Damn Reincarnation – Capítulo 60 - Anime Center BR

Damn Reincarnation – Capítulo 60

Capítulo 60: O Deserto (2)

 

Se ele ia perguntar isso, por que não tentou falar com eles primeiro? Que tipo de bandido iria apenas atacá-los do nada para ter suas perguntas respondidas? Essas perguntas passaram pela mente de Laman enquanto olhava para Eugene.

Embora Laman estivesse ouvindo essas perguntas, ainda não havia baixado a guarda. Ele não conseguiu identificar nenhuma abertura em Eugene enquanto estava ali em uma postura ligeiramente torta.

Eugene também foi capaz de cruzar aquela longa distância em um instante e conseguiu repelir a força da espada de Laman com apenas um golpe de sua própria espada de uma posição instável. Para completar, Eugene mostrou seu uso habilidoso da magia sem nenhum encantamento.

Juntos, era inacreditável.

Laman engoliu em seco nervosamente. Objetivamente falando, ele era um guerreiro excepcional. Pelo menos nesta região, não havia guerreiro melhor do que ele. Mas foi exatamente por isso que não podia deixar de ser cauteloso.

Laman recuou para ampliar seu campo de visão. Isso lhe permitiu observar o estado de seus subordinados derrotados. Embora ninguém tivesse morrido, eles também não estavam em boas condições. Seus homens tiveram seus ossos quebrados pelos mísseis mágicos, e seu tenente tinha um dardo de besta preso em um ombro enquanto estava preso por tentáculos de areia.

— Não vai me responder?

Mesmo quando Eugene impacientemente fez essa pergunta, os tentáculos de areia não desapareceram. Dezenas de mísseis mágicos ainda pairavam sobre os subordinados caídos de Laman. Como Eugene foi capaz de empunhar uma espada mesmo mantendo vários feitiços? E tudo isso sem mostrar uma única abertura?

Laman pode não ter aprendido nenhuma magia, mas até ele sabia que o que Eugene estava fazendo no momento exigia um nível impossível de habilidade para um jovem de dezenove anos.

— Somos ladrões. — Laman acabou confessando.

— Parece que Nahama é um país bastante poderoso. — Zombou Eugene enquanto os cantos de sua boca se torciam em um sorriso irônico: — Afinal, o líder de um grupo de míseros bandidos, com menos de dez membros, é realmente capaz de liberar a espada de força de sua lâmina. Se um grupo de bandidos desse tamanho está nesse nível, isso deve significar que uma gangue de bandidos com mais de cem pessoas terá pelo menos dez homens que podem exercer a espada de força.

— …

Laman ficou em silêncio.

Eugene continuou.

— E quão fortes devem ser os soldados para poder reprimir tais bandidos? Isso é incrível. Se tiverem esse tipo de poder militar, Nahama não conseguiria unificar o continente?

Laman tentou inventar uma desculpa:

— Como ladrões, somos apenas… Um pouco especiais…

— Ei, velho. Estou lhe dizendo, pare com suas besteiras e apenas fale honestamente. — Eugene disse com uma risadinha.

Dizendo isso, ele avançou com confiança, mas Laman não conseguiu recuar mais.

— A verdade é que eu realmente não preciso que me responda. Você pode ficar calado se quiser. Porque eu tenho minhas próprias maneiras de fazer você falar. — Eugene ameaçou.

Este era realmente um jovem mestre do prestigioso clã Lionheart? Embora seu rosto fosse o de um jovem, as palavras que saíam de sua boca soavam como se fossem do tipo de mercenário que alguém encontraria em um bar. Além disso, havia o olhar de Eugene. Estava descaradamente exalando intenção assassina. Como era possível para uma flor cultivada em uma estufa emitir uma intenção assassina como essa?

— Quem diabos é você?

Embora Laman soubesse que essa era uma pergunta estranha, não pôde deixar de sentir a necessidade de fazê-la.

— Não sei o que quer dizer com isso. — Respondeu Eugene: — Você deveria saber quem eu era antes de começar a me seguir. Não é verdade?

— Você é Eugene Lionheart. — Laman finalmente admitiu.

Eugene confirmou:

— Isso mesmo, parece que conhece bem minha identidade.

— Mas você é mesmo… Eugene Lionheart?

— Se não, quem mais eu poderia ser?

