Capítulo 214: A Sala Escura (7)
Eugene deu alguns passos à frente, mas tomou cuidado para não chegar muito perto da figura. Em vez disso, parou apenas um momento depois de começar a andar. Ele podia sentir seu coração assustado batendo rapidamente. Sentiu como se o mundo estivesse girando ao seu redor, e apenas uma única frase conseguiu sair de seus lábios.
— Ei, seu desgraçadinho.
Eugene não se conteve. Na verdade, não tinha motivos para isso. Vermouth merecia coisa muito pior, e não apenas xingamentos. Mesmo que Eugene decidisse socar e chutar ele, Vermouth só merecia aceitar o que quer que lhe fosse dado. Mas Eugene não conseguiu agarrá-lo pelo colarinho. Não era que ele tivesse ficado mole com Vermouth depois de se separar por trezentos anos, mas porque o que apareceu na frente dele era apenas uma visão.
— Você, que está diante de mim agora. — Disse Vermouth. Era inconfundivelmente apenas uma visão, mas ele parecia vívido como se realmente estivesse diante dos olhos de Eugene. No entanto, Eugene não conseguia sentir sua presença.
Eugene se perguntou a qual período de tempo a visão pertencia. Seu cabelo parecia mais arrumado e seu traje estava mais limpo do que quando entraram no Castelo do Rei Demônio do Encarceramento. Foi quando se tornou conhecido como o Grande Vermouth ou durante o tempo em que serviu como Grão-Duque de Kiehl? Ou… Foi depois que fingiu sua própria morte?
— É você, Hamel? — Era uma pergunta simples.
Eugene cerrou os punhos e olhou para Vermouth.
— Deve ser, pois essa visão não aparecerá a menos que seja você. Há quanto tempo? É impossível para mim acertar exatamente, mas presumo que cerca de trezentos anos teriam se passado. — Vermouth continuou.
Vermouth raramente exibia um sorriso desde trezentos anos atrás. Ele nem sempre era tão apático quanto uma boneca de madeira, mas era inexpressivo na maioria das situações, assim como agora. Ele estava sentado em posição ereta e parecia calmo, sem nenhuma outra expressão.
Parecia exatamente como Eugene se lembrava, o que despertou emoções complicadas no coração dele. Como o retrato de trezentos anos atrás, a visão à sua frente não era realmente Vermouth, mas Eugene podia senti-lo profundamente com essa visão.
— Hamel, você deve estar fazendo alguns xingamentos horríveis agora. Nunca achei agradável ouvir você xingar, mas agora… Sinto falta. É por isso que me sinto um pouco arrependido. Estou curioso para saber que tipo de xingamentos está jogando em mim agora. — Continuou Vermouth.
— Filho da puta.
— Você já deve ter notado. O que está na sua frente agora sou eu de centenas de anos atrás. Eu não posso te ver, e não posso te ouvir. Só posso falar com você unilateralmente. Mas não fique tão bravo.
“Não fique tão bravo?” Eugene ficou absolutamente pasmo. Ele não pôde deixar de zombar. “Pelo menos reconhece que eu deveria estar com raiva de você, certo?” Ele sabia que não adiantaria, mas Eugene apontou o dedo do meio para a visão de Vermouth de qualquer maneira.
— Sobre o que devo falar? Por onde devo começar? Sabendo como está impaciente, tenho um pouco de medo de que você simplesmente vá embora sem ouvir o que tenho a dizer. — Disse Vermouth em voz baixa antes de juntar as mãos e colocá-las nos joelhos. Ele fechou os olhos, então demorou um pouco antes de continuar. — Eu tenho… Muitos segredos, Hamel. E não posso lhe confiar tudo. Não tenho intenção de fazer isso, nem deveria. Portanto, esta conversa não responderá a todas as suas perguntas.
— Todos, exceto você, sabiam o quanto você era suspeito. — Resmungou Eugene antes de cair no chão.
— Certo. Vamos falar sobre sua reencarnação primeiro. Hamel, tenho certeza de que esta é a maior dúvida que tem.
— Fala. — Disse Eugene enquanto acenava com a cabeça, sabendo muito bem que não havia necessidade dele se envolver.
