Capítulo 340
Shimuin (3)
O endereço escrito no bilhete estava localizado em um bairro de prestígio na Ilha Larupa, uma área conhecida por seus altos preços de terra. Ao contrário de outras regiões movimentadas com atividades e pessoas, esse bairro exalava uma atmosfera de elegante tranquilidade.
No entanto, era apenas uma fachada. Muitos gladiadores viviam nos distritos opulentos da Ilha Larupa, onde o coliseu estava localizado, e havia também numerosas mansões de nobres. Como resultado, os paparazzi dos quais Ciel havia alertado estavam escondidos em cada canto das ruas.
No entanto, essa escrutinação não representava um problema significativo para o grupo de Eugene. A menos que estivessem tentando se infiltrar na mansão fortemente guardada do monarca, eles poderiam se movimentar como quisessem. Os olhares dos paparazzi escondidos na escuridão não significavam nada. Eles não precisavam depender de Sienna também. Até a magia de Eugene poderia lidar facilmente com esses incômodos.
Surpreendentemente, a mansão onde Ciel residia não era excessivamente grande. Era semelhante em tamanho à mansão em que Eugene morava em sua cidade natal, Gidol.
“Bem, não é como se ela estivesse morando aqui a longo prazo, e ela está apenas com a Senhora Carmen e Dezra.”
Era mais do que suficiente espaço para três pessoas. Embora a segurança estivesse presente, eles não pareciam ser cavaleiros.
O grupo de Eugene facilmente evitou os olhares vigilantes dos guardas e pulou a cerca.
Não havia sinal de um jardim. Em vez disso, um campo de treinamento desgastado se estendia diante deles. Apenas olhando para ele, Eugene podia dizer com que frequência e extensivamente era usado.
Ele se lembrou da aparência de Ciel durante a luta da tarde. Seus passos haviam sido leves e fluidos, como água corrente. Eugene sorriu satisfeito ao imaginar os movimentos de Ciel pelas pegadas no campo de treinamento.
A mansão tinha três andares. Quando Eugene olhou para cima, viu que todas as janelas estavam fechadas e as cortinas puxadas. A porta dos fundos também estava trancada, mas isso não era um problema significativo. Eugene colocou a mão na maçaneta trancada e entoou um feitiço em sua mente.
A porta se abriu sem fazer barulho. Sienna observou a utilização hábil da magia por parte de Eugene com um sorriso orgulhoso. Embora ela não o tivesse ensinado pessoalmente, a magia dessa era originou-se dela afinal. Portanto, Sienna tinha todo o direito de se orgulhar das habilidades mágicas de Eugene.
— Vocês chegaram. — Carmen estava sentada em um sofá espaçoso no terceiro andar da mansão. Ela falou enquanto descruzava as pernas.
Já havia terminado de preparar a mesa e estava fazendo uma última verificação.
O cinzeiro bem conservado lembrou Eugene de um item de coleção. Carmen ajustara ligeiramente o ângulo de sua colocação de acordo com sua preferência. Em seguida, ela tirou um relógio de bolso do bolso antes de colocá-lo ao lado do cinzeiro na mesa. Ela contemplou colocar o charuto que já havia colocado na mesa na boca. No entanto, não queria o sabor amargo nos lábios ainda, então colocou o charuto sobre o cinzeiro. Em vez disso, pegou uma garrafa de uísque que ainda não havia sido aberta, segurou-a na mão e apoiou o braço no braço do sofá.
Ciel e Dezra estavam acostumadas ao comportamento excêntrico de Carmen. Como tal, ficaram em silêncio, simplesmente olhando para a porta fechada. Honestamente, não tinham sentido a presença por trás da porta.
“Como esperado da Senhora Carmen”, pensaram.
Às vezes, ela fazia coisas incompreensíveis, mas Ciel e Dezra ainda a admiravam. Ela era uma figura notável genuinamente digna de respeito.
— Leão de Sangue. — Disse Carmen quando a porta se abriu. Eugene imediatamente ficou tenso e congelou no lugar ao entrar na sala.
— Assassino de Dragões.
Foi no momento perfeito. Com o charuto entre os dedos, Carmen levantou a cabeça para olhar adiante.
No entanto, agora era a vez de Carmen de ter uma expressão tensa.
