Damn Reincarnation – Capítulo 123 - Anime Center BR

Damn Reincarnation – Capítulo 123

Capítulo 123: A Audiência (4)

 

O Doce Sonho da Bruxa.

Foi recomendado por Hera, da Torre Mágica Vermelha, como o melhor restaurante de sobremesas do Pentágono. Eles não aceitavam reservas, então sempre havia uma fila saindo pelas portas do restaurante, mas… Com status, fama e dinheiro, era simples derrubar a regra de não aceitar reservas e garantir uma mesa privada.

Eles foram rapidamente colocados perto de uma janela do terceiro andar que oferecia uma bela vista.

— É tão… Tão bonito! — Mer engasgou de espanto.

Os olhos de Mer brilharam como um céu estrelado enquanto ela olhava para todas as sobremesas coloridas colocadas à sua frente em diferentes pratos.

— E têm um gosto incrível! — Mer gritou ao dar sua primeira mordida.

Ela experimentou primeiro os macarons recheados com creme. O creme, que qualquer um poderia dizer que era doce só de olhar, tinha até gotas de chocolate, e a superfície lisa dos macarons era tão colorida que era difícil acreditar que fosse uma sobremesa.

Mer tremeu de prazer enquanto mastigava o macaron recheado.

— Ninguém vai tirar isso de você, então coma um pouco mais devagar. — Resmungou Eugene.

— Por que preciso comer mais devagar? — Mer argumentou. — Não vai ficar preso na minha garganta por mais que eu coma rápido, e também não vou passar mal.

No entanto, Mer ainda não podia fazer nada sobre o tamanho de sua boca. Não importava o quanto a pequena Mer abrisse suas mandíbulas, havia um limite para a quantidade de macaron que cabia dentro de sua boca.

Como tal, ela estava rapidamente mordendo, engolindo e mordendo novamente. Afinal, não existia isso de estar cheio para ela. Toda a comida que comia era decomposta em mana e desaparecia no momento em que passava pelo esôfago.

Mer sentiu uma profunda gratidão por seu corpo ter sido construído dessa maneira. Isso significava que ela poderia comer uma quantidade infinita de coisas deliciosas e doces, e também não ganharia peso.

Assim como ela estava contemplando alegremente a variedade de bolos colocados diante de seus olhos, a expressão de Mer de repente ficou fria.

— Pare com isso. — Mer exigiu. Sua mão, balançando tão ferozmente como se estivesse tentando matar uma mosca irritante, atingiu as costas da mão de Melkith. — Fui eu que mandei isso.

— Que mesquinha! — Melkith gritou, seus olhos se arregalando enquanto ela olhava para Mer.

— Não sou mesquinha. — Mer negou. — Mestre da Torre Branca, você é apenas uma convidada que não foi convidada. Sir Eugene e eu não lhe demos permissão para nos acompanhar. No entanto, você descaradamente e teimosamente insistiu em nos seguir até aqui e se sentou conosco.

— Eu sou a Mestra da Torre Branca, Melkith El-Hayah. — Ela declarou com orgulho. — Nesta terra de magos, não há nenhum lugar que eu não possa ir—

— Você realmente é sem vergonha. Acredita mesmo que sua posição como Mestra da Torre Branca pode apenas desculpar sua grosseria? Mesmo que tenha esse status, ou pelo menos pense que tem, isso ainda não é algo que você deva reivindicar para si mesma. — Mer cuspiu enquanto cortava um bolo de creme de chocolate com o garfo. — Claro, eu já sabia que a Mestra da Torre Branca era sem-vergonha desde vinte e oito anos atrás.

— Vinte e oito anos atrás? — Melkith perguntou incerta.

— Se esqueceu? — Mer gentilmente a lembrou: — Foi no verão, vinte e oito anos atrás. Logo antes de você subir ao assento de Mestra da Torre Branca, quando entrou em Acryon pela primeira vez.

O rosto de Melkith empalideceu. Ela rapidamente manipulou a mana do espaço em que eles estavam para que nada da conversa naquela mesa pudesse vazar.

