Capítulo 232
Lehain (3)
— Hum... — Eugene olhou para frente com uma expressão estranha. Ele estava atualmente no castelo da Fortaleza de Lehain.
— Sua Majestade está esperando por você no banho. — Disse um dos Cavaleiros das Presas Brancas de Ruhr com uma reverência.
Eugene assentiu sem nenhuma mudança em sua expressão. Os cavaleiros de Ruhr, liderados pelo Rei Besta, chegaram na calada da noite. Eugene não estava interessado no equilíbrio de poder entre as nações representadas por aqueles que estavam no castelo. No entanto, agora que já estava ali, não pôde deixar de notar como os diferentes poderes estavam posicionados no castelo.
Do lado de fora da janela, do outro lado da neve na torre, estava o Imperador de Kiehl, seus guardas reais de Kiehl e a elite, membros escolhidos dos Cavaleiros Dragão Branco. O Papa de Yuras, seus cavaleiros de escolta e os arcebispos estavam em uma torre próxima. Abaixo das duas torres residiam os reis de várias nações que não receberam sua própria torre e seus guardas reais. Finalmente, embora Ruhr não fosse um império, a acomodação mais alta foi dada ao Rei Besta, já que a fortaleza pertencia à Ruhr. É onde Eugene estava atualmente, e ele voltou a andar enquanto estalava a língua.
“Por que ele está me convidando para um banho?”
Tarde da noite, o Rei Besta de repente enviou um mensageiro para a mansão onde a família Lionheart estava hospedada.
— Queremos continuar a conversa que estávamos tendo com Eugene Lionheart em Hamelon.
Eugene não conseguiu encontrar uma desculpa para recusar o pedido de um rei, e não era como se tivesse um motivo para recusar também. Além disso, Eugene também queria conversar com o Rei Besta. No entanto, se havia uma coisa, era que Eugene ansiava por uma conversa em uma mesa chique, com carnes fartas e bebidas deliciosas, não para se despir e compartilhar um banho quente com um homem volumoso e musculoso.
“E já tomei banho durante o dia.”
E tinha sido com Gargith também, que era essencialmente uma bola de músculos. Eugene suspirou enquanto atravessava o corredor.
— Este é o lugar. Uma das portas se abriu de repente e uma empregada de maiô cumprimentou Eugene com uma voz relaxada. Eugene inconscientemente congelou no local quando a empregada o cumprimentou.
— O quê? — Ele perguntou.
— Este é o banho. — Disse a empregada com um sorriso.
Eugene se acalmou antes de entrar pela porta. Quando pensou sobre isso, era bastante natural. Afinal, não era natural que um rei de uma nação tivesse empregadas cuidando dele quando tomava banho?
— Cara… — Mesmo assim, Eugene sentiu que isso era um pouco demais. A sala lá dentro estava praticamente cheia de empregadas, e elas o receberam em trajes de banho de cores diferentes. Eugene sabia o quão grande o Rei Besta era de seu encontro anterior, mas mesmo assim, ele realmente precisava de tantas empregadas só para si?
— Por favor, deixe-me ajudá-lo. — Disse uma das empregadas.
— Me ajudar com o quê? — Perguntou Eugene.
— Vou ajudá-lo a se despir. — Disse a empregada.
— Não, eu vou ficar bem. São apenas minhas roupas, e me saio bem tirando-as sozinho. Por que eu precisaria de ajuda? — Resmungou Eugene, tirando o manto. Ele podia ver os olhos de Mer brilhando dentro dele. Eugene limpou a garganta enquanto acenava para as subordinadas que se aproximavam. — Tiro a roupa sozinho quando estou em casa, tomo banho sozinho e também me visto sozinho. Prefiro não mudar como tenho vivido, então, por favor, me deixe em paz.
— Tudo bem.
— Mas, será que todo mundo vai continuar me olhando assim? Não gosto muito de tirar a roupa na frente dos outros. Se vocês têm algum respeito por mim, poderiam virar o rosto…? Não, poderiam apenas virar o corpo todo para o outro lado? — Perguntou Eugene.
