Vol. 5 Cap. 531 Profundezas da Morte

Banhado pelo brilho amarelado da lamparina de querosene, Lumian examinou o caderno de Burman. As páginas registravam as reflexões erráticas de uma mente oscilando à beira da instabilidade.

“Quando a vida passa, os espíritos viajam para o mundo espiritual, exceto em casos raros!”

“Se eu puder elaborar o canto de invocação correto, o poder de um Guia Espiritual poderá trazer o espírito de Helen de volta à nossa realidade.”

“Esse é o primeiro passo para trazê-la de volta.”

Ao ver isso, Lumian balançou a cabeça indiscernivelmente.

“Se ao menos a ressurreição fosse tão simples…”

Ele virou a página.

“Novo conhecimento místico adquirido:”

“Em tempos antigos, seres inteligentes se aventuravam no Submundo após a morte. Aqueles profundamente devotos ou excepcionalmente impactantes podiam ascender ao Céu da divindade correspondente. No entanto, durante a Quinta Época, um excedente de mortos-vivos permaneceu além do Submundo.”

“Não tenho certeza se o espírito de Helen entrou no Submundo ou retornou somente ao reino espiritual. Ao invocar, devo lidar com eles separadamente; misturá-los garantiria o fracasso.”

“Apesar do poder formidável dos monstros marinhos, eles não têm o poder de confinar uma alma. Nenhuma ocorrência semelhante se manifesta naquela região marítima. Por enquanto, circunstâncias especiais não precisam ser consideradas. Além disso, Helen não era uma seguidora fervorosa do Eterno Sol Ardente.”

“Encontrei Helen novamente.”

“Mas ela perdeu completamente a memória de mim.”

“Sua forma e essência estão gradualmente desaparecendo. Em poucos anos, ela se transformará em apenas mais um morto-vivo.”

“Não tenho mais do que cinco anos.”

“Como posso despertar a consciência dela e recuperar suas memórias? Simplesmente fornecer um recipiente capaz de abrigar um espírito que partiu não parece suficiente.”

“Não se esqueça das ondas iluminadas pela lua no farol da cidade. Elas testemunharam minha proposta e a aceitação de Helen.”

“Não se esqueça do arroz de frutos do mar Gasparo; é o favorito de Helen. Depois de cada aventura, quando voltávamos para Porto Farim, ela sempre sugeria que nos deliciássemos com ele.”

“Não se esqueça do pôr do sol no vulcão Andatna. Foi lá que nos conhecemos e prometemos revisitar com frequência no futuro. Mesmo quando envelhecemos, não podemos deixar esse romance acabar…”

“Não se esqueça… Não se esqueça… Não se esqueça…”

Minha cabeça dói.”

“Eu arrasei uma cidade, causando a morte de duzentas a trezentas pessoas.”

“A visão daqueles casais, pais e crianças morrendo não me trouxe alegria.”

“Em vez disso, meu coração mergulhou na escuridão.”

“Eu reconheço isso como meu pecado, um erro irreversível. Estou ciente de que não sou mais o Burman que você gostava um dia.”

“Ainda assim, não guardo arrependimentos.”

“Vigaristas, amaldiçoem-nos!

“Acabar com esses vigaristas reacendeu uma sensação de satisfação há muito perdida.”

“Helen, se você ainda estivesse viva, poderíamos ter tido nosso próprio filho, certo?”

“Por que esses bruxos malignos sempre empregam bebês, crianças e seus restos mortais como ingredientes essenciais para a criação de suas artes das trevas?”

“Eu me tornei ainda mais maligno que eles…”

“Helen, eu perdi meu caminho. Todos os meus esforços terminaram em fracasso.”

“Helen, eu aspiro adquirir a fórmula da poção da Sequência 5 e os ingredientes para o caminho da Morte.”

“Helen, Fidel interveio. Ele avisou que isso me transformaria em um monstro e apagaria minhas memórias originais.”

“Helen, eu me recuso a te esquecer.

“Helen, por favor, perdoe minha covardia.”

“Helen, eu realmente conheci aquele ilhéu da Ilha da Ressurreição!”

“Ele realmente existe!”

“Harrison me derrotou, mas poupou minha vida. Ele questionou por que eu havia feito a transição forçada para o caminho da Morte.”

“Ele revelou que minhas tentativas anteriores foram equivocadas. A verdadeira ressurreição não é tão direta.”

Ele explicou que dentro das profundezas da morte está a marca de todos. Somente trazendo a marca correspondente à realidade e utilizando-a como uma fundação para reconstruir o espírito e a carne podemos alcançar a ressurreição genuína, retendo nosso conhecimento original e memórias completas.”

“Helen, estou muito feliz. Vislumbro esperança em reviver você mais uma vez.”

“Harrison me transmitiu conhecimento sobre o domínio da Morte. É por meio da compreensão desse conhecimento e da recuperação de sua marca que ele e seus parentes podem passar por mortes e ressurreições repetidas, escapando das garras da mortalidade.”

Embora raramente saiam da Ilha da Ressurreição, isso não é algo absoluto. Ilhéus gentis como Harrison se aventuraram em terras diferentes, deixando a lenda da Ilha da Ressurreição impressa nas memórias de alguns humanos selecionados. Aqueles com motivos sinistros compilaram essas informações em um mapa marítimo para a Ilha da Ressurreição.

“O mapa do tesouro que Mark nos vendeu é falsificado, mas partes dele remontam ao genuíno. Harrison, em sua busca, deixou a Ilha da Ressurreição para eliminar o mapa autêntico e erradicar todos que sabem como chegar àquele mar e descobrir a Ilha da Ressurreição.”

“Helen, armado com as informações de Harrison, tentei invocar um espírito das profundezas da morte. Consegui, conjurando um espírito maligno chamado Arden. Como ele era fraco, eu o venci facilmente, coletando seu sangue para o ritual subsequente.”

“Helen, me perdoe. Eu não consegui controlar minhas emoções.”

“Desde que encontrei Harrison e ganhei o conhecimento para realmente trazer você de volta, a impaciência tomou conta de mim. Não consigo controlar minhas emoções.”

“Aqueles ilhéus são vigaristas merecedores da morte. Acabei com a vida de um vigarista e de vários outros. Recusei-me a desperdiçar mais tempo, apressando o ritual.”

“Helen, me desculpe. Eu falhei de novo. Eu não estava adequadamente preparado.”

Helen, eu perdi minha sanidade completamente? Uma mera resposta de Fidel desencadeou um frenesi, levando-me a matar todos na casa.”

“Ele também deve perecer, aquele que ousou ameaçar a mim e a Fidel!”

“Helen, eu falhei. Já faz um tempo que não sofria ferimentos tão graves.”

“Meu corpo é em grande parte morto-vivo. Essas feridas não são fatais, mas não tenho aliados.”

“Droga, droga, droga!”

“Helen, senti sua falta mais uma vez.”

Lumian chegou à conclusão do caderno escuro de capa mole e se fixou na frase por um longo momento.

Era como se ele tivesse se transformado em uma estátua.

Depois de alguns minutos, Lumian não resistiu e levantou a mão direita para massagear as têmporas.

As marcas das profundezas da morte, Ilha da Ressurreição e Harrison inundaram sua mente, provocando um repentino arrependimento por não ter buscado a ajuda de Franca.

Para garantir uma morte limpa para Burman, ele nunca pretendeu canalizar o espírito do Bruxo Demoníaco desde o início. Isso significava que ele não tinha planos de retornar a Trier e trazer Franca para sua localização atual.

No entanto, seu instinto agora o impelia a se aprofundar mais no método de ressurreição delineado por Harrison. Ele desejava uma compreensão da ilha onde os habitantes vivenciavam repetidas mortes e renascimentos.

Fuuu… Lumian fechou o caderno e expirou, fazendo um esforço para relembrar seu conhecimento sobre misticismo relacionado à morte.

Ele se lembrou de ouvir as palavras “morte” e “marca” juntas.

“A Madame Mágica mencionou o termo “marca da morte” ao responder a uma pergunta sobre Tudor na Fonte do Esquecimento!”

“Este é um conceito distinto dos espíritos remanescentes e marcas, diretamente ligado à ressurreição?”

“Das profundezas da morte… O que espreita nas profundezas da morte…”

“O que eu sei agora que está explicitamente ligado à morte — o Submundo, a Fonte do Esquecimento, o Rio Estige conectando dois mundos…”

“Que pena. Imagino como Harrison da Ilha da Ressurreição se parece…”

“O conhecimento registrado de Burman está em desordem. Parecia que ele escrevia qualquer pensamento que lhe ocorresse. Sem ele, organizar um ritual de ressurreição completo e os princípios correspondentes prova ser extremamente desafiador…”

“Não, não apenas desafiador. Impossível. Burman apenas documentou o que temia esquecer. O conhecimento restante está completamente ausente…” Lumian esfregou as têmporas mais uma vez e desdobrou o mapa do tesouro falsificado. Após um exame cuidadoso, ele não conseguiu discernir quais partes eram autênticas e quais eram falsas.

Ele pretendia enviar o mapa para Franca e Jenna ao amanhecer, pedindo que elas usassem o misticismo para diferenciar o verdadeiro do falso.

Na manhã seguinte, Lumian limpou a boca com um guardanapo e observou Ludwig focado com os pratos do café da manhã.

Toc, toc, toc. Uma batida suave ecoou na porta.

— Por favor, entre. — Lumian gesticulou para Lugano abrir a porta.

“Você realmente acha que eu sou um servo? Tudo bem, fornecer o dinheiro faz de você o chefe…” Lugano criticou, saindo da mesa de jantar para abrir a porta.

Era Philip lá fora.

Philip entrou sorrindo para Lumian.

— Partiremos em duas horas e meia. Se você tiver algum item especial que queira comprar, faça isso o mais rápido possível.

— Não  tenho— Lumian respondeu com um sorriso enquanto se levantava.

Philip olhou pela janela e disse: — A propósito, você pode não saber, mas o Bruxo Demoníaco foi pego.

— É mesmo? — Lugano pareceu surpreso.

Nos últimos dias, o assunto mais popular entre os passageiros do navio era o Bruxo Demoníaco Burman, que os fez ficar em Porto Farim.

Vendo Lumian levantar as sobrancelhas em sinal de interrogação, Philip disse com uma expressão relaxada:

— Burman não só foi detido, como também estava em estado de cadáver.

— Quem está por trás disso? — Lumian perguntou, sua curiosidade aguçada.

Philip balançou a cabeça.

— Ainda não tenho todos os detalhes. O que sei é que está intimamente ligado à Igreja do Tolo. Dizem que o aventureiro Gehrman Sparrow é o mensageiro deles.

— Será que o aventureiro resolveu as coisas em suas próprias mãos? — Lugano perguntou ansiosamente.

No mar, ele naturalmente ouviu falar sobre a fé no Tolo e não teve dúvidas sobre isso — marinheiros, passageiros e carregadores do cais lhe contavam sobre isso.

— Difícil dizer. Mas qualquer um capaz de derrotar o Bruxo Demoníaco tem que ser pelo menos tão formidável quanto um almirante pirata. — Philip suspirou profundamente.

De repente, uma comoção ecoou da passarela. Passageiros destinados a embarcar em Porto Farim finalmente receberam sinal verde para embarcar no Pássaro Voador.

Lumian se aproximou da janela e avistou um rosto familiar.

Batna Comté!

Ele e a adorável aventureira subiram juntos no convés.

Lumian abriu a janela e gritou: — Batna, vocês também estão indo para Porto Santa?

Batna olhou para cima, surpreso, com os olhos fixos nos quartos do último andar.

Ao avistar Louis Berry, ele sorriu e respondeu: — Com certeza. Vou testemunhar o ritual de oração do mar de Porto Santa!

Vol. 5 Cap. 532 Mapa “Real”

Entre as nações do Continente Norte, apenas o Senhor das Tempestades em Loen exercia autoridade sobre o mar. No entanto, marinheiros, mercadores marítimos e aventureiros leais a outras divindades buscavam escapar de naufrágios, clima brutal e da necessidade de proteção específica. Isso levou a vários compromissos e circunstâncias únicas.

Certas Igrejas estabeleceram deuses subsidiários, Anjos e Santos dotados de poderes relacionados a tempestades e mares para seguidores com preocupações correspondentes. Tome, por exemplo, o Deus do Mar da Igreja do Tolo.

Em algumas igrejas, os fiéis tinham permissão tácita de ter uma crença parcial no Senhor das Tempestades.

Outras Igrejas fizeram vista grossa às crenças folclóricas que floresciam em portos e ilhas, permitindo a realização de rituais específicos sem exigir a presença de clérigos.

O ritual de oração do mar do Porto Santa no Reino de Feynapotter se enquadrava na última categoria. Acreditava-se que seu folclore remontava à Quarta Época. Este evento anual, supervisionado pela Igreja da Mãe Terra, era modesto e confinado a este porto; não tinha nenhuma publicidade generalizada.

Em essência, quase ninguém — nem os moradores de Porto Santa, nem os comerciantes, aventureiros ou piratas que frequentam as margens do Mar da Névoa — estavam ciente de tal ritual de oração no mar.

Depois de reunir os detalhes pertinentes, Lumian fez uma avaliação inicial de que Bardo ou Ultraman, os culpados pelas brincadeiras do ritual de oração no mar, provavelmente eram moradores de Porto Santa ou estavam ativamente envolvidos em assuntos marítimos.

Considerando que a obra de Bardo, “Crônicas Secretas do Imperador Roselle”, havia sido entregue especificamente aos livreiros clandestinos de Trier para publicação, Lumian se inclinou para a crença de que Ultraman havia sido o instigador dos problemas no ritual de oração do mar em Porto Santa.

Apesar do fato de que “Crônicas Secretas do Imperador Roselle” parecia mais adequado para venda em Intis, Lumian raciocinou que se Bardo tivesse uma residência permanente no Reino Feynapotter, seria mais sensato publicá-lo sob o nome do Reino Feynapotter antes de vendê-lo discretamente para Intis. Essa precaução era para evitar chamar a atenção da polícia secreta de Intis.

Muitos Beyonders subestimaram a vigilância de policiais e investigadores comuns, resultando em atenção indesejada e prisões por Beyonders oficiais que ficaram sabendo da notícia.

Ao saber que Batna e sua companheira desejavam testemunhar o ritual de oração marítima de Porto Santa, Lumian acenou com um sorriso.

