Damn Reincarnation - Capítulo 231 - Anime Center BR

Damn Reincarnation – Capítulo 231

Capítulo 231

Lehain (2)

 

Eugene falhou em reconhecer Hemoria por um momento. Seu rosto estava coberto com uma máscara de ferro, como antes, mas a cobertura não estava tão limpa ou arrumada como antes. Em vez disso, a placa de ferro parecia ter sido dobrada à força, depois fixada no lugar com um pedaço de pano rasgado.

— Uh…

No entanto, a máscara de ferro não foi a única razão pela qual Eugene falhou em reconhecê-la. Pelo contrário, era porque nunca lhe ocorreu que ela pudesse estar viva. Ele havia cortado todos seus membros na Fonte de Luz quando ela o atacou apesar de seu aviso. As feridas que ele infligiu na época foram sem dúvida fatais. Eugene então chutou seu toco de corpo sem membros para as profundezas do poço.

Alguns até sobreviveram ao incidente na Fonte de Luz, mas nenhum voltou com vida. Mesmo Raphael não mencionou nada sobre alguém sobrevivendo do poço depois de verificar as consequências.

— Você ainda está viva? — Perguntou Eugene com uma expressão estupefata, percebendo tardiamente quem ela era.

Ele ficou bastante surpreso por Hemoria estar viva, mas foi tudo o que sentiu. Ele apenas assumiu que ela teve sorte.

Depois de um momento de reflexão, no entanto, percebeu que algo estava errado. Não importava o quão sortudo você fosse, era impossível criar novos membros.

Ele olhou para os braços e pernas de Hemoria. Aqueles eram definitivamente membros onde ele havia deixado apenas tocos. Eles não pareciam muito normais, e todos os quatro estavam bem envoltos em bandagens escuras, mas eram braços e pernas.

— Fwoo…

O som de sua respiração ofegante alcançou seus ouvidos. Não havia outra emoção além da surpresa nos olhos de Eugene, mas o mesmo não poderia ser dito dos olhos de Hemoria. Seus olhos sempre foram vermelhos, mas agora estavam tingidos de um tom de carmesim mais profundo e injetado. As veias de seu pescoço incharam e seu peito arfou enquanto sua respiração se intensificava.

— Hwuah… Fwoo.

No passado, ela teria rangido os dentes ou mesmo rosnado, mas era incapaz de fazê-lo agora. A única maneira de se expressar era através de uma série de respirações difíceis.

Eugene assumiu uma expressão curiosa em resposta.

— O que você quer?

Eugene empurrou Hemoria à beira da morte na Fonte de Luz, e ele não sabia como ela se sentia sobre isso. No que lhe dizia respeito, a interação deles não foi nem uma briga nem uma batalha. Não tinha sido nada mais do que… Remover um obstáculo irritante, uma pedrinha ou um inseto, de seu caminho. Talvez ele tivesse sido mais enérgico do que poderia ter sido, mas no final, pensou pouco nisso.

Ele guardava rancor? Não, não contra a Hemoria como pessoa. Eugene ficou extremamente furioso com a Fonte de Luz e estava determinado a obliterar qualquer um e qualquer coisa que bloqueasse seu caminho. É verdade que pode ter havido alguns sentimentos pessoais envolvidos quando cortou todos os membros dela, mas não direcionou sua lâmina para Hemoria porque a odiava.

Era o mesmo agora. Sua raiva havia sido resolvida na Fonte de Luz. Por enquanto… Contanto que Hemoria não o atacasse repentinamente com a mesma determinação assassina de antes, Eugene também não tinha intenção de matá-la.

“Não é como se eu pudesse fazer isso aqui e agora, posso?”

Matá-la o colocaria em uma situação bastante difícil. Se ele a tivesse encontrado em outro lugar, em outro momento, poderia tê-la exterminado sem qualquer hesitação. No entanto, este não era o momento nem o lugar, não durante a Marcha dos Cavaleiros.

— Não vai ranger os dentes? — Perguntou Eugene com uma inclinação de cabeça.