Quando Eugene cuspiu essas palavras, ele chutou o chão. A areia da duna explodiu em todas as direções. Mas não havia como Laman perder de vista a figura de Eugene, mesmo nos incontáveis ​​grãos de areia.

Ou pelo menos era o que ele pensava.

A figura de Eugene desapareceu em um instante. Tal movimento era impossível apenas com velocidade. Os sentidos de Laman não perderam o fato de que a mana no ar havia flutuado. Ele rapidamente se virou e balançou seu kukri para o lado.

“Até mesmo Teleporte?”, pensou Laman enquanto se movia instintivamente.

Tching!

Seu kukri colidiu contra Winith. Embora a lâmina de Winith fosse fina, estava coberta por uma densa camada de mana. Esta era a espada de força.

Laman não tinha certeza disso apenas no primeiro confronto, mas agora tinha certeza de sua suspeita. Para a mana de Eugene não ser espalhada quando sua espada colidiu com a própria espada de força de Laman só poderia significar que Eugene estava a usando também.

Não havia tempo para Laman se espantar com esse fato. Ele ainda precisava prestar atenção em outras coisas, mesmo com Eugene bem na frente dele. Laman sentiu um calafrio percorrendo em suas costas quando um míssil mágico que estava escondido na nuvem de areia voou em direção ao seu ponto cego.

Mísseis Mágicos era apenas um feitiço do Primeiro Círculo. Era um feitiço que qualquer um que se chamasse de mago poderia usar, mas mesmo quando seus Círculos aumentavam, a maioria ainda preferia Míssil Mágico como um feitiço de ataque devido à sua facilidade de uso. Mísseis mágicos podem ser conjurados com apenas uma pequena quantidade de mana, e sua trajetória pode ser alterada à vontade, dependendo do controle de mana do conjurador.

E o controle de mana era algo em que Eugene era habilidoso desde sua vida anterior. A mente de Eugene era capaz de guiar cada projétil individualmente, e a Fórmula do Anel de Chamas amplificava o poder de cada projétil. Laman não podia ignorar tal ataque.

Mana irrompeu do núcleo de Laman. Mana branca-acinzentada em volta em seu corpo. Era um escudo de mana. Como era apenas uma técnica destinada a revestir o corpo de alguém com a mana que possuíam, o uso dessa técnica defensiva não era diferenciado entre um mago e um guerreiro. Mas seu poder defensivo variava muito dependendo do nível de força do usuário.

Normalmente, um escudo de mana construído por um guerreiro do nível de Laman devia ser capaz de rir de um feitiço ofensivo do Primeiro Círculo. No entanto, o corpo de Laman tremeu ao sentir uma forte onda de choque vinda de trás dele. Como Laman foi forçado a cambalear para a frente, a espada de Eugene perfurou a abertura que isso havia criado.

— Ugh!

A princípio, Laman pensou que havia sido cortado, mas não era isso. A espada de Eugene apenas roçou levemente a superfície do escudo de mana que Laman havia erguido.

Tinha que ter sido de propósito. Eugene se conteve conscientemente.

Os olhos de Laman se arregalaram de raiva.

— Como ousa me insultar! — Laman rugiu e brandiu violentamente seu kukri.

Cada vez que seu kukri, que era curvado na forma de uma lua crescente, cortava o ar, criava um ruído característico.

Embora Laman tenha brandido seu kukri assim dezenas de vezes, não conseguiu fazer nenhum contato com Eugene. Apenas arrastando os pés ligeiramente, Eugene poderia facilmente escapar da lâmina de Laman.

Normalmente, não havia como Laman se cansar só de brandir sua espada assim. No entanto, a sua respiração estava gradualmente ficando cada vez mais pesada.

Era por causa da pressão crescente. Mesmo quando brandia sua espada com toda a força, ainda não conseguia acertar Eugene, e o jovem do clã Lionheart não estava mais sorrindo como antes. Seus olhos calmos não mostravam nenhum traço de agitação. Mesmo diante de golpes que poderiam lhe custar a vida com apenas um toque, Eugene ainda conseguia ficar muito calmo.

Tudo isso estava pressionando Laman. Além disso, não era apenas em Eugene que precisava prestar atenção. Laman não sabia quando outro feitiço poderia vir voando em suas costas. Ele também poderia ser sugado para o chão como seu tenente. Ou algo podia até cair em sua cabeça de cima.

