. — Qual é seu nome?

— Carmel. — O ilhéu gesticulou em direção a uma rua estreita que se ramificava da praça. — Siga-me. É perto.

Lumian seguiu Carmel despreocupadamente, seu caminho cruzando duas ruas antes de chegarem a um distrito que lembrava assustadoramente a Rue Anarchie.

Prédios em ruínas se amontoavam, novas construções disputavam espaço no meio da estrada estreita.

Carmel levou Lumian para dentro de uma lavanderia mal iluminada, seu interior coberto de roupas úmidas. Eles navegaram pelo labirinto de roupas penduradas, chegando finalmente bem no fundo do quarto escuro.

Havia uma porta ali.

— Disfarce-se primeiro — Carmel instruiu, recuperando duas vestes pretas com capuz de um gancho próximo. — Aqueles que se envolvem com essas coisas preferem manter suas identidades em segredo.

Lumian vestiu o robe, puxando o capuz para baixo sobre o rosto. Carmel então bateu na porta em um ritmo específico.

Ela se abriu com um rangido, revelando uma sala de estar improvisada, mobiliada com um sofá velho, poltronas puídas e uma variedade de móveis descombinados.

Seis pessoas, vestidas com vestes idênticas, estavam sentadas em várias posições, com os rostos obscurecidos pelas sombras.

Lumian educadamente fechou a porta atrás de si enquanto Carmel fazia uma breve apresentação.

Depois que os dois puxaram um banquinho e se sentaram, um homem com o capuz abaixado se inclinou para frente e sussurrou:

— Preciso de um cristal de veneno de água-viva real. Posso oferecer 5.000 verl d’or.

Silêncio.

O próximo participante vendeu um globo ocular da estranha águia marinha que ele havia adquirido.

Vendo que a discussão estava no ponto, Lumian se levantou e observou a reunião.

— Preciso de um cérebro de Esfinge. Diga seu preço.

O homem que procurava o cristal de veneno da Medusa Coroa controlou cuidadosamente a voz enquanto ele respondia: — Acontece que eu tenho um. Se você me pagar 30.000 verl d’or, ele é seu.

— Como posso ter certeza da autenticidade? — Lumian perguntou diretamente.

O vendedor de globos oculares da Estranha Águia Marinha interrompeu com uma voz rouca: — Posso autenticar para você.

— Excelente. Deixe-me dar uma olhada nas mercadorias primeiro — Lumian sorriu, aproximando-se do vendedor.

O homem respondeu calmamente: — Um item místico tão valioso, você não esperaria que eu o carregasse por aí, esperaria?

— Só trarei para você se você pagar um depósito de 50% primeiro. Está lá em cima. Você pode me seguir e garantir que eu não escape. Você pode até mesmo colocar o depósito com o Notário para guarda segura.

— Muito razoável. — Assim que Lumian terminou de falar, ele de repente investiu contra o comerciante com a velocidade de uma chita, um gancho de direita atravessando o ar.

Estrondo!

O homem caiu no chão, seus dentes voando em um jato de sangue.

Os outros participantes, incluindo o Notário e Carmel, ficaram momentaneamente atordoados antes de correrem para a porta.

Nenhum deles desafiou o ataque de Lumian, nem tentou usar seus poderes. O único foco deles era escapar.

Carmel, o mais próximo da saída, abriu a porta e saiu correndo.

Num instante, sua visão ficou turva, e ele se viu de volta à simples sala de estar, ao lado de outros dois que haviam sofrido o mesmo destino.

Todos pareciam perplexos, como se estivessem testemunhando um conto popular ganhando vida.

Estrondo!

Uma bala amarela atingiu a porta de saída.

As pessoas encapuzadas se abaixaram, cobrindo suas cabeças com movimentos treinados.

Lumian se virou, puxou o capuz do comerciante e pressionou o cano do revólver contra sua testa.

— Não é um golpe ruim — disse Lumian com um sorriso.

Ele havia orquestrado uma conspiração improvisada, chamando a atenção com um tiro no bar e expressando publicamente sua necessidade por um item místico. Isso permitiu que ele identificasse quaisquer piratas gananciosos ou vigaristas locais que pudessem possuir conhecimento além do alcance de cidadãos comuns, incluindo informações do mercado negro.

Era também uma forma de digerir a poção.

O vendedor era um típico ilhéu, com pele morena-escura, rosto comprido, feições gentis e olhos âmbar escuros.

— Eu não estava mentindo para você! — ele insistiu ansioso e irritado.

— Sério? — Lumian engatilhou o cão do revólver.

Antes de fechar a porta, Lumian criou uma Garrafa de Ficção, estabelecendo uma condição de que somente Beyonders poderiam entrar.

Nenhum dos participantes conseguiu “escapar” com sucesso, o que confirmou a ausência de Beyonders.

“Se você não é um Beyonder, por que mencionar o ingrediente principal da poção Conspirador? Só por diversão?

O vendedor tremeu e gaguejou: — E-eu sinto muito. Nós só queríamos roubar algum dinheiro. Nós-nós não sobreviveríamos de outra forma!

Lumian não estava interessado nos motivos deles. Ele olhou para os cúmplices perfeitamente alinhados e deu um tapinha na testa do comerciante com o cano da arma.

— Qual o seu nome?

— Roddy — respondeu o vendedor, engolindo em seco.

Outro tapinha na testa.

— Onde você ouviu falar sobre o cérebro da Esfinge, o cristal de veneno da Medusa Coroa e o Notário?

Essas informações eram inacessíveis às pessoas comuns.