Mer continuou: — Você se aproximou da Bruxaria curiosamente, e exatamente seis minutos e vinte e um segundos depois, você desmaiou no local com uma hemorragia nasal e toda mijada.

— Aguentei pelo menos dez minutos. — Melkith tentou corrigi-la.

— Não. — Mer negou. — Foram seis minutos e vinte e um segundos. Exatamente. Os únicos Mestres de Torre atuais que entraram em contato com a Bruxaria e se mijaram foram você e o Mestre da Torre Azul, Hiridus Euzeland. O Mestre da Torre Azul, pelo menos, conseguiu durar onze minutos.

Melkith ficou atordoada em silêncio.

— Como ex-familiar da Senhorita Sienna, sinto que devo me orgulhar do fato de que alguns Arquimagos da era atual foram incapazes de entender a Bruxaria e, em vez disso, foram forçados a se mijar. No entanto, você deve pelo menos limpar suas próprias secreções. Não concorda? O Mestre da Torre Azul limpou sua própria bagunça. No entanto, você, a Mestra da Torre Branca, simplesmente fugiu sem limpar nada. Que sem vergonha! — Mer pressionou Melkith enquanto ainda mastigava seu bolo, seus ombros tremiam em uma resposta inconsciente à doçura violenta.

— Eu… A Mestra da Torre Branca, nunca…! — Enquanto Melkith gaguejava de vergonha, seu cabelo flutuava para cima por conta própria. — Era só um bolo! Isso era tudo que eu queria! Devo realmente ouvir tal desgraça para isso!

— Sério, quanto barulho. Vou te dar um, então por favor, fique quieta. — Mer cedeu com uma carranca no rosto enquanto empurrava para Melkith um bolo que ela já havia mordido.

— Kieek! — Incapaz de conter sua raiva, Melkith soltou um grito.

Foi um grito que Eugene ouviu várias vezes antes.

— Sinceramente. — Eugene suspirou. — Você teve que falar sobre coisas sujas como xixi ou secreções corporais quando estamos na mesa de jantar…

— Sir Eugene, você deveria estar orgulhoso de si mesmo. — Mer elogiou. — Você foi autorizado a entrar em Acryon quando era vinte anos mais novo que a Mestra da Torre Branca e não fez xixi na frente da Bruxaria.

— Você realmente aguenta engolir o bolo enquanto fala dessas coisas sujas? — Eugene perguntou.

— Este bolo… É tão incrível. — Mer insistiu. — É doce, mas não muito doce. Não enjoa o paladar e, em vez disso, desaparece com um sabor refrescante. Aqui, dê uma olhada nessas camadas de chantilly brilhantemente colocadas! Como eles conseguiram algo assim?

— Com magia. Dizem que o confeiteiro desta loja tem dezenas de patentes de magia para confecção de doces. Pode parecer creme comum, mas cada uma dessas camadas teve magia adicionada a elas para dar um sabor diferente. — Melkith explicou com um beicinho mal-humorado.

— Não é de se admirar. — Mer murmurou com um aceno de cabeça enquanto olhava para Eugene. — Então é por isso que Sir Eugene fica olhando para aquele bolo como se quisesse matá-lo.

— Ele não está só olhando assim porque quer comer? — Melkith perguntou em confusão.

A resposta para isso foi não. Eugene não tinha interesse na doçura da sobremesa que Mer tanto admirava. Desde sua vida anterior, ele preferia comida gordurosa, salgada e picante do que sobremesas doces.

A razão pela qual ele estava olhando apesar de tudo isso era…

— Hmmm… — Eugene murmurava pensativo com os olhos semicerrados enquanto enfiava a mão no manto e puxava Akasha. — Hum…

Sua mana começou a se mover. Melkith percebeu o que Eugene estava tentando fazer e sentiu algum interesse em ver os feitiços. A magia cujos criadores chegaram ao ponto de registrar uma patente não era o tipo de magia que compartilhariam tão facilmente com outras pessoas. O Doce Sonho da Bruxa foi considerado o melhor do Pentágono, porque seus outros concorrentes não conseguiram imitar o gosto de seus doces.

