Damn Reincarnation - Capítulo 227 - Anime Center BR

Damn Reincarnation – Capítulo 227

Capítulo 227

Scalia (4)

A primeira coisa que Ciel viu quando abriu os olhos foi o rosto de Eugene. Ela simplesmente piscou algumas vezes quando viu como seus olhos, que pareciam indiferentes à primeira vista, continham uma preocupação sutil.

— Eu atrapalhei? — Ela falou sem pensar.

Ela não sabia por que estava dormindo até agora. Sua memória foi cortada em um lugar estranho. Ela se lembrou de como a princesa Scalia atacou em um frenesi, como Dior a bloqueou e… Como eles trocaram golpes ferozes um com o outro. Posteriormente, Dior desmaiou por motivos desconhecidos, embora não tivesse sofrido nenhum corte. Então, a princesa Scalia levantou a cabeça e…

Ela não se lembrava do que aconteceu depois. Nada. Tentou o seu melhor para se lembrar, mas simplesmente não conseguiu.

— Não, você não atrapalhou. — Eugene respondeu calmamente.

— Está mentindo. — Acusou Ciel.

Ela podia ver Cyan parado a uma pequena distância quando virou a cabeça. Seus olhos estavam vermelhos e ele estava olhando para o outro lado do campo de neve. Ela podia ver como seus músculos da mandíbula e do pescoço estavam flexionados por causa da força com que cerrava os dentes. Ciel sabia exatamente o que seu irmão estava sentindo agora, e ela podia simpatizar com isso.

Os dois eram gêmeos e nasceram na prestigiosa família Lionheart. Os dois eram bastante talentosos e habilidosos. O único problema era que nasceram em uma era com um talento monstruoso. Se eles tivessem sido educados normalmente sem pressa e nunca tivessem sido pegos em eventos inesperados e impossíveis…

— Não precisa ser atencioso. — Disse Ciel enquanto se levantava. A Espada da Chuva Fantasmagórica Javel, que ela estava segurando antes de adormecer, estava descansando em sua bainha, pendurada em sua cintura. Ciel não pôde deixar de rir com a visão. — Mostrar esse tipo de consideração só me machuca mais. Está bem. Eu já sei o quão ridiculamente forte você é.

Ela teimosamente insistiu em cruzar o campo de neve com Eugene, nunca imaginando que algo perigoso iria acontecer. Afinal, o que poderia ameaçá-los? Uma emboscada de monstros? Isso não podia ser considerado uma ameaça, podia? Ciel e Cyan estavam na Quarta Estrela da Fórmula da Chama Branca, e mesmo ao longo da longa história dos Lionheart, poucos haviam alcançado as Quatro Estrelas aos vinte e um anos. Este era um fato inegável.

Significava que podiam se orgulhar de quão fortes eram. Então erroneamente presumiram sua segurança. Mesmo esquecendo o fato de que Eugene era literalmente um monstro, essa jornada não representaria uma grande ameaça para eles. Se um monstro estivesse em seu caminho, Ciel poderia simplesmente balançar sua espada em seu lugar. Ela estava ansiosa para ouvir elogios óbvios de Eugene, como, ‘Uau, você melhorou muito’.

— Espere um minuto. — Gritou Eugene.

Ciel sentiu nojo de si mesma. Ela sabia exatamente que tipo de expressão estava fazendo agora, mas não poderia prever sua próxima mudança na expressão facial. Ela não estava familiarizada com o que estava sentindo, e o mesmo era verdade para sua expressão. Então Ciel se virou de costas para Eugene.

“Sou patética.”

Tinha sido repentino e inevitável. Foi inevitável que Ciel fosse absolutamente inútil e desamparada naquela situação, que desmaiou muito rapidamente, servindo apenas como uma obstrução ou um obstáculo para Eugene. No entanto, a orgulhosa senhorita do clã Lionheart não queria aceitar o fato inevitável. Seu orgulho foi ferido e se sentiu absolutamente humilhada.