— Eu também!

Ele se afastou da janela, esperando até quase meio-dia para redigir uma carta detalhando seus encontros recentes e o tratamento dado ao “legado” de Burman.

Depois de dobrar a carta e envolvê-la nas dobras do mapa do tesouro falso, Lumian invocou o Coelho Chasel mais uma vez.

A criatura espiritual parecida com um coelho ainda usava seus óculos de aro dourado e uma pequena cartola meio borrada.

Observando silenciosamente por alguns momentos, Lumian então entregou os itens destinados a Franca e Jenna.

— Obrigado — ele disse educadamente.

Isso é cortesia básica!

— Não precisa me agradecer — respondeu o Coelho Chasel, tirando sua meia cartola e fazendo uma leve reverência.

Os lábios de Lumian se contraíram quando ele testemunhou o Coelho do Conhecimento mutante desaparecer do quarto.

Ele estava preocupado que o coelho pudesse sacar a arma de forma imprevisível e acabar com o remetente a qualquer momento.

Na próxima vez, ele resolveu alertar Jenna para não transmitir esse conhecimento perigoso ao Coelho Chasel!

Trier, no Quartier de la Cathédrale Commémorative, apartamento 702 na Rue Orosai, n°09.

Franca olhou para o Coelho Chasel, adornado com sua meia cartola e óculos de aro dourado. Inclinando-se para mais perto de Jenna, ela sussurrou: — Não é muito perigoso deixá-lo ler a série O Aventureiro?

Jenna sorriu e respondeu: — Você não acha o Coelho Chasel adorável? Além disso, um mensageiro pode encontrar perigo. Ler mais sobre Gehrman Sparrow pode torná-lo mais forte.

Franca levantou a questão apenas brevemente, mas mudou seu foco para desdobrar o mapa do tesouro falso e a carta, lendo-os com atenção sincera.

— Uau, a eficiência de Lumian é impressionante. Ele tinha como objetivo punir Burman por seus pecados e conseguiu completar a caçada em menos de doze horas!

— As características de Beyonder não formaram Artefatos Selados com habilidades mistas; em vez disso, eles emergiram e se fundiram separadamente. Poderia ser porque Burman não abrigava mais loucura e paranoia antes de sua morte, e suas emoções se acalmaram?

— Heh heh, não há necessidade de informar 007 tão rapidamente se encontrarmos casos semelhantes no futuro. Lumian pode resolver isso sozinho em um dia. Tudo voltará ao normal, e a paz mundial prevalecerá. Dessa forma, 007 não me culpará por sempre causar problemas para ele.

Franca havia informado anteriormente a Jenna que o codinome de seu colaborador entre as autoridades era 007.

“Tão rápido? O Bruxo Demoníaco não é fraco…” Jenna não conseguia acreditar.

Era um criminoso com uma recompensa de 600.000 verl d’or. Todos os verl d’or que ela tinha visto até agora somavam menos!

A recompensa de Lumian era inferior a 100.000.

Franca franziu os lábios e comentou: — Pense nas experiências dele em Trier e nos itens e habilidades que ele possui. Ele é simplesmente um super astro, certo? Se ele fosse solto, seria equivalente a um ataque de destruição dimensional em Beyonders sem nenhuma característica especial. Ele não seria muito inferior à maioria dos Beyonders de Sequência 5!

Jenna relembrou as situações perigosas que enfrentou ao lado de Lumian e concordou com a cabeça.

— O que você quer dizer com ataque de destruição dimensional?

Franca, um pouco surpresa com a pergunta de Jenna, demorou um momento antes de explicar: — É como um adulto intimidando uma criança ou um semideus intimidando um Beyonder de Baixa Sequência.

— Além disso, pense nisso. Um Beyonder meio louco como o Bruxo Demoníaco é mentalmente, psicologicamente, emocionalmente e fisicamente problemático. Ele foi completamente neutralizado pela Sinfonia do Ódio de Lumian. Ao enfrentá-lo, tudo o que você precisa fazer é ter cuidado com a estranha combinação de habilidades e evitar provocá-lo para se tornar um monstro. Lumian tem experiência, então ele não será descuidado.

Jenna murmurou: — Agora que você mencionou, por que eu acho que matar o Bruxo Demoníaco não é tão difícil?

— Você não pode colocar dessa forma. Só se pode dizer que a troca forçada de caminhos realmente tornará alguém muito poderoso e perigoso, mas também tem falhas enormes e muitos problemas. É fácil de atacar, — Franca a corrigiu antes de continuar lendo a carta de Lumian.

Depois que terminou de ler, Franca suspirou de excitação e disse: — O mar parece tão divertido, e o cenário é lindo. Se não fosse pela missão, eu gostaria de ser uma aventureira no mar e caçar piratas!

Jenna, encostada no sofá e lendo a carta por trás, sentiu uma saudade no coração.

Quem não gostaria de viajar? Só que elas não tinham tido esse luxo antes.

Franca recuperou a compostura e estalou a língua.

— Lumian é realmente generoso. Ele realmente doou toda a recompensa e espólios de guerra para estabelecer um fundo de caridade. Fuuu, na verdade, eu entendo os pensamentos dele…

Até agora, ela vinha secretamente sustentando a família do dono original de seu corpo.

Enquanto Franca e Jenna conversavam, ambas realizaram a Adivinhação do Espelho Mágico.

As respostas foram unânimes: O mapa era real!

— Seja Burman ou o ilhéu imortal, Harrison, ambos admitem que uma parte deste mapa é falsa. Ele não pode ajudar aventureiros a chegar à Ilha da Ressurreição, e podem até encontrar grandes perigos ao longo do caminho… O que há de falso nisso? — Franca ponderou, lançando seu olhar para o mapa do tesouro.

No mapa, o local marcado como Ilha da Ressurreição ficava bem no fundo do Mar da Névoa. A ilha colonial mais ocidental da República Intis, Aroca, ainda estava bem distante.

“Não consegue distinguir as partes falsas?” Lumian balançou a cabeça após receber a resposta e continuou lendo as informações sobre criaturas do mundo espiritual em sua mão.

Seu foco principal era encontrar alguma introdução ao espírito maligno de Arden que Burman havia invocado das profundezas da morte.

Lumian folheou as informações até a noite, saciando sua fome em seu quarto. Pegando o chapéu de palha dourado que ele tinha gostado recentemente, desceu para o convés e entrou no bar.

Àquela altura, o Pássaro Voador já havia partido de Porto Farim. Como esperado, Batna e sua companheira estavam sentados no balcão do bar, envolvidos em conversas animadas com os passageiros ao redor sobre a morte do Bruxo Demoníaco Burman.

— Também não sabemos qual aventureiro fez isso. Se não tivesse sido anunciado oficialmente, não saberíamos que Burman havia sido morto. Ninguém no círculo de aventureiros de Porto Farim sabia disso com antecedência! — Batna segurou o Lanti Proof e disse animadamente: — Pensar que um aventureiro tão poderoso permanece escondido em Porto Farim! De fato, não podemos ser arrogantes ou presunçosos. Talvez o vagabundo sentado na beira da estrada seja uma pessoa poderosa!

Ao ver Lumian abrindo caminho, Batna assobiou.

— Você vai ficar na primeira classe? Você é tão rico assim?

— Não sou considerado rico — Lumian respondeu com um sorriso enquanto se acomodava em um banco de bar. — Só sinto que acidentes podem acontecer a qualquer momento no mar, e posso ser morto por piratas a qualquer momento. Então, por que não tentar se mimar? Qual é o sentido de economizar dinheiro quando você está morto? Já que você é um aventureiro, você tem que levar uma vida despreocupada porque quem sabe se haverá um amanhã.

— Já que você é um aventureiro, você tem que levar uma vida despreocupada porque quem sabe se haverá um amanhã… — A aventureira ao lado de Batna sussurrou a última frase de Lumian, aparentemente tocada.

Batna tomou um gole do Lanti Proof e riu.

— No entanto, o pré-requisito é que você tenha alguma economia. Caso contrário, se você acabar se divertindo hoje, passará fome amanhã.

— Cara, 600.000 verl d’or. Imagino qual aventureiro obteve os 600.000 verl d’or de Burman. E os itens nele…

Batna revelou uma expressão de desejo e inveja.

Lumian pegou o absinto que tinha acabado de pedir e tomou um gole, saboreando o leve amargor presente na fragrância.

Nos dias seguintes, o Pássaro Voador navegou calmamente em direção ao Reino de Feynapotter. Philip, o supervisor de segurança, achou isso surreal.

“A má sorte acabou? O grande problema desembarcou? A morte do Bruxo Demoníaco Burman decorreu do grande problema ao entrar em Porto Farim?”

Faltando apenas um dia para chegar a Porto Santa, Philip observou seu subordinado entregar um telegrama.

— Chefe, é dos seus camaradas em Porto Farim. — O subordinado entregou o telegrama dobrado a Philip.

“O que aconteceu em Porto Farim que requer que eu seja informado? O problema maior causou problemas em Porto Farim e os rastreou até o Pássaro Voador?” Ele desdobrou o telegrama e examinou seu conteúdo.

“O aventureiro que caçou o Bruxo Demoníaco Burman é suspeito de estar em seu navio. O nome dele é Louis Berry.”

Vol. 5 Cap. 533 Esquecido

“O nome dele é Louis Berry.”

O olhar de Philip congelou na última frase.

“Ele?”

“Ele matou o Demon Warlock?”

De repente, Philip se lembrou da cena trágica do quarto 5 na cabine de primeira classe, como se tivesse sido bombardeado.

“Será que o confronto entre Louis Berry e o Bruxo Demoníaco Burman causou essa devastação?”

“Circularam rumores de que a Igreja do Tolo trocou a cabeça de Burman por uma recompensa no dia seguinte, mas procedimentos como esse não aconteciam instantaneamente. Um atraso de meio dia era comum!”

“Louis Berry realmente matou o Bruxo Demoníaco?”

“Ele é realmente tão formidável? Eu não consegui discernir isso de jeito nenhum…”

“Eu entendo que ele é um ímã para problemas, e vários detalhes atestam sua força e natureza imprevisível, mas a noção dele derrotando o Bruxo Demoníaco me pegou de surpresa. E ele parecia ileso.”

“Ele até conteve o impacto da batalha em uma única sala, garantindo que ninguém ouvisse nada…”

“Poderia ter sido ele também quem assustou o Divisor de Ossos Basil? Não, ele estava perto de mim e não fez nenhum movimento… A menos que Basil o conheça e compreenda o perigo que ele representa?”

“Uma pessoa capaz de eliminar o Bruxo Demoníaco é de fato capaz de assustar o Divisor de Ossos… Mesmo que Basil possa não ser mais fraco que Burman, apesar da recompensa relativamente baixa. Louis Berry, no entanto, possui a habilidade de silenciar Burman sem deixar rastros…”

“O que causou o encontro com os Navegadores da Morte?”

Philip murmurou silenciosamente.

Embora não conseguisse aceitar totalmente a ideia de que o jovem que sempre se gabava no bar com um sorriso era um aventureiro poderoso o suficiente para derrotar o Bruxo Demoníaco, Philip hesitou em alimentar muitas dúvidas.

— Chefe, deveríamos… deveríamos expor a identidade de Louis Berry como falsa? — perguntou em tom baixo o membro da tripulação que havia entregue o telegrama.

Philip instintivamente levantou o papel com o telegrama e deu um leve tapa na cabeça do subordinado.

— Você quer morrer? Eu enfatizei repetidamente, quando confrontado com anomalias no navio, feche os olhos, a menos que seja uma crise imediata, e espere até chegarmos ao nosso destino.

Philip ponderou por um momento, preocupado que seu subordinado pudesse agir por engano devido a mal-entendidos ou descrença. Ele esclareceu deliberadamente: — Ainda estamos no mar. Mesmo se relatarmos as identidades falsas agora, confirmar a verdadeira identidade e existência de Louis Berry não nos salvará ou ajudará, a menos que alguém saia de Porto Santa. No entanto, essa cooperação entre países requer dias de comunicação prévia. Quando a assistência chegar, Louis Berry provavelmente já terá desembarcado.

— Além disso, verificar sua identidade real leva tempo. Para denunciar com sucesso, correríamos o risco de Louis Berry perceber e retaliar. Vale a pena?

— Prefiro preservar a paz destes últimos dias.

O tripulante refletiu por um momento e finalmente concordou com a decisão do chefe.

Philip deu um suspiro de alívio, rasgou o telegrama e jogou-o casualmente na lata de lixo.

— Informe os destinatários e tradutores do telegrama para manterem essa informação em segredo! — Philip instruiu antes de sair da sala e descer as escadas para o convés.

Assim que ele estava contemplando os planos românticos para a noite com sua nova amante, seus pensamentos pararam de repente quando ele avistou Louis Berry, a pessoa central do telegrama. Lá estava ele a bordo do navio, seu olhar fixo no mar azul suavemente ondulado, girando preguiçosamente um chapéu de palha dourado em uma mão enquanto segurava uma taça de champanhe dourado claro na outra.

Como se sentisse o olhar de Philip, Lumian se virou e olhou nos olhos dele.

Um sorriso sutil surgiu nos lábios de Louis Berry enquanto ele erguia a taça de champanhe na mão direita, como se estivesse brindando, antes de tomar um gole tranquilo.

O corpo de Philip ficou tenso, determinado a esconder qualquer mudança na expressão.

“Louis Berry está apenas estendendo uma saudação ou ele tem conhecimento sobre o telegrama e minha decisão?”

Graaa! Graaa! Graaa!

Aves marinhas de cabeça branca voavam graciosamente sob o céu azul imaculado, com seus gritos distintos daqueles de Porto Gati e Porto Farim.

Às vezes, planavam baixo, passando por barcos de pesca de madeira adornados com velas brancas ondulantes.

A pesca, uma indústria vital em Porto Santa, incutiu medo e reverência pelo mar nas veias de todos os pescadores.

Embora pudessem ter filhos que se desviassem das crenças da Mãe Terra, eles não suportariam descendentes que ousassem blasfemar o ritual sagrado da oração do mar.

Lumian, observando a paisagem diferente do porto de Intis e a cordilheira gradualmente crescente de Porto Santa à distância, silenciosamente ofereceu louvores ao Tolo.

A viagem de Porto Farim a Porto Santa decorreu surpreendentemente sem incidentes — sem tempestades, sem piratas e sem incidentes com Beyonder.