— E-eu não sei dizer. — Uma camada de suor frio apareceu na testa de Roddy.

“Acordo de confidencialidade ou outras restrições?” Lumian estudou Roddy por alguns segundos e sorriu.

— Então me diga quem é seu mestre.

Roddy congelou, seus olhos se arregalaram de medo.

Ele não esperava que a outra parte tivesse tanta certeza de que ele tinha um mestre, que ele era servo de outra pessoa.

— Três, dois… — Lumian começou a contagem regressiva.

— É Sr. Morgalla — Roddy deixou escapar.

— Então me leve ele — Lumian pediu calmamente.

A transpiração de Roddy se intensificou.

— Não, não, sou o assistente do Monsieur Fidel.

— Ele é o vice-presidente da Câmara de Comércio Conjunta de Porto Farim.

“Participou de inúmeras reuniões de misticismo organizadas por Fidel como um assistente? Embora ele não possa divulgar as informações correspondentes a outros, ele pode usar as informações que obteve para enganar aventureiros?” Lumian se levantou pensativamente, desfez a Garrafa de Ficção e levou Carmel e seus cúmplices vigaristas para fora. Ele os interrogou um por um e confirmou que Roddy era de fato o assistente de Fidel Guerra.

Uma das principais tarefas do vice-presidente da Câmara de Comércio Conjunta de Porto Farim era ajudar os piratas a lidar com cargas sensíveis e ilegais.

Porto Farim, Quartier des Black Pearls, Gabinete do Governador-Geral, Rue Coreas, n°16.

Lumian deu um tapinha em Roddy, agora vestido com seu traje vermelho de assistente com enfeites dourados e calças brancas impecáveis. Um sorriso brincou nos lábios de Lumian enquanto ele falava.

— Diga ao Monsieur Fidel que estou interessado em comprar alguns ingredientes místicos e gostaria de ter a oportunidade de discutir o assunto mais detalhadamente.

— Tudo bem. — Roddy ansiava por fazer um único apelo: — Se você pudesse gentilmente remover o revólver das minhas costas, eu ficaria eternamente grato.

Encostado na parede desgastada de uma casa próxima, Lumian observou o vigarista entrar nervosamente no n°16, o prédio de quatro andares com telhado cinza e adornado com inúmeras estátuas.

No momento em que Roddy entrou, escapando da mira direta do revólver, seu primeiro instinto foi enterrar todo o incidente e esquecer que ele havia acontecido.

Mas então se lembrou do aviso assustador dado pelo homem que atirou sem hesitação: um silêncio de dez minutos de Fidel, e as verdadeiras cores de Roddy como vigarista seriam pintadas em alto e bom som do outro lado da rua.

“Devo mentir e dizer que Monsieur Fidel não está disponível? Mas ele não parece ser facilmente enganado. Uma reação drástica poderia ser pior…” Roddy, preso em um dilema, cerrou os dentes e bateu na porta do escritório.

Fidel Guerra, um homem descendente de sangue de Intis e Feynapotter, possuía cabelos pretos cacheados que começavam a mostrar sinais de idade, olhos castanhos escuros e pele escurecida pelo sol. Embora outrora conhecido por seu comportamento refinado, o tempo havia gravado sua marca em seu rosto, deixando para trás uma juba de cabelos brancos manchados e rugas proeminentes.

Vestido com uma camisa branca impecável e um colete marrom, ele sorveu seu vinho silenciosamente enquanto Roddy, tremendo de medo, gaguejava sua confissão. Ele falou de suas más intenções, de sua tentativa de enganar o novo aventureiro.

Assim que Roddy mencionou Lumian pulando na plataforma de madeira, disparando um tiro para chamar a atenção e perguntando corajosamente sobre a obtenção de um item místico, o comerciante suspirou e interrompeu seu atendente perturbado.

— Não há necessidade de explicar mais. Ele quer me ver agora?

Vol. 5 Cap. 518 Confiança do comerciante

Rua Coreas, n°16

Girando a aba do seu chapéu de palha dourado, Lumian parou do lado de fora da porta do escritório e encontrou o olhar de Fidel Guerra do outro lado da mesa. O sorriso de Lumian era tudo menos amigável.

— Tomou uma decisão, não é? Mais rápido do que eu esperava.

Fidel Guerra, com suas feições parcialmente feynapotterianas, virou-se para Roddy e soltou um suspiro suave.

— Não esperava que meu assistente fosse o líder de um sindicato de golpistas.

— Talvez os salários que ele recebe de você não sejam condizentes com o estilo de vida que ele vê no dia a dia — Lumian retrucou habitualmente.

Fidel ignorou o golpe. Ele estudou Lumian, olhos semicerrados.

— Então aquele ato no bar foi só para enfeitar? Para enganar tolos como ele?

— Digamos que sou grato pela doação de mil verl d’or deles. Parece que Porto Farim tem um futuro brilhante para vigaristas. — Nenhuma vergonha em sua bandidagem, nem um lampejo.

Roddy sentiu uma onda de arrependimento corroer seu interior.

Fidel assentiu e perguntou: — O que tem na sua lista de compras?

Lumian, fingindo indiferença, respondeu: — Estou procurando um frasco de veneno de Lagarto Barbudo de Chifres Coloridos.

“Não é o cérebro da Esfinge?” Roddy, que estava ouvindo, ficou surpreso.

Por um momento, ele não conseguiu deixar de se perguntar se ele era o vigarista ou o homem à sua frente.