Craaaack!

O som de algo rangendo dentro da cobertura de ferro podia ser ouvido, mas não era o som dela rangendo os dentes.

— Ugh… — Alguém gemeu de dentro do beco. O Inquisidor de antes estava inconsciente nas mãos de Hemoria, então ficou claro que alguém havia sofrido nas mãos dela. Eugene calmamente deu alguns passos para mais perto para poder ver o fundo do beco, mas não havia necessidade de ir mais longe do que isso. Um fedor de sangue de repente atacou seu olfato.

“Ela deve ter escondido com magia…”

Mais cedo, quando Eugene encontrou pela primeira vez os furiosos Inquisidores, não havia nada dentro do beco. Só era possível para ele ver dentro do beco e sentir o cheiro do sangue agora, porque o Inquisidor responsável por realizar a magia havia sido espancado até virar geleia.

Não foi apenas um ou dois deles também. Quase uma dúzia de Inquisidores estavam caídos no chão cobertos de sangue dentro do beco, e era óbvio quem era a responsável. Eugene sorriu, olhando para as mãos ensanguentadas de Hemoria.

— Está tudo bem para você fazer esse tipo de coisa? — Ele perguntou.

As sobrancelhas de Hemoria se contorceram em irritação. Jogando o homem em suas mãos contra o chão, ela levantou o dedo indicador em direção a Eugene, olhando para ele com olhos vermelhos. Eugene pensou que ela iria atacá-lo imediatamente, mas em vez disso… Hemoria mexeu o dedo, gesticulando para ele vir até ela.

Eugene caiu na gargalhada em resposta. De onde vinha aquela confiança? Foram os estranhos novos membros que ela tinha anexado? Bem, ele não podia simplesmente ignorá-la quando ela implorava para que ele fosse até ela, podia? Com um sorriso largo, Eugene obedeceu e deu alguns passos no beco, em direção à Hemoria.

Enquanto Eugene avançava, Hemoria recuou. Ficou claro que ela se importava com os olhares dos transeuntes, o que Eugene achava hilário.

— Por que você se importa com o que as outras pessoas pensam? O que você pode fazer? Não seria melhor se saíssemos do beco? — Perguntou Eugene com um sorriso. — Na verdade, talvez alguém esteja lá para me impedir se eu começar a bater em você no meio da rua.

Hemoria imediatamente caiu na provocação óbvia.

— Uwwwoooo! — Assim que Eugene entrou no beco, ela uivou e correu para ele com intenso ódio e óbvia intenção assassina.

Ela foi mais rápida do que na Fonte de Luz, mas isso foi tudo. Mesmo antes que Hemoria pudesse fazer qualquer coisa, Eugene já havia estendido a mão e segurado firmemente sua garganta. Ela nem teve tempo de gemer antes de Eugene jogá-la direto no chão. O poder que ela reuniu foi anulado com muita facilidade.

 Uwoooo! — Hemoria se debateu no chão.

Eugene agarrou seu braço agitado, então se perguntou se deveria puxá-lo ou torcê-lo. No final, decidiu adiar sua decisão até depois de quebrá-lo primeiro. No entanto, no momento em que o torceu, ele franziu a testa.

— O que é isso?

Mesmo que tivesse forçado o braço dela em uma posição anormal, o que sentiu não foi o estalo de um osso. Ele logo percebeu o motivo da textura anormal, o que estava coberto pela bandagem escura não era um braço feito de carne e osso, mas sim escuridão em forma de braço.

— Puta merda. — Xingou Eugene enquanto a escuridão fluía livremente por baixo das bandagens.

Ele imediatamente decidiu esmagar a cabeça de Hemoria, mas um momento depois, congelou. O súbito aparecimento de uma presença feroz o fez estremecer involuntariamente, mas continuou analisando a situação.

“Vale a tentativa.”

Havia inúmeras variáveis em cada luta, por isso era impossível prever como ele se sairia se uma surgisse. Mesmo assim, era um homem completamente diferente em comparação com dois anos atrás. Naquela época, ele não achava que tinha chance, mesmo que usasse tudo em seu arsenal. Mas agora, depois de apenas dois anos, ele sentia que tinha uma chance decente.

