Capítulo 236
Lehain (7)
No passado, Moron não conseguiu encontrar uma solução para suas preocupações. Como o único sobrevivente do grupo do Herói, ele enfrentou a difícil decisão de manter a frágil paz que haviam alcançado com Vermouth ou assumir a missão que seus camaradas caídos não conseguiram alcançar. Durante a época de seu dilema, Vermouth apareceu nos sonhos de Moron, fornecendo a resposta para sua realidade. Com essa revelação, Moron conseguiu encontrar paz em sua decisão e não precisou mais agonizar com a escolha que fez. Além disso, seu corpo, que não envelhecia há centenas de anos, estava em perfeitas condições para atender ao pedido de Vermouth.
Se a previsão de Vermouth sobre o Fim não tivesse se concretizado, Moron não teria tido uma confiança tão inabalável nele. No entanto, o Fim realmente cruzou de Raguyaran, assim como Vermouth havia avisado. O sonho de Moron, que ocorreu cento e cinquenta anos antes, não foi mera invenção de sua imaginação, mas um aviso da destruição iminente que começou cem anos antes.
— Depois que tive esse sonho, morei em Lehainjar. Eu via Raguyaran todos os dias. — Explicou Moron.
Lehainjar elevava-se sobre a paisagem circundante com sua forma robusta e imponente, mas para Moron, era um lugar de conforto e familiaridade. Todos os dias, quando o sol se punha no horizonte, ele fazia a árdua escalada até o cume e contemplava Raguyaran à distância. E todas as manhãs ele descia a montanha.
— Cada dia era ocupado e gratificante e, naquela época, eu não era mais o rei de Ruhr. Não havia ninguém para reclamar, mesmo que eu morasse em Lehainjar. — Continuou Moron. Mas isso não significava que Moron se limitava a Lehainjar. Ele ocasionalmente participava de eventos importantes em Ruhr. Isso foi antes dele se retirar para a reclusão. — Raguyaran não era nem um pouco diferente do que eu via quando era jovem. Mesmo assim, confiei em Vermouth. Ele havia me avisado mesmo depois de sua morte, e eu sabia que ele não era homem de fazer advertências e pedidos inúteis.
— Eu concordo. — Eugene sussurrou baixinho, com Anise balançando a cabeça em concordância ao lado dele.
Vermouth Lionheart, eles sabiam, não dependia de outros para obter assistência ou favores. Ele era um homem que preferia enfrentar desafios sozinho e, se considerava uma tarefa impossível, era improvável que alguém mais pudesse realizá-la.
Vermouth era semelhante em sua abordagem para dar advertências. Ele preferia evitar situações em que fosse forçado a fazê-lo. Se houvesse um aviso que ele se sentisse compelido a dar, isso significava que a situação era inevitável e ele não tinha outro recurso. Tais situações definitivamente justificavam atenção cuidadosa e vigilância.
Moron falou com convicção:
— Como Vermouth havia avisado, o Fim chegou. Então, isso só poderia significar que a pessoa que apareceu no meu sonho era de fato Vermouth. Portanto, acredito que todos os seus pedidos e advertências são verdadeiros e devem ser levados a sério.
— O que exatamente você quer dizer com Fim? — Perguntou Eugene, dando uma pequena sacudida na garrafa em sua mão. — Você quer dizer o Nur? — Ele continuou, lembrando-se do gigante macaco com chifres e do monstro que emitia a mesma energia sinistra do Rei Demônio da Destruição. Aman, o Rei Besta, mencionou que o Nur que ele viu assumiu a forma de uma cobra gigante.
— Na linguagem do campo de neve, a palavra Nur significa o fim e a morte. O Fim e o Nur não significam coisas diferentes. O fim da vida é a morte, e essa verdade se aplica a tudo. — Respondeu Moron.
— O Nur que eu vi era só um macaco grande. Realmente não se encaixa na definição de morte e fim. — Disse Eugene.
— Mas Hamel, você disse que sentiu algo sinistro do Nur. Anise, você também deve ter sentido o mesmo. — Disse Moron. Ele virou a cabeça e olhou pela janela, olhando para Lehainjar sobre a neve esvoaçante. — Trezentos anos atrás, sentimos o fim apenas por ver aquela existência à distância. Mais do que qualquer outra coisa que vimos em Helmuth, essa existência nos fez perceber o fim.