— No entanto, Sir Eugene, Sua Majestade nos instruiu a servi-lo de todo o coração. — Disse uma das empregadas.
— Me servir? Como me serviriam? Isto é apenas um banho. Onde está Sua Majestade? Ele está lá em cima, não está? Eu mesmo chegarei lá. Vestido. Por favor, apenas me dê um roupão.
Eugene não estava muito familiarizado com tais situações. Não que não tivesse experiência com mulheres, mas nunca havia tomado banho com empregadas quase nuas de ambos os lados. E também não desejava tal experiência. Depois de quase agarrar um roupão que uma empregada estava segurando, Eugene esperou até que elas se virassem antes de trocar rapidamente para o roupão.
Um grande terraço o recebeu quando ele caminhou para frente. Toda a estrutura era um banho aberto projetado para bombear a água termal do solo até o topo da torre alta para permitir que qualquer pessoa apreciasse a vista. Na verdade, parecia mais apropriado chamá-lo de piscina do que de banho.
— Bem, você não é tímido demais, jovem?! — Aman Ruhr riu.
Ele estava imerso em água quente com os braços no corrimão. Atrás dele estava Lehainjar, crivado de flocos de neve caindo.
— É um pouco inesperado. Você não parecia do tipo que se entregava a luxos. — Comentou Eugene.
— É só um banho. O que há de luxuoso nisso? — Perguntou Aman.
— Não há muitas empregadas? — Perguntou Eugene.
— É mesmo? Não temos muita certeza disso. O imperador de Kiehl trouxe dezenas de empregados. Comparados a ele, você não nos acha um tanto modestos? Ou acha desagradável que nos comparemos ao imperador de Kiehl? — Respondeu Aman.
— Não sou tão leal a Sua Majestade o Imperador. — Respondeu Eugene com uma expressão distante. Ele nem achou que tinha sido uma resposta espirituosa, mas Aman caiu na gargalhada enquanto batia palmas.
— Uhahahaha! Entendemos, entendemos. Mas Eugene, quanto tempo planeja ficar aí?
— Ainda não tive oportunidade de lhe dizer, mas já tomei banho nas fontes termais no início do dia. — Disse Eugene.
— Que mal há em tomar outro? Por favor, não nos envergonhe. Já estamos molhados aqui sem roupa. — Disse Aman.
— Haah. — Eugene tirou o roupão com um suspiro e entrou na fonte termal. Ele tinha que admitir… O cenário era bem legal.
— Precisa de alguma coisa? Comida ou álcool? Sinta-se à vontade para nos avisar quando quiser. É por isso que temos empregadas aqui. — Disse Aman.
— Estou bem assim. — Respondeu Eugene.
— Sabe por que chamamos você aqui? — Perguntou Aman.
— Não era para terminarmos nossa conversa de Hamelon? — Respondeu Eugene.
Ele não perguntou imediatamente sobre Moron. Embora tenha sido Aman quem recomendou que Eugene fosse ao Grande Cânion do Martelo, Eugene não tinha certeza se Aman sabia da presença de Moron lá.
— Seria uma conversa divertida de continuar, mas além disso. O que você pensa sobre isso? — Perguntou Aman.
— O quê?
— A Marcha dos Cavaleiros. — Disse Aman.
Que tipo de resposta ele estava procurando? — Eugene estreitou os olhos e olhou para Aman. Percebendo a abordagem cautelosa de Eugene, Aman riu antes de balançar a cabeça.
— É apenas uma pergunta simples. — Disse ele.
— Não tenho certeza se entendi por que você está me fazendo essa pergunta. — Disse Eugene.
— Porque julgamos que você é a figura principal do clã Lionheart. Não negue. Também temos olhos e ouvidos. Embora você não esteja na fila para se tornar o próximo patriarca da família, a próxima geração dos Lionhearts certamente girará em torno de você. É por isso que chegamos ao julgamento de que você é a figura principal. — Disse Aman.