Vestido com uma camisa branca e colete marrom, Fidel pensou por um momento antes de oferecer: — Não tenho em estoque, mas posso obtê-lo para você. Pode levar de dois a três dias. Quanto ao preço, ele varia, geralmente entre 3.000 a 4.000 verl d’or, dependendo do vendedor. Precisa da minha ajuda para adquiri-lo?

— Sem problemas. — Lumian, com os braços ligeiramente abertos, respondeu: — Louvado seja o Sol. Você é uma joia.

Fidel, desconfiando de escárnio, franziu a testa ligeiramente.

Ele manteve a compostura, afirmando: — Não sou caridoso; sou um homem de negócios. Por que não fazer um acordo lucrativo? Além disso, acho benéfico formar conexões com aventureiros como você. Com dinheiro e recursos, certos assuntos são mais fáceis para você lidar.

Fidel, sorrindo, questionou: — Você não está preocupado com produtos falsificados? Como você confirma a autenticidade na hora?

Lumian, com um sorriso de aprovação, gracejou: — Eu sei que você mora aqui. Isso é garantia suficiente. O famoso comerciante Fidel? Baleado seis vezes seguidas por enganar alguém em um acordo que valia alguns milhares de verl d’or. Não é o tipo de reputação que você chamaria de notícia respeitável.

Ele deixou a questão da confirmação da autenticidade do veneno do lagarto barbudo de chifres coloridos sem resposta.

Fidel manteve seu olhar impassível em Lumian antes que um sorriso irônico cruzasse seu rosto.

— Não me lembro da última vez que alguém ousou me ameaçar assim.

— Interessado em saber qual foi o destino daqueles que o fizeram?

— Curioso para saber se tenho coragem de fazer um movimento agora? — O olhar de Lumian estreitou-se um pouco. Seu sorriso permaneceu, mas gelou a sala em um instante.

Ele encontrou o olhar de Fidel sem hesitação.

Depois de um tempo, Fidel suspirou sem raiva e comentou: — Sua abordagem me lembra alguém: o lendário aventureiro Gehrman Sparrow.

— Sim, estou imitando-o — Lumian admitiu francamente.

Fidel riu.

— Imitando a loucura dele, então? Então, por baixo do ato, você é um indivíduo calmo, racional e astuto?

Lumian balançou a cabeça, sorrindo, e respondeu: — Não. Se eu não o imitasse, ficaria ainda mais louco.

A atmosfera no estudo ficou tensa mais uma vez.

Fidel, pegando e tomando chá preto perfumado de uma xícara de porcelana de osso, reconheceu: — Você é um jovem encrenqueiro. Seu vigor deixa até um velho como eu com um pouco de inveja.

— Que tal aceitar uma comissão? Pode render uma boa quantia e lhe render fama no mar, semelhante a Gehrman Sparrow.

Lumian, ajeitando seu chapéu de palha dourada, perguntou: — Qual é o trabalho?

— Elimine um pirata, Baronete Black, Class Khizi, capitão dos Nepos Dourados. A recompensa é de 65.000 verl d’or — Fidel declarou calmamente. — Ele costumava ser o terceiro imediato do Rei do Crepúsculo, Bulatov. Deixou a frota e começou a saquear por conta própria. Quatro meses atrás, ele roubou um lote dos meus produtos na Ilha do Santo Tick. Provavelmente já foi vendido. Não espero recuperá-lo. Só o quero morto. Que todos saibam que qualquer um que tocar nos meus produtos encontrará seu fim.

Lumian, provocando, perguntou: — E se foi o Rei do Crepúsculo quem fez isso?

Fidel ficou em silêncio.

Após uma breve pausa, Fidel ignorou a pergunta de Lumian e continuou: — Eu lhe darei atualizações regulares sobre Khizi… suas características, força, localização do navio e paradeiro em terra. Como bônus, darei 25.000 verl d’or extras como recompensa.

— Se você conseguir derrubar Khizi, eu agilizarei o processo para garantir a recompensa completa por meio das minhas conexões e ajudarei a espalhar sua reputação. Tudo o que Khizi possui será seu.

— Então, o que você diz? Elimine Khizi e você se tornará um dos aventureiros mais renomados do mar.

“25.000 em recompensas adicionais e suporte de informação…” Lumian pensou por um momento e perguntou com um sorriso: — Para quantos aventureiros você propôs isso?

— Sete ou oito, todos os quais tenho em alta consideração — Fidel respondeu candidamente. — Não há penalidade para o fracasso, contanto que você sobreviva.

Interiormente, Lumian refletiu: “Então, não importa se eu aceito a missão ou não?” Ele assentiu.

— Caçar piratas é o dever de todo aventureiro.

Com um acordo verbal estabelecido, Fidel abriu uma gaveta e tirou um envelope de papel pardo, que jogou para Lumian.

Lumian habilmente pegou-o com uma mão, desamarrou o fio e extraiu a informação, folheando-a rapidamente.

De repente, ele olhou para Fidel.

— Khizi foi visto em Porto Farim recentemente?

— Sim, tenho certeza dessa informação, embora seu esconderijo exato seja desconhecido, — respondeu Fidel com um leve aceno de cabeça.

Concordando em retornar em dois dias para atualizações sobre o veneno do Lagarto Barbudo de Chifres Coloridos e do Baronete Black, Lumian saiu da Rue Coreas, n°16, e foi em direção ao porto.

Roddy, temendo uma punição severa, ficou surpreso quando Fidel apenas o dispensou, instruindo: — Volte para seu quarto e reflita.

— Sim, Monsieur Guerra. — Roddy, aliviado, saiu do escritório e subiu as escadas mal iluminadas até o segundo andar.

No entanto, enquanto caminhava, um calafrio tomou conta dele e ele estremeceu.