“A fórmula do feitiço foi mantida em segredo. Em primeiro lugar, a magia de transformação de sabor é uma magia não convencional que as pessoas de fora da indústria raramente encontram”, lembrou Melkith.

Ainda por cima era difícil. Se Melkith fosse forçada a classificá-la, essa magia pertencia ao lado do encantamento das coisas e, ao contrário de ferramentas e armas que costumavam ser usadas como base para encantamentos, a comida era um material muito frágil. Mesmo uma ligeira flutuação no controle de mana ou erro na fórmula poderia fazer com que toda a forma do feitiço entrasse em colapso ou decaísse, arruinando o sabor.

“Desde que você coloque prática nisso, é possível, mas comparado ao esforço que você tem que fazer, há limites claros sobre o quão longe pode ir com essa magia”, avaliou Melkith. “No final, é apenas deixar a comida um pouco mais deliciosa… Esse pirralho realmente teve tempo para aprender tal magia?”

Na verdade, parecia que Eugene era realmente jovem e de sangue quente. Melkith sorriu enquanto tomava um gole de chá.

A curiosidade e o desejo de experimentar eram virtudes que todos os magos deveriam possuir. Como não havia como Eugene descobrir as fórmulas de feitiço usadas por esta loja, parecia que ele só queria experimentar esse novo tipo de fórmula que havia encontrado…

“Vou dar boas risadas com isso”, decidiu Melkith.

Eugene definitivamente falharia. Se o feitiço fosse tão fácil de copiar, esta loja não teria conseguido permanecer no topo desta indústria nos últimos dez anos. Melkith se preparou para rir do fracasso de Eugene.

— Hm. — Eugene murmurou mais uma vez enquanto seus dedos cutucavam o bolo.

Houve um leve brilho de luz. Os olhos de Melkith se arregalaram em choque. Aquele leve brilho era a prova de que exatamente a mesma fórmula de feitiço acaba de ser aplicada ao bolo. Se alguma outra fórmula de feitiço tivesse sido aplicada, as diferentes fórmulas teriam entrado em conflito umas com as outras, causando o colapso do bolo.

“Ele realmente aplicou exatamente a mesma fórmula?” Melkith se perguntou incrédula enquanto ela rapidamente cutucava o bolo com um dedo estendido.

Vendo isso, o rosto de Mer se contorceu em uma carranca horrível quando cuspiu:

— Que rude!

Melkith não ouviu essa crítica, muito ocupada pensando: “Não desmoronou. E quanto ao sabor?”

Ela pegou um pouco de creme com um dedo e colocou na boca. O gosto não mudou muito, embora houvesse uma ligeira incongruência… Mesmo assim, isso já era uma surpresa suficiente. Como no mundo Eugene tinha feito isso?

Enquanto Melkith analisava como o ‘sabor’ deixado em sua boca diferia do sabor anterior, ela olhou para Eugene e perguntou:

— Você costuma frequentar esta loja?

— É a primeira vez que venho aqui. — Respondeu Eugene.

— Então, a magia que você usou agora…

— Bom, acabei de copiar o que vi.

— Você deveria saber o quão insuportavelmente absurdo isso soa para qualquer mago, não é?

— Não foi tão fácil quanto estou fazendo parecer. — Eugene respondeu com um sorriso malicioso. — Subestimei, porque pensei que era apenas infundir um feitiço no bolo.

— Do seu ponto de vista ou do meu, você não pode realmente chamar essa magia de tão impressionante. No entanto, não é uma peça trivial de feitiço. Este tipo de magia requer um profundo nível de proficiência para ser usado adequadamente, mesmo que o nível real do Círculo seja baixo. — Mer disse com uma expressão complicada enquanto segurava o queixo. — Você disse que apenas copiou o que viu. Mas você nunca viu a fórmula do feitiço sendo conjurada na sua frente, então… Poderia ser uma habilidade concedida por Akasha?