— O patriarca da família ainda é saudável e forte. O mesmo se aplica à Senhora Carmen e aos anciãos. — Respondeu Eugene.
— Claro que estão. Mas não achamos que isso realmente importe, Eugene Lionheart. Você é uma figura chave na família Lionheart, porque é esmagadoramente mais jovem do que eles, mas fica lado a lado com os mais velhos de sua família. E isso também não é tudo. Você também tem muitas conexões. — Disse Aman. Ele riu enquanto pulava do banho.
Eugene olhou em estado de choque enquanto Aman atravessava o banho em direção a ele. Seria bastante intimidador se alguém tão grande e musculoso quanto Aman se aproximasse vestido, e quando Eugene o viu se aproximar sem nada, sentiu uma necessidade fisiológica de recuar.
— Você continua o legado de Sir Hamel e também é o sucessor da Senhorita Sienna. Você é um discípulo do mestre da Torre Mágica Vermelha de Aroth e um objeto de interesse e favor do príncipe herdeiro de Aroth. Além disso, Alchester Dragonic, o Comandante dos Cavaleiros Dragão Branco, é profundamente favorável a você. O filho dele também recebeu seus ensinamentos por um tempo. — Disse Aman.
— …
— A única Candidata a Santa do Império Sagrado também compartilha um relacionamento próximo com você. Julgamos que era algo bastante íntimo, mas não diremos mais nada, pois seria impróprio de nossa parte divagar sobre as coisas entre homens e mulheres. — Continuou Aman.
— Mas você já disse tudo. — Respondeu Eugene.
— Uhahaha. Achamos que sim. Então vamos falar de outra coisa? Embora o Reino Ruhr esteja localizado no extremo norte, como acontece conosco, isso não significa que sejamos cegos e surdos à situação no continente. Você é o guardião dos elfos e tem um relacionamento com o próximo chefe da tribo Zoran. — Disse Aman.
— Que tipo de resposta gostaria de ouvir de mim? — Perguntou Eugene.
— Sua opinião sincera sobre a Marcha dos Cavaleiros. Embora nada tenha começado ainda, temos certeza de que você já ouviu falar sobre a situação atual da Marcha dos Cavaleiros, certo? — Perguntou Aman.
— Ouvi dizer que eles estão pedindo que invoquemos monstros e brinquemos com eles. — Respondeu Eugene.
— Isso mesmo!
Splash!
Aman sentou-se ao lado de Eugene, fazendo com que grandes ondas de água termal ondulassem.
— Como você provavelmente já sabe, a Marcha dos Cavaleiros não é realizada para que façamos algo. É a reunião dos maiores cavaleiros e mercenários do continente. Esta é a primeira vez desde trezentos anos atrás que tal força se reuniu, então a própria reunião tem significado. No entanto…! Não seria cômico se não fizéssemos nada quando temos uma concentração tão grande de poder?
— Sim, bem… — Respondeu Eugene.
Aman continuou:
— Queremos uma batalha. Poder, honra, cavalheirismo, fé! Uma batalha com tudo em jogo. Claro, as batalhas não são suaves e muitos morrerão ou ficarão feridos. Mas e daí? Qual é o problema? Se vencerem, alcançarão grande honra. Se você se preocupa em se machucar e morrer, porque é mais fraco que seu oponente, pode realmente se considerar um guerreiro?
A voz de Aman cresceu em intensidade.
— Claro! Também tentamos entender os pensamentos do imperador e dos outros reis. Se há um inimigo no continente, é Helmuth e os Reis Demônios. Seria ridículo para nós sangrarmos sozinhos antes de lidarmos com eles. No entanto, achamos que precisamos sangrar se for necessário.
— Bem… Eu entendo o propósito da Marcha dos Cavaleiros, mas sangramento excessivo no treinamento… — Disse Eugene.
— Seria esmagadoramente menor do que o derramamento de sangue em guerras entre nações. — Continuou Aman.