Ela sabia que era impossível ficar à frente de Eugene, mas não queria atrapalhar. Mesmo que não pudesse ficar orgulhosamente ao seu lado, queria acompanhá-lo por trás. Mas o que era aquilo? Estava longe de acompanhar o ritmo dele. Em vez disso, apenas ficou em seu caminho. Ela não suportava ser tão patética e fraca.

— Ciel. — Chamou Eugene.

Infelizmente, Ciel não estava em posição de responder. Ela estava tentando tão desesperadamente manter os lábios trêmulos sob controle que nem quis responder. Sentiu os olhos tremendo e a visão embaçada, assim como o nariz formigando.

— Não olhe para mim. Nem chegue perto de mim. — Ciel conseguiu dizer enquanto reprimia suas fungadas.

Quanto mais pensava naquilo, mais patética ela se sentia. Na verdade, foi a primeira vez em sua vida que se sentiu tão miserável e desamparada. Ciel se aproximou de Cyan enquanto farejava o tremor de seus ombros.

Cyan abriu os olhos um pouco antes dela. Ele já havia passado do estágio de desespero na humilhação e agora estava se sentindo enfurecido com sua própria fraqueza. Cyan desviou o olhar do outro lado do campo de neve e olhou para o rosto de Ciel. Sua irmã estava derramando lágrimas com os lábios apertados.

Como seu irmão mais velho, ele queria dizer algo para acalmar ou confortar seu coração, mas… Não conseguia. Ele estava igual a ela, incapaz de abrir os lábios. Sabia que só gritaria de raiva se abandonasse o controle de sua boca. No final, Cyan apenas deu um tapinha no ombro de sua irmã sem dizer nada, mas isso foi o suficiente para sua irmãzinha. Ciel soluçou silenciosamente por um tempo, e Cyan saciou sua tristeza e raiva enquanto cerrava os dentes.

Eugene não disse nada aos gêmeos. Eles o estavam atrapalhando? Ele achava que não. Era essencial estar ciente de quem haviam enfrentado — Noir Giabella, a Rainha dos Demônios da Noite. Ela não era um oponente com quem uma batalha poderia ser travada em primeiro lugar, e até mesmo o próprio Eugene tentou não lutar contra ela.

No entanto, se tivessem sido forçados a lutar, Eugene não poderia ter deixado Ciel e Cyan desprotegidos, e também não tentou negar esse fato. Mesmo que não compartilhassem sangue, eram irmãos que se conheciam há quase dez anos. Assim que os dois recuperaram um pouco a compostura, Eugene explicou o que havia acontecido. Quando os dois ouviram sobre a Rainha dos Demônios da Noite, não puderam fazer muito além de olhar com a boca aberta.

— Então… A Duquesa Noir Giabella… De Helmuth assumiu o controle do corpo da princesa Scalia para dizer olá?

— Sim.

— Mas foi tudo uma brincadeira?

— Foi o que ela disse, de qualquer maneira. Bem… Parece que… Merda, mas ninguém morreu, certo? Então quer dizer que realmente foi só uma brincadeira daquela maluca, nada que pudesse ser considerado significativo.

Eugene não sentiu coragem para defender Noir Giabella nem o motivo certo. Mas ele tinha que expor os fatos. Sim, foi um ato ofensivo e incompreensível, mas para Noir, isso não passou de uma saudação lúdica.

— Ela deve ter ficado bastante curiosa sobre nós. Ora, o fundador lutou diretamente com a Rainha dos Demônios da Noite, e… Vocês dois devem se tornar o próximo chefe da família Lionheart como descendentes diretos. — Disse Eugene.

— Você não precisa dizer essas palavras para me fazer sentir melhor. A Rainha dos Demônios da Noite estava aqui para vê-lo. — Cyan disse com um bufo.

O mundo conhecia Eugene como a segunda vinda do Grande Vermouth, e não havia como Cyan ignorar esse fato. Ele mastigou os lábios enquanto experimentava emoções complicadas.