— Isso me permite entender a maior parte da magia apenas por vê-la. — Eugene revelou enquanto apontava para seus próprios olhos. — Já testei algumas vezes, mas consigo compreender qualquer feitiço entre o Primeiro e o Quinto Círculo. Realmente não funciona tão bem a partir do Sexto.

— Não funciona muito bem? — Melkith repetiu enquanto ria em descrença. — O fato de você poder dizer isso significa que ainda pode sentir tal magia em primeiro lugar. Mesmo que seja um feitiço de nível superior ao seu próprio Círculo.

— Isso mesmo. — Confirmou Eugene.

— Isso não é algo que você deva revelar tão facilmente, pirralho. É porque você não está ciente de quão grande é a vantagem de ser capaz de ver através de níveis mais altos de magia que o seu durante uma batalha mágica? — Melkith questionou exasperadamente.

Eugene apenas sorriu em vez de responder. Melkith sentiu uma sensação crescente de horror com esse sorriso.

Este pirralho não era seu oponente agora. Não importa o quão carente de dignidade Melkith fosse, ela era, no entanto, uma Grande Invocadora de Espíritos que havia feito um contrato com dois Reis Espíritos e uma Arquimaga que havia alcançado o Oitavo Círculo.

“Neste momento, ele ainda tem apenas vinte anos de idade. Com talento marcial suficiente para ser chamado de a segunda vinda do Grande Vermouth, depois de se tornar discípulo do Mestre da Torre Vermelha, ele conseguiu alcançar o Quinto Círculo em apenas três anos e agora até herdou o legado de Sienna”, Melkith contou as realizações de Eugene.

Agora que também havia se tornado o mestre de Akasha, as conquistas de Eugene em magia certamente aumentariam ainda mais rápido. Melkith não conseguia imaginar qual Círculo Eugene poderia alcançar em apenas um ano ou mais.

“Pior ainda, esse cara pode realmente conjurar feitiços um Círculo acima do seu. Ele ainda não está no meu nível… Mas talvez… Se não for apenas com magia e em vez disso ele usar tudo o que tem, pode até ser capaz de combater um mago do Sétimo Círculo”, avaliou Melkith.

Isso pode ser um pouco desrespeitoso com a reputação do clã Lionheart, mas Melkith não pôde deixar de sentir que o talento de Eugene era diabólico. Sua pouca idade e tanto talento… Ela honestamente não podia negar seu desejo por ele. Qualquer um que visse tal joia bruta ficaria fascinado por ela. Melkith lambeu os lábios com uma expressão angustiada.

“Se ao menos ele não fosse o discípulo do Mestre da Torre Vermelha”, Melkith pensou com pesar.

Ela não podia simplesmente roubar o discípulo de outra pessoa. No entanto, não havia nada de errado em ter um relacionamento próximo com ele. Melkith não tinha o péssimo hábito de querer atropelar qualquer novato com talento transbordante; em vez disso, ela realmente queria fornecer um pouco de ajuda a esse talento, para que Eugene lhe devesse um favor no futuro.

— Eu vou te ensinar magia de invocação. — Melkith declarou assim que terminou suas considerações.

— Já recusei sua ajuda antes. — Suspirou Eugene. — Tempest realmente não gosta de você, Senhorita Melkith.

— Isso… Isso realmente… Realmente me machuca… Profundamente, ma-! — Melkith resmungou com os dentes cerrados enquanto olhava para Eugene. — Estou dizendo que vou te ensinar magia de invocação de graça! Não desejo forçar um contrato com um Rei Espírito que não gosta de mim. Vou até te fazer uma promessa. Não vou nem colocar a mão em Winith, nem vou tentar mexer com Tempest se você invocá-lo.

— Sua cara de paisagem é muito boa. — Eugene elogiou.

Melkith gritou frustrada:

— Ah, sério! Eu, Melkith El-Hayah, prometo ensinar a você a magia de invocação sem pedir nada em troca!

— Eu realmente não acredito em favores sem custo. — Eugene disse com uma inclinação de cabeça enquanto sorria para ela.

Como ela pensou, ele realmente era um pirralho atrevido. Melkith devolveu o sorriso e cruzou os braços.