Esse descanso lhe permitiu alguns dias de tranquilidade. Lumian terminou dois livros didáticos básicos de escocês e leu atentamente informações sobre criaturas do mundo espiritual.

Ele não conseguiu encontrar uma descrição de Arden, o espírito maligno das profundezas da morte. Se a Madame Mágica omitiu a informação ou permaneceu inconsciente dela, permaneceu incerto.

— Entraremos no porto em meia hora. — Lumian, que estava descansando nos últimos dias, estalou o pescoço na janela da sala de estar do quarto 5 da primeira classe.

“Aqui há pistas potenciais sobre os principais membros da Reunião da Mentira: Bardo e Ultraman!”

“Claro, também pode ser uma armadilha.”

O corpo de Lumian tremeu levemente, cheio de expectativa.

Finalmente, o Pássaro Voador atracou suavemente em Porto Santa.

Lumian, de mãos dadas com Ludwig e seguido por Lugano carregando suas bagagens, seguiu em direção à passarela. No convés, eles encontraram Batna Comté e sua companheira Nolfi, já aguardando sua vez.

Talvez influenciada pelas palavras de Lumian sobre aproveitar o momento como aventureiro, Nolfi, que inicialmente insistiu em quartos separados, mudou-se para o de Batna dois dias antes.

O rosto de Batna irradiava um rubor de confiança enquanto ele acenava e exclamava: — Louis, você não me parece muito aventureiro. Que aventureiro leva seu filho para o mar?

— Não é uma tarefa comum para aventureiros proteger os filhos de seus empregadores? — Lumian retrucou com um sorriso.

Em certo sentido, a Igreja do Deus do Conhecimento e da Sabedoria era de fato sua empregadora.

Batna, observando Ludwig, vestido com roupas de jovem cavalheiro e carregando uma mochila escolar vermelha, achou a explicação de Lumian razoável.

No entanto, ele não pôde deixar de se perguntar: como os pais da criança puderam ser tão indiferentes em confiar seu filho a um aventureiro desconhecido?

— Ao mesmo tempo, ele é meu afilhado — acrescentou Lumian.

Batna compreendeu quando gesticulou em direção ao porto abaixo.

— Onde você planeja ficar? Vamos participar do ritual de oração do mar juntos?

— Ainda não tenho certeza. Se os deuses quiserem, nossos caminhos podem se cruzar novamente. — O comportamento de Lumian mudou ao chegar em Porto Santa, seus nervos tensos. Revelação casual de seu paradeiro não estava mais em seus planos.

Batna, acostumado às ocasionais palavras de vidente de Lumian, não detectou nada incomum. Ele suspirou e disse: — Espero que nossos caminhos se cruzem mais uma vez.

Com um aceno casual, Batna levou Nolfi em direção à rampa.

Lumian sorriu e ofereceu um lembrete de despedida: — Você sabe escocês?

— Um pouco — Batna respondeu, gesticulando em direção a Nolfi, cujas feições adoráveis, cabelo preto e olhos castanhos falavam de sua herança mista Feynapotter e Intis. — A mãe dela é nativa de Porto Santa. Ela carrega sangue de Feynapotter e Intis.

“Nativa de Porto Santa… Isso explica seu desejo de experimentar o ritual de oração do mar depois de aprender sobre ele.” Lumian ficou em silêncio, observando enquanto Batna e Nolfi desciam a passarela com suas malas.

— Louis não é apenas generoso e caloroso, mas também tem um talento para o humor. Ele parece bastante profissional — Batna comentou antes de deixar o distrito portuário. Olhando de volta para o Pássaro Voador, ele disse a Nolfi, — Ele não revelou onde eles estavam hospedados agora. Claramente, ele não está disposto a revelar as circunstâncias de seu empregador. Ele provavelmente veio a Porta Santa para escoltar aquela criança para casa.

Nolfi assentiu gentilmente.

— Você não deveria ter perguntado. Os companheiros de um aventureiro estão apenas no presente. Podemos não nos cruzar novamente no futuro.

— Haha, você foi influenciada pela filosofia de vida de Louis. — Batna notou um entregador de jornais se aproximando e sugeriu a Nolfi, — Pegue alguns jornais relacionados a rumores marítimos. Estamos no mar há dias e estamos fora do circuito.

Nolfi compartilhou a mesma ideia, usando moedas de cobre que ela havia trocado anteriormente por dois jornais.

Parada na rua, ela abriu o jornal favorito do porto costeiro, Notícias dos Cinco Mares, e começou a ler seu conteúdo.

Batna, não familiarizado com escocês, esperou pacientemente que Nolfi assimilasse a notícia e lhe transmitisse as informações.

De repente, os olhos de Nolfi se estreitaram e ela segurou o jornal com mais força.

— O que há de errado? — Batna perguntou curiosamente.

Nolfi hesitou antes de compartilhar: — Há um rumor em Porto Farim de que o aventureiro que caçou o Bruxo Demoníaco se chama…

— Qual é o nome dele? — Batna repetiu.

Nolfi ficou em silêncio por alguns segundos antes de dizer: — Seu-seu nome é Louis Berry.

“Louis, Louis Berry?” Batna ficou surpreso.

Lumian, Ludwig e Lugano esperaram pacientemente que a maioria dos passageiros desembarcasse antes de sair.

Quando Lumian saiu da passarela, sua atenção foi atraída para uma mulher com um traje preto de freira e chapéu combinando. Carregando uma mala marrom, ela virou em uma bifurcação na estrada.

“P-poderia ser a mulher chorando que vislumbrei através dos Óculos do Espreitador de Mistérios?” Lumian ponderou, desviando o olhar pensativamente.

À medida que avançava, sua mente disparava com planos para o futuro imediato.

Primeiro, ele precisava encontrar uma pousada no distrito do porto. Segundo, tinha que escrever uma carta para a Madame Mágica, notificando-a de sua chegada em Porto Santa. A situação envolvia o Digno Celestial e potencialmente contribuía para os esquemas de Loki. Descuido não era uma opção.

“Escreva uma carta para a Madame Mágica…”

“Escreva uma carta!”

As pupilas de Lumian dilataram enquanto ele tentava discernir se o mundo à sua frente era real.

Durante todos os dias a bordo do navio, ele sempre se esquecia de escrever para a Madame Mágica!

Ele pretendia consultar sua portadora da carta dos Arcanos Maiores, questionando o significado das ocorrências frequentes relacionadas às calamidades do Pássaro Voador.

Mas ele tinha se esquecido completamente disso!

Vol. 5 Cap. 534 Sobre a Montanha

Foi hoje, em meio à contemplação de Lumian sobre seus próximos movimentos, que ele pareceu sair de um transe de sonho. A lembrança de sua intenção de escrever uma carta para a Madame Mágica, agora esquecida, o atingiu como uma bala.

A constatação foi mais perturbadora do que um ferimento no campo de batalha, causando arrepios na espinha e deixando seus cabelos em pé.

Se essa situação tivesse piorado, ele poderia ter morrido sem nem perceber!

“Parece um déjà vu… É isso mesmo! Em Dardel, Lugano e eu havíamos negligenciado involuntariamente a opção de escapar. Estávamos procurando um pretexto para entrar na cidade e investigar a Pertubação.” Enquanto os pensamentos de Lumian corriam, uma revelação repentina o atingiu.

A mulher que ele viu chorando no Pássaro Voador era a fonte da Perturbação — um Artefato Selado humanoide que havia escapado de suas restrições!

Depois de deixar Dardel, ela chegou a Porto Gati e embarcou no Pássaro Voador.

“Ela poderia estar influenciando instintivamente as mentes daqueles ao seu redor, apagando pensamentos que poderiam representar uma ameaça? Mas isso exigiria que ela monitorasse as atividades psicológicas de todos no momento certo.”

“Ou, como Anthony havia especulado, ela naturalmente implantou pistas mentais, fazendo com que os observadores ignorassem sua existência? Mesmo se vislumbrada, a memória dela desapareceria mais tarde. Simultaneamente, qualquer comunicação com a consciência. Se eles acreditavam que a pessoa era um Beyonder de Alta Sequência, então eram…”

“Os poderes de Beyonder da sequência seriam ‘ativamente’ esquecidos ou abandonados. Essa classificação não foi determinada por ela, mas pela auto-estima do indivíduo.”

“Depois que ela desembarcou e parou de plantar essas pistas naturais e persistentes, as questões negligenciadas puderam ser lembradas por meio de outras conexões.”

“Felizmente, o Artefato Selado permaneceu dormente no Pássaro Voador. Caso contrário, eu poderia ter perdido o controle e me transformado em um monstro…”

“Além de mim e Ludwig, ela também teve um papel em assustar Divisor de Ossos Basil? Heh heh, é bem engraçado da perspectiva do famoso pirata. Escolhendo um navio mercante comum para saquear, Basil se viu diante de três ondas crescentes de malícia ao emergir — um ninho de vespas agitado em ação. Nesse cenário, ele não tinha outra escolha a não ser escapar.”

“Os estranhos peixes Navegadores da Morte também foram atraídos pela presença dela?”

Inicialmente, Lumian sentiu um medo persistente, mas logo uma sensação de alegria tomou conta dele.

Essa revelação confirmou que sua contribuição para as calamidades no Pássaro Voador foi mínima, assim como Aurore havia sugerido. Ao longo da jornada, apenas o incidente do Bruxo Demoníaco pôde ser atribuído a ele.

Lumian poderia aceitar tal frequência.

Com determinação, Lumian pegou um post-it e uma caneta-tinteiro, rabiscando apressadamente um memorando:

“Encontre um motel próximo e escreva para a Madame Mágica. Foque na marca da morte e no Artefato Selado humanoide.”

Após dobrar o bilhete e guardá-lo no bolso, Lumian utilizou as interações de Lugano com os habitantes do cais para discretamente perguntar sobre motéis próximos. Abaixando a voz, ele se dirigiu ao peito esquerdo.

— Temiboros, você realmente não percebeu um Artefato Selado tão perigoso por perto.

A voz majestosa de Termiboros ressoou. — Por que eu deveria avisá-lo?

Lumian criticou: “Ah, você aprendeu a arte da sofística…”

Ele se virou para Ludwig, que estava mordiscando um longo pedaço de pão.

“Eu me pergunto se a falta de consciência desse garoto vem do selo da Igreja do Conhecimento ou da crença de que não havia perigo, já que a mulher não tinha enlouquecido. Não preciso me deter nisso por enquanto…” Desviando o olhar, ele esperou que Lugano reunisse instruções antes de guiar Ludwig em direção à saída do distrito portuário.

Porto Santa estava dividido, seus territórios fatiados em terços. Um terço fervilhava com as idas e vindas de pescadores, cercado por um vasto espaço aberto. Perto dali, três moinhos de gelo zumbiam com atividade. Os dois terços restantes, um reino reservado para navios mercantes, testemunhavam um fluxo constante de passageiros. Guindastes mecânicos trabalhavam incansavelmente, levantando aço fundido, espadas forjadas e lã tecida para o convez inferior.

Em meio ao cheiro pungente de peixe, Lumian mantinha uma calma exterior. Às vezes, seu olhar vagava para a distante cordilheira; outras vezes, ele examinava a fumaça preta e ondulante que vinha do sudeste, levada a favor do vento pela brisa.

Encarregando Lugano e Ludwig de selecionar dois candidatos cada, Lumian delegou a tomada de decisão. Por fim, eles se estabeleceram em um modesto motel chamado Solow.

Em escocês, “Solow” é traduzido como “sol”.

Embora o Reino Feynapotter não aderisse à fé do Eterno Sol Ardente, mas sim venerasse a Mãe Terra, a prevalência da luz solar em seu ambiente resultou no uso frequente de palavras como “Solow” e “Soros” (luz solar) em vários nomes de lugares.

Lumian tirou seu chapéu de palha dourado, protegendo-o do sol de outubro, e garantiu uma suíte com o dono do motel — uma pessoa alta, de cabelos grisalhos, com maçãs do rosto proeminentes e uma barba espessa. O custo: 1,5 risot de ouro por dia, ou 3 verl d’or.

As moedas oficiais em Feynapotter incluíam risot, setta e degan. A lenda dizia que antes da separação do reino das regiões centro-sul, a Igreja da Mãe Terra e a Igreja do Deus do Conhecimento e da Sabedoria governavam a terra em conjunto. Ao contrário do sistema de libra de ouro não convencional do Reino Loen, a moeda de Feynapotter foi criada por estudiosos da Igreja do Conhecimento. Um risot equivalia a 10 settas, e um setta equivalia a 10 degans, denominados como cinco degans, degan inteiro, meio degan e um quarto de degan. Atualmente, um risot custava aproximadamente 2 verl d’or, fazendo com que 12 risot fossem equivalentes a aproximadamente 1 libra de ouro.

Tendo trocado por 1.000 risot, Lumian tinha em sua posse uma variedade de settas e degans.

Após pagar a conta e subir para seus aposentos, a atenção de Lumian foi atraída para uma jovem garota com longos cabelos castanhos e sardas entrando no estabelecimento. Ela cumprimentou o proprietário usando o termo escocês para “avô”.

O dono, com as maçãs do rosto tingidas pelo sol, abraçou calorosamente a garota, suas bochechas direitas se encontrando enquanto ele respondia com um sorriso e uma única palavra desconhecida para Lumian. Confuso, ele se virou para Lugano, buscando uma explicação com os olhos.

— O velho Delva disse: ‘É tão bom ver você, meu pequeno repolho.’

— Pequeno repolho… — Lumian repetiu, surpreso com o termo.

Lugano, com suas sobrancelhas pronunciadas, olhos grandes e feições marcantes, perguntou confuso: — Você não sabe que há muitos descendentes de Dariège aqui?

Posicionado na escada do segundo andar, ele gesticulou em direção à parede externa.

— A cordilheira distante é a cordilheira Pyraez. Vocês, pessoal de Dariège, preferem chamá-la de cordilheira Dariège.

Naquele momento, Lumian compreendeu a totalidade da situação.

— Isso fica ao sul da cordilheira Dariège?

— Sudoeste. A cordilheira Dariège fica a algumas horas de trem. No meio, você encontrará vastas planícies, pastos e inúmeras cidades e vilas — Lugano esclareceu enquanto subia as escadas. — Como você deve saber, todo outono, pastores de Dariège e áreas próximas migram para as planícies do sul para pastar. Alguns se estabelecem, enquanto outros buscam oportunidades nas maiores cidades vizinhas, incluindo Porto Santa.

