Capítulo 368
O Rei Demônio da Fúria (2)
Woooo—
Uma enorme baleia azul saltou do mar aberto esculpido.
Não parecia estar viva e saudável. Essa gigantesca fera marinha que uma vez vagou por todo o oceano em busca de sua presa e até devorou monstros agora havia perdido todo senso de si mesma após ser contaminada pelo poder negro de um Rei Demônio. O que estava agora avançando na direção deles não passava de um pedaço de carne podre envolto na pele de uma baleia azul.
No entanto, seu tamanho gigantesco ainda era o mesmo que havia sido em vida. Para aqueles no Laversia, parecia que um navio do tamanho de seu próprio navio estava saltando em direção a eles.
As pessoas atrás de Eugene soltaram gritos de surpresa, mas sua expressão estava tão calma quanto sempre.
Quando se tratava de monstros grandes, ele já tinha visto muitos deles. Raizakia, com quem ele havia lutado da última vez, era ainda maior que essa baleia. E esta baleia era apenas tão grande quanto uma única perna de Kamash, o chefe da Tribo dos Gigantes que ele havia matado trezentos anos atrás.
A barreira que protegia a frota desapareceu como se tivesse sido desligada. Imediatamente depois, Eugene deu impulso da figura de proa e saltou para o céu. Comparado com a enorme sombra projetada pela baleia que saltava na direção deles, Eugene parecia um pequeno ponto preto.
Naquele momento, a luz irrompeu da Espada Sagrada. A sombra da baleia desapareceu completamente, e o mundo inteiro foi iluminado por um instante.
Riiiiiip!
O corpo da baleia foi rasgado em dezenas de pedaços, seu sangue contaminado se espalhando pelo mar, mas as ondas douradas não pareciam estar contaminadas.
Eugene voou passando pela baleia desmembrada. Parando no alto do céu, ele contemplou o que estava à frente.
Viu uma névoa avançando em sua direção. E dentro dessa névoa… Eugene estreitou os olhos enquanto olhava para a profundidade da névoa.
— Hah! — Ele soltou uma risada de desprezo enquanto seus lábios se curvavam em um sorriso.
Ele avistou um navio pirata de aparência feia. Sua bandeira de pirata exibia a imagem de uma caveira de bode de cabeça para baixo. Com um par de chifres que se curvavam para fora e um que se erguia diretamente, este crânio de bode montanhoso de cabeça para baixo era o símbolo que o Rei Demônio da Fúria costumava usar há trezentos anos.
Havia apenas uma pirata louca que penduraria uma bandeira assim com tanto orgulho.
Iris, a nova Rainha Demônio da Fúria.
No momento em que Eugene avistou o navio pirata, Iris também avistou Eugene. Um par de olhos vermelhos gigantes se abriram no meio daquela névoa negra. As pupilas desses olhos vermelhos estavam tingidas de preto turvo.
Esses eram o Olhos Demoníacos das Trevas. Essa habilidade, junto com a própria Iris, evoluíra com o poder da Rainha Demônio.
No momento em que esses olhos brilharam, o mar ao redor do navio pirata ficou negro. O poder desses Olhos Demoníacos estava se espalhando por toda a superfície do mar.
Craaaaaash!
Dez navios irromperam das trevas, aterrissando com um grande splash.
Eugene soltou outra risada de desprezo diante dessa visão. Ele os chamaria de navios apenas porque não havia uma palavra melhor para descrevê-los, mas as coisas que haviam surgido das trevas não eram navios de verdade.
Antes de tudo, eram grandes, muito grandes. Várias vezes maiores do que o maior de todos os navios, eram do tamanho de um castelo comum. Se alguém quisesse exagerar um pouco, eram tão grandes quanto uma montanha.
Cada um deles parecia ter sido criado esmagando dezenas de navios em pedaços com o poder negro antes de misturar esses pedaços com carne viva. Dezenas de navios foram formados nos ossos dessas novas criações, e então a carne de animais marinhos e humanos foi colocada sobre os esqueletos de madeira. Com ainda mais poder negro infundido nessas monstruosidades, elas foram revividas como bizarros seres demoníacos que não podiam mais ser chamados de navios.