Uma mulher saiu da sombra do beco, como se estivesse lá desde o começo. Sua boca estava coberta com um véu de algodão e ela adornava uma túnica vermelha brilhante. Ela estava exatamente como há dois anos.

Amelia Merwin.

— Meu animal de estimação… Foi desrespeitoso com você?

Os lábios de Amelia se torceram em um sorriso enquanto ela puxava o capuz para trás. No entanto, seus lábios eram a única coisa sorrindo. Seus olhos roxos estavam incrivelmente calmos, escondendo uma terrível hostilidade no fundo de seu olhar. Olhar nos olhos dela era como olhar para o abismo, um abismo terrível que ameaçava roubar a sanidade das pessoas.

— Você ainda tem uma queda por bichinhos bagunceiros… Originalmente, você tinha um bichinho diferente, não é? — Perguntou Eugene.

— Quer dizer… O bichinho que você quebrou? Aquela criança está bem, embora eu não tenha trazido ele aqui. — Respondeu Amelia.

Eugene não entendia muito bem como Hemoria havia se tornado subordinada de Amelia. Ele olhou para Hemoria, que ainda estava se contorcendo no chão.

— Desde quando um Inquisidor de Yuras era seu animal de estimação?

— E o que isso importa para você? — Respondeu Amelia.

— Estou apenas curioso. — Explicou Eugene.

— Bem, é bem simples, na verdade. Você jogou a garota no buraco depois de cortar seus braços e pernas, e eu a peguei. — Respondeu Amelia. Ela então puxou um bastão com a cabeça de uma cabra montesa em sua ponta de dentro de seu manto. Acenou levemente com o cajado e a escuridão se espalhou sob os pés de Eugene.

Ele olhou para a escuridão sem se mexer. Pensou em fazer um movimento, mas se conteve naquele momento.

Amelia era sua inimiga, e Eugene tinha todos os motivos para matá-la, mesmo que não fosse hostil aos magos negros. Assim, ele julgou que não havia razão para mostrar suas cartas ainda.

— Krrr…!

Hemoria se contorceu sob o pé de Eugene como se estivesse tendo uma convulsão. Foi apenas por um momento, mas Eugene viu um vislumbre de desespero em seus olhos. Naturalmente, Eugene não respondeu ao seu apelo.

A escuridão consumiu Hemoria e, um momento depois, ela emergiu da sombra de Amelia. Ela sorriu, olhando para Hemoria.

— Então, quem estava sendo desrespeitoso aqui?

— O que você acha? — Disse Eugene.

— Não tenho nenhuma intenção de brincar com você. Ainda me lembro muito claramente. Você matou meu animal de estimação no deserto. Não esqueceu, não é? Naquela época… Eu teria matado você se o Rei Demônio não tivesse mostrado misericórdia. — Respondeu Amelia.

— Eu sei disso muito bem. Foi uma pena que você não tenha sido capaz de me matar. — Disse Eugene.

— Ladrão maldito. — Amelia rosnou com uma carranca profunda.

Eugene respondeu à raiva dela com um sorriso.

— Quem está chamando quem de ladrão?

— Você roubou uma sepultura que estava em meu território. — Cuspiu Amelia.

— A estátua de Hamel? A pedra memorial? Acho que você considerou esses tesouros valiosos, não é? — Disse Eugene.

— Era um pedaço da história que não havia sido revelado ao mundo, algo que só era conhecido por mim e pertencia apenas a mim. — Retorquiu Amelia.

— Não brinque comigo. Você não tinha absolutamente nenhum direito de possuí-los. — Disse Eugene.

— E você tem direito a eles? Ah, bem, acho que sim, já que é descendente de Vermouth e herdeiro de Sienna. — Respondeu Amelia.

Wooooooo…!

Um som sinistro ecoou do cajado de Amelia, e seu cabelo carvão começou a reverberar com a escuridão.