— Se você for para o nordeste, escocês pode não ser necessário. Muitas pessoas lá estão familiarizadas com Intisiano. Eu tenho uma prima que era viúva inicialmente. Mais tarde, ela conheceu um nativo enquanto pastoreava e se casou com ele. Ela desistiu de pastorear e ajudou os pastores a desenvolver negócios relacionados a ovelhas, queijo, lã e muito mais. Eventualmente, eles economizaram o suficiente para começar um vinhedo. O marido dela valoriza as opiniões dela. Este pode ser um exemplo de homens de Feynapotter. Infelizmente, eu não sou uma mulher; caso contrário, eu poderia ter me convertido à Mãe Terra!

Ouvindo as percepções de Lugano, Lumian se lembrou de uma informação que Aurore havia compartilhado uma vez.

“A cordilheira de Dariège agia como uma barreira contra os ventos frios que vinham do sul.”

“Consequentemente, a Província de Gaia, situada ao sul da cordilheira Dariège, desfrutava de luz solar abundante e clima quente. Mesmo no inverno, as planícies e pastagens prosperavam com grama exuberante adequada para pastagem.” Lumian sentiu que esse conhecimento havia se tornado “dinâmico”, formando uma rede que lhe permitiu compreender as características geográficas e climáticas de Porto Santa e sua região nordeste.

De repente, outro pensamento cruzou sua mente.

“Será que a maioria dos Beyonders capturados por pastores como Pierre, que acreditavam na Inevitabilidade, vieram desta área?”

“Dada a presença de um porto próspero e uma cadeia de montanhas rica em depósitos minerais, faz sentido que haja mais Beyonders aqui…”

“Se fosse esse o caso, talvez minhas características de Beyonder de Caçador, Provocador e até mesmo Piromaníaco pudessem ter se originado desta região.”

“Estou aqui agora…”

“Por que sinto o cheiro da inevitabilidade…”

Lumian respondeu casualmente à informação de Lugano: — Quantos filhos sua prima teve?

— Três — respondeu Lugano.

— Se ela não tivesse gerado filhos, seu marido teria sido tão obediente? — Lumian, ciente das crenças da fé da Mãe Terra, ouviu sobre esses assuntos com os pastores que frequentavam os pastos.

Eles tinham grande consideração pela fertilidade e pela reprodução.

— Definitivamente não — afirmou Lugano sem hesitação.

À medida que a conversa se desenrolava, o trio subiu ao quinto andar, entrando em uma suíte no final do corredor.

Lumian caminhou até a sacada, lançando seu olhar para a cordilheira escarpada ao longe.

Ali ficava um pasto de montanha e Cordu.

Após quase quinze minutos de contemplação silenciosa, Lumian retornou ao seu quarto e começou a escrever cartas para Madame Mágica e Franca.

Sua intenção era informar Franca sobre o Artefato Selado humanoide, instando-a a alertar os Beyonders oficiais do Reino Feynapotter através de 007. Um patógeno potencialmente perigoso, capaz de levar à loucura a qualquer momento, não era adequado para vagar livremente do lado de fora.

— Uau! Viu? O que eu disse? Lumian definitivamente encontrará a fonte da Perturbação novamente! — exclamou Franca quando estava prestes a partir com Jenna quando recebeu a carta.

Elas estavam indo para as catacumbas de Trier.

Nos dias anteriores, Jenna nutria o desejo de revisitar o Pilar da Noite de Krismona, esperando descobrir algo valioso. No entanto, ela hesitou em se aproximar imprudentemente, temendo que isso pudesse atrair a suspeita da Seita das Demônias. Residir com Franca não oferecia nenhuma garantia de segurança de seus olhos vigilantes.

Graças à ajuda de Anthony, ela finalmente conseguiu uma missão em uma reunião de misticismo, fornecendo um pretexto válido.

Sua tarefa envolvia aventurar-se até o túmulo de uma família específica no terceiro nível das catacumbas e recuperar um antigo coletor de lágrimas para seu empregador.

Vol. 5 Cap. 535 Resposta

Jenna terminou de ler a carta de Lumian e ficou em silêncio por alguns momentos antes de comentar:

— A origem da Perturbação é genuinamente formidável… Lumian, sem saber, suportou seus efeitos por quase meio mês.

Felizmente, a doença da mulher não explodiu. Caso contrário, todos no navio teriam caído na loucura.

Jenna refletiu por um momento, convencida de que se estivesse na posição de Lumian, o resultado seria o mesmo; nada mudaria.

— Portanto, Artefatos Selados acima do Nível 2 exercem imenso poder, mas não são práticos para a maioria das situações. A mera existência deles pode trazer catástrofe aos humanos ao redor, — Franca aproveitou a chance para esclarecer para Jenna, que era uma Beyonder há apenas meio ano.

Ela transmitiu essa informação para Madame Julgamento, não para 007. Essa decisão surgiu da imprevisibilidade dos métodos de comunicação de emergência. E se 007 estivesse ocupado e não fosse para aquele local? A comunicação regular tinha que esperar até depois das 22h.

Considerando a ameaça iminente de Perturbação, Franca não queria desperdiçar tempo valioso. Com a identidade real de Madame Julgamento, contatar os Beyonders oficiais do Reino Feynapotter estava garantido — sem preocupações sobre não localizá-la. Ao cair da noite, ela notificaria 007, garantindo que a mensagem chegasse às pessoas certas.

Com o assunto resolvido, Franca e Jenna chegaram às catacumbas em uma carruagem alugada.

Tendo seguido Lumian até o terceiro nível, elas haviam extraído informações valiosas dele. O lugar agora era familiar para elas. Logo, entraram em uma pequena praça iluminada por velas brancas acesas e adornada com dois pilares de sacrifício.

Jenna refletiu por um momento e, para a confusão de Franca, aproximou-se do pilar sacrificial que representava o Eterno Sol Ardente. Ela estendeu os braços e declarou reverentemente: — Louvado seja o Sol!

Ela estava buscando proteção.

Franca não conseguiu evitar de torcer os lábios enquanto observava a cena. Divertida, ela comentou,

— Por que você está se tornando cada vez mais como Ciel… uh, Lumian?

— Droga! Como eu pareço com ele? — Jenna retrucou instintivamente.

— Em termos de flexibilidade de fé, — Franca apontou com um sorriso. — Bem, eu só louvo o Sr. Tolo. Eu não disse nada como ‘Pelo Vapor.’

Jenna ponderou por um momento e admitiu: — Porque Lumian e eu realmente acreditamos no Eterno Sol Ardente…

De repente, ela parou, seus lábios se movendo enquanto ela se amaldiçoava.

“Estou admitindo que pareço com Lumian?”

Franca estava apenas brincando. Depois de louvar o O Tolo, ela deixou a praça de sacrifício com Jenna e foi em direção à entrada do quarto nível, onde ficava o Pilar da Noite de Krismona.

Graças às informações de Lumian, elas foram além do “bloqueio” de ossos na estrada. No ambiente escuro, elas se moveram cautelosamente, guiadas pela tênue luz de velas.

Enquanto Franca caminhava, uma ideia lhe ocorreu.

— Você acha que temos que segurar as velas brancas acesas em nossas mãos? Podemos segurá-las acima de nossas cabeças ou fazer uma tela de vidro e colocá-las dentro? Isso também nos protegerá?

Acostumada aos pensamentos peculiares ocasionais de Franca, Jenna respondeu casualmente: — Você pode tentar.

Depois de considerar as potenciais consequências de um experimento fracassado, Franca riu secamente.

— Esqueça, esqueça. Não precisa ficar curioso sobre essas coisas.

Ela olhou para Jenna ao seu lado e mudou de assunto.

— Por que você está vestida assim?

Jenna, agora com um vestido preto e um gorro escuro, exalava uma beleza que carregava um toque de maturidade além de sua idade.

Jenna instintivamente examinou os arredores em busca de quaisquer velas amarelas fracas antes de sussurrar:

— Estou interpretando o papel de uma bruxa para adicionar um toque misterioso.

Vestida com uma túnica preta com capuz, ela poderia se parecer com as bruxas conhecidas pelos humanos, mas isso poderia facilmente levantar suspeitas da Seita das Demônias, então Jenna encontrou um meio-termo.

Franca rapidamente entendeu a situação e assentiu em aprovação. — Você se esforçou.

Aproveitando o momento, Jenna perguntou: — E você? Desde a morte de Gardner, você não encontrou uma oportunidade de digerir a poção de Prazer com alguém?

Franca, normalmente casca grossa, sentiu-se um pouco envergonhada pelas palavras de Jenna. Ela tossiu duas vezes e respondeu: — Não é difícil encontrar alguém se eu quiser. Se não der certo, recusarei Browns em um momento oportuno e verei se ela se ofende. Heh heh, se ela realmente sentir prazer, ela pode me convidar para me juntar a ela…

Franca de repente fechou a boca, desejando poder levantar a mão direita e se dar um tapa.

“Por que contei tudo isso para Jenna?”

“Que vergonha!”

Limpando a garganta, Franca disse: — Além disso, isso representa uma oportunidade.

— Oportunidade? — Jenna ficou intrigada.

Franca assentiu solenemente.

— Depender somente dos assuntos da cama e do prazer físico pode, de fato, digerir lentamente a poção. Também se alinha com as características negativas de uma Demônia. No entanto, continuo sentindo que o significado de Prazer não deve se limitar a isso. Aproveitando a ausência de um alvo para o prazer físico, quero me acalmar e experimentar e explorar lentamente outras possibilidades.

— Por exemplo, cativar o coração de um homem. Trazer alegria meramente por estar perto de mim. Fornecer prazer através da interação, mas além do seu alcance. Cada encontro se torna um tormento, um vislumbre da catástrofe e aflição que uma Demônia traz…

— Droga, eu desprezo muito essas mulheres!

A frustração de Franca explodiu enquanto ela falava.

Jenna ficou surpresa, franziu os lábios e seu corpo tremia levemente enquanto ela lutava para conter o riso.

— Algo nesse sentido. De qualquer forma, essa é a essência, — Franca concluiu abruptamente a conversa.

Na luz fraca das velas, Franca passou por uma tumba recém-construída ao lado de uma antiga. Uma carranca repentina surgiu em sua testa, questionando se ela havia perdido uma oportunidade.

“Se eu tivesse suspirado e insinuado a estagnação da minha digestão devido à ausência de um parceiro de prazer, Jenna ofereceria simpatia e ajuda?”

“Argh, minha teimosia me custou caro!”

“Mas talvez ela sugerisse Lumian…”

Os pensamentos de Franca estavam a mil, mas ela permaneceu vigilante, principalmente quando notou os ossos espalhados pela beira da estrada.

Finalmente, ela e Jenna chegaram ao Pilar da Noite de Krismona, uma estrutura de mármore preto que sustenta o teto da caverna.

Não havia gravuras ou sinais de erosão em sua superfície.

Franca estudou-o por um momento e comentou: — É uma reminiscência daquele na Trier da Quarta Época, embora menor. Mais como uma imitação.

Virando-se para Jenna, ela perguntou: — Você sente algo peculiar?

Franzindo a testa, Jenna balançou a cabeça lentamente.

— Não.

Reino de Feynapotter, Província de Gaia, Porto Santa, Motel Solow.

Lumian recebeu rapidamente uma resposta da Madame Mágica:

Você já enfrentou o medo de um Artefato Selado de Grau 1?”

“Repetir não deixará uma impressão tão profunda quanto vivenciá-la em primeira mão.”

“Este provavelmente é o poder de um Beyonder de Alta Sequência no caminho do Espectador, moldando constantemente os pensamentos e percepções daqueles ao redor. Lembre-se: ‘Cuidado com o Espectador’…”

“O Artefato Selado tem outros poderes. Não tenho certeza se ele pertence aos deuses malignos lá fora. Por enquanto, você não precisa persegui-lo ou capturá-lo. Nós entraremos em contato com a Igreja da Mãe Terra por meio do Sr. Lua.”

Lendo isso, Lumian murmurou para si mesmo, “Prefiro não me envolver, mas não é minha decisão. Às vezes, minha natureza me empurra para coisas que eu prefiro evitar.”

Era como se ele e o Artefato Selado estivessem na mesma viagem, rumo ao mesmo destino.

Simultaneamente, Lumian obteve um detalhe vital da mensagem da Madame Mágica.

O Sr. Lua, do Clube de Tarô, tinha laços estreitos com a Igreja da Mãe Terra.

Após um momento de reflexão, Lumian retomou a leitura da carta.

Também estamos investigando a existência da Ilha da Ressurreição. O Sr. Enforcado e a Madame Eremita estão liderando a investigação. Eles têm teorias, mas ainda não podem confirmar. Se precisarem de sua ajuda, eles o informarão e buscarão seu consentimento. No entanto, não procure pela Ilha da Ressurreição agora. É muito perigoso. Lembre-se, muito perigoso…”

“A marca da morte é uma essência persistente da morte. Humanos comuns deixam uma marca; certas Sequências de certos caminhos podem deixar muitas. Essas marcas se desgastam e se fundem com a morte, durando mais para aqueles com status mais alto ou com habilidades especiais. Quanto aos Beyonders comuns de Sequência Baixa, a marca da morte correspondente não existirá por nada além de alguns anos.”

“Estabelecer um ritual para invocar a marca da morte é quase impossível. Mesmo um deus verdadeiro de Sequência 0 não ousaria se aproximar da essência da morte, muito menos com um ritual.”

“Eu suspeito que algo esteja errado com o espírito maligno de Arden que Burman invocou. O declínio do estado mental de Burman pode ter começado com aquele espírito, não com seu encontro com Harrison da Ilha da Ressurreição.”

“Talvez o espírito maligno de Arden não esteja morto.”

“O espírito maligno de Arden, deixando rastros de sangue e facilmente derrotado por Burman, não está morto? Que enredo absurdo… Até mesmo a Madame Mágica continua sem ideia sobre a natureza dessa criatura.” Relembrando o encontro com Burman, Lumian não conseguiu detectar nada de anormal.

Esse comportamento parecia o de um indivíduo meio louco, fazendo uma transição forçada entre caminhos.

