Vol. 5 Cap. 521 Orientação do Destino?

Quando Batna voltou seu olhar para Lumian, houve uma mudança perceptível em seus olhos.

A imitação de Gehrman Sparrow e a aparente imprudência que caracterizava esse sujeito pareciam muito artificiais. Por baixo da fachada, espreitava-se astúcia e uma pitada de intenção sinistra!

Qualquer um que caísse nessa encenação estaria em apuros!

Lumian escolheu não se deter em como conseguiu roubar uma pequena fortuna dos vigaristas. Em vez disso, junto com Batna, ele examinou meticulosamente as consequências da explosão, examinando cada detalhe.

Infelizmente, até mesmo os Beyonders oficiais, armados com suas diversas Sequências e combinações sinérgicas, ficaram perdidos, sem falar na dupla que não tinha nenhuma proficiência em adivinhação ou profecia.

Batna distraidamente passou os dedos sobre a espada finamente trabalhada pendurada diagonalmente em sua cintura, soltando um suspiro.

— Sei que é um tiro no escuro, mas não consigo resistir a vir aqui, desperdiçando meu tempo. Não é sobre a recompensa. Que aventureiro não sonha com fama da noite para o dia?

Caçar o Bruxo Demoníaco Burman não era o único caminho para a fama. Auxiliar os Beyonders oficiais a rastrear esse criminoso procurado, cuja recompensa rivalizava com a de um almirante pirata, foi um feito notável por si só.

— Sua motivação principal não era reunir pistas por dinheiro? — Lumian perguntou, com um sorriso brincalhão no rosto.

— Uh, bem, esse é um motivo secundário — Batna se defendeu desajeitadamente.

De repente, ele teve uma percepção.

Ele nunca mencionou explicitamente que sua investigação tinha como objetivo acumular pistas para ganho monetário. Ele apenas pensou sobre isso!

“Ele consegue ler meus pensamentos ou está apenas blefando?” Batna examinou Lumian com uma expressão perplexa.

Lumian riu.

— Não deixe que seus pensamentos o traiam. Se você cruzar o caminho de um Espectador, seus segredos não ficarão escondidos.

Batna instintivamente levantou a mão direita e tocou seu rosto.

“Minha gestão de expressão é tão ruim assim?”

Ele desabafou sua frustração com um xingamento murmurado: — Com a cena nesse nível de caos e nenhum vestígio deixado nas ruas próximas, a menos que uma divindade me abençoe, ou eu esteja imbuído de sorte, encontrar qualquer pista é como procurar uma agulha no palheiro… Que tal tomarmos uma bebida em vez disso?

“Sorte… Encontrar pistas não depende necessariamente de boa sorte; azar também pode funcionar…” O coração de Lumian se agitou quando ele tirou um curativo do bolso e calmamente o envolveu em volta dos olhos.

Batna Comté, completamente perplexo, não pôde deixar de perguntar: — O que diabos você está fazendo?

— Me cegando. Confiar somente no instinto para navegar pelas ruas próximas elimina influências externas e libera toda a força da sorte — Lumian explicou com uma risada. — Talvez hoje, a sorte esteja realmente do meu lado?

Segundo Franca, um detector de catástrofes místicas como ele não precisa de pistas ou informações convencionais; ele pode simplesmente tropeçar na pessoa envolvida enquanto caminha por aí.

Nesse caso, Lumian decidiu seguir os caprichos do destino dessa vez.

Se ele tivesse sucesso, poderia usar o Bruxo Demoníaco ou pistas relacionadas para reivindicar uma bela recompensa. Se falhasse, isso provaria que as palavras de Franca não passavam de calúnia infundada.

Batna não conseguiu evitar se perguntar se Louis Berry havia perdido a cabeça. — Você realmente consegue fazer isso?

— Não há mal nenhum em tentar — respondeu Lumian confiante, com os olhos vendados e pronto para sair para a rua.

Depois de alguns passos, ele parou abruptamente.

Ele percebeu que vendar os olhos era inútil para os Caçadores.

O caminho que ele havia tomado e as cenas que ele havia observado enquanto procurava por pistas estavam vividamente gravados em sua mente, meticulosamente organizados de acordo com suas localizações no mundo real.

Basicamente, ele possuía um mapa mental de alta definição das ruas ao redor, o que lhe permitia chegar a lojas e edifícios com uma precisão incrível.

Com o controle excepcional de um Caçador sobre seu corpo e direção, mesmo sem visão, juntamente com os sentidos de olfato e audição aguçados, Lumian não pôde deixar de concluir que confiar nos caprichos do destino era redundante.

Depois de um momento de contemplação, começou a ponderar livremente seu próximo passo.

“As fugas elusivas do Bruxo Demoníaco Burman sugerem habilidades ou posses especiais que lhe concedem tal liberdade…”

“Ele pode se “teletransportar” como eu, alterar sua aparência e altura à vontade, ou talvez até se disfarçar como alguém de um gênero diferente?”

“Apesar de vários experimentos sangrentos e cruéis, Burman escapou da captura, sugerindo que métodos e pensamentos convencionais não seriam suficientes…”

“Posso mudar minha mentalidade e deixá-lo tomar a iniciativa de aparecer?”

“Sim, se não conseguirmos encontrá-lo, podemos fazê-lo vir até nós…”

“Sua principal preocupação é ressuscitar sua esposa, Helen. Se eu puder fabricar alguns casos de ressurreição ou discutir ressurreição em certos encontros de misticismo e fornecer conhecimento verificável de misticismo em domínios relacionados, este Bruxo Demoníaco pode muito bem seguir as pistas que deixei para trás…”

“No entanto, esse plano enfrenta dois desafios. Os Beyonders oficiais podem ter tentado esquemas semelhantes, e Burman, sendo cauteloso, pode ver através deles. Além disso, o tempo necessário para configuração e espera pode ser de semanas ou até meses, um luxo que me falta em Porto Farim… Só posso tecer o plano gradualmente em encontros de misticismo e conversas de bar, ocasionalmente revelando “segredos” para torná-lo mais realista e meus motivos menos aparentes…”

Perdido em seus pensamentos, Lumian confiou em Batna Comté para apoio ocasional, prevenindo contratempos durante a caminhada. Quando Lumian teve um plano completo, embora demorado, ele parou, removeu o curativo que cobria seus olhos e sorriu para Batna.

— Onde estamos? Minha intuição diz que pode haver pistas sobre o Bruxo Demoníaco escondido aqui.

— É uma rua comum com casas comuns. Os moradores parecem ricos e poderosos — Batna respondeu desamparadamente.

Lumian finalmente avistou o sol da tarde.

Enquanto Lumian se adaptava ao sol da tarde, seus olhos se estreitaram e seu coração acelerou.

Embora não conhecesse muitas ruas de Porto Farim, sua jornada instintiva guiada pelo destino o levou a um lugar familiar: Rue Coreas, nº 16!

O prédio marrom-acinzentado adjacente, adornado com uma parede externa esculpida, pertencia a Fidel Guerra, o proeminente comerciante. Lumian havia reservado veneno do  lagarto barbudo de chifres coloridos aqui ontem à noite e aceitou uma comissão para caçar Khizi Class, Baronete Black!

— Temiboros, você está por trás disso? — O instinto imediato de Lumian foi questionar o Anjo da Inevitabilidade selado dentro dele.

Termiboros permaneceu em silêncio, deixando Batna, de pé ao lado de Lumian, perplexo. Ele não conseguia entender a quem Louis Berry estava se dirigindo.

“Se Termiboros não me trouxe aqui intencionalmente, então algo na casa de Fidel Guerra está se alinhando com meu destino. É um item relacionado ao caminho do Caçador ou conectado a um deus maligno? Ou as pistas sobre o paradeiro do Bruxo Demoníaco Burman poderiam realmente ser encontradas na residência de Fidel?” A mente de Lumian correu enquanto ele rapidamente considerava uma série de possibilidades.

Olhando para o prédio de Fidel, ele avaliou a probabilidade da presença do Bruxo Demoníaco.

Burman, envolvido em vários experimentos de ressurreição, provavelmente lutou para completar seus preparativos sozinho. Roubar vários recursos chamaria a atenção tanto dos Beyonders oficiais quanto dos piratas que buscavam sua captura. Somente a assistência de outros Bruxos malignos poderia lhe fornecer a ajuda necessária.

“Se um comerciante bem relacionado como Fidel o apoiasse em segredo, Burman não enfrentaria dificuldades para obter materiais experimentais…”

“Para Fidel, com uma Sequência possivelmente não alta o suficiente, ter um Bruxo Demoníaco dependendo dele para proteção secreta é, sem dúvida, vantajoso.”

“Considerando os negócios clandestinos de Fidel, vulneráveis ​​a ataques de piratas ou aventureiros poderosos, ter um Bruxo Demoníaco à sua disposição faz sentido.”

“Em caso de conflitos futuros com autoridades, o Bruxo poderia protegê-lo, permitindo uma mudança de identidade e um novo começo em outra cidade ou país. De acordo com os insights de Aurore, tais indivíduos frequentemente mantêm identidades falsas e reservam ativos em vários lugares…”

“Ontem à noite, logo depois que conheci Fidel, ocorreu um acidente envolvendo o experimento fracassado do Bruxo Demoníaco…”

Lumian desviou o olhar. Suspeitava cada vez mais que o mercador, Fidel Guerra, tinha motivos para proteger o Bruxo Demoníaco Burman.

É claro que se Termiboros o tivesse guiado até aqui intencionalmente, a situação só se tornaria mais complexa e séria.

— O que você está olhando? — Batna perguntou, seguindo o olhar de Lumian para o nº 16 da Rue Coreas.

— Conheci Fidel Guerra, um comerciante importante, aqui ontem à noite e recebi uma comissão dele — Lumian respondeu francamente.

— Que comissão? — Batna perguntou com curiosidade.

Lumian respondeu com um sorriso: — Caçar o capitão do Nepos Dourado, Baronete Black, Khizi Class.”

— O rumor de que o Baronete Black sequestrou o carregamento de Fidel é verdade? Fidel contratou vários aventureiros para lidar com a Baronete Black… — Batna esclareceu antes de abaixar a voz. — Não conte a ninguém sobre isso.

— Por quê? — Lumian perguntou com um sorriso.

Batna, acariciando sua barba bem aparada, sussurrou: — Essas recompensas e comissões não exigem aceitação real, nem exigem sucesso.

— Sim, se a notícia de que um aventureiro planeja caçar um pirata se espalhar, e eles não estiverem muito distantes, a vingança do dito pirata é inevitável. É tanto uma punição quanto um aviso.

— O Baronete Black é um pirata notório. Se ele descobrir que um novato como você está assumindo uma missão para caçá-lo e está espalhando a notícia, você acha que ele vai se ofender? Ele pode te rastrear e usar sua morte como uma lição para outros aventureiros e Fidel.

“O Baronete Black está de fato em Porto Farim…” Lumian assentiu pensativamente.

— Essa é uma abordagem inteligente.

“Inteligente?” Batna ficou momentaneamente surpreso.

À noite, em um bar, Lumian, Batna e os outros estavam se divertindo há quase duas horas, cheios de alegria e excitação.

De repente, Lumian levantou seu copo e desceu do banco do bar para o chão. Dirigindo-se aos aventureiros e clientes comuns ao seu redor, ele declarou: — Todos, lembrem-se do meu nome, Louis Berry!

— Estou à beira da fama. Aceitei uma comissão do proeminente comerciante, Fidel. Meu objetivo é eliminar o Baronete Black Class Khizi!

— Quando eu tiver sucesso, o nome Louis Berry ecoará pelos Cinco Mares!

— Quando chegar a hora, vocês dirão com orgulho que compartilharam uma bebida comigo!

“Ah…” Batna congelou no banco do bar.

Foi como testemunhar Louis Berry mais uma vez pulando na plataforma de madeira e disparando sua arma na noite anterior.

Vol. 5 Cap. 522 Esquema Excelente

Em meio à cena agitada, Lumian saboreou sua bebida até o relógio se aproximar da meia-noite. Saindo do bar com Batna, eles pisaram na rua, onde a brisa do mar, antes quente, havia se tornado fria.

Batna hesitou antes de perguntar: — Você planeja seriamente ir atrás do Baronete Black?

A performance de Louis Berry não foi uma repetição do esquema da noite anterior, esperando que Khizi Class, Baronete Black, viesse procurá-lo?

Lumian virou a cabeça, seus olhos verdes desprovidos de qualquer sinal de intoxicação. — Por que não? Se ele não me procurar, onde eu vou encontrá-lo? Entrar furtivamente no Nepos Dourado e enfrentar o navio inteiro deles sozinho?

“Boa observação…” Batna admitiu que a lógica de Louis Berry tinha mérito.

Uma vez que o Baronete Black chegasse à terra, ele provavelmente se disfarçaria, tornando-o difícil de rastrear. No mar ou em seu próprio barco, um aventureiro solitário acharia quase impossível derrubá-lo. Até mesmo os leões temiam uma matilha de lobos. Além disso, entre os lobos, além de Khizi Class, havia algumas pessoas com poderes Beyonder.

Batna teve que admitir que cada pessoa não era menos formidável que ele.

Após uma breve pausa, Batna percebeu que algo estava errado e deixou escapar: — Tem certeza de que pode lidar com o Baronete Black e os dois ou três ajudantes que ele pode ter?

Os lábios de Lumian se curvaram em um sorriso.

— Todo aventureiro que vem para o mar sonha em seguir os grandes passos de Gehrman Sparrow.

Não era a primeira vez que ele dizia isso, mas o tom era diferente. Dessa vez, Batna detectou um comportamento calmo e sério.

“É sério?”

“Ele é astuto e esperto ou simplesmente imprudente?”

Naquele momento, Batna teve que reconsiderar sua compreensão de Louis Berry.

Havia um método em sua loucura, uma armadilha meticulosamente preparada, mas as aspirações e estratégias eram impraticáveis. O que mais impressionou Batna foi que Louis sabia que era irrealista, mas ele calma e persistentemente continuou a realizar seu grande sonho.

“Como descrever esse cara?” Batna não conseguiu encontrar as palavras certas.