— Você não deveria ter morrido naquele lugar. — Disse Vermouth. Sua resposta irritou Eugene, o que fez com que suas sobrancelhas se contorcessem. Mas conteve os xingamentos e manteve suas emoções sob controle. Vermouth continuou. — Mas é impossível reverter isso. Hamel, você… Provavelmente pensou que era melhor morrer naquele lugar. Na verdade, seu corpo estava sendo destruído a cada momento que avançava no castelo do Rei Demônio. Você provavelmente culpou sua imprudência.
— Por que está dizendo coisas tão óbvias? — Resmungou Eugene, estalando a língua. Ele já havia pensado nisso mais de uma dúzia de vezes, mas sua conclusão nunca mudou. Hamel morreu no castelo do Rei Demônio do Encarceramento, porque foi imprudente e fraco. Sienna e Anise o alertaram sobre os perigos da Ignição, mas era impossível abrir caminho no castelo infernal sem a usar.
— E sei que você não vai gostar das minhas próximas palavras, mas vou apenas dizer o que penso. Hamel, você morreu porque falhei em protegê-lo. — Disse Vermouth sem uma única mudança em sua expressão.
Recusando-se a deixar passar seu comentário, Eugene deu um pulo e olhou para Vermouth.
— Seu filho da puta, o que está dizendo?
A expressão de Eugene se distorceu e a raiva explodiu do fundo de seu coração. Era um tipo diferente de raiva do que ele experimentou na Fonte de Luz. Este era o sentimento de humilhação. Ele morreu porque Vermouth falhou em protegê-lo?
“Quem é você para dizer que tinha que me proteger?”
Eles não haviam compartilhado tal relacionamento, e Eugene também não queria tal relacionamento. Não era apenas Eugene também. Todos os que lutaram ao lado de Vermouth trezentos anos atrás pensariam o mesmo.
De fato, Vermouth era forte. Ele tinha sido tão incrivelmente forte que era difícil acreditar que era humano, assim como todo mundo. No entanto, nenhum dos quatro que lutaram ao lado de Vermouth jamais desejou a proteção dele. Ninguém queria ser um fardo para Vermouth e, no campo de batalha, todos os cinco eram iguais. Todos ficavam na vanguarda e, se alguém assumisse a liderança, os outros ficavam dos lados e atrás.
— Hamel, você está com raiva? — Perguntou Vermouth. Eugene olhou para ele de volta. Ele sabia que Vermouth não estava realmente lá e que a visão era simplesmente uma gravação de muito tempo atrás. Mesmo assim, ele estava olhando diretamente para Eugene depois de levantar a cabeça. Eugene podia dizer por seus olhos que Vermouth estava completamente convencido de que seu comentário teria feito Eugene pular de sua cadeira com raiva.
— Eu também estava com raiva naquela época. — Continuou Vermouth. Sua boca se curvou em um sorriso. — Sabendo o quanto é orgulhoso, deve estar com raiva por eu ter dito que tinha que protegê-lo. Mas se lembra de como morreu, Hamel? Você morreu para me proteger, embora não houvesse nenhuma necessidade de fazê-lo.
Eugene ficou mudo.
— Você deve ter percebido naquele momento. Que não precisava se sacrificar por mim, Hamel. Você só… Precisava de um lugar para cair. Se sacrificou, porque pensou que seria apenas um fardo para o resto de nós se continuasse. Então tentou me salvar quando eu não estava em perigo. Essa foi uma razão satisfatória para a sua morte?
Eugene não conseguiu responder. Ele sabia que Vermouth estava falando de um fato inegável.
— Você foi egoísta, Hamel. Me usou como desculpa para cair, mesmo não precisando me proteger. Você só precisava se proteger, mas optou por não fazê-lo. E morreu. Portanto, não posso evitar de me arrepender, me arrepender de não ter podido te proteger. — continuou Vermouth.
— Arrombado. — Grunhiu Eugene antes de se acomodar em seu assento.
Após um breve silêncio, Vermouth balançou a cabeça antes de baixar o olhar e olhar para frente. Embora seu olhar não estivesse completamente alinhado com onde Eugene estava, nenhum deles se importava muito.
— Vamos continuar. Hamel, você acabou morto, e nossa jornada chegou ao fim naquele ponto. Tenho certeza de que está familiarizado com o estado das coisas em sua era atual. Fiz um juramento com o Rei Demônio do Encarceramento e a guerra chegou ao fim.
— O que foi o Juramento? — Eugene perguntou.