No topo de cada uma dessas dez gigantescas bestas demoníacas, também havia uma nova linhagem de monstros que, de maneira semelhante a esses ‘navios’, não podiam mais ser chamados de humanos. Sua aparência… parecia que uma criança tentou fazer humanos de argila como parte de uma piada. Estavam apenas vivos e se movendo porque o poder negro atuava como um substituto para sua força vital; se não fosse por isso, suas formas eram tão deformadas que parecia impossível que permanecessem vivos e saudáveis.
Este era o destino dos milhares de piratas que estiveram sob o comando de Iris.
— Parece que eu não sou uma escultora tão boa. — Iris admitiu com um sorriso enquanto cruzava as pernas ociosamente em seu assento em um dos navios.
Com seus Olhos Demoníacos flutuando no céu, Iris podia observar a totalidade de seus inimigos insignificantes.
Diante dela, estava uma frota de cem navios. Entre todos esses navios, o único que chamou a atenção de Iris foi o navio líder, o Laversia.
Iris se encorajou.
— Mas mesmo que você não seja tão bom em algo, isso só significa que você deve praticar mais. Não é verdade? Afinal, eu terei muitos materiais para praticar a partir de hoje.
Com uma risada, Iris levantou ambas as mãos para o alto.
Roooooar!
O mar, que havia sido tingido de negro profundo, subiu junto com o movimento das mãos de Iris. Parecia como se uma área inteira do mar tivesse sido transformada em uma cópia maior das mãos de Iris.
— Eu ainda não estou completamente acostumada com esta arma. — Anise murmurou para si mesma.
Bam!
Um pedaço de carne da baleia morta foi atingido pelo mangual de Anise e saiu voando.
Ao flutuar de volta para a figura de proa, Eugene olhou para Anise e disse. — Eu não joguei isso em você de propósito.
— Você sempre foi descuidado quando se trata dos detalhes finos. — Anise disse com uma risada enquanto descansava a pesada bola de ferro, a cabeça de seu mangual, sobre a figura de proa. — De qualquer forma, eu acho que ainda prefiro a maça.
[Então, devo sair, Irmã?] Ofereceu Kristina.
— Está bem. — Concordou Anise com um sorriso irônico, mostrando nenhum sinal de recusa.
A Santa para esta batalha, não, para esta era, deveria e seria Kristina Rogeris. Anise não tinha a intenção de roubar ou usurpar o papel de Kristina. Isso dito, não significava que Anise ficaria de fora da luta completamente.
Suas consciências trocaram de lugar. Ao sentir a preocupação e afeto de Anise por ela, Kristina apertou seu mangual na mão. Já havia um cheiro forte de sangue no ar… e ela agora podia ver uma frota que parecia ser feita de carne podre navegando em sua direção.
Comparadas ao Exército da Rainha Demônio à frente delas, suas próprias forças pareciam pequenas e fracas. Embora sua frota fosse maior em número, os tamanhos individuais de seus navios eram muito menores. Mas Kristina não podia se dar ao luxo de prestar atenção a isso. Em vez disso, Kristina manteve seus olhos nas costas de Eugene enquanto ele novamente voava para o céu.
O olhar de Kristina não era o único preso nas costas de Eugene. O navio da Companhia de Mercenários Slad, o Formeri, estava seguindo de perto atrás do Laversia. Dezenas de sacerdotes e paladinos também estavam olhando para as costas de Eugene do Formeri.
Depois de respirar fundo, Kristina declarou.
— Muitas pessoas vão morrer.
Sua voz suave conseguiu alcançar não apenas o clero a bordo do Formeri, mas também o resto da frota.
— Mas em vez de olhar para trás, precisamos focar no que está à frente. — Kristina lembrou seus ouvintes.
Se o oponente não fosse uma Rainha Demônio e este campo de batalha não fosse onde uma Rainha Demônio estava presente, os sacerdotes poderiam ter permitido que sua atenção se expandisse um pouco.
No entanto, esta era de fato uma batalha contra uma Rainha Demônio. Como tal, o foco dos sacerdotes precisava se tornar infinitamente mais estreito. Neste campo de batalha, as únicas duas coisas que a Santa e os sacerdotes precisavam prestar atenção eram o Herói e a Rainha Demônio. Eles não podiam se dar ao luxo de olhar para trás para o resto da frota.
O Laversia continuaria avançando, e o Formeri, agindo como suporte, também navegaria ao lado do Laversia. Mas além desses dois, dezenas de outros navios em sua frota ficariam para trás para lutar contra as bestas demoníacas do tamanho de montanhas e os piratas agora desumanos.