Naquele momento, Lumian já havia chegado às barracas do mercado ao ar livre. Ele gastou 5 verl d’or em fatias de banana frita, carne assada, ostras assadas, peixe grelhado, camarão assado e cana-de-açúcar.

— Você ainda está com fome? — Batna perguntou, surpreso.

Durante a sessão de bebidas, eles já haviam pedido batatas fritas, peixe, bolo de carne e muito mais.

Lumian sorriu e respondeu: — Vou preparar o jantar para meu afilhado.

“Afilhado? Na sua idade?” Batna não conseguia entender esse cara com sotaque da província de Savoie.

“Talvez seja uma tendência na província montanhosa que jovens homens se tornem padrinhos?”

Depois que Lumian pegou os sacos de papel pardo, Batna exalou e comentou: — Seu plano pode não ser eficaz. Aventureiros se gabando de suas façanhas são uma dúzia. Eles podem não considerar sua declaração uma piada para espalhá-la para os outros. É muito comum.

Lumian sorriu e disse: — Não, elas vão espalhar como fogo. Em alguns dias, todo o Porto Farim saberá que um novo aventureiro recebeu uma comissão para caçar o Baronete Black.

— Como isso é possível? Você não consegue controlar as bocas deles, — Batna retrucou subconscientemente.

De repente, ele foi pego de surpresa.

— Você não pode realmente… controlar os pensamentos deles, pode…

Lumian zombou e bateu na cabeça com os sacos de papel.

— Use seu cérebro e pense com cuidado.

— Eles não vão querer espalhar. Alguém vai me ajudar a espalhar.

Batna teve uma epifania.

— Você quer contratar secretamente um grupo de pessoas para ajudá-lo a divulgar esse assunto…

Ele pausou por alguns segundos antes de continuar, — Não há necessidade de você contratá-los. O mercador, Fidel, vai ajudar você a atingir seu objetivo quando descobrir sobre seu ato. Ele tem recursos amplos. Mas e se ele não souber…”

— Vou visitá-lo amanhã — Lumian respondeu calmamente.

“É meticuloso e viável. É como correntes de ferro, todas interconectadas…” Quanto mais Batna pensava sobre isso, mais percebia que cada detalhe desse plano havia sido considerado, mas, no geral, exalava uma sensação de loucura.

Depois de um tempo, ele instintivamente avaliou: — Se o Baronete Black deixar o Mar da Névoa, pode levar meses para ele ouvir as notícias. Se ele estiver em Porto Farim, talvez ele descubra em dois ou três dias.

Porto Farim tinha uma população de pouco mais de 100.000, incluindo turistas. Pode nem ser comparável a um quartier em Trier. Mais pessoas estavam espalhadas pelas plantações da Ilha do Santo Tick e pelas Minas do Vulcão Andatna.

— Espero que ele esteja em Porto Farim — disse Lumian com uma expressão satisfeita enquanto caminhava pela noite.

Batna ficou em silêncio, sem saber o que dizer.

Retornando ao Pássaro Voador, Lumian entrou no quarto 5 da cabine de primeira classe e encontrou Ludwig aproveitando o jantar que ele havia deixado para ele. Ele colocou os sacos de papel pardo na mesa de jantar.

O aroma de ingredientes fritos e churrasco enchia o ar.

Ludwig olhou surpreso antes de devorar rapidamente a comida que Lumian havia trazido.

Lumian acomodou-se em uma poltrona próxima, balançando-se suavemente.

Por fim, Ludwig soltou um suspiro de satisfação e disse: — Você não se cansa de sempre comer queijo, pão, bolos e biscoitos no jantar?

“Uma pessoa que consegue comer ratos vivos crus não tem o direito de dizer isso…” Lumian criticou e sorriu.

— Isso prova que não me esqueci de você, meu afilhado.

— A propósito, por quanto tempo você planeja me seguir? Eu já ajudei você a escapar da Igreja do Conhecimento.

Ludwig refletiu seriamente.

— Eu te seguirei até que eu possa ganhar a minha própria vida. A-agora, eu ainda sou uma criança!

“Isso é verdade. Se esse sujeito não tiver dinheiro para comprar comida, algo assustador pode acontecer… Além disso, antes de eu ir para a Cidade dos Exilados, a Igreja do Conhecimento provavelmente não permitirá que Ludwig me deixe…” Lumian riu sozinho.

— Eu, um homem menor de idade solteiro, tenho que sustentar uma criança como você por muito tempo.

Ludwig murmurou baixinho: — Não necessariamente muito longo…

“Isso significa que você pode se recuperar a ponto de se sustentar neste ano ou no próximo?” Lumian fingiu não ouvir os murmúrios de Ludwig e gesticulou em direção aos aposentos dos criados com o queixo.

— Aquele cara tem agido bem?

Ludwig, agindo como espião, perguntou confuso: — Para os intisianos, flertar com mulheres no convés e no bar sob o pretexto de atender pacientes é considerado aceitável?

— Sim. — Lumian suspirou impotente.

“Vocês, intisianos.”

Na tarde seguinte, em meio a rumores de que o fechamento do porto possivelmente terminaria na manhã seguinte, Lumian desembarcou do Pássaro Voador e foi direto para a Rue Coreas, no Quartier des Black Pearls, para fazer uma visita matinal ao importante comerciante Fidel Guerra.

Na noite anterior, Lumian recebeu uma carta de Franca, entregue pelo Coelho Chasel de Jenna. A explosão em Porto Farim batia com a informação de Philip, mas havia mais detalhes.

Quando os Beyonders oficiais chegaram ao local, o Bruxo Demoníaco Burman já havia desaparecido.

Diante de um monstro morto-vivo feito de membros e fragmentos de cadáveres, capaz de despertar os mortos em Porto Farim, os Beyonders oficiais estavam muito ocupados.

O hospital sofreu baixas — os pacientes foram vítimas do horror monstruoso…

No escritório de Fidel Guerra, Lumian conheceu o homem — uma mistura de sangue de Intis e Feynapotter, fumando um charuto com um sorriso.

— Você veio aqui por causa do cheiro? Acabei de receber o veneno do Lagarto Barbudo de Chifres Coloridos.

“Acabou de obter? Receio que esteja aqui o tempo todo. Considerando meus esforços sinceros para atrair o Baronete Black e atender seu pedido, você não está sugerindo que não garantiu os bens…” Lumian arriscou um palpite, um sorriso brincando em seus lábios.

— Parece que a sorte está sorrindo para mim. Quanto?

— 3.800 verl d’or. Minha parte não é muito — Fidel respondeu sinceramente.

Lumian não negociou. Ele pegou um maço de notas e calculou 3.800 verl d’or.

Observando isso, Fidel sinalizou para um atendente e deu instruções.

Logo depois, o atendente retornou, trazendo uma garrafa de vidro marrom.

Fidel ordenou que o atendente pegasse o dinheiro e entregasse as mercadorias enquanto ele mantinha uma distância de aproximadamente dez metros de Lumian. — Recipientes de metal não servem. A potência do veneno pode ser afetada pela corrosão.

Lumian assentiu sutilmente, lançando um olhar para a garrafa de vidro marrom antes de guardá-la no bolso.

Depois que o atendente foi embora, Fidel sorriu mais uma vez.

— Ouvi dizer que você repetiu o ato da noite anterior no bar ontem à noite?

Este comerciante influente demonstrou sua natureza de bom informante.

— De fato, devemos empregar estratégias eficazes repetidamente — Lumian concordou tacitamente.

Fidel assentiu.

— Eu aprecio um jovem astuto como você. Ajudarei a disseminar sua mensagem e garantirei que a Class Khizi a ouça prontamente.

— Heh heh, os aventureiros que designei para esta tarefa anteriormente eram muito tímidos.

— Sem problemas. É exatamente por isso que estou aqui hoje, — Lumian mencionou antes de ir embora.

Depois de alguns passos, ele parou abruptamente, virou-se e falou pensativamente: — Você acha que o Bruxo Demoníaco Burman está se escondendo aqui?

Fidel ficou surpreso.

— O que você está falando?

— O que o Bruxo Demoníaco tem a ver comigo?

— Não muito. Só um palpite, — Lumian respondeu com um sorriso. — A Rue Coreas fica bem perto de onde a explosão ocorreu ontem à noite, e seu estabelecimento é bem adequado para se esconder.

Sem esperar pela resposta de Fidel, ele deu mais um passo e saiu casualmente do prédio.

Fidel observou a partida de Lumian, franzindo a testa em confusão. Ele não conseguia entender por que Lumian havia proferido aquelas palavras.

No meio da noite, o som das ondas ecoava à distância, e o Pássaro Voador balançava suavemente.

Lumian estava reclinado na cama do Quarto 5 da cabine de primeira classe, envolto em um cobertor de veludo. Seus olhos estavam bem fechados, respirando fundo, ele estava profundamente adormecido.

De repente, uma nuvem escura se materializou do lado de fora da janela, obscurecendo a lua vermelha e as estrelas no céu.

O quarto, coberto de cortinas, mergulhou na escuridão. Mesmo olhando para as mãos, mal se conseguia discernir cinco dedos.

Dentro das sombras, algo pareceu ganhar vida.

Vol. 5 Cap. 523 Olho Ilusório

Uma sombra esguia emergiu das sombras em forma translúcida. Rapidamente, ela investiu contra Lumian, como se estivesse ansiosa para reivindicar um novo hospedeiro.

Semelhante à possessão de espectros e espíritos malignos, essa entidade buscava o controle, mas não tinha velocidade para concluir o processo em um piscar de olhos.

Em um instante, Lumian, antes adormecido, transformou-se em uma figura sombria, fundindo-se perfeitamente com a escuridão, deixando a cama desprovida de sua presença.

Isso marcou a manifestação de sua habilidade recém-contratada: Transformação nas Sombras!

Um silêncio sinistro envolveu a sala, dominado pela sombra alta e translúcida, apagando qualquer vestígio de Lumian ou de seu agressor invisível.

De repente, a escuridão se abriu, revelando uma píton esquelética em decomposição, exsudando pus verde-amarelado.

De olhos vazios, sua boca sem presas parecia um vórtice, emitindo um som apressado e penetrante. Uma força de sucção puxava as sombras ao redor, atraindo-as para dentro.

Parecia uma criatura morta-viva, especialista em consumir sombras e criaturas sombrias.

O quarto 5 do quarto principal da cabine de primeira classe do Pássaro Voador assumiu um tom sobrenatural. Apesar da luz fraca persistente, as sombras se dissiparam, deixando tudo envolto em pura escuridão.

No devido tempo, Lumian emergiu das sombras, retomando sua forma humana contra o pano de fundo de um tapete exuberante e um guarda-roupa requintado.

Simultaneamente, uma figura imponente se materializou — um cavaleiro adornado com uma armadura preta esfarrapada. Chamas pálidas tremeluziam em suas órbitas oculares, líquido pútrido vazando das fendas da armadura, com apenas carne pegajosa grudada em sua pele exposta.

Com uma espada larga erguida, o cavaleiro morto avançou, golpeando Lumian, como se estivesse prestes a destruir a cama e o guarda-roupa.

O corpo ágil de Lumian moveu-se, manobrando para ficar de frente para o Cavaleiro da Morte, a Píton Devoradora de Sombras e a sombra alta e fina que se aproximava, para flanquear todos eles.

Crash!

A espada larga do Cavaleiro da Morte cortou o guarda-roupa, fazendo os fragmentos voarem. Lumian, reagindo rapidamente, agachou-se, cerrou os punhos e atingiu o pesado carpete amarelo-amarronzado.

Do centro, uma multidão de chamas carmesim, quase brancas, irrompeu, consumindo cada centímetro da sala. O inferno devorou ​​as três entidades mortas-vivas suspeitas de serem do mundo espiritual.

Estrondo!

Em meio às chamas rugindo, bolas de fogo se materializaram e saíram do corpo de Lumian.

Elas se concentraram no Cavaleiro da Morte, na Píton Devoradora de Sombras e na sombra negra e esguia, ou então destruíram imprudentemente o quarto de tamanho considerável.

Estrondo!

As bolas de fogo carmesim, quase brancas, detonaram consecutivamente, destruindo os três mortos-vivos, pulverizando a cama, a escrivaninha e outros móveis. Uma fumaça pungente subia do carpete chamuscado.

Nessa turbulência explosiva, qualquer entidade sem eterealidade pura ou possuindo corporeidade parcial enfrentava destruição inevitável no espaço confinado. A armadura outrora revestida de aço do Cavaleiro da Morte desmoronou instantaneamente, e a Píton Devoradora de Sombras se fraturou em uma multidão de restos em chamas.

Embora a sombra esguia tenha se saído relativamente melhor, ela também sucumbiu às chamas envolventes, diminuindo em substância.

Estrondo!

Embora o Pássaro Voador ostentasse uma estrutura de aço, o impacto de tal força — lembrando vários canhões mirando em um espaço confinado — inevitavelmente teve seu preço no Quarto 5 da cabine de primeira classe. Estranhamente, apenas rachaduras marcavam a parede interna, sem que nem a parede nem a porta cedessem completamente.

Entretanto, a barreira informe que envolvia a área estremeceu violentamente, à beira da desintegração.

Conforme as ondas de choque ricocheteavam nas paredes, portas e teto, Lumian, o catalisador da explosão, também sofria. Era como ser golpeado repetidamente por um martelo enorme, com sua visão turva por manchas douradas e um gosto metálico de sangue na garganta.

O ar, instantaneamente devorado pelas chamas, deixou-o com uma sensação de sufocamento.

Em meio às chamas tumultuadas, uma figura emergiu da escuridão, de pé perto da janela, adornada com uma túnica preta com um capuz solto. Numerosos ferimentos marcavam seu corpo, testemunho das ondas explosivas e chamas envolventes, deixando marcas carbonizadas.

Lumian observou que os cabelos finos do homem haviam se transformado em penas branco-claras, quase indistinguíveis. Algumas estavam carbonizadas, emitindo uma névoa escura e densa em vez de fumaça espessa.

Em vez do sangue vermelho habitual, uma espessa tonalidade verde-amarelada escorria dos ferimentos.