— Mas e daí? A tumba estava abandonada há trezentos anos e ninguém conseguiu encontrá-la. Exceto por mim! Fui eu que encontrei. Então tudo naquela tumba pertencia a mim, incluindo a estátua, a pedra memorial e o corpo! — Gritou Amelia.

— Não vamos jogar sujo aqui. — Respondeu Eugene. Ele não recuou, mesmo quando Amelia exibiu sua força. Em vez disso, a mana atraída pela Fórmula da Chama Branca formou uma chama roxa e envolveu Eugene. Amelia se encolheu com o enorme poder.

“Isso é realmente possível?”

Fazia apenas dois anos desde que eles se encontraram pela última vez. Naquela época, Eugene não passava de um inseto insignificante que Amelia poderia esmagar com o pé. Ele só teve permissão para continuar sua vida miserável por causa da carta do maldito Balzac Ludbeth, e ele teve permissão para escapar por causa da demonstração de misericórdia do Rei Demônio do Encarceramento.

“Com o que preparei agora… Não há garantia de que posso matá-lo.”

Amelia considerou cuidadosamente a força de Eugene e seus próprios preparativos. Ela não achava que estava despreparada, mas não tinha confiança para matá-lo. E mesmo que conseguisse matá-lo, o que viria depois a incomodaria muito.

No final, Amelia julgou que não estava preparada para escapar depois de matá-lo, se conseguisse matá-lo em primeiro lugar.

— Certo. — A escuridão fervilhante rapidamente diminuiu. Embora Amelia quisesse despedaçar Eugene, teve que reprimir seu desejo. Certamente haveria mais oportunidades no futuro. Ela podia sentir a intenção assassina e o ódio de Eugene em sua pele. Não conseguia entender por que ele sentia um ódio tão puro, mas entendia que os sentimentos dele por ela não mudariam no futuro.

Um dia, sem falta, Eugene Lionheart viria para matar Amelia Merwin.

“E nesse momento vou matá-lo.”

Amelia colocou seu cajado de volta em seu manto e estremeceu de alegria ao imaginar o futuro. Eugene Lionheart definitivamente daria um animal de estimação maravilhoso como um cadáver… Amelia lambeu os lábios com um sorriso.

— Há muitas coisas que quero dizer a você e muitas coisas que gostaria de fazer a você. No entanto, vou me segurar aqui.

— Estou bem com você não se segurando. — Retorquiu Eugene.

— Não me provoque. Não é o mesmo para você? Lutar comigo aqui só será problemático para você. Não me diga que acha que os Lionheart irão protegê-lo? Se for esse o caso, então… Haha, deixe-me dizer uma coisa. Não importa o quão forte você seja, se eu tentar matá-lo, ninguém aqui poderá interferir. Ou eu vou morrer ou você vai morrer. Se os Lionheart finalmente conseguirem chegar a este lugar, será apenas para recuperar um corpo que pertence a um de nós. — Disse Amelia.

Ela estava insinuando erguer uma barreira? Eugene lembrou-se do aviso de Balzac Ludbeth. Segundo ele, Amelia Merwin era a mais forte dos Três Magos do Encarceramento. Em outras palavras, Amelia Merwin era a maga negra mais forte da era atual. Já era difícil imaginar o quão robusta e poderosa seria uma barreira erguida por um arquimago, então se a mais forte maga negra viva colocasse uma barreira, ninguém seria capaz de interferir antes que um deles acabasse como um cadáver.

— Tudo bem. Vou aguentar isso por enquanto. — Disse Eugene depois de olhar para Amelia por um momento. — Então, Amelia Merwin, o que você está fazendo aqui?

— Está fazendo uma pergunta tão óbvia. Estou apoiando o Sultão de Nahama. Não recebo ordens dele, mas o aconselho. — Respondeu Amelia.

— Você está dizendo que faz parte das forças de Nahama? — Perguntou Eugene.