— Em relação à batalha em si… Era difícil. Era impossível vencer.
— Teria mudado alguma coisa mesmo se eu estivesse lá? Eu estava completamente quebrado. Você sabe que era impossível eu lutar direito. Não teria mudado nada, mesmo se eu estivesse lá. Não teria ajudado em nada na batalha contra o Rei Demônio do Encarceramento. — Eugene tentou justificar suas ações.
— Não posso lhe dizer nada sobre o conteúdo do Juramento, mas naquele momento foi o melhor que pude fazer. — Vermouth fez uma pausa, depois olhou para o ar com os olhos vazios antes de rir. — Se você estivesse lá conosco, não haveria necessidade de lutarmos contra o Rei Demônio do Encarceramento depois que chegássemos ao topo.
— O quê? — Eugene ficou pasmo.
— Isso era o mais importante para mim. — Subir ao topo de Babel, o Castelo do Rei Demônio do Encarceramento. Se tivéssemos enfrentado o verdadeiro corpo do Rei Demônio do Encarceramento, isso teria acontecido. Teria mudado significativamente o conteúdo do Juramento também.
— O que você está dizendo? — Eugene realmente não conseguia entender. Seu olhar começou a tremer quando olhou para Vermouth. Ele sabia quem era o Rei Demônio do Encarceramento. O Rei Demônio do Encarceramento era o som de correntes deslizando pelo chão e os brilhantes olhos carmesins espiando através da escuridão. Pelo menos, esse é o Rei Demônio do Encarceramento que Eugene conhecia desde sua vida anterior.
Ele já havia encontrado os Reis Demônios? Sim, várias vezes. O Rei Demônio da Destruição atingiu com desespero os corações de todos, simplesmente movendo-se através de um campo à distância. Ele tinha visto o Rei Demônio do Encarceramento também. Quando os cinco entraram pela primeira vez em Babel, o Rei Demônio do Encarceramento os cumprimentou pessoalmente como o barulho de correntes e olhos vermelhos dentro de uma tempestade de escuridão.
“Estarei esperando no topo.”
Embora não tivessem lutado contra o Rei Demônio do Encarceramento na época, Eugene percebeu que o segundo Rei Demônio estava em um nível diferente dos Reis Demônios que enfrentaram e mataram anteriormente.
Então, do que ele estava falando? Não teriam que lutar contra o monstro horrível? Se todos os cinco escalassem o topo de Babel sem morrer e enfrentassem o verdadeiro corpo do Rei Demônio do Encarceramento, então isso teria sido… O suficiente?
— Era impossível voltar atrás no que já havia acontecido. — Disse Vermouth. — Então não tive escolha a não ser procurar um caminho diferente. Ganhei algum tempo com o Juramento e recebi sua alma. O colar que contém sua alma ainda está com Sienna, mas… Um dia pretendo convencê-la e pegá-lo dela.
Convencê-la? É assim que ele define revirar o túmulo de alguém e abrir um buraco no coração de Sienna depois dela chegar lá em estado de choque?
— Hamel. Você está aqui agora, o que significa que tudo correu de acordo com o meu plano. Você nasceu como meu descendente e aprendeu a Fórmula da Chama Branca. Você pode não estar satisfeito, mas eu o reencarnei.
— Eu sei, seu desgraçado.
— E não tive escolha a não ser fazer essa escolha, porque você… É o mais parecido com o Herói de todos que conheço.
— Do que está falando?
— O melhor que pude fazer foi escalar o castelo do Rei Demônio do Encarceramento, Babel, mas você deve conseguir ir mais longe. Hamel, se for você, deve conseguir o que eu não consegui.
— Vermouth, seu arrombadinho. Diga de uma forma que eu possa entender. O quê? Eu sou mais como o Herói de todos que você conhece? Seu desgraçadinho maluco. Finalmente enlouqueceu?
— Você não vai querer admitir, mas minha opinião não vai mudar. O fato de estar aqui agora prova que não mudei de ideia. — Disse Vermouth com um leve sorriso. — No final, eu não era o suficiente.
— Se você não é bom o suficiente, então quem…! — Eugene gritou, não conseguindo mais se conter.