Moron estava falando do Rei Demônio da Destruição.
Moron cerrou o punho enquanto falava:
— Não sei por que o Nur emite a mesma energia sinistra que o Rei Demônio da Destruição. Vermouth também nunca mencionou nada disso. Mas para mim, não é extremamente importante. O Fim vem, não importa o que façamos. Vem de Raguyaran e atravessa Lehainjar à vontade. Deve ser interrompido; não pode ser permitido cruzar. Quando vi o Nur pela primeira vez há cem anos, esses foram os pensamentos que me vieram à mente.
Não houve nenhum aviso.
Moron subiu o pico de Lehainjar, uma rotina que seguiu por décadas. Ele olhou para Raguyaran, uma visão à qual ele se acostumou com o tempo. No entanto, neste dia em particular, havia uma ausência de familiaridade. Ele não conseguia identificar exatamente quando ou onde a mudança começou, mas sabia que tudo estava diferente.
À medida que Moron subia a montanha, seus sentimentos de inquietação continuavam a se intensificar. Ele empurrou seu corpo para a frente, se esforçando para alcançar o cume, onde poderia finalmente colocar os olhos em Raguyaran. No entanto, assim que alcançou o topo, não havia nada para ver além de um deserto árido, desprovido de qualquer sinal de vida.
Depois de ver a terra morta, virou a cabeça com uma sensação repentina e desconhecida de medo. O Nur estava parado atrás de Moron.
— Você se lembra quando vimos o Rei Demônio da Destruição? — Perguntou Moron.
— Como poderia esquecer? — Disse Eugene.
— Jamais esquecerei o senso de urgência e as emoções que senti, não importa quantas vezes eu morra. — Disse Anise.
A mera presença do Rei Demônio da Destruição incutiu um profundo sentimento de desesperança, causando um forte impulso para acabar com a vida de alguém, independentemente de seu passado, presente ou futuro. Isso evocou uma sensação avassaladora de terror, um medo tão intenso que não poderia ser enfrentado sem recorrer à automutilação. Ninguém sequer pensou em lutar contra aquilo. Em vez disso, seu único pensamento era nunca se aproximar da existência assustadora.
— O Rei Demônio apareceu de repente em um lugar onde pudéssemos vê-lo. Sabemos quantas pessoas o Rei Demônio da Destruição matou naquele lugar, mas não sabemos por que e como tal existência apareceu ali. — Disse Moron.
O Rei Demônio da Destruição era uma existência assim. Um desastre vivo e ambulante além da compreensão humana. Embora Ravesta fosse o território do Rei Demônio da Destruição, ele vagou por Helmuth trezentos anos atrás.
Era impossível adivinhar onde o Rei Demônio da Destruição apareceria a qualquer momento. Trezentos anos atrás, apareceu de repente sem nenhum aviso ou sinal prévio. Trouxe destruição com sua presença.
Tinha sido o mesmo naquela época. Quando olharam para cima, viram o Rei Demônio da Destruição além da montanha. Foi impossível distinguir sua aparência exata. O Rei Demônio da Destruição apareceu como um fenômeno inexplicável gigante, uma mistura ou uma massa de cor. Isso era o que eles tinham visto.
— Me traz uma humilhação dolorosa dizer isso, mas fugimos naquela época. Eu era e ainda sou um corajoso guerreiro, mas nunca quis enfrentar aquela existência. Eu sabia que enfrentaria a morte incondicional se lutasse contra ela. Senti que minha existência iria desaparecer. — Continuou Moron.
Moron não era o único que se sentia assim. Hamel também sentiu a mesma sensação de medo e urgência e, finalmente, todos os presentes se viraram para fugir. Foi Vermouth quem assumiu a liderança, gritando que eles precisavam fugir.
— Fugimos para longe, mas aquela existência era simplesmente grande demais. Poderíamos vê-lo com nossos olhos, não importava o quão longe corríamos. — Disse Moron.
— Verdade. — Concordou Eugene depois de um momento.
Eles só pararam de fugir quando não viram mais o Rei Demônio da Destruição. Para ser preciso, o Rei Demônio da Destruição havia desaparecido.