A escuridão ao redor dele se aprofundou e, na luz fraca, algo emergiu de trás de sua sombra.

Tentando gritar por socorro, Roddy, tomado pelo terror, ficou para sempre sem voz.

Enquanto isso, Lumian não voltou diretamente para o Pássaro Voador. Em vez disso, sob o céu noturno refrescante, ele caminhou em direção a uma rua pela qual havia passado recentemente.

Ali ficava uma modesta catedral: a Catedral do Tolo.

Tendo visto anteriormente o Emblema Sagrado do Tolo na torre do sino, Lumian decidiu fazer uma oração ao retornar.

“Como esperado, a fé do Sr. Tolo parece prevalecer no mar. Porto Farim, sendo uma colônia de Intis, ostenta várias catedrais.” Lumian olhou para a luz quente que emanava da catedral, tirou seu chapéu de palha dourado e entrou.

Lá dentro, Lumian notou cerca de 20 a 30 indivíduos, provavelmente sem-teto, descansando na beirada do amplo salão. Alguns tinham cobertores esfarrapados, enquanto outros dependiam apenas de suas roupas para se aquecer.

O Arquipélago do Mar da Névoa não transformaria esses vagabundos em estátuas de gelo nesta temporada, mas a chuva espreitava, pronta para cair a qualquer momento. Encontrar abrigo era um refúgio cobiçado para esses vagabundos, e a catedral do Tolo oferecia consolo.

“Nos meus dias de vagabundo, quando o clima brutal chegava ou os dias sem comida me desgastavam, eu jogava os dados nas catedrais das duas igrejas. Se o bispo ou padre fosse decente, eles me davam uma refeição e um lugar para dormir. Mas ao amanhecer, eu tinha que desaparecer, ou acabaria naqueles centros de assistência podres…” Lumian relembrou, encontrou um assento e começou a rezar.

A catedral do Tolo abraçava o silêncio à noite. De vez em quando, pessoas entravam, murmuravam suas preces e saíam. Alguns usavam trajes de mercadores, outros ostentavam um visual de marinheiro e alguns até emitiam uma leve vibração pirata, mas nenhum perturbava a aura pacífica.

Lumian não sabia bem pelo que rezar. Quando ele ocasionalmente passava pela catedral do Eterno Sol Ardente, apenas ecoava pedaços das escrituras em sua mente, jogando desejos como moedas e esperando por bênçãos correspondentes. E se eles realmente se tornassem realidade?

Agora, ele sabia que tais rituais eram fúteis e tinha poucos desejos.

Mais importante, Lumian só tinha ouvido ensinamentos clericais sobre o Tolo algumas vezes. Ele não conseguia se lembrar de muita coisa da Bíblia, exceto dos oito Anjos e da autoridade do Sr. Tolo. Mas isso importava agora?

Ao relatar sua jornada desde a saída de Trier até a chegada em Porto Farim, as emoções de Lumian gradualmente se transformaram em uma sensação de tranquilidade.

— Que o Sr. Tolo me abençoe. Que todas as catástrofes sejam resolvidas. Que Aurore seja ressuscitada…

Após cerca de quinze minutos, Lumian concluiu sua oração com um simples desejo.

Enquanto ele se levantava, um estrondo distante ecoou. As janelas da catedral chacoalharam, e o prédio rangeu e balançou.

Lumian levantou as sobrancelhas. Em meio aos vagabundos assustados, ele andou até a porta e olhou para a fonte do barulho.

Perto do gabinete do governador-geral, nuvens de fumaça e chamas subiam para o céu, lançando um brilho assustador nos arredores.

Lumian não conseguiu evitar levantar a mão direita e coçar o queixo. Ele murmurou para si mesmo,

“Isso não deveria ter nada a ver com a minha chegada, certo?”

Parecia que algo significativo havia ocorrido em Porto Farim.

Vol. 5 Cap. 519 Um evento por dia

As chamas do Quartier des Black Pearls dançavam nos olhos de Lumian, puxando-o para um profundo pensamento. Como um Conspirador, sua mente instintivamente dissecava as possibilidades.

“As facções da Resistência e da independência civil foram facilmente descartadas — elas não tinham presença neste arquipélago, a primeira colônia distante de Intis. O genocídio religioso e cultural, juntamente com os esforços de assimilação de governos sucessivos, eles trabalharam incansavelmente para que isso acontecesse. As políticas do Imperador Roselle transformaram este lugar em algo semelhante à província ultramarina de Intis — leis frouxas e segurança fraca. Os ilhéus, tendo abandonado sua fé original, agora se viam como cidadãos discriminados nas regiões de fronteira de Intis. Essa discriminação refletia a situação dos reemianos no sul de Intis e dos saboianos no leste. Independentemente disso, os cidadãos de Trier tinham um desdém universal por todos os estrangeiros. No entanto, sua vigilância aumentou contra os ilhéus notórios por golpes e bandidagem.”

“O comércio pirata desencadeou conflitos internos ou as organizações do Continente Sul, buscando derrubar o governo colonial, estavam causando problemas deliberadamente no Arquipélago do Mar da Névoa? Talvez algum indivíduo ambicioso esteja seguindo a liderança de um deus maligno.” Os pensamentos de Lumian correram quando ele notou um meio-gigante de 2,5 metros de altura emergindo de uma sala ao lado da catedral, vestido com um sobretudo preto e cartola de seda.

Dirigindo-se aos suplicantes e vagabundos perplexos, ele os assegurou: — Não se preocupem. O Senhor protegerá a todos.