— Bem, a verdade é que não é como se eu não quisesse nada de você. — Admitiu Melkith. — Espero que enquanto eu te ensino, nosso relacionamento melhore.

Eugene confessou:

— Sinto que já estou bem próximo de você, Senhorita Melkith.

— Então você vai aprender magia de invocação de espírito comigo ou não?

— Se você está se oferecendo para me ensinar, farei questão de aprender com gratidão.

Eugene não hesitou em aceitar sua oferta desta vez. Na resposta de Eugene, Melkith gargalhou e acenou com a cabeça.

— Ótimo. — Disse ela. — No momento não é adequado, mas farei questão de visitá-lo em breve.

— Por que é inadequado? — Eugene perguntou.

— Minha magia de invocação de espíritos se concentra em controlar os espíritos da terra e do raio, e você não tem contrato com esses espíritos. Sinto que você terá uma chance melhor de fazer contrato com os espíritos do raio em vez da terra, mas você não tem nenhuma afinidade com os espíritos do raio. — Melkith julgou.

— E então? — Eugene perguntou.

— Eu disse isso antes, não disse? Contanto que você tenha feito um contrato com o Rei Espírito do Vento, sua afinidade com os espíritos não é tão importante. Embora seja improvável que consiga assinar um contrato com o Rei Espírito do Relâmpago como eu, deve ser capaz de fazer contratos com espíritos do relâmpago até o nível intermediário. Contanto que eu forneça um catalisador, você também poderá fazer um contrato. — Melkith assegurou a ele.

Em vez de responder imediatamente, Eugene ficou perdido em pensamentos por alguns momentos.

[Espíritos do Relâmpago são poderosos. Mesmo que seja apenas até o nível intermediário, eles devem ser capazes de alcançar excelentes resultados quando combinados com suas habilidades.]

Com uma voz dentro de sua cabeça, Tempest veio em auxílio de Eugene.

[Especialmente quando combinado com uma das armas em sua posse, o Raio Pernoa. Se um espírito do relâmpago emprestar sua ajuda à arma, seu poder será amplificado e o consumo de mana seria reduzido.]

“Isso parece certo,” Eugene concordou pensativamente.

[Hamel. Em sua lista atual de habilidades, não há algo que você chamou de Contra-ataque de Relâmpago? Se essa habilidade for amplificada com um relâmpago real, ‘relâmpago’ não será apenas o nome, você poderá realmente transformá-lo em um relâmpag-]

— Se importa de ficar quietinho? — Eugene imediatamente interrompeu Tempest quando seu rosto se transformou em uma carranca e ele empurrou Winith de volta para seu manto.

Uma vez que recuperou a compostura, Eugene se dirigiu a Melkith

— Há também o fato de que não vou ficar em Aroth por tanto tempo. Já que a audiência acabou, eu estava planejando voltar hoje ou amanhã.

Melkith bufou.

— E daí que você vai voltar, por que isso importa? Você só vai ficar na propriedade principal do clã Lionheart, não é? Isso funciona muito bem. Acontece que também estou interessada nos elfos que estão em sua propriedade principal.

Na verdade, ao invés dos elfos, Melkith estava interessada nas árvores que teriam sido trazidas com eles. Vendo como foram transportadas junto com os elfos das profundezas da floresta tropical, essas eram definitivamente as árvores encantadas que só cresciam nas proximidades do território élfico.

“Contanto que eu me aproxime o suficiente, talvez consiga pegar um galho para mim”, Melkith pensou avidamente.

Um galho de uma árvore encantada era um material precioso que talvez não conseguisse encontrar, mesmo que tivesse dinheiro para comprá-lo. Atualmente, era extremamente raro que quaisquer galhos estivessem em circulação, e a maioria dos que existiam já havia sido processado em itens.

— Sir Eugene. — Mer finalmente falou.

Enquanto Eugene e Melkith se concentravam na conversa, Mer aspirava todas as sobremesas. Enquanto enxugava o chantilly que cobria seus lábios, seus olhos ainda brilhavam para Eugene.