— Os Nur são incomparavelmente mais fracos que o Rei Demônio da Destruição, mas são semelhantes a ele. — Continuou Moron. Eles aparecem de repente diante dos olhos e exalam uma energia desagradável e sinistra. Espalham a morte e trazem o fim, como seu nome sugere. — No primeiro dia que vi o Nur, matei o Nur. Então declarei reclusão à família real.
As coisas haviam mudado desde antes e, desde então, Moron nunca mais desceu de Lehainjar. Não havia padrões no surgimento dos Nur. Eles apareciam durante o dia em um dia e durante a noite em outro. Houve ocasiões em que dezenas apareciam no mesmo dia e ocasiões em que nenhum apareceu por dias.
— No primeiro dia que vi o Nur, o Vermouth apareceu no meu sonho novamente. Ele se, mas o que havia para se desculpar? Em vez disso, senti pena dele. Senti alegria, tristeza e até gratidão por suas palavras. Eu sabia que Vermouth não iria querer me pedir esse favor, mas não devia haver mais ninguém. Ele me pediu, porque era algo que ele não podia fazer. Então Moron disse a ele: — Vou continuar a ficar nesta montanha e matar os Nur. Não me importa o que é o Nur. Mas ninguém vai querer que o Fim atravesse, e eu também não quero.
— O que Vermouth disse depois de ouvir suas palavras? — Perguntou Eugene logo depois.
— Ele não disse nada. O Vermouth assumiu uma expressão que não lhe convinha. Então desapareceu. Embora esse tenha sido o último dia em que sonhei com ele, senti o poder que ele me deu. — Disse Moron.
— Poder? — Perguntou Eugene.
— Meus olhos ficaram muito brilhantes. Onde quer que o Nur apareça na ampla Lehainjar, posso localizá-lo imediatamente. Posso ver como essas criaturas malignas nascem e como elas se movem. Posso ver Kristina Rogeris dentro de Anise agora. — Respondeu Moron. Ele continuou enquanto olhava para Lehainjar do lado de fora. — O Nur é uma existência sinistra que aterroriza as pessoas mesmo sem que elas tenham que vê-lo pessoalmente. E é grande. O cadáver do Nur exala e sangra veneno mesmo depois de morrer. O sangue do Nur mancha a neve e priva a montanha da vida.
Eugene ficou surpreso com a dedicação de Moron em bloquear o caminho dos Nur por cem anos. Ele não podia nem começar a imaginar o número de Nur que Moron deve ter matado durante esse tempo. Se o que Moron disse fosse verdade e o Nur emitisse uma aura venenosa, então o veneno dos Nur que matou ao longo dos anos teria se espalhado por Lehainjar, cobrindo a montanha em uma névoa mortal.
No entanto, embora Lehainjar fosse uma montanha infernal com neve sem fim, não estava coberta por uma energia sinistra poderosa o suficiente para causar pensamentos suicidas.
Eugene lembrou-se vividamente do incidente no Grande Cânion do Martelo. Moron lutou ferozmente com o gigante Nur, matou-o e, no final, ele e o Nur desapareceram em um instante. Eugene havia escalado o penhasco para investigar, mas não havia vestígios de Moron ou do Nur deixados para trás, nem mesmo uma gota de sangue. Era como se tivessem desaparecido no ar.
Eugene também se lembrava da sala do tesouro da família Lionheart e da Sala Escura no fundo do porão. Ele havia utilizado uma magia que era diferente de qualquer outra que já tinha visto. Se tivesse que ser classificado, poderia ser chamado de magia espacial, mas era impossível para Eugene compreender a magia mesmo usando Akasha.
— Vermouth não me explicou sobre a habilidade, mas eu sabia como usar. Mate o Nur e jogue-o dentro. É uma habilidade excelente. — Explicou Moron.
A ideia não era difícil de entender. Do outro lado de Lehainjar, deve ter um mundo invisível, além do alcance dos arquimagos. Moron provavelmente armazenava os cadáveres de Nur naquele reino, construindo uma montanha de criaturas monstruosas que sangravam sangue negro para não contaminar sua amada montanha.
— Moron, você… — Eugene não pôde deixar de falar. — Você está vivendo por causa do pedido de Vermouth?
Ele tinha que perguntar.