— Fiquem aqui e não saiam. Esperem o tumulto passar. Não haverá perigo algum.

— Louvado seja o Tolo! — Os fiéis da Igreja do Tolo encontraram consolo, levando as mãos ao peito e se curvando.

Suas expressões se suavizaram, transmitindo uma sensação de segurança.

Os vagabundos trocaram olhares, mas nenhum ousou sair.

Na mente da maioria dos intisianos, uma catedral era um porto mais seguro do que qualquer governo, independentemente da Igreja à qual pertencia.

Naquele momento, a luz dourada do sol desceu sobre a área onde a explosão ocorreu, acompanhada por uma série de explosões densas, embora não tão ensurdecedoras quanto antes.

Era evidente que o gabinete do governador-geral e os Beyonders das duas Igrejas estavam abordando a anomalia.

Simultaneamente, Lumian observou o céu, antes iluminado pelo luar e pela luz das estrelas, escurecendo. Apesar de nenhuma mudança no clima, a rua lá fora parecia envolta em uma névoa fina e escura.

Ignorando os avisos do bispo meio-gigante após um momento de contemplação, Lumian abriu a porta da catedral do Tolo e saiu.

A temperatura externa havia caído consideravelmente, semelhante ao outono em Trier.

Sob o brilho dos postes de gás, Lumian voltou para o porto.

De repente, uma pessoa cambaleante surgiu de um beco próximo.

A pessoa, vestida com uma camisa fina e calças, com os pés descalços, tinha o rosto pálido e enrugado.

Seus olhos eram mais brancos do que castanhos, e o livor mortis cobria sua pele exposta.

“Zumbi?” Lumian levantou as sobrancelhas.

Enquanto o suposto zumbi — um velho — cambaleava em direção ao Quartier des Black Pearls, ele pareceu detectar um indício de espiritualidade e sangue, virando-se abruptamente para Lumian e emitindo um som desumano.

Lumian prontamente condensou uma bola de fogo carmesim, quase branca, e a lançou em direção ao zumbi.

Em meio à explosão estrondosa, a cabeça do zumbi se despedaçou e seu corpo se desintegrou. Ele encontrou seu fim mais uma vez.

Não há mais movimento.

“É só isso que você tem?” Lumian inicialmente se perguntou se ele havia encontrado uma criatura morta-viva mais perigosa.

Seguindo em frente, formou de dez a vinte bolas de fogo vermelhas acima de sua cabeça, atrás dele, em seus ombros e nas laterais do corpo, permitindo que elas seguissem seus movimentos e mantivessem uma relativa distância.

Quando Lumian dobrou uma esquina, ele avistou um jovem casal gritando de terror e fugindo.

Atrás deles, um zumbi os perseguia, com seu coração vermelho-escuro e intestinos brancos vagamente visíveis devido aos inúmeros ferimentos de bala.

Uma bola de fogo quase branca e vermelha, liberada por Lumian, passou voando pelo casal e explodiu no zumbi que o perseguia.

Rumble. 

O corpo carbonizado se espalhou em todas as direções, acompanhado por chamas residuais.

O jovem casal, parado em surpresa, olhou para Lumian cercado por dez a vinte bolas de fogo carmesim, quase brancas. Confusão e descrença encheram seus olhos.

— Vocês estão esperando a morte? — Lumian xingou enquanto avançava. — Pegue a rua de trás e entre na catedral do Tolo.

— Tudo bem, tudo bem! — O jovem e a jovem responderam instintivamente, como se estivessem ouvindo policiais armados ou aventureiros.

A bola de fogo era claramente mais poderosa que uma arma!

Quando o casal entrou na rua onde ficava a catedral do Tolo, Lumian, parecendo um ser de chamas, continuou em direção ao porto em um ritmo moderado.

Ao longo do caminho, ele encontrou mais algumas ondas de pessoas saindo de bares, mercados ao ar livre e outros lugares, que tinham encontrado zumbis.

Lumian não disse uma palavra. Ele direcionou as bolas de fogo carmesim, quase brancas, ao redor dele para ajudá-las a eliminar os corpos revividos. Então, ele os instruiu a se esconderem na catedral mais próxima.

A perseguição dos zumbis e a intimidação das bolas de fogo tornaram suas palavras persuasivas. Ninguém insistiu em encontrar seu próprio caminho.

Se houvesse, Lumian não se incomodaria.

Depois de vários encontros semelhantes, Lumian começou a discernir um padrão.

Esses zumbis não foram reanimados dos vivos; estavam originalmente mortos. A totalidade dos mortos de Porto Farim havia ressuscitado sem nenhuma causa discernível.

Esses zumbis instintivamente se dirigiam para o local da explosão, mas se encontrassem os vivos no caminho, seriam atraídos tanto pela carne quanto pela espiritualidade, levando-os a perseguir, matar e roer.

Com esse entendimento, Lumian não aconselhou mais os passantes a buscar refúgio em catedrais distantes. Em vez disso, ele os orientou a evitar hospitais, cemitérios e lugares semelhantes, instando-os a ficar de duas a três horas em bares movimentados, salões de dança ou casas onde nenhuma morte recente tivesse ocorrido.

Após uma série de paradas e avanços, Lumian retornou ao porto e embarcou novamente no Pássaro Voador. Ele continuou liberando as bolas de fogo carmesim, quase brancas, até que restaram apenas duas.

Philip, encostado na amurada do navio, mantinha os olhos fixos no gabinete do governador-geral.

— O que aconteceu? — ele perguntou a Lumian.

— Como eu poderia saber? — Lumian respondeu, divertido.

