Capítulo 70: O Túmulo (6)
Depois que se levantou, a entidade que possuía o Cavaleiro da Morte não revelou diretamente quem era. No entanto, havia uma presença sinistra à espreita dentro daqueles olhos escuros. E só pelo fato de Amelia ter se ajoelhado, Eugene podia ter certeza de que a presença dentro do Cavaleiro da Morte não era outra senão o próprio Rei Demônio do Encarceramento.
— Eugene Lionheart. — Disse o Cavaleiro da Morte.
Embora as palavras que saíam de suas mandíbulas fossem ditas com a mesma voz rouca de antes, elas estavam repletas de um ‘poder’ que as fazia sentir incomparáveis a antes. O coração de Eugene, que estava acelerado como se estivesse prestes a explodir, esfriou instantaneamente no momento em que ouviu a maneira de falar do morto-vivo.
O suor frio escorrendo pelas costas de Eugene parecia uma gota de gelo.
— Eu vi você através dos olhos de Balzac Ludbeth. — O Cavaleiro da Mort-não, o Rei Demônio murmurou: — Você está aqui para oferecer flores ao túmulo do companheiro mais próximo de seu antepassado?
— …
Eugene não lhe respondeu.
— Já que viu, deve estar ciente disso também. O dono desta sepultura é Hamel Dynas. Embora ele seja conhecido no mundo como Hamel, o Tolo, ele estava realmente longe de ser tolo. Entre os camaradas do ‘querido’ Vermouth, ele era especialmente notável e forte, tanto que Vermouth sempre manteve aquele homem ao seu lado.
Você… O que te faz pensar… Que tem o direito… DE FALAR ASSIM?!!!!
Eugene mal conseguiu reprimir esse grito, uma vez que ameaçou sair de sua boca. Ele mordeu os lábios com tanta força que eles estavam machucados e rachados, pingando sangue pelo queixo. Eugene olhou para o Rei Demônio com olhos injetados de sangue.
— Não compreendo sua hostilidade. — Comentou o Rei Demônio.
Mesmo que Eugene estivesse descaradamente emitindo intenção de matar, o Rei Demônio não mostrou nenhum sinal de desagrado.
— Vermouth e eu realmente nos entendemos e construímos uma amizade com base nesse entendimento. — Afirmou o Rei Demônio: — Reconhecidamente, tentar forçar tal relacionamento de trezentos anos atrás em seus descendentes distantes seria um esforço ridículo. Eu posso respeitar os ‘Lionhearts’ como descendentes de um confidente próximo, mas isso não me dá razão para forçá-lo a retribuir esse respeito.
— …
Eugene manteve um aperto firme de sua língua.
— Esta pode ser a primeira vez que nos encontramos pessoalmente, Eugene Lionheart, mas já estou ciente de suas realizações excepcionais. Já se passaram trezentos anos desde que nosso querido Vermouth faleceu. Eu vi muitos Lionhearts durante este tempo, mas entre esses, eu acredito que você é o que mais herdou o sangue de Vermouth.
— Ha… — Eugene não pôde deixar de soltar uma risada de incredulidade.
‘Querido’ Vermouth? Respeito? Tudo o que o Rei Demônio estava falando já parecia absurdo, mas o que estava dizendo agora parecia ainda mais ridículo.
— Lionheart… Entendo, então é assim que as coisas são. — Amelia, que ainda estava ajoelhada, murmurou para si mesma: — Cabelos grisalhos e olhos dourados. O clã Lionheart do Império Kiehl.
Amelia encarou o Rei Demônio com os olhos semicerrados e perguntou:
— Para você vir pessoalmente a este lugar miserável usando este Cavaleiro da Morte como seu receptáculo… Rei Demônio do Encarceramento, como devo aceitar tal honra?
O Rei Demônio dispensou seu elogio velado.
— É sua liberdade escolher como responde à minha presença.
— No entanto, ainda preciso aceitar as consequências que vêm com essa liberdade, certo? Por favor, não fale comigo de uma maneira tão diabólica. Rei Demônio do Encarceramento, seu propósito de vir aqui é realmente apenas para proteger esse leão travesso? — Amélia exigiu.
