Capítulo 329
O Imperador (2)
Por que as pessoas xingam?
Havia realmente necessidade de procurar uma resposta para essa pergunta? Xingar era apenas algo que se fazia.
Às vezes, os xingamentos realmente pareciam sair de repente.
Porque você queria xingar.
Porque não tinha escolha a não ser xingar.
Esse era o caso atualmente de Eugene. Nesta situação, diante de tal Imperador, os palavrões simplesmente surgiram. Ele não teve escolha a não ser xingar.
Bastava olhar para esse desgraçad— não, esse filho da puta. As palavras que o Imperador acaba de cuspir pintaram um quadro bastante interessante.
O que ele disse? Pela prosperidade do Império e pela paz do continente? No final, esse filho da puta estava com medo de Helmuth e dos Reis Demônios. Ele queria impedir que uma guerra acontecesse, não importava o que acontecesse, então chamou Eugene ali hoje para colocá-lo sob controle.
Na verdade, se olhasse de um ponto de vista diferente, as palavras do Imperador pareciam razoáveis. Helmuth era um império extremamente grande, e não havia apenas a ameaça do Rei Demônio do Encarceramento, havia até mesmo o Rei Demônio da Destruição atrás dele. Se todas as nações do continente, tanto os humanos quanto todas as outras raças, unissem forças, eles mal conseguiriam se manter firmes em uma guerra contra Helmuth, não, se os dois Reis Demônios fizessem uma aparição pessoalmente nas linhas de frente, a guerra provavelmente acabaria fluindo unilateralmente a seu favor.
No entanto, Straut só poderia dizer esse tipo de palavras porque era um imperador que viveu em uma época de paz. Só assim ele poderia realmente ter pensamentos tão ingênuos.
No entanto, Eugene não era alguém desta época. Eugene podia admitir que sua maneira de pensar ainda estava ligada ao passado, de trezentos anos atrás, durante a era da guerra. Independentemente do que os outros possam pensar dele, Eugene era realmente um velhote.
— Deixe-me contar como eram as coisas na minha época, seu filho da puta. — Eugene xingou enquanto fazia sua cadeira girar com um chute. — O mundo era um lugar muito fodido. Povos Demoníacos, bestas demoníacas e magos negros estavam fazendo todo tipo de merda por todo lado. Enquanto isso, todos os exércitos dos Reis Demônios estavam descendo do Domínio Demoníaco.
O Imperador ficou sem palavras.
— Ah… O qu…
— Você me perguntou, quem diabos iria querer uma guerra, não foi? — Eugene bufou. — Você realmente acha que, naquela época, todos queríamos que a guerra estourasse? Hã, você acha? Esses filhos da puta, os Reis Demônios, foram os primeiros a atacar o resto do mundo. Como maldito imperador, você nem aprendeu sua história, seu arrombado?
Incapaz de pensar em algo para dizer em sua defesa, o Imperador ainda batia os lábios silenciosamente.
Não podia ser evitado. Straut era membro da família real desde o momento em que nasceu, e também nasceu como príncipe herdeiro, o primeiro na linha de sucessão. Por ter essa identidade, quase nunca tinha ouvido palavras rudes em toda a sua vida e, da mesma forma, era alguém que nunca se rebaixou a usar linguagem chula, nem nunca sentiu necessidade de fazê-lo.
Mas e Hamel? Crescendo em uma vila rural no interior, ele se familiarizou com palavrões desde muito jovem. Tendo sido o líder da gangue de crianças de sua aldeia desde muito jovem, ele praticamente vivia com palavrões grudados em seus lábios. Então, depois de se tornar um mercenário, qualquer outra palavra que saísse de sua boca era praticamente um xingamento.
Depois de se tornar companheiro de Vermouth, Anise trabalhou para corrigir suas maneiras, mesmo quando isso exigia um chute na bunda dele, mas as pessoas, por natureza, não são tão fáceis de mudar. O único efeito dos esforços de Anise foi que ele xingou um pouco menos do que antes. Mesmo agora, depois de morrer como Hamel e reencarnar como Eugene, ele ainda estava tão acostumado a xingar como sempre.