O alcance da guarda de Laman precisava ser aumentado para cada variedade de ataques que Eugene havia mostrado. Isso limitava as ações dele. Não podia se dar ao luxo de correr riscos.

Assim que Laman estava quase sem fôlego, Eugene disse brincando:

— Que tal eu não usar magia?

Essas palavras fizeram com que os cabelos de Laman se arrepiassem de raiva. Esta era a primeira vez que estava sendo tão insultado.

— Kaaaaah! — Laman explodiu em um grito estridente.

A espada de força envolvendo seu kukri se intensificou em poder. Ele ia matar Eugene, embora seu mestre tivesse ordenado que não o fizesse, seu orgulho como guerreiro que havia sido insultado era mais importante do que as ordens de seu mestre.

“Agora as coisas estão melhorando”, Eugene sorriu para si mesmo.

Não só fazia alguns anos desde que usava seu corpo assim, mas também era a primeira vez que o corpo reencarnado de Eugene enfrentava um oponente que poderia produzir sua espada de força assim. Sempre que lutava contra Gilead, Gion e os outros cavaleiros da propriedade principal, eles não usavam espada de luz ou espada de força por medo de possíveis ferimentos.

Como tal, Eugene queria ver o que esse homem poderia fazer. Esse velho diante dele tinha sido muito cauteloso em seus ataques depois de afirmar que era um ladrão. Com golpes fracos como aqueles, não importava o quanto Laman brandisse sua espada, Eugene sofreria no máximo ferimentos leves.

Porém, agora, havia algum peso nos golpes de Laman. Sorrindo, Eugene balançou os ombros, e seus braços tremeram quando entrou em ação.

Bambambam!

Grãos de areia eram lançados voando a cada passo que Laman era forçado a dar, e gotas de sangue pingando de seus cortes misturavam-se com a areia. Mesmo que estivesse vendo isso pessoalmente, Laman ainda não conseguia acreditar no que estava acontecendo com seu corpo.

“Esses cortes”, Laman estremeceu.

Quantas vezes foi? Todo o corpo de Laman estava ardendo de dor. Os cortes não eram profundos, apenas cortavam a pele, no máximo. Nem seus ossos nem seus músculos foram quebrados por esses golpes. Era um milagre que todos fossem superficiais? Não, a verdade era que Eugene estava se segurando. A barba de Laman tremeu de agitação.

— Kiaaah! — Laman rugiu mais uma vez e atacou Eugene.

No entanto, os resultados dessa tentativa não foram muito diferentes daquelas que vieram antes.

Quando Laman terminou de dar um passo à frente, Winith já havia feito dezenas de cortes. A espada de Eugene era incrivelmente rápida. Mas o mais alarmante era que nenhum dos cortes feitos por sua espada se sobrepunha. Isso significava que o jovem não estava apenas brandindo sua espada ao acaso; ele sabia exatamente para onde sua espada estava indo e onde cada um de seus golpes atingiria.

“A intensidade de sua mana. Sua magia. E até… Sua esgrima… Como diabos existe alguém assim?” Laman pensou ressentido, amaldiçoando os céus por sua injustiça.

Enquanto o sangue escorria por seu corpo, Laman atacou Eugene mais uma vez. Eugene apenas bufou na demonstração de bravura de Laman.

Kwaaah!

Uma nuvem de areia foi lançada voando com um estrondo, e Laman ficou ofegante no meio das consequências. Ele havia espremido o resto de sua espada de força em um único instante, causando uma grande explosão. No entanto, mesmo com isso, não conseguiu tocar em Eugene.

— Você não precisa cuidar de seus subordinados? — Eugene o repreendeu.

A voz vinha de trás dele. Quando Laman sentiu um calafrio percorrer sua espinha, se virou para olhar para trás.

Laman viu seu tenente e os outros soldados sob seu comando flutuando no ar. Eugene casualmente os jogou de lado e enfiou Winith em seu manto.

— O que… pensa que… está fazendo? — Laman engasgou.

— Não dá para perceber só de olhar? Estou guardando minha espada. — Eugene disse o óbvio.

— Ainda não fui derrotado! — Laman insistiu.

Eugene deu de ombros.