Sob o capuz levantado, Lumian discerniu um rosto branco-pálido e algumas úlceras que chegavam até o osso. Traços vagos de pelo branco-pálido adornavam as feridas.

Num piscar de olhos, Lumian fixou os olhos em seu oponente, que ostentava íris frias cor de linho. Entre as sobrancelhas da figura encapuzada, uma rachadura se alargou rapidamente, revelando um olho vertical ilusório com uma borda roxa profunda que quase beirava o preto. Desprovido de cílios ou pupilas, parecia abrigar inúmeros padrões branco-claros.

Este olho vertical peculiar instantaneamente espelhou a figura de Lumian.

Sua intenção inicial de “teletransportar” para trás do homem encapuzado e empregar o Feitiço de Harrumph encontrou um congelamento abrupto.

O impacto repercutiu no nível espiritual.

Era semelhante ao Corpo da Alma de Lumian perdendo o escudo protetor de sua forma física e ficando exposto à luz escaldante do sol. Instintivamente, medo, rigidez e letargia o dominaram.

Normalmente, os humanos exploravam o mundo espiritual por meio da Projeção Astral, raramente separando seu Corpo Espiritual — o núcleo de sua alma — de seu ser físico, sempre envolto em proteção.

A Perfuração Psíquica do caminho do Árbitro contornou o corpo físico, o Corpo Etéreo, a Projeção Astral e o Corpo do Coração e da Mente, influenciando diretamente o Corpo da Alma. Ele carregava uma reputação quase indefensável, afetando indivíduos em graus variados.

Lumian suspeitava que o Feitiço de Harrumph compartilhava essas características.

Dentro do olho vertical roxo-escuro, quase preto, do agressor, padrões branco-claros giravam silenciosamente, como se buscassem a essência do Corpo Espiritual de Lumian.

A sensação lembrava a de ser examinado por raios penetrantes de luz, fazendo o Corpo Espiritual de Lumian tremer levemente, impedindo pensamentos complexos.

Quando ele estava prestes a tomar a ação mais simples de mergulhar sua consciência na marca do Imperador do Sangue em sua mão direita, o homem encapuzado emitiu um gemido repentino de dor.

Sua cabeça foi jogada para trás como se tivesse sido atingida por uma bala, o outrora ilusório olho vertical roxo-escuro agora estava embaçado, escorrendo sangue vermelho-escuro misturado com pus verde-amarelado.

Com um gemido de dor, o homem encapuzado rapidamente se virou e voou para fora da janela, arrastado por uma força invisível.

Observando isso, Lumian não se apressou em bloquear a fuga com Travessia do Mundo Espiritual. Em vez disso, levantou sua mão direita e estalou os dedos.

Estrondo!

Na janela, uma luz vermelha, quase ofuscante, irrompeu, e uma explosão violenta envolveu o homem encapuzado.

Lumian havia armado isso como uma armadilha.

Antes de entrar em um estado de “sono”, ele havia escondido o quarto principal dentro da Garrafa de Ficção. Havia duas entradas, uma pela janela e a outra pela porta, acessíveis apenas a seres com superpoderes. Ambas as saídas abrigavam bolas de fogo de explosão retardada.

Qualquer gatilho desencadearia devastação.

Em meio à explosão de fogo, o homem encapuzado foi arremessado para longe, batendo contra a moldura da janela. Seus membros pareciam prestes a se desprender do corpo.

Sem um momento de hesitação, Lumian “teletransportou-se” até o homem gravemente ferido e inconsciente, bufando para seu inimigo.

Dois raios de luz branca foram disparados, atingindo o alvo e deixando-o completamente inconsciente.

Enquanto Lumian se preparava para seu próximo movimento, pares de braços surgiram de repente da escuridão na saída destruída da Garrafa da Ficção.

Alguns estavam cobertos de verrugas, alguns estavam apodrecidos a ponto de transbordar pus, e alguns só exibiam ossos enegrecidos…

Esses braços agarraram as roupas do homem encapuzado e o arrastaram para as sombras, desaparecendo sem deixar vestígios.

Observando isso, Lumian se absteve de uma transformação imediata em uma criatura das sombras para persegui-los. Em vez disso, ele se manteve firme, com uma leve carranca franzindo suas sobrancelhas.

O agressor tinha uma semelhança incrível com o Bruxo Demoníaco Burman, como retratado nos cartazes de procurados, mas o sentimento não humano era ainda mais pronunciado. Os detalhes sugeriam um monstro imortal em vez de um humano.

Lumian não foi pego de surpresa pela aparição do Bruxo Demoníaco Burman. Foi um dos resultados esperados.

Ele deliberadamente expressou suspeitas sobre a conexão de Fidel com o Bruxo Demônio na sua frente, sem fornecer clareza, alimentando a ilusão de que Louis Berry, um aventureiro ousado com uma propensão para conspirações, estava tentando extorquir dinheiro do importante comerciante.

Em circunstâncias normais, mesmo que Fidel tivesse algo a esconder, ele não agiria tão rapidamente. Ele provavelmente observaria de perto por alguns dias para confirmar a situação. Lumian, no entanto, havia lhe “oferecido” uma oportunidade dessa vez.

Louis Berry, o aventureiro, tornou pública a missão que aceitou para atrair o Baronete Black!

Nesse cenário, não seria nenhuma surpresa se ele fosse morto por Class Khizi.

A morte de um indivíduo excessivamente confiante em Porto Farim não causaria problemas ou suspeitas.

Então, por que não acabar com o perigo pela raiz?

Mesmo que as suspeitas de Louis Berry não tivessem evidências, elas ainda chamariam a atenção dos Beyonders oficiais.

A “apresentação” de Lumian no bar na noite anterior parecia atrair o Baronete Black Class Khizi, mas na realidade era uma isca para o comerciante Fidel Guerra!

Se Fidel não tivesse laços com o Bruxo Demoníaco, isso não desencadearia uma reação adicional. Lumian precisava apenas perseguir o propósito superficial de caçar o Baronete Black. Se houvesse uma conexão, ele receberia prontamente uma “resposta”.

Para a surpresa de Lumian, as habilidades exibidas pelo Bruxo Demoníaco Burman compartilhavam semelhanças com os poucos caminhos divinos que ele conhecia, mas também havia diferenças notáveis!

Vol. 5 Cap. 524 Lutas internas

O olho ilusório entre as sobrancelhas do Bruxo Demoníaco tinha uma semelhança notável com o Olho do Espreitador de Mistérios do caminho do Espreitador de Mistérios. No entanto, essa entidade assumiu uma forma única, manifestando-se como um olho vertical em vez da manifestação típica dentro do próprio olho. Lumian nunca havia encontrado ou ouvido falar de tal fenômeno antes.

Embora um Espreitador de Mistérios possa experimentar anormalidades semelhantes às de um Beyonder de Alta Sequência, estava claro que Burman não havia alcançado o nível de Santo. Caso contrário, Lumian seria quem fugiu, não ele. Em tal cenário, Lumian poderia não ter conseguido escapar mesmo se quisesse; sua única esperança seria que a aura residual do Imperador do Sangue pudesse distrair Burman momentaneamente, permitindo que ele se “teletransportasse” para longe.

Considerando o cartaz de procurado das autoridades, as informações de 007 e os detalhes coletados de Philip e outros, Lumian havia concluído há muito tempo que um Bruxo Demoníaco como Burman não poderia ser um Sequência 4 — ele certamente não era audacioso o suficiente para caçar um semideus.

Com base no olho vertical ilusório e nas habilidades diversas e abrangentes de Burman, Lumian sentiu um alinhamento verdadeiro com as características de um Bruxo1. No entanto, nenhum Olho do Espreitador de Mistérios de um Bruxo se assemelhava a este. Não só cresceu entre as sobrancelhas e se tornou um olho vertical, marcado com padrões branco-claros contra um fundo quase preto, mas também possuía a habilidade de intimidar os Corpos da Alma dos outros, revelando uma “verdade” percebida.

Naquele momento, Lumian sentiu como se tivesse sido despojado de todas as externalidades, deixando apenas seu Corpo da Alma para resistir ao de Burman. Ceder ou falhar resultaria em desmaio ou escravidão.

Felizmente, a “verdade” sobre ele estava além da percepção da de Beyonders de Média Sequência, e Burman não foi exceção. Antes que Lumian pudesse ativar a aura residual do Imperador do Sangue, o Bruxo Demoníaco sofreu uma reação, quase o incapacitando.

Além disso, o comando de Burman sobre os mortos-vivos e a proteção que ele recebia após desmaiar superavam as capacidades típicas de Bruxo. Mesmo que outros pudessem alcançar efeitos semelhantes com magias aprendidas ou inventadas, não seria a esse ponto, muito menos tão facilmente.

“Qual caminho de deus maligno é esse? Ou Burman, um Bruxo, foi corrompido e adquiriu características anormais? Isso explicaria os detalhes não humanos sobre ele. Depois de conduzir tantos experimentos de ressurreição, ele não teria falta do tipo que sacrifica aos deuses malignos…”

“O olho vertical ilusório era inegavelmente poderoso e bizarro. Eu não consegui resistir a ele de frente. Não fosse pela proteção do selo do Sr. Tolo, Termiboros, e a aura persistente do Imperador do Sangue — todos superando meu nível atual — eu poderia ter encontrado minha morte nas mãos de Burman.” Os pensamentos de Lumian correram enquanto ele rapidamente fazia um palpite.

Aproveitando o momento para neutralizar o impacto da explosão, ele pegou o chapéu de palha dourado de sua Bolsa do Viajante e o colocou na cabeça antes de desaparecer.

Lumian “teletransportou-se” para o nº16 da Rue Coreas, entrada da opulenta residência de Fidel Guerra.

Embora o Bruxo Demoníaco Burman tivesse meios de escapar, o mesmo não poderia ser dito deste importante comerciante!

Se Burman estivesse em boas condições quando fugiu, Lumian temia que ele pudesse retornar por cortesia profissional e resgatar seu empregador. No entanto, como Burman havia sido deixado inconsciente e levado por alguma criatura morta-viva, ele não retornaria para a Rue Coreas, nº 16, nem mesmo depois de acordar. Quanto mais o tempo passasse, mais provável seria que a casa de Fidel Guerra se tornasse uma armadilha para o Bruxo Demoníaco.

Portanto, Lumian ainda teve tempo para refletir sobre a Sequência de Burman e os traços não humanos dele.

Seu atraso deliberado serviu a um propósito.

Se o Bruxo Demoníaco Burman acordasse prontamente e fugisse com seu empregador, o atraso calculado de um ou dois minutos de Lumian prenderia os dois.

Parado na entrada da Rue Coreas, nº16, Lumian franziu levemente a testa.

Como Caçador, ele detectou um leve cheiro de sangue emanando de dentro da casa.

Depois de um momento de consideração, Lumian empurrou gentilmente a porta azul-escura.

Estava trancada.

A porta tinha respingos de sangue fresco que não tinham coagulado completamente. Parecia que alguém em pânico havia buscado refúgio aqui, destrancando a porta pouco antes de ser perseguido e feito em pedaços.

No entanto, não foram encontrados vestígios do cadáver.

Lumian parou na porta, ouvindo atentamente. A casa inteira permaneceu assustadoramente silenciosa.

“Fidel agiu rapidamente, eliminando aqueles que sabiam e se mudando para um lugar seguro antes que Burman pudesse me derrubar?”

“Em tal cenário, se a operação de Burman fosse bem-sucedida e ele descobrisse as razões das minhas suspeitas e se houvesse outros com acesso às informações, Fidel poderia usar o pretexto de um ataque noturno do Baronete Black e outros piratas, onde ele quase perdeu a vida. Escapar não teria sido fácil antes de retornar aqui. Alternativamente, poderia desaparecer para sempre, adotando uma nova identidade para embarcar em um novo empreendimento comercial…” Lumian ponderou sobre esse mistério enquanto navegava pela área manchada de sangue na entrada, pretendendo vasculhar a casa em busca de pistas. Seu objetivo era descobrir a relação exata entre Fidel Guerra e o Bruxo Demoníaco Burman.

Deixando a porta entreaberta, ele seguiu em direção à escada, com o cheiro de sangue pairando no ar.

Talvez sentindo sua aproximação, passos pesados ​​ecoaram de repente.

Em meio aos sons rítmicos de passos, uma figura surgiu do porão, entrando na linha de visão de Lumian.

Não era humano, ou melhor, não podia mais ser considerado humano.

Com três a quatro metros de altura, seu corpo era composto por fragmentos de vários cadáveres humanos. Ele possuía uma mistura de curvas femininas e traços masculinos, costurados por fios de linho, com muco manchado de sangue escorrendo das articulações.

Essa “pessoa” apresentava uma cabeça relativamente intacta, com apenas uma semelhança: Fidel Guerra, um mestiço de Intis e Feynapotter.

A cabeça do mercador não se alinhava com o corpo; era como se a cabeça de uma criança tivesse sido colocada no pescoço de um meio-gigante. Olhos castanhos escuros, vagos, mas ainda cheios de medo e confusão, olhavam para fora.

“Morto? Fidel está morto? Ele se transformou em um monstro?” Lumian ponderou. Assim que esse pensamento cruzou sua mente, o cadáver costurado avançou, arrastando três ossos de pernas humanas que pareciam fundidos.

Uma chama branca pálida acendeu-se na colossal “espada de osso”.

Os olhos de Lumian se estreitaram e seu corpo desapareceu abruptamente, reaparecendo instantaneamente atrás do enorme cadáver costurado.

— Há!

Ele abriu a boca e emitiu uma luz amarelo-pálida.

No entanto, a luz atingiu a cabeça de Fidel, mas não conseguiu desorientá-lo, muito menos deixá-lo inconsciente.

Ficou claro que a criatura morta-viva era imune ao Feitiço de Harrumph!

Quase simultaneamente, o cadáver suturado que corria rapidamente girou com força, emitindo um som abafado de sua garganta — uma língua que Lumian não entendia ou uma palavra com efeitos mágicos.

A alma de Lumian tremeu, como se estivesse intimidada pelo mal e pela morte.