Eugene continuou falando:— Depois de ter recebido tal ataque, as pessoas daquela época foram forçadas a reunir suas forças para revidar. Quanto a esta paz atual? Isso também é algo que só foi obtido porque as pessoas do passado derramaram seu sangue em seu lugar. Entendeu? Você não apenas foi capaz de crescer em um mundo tão afortunado, onde pôde viver com o estômago cheio e um teto sobre sua cabeça, mas um maldito como você também teve a sorte de nascer na família imperial e se tornar o Imperador. Haaaah, sério, seu filho da puta!
O rosto de Eugene se contorceu em uma carranca e ele ergueu o punho ameaçadoramente para o imperador. No entanto, o Imperador não demonstrou muita reação ao gesto.
Esta também foi uma reação natural para ele.
Como o Imperador nunca havia recebido uma surra em toda a sua vida, ele simplesmente não reconheceu que um punho levantado daquela maneira poderia ser atirado contra ele.
— O que foi que você disse antes? — Eugene perguntou com um sorriso de escárnio. — A prosperidade do Império e a paz do continente? Seu idiota de merda, o que exatamente você ouviu quando aquele merda do Encarceramento estava jogando seu peso e latindo? Quer um Herói apareça ou não, e mesmo que não façamos nada, aquela maldita promessa misteriosa ainda vai acabar! E o que você acha que acontecerá quando ela terminar? O que mais?! Aquele desgraçado do Encarceramento fará a mesma coisa que fez trezentos anos atrás. E você sabe o que isso significa?
Não houve resposta do Imperador à pergunta de Eugene.
— Significa que o mundo vai ficar fodido! — Eugene rugiu. — Bem? Eu disse que o mundo vai ficar fodido, seu idiota! Seu merda que só sabe dizer: “Você ousa! Você ousa!” Mesmo sabendo o quão dolorosamente seus ancestrais levaram uma surra há trezentos anos, você ainda tem coragem de dizer essas coisas?
O Imperador ainda não conseguiu responder a tudo isso. Não que ele não conseguisse encontrar uma maneira de refutar as palavras de Eugene. Acontece que o Imperador se viu incapaz de compreender completamente a situação em que se encontrava.
O homem que vomitava um discurso tão vulgar e inculto bem na sua frente era Eugene Lionheart. Não havia nenhuma dúvida sobre isso. No entanto, devido aos poderes que este Espaço lhe dava, o Imperador descobriu que aquele que estava dentro de Eugene Lionheart era Hamel, o Tolo.
Mas isso fazia algum sentido?
O que Hamel, o Tolo que morreu há trezentos anos estava fazendo dentro de Eugene Lionheart? E aquele Hamel de trezentos anos atrás estava realmente xingando o Imperador de Kiehl com palavrões tão duros?
Como diabos ele deveria aceitar isso?
Eugene quebrou o silêncio:
— Seu idiota, quando um ancião nascido trezentos anos antes de você está falando com você, como ousa manter a boca fechada? Você não vai dizer nada?
O Imperador finalmente gaguejou:
— Inso… Insolência…
Eugene franziu a testa:
— Insolência? Quem está sendo insolente é você, seu cuzão de merda!
Até agora, Eugene estava se impedindo de agir usando palavrões, mas como o Imperador ainda estava se comportando assim, ele sentiu que apenas xingar não era suficiente. Se isso ainda fosse realidade, Eugene teria feito um esforço para ser um pouco mais paciente, mas agora que eles estavam ali no espaço especial, ele não tinha intenção de manter a paciência.
Eugene foi até o imperador com uma expressão sombria no rosto.
Mesmo o Imperador não podia se dar ao luxo de ficar parado nesse movimento. Ele ainda não conseguia entender essa situação, mas mesmo um vira-lata da vizinhança, muito menos um Imperador, seria capaz de dizer que alguém que se aproximasse deles com aquela expressão no rosto não teria nenhuma boa intenção para eles na chegada.
— Você ousa?! — O Imperador rugiu enquanto agitava seu cajado.