— Então… — Cyan disse depois de tomar um momento para se acalmar. — A duquesa Giabella ficou satisfeita depois de vê-lo?

— O quê? — Perguntou Eugene.

— Perguntei se ela ficou satisfeita com você. — Repetiu Cyan.

Ele estava olhando para Eugene com olhos calmos. Escondido sob seu olhar havia uma mistura de imaturidade, humilhação por ser desconsiderado, bem como ressentimento em relação às suas próprias deficiências. No entanto, estava conseguindo esconder suas emoções verdadeiras e contorcidas, assumindo um olhar digno.

— Não tenho certeza se ela ficou satisfeita, mas disse que gostou de mim. — Eugene respondeu suavemente.

— Já chega. — Disse Cyan com um aceno de cabeça. — É melhor ganhar reconhecimento do que ser ignorado por um inimigo de nosso grande fundador.

— Isso é uma coisa louvável de se dizer. — Eugene elogiou de forma rara.

— Eu disse algo estranho? — Perguntou Cyan.

— Não, você não disse nada de estranho. De qualquer forma, este evento… Bem… Não acho que haja motivo para contar a ninguém. Ninguém se machucou e não há necessidade de deixar as coisas saírem do nosso controle, certo? — Disse Eugene.

Tanto Cyan quanto Ciel concordaram com a cabeça. Ambos estavam convencidos de que Noir Giabella era uma maníaca e que não poderiam entendê-la com bom senso.

— E a princesa Scalia? — Perguntou Cyan. Eles moveram a princesa Scalia e Dior para o lado depois que caíram na neve, mas nenhum deles ainda recuperou a consciência. — Não podemos deixá-los assim, certo? Eles vão morrer congelados se não fizermos nada.

— Então vai levá-los conosco? — Perguntou Ciel.

— Por que iríamos? — Eugene perguntou. — Podemos deixá-los chegar a Lehain por conta própria enquanto seguimos nosso próprio caminh–

— Não. — Ciel balançou a cabeça, interrompendo Eugene. — Eu e meu irmão iremos com a princesa Scalia.

— O quê? — Eugene ficou pasmo.

— Você está indo para o Grande Cânion do Martelo de Lehainjar de qualquer maneira. — Continuou Ciel. Seus olhos ainda estavam vermelhos, mas sua voz voltou ao normal. Ela continuou com um sorriso corajoso, como se nunca tivesse chorado. — Em primeiro lugar, foi você, não nós, que Sua Majestade Aman Ruhr recomendou ir ao Grande Cânion do Martelo. Para ser sincera, já estou farta deste campo de neve. Não quero subir mais montanhas sem razão, nem quero ir a este desfiladeiro. E treinar com você na estrada…

Infelizmente, ela não suportou mentir sobre isso também e parou. Depois de um momento de hesitação, deu de ombros e riu: — Bem, isso não foi tão ruim. Mas eu preferiria estar relaxando meu corpo e mente. Trenós e carroças… Soam muito bem. Eu queria viajar assim tomando um chocolate quente ou café com você, mas agora nem me importo com isso. Mal posso esperar para chegar a Lehain e entrar naquela famosa fonte termal.

— Ei você…

Antes que Eugene pudesse começar a repreendê-la, Ciel continuou em tom firme:

— Não vou mudar de ideia, não importa o que diga, e o mesmo vale para meu irmão. Então, apenas me diga para fazer o que eu quero. Ah, você não está preocupado conosco, está? Tudo bem, está bem. Mesmo que a princesa Scalia não estivesse em seu juízo perfeito, Sir Dior estava bem, certo? Eles devem ter vagado pelo campo de neve sabendo o caminho para Lehain.

Sem saber o que dizer, Eugene apenas ficou quieto.

— E você sabe, mesmo que algo perigoso aconteça, será enquanto escalamos Lehainjar, não neste campo de neve. Não quero me envolver em algo assim novamente e também não quero atrapalhar você.