Ele congelou momentaneamente.

O cadáver suturado virou-se, avançando com propósito. Ele levantou a colossal “espada de osso”, queimando com chamas branco-pálidas, e cortou a cabeça de Lumian.

Lumian, experiente em tais situações, muitas vezes decorrentes de encontros com entidades de alto nível, considerou a ameaça atual menos severa do que as consequências do olho vertical ilusório do Bruxo Demoníaco.

Bem a tempo, Lumian “acordou”, ativando a marca negra em seu ombro direito.

Em meio ao vento uivante, a colossal “espada de osso”, envolta em chamas branco-claras, atingiu a imagem residual deixada para trás.

Desta vez, Lumian se materializou perto das costas do cadáver costurado, cravando nele a Sinfonia do Ódio recuperada de sua Bolsa do Viajante.

Com um pfft, a flauta de osso preta como breu, aparentemente frágil, mergulhou na carne do cadáver costurado.

Os fios de linho se romperam, e pedaços de carne e sangue se soltaram, revelando um coração vermelho-escuro emitindo chamas branco-claras.

Lumian estendeu a mão esquerda, pressionando-a contra o ferimento quase fatal. A bola de fogo carmesim, quase branca, comprimia camada por camada conforme era empurrada para dentro.

Utilizando a força reativa, Lumian voou abruptamente para trás, desviando da enorme “espada de osso” que o golpeou.

Estrondo!

No ar, ele testemunhou chamas vermelhas, quase brancas, irromperem do cadáver suturado, destruindo o coração pulsante.

Estrondo!

O cadáver suturado se desintegrou, e a carne e o sangue de vários humanos se espalharam pelo chão.

Bang! A cabeça de Fidel caiu em uma pilha de carne e sangue, o vazio dando lugar a uma expressão de dor.

— Quem te transformou nisso? — Lumian perguntou, olhando pela janela, sentindo que a explosão provavelmente chamaria a atenção da polícia que estava patrulhando.

A cabeça de Fidel abriu a boca, as palavras abafadas e cheias de ódio.

— F… foi Burman!

— Burman? — Lumian ficou surpreso. — Vocês estavam brigando?

A cabeça de Fidel latejava de dor enquanto sua voz sumia.

— Eu pensei que você estava me testando. Eu queria observar por mais alguns dias, mas… mas ele não podia esperar. Ele q-queria te matar hoje à noite. Eu não concordei, e ele matou todo mundo na casa…

— E-ele é um verdadeiro lunático!

Nesse momento, a cabeça de Fidel pendeu, seus olhos se fecharam e ele ficou em silêncio.

“O estado mental do Bruxo Demoníaco Burman é bastante problemático…” Lumian pensou.

“É por isso que ele matou toda a casa de seu empregador? Se ele realmente quisesse me matar, ele poderia ter agido sozinho…” Lumian havia considerado anteriormente se Fidel pensaria que ele o estava provocando. Por esse motivo, deliberadamente criou a ilusão de que estava provocando o Baronete Black para acalmar Fidel. Quanto ao efeito, Lumian não se importou muito. Se Fidel não mordesse a isca, ele usaria outro método. “Pescar” não era o único método em seu arsenal.

Inesperadamente, isso desencadeou disputas internas entre Fidel e Burman.

Lumian acreditava que nem ele conseguiria fazer tal coisa quando seus problemas psicológicos estavam no auge. A menos que Fidel o provocasse, como apontar que somente um lunático acreditaria em ressurreição.

Observando os fragmentos do cadáver por um tempo, Lumian não notou nenhum sinal de uma característica de Beyonder surgindo.

“Maldita seja minha sorte. Burman deve ter pegado.” Ele balançou a cabeça e andou em direção ao quarto onde o cofre poderia estar.


Nota:

[1] sequencia 7.

Vol. 5 Cap. 525 Taxa de reparo

Lumian não tinha certeza se deveria atribuir o azar do Bruxo Demoníaco Burman pegar as notas, moedas e ouro do cofre à Sinfonia do Ódio. Afinal, ele não tinha chegado à Rue Coreas n°16 e não tinha utilizado a flauta de osso enegrecida do General Philip. Suas habilidades provavelmente não eram potentes o suficiente para voltar ao passado.

No entanto, Fidel, fazendo jus ao seu título de comerciante proeminente, tinha inúmeras carteiras escondidas em várias roupas. Lumian conduziu uma busca rápida, revelando um total de 30.000 verl d’or.

Isso proporcionou um mínimo de alívio para seu “ferimento psicológico”.

Ao ouvir a chegada de uma carruagem do lado de fora, Lumian saiu do quarto de Fidel e se virou para o quarto adjacente. Ele suspeitou que fossem os policiais de patrulha ali para investigar a explosão recente.

O quarto estava limpo e arrumado, mas ainda havia um cheiro fraco e desconfortável: o fedor de cadáveres em decomposição.

Entrar no quarto era como pisar em uma catacumba, cercado pelas marcas de sua própria espécie e suas mortes, criando uma atmosfera desconfortável.

“Este deveria ser o quarto do Bruxo Demoníaco Burman. A distância permite que ele proteja Fidel no menor tempo possível, heh heh, mas ele acabou matando-o… Esta história nos diz que a condição mais importante para escolher um guarda-costas é a estabilidade mental…” Lumian refletiu enquanto examinava cada canto do quarto.

Naquele momento, os policiais já haviam empurrado a porta da casa, revelando sangue derramado e carne espalhada.

Um deles sacou rapidamente o revólver, enquanto o outro assobiou, produzindo um som agudo.

O olhar de Lumian focou nas marcas enegrecidas no quarto. O sangue, suspeito de ser antigo, emitia uma aura sinistra.

“Burman matou uma criatura especial nesta sala para completar um experimento de ressurreição?” Lumian murmurou para si mesmo.

Ele não presumiu que fosse o sangue do Bruxo Demoníaco Burman porque acreditava que a outra parte não deixaria para trás um item tão crucial tendo tempo suficiente.

Se um Beyonder habilidoso em maldições o obtivesse, Burman estaria em grave perigo, a menos que tivesse uma maneira de cortar a conexão com antecedência.

Em contraste, o sangue e a carne de Burman eram mais prováveis ​​de serem encontrados no quarto principal do Quarto 5 da cabine de primeira classe do Pássaro Voador. O Bruxo Demoníaco sofreu ferimentos graves com a explosão e as chamas.

É claro que a explosão total e a combustão intensa subsequente podem ter tornado os ingredientes para a maldição inativos.

Lumian se agachou e pegou uma garrafa de vidro de sua Bolsa de Viagem. Ele raspou as marcas pretas na parede e as guardou lá dentro.

Após completar sua tarefa, Lumian limpou quaisquer vestígios potenciais — cabelo, pele e outros itens. Ele ativou a marca preta em seu ombro direito e desapareceu da Rue Coreas n° 16 antes que mais policiais e Beyonders oficiais chegassem.

Ao retornar ao Pássaro Voador, ele imediatamente inspecionou o campo de batalha, agora reduzido a ruínas, espalhado com restos carbonizados e despedaçados. Paredes de metal tinham marcas de distorções e pequenas rachaduras, restos do intenso encontro.

Os gases remanescentes do carpete e dos itens em chamas se dissiparam lentamente pela janela aberta.

Depois que Burman acionou a armadilha na saída, a Garrafa de Ficção se dissipou.

Lumian se concentrou em examinar o parapeito da janela, encontrando restos carbonizados.

Ufa… Exalando profundamente, ele saiu do quarto 5 da cabine de primeira classe, descendo para o convés.

Philip, o supervisor de segurança, encostou-se à bordo do navio, observando a vista noturna.

— Onde está sua namorada? — Lumian se aproximou de Philip, apoiando as mãos no bordo do navio.

Philip suspirou e respondeu: — O destino dela é Porto Farim. Aparentemente, ela estava indo para a plantação de um parente para ajudá-lo.

— Algo para comemorar. Isso significa que você terá uma nova namorada — Lumian disse, adotando o tom de um adepto do Dandyismo.

— Por favor, permita-me ficar abatido por mais dois dias — respondeu Philip, sem se opor às palavras de Lumian, mas enfatizando seus sentimentos.

Claro, foi só um pouquinho.

— Você acabou de voltar do porto? Por que não vi você embarcar no navio? — Philip perguntou, seguindo seus instintos profissionais.

— Fiquei no meu quarto o tempo todo. Houve um pequeno acidente na festa agora mesmo que incendiou o quarto principal. Muitas coisas foram queimadas. Peça para alguém consertar imediatamente amanhã — Lumian explicou, buscando a ajuda de Philip para resolver a situação. Apesar da possibilidade de ficar no quarto danificado pelo fogo, Lumian preferiu agir para retificar a situação.

Philip pareceu confuso. — Festa… chamas… O que você fez no quarto? Eu não ouvi nada… —

Lumian sorriu e respondeu: — Um convidado apaixonado fez uma aparição. As ações dele foram um pouco extremas.

— Sério? — Philip perguntou subconscientemente.

— Não, — Lumian admitiu diretamente. — Você quer ouvir o verdadeiro motivo?

Philip ficou em silêncio. Após alguns segundos, ele disse: — Há uma necessidade de compensação por tais danos. Nós cobraremos a taxa de reparo.

— Felizmente, ainda estamos em Porto Farim. Podemos repor vários itens imediatamente. Caso contrário, teria sido bem problemático.

Lumian entregou um maço de notas.

— Essa é a taxa de reparo. Espero que possa ser concluída até amanhã. Se for muito, considere uma gorjeta. Se for muito pouco, peça mais.

Philip pegou o dinheiro, franzindo a testa enquanto pesava o maço de notas.

— O que você fez no quarto?

“Por que ele está dando tanta importância para os reparos?”

“Tá pedindo dinheiro pra ficar calado?”

Lumian sorriu, virou-se e retornou ao quarto 5 da cabine de primeira classe.

Observando-o desaparecer pela entrada da cabine, Philip contou o maço de notas sob o luar carmesim e os postes de gás da rua no porto.

— 2.000 verl d’or? Ele explodiu aquele quarto? — Philip ficou chocado e desconfiado.

Mas eu não ouvi nada…

Naquela noite, Lumian dormiu em uma poltrona reclinável na sala de estar.

Inicialmente planejando invocar o Coelho Chasel de Jenna e escrever uma carta para Franca sobre o Bruxo Demoníaco, buscando sua ajuda com Adivinhação por Espelho Mágico para identificar a fonte do sangue antigo no quarto de Burman. No entanto, ele se lembrou de que Franca ainda poderia estar acordada enquanto Jenna já estava dormindo.

Esperando pacientemente até a manhã, Lumian preparou o ritual usando “Coelho que vagueia pelo infundado, um corredor que busca conhecimento, um mensageiro que pertence somente à Sete de Copas” para invocar a criatura transparente que segura o livro, semelhante a um coelho com pernas poderosas.

O Coelho Chasel de hoje, ao contrário da última vez, usava um par de óculos dourados indistintos.

Entregando a carta e o frasco de vidro contendo o sangue e o pó para o Coelho Chasel, Lumian perguntou curiosamente: — Por que você está usando óculos de repente? Esse é o lado ruim do conhecimento?

Por trás dos óculos de aro dourado, os olhos do Coelho Chasel brilharam intensamente.

— Não, eu aprendi isso em uma novel dada pelo Sete de Copas.

— Que novel ela te deu? — Lumian perguntou, tendo um palpite.

— A última vez que ajudei você a entregar uma carta para ela, ela não tinha nenhum outro livro com ela, então ela só pôde me emprestar um de seus novos livros comprados. — Coelho Chasel ajustou seus óculos de aro dourado na ponta do nariz. — Essa novel se chama ‘O Aventureiro 1: Primeira Demonstração de Força.’”

“Como esperado,” Lumian pensou. “Então, foi por isso que você aprendeu a usar óculos?” Ele não sabia como comentar sobre esse assunto.

Depois que o Coelho Chasel foi embora, Ludwig e Lugano acordaram um após o outro, com o primeiro lançando um olhar para o quarto de Lumian antes de comer seu pré-lanche de café da manhã. Lugano, no entanto, parecia confuso.

— Houve um incêndio ontem à noite?

“Por que eu não percebi?”

Lumian riu.

— Aconteceu enquanto você estava entretido com uma certa moça. Eu rapidamente resolvi.

— É mesmo… — Lugano conteve sua descrença.

Escolhendo explorar as iguarias locais em Porto Farim em vez de aproveitar o café da manhã do navio, Lumian desembarcou.

Pouco depois, Philip, o supervisor de segurança, chegou com um carrinho de restaurante.

Parado na porta do quarto carbonizado, Philip ficou atordoado.

“Você chama isso de um acidente pequeno?”

“Mesmo que tenha sido atingido por canhões, não poderia estar em pior estado, certo?”

“Ele estava planejando destruir o navio inteiro?”

“Uh, tal poder destrutivo na verdade não afetou o exterior da sala. Até mesmo os danos nas paredes estão dentro dos limites reparáveis… Eu também não ouvi nada…”

“O que Louis Berry fez no quarto ontem à noite?”

“Não é de se espantar que ele tenha dado 2.000 verl d’or!”

Naquele instante, o sangue de Philip subiu para seu cérebro.

No mercado ao ar livre na Praça do Sol, em Porto Farim, Lumian saboreou uma tortilha recheada com vários cubos de frutas e tomou um café peculiar com sal enquanto passeava tranquilamente pelas barracas.

De vez em quando, ele se deliciava com uma salsicha assada, saboreando a iguaria oleosa e crepitante.

Ao se aproximar do fim do mercado ao ar livre, ele encontrou Batna Comté.

Os olhos do aventureiro bem vestido brilharam quando ele se aproximou de Lumian e sussurrou: — Algo aconteceu com seu empregador!

Curioso, Lumian perguntou: — O que aconteceu?

Ele queria saber como os Beyonders oficiais haviam divulgado esse assunto.

— É aquele Bruxo Demoníaco. Ele matou a família de Fidel e todos os seus servos! — O alívio de Batna era evidente; ele não estava presente ontem e estava feliz por ter evitado um perigo potencial.