Ela estava familiarizada com a mulher parada logo atrás de Eugene. Era Kristina Rogeris. Carmen a tinha visto algumas vezes antes e ficou feliz em vê-la. No entanto, quem era a mulher de cabelos pretos? Embora seu cabelo fosse de uma cor diferente, os olhos verdes e o rosto da estranha se assemelhavam bastante a Mer. Não, não era uma simples semelhança. Parecia que Mer havia crescido e envelhecido…
— Senhorita… Sienna?
Chocada pela verdade, Ciel levantou-se da cadeira. Embora Dezra não entendesse por que o nome da Sábia Sienna estava sendo mencionado ali, ela também se levantou após a ação de Ciel.
Carmen, finalmente, colocou o charuto que estava segurando na boca. Todos os olhares se voltaram para Sienna.
— Huh…
Sienna apreciou a reverência dirigida a ela. Com um gesto elegante, tocou levemente a parte de trás da cabeça, e seus cabelos pretos viraram violeta.
— Sim, sou eu. A Sábia Sienna Merdein. — Disse Sienna antes de caminhar graciosamente até a sala e sentar-se no sofá.
[Isso não te lembra a frase ‘Diga-me com quem tu andas, que direi quem tu és’?] Anise zombou de Kristina.
“Sir Eugene é uma figura nobre que qualquer um reconheceria.”
[Hm… Sim…] Veio o comentário sarcástico de Anise.
Nobre? Embora ela pudesse pensar em dezenas de respostas, Anise optou por não dizer nada.
— Não sou uma pessoa difícil, então sente-se confortavelmente. O que vocês estão fazendo aí? Meu sucessor, Eugene, venha se sentar ao meu lado.
— Sim, Senhorita Sienna.
Todos se sentaram.
Carmen ainda segurava o uísque na mão, e o charuto estava na mesa agora… Sua atitude inalterada trouxe a Eugene um senso de alívio.
— Faz um tempo. — Disse Eugene.
— Leão de Sangue, Assassino de Dragões. — Respondeu Carmen.
— Você já disse isso… — Afirmou Eugene.
— Nenhuma quantidade de elogios é suficiente. Lembre-se, Eugene, todos os seus títulos foram concedidos por mim, Carmen Lionheart, a Leoa de Prata.
Carmen parecia genuinamente orgulhosa e satisfeita com o fato.
“Esta é a Carmen Lionheart”, pensou Sienna enquanto examinava a outra mulher. Ela mantinha uma aparência jovem e bonita, mas em termos de idade, poderia ser considerada tia de Gilead Lionheart.
“Mesmo assim, ela é duzentos anos mais jovem…”
Era um fato desagradável que Sienna não queria ficar pensando. Ela imediatamente parou de pensar e se concentrou no charuto sobre a mesa.
— Pode acendê-lo se quiser. Eu não me importo. — Disse Sienna.
— Sim, Senhorita Sienna. — Respondeu Carmen.
— Pode falar livremente. — Acrescentou Sienna.
— Como eu poderia fazer algo assim?
Nesse aspecto, Carmen tinha mais bom senso do que Melkith. Carmen recusou educadamente a sugestão de Sienna antes de colocar o charuto na boca. Em seguida, tirou um isqueiro do bolso.
Clique.
A tampa do isqueiro se abriu, emitindo um som claro.
Clique.
A tampa fechou novamente.
Clique.
A tampa se abriu mais uma vez.
— ? — Houve silêncio na sala, exceto pelos sons dos cliques do isqueiro.
Eugene e Kristina estavam acostumados a ver Carmen fazer isso várias vezes, mas Sienna não estava. Sienna não conseguia entender por que Carmen estava fazendo aquilo.
Poderia ser que o isqueiro estivesse sem combustível? Era a coisa mais natural a se pensar, então Sienna estalou o dedo para produzir uma faísca.
Whoosh!
A faísca acendeu o charuto na boca de Carmen.
— Puh.
Embora ela sempre mantivesse o charuto na boca, Carmen Lionheart só o havia acendido uma vez quando era muito jovem. Ela não sabia melhor na época, e depois de inalar profundamente a fumaça uma vez, decidiu nunca mais acender um charuto.
Sua boca se encheu de fumaça enquanto ela inspirava. Carmen ficou chocada. Virou a cabeça para o lado e cuspiu o charuto, junto com o ar que havia respirado.
— Ah, está quente!
Dezra, sentada ao lado de Carmen, não conseguiu evitar o charuto. Ela gritou quando o fogo tocou sua coxa.