— Não estou morrendo porque quero. — Respondeu Moron com um sorriso. — Estou vivendo uma vida valiosa como guerreiro. Atendendo ao pedido de um velho amigo, estou protegendo minha amada montanha de neve, o campo de neve, a nação que criei com minhas próprias mãos e o mundo.
— Por cem anos. — Eugene terminou as palavras não ditas de Moron.
— Eu não te disse, Hamel? Esta é uma vida digna como um guerreiro. Não quero morrer feio de velhice. Eu quero morrer um guerreiro, morrer um herói. Embora a morte esteja muito longe para mim agora, se eu morrer, porque me falta poder, então os corpos dos Nur provarão a vida que vivi como guerreiro e herói. — Continuou Moron.
Eugene não tinha nada a dizer sobre isso.
— E os descendentes que continuaram meu legado vão parar os Nur em meu nome. Isso é natural para um guerreiro de Bayar e o rei de Ruhr.
— Você não se ressente do Vermouth? Ele não explicou nada para você. Não disse por que os Nur aparecem de repente ou por que ele teve que pedir para você fazer isso. — Disse Eugene.
— Hamel. Você realmente acha que essas coisas são importantes? — Perguntou Moron.
Eugene não conseguiu encontrar nenhuma resposta. Moron continuou com uma risada ao ver Eugene hesitar.
— Eu era a única pessoa em quem Vermouth podia confiar. Trezentos anos atrás, se eu tivesse morrido em seu lugar, e Vermouth tivesse que pedir o mesmo favor a outra pessoa, ele teria pedido a você. Então, Hamel, você teria recusado o pedido de Vermouth?
— Eu…
— Não teria recusado. Não é só você e eu também. Mesmo que fossem Sienna e Anise, elas nunca teriam recusado. Hamel, Anise, o que vocês dois sentiram quando viram o Nur pela primeira vez? — Perguntou Moron.
Eles tinham que matá-lo — esse foi o primeiro pensamento que veio à mente. Uma existência que exalava a mesma energia sinistra que o Rei Demônio da Destruição não podia existir, então tinham que matá-lo.
— Eu pensei o mesmo. Mesmo que Vermouth não tivesse pedido, eu teria matado o Nur se o tivesse visto. Mesmo que Vermouth não me pedisse, eu teria feito minha missão viver em Lehainjar para bloquear e matar os Nur. — Disse Moron.
— Claro que você teria. — Disse Anise com uma risada. Ela se afundou ainda mais no sofá e apoiou o queixo na mão. — Demos… Várias desculpas, mas fomos todos sinceros em salvar o mundo. Mesmo que não fôssemos todos assim desde o início, depois de lutarmos juntos por décadas, todos nós acabamos aceitando a missão de salvar o mundo. Esse era o nosso desejo.
Heróis.
— A guerra acabou e o mundo tornou-se pacífico. Sabemos como o mundo precisava disso desesperadamente e como estávamos desesperados. Embora o que alcançamos fosse diferente do nosso mundo ideal, dedicamos tudo por esta paz… Se alguma existência ameaçasse esta paz, nós a teríamos matado, independentemente de Sir Vermouth ter pedido ou não. Se essa existência continuasse a aparecer, eu teria devotado o resto da minha vida a exterminá-la sem hesitação. — Continuou Anise.
Anise tinha outra opção no final. Ela poderia ter escolhido desconsiderar o futuro do mundo. Ela poderia ter abandonado o que a prendia por toda a vida, o Império Sagrado e sua fé. Ela poderia ter tirado sua vida silenciosamente em um lugar sem ninguém, sem beneficiar o Império Sagrado.
No entanto, não escolheu fazê-lo. De repente, ela mudou de ideia no deserto onde estava localizada a tumba de Hamel. Ela se viu incapaz de abandonar o mundo.
Se lembrou do homem tolo que amava, o homem que lutou até que seu corpo estivesse quebrado e não se movesse mais. Então ela deu o corpo da Imitação da Encarnação ao Império Sagrado. Escolheu não subir ao céu, mas ficar para trás neste mundo. Observou como seu corpo foi transformado em relíquias sagradas e as futuras gerações de santas foram criadas. Ela esperava que suas sucessoras salvassem o mundo.