“As evidências parecem apontar para o Bruxo Demoníaco… As autoridades devem ter compartilhado todos os detalhes…” Lumian sorriu para Batna e comentou: — Então, todos na Rue Coreas n°16 foram vítimas do Bruxo Demoníaco?

— Sim — Batna confirmou com um aceno solene.

Lumian olhou para ele e brincou: — Lembra que eu me vendei ontem, esperando que o destino me guiasse para descobrir pistas deixadas pelo Bruxo Demoníaco? Você se lembra onde acabamos?

Batna ficou momentaneamente surpreso antes de murmurar: — Rue Coreas…

De repente, ele olhou para Lumian em choque e medo.

Vol. 5 Cap. 526 Resolução

Aquele era o próximo alvo do Bruxo Demoníaco Burman!

Sem esperar pela resposta de Lumian, o aventureiro murmurou para si mesmo, perplexo: — Você é um Abençoado da sorte?

“Não, um Abençoado da calamidade…” Lumian respondeu interiormente.

Enquanto os pensamentos corriam, Batna de repente formulou uma nova hipótese.

“Poderia ser o próprio Bruxo Demoníaco Burman?”

Ele investigou a cena da explosão, retornou para exibir sua destreza na cena do crime e vendou os olhos para escolher aleatoriamente a próxima vítima!

Tal explicação parecia muito mais plausível do que ser abençoado com sorte!

Lumian olhou para a expressão tensa de Batna e sorriu.

— Não me diga que você acha que eu sou Burman? Há quanto tempo estou em Porto Farim?

“É exatamente isso. Algo aconteceu na noite em que você chegou pela primeira vez em Porto Farim…” Batna não ousou vocalizar.

— Quando o Quartier des Black Pearls explodiu, eu ainda estava rezando na catedral — disse Lumian com diversão, fornecendo um álibi.

Batna refletiu por um momento e relaxou, mas a confusão ainda permanecia em seu rosto.

Lumian suspirou e perguntou: — Ontem, eu não esperava encontrar nada relacionado ao Bruxo Demoníaco enquanto andava vendado. Eu simplesmente achei divertido.

Ele falou a verdade.

No entanto, ele não conseguia afastar a suspeita de que a corrupção causada pelo 0-01 poderia ser mais grave do que ele imaginava.

Claro, ele não podia descartar a possibilidade de que em Trier, em um selo da Quarta Época, tivesse efetivamente suprimido os problemas preexistentes dentro dele.

A desculpa de achar “divertido” mal convenceu Batna. Ele sentiu que Louis Berry era, sem dúvida, uma dessas pessoas.

No entanto, a outra parte esporadicamente armaria armadilhas só por diversão. Qualquer um que o tratasse como um idiota acabaria se tornando um!

— Talvez eu tenha sido realmente abençoado pela sorte ontem — concluiu Lumian.

O raciocínio de Lumian convenceu Batna de que a evasão contínua do Bruxo Demoníaco Burman e seu acesso aos recursos decorriam de sua estreita relação simbiótica com Fidel, um comerciante proeminente. A tragédia subsequente provavelmente resultou da pressão exercida pela investigação oficial dos Beyonders, levando a conflitos internos.

— Que pena… — Batna suspirou. — Se eu tivesse vendido as pistas sobre a conexão próxima do Bruxo Demoníaco com Fidel para as autoridades antes, eu poderia ter conseguido uma recompensa pesada.

Teria sido pelo menos 5.000 verl d’or!

Batna balançou a cabeça.

— Não, sem evidências, as autoridades não vão acreditar. Não posso dizer a eles que tropeçamos em pistas vendados, abençoados pela sorte. Eles simplesmente nos algemariam por sermos fraudadores.

Uma risada escapou dos lábios de Lumian.

— Você não pode inventar alguma evidência para apoiar as pistas?

— Digamos que você viu alguém suspeito na porta dos fundos de Fidel, talvez o Bruxo Demoníaco. Deixe os Beyonders oficiais confirmarem por si mesmos. Eles descobrirão a verdade no devido tempo.

— I-Isso funcionaria? — A boca de Batna ficou ligeiramente aberta.

— Por que não? — Lumian sorriu. — Se você realmente encontrou o Bruxo Demoníaco, diga a eles para não se preocuparem com os detalhes. Apenas pergunte se as pistas são legítimas e se elas ajudaram a capturar o Bruxo Demoníaco. Se eles perderem Burman, é um pequeno golpe, na pior das hipóteses. Poucos dias de trabalho duro para você.

— Beyonders oficiais podem receber dicas de aventureiros sem certeza sólida, certo? Eles perderiam informações genuínas de outra forma.

As palavras de Lumian deixaram Batna em silêncio por um momento antes que ele dissesse abruptamente: — Não me diga que você tem sangue ilhéu?

A decepção parecia ser seu forte.

Lumian respondeu casualmente: — Conheci um ilhéu em Trier, um verdadeiro vigarista com vasta experiência e técnicas.

Com um lampejo de interesse, Lumian levantou a mão esquerda, apertando a órbita do olho esquerdo.

Olhando para Batna, ele perguntou: — Há quanto tempo você se aventura? Por que ainda é tão imaturo?

— Mais de um ano — Batna se defendeu. — É que eu sigo as regras com as autoridades. Sou mais adaptável ao lidar com piratas e outros.

— Aventureiros que dão pistas para autoridades também se envolvem em fraudes, certo? — Lumian sorriu. — Eles enganam quando conveniente.

Ele suspeitava que a adesão estrita de Batna às regras vinha de uma origem bem-educada, uma noção confirmada pelo traje e pela aparência da outra parte.

Observando o silêncio de Batna, Lumian terminou seu café salgado restante e olhou para o animado mercado ao ar livre.

— Tente não ir ao necrotério, cemitério ou outros lugares por enquanto.

Quando Batna estava prestes a perguntar o porquê, ele imediatamente entendeu o verdadeiro significado do conselho.

Sem Fidel para fornecer recursos, o Bruxo Demoníaco pode se sentir compelido a agir!

Não demorou muito para que seu mensageiro, o Penitente Baynfel, emergisse do vazio e lhe entregasse uma carta.

Franca:

“Com base em seu último relato e na minha discussão com 007 ontem à noite, suspeito que o Bruxo Demoníaco Burman foi compelido a trocar de Sequência.”

“Ele era originalmente um Bruxo, mas para reviver sua esposa, ele mudou para o caminho vizinho da Morte. Ele ficou meio louco, se tornando meio humano e meio monstro.”

“Embora isso possa ser explicado como um Bruxo recebendo a bênção de um deus maligno, sua situação não se alinha. Nenhum caso de poderes Beyonder de dois caminhos se fundindo e sofrendo mutação foi documentado. Isso ficou evidente em seu confronto com Burman. O Olho da Ilusão que você mencionou tem o Olho do Espreitador de Mistérios, revelando o lado da realidade, mas também exibe a supressão do Corpo Espiritual do caminho da Morte ou mesmo a escravidão.”

Até onde eu sei, o caminho da Morte ganha uma habilidade Olho da Morte na Sequência 8: Coveiro. Ele se fundiu com o Olho do Espreitador de Mistério, formando aquele distinto Olho da Ilusão?”

Enquanto Lumian lia, de repente se lembrou da aparição do Olho da Ilusão.

Incrustado verticalmente em sua testa, ilusório e borrado, um roxo profundo beirando o preto, com vários padrões branco-claros — inegavelmente uma fusão das habilidades do Olho do Espreitador de Mistérios e do caminho da Morte.

O olhar de Lumian se voltou para baixo enquanto ele continuava lendo.

Pêlo branco como penas, feridas em decomposição, controle sobre várias criaturas mortas-vivas, estados emocionais instáveis ​​e ações extremas — tudo confirmando indiretamente minha hipótese…”

“As origens do sangue antigo são bastante peculiares. Eu conduzi a Adivinhação do Espelho Mágico várias vezes e consultei várias entidades, mas tudo o que consegui foi que ele vem das profundezas do mundo espiritual. Nenhuma informação adicional. Parece que o irreversível meio louco Burman teve algum outro encontro fortuito.”

“Emoções instáveis… Ações extremas… meia-loucura irreversível…” Lumian refletiu sobre as descrições e soltou um suspiro inaudível.

Quão determinado e desesperado Burman deve ter ficado quando decidiu consumir a poção do caminho da Morte?

Os Beyonders clandestinos não sabiam que podiam mudar para caminhos vizinhos em uma Sequência específica. Eles acreditavam que uma vez que um caminho divino fosse escolhido, ele não poderia ser alterado. O consumo forçado de poções de outros caminhos levava à loucura ou à morte.

Além disso, Espreitador de Mistérios e Morte não eram caminhos adjacentes que permitiam a troca.

Burman não teria bebido a poção do caminho da Morte sem uma determinação que beirasse a morte, tudo para reviver sua esposa, mesmo que isso custasse sua sanidade.

Lumian sentiu que poderia ter feito a mesma escolha em tal situação, daí suas emoções conflitantes.

A carta de Franca terminava com garantias: “Não se preocupe com as consequências. O estado mental de Burman logo o fará ressurgir sem o apoio e a contenção de Fidel. Ele pode ter sucesso uma ou duas vezes em reunir materiais para experimentos, mas isso não vai durar. Beyonders oficiais o eliminarão em semanas ou até dias.”

Lumian olhou para Penitente Baynfel, que ainda não tinha partido.

— Ajude-me a entregar minha resposta ao remetente.

Rapidamente, ele escreveu uma frase: “Matarei Burman o mais rápido possível”.

Em pouco tempo, o Penitente Baynfel retornou com a resposta de Franca: “Por quê?”

Lumian escreveu no mesmo pedaço de papel: “Desejo puni-lo por seus crimes…”

Ele parou por um momento antes de continuar: “E acabar com sua dor.”

Dobrando a carta em um quadrado, Lumian a entregou a Baynfel e olhou para o mensageiro.

— Você não acha problemático enviar cartas para lá e para cá?

Não era preocupação, mas perplexidade.

Após entregar a carta, Penitent Baynfel não saiu imediatamente. Em vez disso, ele esperou por uma potencial resposta.

Desta vez, Baynfel não ficou em silêncio. Ele respondeu com uma voz profunda: — Estar ocupado me faz sentir melhor. É melhor ter algo para fazer do que sempre assistir à escuridão.

Lumian ouviu em silêncio, sem responder, observando o Penitente Baynfel se virar e caminhar em direção ao vazio.

Ele sentiu empatia por essas palavras.

Franca não impediu Lumian. Sua resposta foi concisa e contundente: “Tenha cuidado!”

Fuuu… Lumian exalou e caminhou até a janela da sala de estar, lançando seu olhar para Porto Farim banhado pela luz do sol escaldante e o distante vulcão Andatna.

Vol. 5 Cap. 527 Imersão

Sob a luz do sol, Porto Farim parecia tingido de um tom dourado, e o ar parecia carregar a doçura do açúcar de cana.

Lumian permaneceu perto da janela, contemplando o paradeiro do Bruxo Demoníaco.

Durante sua tentativa na noite anterior, Burman entrou em coma profundo, incapaz de direcionar a criatura morta-viva que ele controlava. Portanto, o ser morto-vivo deve ter confiado em seus instintos e rotinas para transportar Burman para um refúgio seguro que ele frequentava.

Normalmente, a residência de Fidel seria sua primeira escolha. No entanto, quando Lumian vasculhou as instalações, não havia vestígios indicando o retorno de Burman.

Sua suposição inicial era que Burman havia empregado as criaturas mortas-vivas para eliminar a família, os atendentes e os servos de Fidel. Reconhecendo a Rue Coreas n°16 como um campo de batalha e inseguro, eles provavelmente buscaram um esconderijo alternativo.

Onde poderia ser isso?

De sua Bolsa do Viajante, Lumian pegou as informações que Franca havia fornecido sobre Burman e o resto dos detalhes coletados de Philip, Batna e os outros. Ele leu tudo de novo, tentando mergulhar na mentalidade do Bruxo Demoníaco, simulando seus pensamentos, ações e motivações.

Burman veio da Província da Névoa, também conhecida como Província do Inverno, situada na parte norte de Intis. Fazendo fronteira com o Império Feysac, a região tinha costumes populares relativamente rústicos, com uma propensão para bebidas fortes.

Sua esposa, Helen, uma nativa de Porto Farim sem herança ilhéu, tinha um avô que trabalhava como comerciante de cana-de-açúcar viajando entre Porto Farim e Porto LeSeur. Infelizmente, ele encontrou piratas, perdendo a maior parte de seus negócios e confiando em uma plantação que havia adquirido anteriormente.

Nascida e criada naquela plantação, Helen testemunhou sua venda devido a conflitos entre a geração de seu pai após a morte de seu avô. Sua família recebeu uma parte do dinheiro e se mudou para Porto Farim. Após a morte de seu pai e sua mãe adoecer, ela se tornou uma aventureira e cruzou o caminho de Burman.

Ambos tiveram encontros fortuitos durante suas aventuras, ganhando superpoderes. Eles até adquiriram propriedades em Porto Farim, planejando um futuro longe da vida aventureira conforme envelheciam.

Vários anos atrás, eles, junto com um grupo de companheiros aventureiros, alugaram um barco para explorar os mares em busca de tesouros. Infelizmente, eles encontraram monstros marinhos, e apenas Burman e outros dois sobreviveram.

Após esse trágico incidente, as tentativas de Burman de reanimar sua esposa tomaram um rumo cada vez mais desesperado.

— Caça ao tesouro no mar? Há realmente tantos tesouros no mar? — Lumian murmurou, convencido de que era altamente provável que Burman ainda estivesse em Porto Farim.

Este lugar guardava suas memórias mais queridas, resquícios dos anos passados ​​com sua esposa, Helen. Ao selecionar um esconderijo, ele instintivamente se inclinava para esta área.

Com isso em mente, Lumian continuou lendo a última parte das informações.