— Posso comer mais um pouco? — Ela pediu.

— Você ainda não enjoou disso? — Eugene perguntou.

— Sir Eugene, não consigo comer nada há duzentos anos. — Apontou Mer. — Você realmente acha que eu enjoaria desses bolos depois de comer apenas alguns deles?

— Mas não foram apenas alguns bolos… — Eugene argumentou enquanto se virava para examinar os pratos vazios em descrença.

Apesar de seu protesto, isso não significava que ele não permitiria que Mer comesse mais. Com uma expressão trêmula no rosto, Eugene acenou com a cabeça, fazendo Mer abraçar o braço de Eugene com um sorriso.

— Obrigada! — Mer disse alegremente.

Melkith olhou para Mer com os olhos arregalados.

Essa era realmente a familiar da Sábia Sienna? A Mer que Melkith lembrava não era tão animada e fofa. Bem, isso provavelmente era devido a Melkith ter se urinado no Salão de Sienna, mas, de qualquer forma, se sentiu profundamente surpresa ao ver Mer mostrar uma atitude tão diferente em relação a Eugene.

“Já que esta familiar tem o corpo de uma mulher… Será que ela gosta de rapazes bonitos?” Melkith especulou.

Mas não, a atitude atual de Mer não era assim, era mais como uma filha importunando seu pai…

Melkith rapidamente descartou o pensamento. “Não tem como… Se você contar os anos que essa familiar está em operação, deve ser bem mais de duzentos.”

Embora sua idade mental tenha sido fixada com base na personalidade da infância de Sienna… Melkith coçou a bochecha em confusão ao sentir que essa era uma situação bastante complicada.

— Então você estava aqui. — Interrompeu uma voz.

Quando Eugene estava prestes a chamar um garçom para fazer outro pedido, alguém se aproximou da mesa.

A voz sarcástica continuou:

— É bom ver você tão relaxado, Eugene Lionheart.

Era o Mestre da Torre Verde, Jeneric Osman. Conforme ele se aproximava, Melkith estreitou os olhos e se levantou para confrontá-lo.

— Mestre da Torre Verde, não posso deixar de pensar em algumas suposições bastante rudes sobre você agora. — Admitiu Melkith.

Jeneric aceitou sua acusação:

— Não vou repreendê-la por ser rude. Porque suas suposições provavelmente estão corretas.

— Ah! Você está falando sério? — Melkith zombou. — A audiência acabou e a família real de Aroth reconheceu Eug—

— Mas eu não o reconheci. — Jeneric cuspiu enquanto olhava para Eugene. — Mesmo que a Senhorita Sienna tenha reconhecido você e entregue a propriedade de Akasha. Como Patriarca da família Osman e Mestre da Torre Mágica Verde, devo avaliá-lo pessoalmente.

— Que vergonha. — Comentou Melkith com desdém. — Realmente não aprecio seu orgulho arrogante, Jeneric Osman.

A Sábia Sienna ensinou três discípulos durante sua vida.

Um deles era o grão-mestre de Lovellian, que havia servido como o antigo Mestre da Torre Vermelha.

Os dois restantes ficaram na Torre Mágica Verde, casaram-se e tiveram filhos juntos. Esta era a família Osman. O filho dos dois serviu como o ex-Mestre da Torre Verde, e seu filho era Jeneric Osman, o atual Mestre da Torre Verde.

Mas agora que Eugene se tornou o proprietário de Akasha e, portanto, o sucessor de Sienna, a família Osman não podia mais reivindicar ser a herdeira legítima de seu legado.

— Pretende desafiar a Senhorita Sienna? — Eugene perguntou sem se levantar de seu assento, simplesmente olhando para Jeneric.

No entanto, Jeneric se recusou a recuar e apenas olhou para Eugene.

— Eu. — Declarou Jeneric — Acredito que, se você pretende ser o sucessor da Sábia Sienna, então deve ser o mago mais excepcional de seu tempo.

— Que vergonha. — Repetiu Melkith. — E arrogante também. O maior mago do seu tempo? Poderia ser que, você está realmente dizendo que está confiante o suficiente para afirmar ser esse mago?