— O quê?
— Isso é o que pensamos. Os cavaleiros aqui não representam todo o poder de seus países, mas podem ser chamados de símbolos de suas nações. Se eles lutam um contra o outro, não poderia chamar isso, digamos, de uma pequena guerra? — Disse Aman.
Poderia ser?
— Achamos que o que mais precisamos para enfrentar nosso adversário, Helmuth, é — união. O continente é grande, e há muitos países. Há muitos reis também! É por isso que nem todos podem concordar e todos estão focados apenas em seus próprios lucros. O que você acha? — Aman perguntou.
— Hum… Por que você continua pedindo minha opinião? — Disse Eugene.
— Porque achamos importante a sua opinião, meu jovem. — Respondeu Aman.
— Você falou em união, vossa Majestade. Você está… Uh… Querendo unir o continente? — Perguntou Eugene.
— Uhahaha! Seria impossível unificar o continente com uma guerra real. E não é como se nós e Ruhr também tivéssemos o poder de unificar o continente. — Respondeu Aman Ruhr com uma risada enquanto dava um tapa no ombro de Eugene. — No entanto, se os cavaleiros que participarem da Marcha dos Cavaleiros se enfrentarem adequadamente e nós ganharmos a vantagem, uma grande honra se seguirá. Poderíamos humilhar as outras ordens de cavaleiros e, se formos um pouco mais rudes e radicais, seria possível ameaçar os reis que estão aqui.
O que Aman estava dizendo não parecia apropriado para ser dito durante o banho quente. Eugene olhou perplexo e finalmente entendeu por que Aman Ruhr era conhecido como o Rei Besta.
— Ah, esperamos que não entenda mal. Estamos apenas dizendo que isso pode ser possível. Na verdade, não pretendemos fazer algo assim. No entanto… Bem, estamos apenas pensando, não deveria ser possível alcançar a unificação por meio da coerção? Pelo menos, se conseguirmos a unificação por meio desse método, não nos moveremos mais de mãos dadas contra nosso inimigo? — Continuou Aman.
— Hmm… — Eugene balançou a cabeça com uma risada confusa. — As palavras de Vossa Majestade são tão repentinas e extremas que não sei como reagir. No entanto, Vossa Majestade, você chamou Helmuth de inimigo… Mas não abriu a entrada de Ruhr e permitiu que os demônios de Helmuth entrassem em seu reino? — Perguntou Eugene.
— Ruhr era o único lugar no continente com portas fechadas para Helmuth. Pensamos em Helmuth como o inimigo, mas, ao mesmo tempo, reconhecemos que a civilização que eles construíram era ótima. Então abrimos as portas de Ruhr para o comércio. — Respondeu Aman. Ele sorriu e olhou para o rosto de Eugene. — Você não achou que abrimos as portas de Ruhr, porque fomos instigados por eles, achou?
— Só considerei uma possibilidade. Afinal, Vossa Majestade se recusou a se juntar à Aliança Anti-Demônios durante todo esse tempo. — Disse Eugene.
— Aliança Anti-Demônio! Uhahaha! Você está se referindo ao bando de coelhos? E o que temos a ganhar ao ingressar no grupo deles? O que nos falta? Eles se vangloriarão orgulhosamente de se tornarem meus aliados, mas não temos nada a ganhar além da vergonha de sermos aliados daqueles coelhinhos mesquinhos! Como nós, descendentes do Rei Ousado, podemos dar as mãos a Helmuth e agir como o capitão de um bando de coelhos? — Aman riu ruidosamente antes de dar um tapinha no ombro de Eugene mais uma vez.
Depois de um tempo, sua risada morreu.
— Você é prudente. — Aman virou-se lentamente e olhou além da neve em Lehainjar. — Achamos que você tem mais alguma coisa sobre a qual deseja nos perguntar, mas não está dizendo uma palavra sobre isso. — Disse ele.
— Não tenho certeza do que está falando, vossa Majestade. — Respondeu Eugene.