Como previsto, os experimentos perigosos do passado de Burman se desenrolaram perto do Arquipélago do Mar da Névoa, abrangendo outras ilhas e as vilas e cidades ao longo da costa do Continente Norte. Se ele os conectasse em círculos concêntricos irregulares, o centro seria em Porto Farim, na Ilha do Santo Tick.

“Burman usa Porto Farim como base para tentativas de ressurreição em vários lugares…” Lumian ponderou. “Ele nunca causou problemas em Porto Farim antes, então por que a exceção dessa vez? Se eu fosse Burman em seu estado meio louco, trataria Porto Farim como meu lar espiritual, um refúgio de belas memórias. Normalmente, eu não perturbaria a ordem aqui. Eu poderia até mesmo mantê-la secretamente e lidar com alguns piratas e aventureiros audaciosos às escondidas…” Lumian analisou pensativamente.

Ele havia substituído Porto Farim por Cordu. Acreditando que se a morte de sua irmã não tivesse conexão com Cordu e a paz permanecesse, qualquer um que ousasse perturbar a vida diária de Cordu e alterar a situação seria seu inimigo!

Franzindo a testa levemente, ele sentiu que poderia haver detalhes cruciais obscuros sobre a explosão da noite anterior. Poderia haver uma razão pela qual Burman matou Fidel e sua família além de um mero desentendimento. Fidel, tendo colaborado com Burman por anos, deveria saber sobre seu estado mental instável. Como um mercador tão astuto poderia não considerar as potenciais repercussões de suas palavras no Bruxo Demoníaco?

Além disso, Burman pretendia eliminar o aventureiro Louis Berry para esconder sua colaboração com Fidel. Se Fidel já estava morto, por que silenciar Lumian?

Talvez Fidel tenha presumido que conseguiria persuadir Burman a esperar alguns dias antes de agir, apenas para descobrir que Burman já estava em um estado perturbado, movido pelo instinto.

Após cuidadosa consideração, Lumian decidiu retornar a Porto Farim e visitar a antiga residência de Burman e Helen.

Embora Burman a tivesse vendido há muito tempo para financiar seus experimentos de ressurreição e estivesse sob escrutínio de Beyonders oficiais, ainda havia a possibilidade de descobrir pistas cruciais.

E se o louco Burman insistisse em retornar à sua antiga morada?

Instruindo Lugano a ficar de olho em Ludwig, Lumian desceu ao convés e encontrou Philip.

O supervisor de segurança do Pássaro Voador olhou para Lumian com uma expressão mista. Sem mencionar o quarto que parecia ter sido bombardeado por canhões, ele declarou: — Vou distribuir as taxas de reparo restantes para os trabalhadores e atendentes participantes.

A implicação era clara: “Já compensei aqueles que precisam ser silenciados”.

— Você pode ficar com uma parte — Lumian respondeu com um sorriso.

Philip balançou a cabeça e suspirou.

— Não ter mais incidentes como esse no caminho de Porto Farim para Porto Santa seria a melhor recompensa para mim.

— Farei o meu melhor, — Lumian assegurou-lhe sinceramente.

Ele se absteve de fazer promessas, reconhecendo fatores além de seu controle.

Ele também esperava chegar a Porto Santa sem problemas e começar a caça aos principais membros da Reunião da Mentira: Bardo e Ultraman.

Philip olhou para Lumian por alguns segundos, como se estivesse pensando se deveria denunciá-lo com antecedência.

Ele suspirou novamente.

— O bloqueio do porto será suspenso esta noite. O Pássaro Voador zarpará novamente amanhã de manhã. Não perca.

Lumian assentiu e perguntou curiosamente: — O Bruxo Demoníaco foi preso?

— Não, mas está praticamente confirmado que não tem nada a ver com os navios no porto. Nem ele está se escondendo aqui — Philip respondeu despreocupadamente. — Burman até matou a família do proeminente comerciante Fidel ontem à noite. Eles pareciam estar em um relacionamento cooperativo. Talvez Fidel quisesse traí-lo…

Nesse momento, Philip lançou um olhar penetrante para Lumian.

— Ontem à noite, a batalha no seu quarto… poderia estar relacionada a isso?

— Que tipo de conexão você acha que haverá? — Lumian perguntou, divertido.

Philip refletiu por um momento e não conseguiu fazer a conexão.

Observando isso, Lumian acenou com a mão e colocou seu chapéu de palha dourado. Ele desceu a passarela até as docas e deixou o distrito portuário.

Quando Lumian chegou à Praça do Sol, adornada com vários cartazes de procurados, ele foi abordado por um homem ilhéu com pele marrom-escura, olhos fundos e um olhar profundo. O homem lhe entregou um livro dobrado com uma infinidade de palavras e padrões grosseiros impressos nele.

— Viajante, este é o guia de viagem de Port Farim. Ele lista pontos turísticos, iguarias únicas e locais de entretenimento sexual — o ilhéu apresentou com zelo. — Ele tornará sua estadia aqui mais agradável.

Lumian entrou na brincadeira e perguntou: — Quanto?

— É grátis! Eu te dou de graça! — o Islander exclamou em uma voz aguda. — O governo imprime isso para turistas, esperando uma impressão positiva de Porto Farim.

— Incrível. — Lumian aceitou o guia com uma expressão de “agradável surpresa” e o abriu.

O guia detalhou vistas panorâmicas e recomendações de várias lojas — pontos de venda de cana-de-açúcar, locais de entretenimento sexual, restaurantes renomados e muito mais.

De repente, Lumian sacou rapidamente seu revólver e o pressionou contra a testa do ilhéu.

O ilhéu congelou, atordoado. Após alguns segundos, ele gaguejou, — Não, não fiz nada. Eu não estou mentindo!

— Essa pequena situação valeu a pena sacar uma arma?

— Vou chamar a polícia!

Lumian sorriu e perguntou: — Qual é a conexão entre essas lojas recomendadas e você?

— Não… — O ilhéu sentiu o frio da arma e cuidadosamente mudou suas palavras. — E-elas nos pagaram para recomendá-las. Algumas são de propriedade de nossos parceiros.

— Quantas são lojas legítimas? — Lumian pressionou, sem se deixar intimidar.

— 90%. — Assim que o ilhéu terminou de falar, Lumian engatilhou o cão do revólver, enviando uma mensagem clara.

Ele acrescentou apressadamente: — 90% deles estão conectados a nós”.

Lumian riu e continuou com outra pergunta: — E a comida?

— 50%. Apenas as plantações e tribos primitivas estão conectadas a nós. — O ilhéu tremeu de medo.

Lumian sacudiu o guia de viagem e sorriu para o ilhéu.

— Mostre-me os verdadeiros.

O ilhéu rapidamente apontou diferentes partes, preocupado que a arma pudesse falhar.

Só então Lumian guardou seu revólver e levou o guia para o mercado ao ar livre do outro lado da Praça do Sol.

Ele havia contratado o ilhéu em parte para assustar o vigarista e em parte porque uma nova ideia lhe ocorreu.

Para Burman, que residiu em Porto Farim por muitos anos, algumas das iguarias e paisagens daqui também faziam parte de suas memórias queridas?

Durante os contratempos, quando ele matou seu melhor parceiro e enfrentou a derrota na batalha, ele, movido pela loucura e paranoia, procuraria lugares com belas memórias para obter forças e recarregar as energias?

Lumian acreditava que se estivesse no lugar de Burman, teria feito o mesmo.

A razão pode sugerir que ele poderia ser rastreado e descoberto, mas indivíduos meio loucos muitas vezes ignoram a razão.

Portanto, fosse o cenário iluminado pela lua do farol, o pôr do sol atrás do vulcão, a carne de porco moída, o arroz de frutos do mar ou o sorvete de chocolate, tudo poderia atrair o patrocínio secreto do Bruxo Demoníaco.

Em seu estado atual, havia uma grande chance de que ele não apagasse meticulosamente seus rastros.

Ajustando seu chapéu de palha dourado, Lumian seguiu pelo mercado ao ar livre, em direção à montanha do penhasco nos arredores de Farim, onde ficava o farol de Porto Farim.

Vol. 5 Cap. 528 Tesouro Lendário

O bater das ondas azuis ecoava contra a base do penhasco, criando uma cascata de flores brancas em seu rastro.

Ao se aproximar do farol, Lumian refletiu sobre sua suposta história, uma relíquia deixada pelos Intisianos ao chegarem à Ilha do Santo Tick, com o olhar fixo no mar distante.

O luar carmesim da noite, ainda a horas de distância, absteve-se de lançar seu brilho onírico, tornando o cenário tranquilo e sem perturbações de turistas.

Circulando em volta do farol que lembrava a era de Roselle, Lumian observou por quase quinze minutos, procurando inutilmente por qualquer sinal do Bruxo Demoníaco.

Ele não esperava um encontro direto com Burman; ainda não era hora de admirar a lua. Lumian simplesmente tentou discernir se Burman o visitaria para relembrar o passado e sua esposa depois de acordar na noite passada — um momento de consolo para acalmar seu coração e encontrar forças para perseverar.

O guardião do farol, com um cachimbo emitindo o aroma de folhas de tabaco torradas, ofereceu um lembrete amigável: — Garoto, não há muito o que ver aqui durante o dia. É uma história completamente diferente à noite.

Lumian sorriu e perguntou: — As pessoas vêm no meio da noite?

— De fato, — gabou-se o guardião de 50 anos. — Aqueles playboys de Trier adoram trazer seus encontros aqui para aproveitar o luar.

— Alguma pessoa misteriosa, talvez alguém usando um capuz e fingindo ser um Bruxo? — Lumian continuou.

O rosto do guardião do farol revelava uma expressão nostálgica.

— Às vezes. Pensei que fosse uma silhueta fantasmagórica algumas vezes.

— Uma pessoa dessas veio nos visitar ontem à noite? — Lumian perguntou, com uma curva sutil se formando em seus lábios.

Não havia nada de errado com sua especulação a partir de sua imersão!

Talvez suas experiências semelhantes lhe tenham permitido entender melhor o estado mental e os pensamentos paranoicos de Burman.

O guardião respondeu: — Não posso dizer com certeza. Não vi nada.

Lumian não insistiu mais. Ele decidiu retornar nas primeiras horas da manhã, as poucas horas encantadoras sob o luar.

Nas três horas seguintes, ele explorou os restaurantes gourmet verdadeiramente renomados em Porto Farim. Apesar de fazer perguntas semelhantes, Lumian não obteve nenhuma informação valiosa.

Ficou aparente que o Bruxo Demoníaco Burman exercia contenção em circunstâncias normais, evitando ações impulsivas. Ele raramente frequentava lugares lotados e, quando o fazia, seu disfarce era impecável.

Às 4 da tarde, Lumian chegou à modesta estação de locomotivas a vapor de Porto Farim. Ele gastou 3 verl d’or por uma passagem com destino à mina do vulcão Andatna.

Se ele pretendia testemunhar o pôr do sol ali, a jornada tinha que começar agora.

Woosh! Clunk! Clunk! Clunk! A carruagem preta como ferro expelia fumaça espessa enquanto avançava pesadamente pelos ferros da ferrovia.

Gradualmente, ganhou impulso, semelhante a um gigante colossal superando a inércia e mobilizando seus componentes.

Sentado perto da janela, Lumian segurava um chapéu de palha dourado, admirando silenciosamente as plantações que desapareciam.

Pouco antes das 18h, o trem parou em frente à mina vulcânica de Andatna.

Usando seu chapéu de palha, Lumian contornou a entrada da mina, optando por uma trilha próxima que levava ao cume do vulcão.

À medida que a vegetação minguava, tons cinza-escuros prevaleciam. Rochas vermelhas ocasionais pontuavam a paisagem.

Aproximando-se do topo da montanha, a desolação se intensificou. Cascalho preto-acinzentado jazia adormecido no vento silencioso.

Sem o abrigo da folhagem, a visão de Lumian se expandiu. A grandiosidade peculiar deste lugar parecia incorporar a vastidão da desolação e do silêncio.

Seguindo o caminho preto-acinzentado, trilhado pelos turistas, Lumian avançou passo a passo em direção à boca do vulcão, revelando superfícies pretas como carvão com depressões avermelhadas.

A temperatura lá dentro estava notavelmente mais quente.

Ventos desenfreados se agitavam, lançando cascalho preto-acinzentado no ar, fazendo com que formas humanas balançassem.

Neste espetáculo, o sol quase se pondo banhava o ambiente desolado com um brilho vermelho-dourado, intensificando a vermelhidão afundada.

Apertando seu chapéu de palha, Lumian aventurou-se por duzentos a trezentos metros ao longo da cratera do vulcão.

De repente, o vento do topo da montanha diminuiu, e o cascalho suspenso se acomodou em um silêncio assustador.

Lumian imediatamente avistou uma pessoa parada silenciosamente na parede diagonal cinza-escura do lado de fora da cratera do vulcão, banhada pelos últimos raios de sol radiantes.

Envolto em vestes negras e um capuz profundo, a pessoa observava atentamente a descida gradual do sol vermelho-dourado.

A expressão de Lumian permaneceu inalterada enquanto ele avançava passo a passo, evitando iniciar um ataque.

Ao sentir a aproximação de Lumian, a pessoa encapuzada se virou, revelando um rosto branco-pálido marcado por feridas em decomposição e uma grande faixa de pelo.

Era ninguém menos que o Bruxo Demoníaco Burman!

Talvez influenciado pelo cenário sereno e pelas memórias assustadoras, Burman, conhecido por sua loucura, falou cansado: — Você realmente encontrou este lugar.

Lumian, que estava protegendo seu chapéu de palha dourada contra o vento forte, riu autodepreciativamente e respondeu:

— Se não fosse por minhas ilusões e esperanças, e se eu não tivesse inúmeros inimigos esperando minha descoberta, eu frequentemente retornaria a Cordu e ao pasto mais próximo nas altas montanhas. A grama lá é vividamente verde, vasta e expansiva, com flores amarelo-claras em plena floração. Incontáveis ​​ovelhas vagam por lá. O céu reflete o brilho das pedras preciosas, e as ocasionais nuvens brancas que flutuam lembram ovelhas pastando no chão. À noite, as estrelas emergem, densamente compactadas como cascalho de diamante no fundo de um rio límpido…

De pé em meio à luz do sol escaldante e ao vasto e silencioso ambiente cinza-escuro, Lumian não pôde deixar de relembrar a Vila Cordu e o pasto alpino.