Philip mudou rapidamente de assunto.

— Você encontrou alguma anomalia?

Só então Lumian relatou brevemente a explosão perto do gabinete do governador-geral e a repentina reanimação dos cadáveres.

— Invocação de zumbis? — Philip murmurou para si mesmo, franzindo a testa.

Sem esperar a resposta de Lumian, ele suspirou e disse: — Foi tranquilo apenas no primeiro dia desta viagem. No segundo dia, encontramos Divisor de Ossos. No terceiro dia, os Navegadores da Morte nos atacaram ao meio-dia. À noite, ou melhor, nas primeiras horas do quarto dia, uma calamidade zumbi atingiu Porto Farim… Ainda temos seis dias até chegarmos a Porto Santa…

Lumian sentiu uma pontada de culpa.

Em teoria, sua atração por calamidades não deveria ser tão frequente. Quando estava em Trier, ele não encontrava incidentes místicos todos os dias. Se fosse esse o caso, 007 teria morrido de excesso de trabalho.

“Encontrar uma ou duas calamidades ao longo da jornada seria compreensível, mas considerando a Perturbação de Dardel, é realmente um caso diário… Poderia ser que alguma entidade impura esteja me seguindo? Poderia ser a causa, o gatilho ou a convergência? E há essencialmente apenas uma calamidade que encontrei?” Quanto mais Lumian ponderava, mais sentia o desejo de se corresponder com a Madame Mágica para investigar se havia um problema subjacente por trás de tais calamidades frequentes.

— Talvez a calamidade zumbi tenha sido desencadeada pelo problema inicial no navio. Assim que deixarmos o Pássaro Voador, nossa jornada subsequente pode se tornar pacífica — Lumian consolou Philip casualmente.

Ele não tinha muita confiança em suas palavras.

— Espero que sim. — Philip abriu os braços ligeiramente e rezou devotamente. — Louvado seja o Sol!

Lumian demorou um pouco antes de voltar para a cabine de primeira classe. Ele ficou a bordo do navio, observando Porto Farim.

O endosso silencioso das autoridades às atividades piratas no Arquipélago do Mar da Névoa resultou em um certo nível de caos e má conduta. No entanto, também levou a um aumento notável no número de Beyonders em comparação às cidades Intisianas regulares. Organizando rapidamente uma resistência, eles limparam as ruas de zumbis, minimizando as baixas entre cidadãos e turistas.

Ainda não se sabe se piratas e aventureiros exploraram a turbulência para cometer crimes ou acertar contas.

Em menos de meia hora, o tumulto perto do local da explosão diminuiu. Beyonders oficiais se dispersaram, abordando distúrbios em outras ruas.

— Muito bem. Não aconteceu nada de grave. Eles conseguiram controlar a tempo — comentou Philip, aliviado.

“Você pode dizer isso, mas eu não posso…” Lumian riu autodepreciativamente.

Só então Philip se sentiu à vontade o suficiente para uma conversa casual.

— Você foi à Farim para beber alguma coisa?

— Isso — Lumian respondeu com um sorriso. — Acontece que recebi uma comissão.

— Que comissão? — Philip perguntou casualmente.

— Caçar um pirata: Baronete Black. — Lumian não escondeu nenhum detalhe.

Os olhos de Philip se estreitaram enquanto ele perguntava com uma carranca, — Você tem certeza de que é mais forte que o Baronete Black? Ele tem um navio e mais de cem subordinados! Além disso, mesmo que você encontre uma oportunidade de assassiná-lo, você não tem medo da retaliação do Rei do Crepúsculo? Ele é um dos reis do mar!

— Só porque aceitei uma comissão não significa que definitivamente a farei. Nem sei onde encontrar o Baronete Blakc, Class Khizi. Esse é o nome dele, certo? — Lumian não se importou com as potenciais repercussões do Rei do Crepúsculo.

Havia mais de um Santo que queria lidar com ele!

Philip observou o comportamento indiferente de Louis Berry, percebendo que ele havia aceitado uma missão, mas que reconsideraria apenas se houvesse uma chance de completá-la. Assim, ele não insistiu mais no assunto.

Na manhã seguinte.

Quando o supervisor de segurança terminou o café da manhã, um marinheiro subordinado o informou: O gabinete do governador-geral ordenou que o porto fosse temporariamente fechado e todos os navios estavam proibidos de sair!

Philip reprimiu a vontade de se levantar e perguntou em voz profunda: — O que os soldados estão fazendo no porto?

— Procurando navio por navio — respondeu o marinheiro com sinceridade.

No quarto 5 da cabine de primeira classe, Lumian observou o porto caótico por onde o exército havia entrado e continuou escrevendo uma carta para Jenna e Franca.

“Parece que algo aconteceu com Porto Farim na Ilha do Santo Tick no Arquipélago do Mar da Névoa. Pergunte àquela pessoa e veja se ela sabe a situação exata.”

Nesse momento, Lumian levantou a mão direita e bateu no peito quatro vezes — para cima, para baixo, para a esquerda, para a direita — como o Sr. K. Ele sussurrou com simpatia: — Pobre 007.

Vol. 5 Cap. 520 Bruxo Demoníaco

Trier, Quartier de la Cathédrale Commémorative, Rue Orosai, nº 09, Apartamento 702.

Franca acordou naturalmente, levantando-se preguiçosamente da cama. Seus planos eram simples — pegar uma torrada, antecipando um almoço pesado.

Ultimamente, a ausência das Pessoas Espelhadas tornava seus dias mais tranquilos.