— Eu sei.

Pop pop pop.

Eugene estalou os dedos enquanto caminhava até Laman.

— Então vou derrotá-lo agora. — Declarou Eugene.

— Kaaaah! — Laman correu para ele com outro grito.

Eugene se abaixou sob o golpe que voou para ele e cerrou o punho.

Pow!

Um punho coberto de mana atravessou o escudo de mana de Laman e atingiu suas costelas.

— Kagh!

A respiração de Laman foi tirada dele, mas o ataque não parou por aí. Eugene habilmente balançou seu corpo para trás e então, por uma questão de justiça, deu um soco nas costelas do outro lado de Laman também. Um golpe no estômago veio depois disso.

Quando Laman cambaleou, incapaz de suportar a dor, Eugene imediatamente balançou a perna e chutou a parte externa da coxa dele. Eugene não permitiria que o homem caísse apenas com isso. Ele o agarrou pelo colarinho e o ergueu. Então acertou o punho na mandíbula duas vezes. Quando Laman estava prestes a vomitar, Eugene empurrou o queixo dele para cima, impedindo-o de abrir a boca.

Laman engasgou.

— Gah…

Ele sentiu que estava perdendo a consciência, mas ainda estava segurando seu kukri. Tentou brandi-lo para, de alguma forma, mudar essa situação, mas não deu certo.

Eugene apenas agarrou o pulso dele e o torceu. Então, com a outra mão, agarrou a cabeça de Laman.

Usar sua espada primeiro e depois guardá-la—isso não era porque Eugene tinha a intenção de poupar Laman. Era tudo para mostrar um desrespeito por Laman como uma ameaça e, assim, quebrar sua vontade. Eugene estava demonstrando que podia esmagar alguém como Laman apenas com as próprias mãos.

Tendo visto a verdade disso, a vontade de Laman foi imediatamente quebrada. Comparado a ser cortado dezenas de vezes com a espada, ser espancado pelos punhos de um jovem de dezenove anos era muito mais doloroso e deprimente.

— Espere— Era o que Laman queria dizer.

Mas Eugene não se incomodou em permitir que Laman terminasse.

Bang!

A cabeça de Laman estava cravada na areia. Como o chão não era tão duro, Eugene não precisou se preocupar em quebrar a cabeça dele.

“Ainda não sei quem está por trás desses caras”, lembrou Eugene a si mesmo.

A situação era diferente de quando Eugene lidou com o mago negro em Aroth. Este era um país estrangeiro, um lugar onde Eugene nem sequer tinha Lovellian para cuidar dele. Se quem estava por trás desse velho fosse no mínimo um nobre de Nahama, isso poderia se transformar em um fiasco político.

Ele não queria colocar mais rugas no rosto já perturbado e desgastado de Gilead.

Dito isso, Eugene também não seria excessivamente misericordioso.

Bang, bang, bang!

Eugene bateu a cabeça de Laman na areia mais algumas vezes. A vontade já quebrada de Laman foi totalmente esmagada. Com o gosto amargo da areia entrando em seus olhos, nariz e lábios, as lágrimas e o sangue de Laman transformaram a areia em lama.

Laman gaguejou:

— P-Pare…

Laman sabia que realmente ia morrer. E não ia morrer lutando com honra, mas sim ser deixado morto em um pedaço estéril do deserto enquanto fingia ser um ladrão. A percepção disso foi terrível, assim como a dor que estava sentindo. Com a voz trêmula, Laman mal podia cuspir este pedido de misericórdia, e só então as mãos de Eugene pararam onde estavam.

— Quem é você? — Eugene perguntou mais uma vez.

Laman tentou falar:

— Eu sou…

No momento em que Laman hesitou ao responder, Eugene bateu a cabeça dele no chão mais uma vez.

— Sua resposta demorou. — Explicou Eugene: — Se eu lhe perguntar algo, responda-me imediatamente. Também está tudo bem se me responder antes mesmo de eu perguntar.

O que Eugene quis dizer ao falar que estava tudo bem para Laman responder antes de fazer a pergunta? Embora esse pensamento tenha passado pela cabeça de Laman, ele não expressou seu protesto.

Em vez disso, confessou:

— M-Meu nome é Laman Schulhov.

— Hã? Que tom é esse, seu filho da puta? — Eugene xingou.