— Não diga coisas estúpidas. — Repreendeu Eugene.

— Estou dizendo essas coisas porque não sou burra. Eu sei o meu lugar. Por quê? Você sente pena de mim depois de ouvir o que eu disse? Se for esse o caso, odeio isso. Não quero ter a sua pena.

Ciel saltou do chão com um bufo. Então se aproximou da princesa Scalia e Dior, que ainda estavam inconscientes no chão.

— Quanto tempo eles vão dormir? Não deveriam se levantar sozinhos, já que esperamos tanto tempo?

— Vamos carregá-los nas costas. — Disse Cyan, levantando-se atrás de Ciel.

Antes que Eugene pudesse detê-lo, Cyan se aproximou de Dior e o colocou de costas. Ciel naturalmente seguiu o exemplo e carregou Scalia nas costas.

— Eles vão acabar acordando assim que começarmos.

Eugene tentou dissuadi-los.

— Ei, por que vocês estão com tanta pressa? Apenas espere até que eles acordem e…

— Não quero mais ficar com você, porque me sinto envergonhada e humilhada. — Disse Ciel.

— Quando vejo seu rosto, tenho vontade de arrancar todos os meus cabelos de raiva. — Cyan entrou na conversa, balançando a cabeça.

— Se você me segurar, vou te odiar pelo resto da minha vida. — Cuspiu Ciel com os olhos vermelhos. Eugene não conseguia encontrar palavras para falar.

— Vejo você em Lehain. — Disse Cyan antes de partir. No final, os dois partiram levando Dior e Scalia. Eugene ficou parado por um tempo, olhando para suas costas encolhidas.

— Você está preocupado?

A voz que o interrompeu estava em um tom bastante sarcástico. Eugene se virou para olhar para Kristina. A julgar pela forma crescente de seus olhos e seu sorriso, era Anise.

— Claro que estou preocupado. — Respondeu Eugene.

— É porque você voltou a viver a infância depois de reencarnar? Hamel, parece-me que você é mais humano do que era em nossa vida passada. — Disse Anise.

— Eu era cheio de compaixão desde minha vida anterior. — Disse Eugene.

— Bom, não posso negar. De qualquer forma, acho que é um alívio. Esses gêmeos… Não te odeiam. Eles invejam você, mas não têm ciúmes. Em vez disso, estão lá para você e querem ajudar. — Disse Anise.

— Eu sei. Acho isso muito fofo e orgulhoso, então ensinei a eles isso e aquilo, o que não combina muito comigo. No entanto, Cyan e Ciel ainda são muito jovens.

— Acho que a idade não importa muito. Todos nós éramos muito jovens trezentos anos atrás. — Com um leve sorriso, Anise traçou o símbolo sagrado no ar. — Claro, aqueles gêmeos são diferentes de nós. Éramos tão jovens quanto eles, mas nascemos diferentes e vivemos coisas diferentes. Mas Hamel, surpreendentemente, os humanos são rápidos em se adaptar e mudar. Se algumas oportunidades não triviais se apresentarem, e se eles tiverem vontade de seguir em frente, então… Os humanos podem fazer milagres. Assim como nós.

Eugene ouviu em silêncio enquanto Anise continuava.

— Hamel. Você passou sua infância com aqueles gêmeos, mas com as memórias de sua vida passada, não poderia ter compartilhado as mesmas experiências com os gêmeos na mesma idade. É por isso que você os trata como crianças o tempo todo. — Disse Anise.

— Isso mesmo.

— Mas eles não são mais crianças. Querem se manter por conta própria e não querem depender dos outros. Esses gêmeos possuem a vontade de fazê-lo e claramente se sentiram zangados por não ajudar hoje. Eles se desprezam por serem fracos. O que experimentaram hoje e o que experimentaram até agora, as emoções que sentem com cada evento atuará como um ponto de virada para eles. — Anise concluiu sua explicação.