Crack.

Uma corrente elétrica começou a fluir em torno de Melkith.

— Você está mesmo dizendo isso na minha frente?

Sem esconder sua hostilidade, Melkith olhou para Jeneric enquanto sibilava esta pergunta. Embora seu olhar fosse feroz, Jeneric não recuou e apenas bufou.

— Não estou livre agora, mas se assim o desejar, terei prazer em estabelecer a hierarquia entre nós, Melkith El-Hayah. Embora eu admita que você é uma maga digna e respeitada, não a vejo acima de mim.

— Ahaha! Você está tão velho que está ficando senil? Se realmente pensa assim, então… Siga-me para fora agora mesmo! — Melkith terminou com um rugido desafiador.

— Eu já disse, não estou livre agora. — Jeneric repetiu enquanto seus olhos olhavam friamente para Eugene de cima a baixo. — O que quero confirmar hoje não é quem é superior entre você e eu. O que quero confirmar é, entre Eugene Lionheart e eu, qual de nós dois é o mais adequado para se tornar o sucessor da Senhorita Sienna?

— Você não tem o direito de decidir tal coisa, Mestre da Torre Verde. — Mer cortou.

Embora ela estivesse sorrindo suavemente apenas alguns momentos antes, ela não estava mais. Agora estava confrontando Jeneric com um olhar frio e rígido em seu rosto.

— Em primeiro lugar, é ridiculamente arrogante você acreditar que tem o direito de decidir quem tem as melhores qualificações. Se eu tivesse que dizer o porquê, então é porque você não é nem um pouco qualificado. — Mer pronunciou friamente.

— O quê? — Jeneric latiu indignado.

Mer explicou:

— Você e seu pai. Estou dizendo que nenhum de vocês tem o direito de reivindicar ser o sucessor da Senhorita Sienna. Seu avô, Weiss Osman, e sua avó, Frilla Hellen, podem ter sido discípulos dela, mas isso não significa que seus descendentes possam reivindicar ser seus sucessores.

Jeneric refletiu em silêncio.

— Em vez disso, acredito que a única outra pessoa com o direito de reivindicar ser o sucessor da Senhorita Sienna é o Mestre da Torre Vermelha, Lovellian Sophis. Porque Lovellian e seu mestre, pelo menos, conseguiram mostrar respeito a mim, a familiar da Senhorita Sienna. — Explicou Mer.

Jeneric gritou:

— Uma mera familiar ousa…?!

Mer o interrompeu.

— Sim, sou uma mera familiar. Isso pode ser um fato, mas se você realmente afirma ser o sucessor dela, então é inapropriado para mim desprezá-lo como você é. Lembro-me do que aconteceu cento e vinte anos atrás. Como seu pai me dissecou. Quão presunçosos eles foram ao tentar cavar o cerne da Bruxaria?!

O rosto de Jeneric se contorceu em uma carranca enquanto protestava:

— Meu pai estava fazendo isso pelo bem da Senhorita Sienna. Foi em memória dela que ele estava tentando compreender completamente a Bruxaria que deixou para nós!

— Em memória? — Mer repetiu zombeteiramente. — Ela não morreu. Ainda está viva e reconheceu Eugene como seu sucessor.

— Chega. — Eugene falou. — Então, o que o Mestre da Torre Verde está dizendo é… Ele não me reconhece como mestre de Akasha nem como sucessor da Senhorita Sienna… Entendi corretamente?

Empurrando a cadeira para trás, Eugene se levantou.

— Pois então… Fico feliz em aceitar tal desafio. Porque legítimo ou não, ‘por enquanto’, me faltam termos ou ser um mago quando comparado ao Mestre da Torre Verde. — Eugene admitiu facilmente.

— Por enquanto? — Jeneric repetiu ameaçadoramente.

— Você tem que considerar nossas idades, é claro. Veja bem, por exemplo. Não é uma coisa feia e vergonhosa que alguém que não é tão talentoso quanto eu, cuja única vantagem é ter vivido mais cinquenta anos, esteja realmente questionando as qualificações de um jovem? — Eugene perguntou zombeteiramente enquanto os cantos de sua boca se curvavam para cima.