Bang!

A cabeça de Laman caiu no chão mais uma vez.

Ele repetiu:

— M-Meu nome é Laman Schulhov, senhor!

Bang!

Laman implorou:

— O-O que você quer ouvir de mim…?

Eugene ergueu uma sobrancelha.

— Esquecendo o senhor de novo? Esse filho da puta.

Bang!

Um grito veio de outro lugar:

— Por favor, pare!

Tendo visto seu superior ser jogado várias vezes assim, o tenente, que ainda estava suspenso no ar, virou o corpo para enfrentá-los e implorou à Eugene. Enquanto o sangue escorria de seu nariz e boca, Laman olhou para seu tenente.

O tenente gaguejou:

— N-Nosso mestre é Tairi Al-Madani….

Bang!

Embora o tenente tenha respondido à pergunta, a cabeça de Laman ainda foi esmagada no chão mais uma vez. Naquele breve momento, Eugene entendeu a relação entre Laman e seu tenente. Ele percebeu que aquele velho resistente realmente se recusaria a lhe dizer qualquer coisa, não importava quantas vezes fosse atingido.

Bang!

— E quem é aquele? — Eugene perguntou enquanto jogava Laman no chão mais uma vez.

O olhar de Eugene não estava voltado para Laman, mas sim para o tenente.

Mas foi Laman quem respondeu à sua pergunta com a voz tonta:

— Não… Não diga nada para ele…

Não ouvindo a ordem de Laman, o tenente revelou:

— Nosso mestre… Tairi Al-Madani é o Emir de Kajitan!

Em vez de seu mestre, que estava longe, o tenente tinha mais medo daquele que continuava batendo a cabeça de Laman na terra bem na frente dele, Eugene.

Eugene lembrou que Kajitan era a cidade bem na fronteira oeste de Nahama, da qual Eugene acabou de sair. Isso significava que Laman era um subordinado do senhor de Kajitan.

Bang!

O tenente continuou gaguejando:

— N-Nosso mestre… Ele… Queria que nós—

— Queria o quê? Fala logo, seu filho da puta. — Insistiu Eugene.

Bang!

— Ele queria que nós… Secretamente o seguíssemos… Sir Eugene…

Bang!

— E-Eu não tenho certeza dos motivos dele… Mas—

Bang!

— Por favor, solte a cabeça do capitão! Eu… Não posso lhe dar uma razão detalhada. M-Mas—

Bang!

— Ele nos disse… Para não permitir que você entrasse no deserto de Kazani…!

Só então Eugene parou de bater a cabeça de Laman no chão.

— Por quê? — Ele perguntou simplesmente.

— Então… Não tenho certeza—!

Bang!

— É sério—

Bang!

— É a verdade! Realmente, eu juro que já lhe disse tudo o que sei. Realmente não sei as razões dele para isso. De verdade. — Implorou o tenente enquanto as lágrimas escorriam por suas bochechas.

Depois de olhá-lo por alguns momentos, Eugene bufou e soltou a cabeça de Laman.

Dito isto, ele não iria apenas permitir que Laman saísse livre. Eugene deitou a bunda nas costas de Laman enquanto se sentava e acariciava o queixo. Kazani. Esse era o nome do deserto em que Eugene entraria se continuasse nessa direção.

Era também a localização da cidade natal de Eugene. Trezentos anos antes, a fronteira de Turas ficava no meio do que era agora o deserto de Kazani.

— Por que ele não quer que eu entre? — Eugene ponderou.

O tenente respondeu:

— E-Ele não disse nada sobre isso.

— Geralmente não há nada para ver em um deserto.

— Kazani… Nenhuma besta ou monstro vive lá. Também não há oásis.

Isso era apenas natural. O deserto de Kazani só havia sido criado recentemente como epicentro da tempestade de areia que assolava o território de Turas. Não tinha um oásis, e a chuva raramente caía. Kazani era uma terra dura que ninguém poderia viver.

Não era como se não tivesse havido nenhuma tentativa de tornar este amplo deserto habitável. Apenas algumas décadas antes, um oásis artificial foi criado em Kazani com uma vila ao seu redor.

No entanto… Uma tempestade de areia de repente engoliu o oásis e a vila, e depois que isso aconteceu várias vezes, Kazani foi abandonado como um terreno baldio inabitável.