Ela não estava falando apenas sobre Ciel e Cyan. Também era para Kristina, que estava ouvindo silenciosamente do outro lado da consciência. Era o mesmo para ela. Pois também foi forçada a aceitar sua amarga fraqueza e também desejou usá-la como um trampolim para superar outras dificuldades.

— Se você cruzar o rio da morte. — Disse Eugene após um longo suspiro. Ele se levantou antes de continuar. — Se uma pessoa sobreviver à beira da morte, se continuar lutando para sobreviver, mesmo à custa de ter que matar outros, então sim. Vai se fortalecer e se tornar mais forte. Anise, você e eu sabemos disso muito bem porque vivemos naqueles tempos.

— Sim, é verdade.

— Mas o tempo que vivemos agora é tranquilo. Eu… Se for possível… Não, você está certo. Ainda estou tratando Cyan e Ciel como crianças. Mas, se possível, gostaria que eles vivessem suas vidas nesta era pacífica sem ter que dançar com a morte. — Continuou Eugene.

— Esse é o seu desejo egoísta. — Respondeu Anise. Ela foi inflexível a esse respeito. — Não escolhemos a época em que vivemos, e não é algo que possamos mudar como queremos. Como humanos, somos fracos e leves. Não temos escolha a não ser seguir o grande esquema das coisas, o fluxo maior. Em particular, esses gêmeos são descendentes de Sir Vermouth. Enquanto tiverem o nome Lionheart, não têm escolha a não ser ficar na vanguarda dos tempos turbulentos.

Eugene não podia negar suas palavras.

— Se eles escolhem andar na corda bamba com a morte, ou… Se escolhem abandonar tudo e fugir, não cabe a você decidir, Hamel. O destino do homem deve ser dele e somente dele. — Disse Anise.

— Eles podem gritar, porque não querem, mas ainda se envolvem em coisas que não querem. — Retorquiu Eugene.

— Se não querem se envolver nas coisas, podem simplesmente fugir. Se optarem por se envolver em concessões e em sua própria teimosia, também é algo com o qual precisam lidar por conta própria. — Respondeu Anise.

— O que você diz soa como autotortura. — Comentou Eugene.

— Então você ouviu direito. Trezentos anos atrás, eu não tomei meu destino como meu. Não fugi, mas também não queria avançar. Eu era estúpida e não podia desobedecer às ordens do Império Sagrado, que estava habilmente disfarçado de Vontade da Luz. Eu era estúpida. Vi inúmeras mortes, experimentei completamente minha própria fraqueza e horrores indescritíveis, e me desprezei por não fugir. — Disse Anise antes de se levantar.

Ela sorriu enquanto olhava para Hamel, que permanecia sentado.

— Mas, no final, fui eu quem tomou a decisão final. Escolhi seguir Sir Vermouth por minha própria vontade. Por minha vontade, cruzei o Domínio Demoníaco com você, Sienna, Moron e Sir Vermouth. E por minha vontade, tirei minha vida. Consegui mudar assim porque… Haha, por causa dos acontecimentos significativos e da vontade de agir. Foi por causa dessas coisas.

— E você também caminhou muitas vezes pela margem do rio da morte. — Eugene a lembrou.

— Sim, está certo. De qualquer forma, o que quero dizer é simples. Se você realmente se importa com seus irmãos, não os trate como crianças. Por favor, respeite a disposição deles de agir. — Concluiu Anise.

— Já faz muito tempo desde a última vez que ouvi um de seus sermões. — Eugene levantou-se com um sorriso amargo. Virou a cabeça, mas não conseguia mais ver Cyan e Ciel. — Mas anise. Quando você dança com a morte muitas vezes, se torna estranho. Você quebra.

— Quando isso acontece, você cuida deles tanto quanto os ama, da mesma forma que fazíamos trezentos anos atrás. Se lembra, Hamel? Quando cruzamos o mar e derrotamos bestas demoníacas e uma legião de demônios, você… Não conseguia dormir à noite com tantos cadáveres e o fedor de sangue.