Kristina respirou fundo novamente e continuou.
— Dessa forma… Sir Eugene, você também deve continuar olhando para frente.
A barreira de poder divino havia sido removida. Nesta batalha desesperadora, continuar a proteger toda a frota seria um desperdício de seu poder divino. Mesmo assim, Kristina deixou uma camada mínima de proteção para eles. O mar de luz turbilhante gradualmente diminuiu até que apenas as ondas douradas restassem nos pequenos espaços onde os navios da frota estavam flutuando.
— Por favor, abra o caminho à frente para todos. — Kristina rezou.
Esta cena inteira, se desse para observá-la de algum lugar alto acima, pareceria como se dezenas de pontos de luz cintilantes estivessem flutuando sobre o mar negro profundo.
As ondas de luz permitiriam que os navios de sua frota se movessem rapidamente, de maneira fluida e ágil. O motor mágico ligado a cada um de seus navios lhes dava acesso a mais manobrabilidade do que a força humana sozinha poderia oferecer, e os ventos criados por Tempest e Sienna adicionariam ainda mais aceleração.
— É uma honra. — Disse Maise enquanto olhava para as costas de Sienna.
Nesta batalha, o controle das defesas mágicas da frota seria manipulado por Maise.
— Alguém como eu, um novato que acabou de conseguir alcançar o Oitavo Círculo… — Maise fez uma pausa, quase sobrecarregado. — Não posso acreditar que estou realmente de pé no mesmo campo de batalha que a Senhorita Sienna.
O feitiço assinatura de Maise se chamava Navio de Guerra. Era um feitiço que permitia a ele equipar um navio com várias melhorias.
Normalmente, a Assinatura de Maise era usada em combinação com o Laversia, uma parceria onde o servo mais forte da Família Real aprimorava o navio de guerra mais forte do Reino de Shimuin. Era porque a união dos dois era considerada tão poderosa que Maise, como Comandante dos Magos da Corte, havia sido pessoalmente designado para a expedição de subjugação.
Durante a jornada, Sienna ajustou o feitiço Assinatura de Maise. Como resultado, não estava mais restrito apenas ao Laversia. Em vez disso, a frota inteira agora poderia ser coberta pelo feitiço de Maise.
Mas, como resultado, o consumo de mana também aumentou exponencialmente. Felizmente, o feitiço ainda era viável depois de acoplar todos os magos de batalha da Companhia Mercenária Slad para fornecer mana a Maise. Teria sido difícil ele durar mesmo uma hora por conta própria.
— Certifique-se de não se empolgar e avançar muito para frente. — Sienna advertiu Maise sem virar a cabeça.
Crack! Cracracrack!
Uma massa sobreposta de Círculos girava dentro de seu Eternal Hole totalmente expandido. A mana violentamente giratória derramava-se de seu peito para dentro do Nevasca, que ela segurava com ambas as mãos.
No entanto, Sienna ainda tinha alguma atenção para dispensar.
— Se você chegar muito perto, pode ser arrastado pela minha magia.
Tudo o que podia ser feito para as forças designadas para cobrir sua retaguarda já havia sido feito. Sienna fortaleceu a barreira do navio de refúgio, ajustou a Assinatura de Maise e até mesmo preparou uma técnica que permitiria aos outros magos combinar suas forças.
— Também, se você avançar mais… — Sienna murmurou com os olhos semicerrados.
Havia uma sensação estática no ar. Parecia que seus sentidos mágicos estavam estranhamente desequilibrados. Isso era… algo familiar.
A maioria da magia não dependia apenas das reservas de mana do mago. A mana de um mago e seus Círculos eram apenas o primeiro passo na conjuração de um feitiço. Nos passos seguintes, o feitiço só podia ser totalmente manifestado em conjunto com a mana natural no ar.
Mas algo à frente estava estranho. Mesmo em um domínio demoníaco, a mana ainda existia. Não importava quão forte fosse o poder negro de um Rei Demônio, não havia lugar neste mundo onde a mana simplesmente não existisse.
As únicas exceções a essa regra eram lugares ‘não deste mundo’. Como o lugar que Moron frequentemente visitava, o outro lado do Lehainjar. O intervalo dimensional onde Raizakia havia sido selado também era um desses lugares.
Finalmente, havia também… o precipício de Babel, onde haviam lutado contra o Rei Demônio do Encarceramento.