Fwooosh!
Como sua onipotência dentro daquele espaço ainda estava intacta, o Imperador foi capaz de voar alto no céu por sua própria vontade. Ele criou um novo trono a partir deste ponto de vista mais elevado e sentou-se nele enquanto olhava para Eugene.
Reunindo sua dignidade, o Imperador gritou:
— Você se atreve a nos questionar, o Imperador do Império Kiehl—!
— Você não vai descer daí? — Eugene repreendeu como um adulto falando com uma criança particularmente travessa.
O Imperador gaguejou:
— D-Diga-nos sua verdadeira identidade!
Eugene bufou:
— Vou te dizer o quê? Você ainda não descobriu isso devido aos seus poderes tão impressionantes? Você já sabe quem eu sou.
— I-Isso é… — O Imperador parou incerto.
— Tudo bem, já que você quer que eu diga, vou apenas dizer. Sou Eugene Lionheart, a reencarnação de Hamel Dynas, que morreu há trezentos anos. Satisfeito? Mas nem mesmo o Imperador da minha época se atreveu a se comportar de forma tão arrogante quanto você, seu filho da puta! — Eugene xingou em voz alta.
Isso foi uma mentira. Trezentos anos atrás, ele conheceu o Imperador, mas isso foi antes mesmo de começarem a explorar o Domínio Demoníaco a sério.
Depois que seu grupo cruzou o mar e fez seu nome enquanto vagava pelo Domínio Demoníaco por algum tempo, eles declararam que seu objetivo era matar os Reis Demônios e retornaram ao continente para reabastecimento e reorganização. O Herói Vermouth e seus companheiros foram convidados para uma audiência com os governantes do continente, que incluía o então Imperador de Kiehl.
Num mundo que estava desmoronando, o banquete só poderia ter sido realizado extraindo-se o sangue vital das pessoas que já sofriam; tudo para se despedir dos guerreiros que partiriam para matar os Reis Demônios e o Herói que estava à sua frente. Mesmo naquela época, Eugene não gostava de como esses governantes se comportavam, mas, dito isso, ele ainda conseguiu evitar apontar um dedo acusador para o imperador e xingá-lo.
Mas e se…? E se Hamel tivesse retornado do Castelo do Rei Demônio do Encarceramento sem morrer? Será que o Imperador daquela época ainda teria sido tão arrogante quanto o Imperador da era de hoje?
Eugene não achava que seria esse o caso. Portanto, mesmo que o que ele acabara de dizer fosse falso, Eugene não pensava nisso como mentira.
— Nós… Somos o Imperador de Kiehl. — Declarou o Imperador enquanto reunia suas faculdades e acalmava sua voz trêmula.
Reencarnação? Poderia tal coisa realmente existir neste mundo? O Imperador ainda não conseguia acreditar, mas ele não teve escolha senão acreditar.
— Eugene Lionheart…! — O Imperador respirou fundo. — Mesmo que você seja a reencarnação de Hamel, o Tolo, o herói de trezentos anos atrás, como ousa ser tão rude na nossa frente—
Eugene o interrompeu:
— Por que não deveria?
Ainda parado no mesmo lugar, Eugene olhou para o Imperador, que estava tão alto que, mesmo que Eugene inclinasse a cabeça totalmente para trás, ele só conseguiria ver as solas dos pés do Imperador.
Como teste, Eugene tentou movimentar o corpo. Ele se viu capaz de se mover facilmente sem problemas. Em seguida, tentou dar alguns saltos leves no local.
— Pense nisso. — Continuou Eugene. — A razão pela qual você me chamou aqui foi para me subjugar ou se livrar de mim usando os poderes impressionantes deste espaço.
O Imperador hesitou:
— Isso é…
Eugene ergueu uma sobrancelha:
— Você vai tentar negar? Está tudo bem para um imperador como você mentir sobre tal coisa?
— Isto realmente é tudo pela prosperidade do Império e pela paz do continente! — Rugiu o Imperador, recusando-se a recuar. — Eugene Lionheart! Se você realmente é Hamel, o Tolo daquela época, não deveria ser capaz de entender ainda mais Nossa vontade? Afinal, você não viu e experimentou pessoalmente aquela terrível guerra de trezentos anos atrás?!