— Conheceu Sua Majestade o Rei Ousado? — Foi uma pergunta repentina. Uma luz calma apareceu em seus olhos e Aman continuou. — Ouvimos relatos de que você foi ao Grande Cânion do Martelo de Lehainjar. Eugene Lionheart, você viu Sua Majestade, o Rei Ousado, lá?
— Por que acha isso? — Perguntou Eugene.
— Bem, porque queríamos que você o conhecesse. — Respondeu Aman.
— …
— Não hesite em responder.
— Por que queria isso? — Perguntou Eugene.
— Você é chamado de a segunda vinda do Grande Vermouth, mas não tem o rosto do Grande Herói. — Disse Aman, olhando para Eugene com uma risada. — No entanto, pensamos que Sua Majestade reconheceria o talento de um jovem Lionheart. E ao seu lado estava Kristina Rogeris, a única Candidata a Santa, que é a imagem cuspida da Fiel Anise. Nós nos perguntamos se Sua Majestade mostraria alguma curiosidade se vocês dois fossem ao Grande Cânion do Martelo. Estávamos esperançosos.
— A decisão de realizar a Marcha dos Cavaleiros aqui, em Lehain. Posso estar fazendo um julgamento precipitado, mas acredito que a Marcha dos Cavaleiros em si é um método para convocar Sua Majestade para fora da reclusão. — Disse Eugene.
— Isso não é tudo, mas é uma das razões. — Admitiu Aman.
— O que diabos Sua Majestade, o Rei Ousado, está fazendo no Grande Cânion do Martelo? — Perguntou Eugene.
— Como diz o mundo… — Respondeu Aman.
— Aquele cânion não era um lugar adequado para uma reclusão pacífica. — Disse Eugene.
— Você deve ter visto algo mais além de Sua Majestade. — Perguntou Aman.
— Sim.
Aman não respondeu imediatamente após ouvir a resposta de Eugene. Em vez disso, ele cruzou os braços e caiu em contemplação por um tempo. Depois de um tempo, Aman jogou água quente no rosto antes de falar.
— Bayar chama o monstro de Nur.
— O que é esse monstro exatamente? — Perguntou Eugene.
— Nós não sabemos. Não sabemos o que é o Nur. Sua Majestade, o Rei Ousado, é o único que sabe exatamente o que é. — Disse Aman.
— Vossa Majestade disse que o Grande Cânion do Martelo é onde a lenda da família real é transmitida. — Disse Eugene.
— E nós lhe dissemos que era um lugar onde os descendentes da família real renasciam como guerreiros. Não é tudo verdade? O Grande Cânion do Martelo é o local de reclusão de Sua Majestade, o Rei Ousado. É verdade que a lenda da família real é transmitida lá, já que o fundador de Ruhr está lá. E a parte sobre os descendentes renascerem como guerreiros. Uhahaha! Isso também é verdade. Para suceder ao trono, deve-se escalar a maldita montanha nu, então encontrar Sua Majestade, o Rei Ousado. — Aman continuou enquanto despertava velhas memórias.
— É… Um lugar que abriga seres extremamente sinistros, um lugar que não poderia ser considerado o esconderijo de um herói. Você teria sentido isso quando viu o Nur, mas a sensação sinistra que emana…. Estimula um medo fundamental que é difícil para os humanos superarem. Mas para se tornar o Rei de Ruhr, você tem que enfrentar esse medo e seguir em frente. Você tem que escalar o penhasco e encontrar Sua Majestade, o Rei Ousado. Também encontramos Sua Majestade há vinte anos e, um dia, nosso filho também irá ver Sua Majestade.
Aman lembrou-se claramente dos eventos de vinte anos atrás. Quando jovem, ele não tinha dúvidas de que era o guerreiro mais corajoso de Ruhr. Ele recebeu um comando de seu pai para escalar Lehainjar para chegar ao Grande Cânion do Martelo para provar que era um guerreiro. Aman não teve permissão para qualquer preparação, nem mesmo uma arma. Ele teve que escalar a dura montanha apenas com seu corpo nu.