Onde quer que o Rei Demônio tivesse espalhado suas correntes, que eram parte da habilidade única do Encarceramento, a magia não funcionava corretamente. Toda a mana no ar havia sido amarrada por essas correntes, e quaisquer círculos mágicos que Sienna tivesse construído desapareciam no momento em que tocavam uma dessas correntes, com toda a sua mana sendo absorvida.
Sienna havia criado o Eternal Hole em primeiro lugar para lutar contra o Rei Demônio do Encarceramento. Se ela não conseguisse usar a mana no ar, então, como maga, teria que treinar suas próprias reservas internas. Ela também havia aprendido a manifestar sua magia apenas por sua própria vontade, sem precisar recorrer ao mundo exterior.
— Além de mim, mais ninguém será capaz de usar magia. — Revelou Sienna.
Foi graças ao seu passado que Sienna podia ter certeza dessa afirmação. O sentido de ‘supressão’ não era tão poderoso quanto quando ela havia lutado contra o Rei Demônio do Encarceramento. Ainda assim, Sienna podia sentir uma semelhança entre a supressão do Rei Demônio do Encarceramento e o que estava à frente.
O Rei Demônio do Encarceramento poderia estar se envolvendo nesta batalha? Não, era um fato estabelecido que magia não podia ser usada no Mar de Solgalta. Se a razão pela qual magia não podia ser usada ali tivesse algo a ver com o Rei Demônio do Encarceramento, isso significava que o Rei Demônio do Encarceramento deve ter tido laços com este mar no passado distante.
Os lábios de Sienna se contraíram e se curvaram em um sorriso sarcástico.
Quão incrível era isso? Não só ela seria capaz de matar Iris, sua inimiga odiada, mas também poderia testar o poder de seu Eternal Hole contra a habilidade única do Encarceramento.
Groooooooh!
Ao longe, Iris murmurou.
— Eles chegaram?
Enquanto isso, marés excepcionalmente fortes de mana giravam ao redor de Sienna como um tufão. Maise não pôde deixar de baixar a cabeça em reverência ao assistir Sienna avançar lentamente.
— Eles estão aqui. — Disse Iris com uma risada quando se levantou.
A frota de bestas demoníacas começou a avançar. Apenas dois navios do outro lado navegaram para encontrá-los. Os dois navios eram tão pequenos em comparação com a frota que Iris havia criado que parecia que os dois navios seriam esmagados assim que as duas frotas colidissem.
Mas não, seria o lado dela que seria esmagado. Iris sorriu ao ter esse pensamento.
Pessoas como ‘eles’ não poderiam ser paradas pelo tamanho de sua frota ou por seus monstros. Neste campo de batalha, o único que poderia bloqueá-los e levá-los à desesperança era a própria Rainha Demônio.
A Rainha Demônio da Fúria saiu para o convés. Os cento e três elfos negros se ajoelharam ao se curvarem para a Rainha Demônio. Todos eles foram agraciados com uma nova força devido ao poder negro de Iris. Todos reverenciavam Iris, sua Princesa que havia ascendido para se tornar a nova Rainha Demônio da Fúria.
Sephia aproximou-se lentamente para colocar um casaco sobre os ombros de Iris.
Carmen olhou para as costas de Eugene enquanto ele estava no céu. Lembrou das palavras que ele sussurrara anteriormente.
—Vou lá e matar esse Rei Demônio.
Nesta era, quem se atreveria a dizer algo assim com sinceridade?
—Se formos vitoriosos aqui hoje… — Carmen começou.
Cla–clank.
O relógio de bolso que Carmen segurava em sua mão direita se transformou em uma manopla.
Ela estava usando o Genocídio Celestial em sua mão direita, e a Manopla do Dragão Demoníaco em sua mão esquerda.
Enquanto cerrava ambos os punhos com força,
Carmen murmurou.
— A maneira como as pessoas falam sobre os Lionheart vai mudar. Não será mais os Lionheart de Vermouth, mas sim os Lionheart de Eugene.
Eugene sorriu ironicamente ao ouvir as palavras de Carmen. Sienna, que voava da retaguarda deles, chegou ao mastro do Laversia.
Whooooosh!
A rajada de vento que veio com Sienna impulsionou o Laversia ainda mais rápido para a frente. O Laversia acelerou ao mergulhar entre a frota de bestas demoníacas. Mas esses navios de carne podre não se moveram para bloquear o Laversia, que estava envolto em uma camada de luz.