Carmen não se importou com o acidente infeliz. Virou a cabeça para o lado antes de tossir várias vezes. Ciel rapidamente despejou água em um copo antes de entregá-lo a Carmen.
Sienna ficou sem palavras.
A rápida sequência de eventos escapou de sua compreensão. Enquanto ela observava com confusão, as coisas se resolveram rapidamente. Embora o charuto tivesse deixado um pequeno buraco na calça de Dezra, Kristina havia curado a queimadura. Carmen também havia limpado a boca do gosto amargo com água.
— Estou bem sem o isqueiro. — Disse Carmen, olhando de lado para Sienna com uma expressão repreensiva.
— Uh… Certo. — Respondeu Sienna. Ela assentiu enquanto se sentia culpada. Parecia que ela era responsável pela bagunça.
Depois de verificar que o gosto amargo havia sumido de sua boca, Carmen mais uma vez tirou um charuto de uma caixa antes de colocá-lo na boca.
— ?
Mais uma vez, as ações de Carmen escaparam da compreensão de Sienna. Ela olhou e piscou algumas vezes com a boca aberta. Percebendo sua confusão, Eugene se aproximou e sussurrou em seu ouvido:
— Deixe-a em paz, ela é assim mesmo.
— Por que… Ela está fazendo isso? — Perguntou Sienna, totalmente perplexa.
— Porque é assim que ela é. Deixe para lá.
Sienna ainda não conseguia entender. No entanto, Carmen estava confiante. Ela não sentia o menor constrangimento por suas ações.
Com o charuto na boca, Carmen abriu e fechou repetidamente o isqueiro antes de abrir a tampa do uísque que ainda segurava na mão.
Glug, glug, glug.
É claro que Carmen não bebia o uísque. Ela despejou o uísque nos copos sobre a mesa antes de se levantar. No entanto, percebeu rapidamente que não havia copos suficientes para todos.
Havia uma vitrine de um lado da sala. Ao lado de muitas garrafas de álcool ainda lacradas, havia vários copos elegantes…
— Ahem.
Enquanto Carmen estava focada em escolher um copo, Ciel soltou uma tosse seca. Assim como Sienna, havia várias coisas que Ciel não entendia sobre a situação presente.
— É uma honra conhecê-la, Senhorita Sienna. Eu sou Ciel Lionheart.
— E-Eu sou Dezra Lionheart.
Dezra também inclinou a cabeça, cobrindo o buraco em suas calças com a mão. Sienna superou sua confusão e mudou sua expressão.
— Sim, certo. Não precisam ser excessivamente educadas. — Disse Sienna.
Ciel levantou a cabeça e olhou diretamente para frente.
Sentados em frente estavam Eugene, Kristina e Sienna. Ela podia entender por que Kristina e Eugene estavam tão próximos, mas a proximidade entre Sienna e Eugene a incomodava.
O fato da Sábia Sienna ter proclamado Eugene como seu sucessor era bem conhecido. Em outras palavras, a relação entre os dois era a de uma mestra e seu discípulo.
Dada a relação deles, era compreensível que estivessem próximos, mas… Seria eticamente correto ser tão fisicamente íntimo a ponto de seus corpos se tocarem assim? Será que isso era simplesmente como as coisas eram há trezentos anos?
— Hm… Tanto a Senhorita Sienna quanto a… Santa Kristina estão aqui com Eugene… É por causa da Princesa Abissal? — Ciel perguntou, captando os três sentados à sua frente. Eles até usaram disfarces.
Ela tinha uma intuição de que poderia ser isso. Além disso, que razão eles teriam para vir para Shimuin?
Os três deles… Não eram apenas três pessoas comuns. Um era uma Arquimaga lendária de trezentos anos atrás, outro era a Santa, e o terceiro era o Herói da era atual.
— É isso mesmo. — Eugene assentiu sem negar a pergunta de Ciel.
De fato. Ciel acariciou o queixo e caiu em pensamento por um momento.
— Vocês estão aqui para investigar a situação e reunir informações? Ou—
— Para matar. — Eugene respondeu sem hesitar.
— Simples assim? Não acha que é muito imprudente?
— Acredito que tenho poder suficiente. E, mais importante, tenho uma dívida a cobrar. — Acrescentou.
Os lábios de Sienna se curvaram em um sorriso insinuante com suas palavras. Embora Eugene também tivesse uma conexão cármica com Iris de sua vida anterior, não era comparável à de Sienna.
Ciel recuou ligeiramente quando sentiu a atmosfera ao redor de Sienna.