Burman não interrompeu. Depois que Lumian terminou de falar, ele tinha uma expressão atordoada e proferiu com um sorriso mais dolorido do que alegre,

— Helen e eu pensamos que poderíamos vir aqui para assistir ao pôr do sol quando quiséssemos, já que é só alguns minutos de distância. Mas ela nunca mais veio…

“E você nem precisa pegar a locomotiva a vapor…” Lumian suspirou lentamente e disse: — O que aconteceu naquela época?

O rosto de Burman se contorceu, a agonia era evidente em sua expressão.

— Fomos enganados. Algo estava errado com o mapa do tesouro. Encontramos monstros marinhos de verdade!

— Malditos sejam os ilhéus. Helen sempre acreditou que eles recorriam à fraude e à violência por necessidade. Todas as posições respeitáveis ​​eram ocupadas por puros Intisianos, mas nós os tratávamos bem e depositávamos nossa confiança neles. No entanto, eles conspiraram com outros para nos trair por dinheiro!

— Eu vou matá-los, aqueles enganadores e todos os ilhéus!

Lumian riu e comentou: — Alguns dos autoproclamados nobres Triernenses são vigaristas, enquanto outros vendem seus corpos. Não generalizo contra os ilhéus, mas permaneço cauteloso com indivíduos específicos.

De repente, Lumian se sentiu inspirado.

— O ilhéu que te traiu era do caminho do Saqueador?

— Sim. — O rosto de Burman se contraiu com raiva desenfreada.

“Era um Vigarista1 atuando?” Lumian perguntou cautelosamente, — Ele tinha uma tendência a usar monóculos ou beliscar a órbita do olho?

Ele apontou para o olho direito.

— Não. — Burman pareceu perplexo com a pergunta de Lumian.

Lumian deu um suspiro de alívio.

— Qual é o nome dele? Você conseguiu matá-lo?

O rosto pálido de Burman de repente ficou vermelho e um líquido em decomposição pingou.

— O nome dele é Mark Benito! Depois daquele incidente, ele desapareceu. Eu nunca o encontrei!

Lumian optou por não provocar Burman mais e perguntou: — Qual tesouro você estava procurando naquela época?

— Nas profundezas do Mar da Névoa, há uma ilha. Os habitantes de lá não envelhecem ou morrem de verdade — Burman relembrou os rumores de tesouros que ele havia reunido. — Há motivos para acreditar que algo incrivelmente precioso está escondido naquela ilha. Não queríamos nos tornar inimigos dos ilhéus. Nossa única esperança era nos infiltrar na ilha e roubar alguma poção de eternidade.

Suas palavras eram um tanto desorganizadas, pulando detalhes.

— Ela tem uma semelhança impressionante com a lenda da Fonte da Imortalidade —  Lumian comentou após ponderar. — A série O Aventureiro já deu a entender que a Fonte da Imortalidade é uma falsidade.

Ignorando-o, Burman continuou: — Encontramos algumas evidências e obtivemos um mapa do tesouro para a ilha. Para nossa surpresa, o mapa era uma falsificação!

— Os monstros marinhos destruíram nosso navio. Para me permitir utilizar aquela bruxaria especial, Helen ficou na minha frente… Eu a testemunhei sendo dilacerada em duas pelos monstros marinhos. Eu vi desespero em seus olhos…

Burman ofegava pesadamente, incapaz de continuar.

— E então, você mudou para o caminho da Morte? — Lumian mudou de assunto.

Os olhos cor de linho gelado de Burman brilharam.

— Sim. Somente a Morte, que controla o domínio da Morte, pode trazer Helen de volta!

— Na lenda do tesouro, muitos detalhes sugerem que somente a Morte pode alcançar a vida eterna. Entender os mistérios da morte é a chave para a verdadeira ressurreição! Não é que os ilhéus não vão morrer; eles podem ser revividos!

— Você realmente acredita naquele tesouro? — Lumian já tinha uma resposta em mente após fazer a pergunta.

O parcialmente louco Burman agarrou-se a qualquer tábua de salvação, confiando em todos os rumores que prometiam trazer Helen de volta à vida.

— Sim. — Burman assentiu e falou com uma voz profunda, — Isso é porque eu conheci pessoas daquela ilha há algum tempo. Realmente existe uma ilha assim. Existem ilhéus de verdade que não envelhecem ou morrem de verdade!

— Sério? — Lumian deixou escapar.

Os olhos de Burman queimaram com fanatismo enquanto ele declarava: — Eu queria capturá-lo, mas ele me derrotou. Em vez de me matar, ele simpatizou com minha situação e transmitiu algum conhecimento sobre o domínio da Morte. Há uma maneira de trazer Helen de volta à vida!

— Aquele vigarista maldito. O assistente de Fidel não passa de um vigarista. Eu não pretendia apressar o ritual de ressurreição. Eu não estava totalmente preparado, mas como ele é um vigarista, eu o matarei! Todos os ilhéus são vigaristas! Todos eles merecem morrer!

“Ele é mesmo daquela ilha? Ou poderia ser outro vigarista?” Lumian percebeu que o incidente com o vigarista, Roddy, havia irritado Burman.

“Havia também a influência daquele ilhéu…” Lumian estreitou os olhos e perguntou: — Qual é o nome do ilhéu e como ele se parece?

Burman de repente ficou cauteloso, examinando Lumian.

— O que te traz aqui?

Observando a reação de Burman, Lumian suspirou e, com compostura anormal, disse: — Estou aqui para matar você.

Burman ficou surpreso antes de cair na gargalhada.

— Para quê? Uma recompensa?

Descartando o chapéu de palha dourado em sua mão, Lumian abaixou seu corpo ligeiramente e respondeu com uma voz profunda: — Punir seus pecados e pôr fim ao seu sofrimento.

Burman parou de rir e levantou as mãos com uma expressão fria.

— Então, vamos lá.


Nota:

[1] sequência 8.

Vol. 5 Cap. 529 Irracional

Seu corpo começou a desaparecer, ficando mais transparente, como se ele tivesse se transformado em um ser do mundo espiritual — difícil para pessoas comuns perceberem.

Num piscar de olhos, o Bruxo Demoníaco desapareceu.

Lumian não fez nenhum movimento para intervir ou desviar de ataques em potencial. Calmamente, ele recuperou as luvas de boxe Atormentadoras adornadas com espinhos pretos como ferro de sua Bolsa do Viajante e as vestiu.

Completando essa preparação, ele de repente se ajoelhou, pressionando as mãos no chão.

Chamas vermelhas irromperam em todas as direções do corpo de Lumian, acompanhadas por uma série de explosões.

Em meio ao estrondo, chamas surgiram, dominando a natureza selvagem cinza-escura. A figura de Burman, vestida de preto, materializou-se no ar.

Ele flutuou lentamente em direção a Lumian, diminuindo a distância entre eles.

A figura de Lumian desapareceu abruptamente, reaparecendo atrás de Burman.

Travessia do Mundo Espiritual!

Sem hesitar, Lumian, segurando uma bola de fogo carmesim na mão esquerda, bufou.

Dois raios de luz branca saíram de seu nariz, mirando Burman.

Flutuando no ar, Burman não perdeu a consciência como antes. Seu corpo balançou, virando-se com força para observar Lumian descendo no mar de chamas no chão.

Um olho vertical ilusório, roxo escuro e quase preto, materializou-se entre as sobrancelhas de Burman, refletindo a figura de Lumian em meio a padrões branco-claros.

Quase simultaneamente, uma sombra negra e esguia emergiu de dentro do corpo de Burman. Perto dali, braços feitos de ossos ou carne podre e pus se estendiam do vazio, circundando a forma transparente e fina de Burman.

Ele não usou bruxaria para se aproximar silenciosamente de Lumian e atacar. Em vez disso, ele trocou clandestinamente seu espírito com o morto-vivo sob seu comando, armando uma armadilha para atrair o inimigo a usar aquele feitiço peculiar para atacar seu corpo.

Nesse cenário, a ausência do Corpo Espiritual significava imunidade a habilidades que tinham como alvo o Corpo Espiritual!

Burman poderia então aproveitar a oportunidade para usar o Olho da Ilusão para intimidar o inimigo e criar uma abertura para os mortos-vivos controlados.

Desta vez, ele se absteve de se aprofundar no segredo do Corpo Espiritual do outro. Seu objetivo era descobrir suas vulnerabilidades, atacar com um golpe letal e absorver o conhecimento místico correspondente!

Tendo sofrido muito com o Feitiço de Harrumph na noite anterior, ele usou essa habilidade desde o início.

Simultaneamente, Lumian experimentou mais uma vez a sensação de seu espírito sendo intimidado e suprimido, como se congelado. Braços aterrorizantes cobertos de verrugas purulentas ou com olhos estendidos do vazio alcançaram seu corpo.

Estrondo!

A força da explosão foi em grande parte atenuada pelas luvas de boxe Atormentadoras, mas como elas não cobriam totalmente a mão, a parte exposta da palma esquerda de Lumian ficou uma bagunça sangrenta.

Uma dor intensa e familiar percorreu seu cérebro e seu Corpo Espiritual, trazendo-o de volta à consciência.

Aproveitando esse momento de clareza, Lumian ativou a marca negra em seu ombro direito novamente, desaparecendo acima do mar de chamas e dos estranhos braços mortos-vivos que se estendiam do vazio.

Da mesma forma, permaneceu vigilante contra o Olho da Ilusão de Burman.

A bola de fogo carmesim, quase branca, em sua mão esquerda era estruturalmente instável. Ele teve que desviar sua atenção para mantê-la, e não conseguiu sustentá-la quando afetado pelo Olho da Ilusão, levando à sua desintegração natural e a uma auto-detonação.

Se isso não conseguisse interromper a intimidação do Olho da Ilusão, o mar de chamas abaixo servia como a segunda preparação de Lumian. A aura residual do Imperador do Sangue em sua mão direita era seu último recurso.

Após desaparecer, Lumian reapareceu atrás de Burman mais uma vez.

Preparado, Burman levantou as mãos e espalhou um pó parecido com o de uma árvore.

Estalos se seguiram quando um raio branco-prateado atingiu a cabeça de Lumian, como se um governante da tempestade tivesse liberado uma retribuição divina do céu.

Para a maioria dos Beyonders, isso seria o suficiente para paralisar e fazê-los tremer incessantemente. No entanto, Lumian não demonstrou tais sinais. Em vez disso, ele apareceu como um reflexo na água, despedaçado pelo raio.

O verdadeiro Lumian estava agachado. Burman havia atingido o fantasma criado usando o Rosto de Niese!

O Rosto de Niese era essencialmente uma ilusão, mas não podia ser lançado em outros ou itens. Lumian teve que confiar em si mesmo, fingindo ser uma árvore de raízes com galhos e flores acima, formando uma ilusão derivada.

Não havia nenhuma diferença fundamental entre isso e usar o Rosto de Niese para ficar mais alto e volumoso.

Em meio aos relâmpagos crepitantes, duas bolas de fogo vermelhas se materializaram sob os pés de Lumian e atrás dele.

Estrondo!

A bola de fogo explodiu, impulsionando Lumian em direção ao voador Burman.

Burman, por estar muito próximo, não conseguiu desviar do rápido Lumian a tempo. Ele só conseguiu virar o corpo levemente quando uma lança de osso brotou de seu ombro, sua ponta anormalmente afiada.

Um sorriso se espalhou pelo rosto de Lumian. Ele não se esquivou, permitindo que a lança de osso perfurasse seu peito direito.

Com um baque retumbante, ele balançou o punho esquerdo, dando um golpe poderoso na lateral do rosto de Burman. A cabeça do Bruxo Demoníaco se torceu, revelando buracos profundos manchados de sangue e cheios de pus em seu rosto. Seus olhos ardiam de raiva, como se ele estivesse testemunhando o assassino de sua esposa!

A marca preta no ombro direito de Lumian emitiu uma luz fraca mais uma vez.

Sua figura desapareceu ao lado de Burman, dissolvendo-se nas sombras negras e esguias e em outras criaturas mortas-vivas que o cercavam, deixando para trás a lança de osso manchada com seu sangue.

O ferimento em seu peito direito era grotesco, sangue pingava dele. Em sua mão apareceu uma flauta de osso vermelho-escuro com uns buracos.

Sinfonia do Ódio!

Lumian levou a flauta de osso aos lábios. Enquanto recuava, tocou uma melodia triste e assombrosa.

Mais uma vez invocando o Olho da Ilusão, Burman, que estava prestes a alcançá-lo, ficou congelado de espanto. Até os mortos-vivos cessaram seus movimentos.

De repente, sangue e pus escorreram dos olhos, nariz, boca e ouvidos de Burman, como se uma explosão abafada e invisível tivesse ocorrido dentro dele.

Sua raiva, paranoia e sede de vingança foram alimentadas pela Sinfonia do Ódio.

Isso foi um duro golpe para ele.

Lumian se absteve de tocar a Sinfonia do Ódio desde o início porque Burman diferia dos outros Beyonders. Outros precisavam identificar o problema, mas com Burman, havia muitas incertezas.

Seu estado mental era extremamente instável, sobrecarregado por graves problemas psicológicos. Seu desejo avassalador de reviver sua esposa e buscar vingança contra o vigarista ilhéu era palpável. Seu corpo havia sofrido modificações do domínio da Morte, e Lumian havia infligido ferimentos significativos nele na noite anterior. Havia perigos ocultos substanciais…

Diante de tal adversário, o próprio Lumian estava incerto sobre o resultado se ele liberasse a Sinfonia do Ódio através da flauta. Poderia ser administrável se apenas desencadeasse desejos e emoções, mas se o estado mental de Burman perdesse até mesmo as restrições mais básicas, o Bruxo Demoníaco poderia potencialmente perder o controle no local, transformando-se em uma entidade monstruosa com habilidades mistas.

Um monstro desses provavelmente seria ainda mais desafiador de lidar do que Burman!