— Claro, eu sei tudo sobre ela. — Admitiu Eugene.
— Nossa paz atual foi conquistada naquela época por Vermouth Lionheart e outros heróis como você! — O Imperador tentou reivindicar: — Mas nós, como o Imperador reinante, temos o dever de manter esta paz—
— Parece que você não estava ouvindo o que eu acabei de dizer, não é, seu idiota? Mesmo que não façamos nada, a Promessa ainda vai acabar! — Eugene repetiu.
— Mesmo assim… Ainda deveria haver outros métodos. — Insistiu o Imperador desesperadamente. — E a promessa ainda não terminou! Além disso, mesmo que ela termine, não é garantido que os Reis Demônios declarem uma guerra—
Eugene retrucou:
— E não há garantia de que não o farão! Ei, você realmente acha que conhece os Reis Demônios melhor do que eu? Hein? Se você nem sabe melhor do que eu, por que continua tentando dar a última palavra?
O Imperador balançou a cabeça:
— Pode… Ainda haver outros métodos. Uma maneira de manter a paz sem guerra ou matar os Reis Demônios…!
Cracracrack.
Agarrando os braços do seu trono com tanta força que a madeira começou a quebrar, o Imperador declarou:
— Essa é a razão pela qual te convocamos! Porque acreditamos que era necessário evitar que você agisse precipitadamente. Para entender suas verdadeiras intenções e determinar se você é uma ameaça ao Império e ao mundo!
— Então o que você vai fazer agora? — Eugene perguntou com um sorriso malicioso enquanto inclinava a cabeça para o lado. — Você já experimentou, não é? O poder que lhe foi concedido dentro deste espaço não pode fazer nada para me ameaçar.
— Não subestime Nosso poder! — Alertou o Imperador.
Eugene zombou:
— Eu poderia simplesmente rolar de rir. Se alguém visse você agora, poderia pensar que foi você quem criou os poderes deste lugar. Mas Vermouth foi quem deu isso a você, não foi?
Sem dizer nada em resposta, o Imperador ergueu repentinamente seu cajado.
Voovooom!
O espaço começou a vibrar mais uma vez. Uma espada colossal apareceu abruptamente no alto do céu, acima de onde o Imperador estava sentado.
— Eugene Lionheart… não! — Corrigiu-se o Imperador. — Hamel, o Tolo, sua própria existência representa uma grande ameaça ao Império e ao mundo! Como tal, administraremos sua sentença aqui e agora!
Eugene bufou:
— Digamos apenas que você faz tudo o que está pensando, seu idiota. O que você vai fazer com Sienna, que você não chamou para vir aqui hoje?
O Imperador vacilou:
— Isso é…
Eugene sugeriu:
— Você já deveria saber que na verdade não sou apenas o herdeiro de Sienna. Então, o que acha que acontecerá se eu não voltar do Palácio Imperial? Sienna naturalmente virá me procurar, não?
Os olhos do Imperador começaram a vacilar.
Como Eugene acaba de dizer, mesmo que fosse possível subjugar ou matar Eugene de alguma forma, a existência da Sábia Sienna ainda permanecia uma enorme ameaça. Se eles conseguissem trazê-la para esta sala, poderia haver alguma maneira de lidar com ela, mas… Seria possível manter uma conversa com uma Arquimaga que estava furiosa porque seu herdeiro, não, seu velho amigo teve algum tipo de problema no palácio?
No entanto… Dito isto, o Imperador ainda não podia recuar de sua posição.
Eugene Lionheart era perigoso. Só pelo fato de ser o Herói, ele colocava em risco a paz atual, mas o conhecimento de que sua verdadeira identidade era a de um velho fantasma de trezentos anos atrás o tornava uma ameaça ainda maior! O Imperador tinha que de alguma forma controlá-lo ali e agora.