“Poderia ser a sede dos Xamãs de Areia?”

Esse foi o primeiro pensamento de Eugene. Mas embora fosse óbvio que Nahama estava usando a desertificação para roer Turas, isso não explicava por que iriam querer impedir que o jovem mestre do prestigioso clã Lionheart entrasse em Kazani.

“Ou poderia ser Amelia Merwin…?”

Em Nahama, a que mais desconfiava de Eugene era Amelia Merwin. A maga negra que assinou um contrato com o Rei Demônio do Encarceramento e que estava sendo apoiada por Nahama.

Não só ela tinha uma personalidade ruim, mas Amelia Merwin também tinha tanto poder quanto um desastre natural, então até Nahama a tratava com cautela. Era estritamente proibido aos turistas, assim como aos cidadãos de Nahama, entrar no deserto de Ashur, onde estava localizada sua masmorra.

O deserto de Ashur ficava muito longe dali, e não havia razão para Eugene ir até lá. Também estava longe de onde Anise foi avistada pela última vez.

— Hm. — Eugene organizou seus pensamentos.

Erguendo a cabeça, ele olhou para os subordinados de Laman, que estavam afundados na areia. Eles não ficaram parados enquanto Laman estava sendo espancado. Tentaram atacar Eugene várias vezes, então Eugene usou magia para enterrá-los na areia até que apenas suas cabeças estivessem para fora.

— Vocês todos podem voltar. — Disse Eugene com um aceno de mão, depois deu um tapinha no topo da cabeça de Laman: — Mas você virá comigo.

— Hã? — Laman resmungou.

Eugene apontou:

— Não importa o que aconteça, você não pode me permitir entrar no deserto de Kazani, certo? Realmente não me importo com isso, mas seria irritante se eu entrasse em uma disputa inútil indo até lá.

— O que isso… Tem a ver com eu ir com você…? — Laman gemeu.

— Se alguém fizer confusão sobre isso, vou apenas culpá-lo. — Explicou Eugene.

Laman ficou mudo.

— …

— Você entendeu o que estou dizendo, certo? Vou usar você e, portanto, seu próprio mestre, como um escudo. Você disse que seu mestre é o Emir de Kajitan, certo? Isso não significa que posso silenciar qualquer protesto irritante usando o nome dele?

— Hmm, é…

— Ou prefere morrer pelas minhas mãos aqui? Claro, seus subordinados morrerão junto com você.

— ….

— Ou então você poderia simplesmente retornar ao seu mestre e dizer a ele que falhou ao me seguir e que foi espancado até quase morrer? Claro, não tenho motivos para ficar calado sobre isso. Você não se chamava de ladrões quando nos conhecemos? Direi a todos que o Emir de Kajitan disfarçou seus subordinados de ladrões para roubar os tesouros dos Lionheart… Que tal?

— E-Ei…! Nós nunca pretendemos fazer algo como—

— Em quem você acha que eles vão acreditar, nas suas palavras ou nas minhas? Por enquanto, o certo é o seguinte: o clã Lionheart definitivamente acreditará no meu lado da história. Afinal, eu tenho coisas que são valiosas o suficiente para tentá-lo a roubá-las.

Com um sorriso, Eugene tirou o punho de Winith de dentro de sua capa e mostrou a eles.

— Você sabe o que é isso, certo? — Eugene perguntou: — É Winith, a Espada da Tempestade usada pelo Grande Vermouth, o ancestral do nosso clã Lionhart. É um item que praticamente qualquer um cobiçaria. Ou pelo menos é o que a maioria das pessoas pensaria, não? Então com certeza acreditariam que o Emir de Kajitan fez algo tão desonesto porque cobiçava Winith.

Incapaz de dizer qualquer coisa, Laman só conseguiu franzir os lábios. Embora o período de tempo que Laman sofreu sob Eugene tenha sido breve, ele não podia tratar as palavras dele como uma mera ameaça.

E se Eugene realmente saísse por aí dizendo algo assim? A cabeça de Laman seria arremessada, e talvez a de seus subordinados também. Até mesmo seu mestre, Tairi Al-Madani, poderia perder a cabeça se as coisas dessem errado.

— E-Entendido. — Laman não teve escolha a não ser ceder.

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