Mas Aman não tinha medo. Ele sabia que todos os tipos de monstros espreitavam em Lehainjar, mas ele era jovem e poderoso, forte o suficiente para espancar monstros até a morte com nada além de suas próprias mãos.
Ele escalou a montanha de neve, alimentando-se da carne crua dos monstros que matou e bebendo a neve que caía. Durante a provação, todos os patrulheiros próximos também se retiraram. Não havia ninguém para mostrar a Aman o caminho até o Grande Cânion do Martelo.
Depois de vagar pela neve por um longo tempo, ele sentiu um medo irresistível pela primeira vez em sua vida. Mesmo sem realmente ver o Nur, Aman estava morrendo de medo. Mas fugir por causa de seu medo e descer a montanha teria resultado em seu fracasso. Se ele cedesse ao medo, não poderia se tornar o rei de Ruhr e não poderia se declarar um guerreiro. Então Aman suportou seu medo no local por alguns dias, depois retomou a escalada. Por fim, alcançou o Grande Cânion do Martelo e viu… O Nur.
— Como era o Nur aos seus olhos? — Perguntou Aman.
— Era um macaco gigante com chifres. — Respondeu Eugene.
— O Nur que vimos parecia ser uma cobra gigante. Embora o que vimos parecesse diferente na superfície, deveria ser o mesmo na natureza. E desmaiamos de medo antes mesmo de vermos a cobra gigante pessoalmente. Por três ou quatro dias, fomos engolfados pelo medo, vergonha e raiva. — Disse Aman.
— …
— Agora que pensamos nisso, o primeiro Nur responsável por incutir esse medo em nós… Não havia sido a cobra. Não, devia ser um morto muito antes por Sua Majestade, o Rei Ousado. Estávamos congelados apavorados por um Nur morto, um monstro que nem estava na minha frente. Mas achamos que você não vacilou no caminho. — Disse Aman.
— Sim…
— Achamos que fizemos a escolha certa ao direcioná-lo para o Grande Cânion do Martelo. Você é muito mais corajoso do que éramos na juventude. Talvez até mais corajoso do que somos agora…. Sua Majestade disse mais alguma coisa para você? — Ele perguntou.
— Ele me disse para descer. — Respondeu Eugene.
— É mesmo…? — Aman assentiu com um sorriso amargo. Ele mais uma vez estendeu a mão e deu um tapinha no ombro de Eugene, mas a mão não continha muito poder como antes. — Então, como foi? Como estava Sua Majestade, o Rei Ousado, quando o viu pessoalmente? Ele não era exatamente, como as histórias descreviam, um corajoso e grande guerreiro?
— Acho que sim. — Disse Eugene.
— Hahaha! Que coisa ambígua de se dizer. Mas vamos te perdoar. Mesmo que Sua Majestade lhe dissesse para recuar, ele teria aparecido, porque o reconheceu. — Disse Aman antes de se levantar. — Foi uma conversa agradável.
— O que você vai fazer com a Marcha dos Cavaleiros? — Perguntou Eugene.
— Não dissemos isso antes? Estávamos apenas entretendo a ideia. Não temos intenção de nos descontrolar. Considere o que conversamos aqui como uma das minhas piadas de mau gosto. — Respondeu Aman.
— Tem certeza? — Perguntou Eugene.
— Claro.
Aman saiu da fonte termal enquanto sacudia a água de sua barba.
— Vamos nos despedir primeiro. Aproveite este banho como quiser. — Disse Aman.
— Também vou sair. — Disse Eugene.
— Ainda não tivemos oportunidade de dizer isso, mas você tem um corpo muito bom. Embora seja um pouco mais velha, temos uma parente guerreira que ainda não é casada. O que acha…? — Perguntou Aman.
— Vou fingir que não ouvi nada. — Eugene respondeu com voz firme imediatamente.