Eugene fechou os olhos. Ele não podia dizer nada. Moron era um idiota, e isso era um fato inegável. Mas não era apenas Moron. Todo mundo era um idiota. Embora não fosse exatamente o que desejavam, eles não salvaram o mundo no final? Não haviam alcançado a paz, mesmo que fosse temporária?
Então, poderiam ter vivido felizes pelo resto de suas vidas, tanto quanto sofreram. Tudo o que tinham que fazer era viver suas vidas antes de morrer, antes de ascender ao céu. Mas ninguém havia escolhido fazê-lo.
Isso também se aplicava a Hamel. Ele morreu, depois reencarnou. Quem se importava se era o que Vermouth pretendia? Hamel teve uma escolha. Ele poderia ter vivido sua segunda vida em paz, mas nunca considerou isso uma opção em primeiro lugar. Ele tomou a decisão de ver através da missão incompleta de sua vida passada como se fosse a coisa mais natural. Decidiu dedicar sua vida à missão de matar todos os Reis Demônios.
Foi exatamente como Anise disse. Isso era simplesmente quem eles eram.
— Mostre-me da próxima vez. — Resmungou Eugene, puxando a rolha de uma nova garrafa. — Estou falando de quantos Nur você matou nos últimos cem anos, Moron. Onde você empilhou todos eles.
— Não quero te mostrar. Se eu quisesse, poderia ter mostrado a você da última vez. — Respondeu Moron.
— Por que não? — Perguntou Eugene.
— Porque o veneno é muito forte. Estou acostumado com isso, mas Hamel, sua mente pode quebrar se você for lá… pode ficar doente. — Respondeu Moron.
Foi por isso que Moron lhe disse para descer?
Eugene bufou com a gentileza idiota.
— Você acha que eu sou algum tipo de idiota? Não vou estranhar, não importa quantos corpos existam. Não vou ficar doente.
Eugene se conteve para não fazer uma pergunta. Ele se lembrou de como eram os olhos de Moron. Eles eram semelhantes aos de Vermouth na Sala Escura: diferentes, frios, sem emoção, cansados e enlameados.
— Prometa-me. — Disse Eugene. Ele não suportava deixar Moron sozinho. — Prometa que vai me levar lá depois da Marcha dos Cavaleiros. Mostre-me o que você viu nos últimos cem anos.
— Você está pensando em me deixar para trás? — Perguntou Anise com um sorriso. — Se Hamel for, eu vou também. Eu tenho que ficar onde vocês dois estão.
— Anise, você… — Murmurou Moron.
— Moron. Você não tem absolutamente nenhum talento para mentir. Está preocupado conosco? Isso é mentira, não é? A única verdade do que você disse é que não quer nos mostrar. — Anise não tinha consideração por Moron como Eugene. Ela era uma mulher maliciosa com talento para ferir os sentimentos das pessoas desde trezentos anos atrás. — O que você não quer nos mostrar… Não são simplesmente corpos de monstros.
Moron não conseguiu refutar Anise.
— E o que quer que você não queira que vejamos, eu quero ver de qualquer jeito. — Disse Anise.
Depois de um momento de piscar atordoado, Moron caiu na gargalhada, suas risadas estrondosas ecoando nas paredes. Ele então acenou com a cabeça para si mesmo e deu um tapinha na própria cabeça antes de falar. — Vocês dois não mudaram nem um pouco. — Disse ele com um sorriso.
— Você mudou? — Perguntou Anise.
— Tentei não mudar. — Respondeu Moron.
— É o bastante. Agora que entendemos mais ou menos sua situação, vamos aproveitar nossas bebidas. — Disse Anise antes de levar a bebida aos lábios. Só essa atitude mudou todo o clima.
Eugene abriu os lábios enquanto acariciava a cabeça de Mer.
— A propósito, Moron, tudo bem você estar aqui agora?
— Eu não disse isso antes? Posso ver Lehainjar daqui também. O Nur ainda não apareceu. Se sair, irei e o matarei. — Respondeu Moron.
Ele havia permanecido em Lehainjar por cem anos quando podia fazer tal coisa.
— Idiota. — Murmurou Eugene enquanto bebia sua própria garrafa.
— Não gosto dessa palavra, mas não odeio quando você me chama de idiota. — Disse Moron com um sorriso, virando também a própria garrafa.