Portanto, depois que o Feitiço de Harrumph falhou, Lumian prontamente mudou para usar as luvas de boxe Atormentadoras para acender os desejos e emoções correspondentes de Burman. Essa abordagem estratégica aumentou a probabilidade de que quando Lumian eventualmente usasse a Sinfonia do Ódio, ela exploraria as emoções e desejos do alvo, infligindo danos severos.

Observando Burman descer no mar de chamas em meio à erupção de emoções e desejos, Lumian executou outra Travessia do Mundo Espiritual, aparecendo na frente dele em um instante.

Bang! Bang! Bang!

Ele estendeu os braços, desencadeando uma série implacável de ataques contra o corpo de Burman.

Na superfície de seus punhos, uma bola de fogo carmesim, quase branca, era comprimida camada por camada.

Bam! Bam! Bam! As Atormentadoras rasgaram a carne de Burman como uma píton de duas cabeças.

Estrondo!

Bolas de fogo carmesim irromperam ao redor de Lumian, sem nenhuma preocupação com desperdício. Elas formaram uma barreira, impedindo que a figura esguia, braços estranhos e outros mortos-vivos interferissem.

Um soco, dois socos, três socos. Os olhos de Lumian estavam fixos no mutilado Burman.

Naquele momento, ele refletiu sobre a aldeia destruída por Burman e as vidas inocentes perdidas por causa dele.

Quantas eram esposas amadas, maridos esperançosos, pais dependentes e filhos queridos?

Cordu foi aniquilada devido às ambições dos deuses malignos. E os inocentes?

Os olhos de Lumian gradualmente ficaram vermelhos enquanto ele cerrava os punhos.

Dessa vez, não simpatizou com Burman. Em vez disso, teve empatia pela vila destruída e nas vidas que perdidas.

Cordu não era assim também?

“A culpa é das ambições desses deuses malignos!”

Em apenas alguns segundos, Burman saiu da dor e emitiu uma voz maligna, fria e incompreensível.

O som pareceu arrancar a carne de Lumian, expondo seu Corpo Espiritual à perigosa luz do sol e ao cascalho preto-acinzentado.

Os movimentos de Lumian diminuíram, e os braços grotescos finalmente chegaram, arrastando Burman para longe da área.

Fuuu… Lumian exalou e se recuperou.

Ele não perseguiu. Em vez disso, olhou silenciosamente para o vazio à frente, levantou a mão direita e estalou os dedos.

Estrondo!

Em meio à erupção repentina de chamas intensas, o corpo de Burman se materializou, despedaçando-se devido a uma explosão.

Infusão de fogo!

Infusão de Fogo do Caçador!

Na verdade, Lumian não agiu racionalmente. Sua estratégia ideal teria sido aproveitar o momento em que as emoções e desejos de Burman foram acesos e atacar seus pontos vitais com a Sinfonia do Ódio, dando um golpe decisivo. No entanto, ele ansiava por repetidamente esmurrar a versão “oculta” de si mesmo que o aterrorizava!

Com um baque, a cabeça de Burman caiu no chão.

Em seu torpor, ele avistou uma figura esbelta com cabelos pretos, olhos azuis e um rosto delicado.

Era sua esposa, Helen.

“V-você voltou?” Burman não conseguiu evitar sorrir e estender o braço.

Ele não tinha mais um braço.

Gradualmente, perdeu a consciência. A escuridão envolveu sua visão, como se a luz do sol estivesse escondida lá no fundo.

Bruxo Demoníaco Burman — morto.

Vol. 5 Cap. 530 Início

Colocando o brinco de prata Mentira e pegando um curativo branco, Lumian o envolveu ao redor da ferida queimada em seu peito direito e em sua mão esquerda ensanguentada.

Chamas vermelhas surgiram ao redor dele, engolfando seu sangue pingando e respingando em sua carne.

Durante todo esse processo, Lumian reuniu os fragmentos do cadáver próximos e os empilhou ao lado da cabeça.

Ele estava calculando o tempo. Se a característica de Beyonder de Burman ainda não tivesse se materializado, ele teria que mover a pilha de cadáveres para a floresta ao lado do vulcão Andatna.

Isso acontecia porque as luvas de boxe Atormentadoras atraíam a atenção de certas entidades ocultas, permitindo que elas comandassem criaturas perigosas para atacar.

No passado, Lumian teria que deixar a cena assim que terminasse de usar as luvas de boxe Atormentadoras, mas a batalha durou pouco tempo. As luvas de boxe já estavam guardadas em sua Bolsa do Viajante, permitindo que ele esperasse um pouco mais.

Lumian observou vários pontos de luz coloridos — roxo claro, branco-claro e preto-piche — emergindo da cabeça de Burman e da pilha de cadáveres espalhados. Entre os itens no chão e roupas rasgadas, Lumian encontrou uma variedade diversa de objetos.

Havia um cérebro em miniatura, tingido de sangue e parecido com latão, um telescópio retrátil preto como breu, pomada e pó em recipientes de metal, um cetro curto de osso, um distintivo peculiar circundando o sol com ossos, um caderno de capa mole em uma caixa de ferro, um anel de ouro de aparência comum e moedas de ouro e prata espalhadas…

Os certificados de depósito e o dinheiro em papel provavelmente foram destruídos pela explosão e pelo incêndio.

Lumian guardou cuidadosamente cada item, sentindo que três possuíam superpoderes. O simples contato com eles desencadeou várias reações adversas.

“Felizmente, eu não tinha intenção de prolongar a batalha com Burman desde o começo… Ele usar esses itens místicos mais tarde teria sido problemático… Para lidar com um inimigo tão meio Tolo e engenhoso, eu devo terminar a batalha rapidamente e negar a ele uma chance de se recuperar… Alguns itens provavelmente foram coletados por ele, enquanto outros podem ter sido tirados de Fidel…” Lumian concluiu, finalmente pegando a caixa de ferro amassada e rachada.

Dentro do caderno de capa mole havia um mapa do tesouro manchado de sangue. Com uma rápida olhada, Lumian suspeitou que fosse um mapa marítimo que levava a uma ilha em uma área marítima específica. Ele continha registros de padrões climáticos e marcações de rotas marítimas seguras.

“Poderia ser este o mapa do tesouro falso vendido a Burman por Mark Benito?” Lumian refletiu. Virando para a primeira página do caderno escuro de capa mole, ele encontrou palavras rabiscadas:

“Minha mente não é confiável o tempo todo. Tenho tendência a esquecer muitas coisas. Devo registrar todo o conhecimento relevante e evitar que ele seja esquecido.”

Lumian se conteve de se aprofundar mais. Cuidadosamente guardou o mapa do tesouro falso e o caderno de capa mole.

Lumian notou um anel de ouro de aparência comum adornando o dedo anelar esquerdo de Burman na pilha de cadáveres.

Tinha uma semelhança impressionante com o anel de ouro encontrado na pilha de espólios. Diferiam em tamanho, textura e qualidade.

Lumian compreendeu a situação imediatamente.

Ele removeu o anel de ouro do dedo de Burman e amarrou-o a outro anel de ouro com um pedaço de arame que tinha em mãos.

Naquele momento, as características de Beyonder de Burman se materializaram completamente, fundindo-se com partes de seu cadáver, resultando em dois itens distintos.

Lumian guardou cuidadosamente as duas características de Beyonder, segurando a cabeça de Burman antes de desaparecer do local.

Silenciosamente, as partes restantes do corpo de Burman se inflamaram, envolvendo o vulcão preto-acinzentado em chamas vermelhas.

A mais de 200 metros de distância, Lumian recuperou o chapéu de palha dourado que havia sido levado pelo forte vento.

Assim que o prendeu na cabeça, desapareceu rapidamente.

Desta vez, ele apareceu na estrada, do lado de fora da locomotiva a vapor do vulcão Andatna.

Lumian olhou para a cratera do vulcão preto-acinzentado, testemunhando o pôr do sol vermelho-dourado, parecendo lava fluindo, recuando mais rápido do que o esperado.

O topo da montanha escureceu rapidamente.

Na catedral do Tolo em Porto Farim, não muito longe do Quartier des Black Pearls, Lumian, ajustando seu chapéu de palha dourado, aproximou-se do imponente bispo meio gigante vestido com uma meia cartola e um sobretudo preto. Em uma voz profunda, ele disse:

— Eu quero me arrepender.

O bispo meio gigante, com olhos azuis claros e uma estatura imponente que ultrapassava 2,5 metros, observou Lumian por um momento antes de concordar. — Siga-me.

Ele levou Lumian para um confessionário especializado — uma câmara sem janelas e totalmente escura.

— Não desejo me arrepender no escuro — disse Lumian calmamente, tirando seu chapéu de palha dourado.

O bispo meio-gigante acendeu as velas, fechando a porta.

Lumian jogou uma cabeça com pelo branco-claro e órbitas oculares vazias aos pés do bispo meio-gigante.

— Você cometeu assassinato? — o bispo meio-gigante perguntou em tom suave, dando uma rápida olhada na cabeça.

— Não, eu só quero ajudá-lo a se arrepender. — Lumian gesticulou em direção à cabeça ensanguentada, escorrendo pus amarelo. — Ele é o Bruxo Demoníaco Burman.

— Burman? — Só então o bispo meio-gigante examinou atentamente a cabeça, reconhecendo características distintas.

Ele ficou em silêncio por alguns momentos antes de dizer: — Você quer que a Igreja o ajude a reivindicar a recompensa do governo Intis?

— Como mencionei, estou aqui para me arrepender por ele. Sua recompensa é parte de sua penitência. — A voz de Lumian permaneceu inalterada.

O bispo meio gigante lutou para compreender.

Lumian recuperou a maioria dos itens adquiridos de Burman de sua Bolsa do Viajante, deixando para trás o caderno escuro de capa mole e o mapa do tesouro falso.

Esses itens, alguns dotados de superpoderes, alguns valiosos, caíram no chão.

O bispo meio gigante, usando cartola e sobretudo, ficou em silêncio por alguns segundos.

— A recompensa do Bruxo Demoníaco é de 600.000 verl d’or. Esses itens também têm um valor considerável. Juntos, eles podem render quase 1 milhão de verl d’or. É uma quantia substancial para qualquer um. O suficiente para garantir que você não tenha que correr mais riscos. Você tem certeza sobre doá-los para nós e estabelecer um fundo de caridade?

Lumian não respondeu diretamente à pergunta do bispo meio-gigante. Em vez disso, ele reiterou: — Esta é a penitência de Burman.

— Certo, já que você confia em nossa Igreja, nós cumpriremos seus desejos, — o bispo meio-gigante, chamado Theis, disse. — Lembre-se do meu nome e sinta-se à vontade para monitorar o progresso do fundo de caridade de perto.

Lumian olhou para o Emblema Sagrado do Tolo no confessionário, pressionou a mão contra o peito e fez uma leve reverência.

— Louvado seja o Tolo!

Ele então fechou os olhos e orou: “Grande Senhor, eu imploro que você puna o mundo por seus pecados e cuide de nossa compensação. Isso não é perdão; é autopunição…”

Lumian se arrependeu sinceramente por um tempo antes de se endireitar. Ele abriu os olhos e se virou para sair.

— Qual será o nome do fundo de caridade? — o bispo meio-gigante perguntou apressadamente.

Lumian respirou fundo e respondeu: — Helen, o Fundo de Caridade Helen.

— Precisamos informar as autoridades sobre quem matou Burman? — perguntou cautelosamente o bispo meio-gigante.

— Não há necessidade, mas não há exigência de deliberadamente obscurecer as pistas para mim. — Lumian não olhou para trás. Ele colocou seu chapéu de palha dourado e saiu da catedral do Tolo.

Naquela noite, Lumian entrou novamente no bar ao lado da Praça do Sol, conhecido como Pelicano.

Batna Comté, como sempre, estava sentado no balcão do bar, bebendo vinho açucarado Golden Somme. Ao lado dele, havia uma garota vestida de aventureira com feições faciais adoráveis.

Lumian se aproximou e se juntou a Batna e aos outros clientes. Ele sorriu e estalou os dedos para o barman.

— Uma taça de Golden Somme.

Batna olhou para ele e comentou: — Alguém está de bom humor.

— De fato. — Lumian recebeu o xarope dourado do barman e deu uma batidinha na mesa com o fundo do copo. Então, ele se levantou e levantou o copo. — Pessoal, eu encontrei duas coisas que valem a pena comemorar hoje.

Ele falou com entusiasmo e alegria: — A primeira é que concluí uma encomenda que vale mais de 100.000 verl d’or!

— Impossível… — Batna e a aventureira ao lado dele exclamaram em uníssono.

Essa recompensa era ainda maior que a recompensa do Baronete Black. Como isso poderia ser feito em um dia?

Além disso, Batna sabia que o empregador de Louis Berry, Fidel, já havia falecido. Como ele poderia ter recebido uma nova comissão?

Lumian continuou em um tom apaixonado: — Para comemorar isso, vou presentear todos no balcão do bar com uma taça de Golden Somme!

Quase dez aventureiros e patronos expressaram admiração. Um deles provocou: — Independentemente da verdade, eu acredito em você!

Os outros concordaram.

O sorriso de Lumian se alargou.

— A segunda coisa para ficar feliz: eu inventei uma história para enganar um grupo de idiotas!

De repente, as expressões de todos no balcão do bar congelaram.

Lumian olhou para eles e continuou: — Mas é verdade que as bebidas são por conta da casa!

Os aventureiros e clientes vaiaram, dizendo que se pudessem beber de graça, não se importariam em ser idiotas.

Assim, Lumian passou 96 licks, ou 4,8 verl d’or, oferecendo às doze pessoas no balcão do bar uma taça de Golden Somme.

Observando Louis Berry, Batna murmurou silenciosamente: “Ele está genuinamente feliz…”

Tarde da noite, a bordo do Pássaro Voador, quarto 5, cabine de primeira classe.

Lumian retornou ao quarto principal quase inabitável, acendeu o lampião de querosene e pegou o caderno escuro de capa mole e o mapa do tesouro falso que ele havia obtido do Bruxo Demoníaco Burman de sua Bolsa do Viajante.

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