“Graças aos Céus, graças à Terra, graças ao Sr. Tolo. Lumian, o azar, deixou Trier…” Franca murmurou em sua oração pré-refeição.

Enquanto tomava seu leite, Jenna voltou e apontou para a mesa de centro.

— O Coelho Chasel entregou uma carta esta manhã. É de Lumian.

— Carta? — Os olhos de Franca se estreitaram enquanto seu corpo relaxado ficou tenso.

“A fonte da Perturbação de Dardel ainda estava à solta. O que aconteceu dessa vez?”

— Ele mencionou um incidente na capital do Arquipélago do Mar da Névoa. Ele deseja reunir detalhes e espera que você possa perguntar ao seu contato entre as autoridades. Eu me abstive de acordá-la, já que você só entra em contato com esse contato tarde da noite, então optei por ler a carta imediatamente. Parece que você só pode fazer perguntas durante a noite — Jenna explicou concisamente.

— Que atencioso. Lumian, aquele patife, sem dúvida bateria na porta e me acordaria de repente! — Franca, que havia vivenciado o despertar perturbador de Lumian,

Ela riu.

— Aconteceu alguma coisa com Porto Farim quando ele chegou? Mesmo que pareça não ter relação com ele, mas…

Franca se recostou um pouco e comentou: — O que houve com o detector de catástrofes de misticismo ambulante?

Como não era urgente, ela planejou perguntar sobre 007 no grupo do telegrama mais tarde à noite. Afinal, ele era um Beyonder oficial de Trier. Era improvável que tivesse informações imediatas sobre os eventos na capital do Arquipélago do Mar da Névoa. Se ela não perguntasse, ele poderia permanecer sem saber.

Franca, com sua propensão a mensagens instantâneas, largou a garrafa de leite e escreveu uma resposta provocativa para Lumian.

“Se você quer saber o que está acontecendo, investigue você mesmo. Um detector de catástrofes de misticismo ambulante como você não precisa de pistas ou informações. Passeie pelas ruas de Porto Farim sem rumo, e quem sabe, você pode esbarrar na pessoa envolvida!”

“Ei, não vamos transformar a escrita de cartas em comunicação relacionada ao trabalho, usando-a apenas para discutir problemas ou pedir ajuda. Você não pode compartilhar os contos interessantes do mar e os detalhes das recompensas dos piratas?”

“Heh heh, desde que você deixou Trier, tudo tem estado calmo e quieto. Posso aproveitar dormir até mais tarde novamente. Aproveite sua doce vingança. Não precisa voltar rápido. Nos avise se precisar de ajuda…”

Jenna observou Franca pensativamente enquanto ela preenchia alegremente quase duas páginas da carta.

Dentro do quarto 5 da cabine de primeira classe do Pássaro Voador em Porto Farim, Lumian, confinado em seus aposentos, zombou ao terminar de ler a resposta de Franca.

“Quantas reclamações ela recebeu do 007? Ela está me culpando pelas frequentes catástrofes místicas.”

Dobrando a carta, ele a levou aos lábios de Ludwig.

O menino, que tinha acabado de terminar a sobremesa, olhou para Lumian e comentou: — Eu não sou um triturador.

— Achei que você comesse tudo — Lumian respondeu casualmente enquanto queimava a carta, observando-a virar cinzas na brisa do mar que soprava pela janela.

Pouco depois do almoço, Philip bateu à porta, acompanhado por quatro soldados em uniformes militares azuis adornados com fios dourados.

O policial, segurando cópias dos documentos de identificação de Lumian e dos outros, comparou seus rostos a fotos em preto e branco.

— Assim como você, eles vieram de Porto Gati e só chegaram ontem à noite? — perguntou o oficial, tendo confirmado a confiabilidade de Philip.

— Sim, eu os vi embarcar. Nós nos encontramos com frequência nos últimos dois dias — Philip respondeu, sabiamente escolhendo não expor o fato de que as identidades e informações de Lumian e dos outros eram falsas.

“Muito sábio… Caso contrário, você testemunhará problemas de verdade…” Lumian brincou interiormente.

Se seu disfarce fosse exposto, ele escolheria se “teletransportar” para longe com Lugano e Ludwig em vez de fazer uma cena e revelar o aventureiro Louis Berry para o mundo. A única devoção de Lumian era Gehrman Sparrow, pronto para caçar piratas quando a oportunidade surgisse. Na verdade, Lumian não tinha intenção de se tornar um verdadeiro aventureiro. Seu propósito em se aventurar no mar era vingança!

Após confirmar a situação de Lumian e dos outros, o oficial conduziu os soldados para o próximo quarto, com Philip os acompanhando.

Lumian observou que a investigação do Pássaro Voador foi completa, mas não excessivamente intensa. Os policiais seguiram os procedimentos meticulosamente, sem se aprofundar em mais investigações.

Fazia sentido. A explosão no Quartier des Black Pearls e a anormalidade dos cadáveres não poderiam ter ocorrido da noite para o dia. Mesmo que tenha sido um acidente, estava se formando há algum tempo. O impacto extenso sugeria um desenvolvimento prolongado. A menos que a pessoa envolvida fosse um semideus, era quase impossível para autoridades comuns rastrear quaisquer vestígios relacionados a semideuses.

Isso significava que o Pássaro Voador, tendo chegado a Porto Farim apenas na noite anterior, provavelmente não tinha nenhuma conexão com o incidente. O foco era confirmar as identidades dos passageiros.

A possibilidade de um semideus estar ferido e não conseguir escapar de Porto Farim foi considerada, o que justifica uma investigação abrangente, mas não houve vítimas suspeitas no Pássaro Voador.