— É porque ele é descendente do meu confidente próximo. — Quando o Rei Demônio disse isso, virou seu olhar para ela.
Os olhos de Amelia tremeram levemente quando encontraram aqueles olhos negros como breu. Ela cobriu o véu, que tremia de sua respiração rápida, com as mãos.
Depois de se recompor, ela perguntou:
— Só por isso, você realmente vai suprimir minha liberdade, que sempre afirmou respeitar?
— Amelia Merwin. — Entoou o Rei Demônio: — Embora eu possa te amar e respeitar, não te amo e respeito tanto quanto amo Vermouth.
— Ele está morto.
— No entanto, sua linhagem continuou ininterrupta, especialmente dentro de Eugene Lionheart. Nele, posso ver a aparência do meu velho amigo, Vermouth.
Essas palavras despertaram ainda mais as emoções de Eugene. O garoto se perguntou que tipo de reação esse Rei Demônio mostraria se ele se levantasse agora e começasse a xingá-lo na cara dele. Ele não disse que não forçaria os Lionhearts a devolver seu respeito? Se fosse esse o caso, não estaria tudo bem mesmo se Eugene o xingasse?
— O fantasma de alguém que morreu há trezentos anos… Está dizendo que o respeita mais do que eu, que vive atualmente? — Amelia exigiu com raiva, suas emoções foram igualmente agitadas pelas palavras do Rei Demônio.
Os olhos de Amelia se arregalaram e ela tentou se levantar, mas as coisas não aconteceram de acordo com sua vontade. Seu corpo estava prestes a se levantar, apenas para afundar novamente. Amelia mostrou uma expressão confusa no rosto, mas não emitiu nenhum som de angústia. Em vez disso, ela olhou para o Rei Demônio com ainda mais veneno em seus olhos.
Ela sibilou:
— Você se atreve… Ao meu corpo…!
— Você realmente recebeu independência, mas essa independência nunca pode substituir minha autoridade. — Disse o Rei Demônio: — Amelia Merwin. Não importa o que você planejasse fazer com o túmulo de Hamel, eu respeitava sua liberdade de fazê-lo. Mas se deseja prejudicar os descendentes de Vermouth, temo que não posso permitir isso. Pelo menos não por enquanto.
— Por enquanto? — Eugene não deixou passar essas últimas palavras.
Ele levantou os dois olhos e olhou para o Rei Demônio.
— O que quer dizer com isso? — Ele demandou.
— Como pensei, você realmente é um pirralho desrespeitoso. — Amelia cuspiu com os olhos carrancudos.
Ela ficou furiosa porque Eugene não estava mostrando o devido respeito ao Rei Demônio.
— Vermouth está morto. — Disse o Rei Demônio: — Embora, para mim, não pareça que aconteceu há muito tempo… Já se passaram trezentos anos. Isso é muito tempo, pelo menos para os humanos. Durante esses últimos trezentos anos, sinto que continuei a mostrar uma quantidade suficiente de boa vontade e respeito aos descendentes dele.
Amelia não mostrou mais nenhum sinal de desagrado e, em vez disso, olhou para o Rei Demônio com os olhos cheios de antecipação.
A voz do Rei Demônio baixou enquanto continuava falando: — Eu respeitei a liberdade deles de não me mostrar qualquer boa vontade ou respeito em troca. No entanto, estou preocupado que você possa estar considerando minha boa vontade contínua como garantida. Em primeiro lugar, eu sou o governante de inúmeras bestas demoníacas e do povo demoníaco, um rei de Helmuth.
A cada palavra que o Rei Demônio dizia, Eugene sentia como se seu coração estivesse sendo apertado em depravação. Enquanto suportava essa pressão que parecia que alguém estava pisando em seu peito, Eugene olhou para o Rei Demônio.
Eugene se recusou a se ajoelhar na frente do Rei Demônio. Ele não tinha motivos para se ajoelhar e nem queria.