— Não sou fã da expressão ‘parte das’, mas vou deixar passar por enquanto. O quê? É tão incrível que eu, que assinei um contrato com o Rei Demônio do Encarceramento, estou apoiando Nahama em vez de Helmuth? — Perguntou Amelia.

— Não é novidade que o Rei Demônio do Encarceramento está permitindo que seus magos negros vaguem livremente como quiserem. — Disse Eugene.

— Ainda arrogante, pelo que vejo. Era o mesmo naquela época. No túmulo, você foi arrogante mesmo diante da morte clara. Gosto disso em você, embora não goste ao mesmo tempo. — Disse Amelia.

— Você gosta? — Perguntou Eugene.

— Sim. — Amelia inclinou a cabeça para o lado e sorriu. — Um dia, quando você estiver realmente à beira da morte, se eu tiver o prazer de ser o carrasco… Imagino que tipo de cara fará. Me pergunto o que você vai dizer e me pergunto que tipo de expressão terá quando a vida se esvair. Será tão arrogante como é agora? Me mostrará o mesmo ódio e intenção assassina enquanto acaricio sua alma? Me dá arrepios só de imaginar.

— Vadia maluca. — Eugene zombou e mostrou-lhe o dedo. — Pare de sonhar acordada com situações impossíveis e mantenha seu novo animal de estimação sob controle.

— É um conselho bom e útil. Ela parecia querer dar um passeio, então deixei sua coleira solta por um tempo… Não esperava que ela fizesse algo assim. — Disse Amelia antes de virar o olhar. Olhando em volta para os trapos ensanguentados que já foram Inquisidores, ela estalou a língua. — Pensei que já tinha arrancado isso de você, mas ainda tem sentimentos persistentes sobre essa religião? Você achou que seus colegas inquisidores iriam salvá-la? Eles não o fizeram, não é? Eles te chamaram de suja, corrompida e tentaram te prender, não é? É por isso que teve que colocá-los em seus devidos lugares.

Amelia não estava mais olhando para Eugene. Em vez disso, dirigiu seus olhos, que eram curvos como luas crescentes, para Hemoria. Ela estremeceu na escuridão ao sentir o olhar de Amelia, mas não evitou seus olhos. Em vez disso, olhou de volta.

— Por que você está usando uma coisa dessas na boca? — Sussurrou Amelia. Ela esticou um de seus longos dedos e acariciou a placa de ferro que cobria o rosto de Hemoria.

Tap!

Seu toque gentil imediatamente se transformou em um tapa feroz. Hemoria estremeceu e sua cabeça foi jogada para o lado. Como resultado, a placa de ferro que cobria sua boca também caiu no chão.

O que foi revelado foi algo na boca de Hemoria. Não era um bocal normal, em vez disso, o que ela segurava com força na boca era um osso, muito parecido com o que um cachorro mastigaria.

Sangue escorria pelo queixo de Hemoria enquanto ela olhava para Amelia.

— Ah… Com licença. Eu deveria ter esperado até que fôssemos só nós duas antes de disciplinar meu animal de estimação. — Disse Amelia, baixando a mão até o pescoço de Hemoria. Ela olhou para Eugene e sorriu estranhamente. — Vamos nos dar bem enquanto estamos aqui. Vou cumprimentá-lo com um sorriso quando o vir e espero que você faça o mesmo.

Essas foram as palavras de despedida de Amelia. Ela agarrou um punhado de cabelo de Hemoria, então arrastou-a mais fundo no beco como se estivesse puxando a coleira de um cachorro. Hemoria só conseguiu expirar com força pelo bocal e logo as duas desapareceram na escuridão.

— Vadia maluca. — Murmurou Eugene, balançando a cabeça.

Amelia disse que pegou Hemoria na Fonte de Luz. Ele não entendeu exatamente o que ela quis dizer, mas também não estava curioso o suficiente para investigar. Assim, deixou o beco sem pensar mais nisso.

A Marcha dos Cavaleiros estava lhe trazendo tantos encontros inesperados. Ele encontrou Noir Giabella no campo de neve, Moron em Lehainjar, Amelia Merwin em Lehain…

“Isso está me dando más vibrações desde o começo.”