Em suas observações finais, a Madame Mágica advertiu: “Tenha cuidado durante suas investigações em Porto Santa. Caso encontre alguma dificuldade, não hesite em buscar ajuda do Cavaleiro de Espadas.”

“Não há necessidade disso por enquanto…” Lumian respondeu interiormente.

Isso decorreu de uma falta de pistas ou informações. Mesmo que ele se correspondesse com o Cavaleiro de Espadas, Lumian não saberia o que perguntar ou que tipo de assistência solicitar.

Vol. 5 Cap. 536 Um na Luz e Um na Escuridão

A prioridade imediata de Lumian ao chegar a Porto Santa era investigar os eventos do ritual de oração do mar anterior, focando particularmente nos indivíduos envolvidos no acidente. Esta investigação seria crucial para descobrir as verdadeiras identidades dos principais membros da Reunião da Mentira.

Entretanto, essa fase de sua busca trazia riscos inerentes de engano e possíveis armadilhas.

Entender as complexidades da brincadeira do ano passado era primordial antes de envolver o Arcano Menor — Cavaleiro de Espadas — em qualquer assistência. Lumian não achou plausível pedir ajuda em tais assuntos.

O conhecimento secreto em torno dos eventos em Porto Santa deixou claro que, a menos que o Cavaleiro de Espadas estivesse presente, ele não ajudaria muito.

Inicialmente, Lumian pretendia reunir informações sobre o ritual de oração do mar e o incidente do ano anterior, mas tais detalhes pareciam exclusivos deste local. Membros periféricos da Reunião da Mentira, envolvidos em papéis menores, ofereciam perspectivas limitadas, oferecendo meros fragmentos do quebra-cabeça.

Com um movimento de pulso, Lumian transformou a resposta da Madame Mágica em uma bola de fogo ardente.

Saindo do quarto principal da suíte, ele se dirigiu a Lugano, que esperava na sala de estar: — Vamos criar uma identidade local

— Você já usou a identidade de Louis Berry para fazer o check-in no motel — Lugano lembrou Lumian depois de pensar um pouco.

“Isso significa que é hora de partir?”

“Isso não seria um desperdício de uma semana inteira de aluguel?”

O coração de Lugano doeu ao pensar no gasto.

Gastar dinheiro não era um problema; agora desperdiçar…

Como um caçador de recompensas que viveu uma vida difícil por muitos anos, ele era bastante sensível a dinheiro. Caso contrário, ele não teria sido tão casca grossa a ponto de pedir um “emprego” a Lumian.

— Algum problema? — Lumian perguntou com um sorriso.

No calor de outubro em Porto Santa, Lumian usava um conjunto simples: camisa de linho leve, calças marrons e um chapéu de palha dourado em suas mãos.

Por um momento, Lugano não sabia se deveria expressar sua principal preocupação: o dinheiro. Finalmente, ele decidiu abordar o assunto.

— Chefe, peguei alguns jornais na rua. Parece que há rumores em Porto Farim sobre você derrotar o Bruxo Demoníaco.

Ao ler esta notícia, Lugano esfregou os olhos várias vezes, perguntando-se se havia lido errado.

“Quando seu chefe erradicou o Bruxo Demônio?”

“Por que eu não sei?”

Somente a lembrança do quarto principal aparentemente bombardeado despertou ceticismo.

— Foi eu — Lumian respondeu com um leve aceno de cabeça.

“…” Lugano perdeu momentaneamente a capacidade de organizar suas palavras.

Após uma breve pausa, ele reprimiu sua curiosidade e fingiu entender.

— Você embolsou uma recompensa de 600.000 verl d’or e alguns espólios de guerra. Não é de se espantar que você esteja jogando dinheiro por aí ultimamente…

O aluguel de 20 a 30 verl d’or não parecia mais extravagante.

— Na verdade, doei tudo. — Lumian revelou com naturalidade.

— Por quê? — Lugano deixou escapar.

Lumian olhou para ele.

Lugano imediatamente fechou a boca e sorriu timidamente.

— Precisamos mudar de local. A fama de Louis Berry no Mar da Névoa o torna um alvo fácil.

Naquele olhar, Lumian transmitia uma mensagem não dita:

“Quem está no comando aqui? Você ou eu?”

“Eu precisava da sua aprovação para doar a recompensa?”

Com um sorriso sutil, Lumian fez a pergunta: — Quem disse que vamos nos mudar?

Lugano, pego de surpresa, gaguejou: — Não…?

O sorriso de Lumian continha um significado enigmático quando ele compartilhou: — Por que mais você acha que eu não pedi ao clérigo da Igreja do Tolo, que ajudou a coletar a recompensa, para esconder minha identidade?

Louis Berry, o aventureiro de alto nível, serviu como um farol, atraindo atenção e revelando o cenário de potenciais ameaças.

Lumian precisava de um disfarce local discreto para operar discretamente nas sombras.

Lugano, lidando com a complexidade dos motivos de seu empregador, confessou: — Eu pensei que você só queria ser tão famoso quanto Gehrman Sparrow nos cinco mares. — Ele sentiu que havia mais por baixo da superfície.

Lumian riu.

— Quem da nossa geração não gostaria de igualar a fama de Gehrman Sparrow nos Cinco Mares?

O desejo de reconhecimento satisfez sua vaidade, fornecendo uma razão plausível para não deixar Theis, o bispo da Igreja do Tolo, esconder sua identidade completamente.

Um motivo superficial — genuíno o suficiente para fazer as pessoas acreditarem — poderia efetivamente ocultar intenções chaves.

— Uh… — Lugano, sentindo que não conseguia decifrar as verdadeiras intenções de Lumian ou compreender seu objetivo final, suspirou interiormente.

Fuuu, eu sou apenas um Plantador, um Médico e um caçador de recompensas experiente. Minha inteligência só pode ser considerada comum…”

Lumian lançou um olhar para Ludwig, que mastigava uma omelete de batata, e declarou: — Vamos.

Ele empurrou o cabideiro para um ponto cego, pendurando o chapéu de palha dourado, criando a ilusão de uma figura discreta se alguém olhasse do prédio oposto.

Saindo do Motel Solow, Lumian caminhou pela rua de pedras branco-acinzentadas em direção aos bares animados perto do porto. Lugano seguiu, segurando a mão de Ludwig.

A antiga rua ostentava casas manchadas com paredes brancas e azulejos vermelhos. Perto de entradas como Cordu, mulheres idosas conversavam ao sol, mas não davam uma mãozinha para pegar piolhos.

Os transeuntes caminham suavemente, baixando a voz para manter a tranquilidade do cenário.

Em uma conversa casual com Francesco, o barman do bar no porão do Pássaro Voador, Lumian soube de um fenômeno cultural em Feynapotter, moldado pela fé da Mãe Terra e pelo significado atribuído às tradições familiares: a “cultura matriarcal”.

Dentro de cada família, a avó mais venerável, uma progenitora prolífica, comandava um respeito inigualável. Como a “mãe” inquestionável, elas exerciam um certo grau de controle sobre cada membro da família. Mesmo fora dos limites de seus lares, essa reverência persistia, pois essas avós representavam o símbolo familiar, incorporando a Mãe Terra.

A combinação de crenças religiosas e normas sociais garantiu um status único para essas avós idosas.

Observando essa dinâmica, Lumian se viu contemplando uma questão.

Na província de Riston, uma mulher casada, atuando como mãe de fato, tinha o direito de ser chamada de “Madame” e ter seu nome prefixado com “Na”. Essa tradição poderia ser uma influência da cultura matriarcal de Feynapotter, que ficava a apenas uma montanha de distância?

Pastores e comerciantes nômades, atravessando grandes distâncias, inevitavelmente trouxeram de volta contos de suas experiências. Práticas antigas da cordilheira Dariège e seus arredores, abrangendo mais de um milênio, sem dúvida deixaram uma marca indelével.

Navegando pelas ruas antigas, porém serenas, sob a luz brilhante do sol, Lumian sentiu uma sensação de deslocamento. Era como se tivesse retornado a Cordu durante a movimentada estação, quando os adultos labutavam nos campos, cuidavam de ovelhas nas montanhas ou embarcavam em expedições de caça, deixando apenas uma velha e crianças pequenas para trás.

Trier, terceiro nível das catacumbas.

Jenna fechou os olhos e expandiu seus sentidos, mas o Pilar da Noite de Krismona permaneceu em silêncio, desprovido de qualquer suspiro ou movimento.

Avaliando as Substituições de Espelho, ela se aproximou cautelosamente do enigmático pilar, colocando a palma da mão contra ele.

O pilar preto que sustentava o teto da caverna, embora frio e metálico, mantinha a textura da rocha.

No entanto, a mente investigativa de Jenna não recebeu nada além dessa informação.

— Ainda não funciona — ela comunicou a Franca, balançando a cabeça.

Em suas reflexões, Jenna relembrou os dois momentos e buscou algo em comum quando ouviu a voz de Krismona — durante seu avanço e dentro de um mundo espelho especial na Trier da Quarta Época.

Em ambas as ocasiões, perigo e emoções intensas foram denominadores comuns.

Jenna sussurrou, — O perigo durante meu avanço de Bruxa foi suprimido pela praça sacrificial. A chave são emoções intensas? — Jenna ponderou em voz alta, mergulhando em memórias de eventos dolorosos que agitaram suas emoções, incluindo a morte de sua mãe, a separação de seu irmão e outras experiências pungentes de sofrimento.

Apesar das flutuações visíveis em suas emoções, o Pilar da Noite de Krismona permaneceu em silêncio, o suspiro ilusório evasivo.

Franca, após um momento de contemplação, sugeriu: — Deve haver um evento especial para desencadear isso?

— Talvez, — Jenna respondeu, mordendo o lábio. — Por que não tentamos o quarto nível? Lumian mencionou a sombra suspeita de ter se formado após a morte do Anjo do caminho da Demônia. Deve ser Krismona.

O coração de Franca se agitou, e ela afirmou: — Está certo. Além disso, a sombra é controlada pelo selo e não tem a habilidade de atacar humanos. Sim, o pré-requisito é que sigamos rigorosamente a série de regras nas catacumbas.

Após uma breve discussão, as duas circularam em volta do Pilar da Noite de Krismona, recolocaram as velas e começaram a descer os antigos degraus de pedra manchados. Sob o olhar atento de relevos cinza-escuros realistas representando cabeças humanas em ambos os lados das paredes de pedra, desceram passo a passo.

Quebrando o silêncio sufocante, Franca falou: — Este lugar é perfeito para histórias de fantasmas. A atmosfera é incrível.

Jenna olhou para ela, provocando: — Você está com medo?

— Como isso é possível? — Franca retrucou teimosamente.

Jenna riu.

— Se você não tivesse medo, você só contaria histórias de fantasmas para me assustar. Agora, você está apenas suspirando. Isso significa que você quer principalmente confiar na sua voz para aumentar sua coragem.

“É um desperdício de talento não escolher o caminho do Espectador… Atores de teatro precisam aprender a ler as pessoas?” Franca estava prestes a discutir quando chegaram ao último degrau de pedra antigo.

Simultaneamente, uma sensação de opressão as envolveu.

No momento seguinte, a chama amarelada de uma vela brilhou em seus olhos.

A chama da vela não lhes pertencia. Ela emergiu do distante quarto nível das catacumbas.

Vol. 5 Cap. 537 Charme

A reação inicial de Franca e Jenna foi ficar longe do recém-chegado. Neste labirinto subterrâneo cheio de cadáveres, elas não podiam se dar ao luxo de serem complacentes com os vivos.

No entanto, suas circunstâncias não permitiam evasão. Elas tinham que empunhar uma vela branca brilhante, uma defesa fraca contra a escuridão invasora das catacumbas. A chama da vela, no entanto, as tornava visíveis, um farol visível nas sombras. A verdadeira ocultação exigia que encontrassem consolo atrás das portas seladas de uma tumba antiga.

A opção de se tornarem invisíveis ou se esconderem nas sombras era arriscada: elas não tinham certeza se isso significava apagar a chama da vela.

Após uma troca silenciosa de olhares, Franca e Jenna escolheram tomar um caminho tortuoso, mantendo uma distância segura da luz distante das velas.

No silêncio opressivo que parecia fazer com que o próprio tempo tivesse parado, as duas Demônias avançaram cautelosamente para o oeste, guiadas pelas placas de trânsito e pelas linhas pretas no teto da caverna.

Ao se aproximarem de um ponto paralelo à chama da vela, Franca virou a cabeça para espiar o corredor entre os túmulos antigos.

Graças à sua visão noturna excepcional, ela identificou a pessoa segurando a vela acesa.

Um homem com uma túnica preta — tons de preto profundo e claro misturados em seu cabelo, um perfil gentil, pele branca-pálida e olhos castanhos escuros, distintos dos intisianos.

“Feynapotteriano? Impressionantemente similar, mas sutilmente diferente. Por que sinto familiaridade? Quando foi que eu já encontrei essa pessoa antes? Ela deixou uma impressão nos recessos da memória do dono original do meu corpo?” Franca sentiu uma vontade inexplicável de se aproximar e iniciar uma conversa.

Ela respirou fundo e reprimiu o ar.

Na escuridão silenciosa das catacumbas, abordar estranhos de forma imprudente poderia facilmente desencadear conflitos desnecessários.

Franca havia dedicado um tempo considerável para investigar as circunstâncias que cercavam a morte do corpo original e as experiências de vida da pessoa. Ela procurou garantir que não houvesse problemas persistentes sobre os quais ela precisasse ser cautelosa com conhecidos do passado.

O homem de túnica preta, tendo observado as duas Demônias e notado sua falta de intenção de se aproximar, continuou seu caminho, eventualmente desaparecendo atrás de uma tumba antiga.

— Ele não parece um estudante universitário. — Jenna desviou o olhar e eliminou uma opção.

“Se o indivíduo não se aventurou no quarto nível das catacumbas apenas movido pela curiosidade e excitação, isso sugere um motivo claro. Ele está em uma busca encomendada por antiguidades, prestando homenagem a um ancestral enterrado neste nível, ou um Beyonder mergulhando no misticismo e na composição do selo das catacumbas? Talvez, como Jenna e eu, ele persiga as revelações dos três pilares da noite.” A mente de Franca correu por várias possibilidades.

No quarto nível das catacumbas, mais dois pilares da noite aguardavam: o Pilar da Noite de Marianne e o Pilar da Noite de Lius.