— Você realmente acha que está fazendo a coisa certa aqui? — Eugene perguntou bufando. — Sienna está viva e Moron também. Eu também. O continente está em muito melhor forma do que há trezentos anos. O Rei Demônio do Encarceramento e os demônios também podem ter ficado muito mais fortes, mas ainda não estamos em uma desvantagem tão grande como estávamos há trezentos anos.
O Imperador considerou isso silenciosamente.
— Você disse que eu, como Herói, sou uma ameaça para o mundo, mas será que é mesmo assim? — Eugene perguntou cético. — Em vez disso, a minha existência não é uma apólice de seguro criada caso o mundo realmente esteja prestes a ficar fodido?
O Imperador Straut II não era um idiota. Ele poderia ter sua própria ganância e reservas contra o clã Lionheart, mas mesmo ele percebeu que havia motivos para repensar seu curso de ação anterior.
Ele deveria realmente matar Eugene Lionheart, o herói?
Não era como se ele não tivesse pensado antes em fazer tal escolha. No entanto, como Eugene acabara de dizer, o Imperador sentiu que a existência do Herói poderia realmente ser necessária.
Acontece que atualmente, neste período em que a Promessa ainda não havia terminado, o Imperador acreditava que era necessário manter a paz, impedindo o jovem Herói de enlouquecer devido ao seu sangue quente e entrar em conflitos com Helmuth e os Reis Demônios.
Afinal, já não existia um precedente para isso? Se Eugene não tivesse levantado o dedo médio para o Rei Demônio do Encarceramento durante a Marcha dos Cavaleiros, ou se ele não tivesse decidido atacar a Lâmina do Encarceramento quando este estava tentando se retirar, então o Imperador não teria sentido que era preciso usar um método tão extremo para colocar Eugene em seu lugar.
— Ainda acho você extremamente perigoso. — O Imperador finalmente disse com um longo suspiro enquanto agitava seu cajado. Com este gesto, a espada flutuando no céu desapareceu sem deixar vestígios. — Quando você já chegou ao ponto de derrubar o Castelo do Dragão Demoníaco… E até matou Raizakia, um dos Duques de Helmuth, não foi? Se esses fatos fossem revelados, sem dúvida causariam controvérsia.
— Já que é segredo que fui eu quem derrubou o Castelo tudo ficará bem. — Eugene assegurou-lhe.
O Imperador sibilou:
— Você matou o Duque Raizakia, então realmente acha que sua responsabilidade pela queda do Castelo do Dragão Demoníaco permanecerá em segredo!
Eugene descartou sua preocupação:
— Ei, eu disse que vai ficar tudo bem. Todos os demônios em Helmuth já sabiam que Raizakia não estava no Castelo naquele momento. E o Rei Demônio do Encarceramento nem se importará com a morte de Raizakia.
— Como você pode ter tanta certeza disso…?
— Você realmente acha que tem uma ideia melhor do que eu do que aquele maldito do Encarceramento pode estar pensando?
Quando Eugene disse assim, o imperador não teve escolha senão manter a boca fechada.
Honestamente, Eugene não estava muito confiante nesse aspecto. Eugene nunca havia realmente enfrentado o Rei Demônio do Encarceramento, trezentos anos atrás, e mesmo que tivessem se encontrado várias vezes desde que ele reencarnou… Ainda não conseguia nem começar a adivinhar que tipo de pensamentos poderiam estar passando pela cabeça de o Rei Demônio do Encarceramento.
Eugene pensou em algo:
— E também, você pode pensar que o mundo agora é extremamente pacífico, então diz que tem o dever de proteger a paz, mas… Isso não é verdade.
— O que você quer dizer com isso? — O Imperador perguntou desconfiado.
Eugene contou ao Imperador o que quase aconteceu na Floresta Samar.
Ele contou como Edmond Codreth, um dos Três Magos do Encarceramento, realizou um ritual nas profundezas da Floresta e quase se tornou um Rei Demônio ao sacrificar dezenas de milhares de povos tribais nativos.
O Imperador ofegou:
— Isso é simplesmente absurdo…!
— Por que eu mentiria? — Eugene se defendeu. — Se você não acredita em mim, você mesmo pode verificar usando seus poderes, não?