— Não fui só eu. Todos nós passamos pelo mesmo naquela época, exceto Vermouth, aquele desgraçado.

— Pudemos acalmar nossos corações trêmulos, porque Sir Vermouth permaneceu resoluto. Confiamos um no outro e nos mantivemos no lugar para garantir que ninguém quebrasse. Hamel, não pense muito sobre isso.

Houve uma ligeira mudança no sorriso de Anise. Ela sorriu para Eugene com os lábios e os olhos antes de continuar.

— Você só precisa se tornar uma figura como Sir Vermouth para os gêmeos.

— Porra, não diga essas coisas nojentas. — Retorquiu Eugene.

— Não precisa ser tímido. Você admirava secretamente Sir Vermouth, não é? — Provocou Anise.

— Quando é que fiz isso?! — Gritou Eugene.

— Não negue agora. Não é nada para se envergonhar, não é? Não era só você, mas todos nós admirávamos Sir Vermouth. — Disse Anise.

— Não, não… Eu não. Nunca admirei aquele desgraçado. Para mim, Vermouth era—

— Um rival que você queria vencer um dia? Não é mais vergonhoso dizer essas coisas com a própria boca? — Interrompeu Anise.

— Não estou envergonhado. Para mim, Vermouth era… Não gostava que ele fosse tão… Tão melhor do que eu em tudo… Então… Ficava tão furioso… Que queria derrubá-lo e–

— Para, para! Sinto que minhas mãos e pés estão murchando só de ouvir você. Como pode dizer coisas tão horríveis sem beber nada? — Anise o interrompeu mais uma vez.

— Cale a boca… Eu… Não tenho vergonha. — Era mentira. Seu rosto e estômago queimavam como se ele tivesse engolido uma garrafa inteira de álcool forte e, para ser sincero, ele queria arrancar o rosto.

— Você realmente não está envergonhado? Bem, então, que tal isso? — Disse Anise com um sorriso antes de se aproximar de Eugene. Estendeu a mão e acariciou o peito dele. — Por minha vontade, segui Sir Vermouth. Por minha vontade, cruzei o Domínio Demoníaco com você, Sienna, Moron e Sir Vermouth. Por minha vontade, tirei minha vida no final.

— O que você está fazendo? Está repetindo o que disse antes—

— E por minha vontade, Hamel, eu te amei.

Eugene sentiu o rosto ficar vermelho. Parecia que sua cabeça ia explodir. Ele entrou em pânico e pulou para trás, e Anise riu depois de ver o rosto vermelho de tomate de Eugene.

[I-I-Irmã!]

“E daí? Estou dizendo isso por minha própria vontade. Ou, Kristina, você gostaria de aproveitar este momento e tomar coragem para falar do seu coração?”

[Eu… Eu não…]

“Até parece.”

Anise gostava de provocar Kristina mais do que qualquer coisa.

— Eu também gosto de Sir Eugene por minha própria vontade. — Disse Mer depois de enfiar a cabeça para fora do Manto das Trevas e olhar para ele.

— Mas eu amo a Senhorita Sienna. E a Senhorita Sienna… — Continuou Mer.

— Pare, mocinha. Você não deveria dizer essas coisas no lugar dela. Será mais agradável ver a reação de Hamel quando Sienna disser isso ela mesma. — Disse Anise com uma risadinha.

— Cale-se. — Eugene de repente levantou a mão e deu um tapa em sua bochecha em chamas.

O queixo de Mer caiu com essa visão.

— Ficou louco?! — Ela gritou.

— Abel! — Eugene chamou.

— Au, au!

Eugene ignorou a dor formigante em sua bochecha e correu para frente. Abel respondeu gentilmente e latiu vigorosamente antes de avançar.

— Para o Grande Cânion do Martelo!

Ele podia ouvir Anise rindo atrás dele.

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