— Honestamente falando, não tenho certeza do que exatamente você está tentando alcançar, Mestre da Torre Verde. Você está realmente tentando me fazer entregar Akasha alegando que atualmente não sou um bom mago quando comparado ao Mestre da Torre Verde? Você realmente veio aqui pensando que seria aceito? Ou então, será que você está tão cego pela ganância e ciúme que quer tirar Akasha de mim, mesmo que isso signifique desafiar a Senhorita Sienna, a quem você diz respeitar?

Enquanto fazia essas perguntas, Eugene enfiou a mão no manto.

— Na sua opinião, você realmente acha que tamanha teimosia é aceitável? O próprio Mestre da Torre Verde pode acreditar que sim, mas ninguém que concorde se sentirá da mesma forma. Você realmente acha que será capaz de convencer a família real de Aroth neste momento? Quando eles deveriam estar ocupados se preocupando que a Senhorita Sienna pudesse afogar Abram?

— A Senhorita Sienna também é uma maga racional. — Insistiu Jeneric, com os olhos esbugalhados enquanto encarava Eugene. — Ela pode ter conhecido você primeiro, mas ainda não me conheceu. Já que minhas habilidades são superiores às suas, por que a Senhorita Sienna ainda o escolheria como seu sucessor?

— Então o que você vai fazer sobre isso? — Desafiou Eugene.

— Vamos duelar. — Jeneric propôs enquanto olhava dentro do manto que Eugene havia desenrolado.

O cajado que ele queria, Akasha, estava agora nas mãos de Eugene.

— Claro, como há uma grande diferença entre suas habilidades e as minhas, um duelo comum seria injusto. Portanto, vou me limitar e usar magia apenas até o Sexto Círculo. — Disse Jeneric.

— E eu? — Eugene perguntou.

— Você é livre para usar todas as habilidades que possui. As artes marciais do clã Lionheart e sua magia.

Mesmo que um mago do Oitavo Círculo se limitasse a usar feitiços dentro dos seis primeiros Círculos, sua habilidade definitivamente não seria limitada à de um mago comum do Sexto Círculo. Mesmo que os feitiços fossem de um Círculo inferior, eles poderiam corresponder aos feitiços de um Círculo superior, dependendo de como eram usados.

Em primeiro lugar, o Oitavo Círculo não era algo que pudesse ser alcançado apenas conhecendo feitiços que tivessem muito poder para eles. O nível do Círculo de um mago dependia de quão profundamente eles entendiam a própria magia. Era por isso que a parede do Oitavo Círculo era tão alta, e por isso que qualquer um que cruzasse aquela parede podia se chamar de Arquimago.

— E se eu recusar? — Eugene o testou.

— Você vai? — Jeneric zombou.

— Claro que não. — Bufou Eugene enquanto pegava um guardanapo amassado que estava sobre a mesa. — Se eu perder, colocarei Akasha em Acryon e partirei.

— Você deveria entregá-lo para mim. — Jeneric propôs avidamente.

Eugene recusou imediatamente. — Absolutamente não. Este cajado pertence à Senhorita Sienna, estou apenas cuidando dele para ela.

O rosto de Jeneric endureceu com essas palavras. Ele abriu a boca para dizer algo, mas sua voz não saiu.

Um guardanapo manchado com chantilly, que Mer havia usado para enxugar os lábios, foi jogado no peito de Jeneric.

Ao jogá-lo, Eugene disse:

— Aceito seu desafio, Mestre da Torre Verde.

O guardanapo atingiu o peito de Jeneric e caiu no chão.

— Se eu ganhar, quero que você peça desculpas a Mer. — Afirmou Eugene.

— Isso… — Jeneric hesitou.

Eugene esclareceu ainda mais seu pedido.

— E quero você de joelhos, com a cabeça baixa, muito respeitosamente.

O rosto de Jeneric ficou vermelho de raiva.

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