Isso porque eles estavam seguindo as ordens de Iris. A frota de bestas demoníacas avançava em busca de outras presas.
Portanto, por enquanto, o Laversia podia avançar sem medo. Mas aqueles que se atreviam a brilhar tão intensamente neste domínio demoníaco, o território de um Rei Demônio, eram as presas que Iris precisava lidar pessoalmente. Não, não presas, mas sacrifícios vivos a serem oferecidos como uma celebração para a segunda vinda da Fúria.
Seu pai tinha sido misericordioso. Ele também amara sua família. Portanto, Iris queria emular a bondade de seu pai.
Foi por isso que Iris sorriu e disse aos seus elfos negros.
— Vocês podem ficar com o resto.
Eles eram a família que havia ficado com ela nos últimos trezentos anos. Esses cento e três elfos negros mereciam compartilhar da futura glória de Iris, então Iris permitiria que participassem do doce e gorduroso jogo que seria realizado nas festividades iminentes.
Dos humanos que se aproximavam deles nesses dois navios, apenas alguns se destacavam. No navio principal estava Carmen Lionheart, a quem Iris havia encontrado brevemente em Kiehl. E no navio seguinte estava o Rei Mercenário classificado em segundo lugar, Ivic Slad.
“Será que Ortus está ficando com os reservas?” Iris se perguntou. “Que estúpido, qual é o sentido de dividir suas forças assim?”
Todos iam morrer de qualquer maneira, então deveriam pelo menos aproveitar ao máximo sua tentativa fútil.
Iris riu enquanto avançava. Começou a flutuar casualmente para o céu. Enquanto Iris voava para o ar, ela olhava para baixo para tudo o que estava abaixo.
Com um clarão, houve uma explosão repentina de luz. Os lábios de Iris se contraíram ligeiramente. Mesmo quando a luz perfurava a escuridão ao seu redor, Iris viu que não havia necessidade de tentar evitá-la. Porque a escuridão que aparecia onde quer que seu olhar fosse dirigido poderia facilmente engolir a luz.
— Mesmo que você tenha se tornado uma Rainha Demônio, seu verdadeiro talento parece ser o mesmo de sempre? — Eugene comentou zombeteiramente.
Antes mesmo que Iris percebesse, ele havia aparecido nos céus do lado oposto ao dela.
— Você não parece diferente de quando te vi em Kiehl. — Eugene observou com desdém.
Isso era uma mentira.
Eugene conseguia sentir isso desde o momento em que ficaram frente a frente. Um poder negro tão opressivo que parecia que ele estava prestes a perder a consciência. Nem mesmo a intimidação que ele havia sentido ao enfrentar Raizakia poderia ser comparada a isso. Isso o lembrava dos trezentos anos atrás, quando enfrentara os Reis Demônios originais.
Fwooosh!
Atrás das costas de Eugene, as asas da Proeminência se desdobraram.
Este era um ambiente hostil para o uso de magia. No entanto, ainda era muito melhor do que o outro lado do Lehainjar ou a fenda dimensional. E a Fórmula do Anel de Chamas baseada no Eternal Hole permitira que ele conjurasse a Proeminência mesmo nesses lugares.
Eugene também havia alcançado a Sétima Estrela da Fórmula da Chama Branca. Agora, mesmo como uma piada, as chamas de Eugene não podiam mais ser descritas como brancas. Elas haviam se transformado em uma tonalidade roxa próxima ao preto.
Observando Eugene em seu estado atual, Iris riu.
— Você não parece muito com o Herói, criança.
Iris estava dizendo isso sinceramente.
Com aquela aparência, junto com aquela mana e intenção assassina, cada aspecto de Eugene era diferente de Vermouth. Vermouth — aquele bastardo desumano — mesmo que ela não quisesse admitir, tinha uma aparência digna de seu título como Herói.
No entanto, mesmo sem lutar contra Eugene, Iris conseguia perceber a diferença entre Vermouth e o que estava atualmente em pé diante dela. Iris já estava certa disso, mesmo com o pouco que ela conseguia sentir dele no momento.
Mesmo que já estivessem brilhando, uma luz parecia piscar nos olhos de Iris ao lembrar de um de seus muitos inimigos dos últimos trezentos anos.
Diante dela, o Anel de Agaroth vibrava à medida que a Destruição era retirada das dobras do manto de Eugene.