Ele estava de mau humor, talvez porque tivesse encontrado alguém que queria matar. Eugene voltou a cabeça para o beco e cuspiu no chão. Ele não estava mais com vontade de continuar andando por aí, mas já havia alcançado seu objetivo de esfriar a cabeça. Como tal, Eugene voltou para a mansão com uma carranca.

— Onde você esteve? — Perguntou Ciel quando se aproximou dele. Ela parecia miserável e desgrenhada. Parecia que havia chegado com os outros durante o pouco tempo que ele passeava por Lehain.

— Bem… Uh… Só uma caminhada. — Disse Eugene.

— Por que sua expressão está tão podre se você só foi passear? — Perguntou Ciel.

Eugene gaguejou, mas Ciel parecia extremamente calma. Apesar de seu temperamento, no entanto, seu rosto estava bastante bagunçado e suas roupas estavam sujas, talvez porque ela não tivesse tomado banho nos últimos dias.

Era inevitável. Quando viajavam com Eugene, podiam lavar-se mesmo sem água quente, graças à magia de Eugene. No entanto, Cyan e Ciel decidiram viajar separadamente de Eugene no meio do campo de neve. Pensando bem, foi uma decisão repentina e imprudente. A maioria das comodidades que trouxeram para a viagem foram com Eugene, dentro do Manto das Trevas. Embora Cyan e Ciel possuíssem mochilas com armazenamento magicamente amplificado, tudo o que levaram foram rações de emergência para alguns dias.

Além disso, mesmo cavaleiros capazes de lidar com mana não eram imunes ao frio. Teria sido horrível se eles pegassem um resfriado forte porque se lavaram no campo de neve e, portanto… Não se lavaram por mais de dez dias. Eles vagaram pelo campo de neve em busca de comida e derreteram a neve para matar a sede.

Mesmo depois de ter experimentado uma jornada tão difícil, Ciel parecia calma. Não que ela estivesse realmente calma, de forma alguma, mas estava fazendo um bom trabalho se segurando. Não era como se estivessem separados por muito tempo, mas ela ainda queria mostrar a Eugene o quão madura ela era.

— Você está bem? — Perguntou Eugene depois de um momento.

— O quê? Estou bem. Estou completamente bem. — Disse Ciel.

— Não… Você não parece bem. Acho que perdeu mais peso… — Disse Eugene.

— Não diga algo tão rude. Nunca tive peso a perder desde o início. — Retorquiu Ciel.

— Bem, não estou dizendo que você era gorda. Só estou dizendo que perdeu um pouco de peso em comparação com a última vez que a vi. — Disse Eugene. E ele não estava apenas dizendo aquilo só por dizer. As bochechas de Ciel estavam definitivamente encovadas.

— É porque passei um mau bocado. — Admitiu Ciel, mas, apesar das palavras, manteve o ar indiferente.

— Viu só? Então você teve dificuldades. O que tem de tudo bem nisso? — Perguntou Eugene.

— A juventude é a época de passar por dificuldades. — Disse Ciel.

— Uh, o quê? Enfim, onde está Cyan? — Perguntou Eugene.

— Ele foi tomar banho assim que chegamos. E eu estou te dizendo isso com antecedência… Não diga nada desnecessário ao meu irmão. — Disse Ciel.

— Por quê?

— Viemos todo o caminho com a princesa Scalia, certo? Bem, ela o colocou no espremedor o tempo todo. Falando nisso, a princesa Scalia é uma delinquente total. A personalidade dela é apenas… Bem… Acontece que não era a insônia que a estava deixando estranha. É assim que ela é, ela tem uma personalidade muito estranha. — Disse Ciel. Suas sobrancelhas se franziram ao se lembrar dos ataques violentos de Scalia durante a jornada. — Para ser sincera, até eu queria apenas, oomph, ela algumas vezes em nosso caminho. Já que até eu me sentia assim, tenho certeza de que Cyan sentiu dez vezes mais.