Mas o Imperador já não teria feito isso se pudesse? Embora ele estivesse cheio de desejo de confirmar a verdade por si mesmo, seus poderes não estavam funcionando como ele queria.
Assim como no caso anterior, o Imperador tentou investigar todos os detalhes sobre Eugene, mas tudo o que ele conseguiu descobrir com os poderes deste espaço foi que Eugene também era Hamel, o Tolo…
“Como esperado, parece que eles não estão funcionando corretamente”, pensou Eugene ao confirmar suas suspeitas através da reação do Imperador.
Vermouth, que criou este espaço, deve tê-lo organizado de forma que os poderes deste lugar não pudessem representar uma ameaça para Hamel. Uma vez que a linhagem dos Lionheart também devia continuar a existir por causa da reencarnação de Hamel, tais arranjos não deveriam aplicar-se apenas a Eugene, mas também àqueles de sangue Lionheart.
Eugene tentou convencer o Imperador mais uma vez:
— Além disso, não é como se eu fosse começar uma guerra imediatamente ou sair para lutar contra o Rei Demônio.
O Imperador olhou para ele com ceticismo.
— Eu já reencarnei depois de morrer uma vez, trezentos anos atrás. — Eugene o lembrou. — Você realmente acha que sou louco o suficiente para me colocar em uma posição onde definitivamente morreria mais uma vez? Também fiz alguns planos depois de pensar em tudo.
O Imperador considerou isso.
— Hmm…
— Pense nisso racionalmente, Imperador Straut II; que razão temos para ficar um contra o outro? Naturalmente, também quero que este mundo seja pacífico. Afinal, eu até lutei e morri por essa paz há trezentos anos. — Disse Eugene de forma persuasiva enquanto fazia sinal para o imperador descer. — É difícil continuar olhando para você assim. Por que não se aproxima um pouco mais para que possamos ter uma conversa aprofundada? Isso mesmo, vamos tentar ter aquela conversa sincera que você almejava.
As palavras de Eugene foram proferidas em tom suave. Sua atitude podia ser desrespeitosa e seu tom extremamente arrogante, mas… O Imperador decidiu tentar entendê-lo com um coração tão aberto quanto o mar. Afinal, ele concordou com as palavras de Eugene. Paz mundial — quão maravilhosas essas duas palavras soavam.
— Tudo bem. — O Imperador concordou com um aceno de cabeça enquanto acenava com seu cajado mais uma vez.
Seu trono, que flutuava alto no céu, começou a descer lentamente.
O Imperador declarou:
— Herói do passado, permita-nos apresentar-nos mais uma vez. Somos o quadragésimo oitavo Imperador de Kiehl, Straut Theodore Kiehl—
— Venha aqui, seu filho da puta. — Eugene rosnou de repente, não demonstrando intenção de ouvir o final da apresentação do Imperador.
No momento em que o trono chegou ao seu alcance, as mãos de Eugene dispararam e agarraram as pernas do trono.
— Seu maldito mal-educado. — Eugene praguejou. — Você continua agindo de forma tão arrogante só porque é o Imperador, mas eu sou trezentos anos mais velho que um pirralho como você!
— O-O que você está fazendo?! — O Imperador gritou enquanto seus braços balançavam em estado de choque.
Ele tentou se livrar de Eugene e levantar o trono de volta, mas não funcionou como ele queria. Em vez disso, o trono caiu no chão devido à força da atração de Eugene.
— Você está me perguntando o que estou fazendo? Você deveria saber; isso é tudo por sua causa. — Disse Eugene.
O Imperador entrou em pânico.
— Do que você está falando…?!
— Você é tão arrogante e sem educação porque nunca levou uma surra adequada desde que nasceu. Mas está tudo bem. Não é como se você fosse se machucar na vida real só porque levou uma surra aqui. Então, os olhos de Eugene se arregalaram de empolgação enquanto puxava o Imperador pelo colarinho. — Só vou ter que bater em você algumas vezes.
Um movimento repentino da palma da mão de Eugene atingiu a bochecha do imperador.