O Rei Demônio disse:
— Com a liberdade, vem a responsabilidade. Liberdade sem responsabilidade é apenas indulgência. Descendente de Vermouth, diga isso a todos no clã Lionheart. Não tome a boa vontade que lhe concedi como um incentivo para ir longe demais. Se você não me der a minha devida consideração, então eu também não o respeitarei mais.
Eugene entendeu claramente o significado dessas palavras. Foi um aviso.
O Rei Demônio do Encarceramento não tentou conquistar o mundo nas últimas centenas de anos e, em vez disso, começou a mostrar sua boa vontade e respeito aos outros países. O caso de Eward, que aconteceu apenas dois anos atrás, foi um desses exemplos.
Para o Rei Demônio do Encarceramento, o escândalo de Eward não foi significativo o suficiente para ser considerado um problema. Dito isto, o Rei Demônio do Encarceramento ainda havia se esforçado para resolver a situação ‘pacificamente’. Balzac Ludbeth, que fez um contrato pessoalmente com o Rei Demônio, inclinou a cabeça para o Patriarca do clã Lionheart, e o Rei Demônio até decapitou o íncubo que tentou fazer um contrato com Eward.
Não era apenas o Clã Lionheart. Após o Juramento feito trezentos anos atrás, ainda havia muitas pessoas que desconfiavam do povo demônio de Helmuth e dos Reis Demônios. O Império Sagrado e a Aliança Anti-Demônios, que estavam localizados nas imediações de Helmuth, fizeram várias tentativas de reunir apoio para conquistar Helmuth e matar os Reis Demônios restantes.
É claro que nunca houve uma tentativa, mas houve várias reuniões de forças armadas. Mesmo agora, as tropas do Império Sagrado estavam estacionadas na fronteira com Helmuth, e as forças da Aliança Anti-Demônios estavam alinhadas com elas.
No entanto, tanto Helmuth quanto o Rei Demônio do Encarceramento simplesmente os ignoravam. Nos últimos trezentos anos, o povo demônio trabalhou duro para corrigir sua imagem, mas apesar disso, ainda havia lugares no continente onde eles estavam sendo oprimidos.
Na opinião de Eugene, eles estavam apenas recebendo a punição que mereciam. Ele sabia muito bem quão terrível o mundo tinha sido trezentos anos atrás.
No entanto, o povo demônio de Helmuth certamente não pensaria assim. E talvez isso também valesse para o Rei Demônio do Encarceramento.
— Quais são as suas razões para vir aqui e dizer estas palavras agora? — Eugene conseguiu falar depois de respirar fundo.
Depois de ter ficado em silêncio por trezentos anos, o que o fez enviar um aviso agora de todo esse tempo que passou?
— Seu ancestral pode ter feito um juramento em troca de sua liberdade, mas agora, o fim dessa promessa está se aproximando. — Revelou o Rei Demônio: — Está chegando a hora da roda que parou, voltar a avançar mais uma vez.
— …
Eugene silenciosamente processou essas palavras.
O Rei Demônio parou em pensamento por um breve momento.
— Algum dia… Talvez tenhamos que fazer um novo Juramento. Eu me pergunto quem será capaz de fazer uma nova promessa no lugar de Vermouth e parar esta roda mais uma vez.
— O que diabos estava no Juramento? — Eugene explodiu mais uma vez.
O Rei Demônio não respondeu por alguns momentos, então os lábios de ‘Hamel’ se contraíram em um leve sorriso quando ele disse:
— Você não merece saber desses detalhes.
Eugene lutou para não xingar.
— …
— Porque você não é Vermouth. — Explicou o Rei Demônio.
— Meu ancestral morreu há trezentos anos. — Argumentou Eugene com relutância.
— Parece que se ressente de seu ancestral. — Observou o Rei Demônio.
Eugene ficou mudo.
— …
O Rei Demônio sorriu.
— Seu Leão Tolo.
Aquelas palavras.