A única razão pela qual eles puderam derrotar três dos Reis Demônios, o Rei Demônio da Carnificina, o Rei Demônio da Crueldade e o Rei Demônio da Fúria, era porque Vermouth estava lá. Da mesma forma, a única razão pela qual o Rei Demônio do Encarceramento concordou com o Juramento e renunciou foi porque o Vermouth estava lá. Era assim que ele era, alguém que transformava uma situação impossível em uma vitória, alguém cuja presença agia como um farol de luz para elevar a moral de qualquer aliado. Ele era o Herói brilhante. Foi só porque ele conseguiu sacar a Espada Sagrada que os Reis Demônios foram derrotados. Foi apenas porque ele empunhava a Espada do Luar que os Reis Demônios foram mortos.
— Hamel, você é forte.
Eugene não conseguia mais encontrar palavras para dizer. Em vez disso, apertou o peito enquanto Vermouth continuava.
— Você era forte em sua vida anterior, mas tenho certeza de que é mais forte agora. Claro, deve ser inevitável. Não sei exatamente quando vai renascer e em qual família, mas para que sua reencarnação seja a mais rápida possível, eu tinha que ter o maior número de descendentes possível. Para garantir que meus descendentes não briguem, criei uma regra inviolável.
— Maldito desgraçado.
— Não me importo se você concorda com isso ou não. Mas, Hamel, assim como você morreu fazendo o que queria, vou fazer o que quero. De qualquer forma, as famílias que levam meu sobrenome continuarão a prosperar no futuro, e o ramo principal da família olhará de cima para os outros ramos. Embora não possa ver isso acontecer com meus próprios olhos, tenho certeza de que é assim que as coisas vão acontecer.
Vermouth estava certo. A família Lionheart continuou forte por trezentos anos, e o Leão Negro, o cão de guarda da família, certificou-se de que os ramos da família não entrassem em conflito. A Cerimônia de Continuação da Linhagem Sanguínea, a Linha Lei e a Fórmula da Chama Branca garantiram que as linhas colaterais não pudessem se levantar contra o ramo principal da família.
— E um dia, você nascerá como um dos incontáveis descendentes dos Lionheart. O corpo que você passará a possuir será incomparavelmente melhor do que o corpo de sua vida anterior. É inevitável, pois pretendi que o corpo fosse totalmente projetado para a alma.
O corpo de Eugene Lionheart realmente era ótimo. Movia-se excepcionalmente bem desde que era criança antes de aprender a usar mana. Nunca quebrou, independentemente do quanto Eugene treinou. Isso era tudo? Os talentos que Eugene tinha em sua vida anterior floresceram ainda mais esplendidamente em seu novo corpo.
— Haverá uma enorme diferença entre o que você recebeu em sua vida anterior e o que tem agora, Hamel. Você definitivamente se destacará na Cerimônia de Continuação da Linhagem Sanguínea, e é possível que meus descendentes tenham inveja de você. Mesmo assim, tenho certeza de que estará à altura do desafio. Na verdade, provavelmente é assim que você está aqui neste lugar.
Eugene ficou sem palavras.
— Quantos anos você tem? A Fórmula da Chama Branca pode ser difícil de aprender, mas com seus talentos… Não deve ter mais de vinte e poucos anos no máximo. Viu as armas na sala do tesouro? Algumas delas provavelmente já estão em suas mãos. Mas a Espada Sagrada… Para ser honesto, não tenho certeza. Você teria sido reconhecido pela Luz? — Vermouth riu. — Você pode ficar desapontado porque a Espada do Luar não está na sala do tesouro. Mas é simplesmente muito perigosa. Ela é perigosa de várias maneiras.
— Isso é verdade. É uma arma ignorante, forte e horrível. — Eugene simpatizou.
— Pretendo destruir a Espada do Luar e livrar o mundo de sua existência. No entanto, provavelmente vou falhar. Esta espada não é algo que possa destruir só porque quer. Se eu… Se eu conseguir manejar esta espada de alguma forma, e arranjá-la para você, e Hamel, se você ainda tem um apego à Espada do Luar… — Vermouth passou a mão pelo ar e algumas letras brilhantes apareceram. Era uma fórmula única de magia.
— Fiz sua sepultura em algum lugar subterrâneo no Deserto de Kazitan em Nahama. Se desenhar um feitiço de acordo com esta fórmula, poderá localizar seu túmulo. Pode ser que não saiba usar magia, mas… Se for o caso, aproveite esta oportunidade para aprender. Sienna recentemente estabeleceu um novo ramo de magia em Aroth. Com seu talento, não deve ser muito difícil.