— A Princesa Abissal. — Carmen disse ao retornar com dois copos em suas mãos. Ela colocou os copos na frente de Sienna e Kristina e despejou o uísque de maneira elegante.
Ela inclinou a garrafa para permitir que o líquido fluísse de uma posição elevada, como se o uísque fosse vinho. Havia apenas uma razão pela qual ela estava se comportando dessa maneira: parecia legal.
[Vamos trocar, Kristina.]
“Há algo errado, Irmã?”
[Você pode não saber já que não gosta de álcool, mas o uísque que Carmen está derramando agora é extremamente raro. É uma bebida nostálgica que eu ocasionalmente apreciava durante minha vida.]
“Por favor, acalme-se, Irmã.”
[Rápido! Rápido!]
Kristina trocou de lugar com ela. Anise imediatamente pegou o copo, que estava cheio até a borda de uísque, e o tomou de um gole. Sua exibição robusta congelou Carmen por um momento.
— Outro. — Disse Anise alegre.
— Hmm.
Que sabor ela estava apreciando com essa amargura desagradável de um líquido?
Com essa pergunta em mente, Carmen despejou outro copo de uísque. No entanto, assim que o copo foi preenchido, foi esvaziado imediatamente. No final, Carmen desistiu e colocou a garrafa inteira na frente de Kristina.
— A Princesa Abissal, — Carmen recomeçou a falar, começando novamente do início. Ela colocou o charuto que tinha colocado na boca de volta no dedo antes de continuar suas palavras. — Há alguns anos, ela era chamada assim, mas agora, em Shimuin, Iris é conhecida por um nome diferente. Ela é chamada de Imperatriz Pirata.
Até a Marcha dos Cavaleiros, a frota sob o comando de Iris consistia em apenas algumas dezenas de navios. Mas agora, havia bem mais de cem embarcações piratas reunidas sob o nome de Iris. Como tal, as pessoas em Shimuin temiam Iris e começaram a chamá-la de Imperatriz Pirata.
— Mesmo assim, eles são apenas piratas. — Sienna riu. — Se esses vermes estivessem em algum lugar que não no Mar de Solgalta, nós não teríamos nos preocupado em esconder nossas identidades. Teríamos invadido e atacado assim que chegássemos.
Trezentos anos atrás, ela era conhecida como Sienna do Desastre.
Conforme seu apelido, Sienna causou múltiplos desastres durante a guerra contra os demônios.
Centenas de navios piratas? Claro, mas ainda eram piratas. Quão fortes eles seriam em comparação com os demônios? Se ela pudesse mantê-los no lugar, poderia criar redemoinhos, levantar tsunamis, atingi-los com raios ou até mesmo fazer meteoros caírem no mar. As possibilidades eram infinitas.
No entanto, o único problema era que Iris estava ativa no Mar de Solgalta, um lugar localizado longe, que restringia a magia.
Ainda era incerto o quanto as notórias restrições do Mar de Solgalta podiam conter Sienna, mas ela estava determinada a ser o mais ‘cautelosa’ possível em seu plano de matar Iris.
Ela absolutamente não daria a Iris nenhuma chance de escapar. Não haveria uma segunda chance. Ela estava determinada, sem dúvida, a matar Iris.
Eugene e Anise concordavam.
Eles tinham testemunhado vários infernos conectados com a sinistra elfa negra Iris. Eles tinham visto montanhas, florestas e campos em chamas, bem como os gritos dos elfos capturados que ela usava como isca. Tinham experimentado os implacáveis ataques-surpresa dos patrulheiros elfos negros escondidos na escuridão.
Os elfos viviam por muito tempo, e os elfos negros viviam tanto quanto os elfos. Se ela decidisse se esconder — Iris poderia se esconder por dezenas ou até centenas de anos no futuro.
O que o grupo de Eugene mais temia era a possibilidade de Iris se esconder em alguma ilha desabitada nos Mares do Sul, onde ninguém poderia encontrá-la por décadas ou séculos.
— Carmen Lionheart, ouvi dizer que você e Eugene lutaram contra Iris juntos em Kiehl. Foi lamentável que ela escapou.
— Eu não pude matá-la, porque não tive o poder suficiente. — Respondeu Carmen.
— Não estou aqui para repreendê-la. Pelo contrário… Você acharia ofensivo se eu dissesse isso? Bem, estou feliz que você e Eugene não conseguiram capturá-la. Graças a isso, tenho a chance de matar essa maldita mulher com minhas próprias mãos.