— Mas Cyan ficou tão feliz quando soube que poderia ficar noivo da princesa de Shimuin… — Murmurou Eugene.

— Ele gostou porque não sabia o que o esperava. Cyan não ficará noivo da princesa Scalia a menos que esteja completamente fora de si. — Respondeu Ciel.

— Aliás, você não vai tomar banho? — Perguntou Eugene.

A expressão de Ciel endureceu com sua pergunta.

— Por que está me perguntando isso? Está dizendo que estou fedendo?

— Não, não. Não sinto cheiro de nada. Só me perguntei, por que você não estava se lavando, já que Cyan está. — Disse Eugene.

— Vou me lavar. Eu estava indo de qualquer maneira. Eu só estava… Esperando para ver aonde você iria. Você não tem nada que queira me dizer? — Perguntou Ciel.

— Nada que… Queira eu dizer? — Eugene hesitou por um momento. Ele contemplou. Podia sentir o olhar ardente de Ciel, que só se intensificava com o passar do tempo. Se sentiu pressionado a… Dar uma boa resposta.

— Hum… Bom trabalho. — Gaguejou Eugene.

— Não diga o óbvio. — Respondeu Ciel.

— Muito bem. — Disse Eugene.

— Isso é exatamente o mesmo. — Respondeu Ciel.

— Que bom que você chegou aqui em segurança. — Disse Eugene uma última vez.

— É isso. — Ciel finalmente sorriu depois de ouvir sua última resposta. Não era nada de especial, mas acendeu um fogo dentro dela. Ciel se levantou de seu assento e olhou para Eugene. — Você se preocupou comigo?

— Sim.

— Mas não deveria ter se preocupado só comigo. Não estava preocupado com meu irmão também? — Ela perguntou.

— Naturalmente, fiquei preocupado com vocês dois. — Disse Eugene.

— Mas para ser sincera, você estava um pouco mais preocupado comigo, certo? Pode ser honesto. Vou manter isso em segredo de Cyan. — Sussurrou Ciel.

— Eu estava preocupado igualmente com vocês dois. — Disse Eugene.

— Em momentos como este, você deveria dizer que estava mais preocupado comigo, mesmo que sejam apenas palavras vazias. — Apesar de suas palavras, no entanto, Ciel ficou satisfeita com a resposta de Eugene. Na verdade, foi uma atitude que combinava muito com Eugene.

Ciel riu e colocou a mão dentro de seu manto.

 

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— Trouxe um presente para você no caminho para cá. Me dê sua mão.

— O que é? — Perguntou Eugene, estendendo a mão sem pensar muito.

Ciel pegou uma bola de neve e a colocou na palma da mão.

— …

— Está gelado, não é? — Ela perguntou. Eugene olhou alternadamente para o sorriso brincalhão de Ciel e para a bola de neve fria e úmida em sua palma. — Se fôssemos um pouco mais jovens, teríamos saído e feito uma guerra de bolas de neve. Você sabia? Quando éramos pequenos, meu irmão e eu colocávamos pedras dentro de nossas bolas de neve quando brincávamos com você.

— Acha que eu não sabia?

— Bem, você nunca foi atingido por nenhuma das bolas de neve que jogamos, então como eu poderia saber?

— Evitei todas, porque sabia que tinham pedras nelas… Se você quiser, podemos fazer uma guerra de bolas de neve. Claro, vou ganhar como quando éramos crianças. — Disse Eugene.

— Não, eu não quero. Nenhum de nós é mais criança. — Respondeu Ciel.

— Ei, lutas de bolas de neve ainda são divertidas mesmo quando você é mais velho. — Disse Eugene.

— Tenho certeza, mas ainda não quero. — Disse Ciel. Ela mostrou a língua para Eugene, então se virou e saiu.

Eugene encolheu os ombros enquanto a observava partir. A bola de neve em sua palma já estava derretendo. De repente, Eugene jogou para trás sem nem olhar.

— Kyaaahk! — O grito veio de Mer, que estava se aproximando para assustar Eugene.

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