O primeiro, a papa da Igreja da Deusa da Noite Eterna na Quarta Época, e o último, o Abençoado da antiga Morte. Ambos encontraram sua morte durante a Guerra dos Quatro Imperadores dentro da Trier da Quarta Época.

Tendo compartilhado sua análise com Jenna, Franca gesticulou com sua mão direita, a que não tinha vela, e a tranquilizou: — Não se preocupe com os motivos dele. Isso não afetará nossa busca pela sombra de Krismona.

“Eu também não queria me incomodar. Você era quem estava considerando todas as possibilidades… Eu senti esse impulso em seu coração. Você realmente queria investigar essa pessoa agora?” Jenna, sintonizada com as nuances de Franca, captou os pensamentos de sua companheira, mas escolheu rir, guardando a revelação para si mesma.

Às vezes, Franca podia ser bem orgulhosa!

Depois de caminhar pela trilha por quase quinze minutos, elas chegaram a uma caverna natural chamada Caverna do Cogumelo Louco.

A entrada estava selada por um denso aglomerado de cogumelos branco-claros tingidos de preto.

— Por que há tantos cogumelos? — Franca observou-os com curiosidade.

Antes que Jenna pudesse responder, ela continuou: — Tudo bem, tudo bem, tudo bem. Eu entendi. Agora não é hora para exploração e aventura.

— Droga, eu não te impedi. Talvez a sombra de Krismona esteja na caverna de cogumelos. — Jenna, sentindo-se sufocada desde que entrou no quarto nível das catacumbas, desabafou seu desconforto com linguagem grosseira, como se estivesse confinada em um espaço que a oprimia.

Franca estava prestes a responder quando sua atenção se fixou em uma pessoa parada na esquina à frente.

Vestida com uma túnica branca simples e sem adornos, a pessoa ostentava cabelos pretos e lisos, feições faciais requintadas e uma aura sagrada. Sua beleza transcendia os arredores de escuridão, silêncio e sujeira, como se ela tivesse emergido das profundezas da imaginação humana,

“Krismona!” O nome ressoou simultaneamente nas mentes de Franca e Jenna.

Elas de fato tropeçaram em uma sombra suspeita de ser uma Beyonder de Alta Sequência — a Demônia, Krismona!

Recuperando a compostura, Jenna olhou nos olhos da pessoa e tentou falar no antigo Hermes: — Olá.

A beleza da mulher era sobrenatural, cativando a atenção de todos. Um leve sorriso enfeitava os cantos de sua boca.

Seu encanto foi totalmente liberado.

Encantadas por aquele sorriso, Jenna e Franca se viram perdidas, suas mentes fixadas em um pensamento singular: “Aproxime-se dela, aproxime-se dela…”

Como mariposas atraídas pela chama, plenamente conscientes dos perigos que espreitavam em sua beleza, mas compelidas a se aproximar.

Um passo, dois passos, três passos… As duas Demônias, com os olhos cheios de fascinação, avançaram em direção à mulher de simples túnica branca.

Enquanto caminhavam, Jenna não conseguiu evitar suspirar instintivamente e sentir uma sensação de pena.

“Por que ela suspirou se ela tem um sorriso tão lindo?”

“Ela havia encontrado algo triste?”

“Suspirou…”

Jenna saiu do seu torpor, percebendo que a mulher de túnica branca talvez não fosse a mesma que Krismona, que havia suspirado e as protegido. No mínimo, ela não era inteiramente a mesma!

Sua visão clareou instantaneamente, revelando o cabelo preto e macio da bela figura ondulando. Cada fio havia se tornado anormalmente grosso, e o topo havia se partido, parecendo uma cobra abrindo a boca.

A boca da cobra preta estava voltada para Jenna e Franca, aparentemente pronta para a abordagem.

O coração de Jenna deu um pulo. Ela rapidamente agarrou Franca e sussurrou: — Algo está errado!

Franca, inicialmente surpresa, lutou por alguns segundos antes de se libertar do encantamento.

Parando repentinamente, elas observaram a figura sagrada no manto branco olhando fixamente por um momento antes de se bifurcar em uma forquilha e desaparecer na escuridão.

Ufa… Franca exalou, seu medo persistia enquanto ela comentava: — Por que não há uma regra nas diretrizes das catacumbas que proíba a comunicação com aqueles que não seguram velas?

— Talvez humanos comuns, se entrarem no quarto nível, sejam afetados pelo ambiente, incapazes de suprimir seu medo e saindo rapidamente sem encontrar essas sombras — Jenna ofereceu uma explicação.

Franca olhou para ela com frustração e disse: — Você conseguiu se libertar do encanto do fantasma antes de mim.

Jenna relatou os pensamentos que passaram pela sua mente recentemente.

— Mas também ouvi o suspiro e as palavras de Krismona na Trier da Quarta Época… — Franca levantou a mão direita e tocou o rosto. — Será que realmente me apaixono mais facilmente pela beleza?

Nesse momento, uma repentina perplexidade tomou conta dela.

— Na verdade, sempre achei estranho que o Pilar da Noite de Krismona esteja nas catacumbas.

— Quanto aos outros dois pilares, um pertence à antiga papa da Igreja da Noite Eterna, Marianne, e o outro tem o nome do antigo Abençoado da Morte, Lius. O último é o Cônsul da Morte, que é muito compatível com as catacumbas. O primeiro deve estar no caminho vizinho da Morte. Em outras palavras, eles estão intimamente relacionados à morte, ao lar e aos mortos. Krismona é a Demônia da Catástrofe, claramente distinta deles.

— Eu posso entender por que havia um pilar gigante representando Krismona na Trier da Quarta Época. Isso porque há um mundo espelhado especial lá. Ele contém o poder divino da Demônia Primordial deixado para trás durante a Guerra dos Quatro Imperadores. No entanto, por que o Pilar da Noite de Krismona foi incluído na construção das catacumbas? Naquela época, um Anjo que seguiu o Imperador do Sangue pereceu. Por que tinha que ser Ela?

Jenna balançou a cabeça lentamente e redirecionou seu olhar para o local onde a pessoa sagrada havia desaparecido.

Ela tentou caminhar um pouco naquela direção e de repente percebeu que o local onde a mulher vestida de branco estava era um túmulo antigo.

Ao contrário dos outros túmulos no quarto nível, a porta do túmulo estava aberta.

Depois de sair da Rue Aquina, onde ficava o Motel Solow, Lumian encontrou um beco vazio e casualmente jogou o brinco Mentira para Lugano.

— Encontre alguém habilidoso em criar identidades falsas. Mude sua aparência e não use seu visual atual. — Lumian gesticulou em direção à cafeteria diagonalmente oposta. — Estarei esperando por você lá.

— Sim, chefe. — Lugano não demonstrou nenhum sinal de preocupação.

Apesar de não conhecer a cidade, ele tinha vários conhecidos morando aqui.

Além disso, ele era fluente em escocês.

Enquanto Lumian observava o guia-tradutor completando seu disfarce, devolvendo Mentira e seguindo em direção à Rue des Bars, ele levou Ludwig para a cafeteria, onde cada mesa estava adornada com um buquê de flores.

O sol brilhava forte, deixando os transeuntes um tanto lânguidos.

Imperturbável, Lumian, armado com seu conhecimento limitado das palavras e gestos dos nativos, pediu com sucesso duas xícaras de café Torres com leite, um pastel de gema de Papai Noel com creme moldado em forma de torre, leitão assado e pato cozido em suco de pêra.

Ludwig ficou satisfeito.

Bebendo seu café, Lumian examinou a cafeteria. Ele notou que as seis ou sete mesas estavam ocupadas principalmente por casais na faixa dos vinte anos, em encontros. Havia apenas um casal de meia-idade.

Com a audição aguçada de Lumian, não foi desafiador para ele captar trechos de conversas em mesas próximas, mesmo que ele não compreendesse a maioria delas. Apenas algumas palavras se destacaram.

— Oceano… Reze… Indo a bordo… Ilha…

“Será que eles estariam discutindo o ritual de oração do mar no mês que vem?” Lumian refletiu, mudando o olhar para fora da janela.

Na rua, dois jovens com longas espadas nas costas se envolveram em uma discussão acalorada por algum motivo. Sacando suas espadas no local, eles pareciam prontos para um duelo.

Vol. 5 Cap. 538 Origens Históricas

Clang! Clang! Clang!

Mesmo através da janela de vidro, Lumian ouviu o choque das espadas de dois rapazes lá fora.

Ele não conseguiu deixar de levantar as sobrancelhas.

“Eles estão realmente brigando?”

Embora os duelos fossem populares em Trier, era raro que eles empunhassem armas sem as formalidades. Normalmente, eles passavam por todo o processo: determinavam o tipo de duelo — armas brancas ou revólveres — assinavam um contrato, encontravam uma testemunha reconhecida e então pegavam armas emprestadas na recepção da cafeteria ou no balcão do bar. Somente esses duelos eram legais, evitando a intervenção policial.

Mas empunhar uma espada longa ao menor desacordo era um prelúdio para um tumulto ou uma vingança da multidão. Essas armas letais raramente apareciam em lutas reais.

“Porto Santa, ou melhor, a segurança do Reino Feynapotter é tão ruim assim?” Lumian ficou surpreso com isso.

Do Pássaro Voador ao Motel Solow, ele notou a propensão dos moradores locais em portar lâminas e espadas, lembrando cenas de romances clássicos.

Na verdade, era legal!

Em uma colônia marítima como Porto Farim, carregar tais itens abertamente era algo inédito. Até mesmo uma adaga tinha que ser escondida.

Para ele, porém, essa era uma vantagem bem-vinda.

Fascinado, Lumian observou a luta desesperada entre os dois rapazes pela janela, ocasionalmente comentando sobre suas técnicas de combate em sua mente.

De repente, um grupo de pessoas veio correndo da rua.

Todas mulheres, elas usavam chapéus de pano preto com padrões brancos, forro preto e armadura de couro marrom. Mantos escuros adornados com duas espadas cruzadas e revólveres de latão amarrados em suas cinturas completavam seus trajes.

A mulher que liderava o grupo parecia ter quase trinta anos, cabelos pretos, grossos e naturalmente cacheados, sobrancelhas grossas, olhos grandes e lábios vermelhos e carnudos. Muito bonita.

Com mais de 1,7 metros de altura, ela sacou uma espada reta das costas e gritou para os dois homens brigando na rua com uma expressão fria.

Lumian só entendeu a palavra “pare”.

Os dois rapazes realmente cessaram suas ações, ficando na rua e aceitando a reprimenda do grupo de mulheres, enquanto seu comportamento imponente desaparecia.

Depois de alguns minutos, eles saíram separadamente com suas espadas, sem serem apreendidos.

Lumian tomou um gole de seu café Torres, perplexo com a situação.

A barreira da língua se mostrou bastante problemática.

Depois que Ludwig terminou de comer a comida na mesa em uma velocidade controlada, Lugano, agora com um rosto normal, retornou.

Lumian não tinha pressa em perguntar se ele havia encontrado um comerciante do mercado negro que pudesse criar identidades falsas. Ele perguntou casualmente: — É legal possuir armas brancas em Porto Santa?

Lugano abaixou seu chapéu preto de aba redonda e baixou o tom de voz.

— Isso mesmo. É um costume local. O governo do Reino Feynapotter respeita essa tradição. Além disso, é uma coisa boa para eles terem mais pessoas morrendo na Província de Gaia.

— Por quê? — Lumian perguntou com interesse.

Lugano cobriu o rosto com a mão, como se tivesse medo de ser seguido.

Observando isso, Lumian jogou-lhe o brinco Mentira.

Lugano correu para o banheiro e voltou à sua aparência original, embora suas feições faciais tenham se tornado mais refinadas.

Só então ele relaxou e explicou: — Você já ouviu falar da Batalha do Juramento Violado?

Lumian, moldado pela educação rigorosa de Aurore, respondeu instintivamente: — A Batalha do Juramento Violado que começou na Quinta Época em 738? Aquela em que Lenburg, Masin, Segar e outros pequenos países do centro-sul foram separados do norte do Reino de Feynapotter, e a Igreja do Deus do Conhecimento e da Sabedoria se separou da Igreja da Mãe Terra?

Lugano ficou surpreso.

— Sim.

Ele só tinha uma ideia aproximada. A outra parte tinha realmente revelado o ano exato e o resultado final.

Depois de alguns segundos, Lugano baixou a voz e disse: — Durante a Batalha do Juramento Violado, toda a Província de Gaia, especialmente aquelas próximas à cordilheira de Dariège, tentaram obter independência, mas falharam.

— Mais tarde, para se proteger dos nativos, apesar das minas de ferro e carvão de alta qualidade logo ao sul das Montanhas Dariège, o Reino Feynapotter só montou fábricas de fundição e nenhuma fábrica de armas. Não havia um único nativo nas tropas estacionadas aqui; todos foram designados para outros lugares.

— Houve uma crença generalizada no Deus do Conhecimento e da Sabedoria aqui? — Lumian não pôde deixar de olhar para Ludwig, que estava saboreando a sobremesa.

A chave para a independência de Lenburg, Masin, Segar e outros países da região centro-sul foi sua fé predominante no Deus do Conhecimento e da Sabedoria, não na Mãe Terra.

— Não sei, — Lugano balançou a cabeça honestamente.

Sem se deixar intimidar, ele continuou com o assunto em questão.

— Você já deve saber que a antiga Província de Gaia era composta principalmente por quatro tipos de pessoas. Primeiro, fazendeiros. Segundo, pescadores de lugares como Porto Santa. Terceiro, moradores das montanhas que dependiam de minerais e caça para sobreviver. Quarto, os pastores com os quais você está familiarizado. Os últimos três são ferozes, empunhando espadas destemidamente em conflitos.

Lumian assentiu.

Esse foi realmente o caso.

Sejam pescadores, moradores das montanhas ou pastores, todos viviam em relativa pobreza. Eles lutavam contra a crueldade da natureza e enfrentavam vários perigos além dos assentamentos humanos. Eles até tinham que ser cautelosos com aqueles entre eles com más intenções. Espadas e lâminas eram necessidades, não ornamentos.

Lumian tinha ouvido em primeira mão dos pastores migrantes sobre ataques de matilhas de lobos e a brutalidade de bandidos. Isso deixou uma profunda impressão nele.

Lugano engoliu a limonada que tinha acabado de pedir e suspirou aliviado.