As palavras de Sienna estavam impregnadas de hostilidade clara. Carmen assentiu sentindo sua pele formigar.
— Mas, Senhorita Sienna, o Mar de Solgalta é muito distante. Não há navios que vão para lá, e mesmo se você comprasse um navio inteiro, encontrar uma tripulação disposta a navegar até o Mar da Morte não seria fácil. — Disse Carmen. — Eu sei sobre a infâmia do Mar de Solgalta. Esse mar bizarro não apenas restringe a magia, mas também é difícil de alcançar, certo?
— É por isso que viemos pedir ajuda. — Disse Eugene.
Carmen sorriu maliciosamente ao se virar para ele.
— Que tipo de ajuda você está se referindo? Você quer pedir emprestado as presas e garras da Leoa de Prata? Ou talvez os espinhos da Rosa Branca? Ou…
Carmen olhou para Dezra. Ela ainda não tinha um apelido adequado.
— Você quer pedir emprestado o brilho da Pérola Negra?
E assim, ela inventou um apelido na hora. O que significava pedir emprestado o brilho? Dezra olhou para Carmen com confusão. No entanto, Carmen mesma não entendia o significado por trás de suas palavras.
— Uh… Não. Não é esse tipo de ajuda. Eu quero me encontrar com o Sir Ortus. — Eugene respondeu com uma expressão constrangida. — Eu tive a chance de conversar com o Sir Ortus durante a Marcha dos Cavaleiros.
— Eu entendo o que você está querendo dizer. Você pretende liderar uma frota naval e atacar a Princesa Abissal de frente? — Perguntou Carmen.
— Isso é algo que estou considerando, mas se eu levar uma frota, Iris pode escapar ou se esconder. Estou pensando em pedir emprestado alguns navios do Sir Ortus por enquanto. — Disse Eugene.
— Navios?
— Um navio mercante ou um navio de comércio. Um magnífico o suficiente para que Iris queira saquear.
Duas ideias imediatas vieram à mente de Eugene. Uma era entrar no Mar de Solgalta, e a outra era atrair Iris para fora.
Se escolhessem a última opção, sem dúvida precisariam de navios grandes e atraentes para que Iris atacasse.
— A Imperatriz já tem muitos subordinados. Ela raramente deixa o Mar de Solgalta. Ela apenas envia seus navios piratas para saquear. — Explicou Carmen.
— Poderíamos atrair seus subordinados. Poderíamos tentar nos infiltrar em seus navios. — Disse Eugene.
— Há outras maneiras. — Ciel se pronunciou. — Assim como a Senhora Carmen mencionou, a Imperatriz tem muitos subordinados. Comparada com a marinha do Mar de Solgalta, ela pode carecer em números e força, mas sua presença desequilibra o suficiente para permitir que ela assedie a marinha. No entanto… Recentemente, a Imperatriz fez algo bastante audacioso.
Havia vários rumores sobre Iris, alguns ainda desconhecidos pelo mundo.
— Originalmente, a Imperatriz não mirava nos navios navais de Solgalta e evitava conflitos com as frotas punitivas. Mas agora, um mês atrás, a atitude da Imperatriz mudou repentinamente. — Continuou Ciel.
— Dez navios de guerra patrulhando perto do Mar de Solgalta sumiram sem deixar rastro. — Interveio Carmen, concordando com a cabeça.
— Isso não é tudo. Até os navios de transporte de dinheiro com destino à Ilha de Shedor foram levados por Iris.
Havia inúmeras ilhas em Shimuin, e os impostos arrecadados dos habitantes das ilhas eram transportados por navios.
— Não são apenas os navios de transporte de dinheiro. Diversos tributos enviados à família real também estão sendo saqueados. Não são apenas as taxas de pedágio que eles estão pedindo, também. Navios e tripulações estão sendo sequestrados por Iris.
Não tinha sido tão ruim quando Ortus mencionara anteriormente as proezas de Iris para Eugene. Iris evitava conflitos com as frotas navais e apenas saqueava navios civis e embarcações comerciais.
— É vergonhoso. É por isso que a família real escondeu todos os fatos. — Disse Carmen.
— Mas eles não podem mais fazer isso. — Ciel riu, agitando o copo. — Se continuarem em silêncio, a Guilda dos Anões começará a protestar.
— Anões?
Os olhos de Eugene se arregalaram com surpresa diante da súbita mudança de tópicos.