Os oficiais desembarcaram após quase duas horas, acompanhados por 20 a 30 soldados. Lumian, agora no convés, aproximou-se de Philip e perguntou: — O que aconteceu ontem à noite?

Philip olhou ao redor e baixou a voz.

— Ouvi do meu antigo colega que eles estão procurando pelo Bruxo Demoníaco Burman.

— Burman? — Lumian expressou sua ignorância.

Tendo lido apenas uma parte dos cartazes de procurados na noite anterior, Lumian não estava familiarizado com o Bruxo Demoníaco Burman. Sua atenção estava em reis marítimos, almirantes piratas e outros piratas importantes. Depois, ele compartilhou uma bebida com Batna Comté.

— Ele é um aventureiro procurado — Philip explicou com um suspiro. — Antes de eu deixar a frota do Mar da Névoa, ele ainda era normal. Perseguia recompensas e tesouros e conheceu sua esposa, Helen, uma aventureira. Mais tarde, Helen morreu em um acidente, fazendo Burman enlouquecer. Ele queria reviver sua esposa e fez muitas coisas… tentativas boas e ruins.

— Ele orquestrou impiedosamente a destruição de uma cidade de 300 pessoas para cumprir as condições para um ritual de ressurreição. Ele organizou reuniões de Bruxos malignos, visando usar as vidas de outros, especialmente recém-nascidos, para bruxaria cruel e sangrenta para reviver Helen. Esses eventos levaram sua recompensa a superar o Divisor de Ossos Basil, atingindo 600.000 verl d’or.

“Em sua busca para ressuscitar sua esposa, ele foi levado a se tornar um cruel e frio Bruxo Demoníaco?” Lumian suspirou de repente.

Se a Madame Mágica não o tivesse encontrado naquela época, se o Sr. Tolo não tivesse oferecido um vislumbre de esperança e se o Clube de Tarô não tivesse providenciado dois formidáveis ​​psiquiatras para fornecer tratamento, ele agora se pareceria com Burman e carregaria um apelido prefixado como ‘Demoníaco’?

Além disso, simplesmente trilhar o caminho das bênçãos aceleraria seu crescimento. Com a ajuda de Termiboros, ele poderia alcançar a Sequência 5: Apropriador do Destino em poucos meses. A obliteração de uma cidade de 300 pessoas tinha o potencial de elevá-lo a um Habitante do Círculo.

— 600.000 verl d’or é quase o mesmo que o Vice-Almirante Maré Negra Holle Sassen, que tem a menor recompensa entre os almirantes piratas — comentou Lumian, fazendo uma comparação.

O Vice-Almirante Maré Negra era um grande pirata que só ganhou fama nos últimos anos. Sua recompensa era de 700.000 verl d’or.

Philip ficou em silêncio por um momento antes de acrescentar: — Burman pode não ser mais fraco que Holle Sassen, mas não tem sua própria frota. Ele está sempre sozinho e ocasionalmente colabora com aqueles Bruxos malignos. Isso permite que ele escape dos cercos das autoridades e se infiltre com sucesso em cidades adornadas com seus cartazes de procurados.

Pela descrição de Philip, Lumian deduziu que o Bruxo Demoníaco Burman possuía diversas habilidades, destacando-se em disfarces.

Com a elegância de um verdadeiro Bruxo, Burman combinou isso com o domínio sobre o poder dos mortos, seja adquirido por meio de pesquisas sobre ressurreição ou inerente à descrição contraditória de sua Sequência original sobre habilidades “abrangentes” e “especializadas”.

O bloqueio do porto deixou o Pássaro Voador encalhado em Farim, atrasado em relação à partida programada.

Às 4 da tarde, Lumian se viu sem nada para fazer. Ostentando seu novo chapéu de palha dourado, ele desembarcou do navio, onde passageiros e marinheiros agora podiam se mover livremente. Mais uma vez, pisou em Porto Farim.

Ele planejou investigar a cena da explosão da noite passada. Talvez pudesse encontrar algumas pistas.

O que estava em ruínas era um hospital. Quase metade dele desmoronou, revelando um enorme fosso que levava ao subsolo. Cadáveres cobriam as estruturas restantes, em meio a sangue fresco e sombras humanoides carbonizadas pela explosão.

Com a proibição suspensa, vários aventureiros se aglomeraram no local, buscando respostas. Lumian se misturou à multidão, observando discretamente.

— Louis, você também está aqui? — De repente, Lumian reconheceu uma voz familiar.

Era Batna Comté, armado com um revólver substancial e uma espada requintada. Meticulosamente preparado, ele parecia afiado e sofisticado.

— É isso mesmo — Lumian respondeu com um sorriso. — Como um aventureiro, como posso perder a grande ocasião de perseguir o Bruxo Demoníaco?

“Nosso principal objetivo é reunir pistas para uma recompensa…” Batna murmurou baixinho.

Enquanto ele investigava os vestígios da batalha em busca de pistas, ele perguntou casualmente: — Você encontrou aqueles corpos ressuscitados ontem à noite?

— Sim. Além de serem um pouco assustadores, não há nada de notável neles — Lumian se gabou.

Batna olhou para ele e sorriu de repente.

— Aconteceu alguma coisa incomum com você depois que saiu do bar ontem à noite?

Lumian respondeu com indiferença: — Encontrei alguns vigaristas e saí com uma pequena fortuna.

“Uma pequena fortuna…” Batna ficou surpreso.

De repente, ele se lembrou das ações de Louis Berry no bar e de suas palavras: — Talvez eles pensem que eu sou um alvo fácil?

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