— Uma das três ordens de combate da Mãe Terra está estacionada permanentemente na Província de Gaia. Eles nos protegem no norte e em Lenburg no nordeste. Simultaneamente, eles visam monitorar os locais.

— Heh heh, encontrar freiras combatentes na Província de Gaia e Porto Santa não é incomum. Seus comportamentos diferem de outras mulheres…

A expressão de Lugano mudou para uma de lazer e fascinação.

“O time agora eram as freiras combatentes que mantêm a ordem?” Lumian percebeu.

Ele provocou Lugano com um sorriso: — Elas são freiras.

Lugano sorriu enigmaticamente e comentou: — As freiras da Igreja Mãe Terra não fazem votos de castidade. Em vez disso, elas prometem ter o máximo de filhos possível antes de uma certa idade. Se elas estiverem interessadas em você, serão bem proativas. Às vezes, elas podem até forçar um pouco. Os jovens aqui adoram mostrar sua bravura na frente dessas freiras. A coragem delas pode chamar a atenção de alguém.

“Prometer ter vários filhos antes de uma certa idade… Parece peculiar, alinhado com os ensinamentos da Mãe Terra, mas reminiscente de outra Mãe. Costumes locais, envolvimento governamental, doutrinas religiosas e comportamentos primitivos de cortejo estão todos entrelaçados no folclore deste lugar onde armas frias governam as ruas.” Lumian não esperava tamanha complexidade por trás de um assunto aparentemente trivial.

Pensando bem, foi bastante intrigante.

Naquele momento, Lumian de repente entendeu as palavras de Aurore do passado.

“Se eu retornar à universidade sem as pressões da vida, estudarei história.”

Fuuuu… Lumian exalou lentamente e se virou para Lugano: — Algum progresso?

Lugano, ainda perdido em pensamentos sobre freiras combatentes, foi pego de surpresa e lutou para sair de seu devaneio.

— Vocês, Intisianos… — Lumian estalou a língua.

Só então Lugano entendeu a pergunta. Ele sorriu timidamente e disse:

— Eu fiz algumas. Encontrei um comerciante bem relacionado no mercado negro que pode ajudar.

— Você gostaria de conhecê-lo? Ele também é descendente de Dariège.

— Claro. — Lumian terminou seu café e se levantou.

Trier, quarto nível das catacumbas.

Jenna e Franca seguravam cada uma uma vela branca acesa, os olhos fixos na antiga tumba que estava aberta, hesitantes em avançar.

Ninguém sabia o que estava enterrado lá dentro, e o medo de algo aterrorizante emergir pairava no ar.

No mundo exterior, as duas Demônias podiam empregar adivinhação para discernir a situação. No entanto, nas catacumbas, estabelecer uma conexão próxima com o mundo espiritual comum era quase impossível. O resultado era evidente.

Afinal, Lumian não podia entrar através da Travessia do Mundo Espiritual, mas ele podia “teletransportar-se” dentro de seus limites.

Após uma breve pausa, Franca passou sua Substituição de Espelho para Jenna e deu um passo à frente com determinação solene. Confiando em sua premonição espiritual, ela se aproximou cautelosamente da tumba antiga.

À medida que se aproximavam, a fraca luz amarela das velas revelou uma pilha de ossos branco-claros na área de entrada, adornados com manchas de mofo verde-escuras.

Franca ergueu a vela branca, lançando sua luz nas profundezas do túmulo.

Esqueletos jaziam espalhados em desordem, ocupando cada centímetro do chão. No centro, um sarcófago inclinado revelava uma multidão de ossos em decomposição.

Franca hesitou por um momento antes de declarar: — Não parece perigoso.

Só então Jenna se aproximou, devolvendo a Substituição de Espelho.

Franca continuou sua observação e comentou: — Nada de valor também.

Gemas e outros itens estavam ausentes entre os artigos funerários, provavelmente perdidos durante a construção das catacumbas e a abertura dessas tumbas antigas. Todo o resto havia se deteriorado ou quebrado. Até mesmo os murais nas paredes tinham apenas leves traços.

Jenna observou por um tempo e disse, incerta: — E a área onde esses ossos estão?

— Deixe-me dar uma olhada. — Franca se aproximou, permitindo que a seda invisível da aranha se espalhasse e se entrelaçasse nos ossos branco-claros na entrada, auxiliando em seu movimento.

De repente, um fragmento irregular de espelho, aparentemente coberto de tinta preta, materializou-se nas chamas.

Os olhos de Jenna e Franca se estreitaram.

Tinha uma semelhança impressionante com o Fragmento do Mundo Espelhado que elas obtiveram na Trier da Quarta Época!

— Uma Pessoa Espelhada especial morreu aqui uma vez? —  Franca refletiu. — A sombra de Krismona apareceu aqui para nos informar? Mas por que Ela nos atacou?

Jenna compartilhou a perplexidade. Após um momento de reflexão, ela disse: — Por que a Pessoa Espelhada especial morreu aqui? Quem é o dono desta tumba? Ou melhor, a qual família antiga ela pertence?

Franca olhou fixamente por um momento antes de concordar solenemente.

— Essa pode ser nossa próxima investigação.

Não encontrando anomalias, a dupla guardou o fragmento do espelho. Utilizando a seda de aranha sem forma da Demônia do Prazer, elas meticulosamente vasculharam a tumba inteira, mas não encontraram nada que identificasse o dono da tumba.

Franca suspirou e disse: — Bem, nós vamos desvendar isso quando voltarmos. Vamos adquirir um antigo coletor de lágrimas para o empregador agora.

Vol. 5 Cap. 539 Informações sobre o Ritual de Oração do Mar

Em Porto Santa, dentro de uma sala com uma mesa de jogo solitária,

Lumian e Lugano, com suas aparências e trajes alterados, encontraram o comerciante do mercado negro que afirmava ser descendente de Dariège.

Sentado à cabeceira da mesa, ele vestia uma camisa branca e um colete preto, uma taça de vinho branco de cor malte claro na ponta dos dedos e um charuto queimando lentamente entre eles.

Ele personificava a herança da região de Dariège com órbitas oculares ligeiramente afundadas, cabelo preto ligeiramente cacheado e olhos azuis penetrantes que lembravam um céu sem nuvens sobre uma montanha imponente. Suas bochechas finas e barba por fazer espessa sugeriam um homem na casa dos trinta.

— Boa tarde, Sr. Valério — cumprimentou Lugano em escocês.

Valério, lançando um olhar para seus guarda-costas armados, respondeu com um sorriso em intisiano, temperado com um distinto sotaque de Dariège.

— Faz muito tempo que não volto para casa. É um prazer ver você.

— De fato, Sr. Valério — Lumian respondeu em intisiano, sua voz também com um sotaque de Dariège.

Embora os pastores se destacassem em lidar com os perigos da natureza, persistia uma desconfiança inerente às autoridades em áreas ocupadas por humanos.

Valério assentiu sutilmente e perguntou: — Você veio de Larnaca?

— Sim, acabei de ir à feira de lá — respondeu Lumian suavemente.

Tendo aprendido sobre Larnaca com os pastores em Cordu, Lumian estava bem ciente da feira comercial mensal que transformava os subúrbios em um mercado movimentado. Pastores de longe e de perto acorriam ao evento, aproveitando as oportunidades para negociar cordeiro, lã, queijo e outros produtos.

Valério então se aprofundou no tópico da migração e do folclore de Dariège. Lumian, bem versado no assunto da perspectiva de um pastor, forneceu respostas perspicazes.

No meio da conversa, ele se sentiu um pouco desorientado. Lembranças das ameaças ocasionais de sua irmã ecoavam em sua mente: — Se você não estudar bastante, eu te mando para ser um pastor!

Agora, a ironia é que ele se viu desempenhando o papel de um pastor.

Depois de algum tempo, Valério assentiu satisfeito e deu uma tragada em seu charuto.

— Você é bem sábio. Pastar nos subúrbios não requer identificação, mas se estabelecer na cidade requer. Vou conseguir dois conjuntos para você o mais rápido possível. No futuro, se você encontrar alguma dificuldade, pode vir até mim. Posso não ser de muita ajuda, mas ter mais uma pessoa lhe dará mais ideias. Somos todos de Dariège, então naturalmente temos que dar apoio uns aos outros.

Lumian não ficou surpreso com o entusiasmo do comerciante do mercado negro.

Unir o povo de uma terra natal criaria uma força explorável que não poderia ser ignorada!

Era uma reminiscência do Savoie Mob. No começo, os pioneiros, a maioria de Savoie trabalhando como operários e atendentes, abriram caminho para os chefões da Câmara de Comércio de Savoie. Eles expandiram as operações, salvaguardaram ativos e contribuíram imensamente.

Quanto a quantos savoianos poderiam acabar vivendo uma vida desonesta ou morrer nas ruas, os comerciantes ricos faziam vista grossa.

Lumian aplicou as técnicas de atuação aprendidas com Jenna e a orientação de Anthony Reid para elogiar o caráter nobre de Valério.

Com um sorriso, Valério ofereceu um conselho.

— Se você quer sobreviver aqui, é melhor se converter à Mãe Terra o mais rápido possível. Encontre uma boa moça para se casar e tenha alguns filhos o mais rápido possível. Só então você evitará problemas ocultos.

“Insistir em casamento e ter filhos é uma tradição no Reino de Feynapotter?” Lumian criticou e sorriu amargamente.

— Sem moedas de cobre, não haverá boas meninas.

Este provérbio de Dariège ecoou na sala, significando a dificuldade dos pobres, especialmente pastores, em atrair belas mulheres e constituir família.

— Aqui é Feynapotter, não Dariège, — Valério comentou, tomando um gole de seu vinho branco. — As boas damas aqui valorizam corpos robustos e bravura. O dinheiro pode esperar depois que você se casar.

Perplexo, Lumian questionou: — Por quê?

— Homens assim são mais adequados para reprodução, e eles possuem a habilidade de engravidar boas damas, — Valério explicou com um sorriso. — Este lugar é diferente de Dariège. A essência de muitas coisas está na fertilidade e reprodução. Somente entendendo isso você pode realmente entender Feynapotter e louvar a mãe de todas as coisas!

O comerciante do mercado negro se levantou, abrindo ligeiramente os pés e levantando as mãos bem alto.

“Não é de se espantar que Feynapotter esteja repleta de pessoas no Continente Norte. Sem seu talento para melhoria de terras e cultivo de alimentos, sustentar tal população seria impossível.” Os pensamentos de Lumian corriam enquanto ele sondava,

— Sr. Valério, ouvi dizer que há um ritual de oração do mar no mês que vem. Alguma chance de ganhar algum dinheiro?

— Sim — Valério respondeu, sentando-se. — Porto Santa fica relativamente quente em novembro. Quando meu avô veio pela primeira vez, ele alugou uma caixa de madeira para armazenar picolés, juntou uma pilha de gelo da fábrica e cobriu. Então, ele entrou na multidão, vendendo picolés e cubos de gelo, ganhando seu primeiro balde de ouro. Você ainda pode fazer isso agora, mas a competição é mais acirrada. Você pode até precisar alugar uma bicicleta para uma caixa térmica de madeira maior para ir a mais locais de rituais.

— Muitos locais de rituais? — Lumian perguntou.

Valério respondeu com um sorriso: — Este é um grande evento para todo o Porto Santa. Diferentes processos acontecem em vários lugares. Há a Dança do Mar no porto, um desfile de barcos de flores pela cidade, uma corrida de barcos marítimos, o ritual de vigília na Vila Milo e o principal sacrifício do mar.

— O que é o sacrifício do mar? — Lumian perguntou curiosamente.

Valério balançou a cabeça lentamente.

— Não sei os detalhes. Tudo o que sei é que o Governador do Mar e as Donzelas do Mar embarcam em um barco especial, vão para uma certa área além do porto com sacrifícios de pescadores e mercadores do mar, e realizam um ritual único. O processo detalhado é conhecido apenas por aqueles que estiveram lá.

— O Governador do Mar, as Donzelas do Mar? — Lumian continuou escolhendo palavras-chave.

Isso se alinhava perfeitamente com a situação de um pastor de Dariège que tinha acabado de chegar a Porto Santa.

Valério sorriu e disse: — A parte crucial do Ritual de Oração do Mar é selecionar um homem como Governador do Mar e quatro meninas como Donzelas do Mar. Elas liderarão um desfile pela cidade em um barco de flores antes de embarcar em um barco de pesca especial no porto. Navegando durante a Dança do Mar, elas sinalizam o início da corrida. Mais tarde, elas circundam o porto, entrando na mais antiga vila de pescadores local, Milo, por uma noite.

— Às 7 da manhã do dia seguinte, eles embarcam novamente no barco e seguem para o local de sacrifícios no mar com as oferendas.

“O Governador do Mar escolhido e as Donzelas do Mar… Um ritual de oração do mar com múltiplos segmentos…” Lumian repetiu as partes principais interiormente.

De repente, seu coração disparou quando ele fez uma conexão.

Isso era muito parecido com a celebração da Quaresma nas montanhas Dariège e com o Duende da Primavera!

Embora, na realidade, a celebração da Quaresma não envolvesse a cabeça de Ava sendo cortada ou respingos de sangue, a cena do sonho deixou uma profunda impressão em Lumian. Ele instintivamente associou a celebração da Quaresma a algo sinistro e aterrorizante.

O ritual de oração do mar aqui não se assemelha à celebração da Quaresma?

Pensando bem, Lumian sentiu que a semelhança não explicava o problema.

Esse era um processo comum no misticismo: a criação de um símbolo específico para representar o alvo do sacrifício para atingir o efeito desejado.

Isso era evidente em muitos rituais folclóricos.

— Como o Governador do Mar e as Donzelas do Mar são escolhidos? — Lumian perguntou curiosamente.

“Será que, assim como os Elfos da Primavera, eles são eleitos por todos os moradores de Porto Santa?”

“Alguém poderia ganhar uma alta reputação e desfrutar de benefícios ocultos após o ritual?”

Valério deu outra tragada em seu charuto.

— Eles são escolhidos pelos membros do comitê da Guilda dos Pescadores, a guilda mais antiga de Porto Santa. Eles mantêm os critérios específicos e o voto em segredo. Nem os membros oficiais sabem.

Com isso, o comerciante do mercado negro sorriu.

— Eu também pretendo me tornar o Governador do Mar. Dizem que isso vem com muitas vantagens, mas ninguém conta os detalhes.