— Já aprendi. — Murmurou Eugene.
— Claro, a Espada do Luar pode não estar lá, mesmo se você visitar seu túmulo. Mas não fique muito desapontado. Se a Espada do Luar estiver lá e eu ainda tiver a Espada do Luar, isso significaria que não poderia destruí-la. Ainda assim, espero que você não ria de mim, pois tenho certeza de que consegui controlar tudo de alguma forma. — Vermouth levantou-se da cadeira. — Hamel, acho que você não ficaria convencido pelo motivo de eu tê-lo reencarnado. No entanto, estou convencido. Estou convencido de que você será capaz de fazer o que eu não pude.
— O que posso dizer? Eu já reencarnei, porra. E mesmo que eu queira reclamar, você não está aqui, Vermouth.
— Não posso forçá-lo a viver sua vida de uma certa maneira depois de reencarnar. Talvez… Você tenha mudado. Talvez seu ódio contra os demônios e os Reis Demônios tenha desaparecido. Talvez você não tenha mais a ideia de salvar o mundo como antes.
— Mas você me conhece.
— No entanto, eu não acho que será o caso. Hamel, você não é de ser assim. Independentemente de como renasceu, desde que mantenha as memórias de sua vida como Hamel, não há como suas convicções de sua vida passada mudarem.
Eugene riu em vez de responder.
— Então você vai se ressentir de mim. Pode sentir que te traí.
— Não sou tão cabeça dura assim.
— Hamel, se é o mesmo de antes e quer livrar o mundo dos demônios e dos Reis Demônios, se quer salvar o mundo… — Vermouth fez uma pausa e fechou os olhos. — Não lute… Contra o Rei Demônio da Destruição. Fique longe dele. Tenho certeza de que você sabe, já que viu também, mas… É bizarro. Não é uma existência contra a qual você possa lutar.
Eugene tinha visto o Rei Demônio da Destruição se movendo de longe. Mas tanto antes quanto agora, ele não podia dizer com certeza o que exatamente tinha visto. Algo estava se movendo pela vasta planície, e se o que viu não foi destruição, então o que no mundo poderia ser chamado assim? Se o que viu não fosse o Rei Demônio mais forte, então o que mais poderia ser chamado de Rei Demônio? Tais pensamentos o convenceram de que o que tinha visto na época tinha sido o Rei Demônio da Destruição. Ninguém que esteve lá com ele falou sobre lutar contra o Rei Demônio da Destruição. O melhor que podiam fazer era segurar seus corpos trêmulos e se manterem juntos.
— Mas o Rei Demônio da Destruição deve morrer um dia… — Sussurrou Eugene.
Vermouth não ouviu a resposta de Eugene.
— Mas um dia, o Rei Demônio da Destruição deve ser morto. — Mesmo assim, ele deu a mesma resposta que Eugene.
— Antes disso, tente chegar ao topo de Babel. — Vermouth abriu os olhos. — Assim como eu, fique diante do Rei Demônio do Encarceramento e encontre seu verdadeiro corpo. O Rei Demônio do Encarceramento não vai deixar você escalar Babel em paz, já que esse é o tipo de ser que ele é.
— Claro, tenho que escalar Babel. De qualquer modo, nunca estive lá em cima. — Declarou Eugene.
— O que acontecerá depois disso são coisas que você mesmo terá que experimentar. — Vermouth não se recostou novamente. Em vez disso, ficou parado por um momento enquanto acariciava o braço de sua cadeira.
Depois de um momento, murmurou com um sorriso amargo:
— É isso.
Ele olhou diretamente para Eugene.
— Tem que ser você.
Trezentos anos atrás, Vermouth encontrou e escolheu Eugene como seu colega, apesar da desaprovação de seus companheiros.
Tem que ser você.
Ele estendeu a mão para Hamel enquanto falava essas mesmas palavras. Ele falou as mesmas palavras mais uma vez enquanto avançava.
— Sinto falta de dizer isso também. — Murmurou Vermouth antes de abaixar a mão estendida. No entanto, antes que sua mão caísse completamente, Eugene estendeu a mão enquanto estalava a língua.
A mão de Eugene passou direto pelo ar, mas isso ainda foi o suficiente para ele.
— Isso ainda é besteira. — Resmungou Eugene.