— Como se saíram os Governadores do Mar anteriores? — Lumian estava mais preocupado com esse assunto.

Valério ficou surpreso. Ele pensou por um momento antes de balançar a cabeça.

— Eu não tenho certeza.

— Cada Governador do Mar serve apenas um mandato de um ano. Uma vez que eles deixam o cargo, parecem ser realocados. De qualquer forma, eles não podem ficar em Porto Santa para evitar conflitos com o novo Governador. Heh heh, eles certamente recebem uma compensação pesada e podem trazer suas famílias.

“Realocados? Eles foram realmente realocados, ou enfrentaram outra coisa?” Lumian, extraindo experiências passadas, não conseguiu deixar de pensar em algo sinistro e terrível diante de um folclore tão ritualístico.

Em relação às experiências subsequentes do Governador do Mar durante o ritual de oração do mar, tudo soou peculiar.

Lumian pensou por um momento e, adotando o tom adequado ao seu disfarce atual, perguntou: — E as Donzelas do Mar?

— Elas são um sucesso entre mercadores do mar, acionistas de empresas de pesca, pescadores e marinheiros. Todos querem se casar com as Donzelas do Mar, um símbolo da bênção do mar. Explore várias vilas de pescadores, a Guilda dos Pescadores e as casas de mercadores do mar, e você encontrará muitas avós influentes que já foram Donzelas do Mar. — O rosto de Valério transbordou de inveja, como se ele também abrigasse sonhos de se casar com uma Donzela do Mar e se tornar um verdadeiro mercador do mar.

“Isso reflete os benefícios ocultos de ser uma Elfa da Primavera…” Lumian reprimiu a vontade de levantar a mão direita e acariciar o queixo.

Sabendo quando parar, ele se absteve de pressionar mais. Após depositar 50 risot de ouro, ele saiu do cassino ilegal de Valério com Lugano.

Ludwig não veio com eles. Em vez disso, ele foi colocado em um restaurante familiar próximo, equipado com um centro de entretenimento infantil, supervisionado por cuidadores especializados e uma refeição fornecida.

Em Feynapotter, inúmeras indústrias apoiavam os pais na criação dos filhos e no alívio do estresse. Intis e outros países não tinham tais instalações e, mesmo que existissem, eram acessíveis apenas à elite.

Trier, catacumbas.

Franca e Jenna desceram para o terceiro nível com suas velas brancas tremeluzentes.

Sentindo-se um pouco menos sufocada, Franca virou a cabeça e perguntou: — Qual é o nome do túmulo que estamos procurando?

Jenna não hesitou e respondeu: — A Tumba dos Espinhos e da Muralha de Escudos.

Vol. 5 Cap. 540 Administrador Fiduciário

Pa! Franca rapidamente chutou o osso da mão que tentava bloquear seu caminho, evitando habilmente tropeçar.

— Você não está cansada disso? Não pode tentar algo diferente? — ela xingou, virando a cabeça para inspecionar a placa de trânsito ao seu lado.

Isso indicava que elas finalmente haviam chegado ao seu destino.

Cada nível das catacumbas se espalhava vastamente, evidente pela quantidade de ossos. As placas de trânsito em cada placa só podiam exibir sete ou oito nomes icônicos e tumbas próximas. Franca e Jenna confiaram em retornar à pequena praça de sacrifício e começar de novo para localizar a Tumba dos Espinhos e da Muralha de Escudos. Nota: 1

Ao contrário da tumba do quarto nível, praticamente fechada e sem cadáveres e ossos ao longo do caminho, este lugar estava coberto de ossos espalhados e itens em decomposição, emitindo um fedor fraco e desconfortável.

Jenna olhou para a pilha de ossos do lado de fora e observou algumas finas placas de metal incrustadas na parede da tumba. Suas superfícies estavam borradas, mostrando sinais de corrosão severa. Apenas a parede de escudos e o símbolo do espinho podiam ser vagamente discernidos. Se havia outros padrões permanecia impossível dizer.

— Não é de se admirar que seja chamada de Tumba dos Espinhos e da Muralha de Escudos. — Franca suspirou.

Simultaneamente, iluminada pela fraca luz amarela das velas, ela notou itens dispostos em uma ranhura na parede interna da tumba. Alguns eram feitos de madeira, desgastados e deteriorados, enquanto outros eram de vidro e porcelana, na forma de fragmentos. O único item intacto era uma garrafa de vidro, sua superfície incrustada com padrões esculpidos que lembravam ouro e adornada com uma tampa dourada única. Talvez devido à proteção do metal, a garrafa de vidro não se quebrou, mas parecia turva e menos transparente.

— É primoroso, quase como arte — Franca comentou, intrigada. — Por que os trabalhadores da catacumba não roubaram?

Parecia muito valioso!

— Talvez tenha sido colocado nesta tumba depois que as catacumbas foram concluídas — especulou Jenna.

As duas Demônias não se demoraram no assunto. Jenna pegou uma das Substituições de Espelho e entregou para Franca.

Com um salto rápido, Franca saltou sobre os esqueletos aparentemente silenciosos, mas perigosos, pousando graciosamente na entrada da Tumba dos Espinhos e da Muralha de Escudos.

Depois de confirmar o ambiente e não receber nenhum aviso de sua espiritualidade, Jenna se aproximou cautelosamente da ranhura na parede lateral no chão, evitando os ossos branco-claros.

Instintivamente, ela estendeu a mão direita, mas a retirou. Um velho lenço do bolso foi produzido, protegendo sua palma do contato direto com o antigo coletor de lágrimas.

As lágrimas no coletor de lágrimas já haviam secado há muito tempo.

Jenna examinou o coletor de lágrimas por um momento antes de guardá-lo. Ela refez seus passos e pulou para o lado de Franca.

— Você concluiu a tarefa tão facilmente? — ela sussurrou, incerta.

Era um contraste gritante com o desaparecimento do porteiro do Claustro do Vale Profundo que ela havia aceitado anteriormente.

Franca zombou e respondeu: — Que tipo de dificuldade você quer para uma comissão de 1.000 verl d’or?

Jenna resumiu sua experiência seriamente: — É verdade. O desafio está em entender os perigos ocultos no terceiro nível da tumba.

Motel Solow.

Enquanto Lumian, voltando a Louis Berry, entrava no salão de entrada, seu olhar caiu sobre uma cena vibrante. Uma jovem garota de cabelos castanhos, vestida com um vestido vermelho adornado com padrões pretos, balançava graciosamente em um canto. De vez em quando, ela parava para refinar seus movimentos de dança.

Os pensamentos de Lumian correram enquanto ele se aproximava da recepção. Aproveitando a oportunidade, ele perguntou: — O que ela está fazendo?

Desta vez, ele falou em intisiano.

O chefe grisalho, com as maçãs do rosto marcadas com marcas de queimadura de sol, pareceu surpreso. Respondendo em intisiano com sotaque de Dariège, ele explicou: — Ela é minha neta, Isabella. Ela está praticando a Dança do Mar para a apresentação do mês que vem.

— Dança do Mar… Dança do Mar para o ritual de oração do mar? — Lumian não havia previsto essa revelação. Instintivamente, ele sorriu e comentou: — Isso deixaria muitas garotas com inveja, não é?

O chefe sorriu.

— Isso não é como se tornar uma Donzela do Mar. Poucas pessoas ficarão com inveja, mas participar da apresentação da Dança do Mar pode realmente deixá-la orgulhosa e feliz por um longo tempo.

Quando Lumian sinalizou para Lugano guiar Ludwig de volta ao quarto, ele perguntou casualmente ao chefe: — Você veio de Dariège?

— Isso mesmo. Eu sou um Guillaume — disse o chefe com um sorriso autodepreciativo. — Otta Guillaume. Quando vi sua identificação esta manhã, pensei em cumprimentá-lo em intisiano, mas desisti no final. Você sabe, os intisianos não são o melhor grupo. Mesmo entre meus companheiros aldeões, me deparei com alguns com moral questionável.

— Há quanto tempo você está em Porto Santa? — Lumian perguntou com interesse genuíno, apoiando o cotovelo direito na mesa da recepção.

Sr. Otta ponderou seriamente.

— Quarenta anos, eu acho. Provavelmente quarenta anos. Naquela época, eu era assistente em uma caravana. Conheci minha esposa aqui e decidi ficar. Heh heh, ela agora é uma velha chata. Sempre reclamando sobre como me vestir quando fica frio ou me lembrando de ir para casa para jantar, deixando o motel para os assistentes. Ela administra tudo tão bem que não preciso me preocupar. Quão ótimo é isso? É raro encontrar uma mulher assim em Dariège.

Lumian suportou as divagações de Sr. Otta por um tempo antes de ir direto ao ponto.

— Fui convidado por um amigo para Porto Santa para testemunhar o ritual de oração do mar.

— Está bem animado. O porto inteiro estará em euforia — elogiou Sr. Otta sem hesitação.

Lumian lançou um olhar para Isabella, ainda absorta em sua prática, e comentou casualmente: — Ouvi dizer que houve um acidente no ritual de oração do mar do ano passado?

— Não? — Sr. Otta respondeu com uma expressão confusa. — Eu assisti ao desfile de barcos de flores, à corrida de barcos e à Dança do Mar. Não houve acidentes.

Franzindo a testa, ele mergulhou em pensamentos profundos.

— No entanto, Sandro mencionou que o número de naufrágios aumentou significativamente este ano. Encontramos mais piratas, e nossos ganhos com pesca não foram tão bons quanto os do ano passado… Houve realmente um acidente no ritual de oração do mar do ano passado? Foi o ritual de vigília ou o sacrifício do mar? Os velhos da Guilda dos Pescadores esconderam o problema?

— Quem é Sandro? — Lumian pressionou.

Sr. Otta sorriu novamente.

— É meu filho, o pai de Isabella. Ele trabalha como escriturário no governo, e sua esposa é professora na escola primária.

“O ritual de oração do mar de Porto Santa é realmente eficaz? Seu poder de proteção diminuiu depois da brincadeira da Reunião da Mentira?” A mente de Lumian brilhou com as informações que ele havia reunido antes.

Dos três membros periféricos da Reunião da Mentira envolvidos na brincadeira, um viajou para Torres, capital da Província de Gaia, para personalizar um anel de ouro exclusivo. Outro lidou com o suborno da Guilda dos Pescadores, enviando o cordeiro junto com o anel de ouro como uma oferenda ao navio especialmente preparado para o sacrifício do mar. O terceiro, disfarçado de repórter, seguiu os membros do comitê da Guilda dos Pescadores, observando e documentando suas reações.

A mistura de choque, terror e raiva dos idosos ao receber a notícia foi uma fonte de alegria duradoura para os participantes da Reunião da Mentira.

Depois de buscar mais detalhes sobre o ritual de oração do mar, Lumian se despediu do Velho Otta e subiu para sua suíte no andar de cima.

Às 16h em Trier, Quartier de l’Observatoire, perto da Place du Purgatoire.

Depois de vestir um manto preto com capuz e transformar seu rosto na persona dramática de Encantadora Diva, Jenna seguiu o feedback de seu contato e chegou a uma rua especializada em itens funerários.

A maioria dos triernenses que passavam por ali pareciam bem comuns, mas um punhado ostentava máscaras brancas, brandia foices e se adornava com túnicas pretas. Eles se passavam por mensageiros mortos-vivos do folclore, costurando caveiras brancas e outros elementos artísticos em seus ombros…

Graças à presença deles e à atmosfera única de Trier, Jenna, vestida como uma feiticeira com um capuz escondendo suas feições, se misturava perfeitamente ao ambiente.

Ela parou em um canto tranquilo e pegou o requintado coletor de lágrimas.

Não demorou muito para que alguém parecido com ela se aproximasse e, com voz grave, perguntasse: — Quanto custa esse coletor de lágrimas?

— 1.000 verl d’or — respondeu Jenna, com a excitação borbulhando.

Isto marcou sua primeira encomenda executada com sucesso.

— 1.001 verl d’or — rebateu o homem vestido de bruxo.

Após a conversa secreta, Jenna insistiu em cobrar apenas 1.000 verl d’or.

Após a confirmação mútua, ela entregou o coletor de lágrimas, recebeu a recompensa e partiu discretamente.

Com o coletor de lágrimas na mão, a figura encapuzada percorreu as ruas próximas, levando quase quinze minutos para retornar à Place du Purgatoire e se aproximar de um banco na beirada.

Um homem estava sentado ali, absorto em um jornal.

A pessoa encapuzada apresentou o requintado coletor de lágrimas, adornado com intrincados padrões dourados vazados, e sussurrou: — Concluí sua encomenda. Isso compensará o dinheiro que lhe devo?

A pessoa no banco abaixou o jornal, olhou para cima, revelando um funcionário com cabelo preto cacheado, olhos fundos e lábios grossos. Um monóculo de cristal adornava seu olho direito.

— Monsieur Monette? — a pessoa encapuzada pressionou em confirmação.

Monette aceitou o coletor de lágrimas, traçando gentilmente os padrões dourados com um sorriso lento nos lábios.

Motel Solow, suíte no quinto andar.

Lumian passou a tarde inteira dentro dos limites de seu quarto. Descansando em uma poltrona reclinável, ele balançava suavemente, absorto em seu estudo contínuo de escocês. De vez em quando, folheava livros de viagem detalhando os costumes do Reino Feynapotter.

À medida que a noite se aproximava, Lugano, que havia se aventurado a descer para conversar, retornou ao quarto de Lumian.

Inclinando-se, Lugano baixou a voz e disse: — Chefe, tem uma Madame procurando por você.

“Madame…” Lumian sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao ouvir esse termo, e os músculos de suas costas ficaram tensos.

Que “Madame” poderia ser essa?

Após uma breve pausa, Lumian percebeu que Lugano estava se referindo a uma Madame comum, não à “Madame” do mundo Beyonder.

— Qual Madame, e o que a traz aqui? — Lumian perguntou calmamente, sentando-se e se dirigindo ao seu tradutor.

Lugano balançou a cabeça e respondeu: — Ela não disse. Apenas mencionou ter algo para confiar ao renomado aventureiro, Louis Berry.

Lugano enfatizou o termo “aventureiro renomado”.


Nota do Tradutor:

[1] a tradução foi alterada pq eu pensava que era nome de pessoa… mas é titulo. Vou mudar no cap anterior.

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