O corpo de Eugene tremeu de surpresa. Ele inconscientemente tentou correr em direção ao Rei Demônio, mas seu corpo não se movia de acordo com sua vontade.
O Rei Demônio olhou para o corpo trêmulo de Eugene e continuou falando:
— Sua existência, sua alma e tudo mais que você tem… É tudo graças ao Juramento de Vermouth que você pôde nascer agora, depois de trezentos anos.
— O quê? — Eugene grunhiu em confusão.
— Amelia Merwin. — Disse o Rei Demônio, não mais olhando para Eugene.
Eugene tentou desesperadamente espremer algumas palavras, mas sua voz simplesmente não saía. A mesma força que estava apertando seu coração agora estava apertando sua garganta.
— Volte para sua masmorra. — Ordenou o Rei Demônio.
— Ainda tenho algo para perguntar a esse pirralho. — Amelia tentou argumentar.
— Não há nada que ele possa lhe dizer.
— Mas isso é um absurdo…! Meu bichinho está morto por causa dele. E então há aquela porta—!
— Não há nada além daquela porta. — Quando o Rei Demônio disse isso, ele estendeu a mão em direção à porta.
A este gesto, a porta fechada virou pó e desapareceu. Do outro lado, Laman ainda estava caído no chão, não tendo voltado a si. Essa visão fez com que uma expressão confusa aparecesse no rosto de Amelia.
— Nada de importante aconteceu aqui. — Afirmou o Rei Demônio mais uma vez.
Amelia queria desesperadamente refutar isso. No entanto, diante do olhar do Rei Demônio, enquanto ele olhava diretamente para ela, não conseguiu resistir.
Ela finalmente fez uma pergunta.
— Rei Demônio do Encarceramento. Você desenvolveu um carinho por esse corpo?
— Vou devolver este cadáver para você. — O Rei Demônio a assegurou.
— Tudo bem para você? Esse corpo não é do amigo do seu querido e prezado Vermouth?
— Não tenho nenhum sentimento bom por Hamel.
Essa resposta fez Amelia cair na gargalhada. Endireitando-se de seu joelho dobrado, ela acenou com a cabeça.
Então olhou para Eugene e disse:
— Você teve sorte…
— …
Eugene olhou para ela silenciosamente.
— Da próxima vez, sua sorte não será tão boa quanto foi hoje. — Amelia ameaçou.
Ela ainda tinha muitas perguntas sobre este lugar. Apenas por precaução, Amelia tentou ler as memórias gravadas na mana, mas foi exatamente como o Rei Demônio do Encarceramento havia dito. A memória da mana foi apagada, fazendo parecer que nada havia acontecido ali. Não seria muito difícil para o Rei Demônio do Encarceramento ter feito algo assim, mas parecia improvável que ele fosse tão longe para proteger aquele jovem leão.
“Da próxima vez…” Amelia prometeu a si mesma enquanto se virava lentamente.
O Rei Demônio do Encarceramento deixou sua vontade clara. Amelia também não sabia nada sobre o conteúdo do Juramento, mas ela estava mais interessada no ‘aviso’ que o Rei Demônio do Encarceramento havia dado — que o Juramento estava prestes a expirar — do que o que o Juramento envolvia.
Ela não podia fazer nada sobre esse pirralho agora, mas algum dia… Uma vez que o Juramento terminasse, chegaria um momento em que as coisas não parariam apenas em um aviso.
Amelia Merwin deixou o túmulo. O Rei Demônio do Encarceramento, que possuía o Cavaleiro da Morte por este breve período de tempo, também partiu com ela.
No entanto, Eugene permaneceu fixo no local por algum tempo. Até o final, ele se recusou a se ajoelhar para o Rei Demônio do Encarceramento. Mesmo agora, ele permaneceu de pé. O Rei Demônio do Encarceramento pode já ter desaparecido, mas Eugene estava se forçando a ficar de pé. Ele não queria desmaiar, nem queria apenas sentar.
Eugene ficou lá por um bom tempo, tentando controlar suas emoções.
No final, não aguentou mais e gritou:
— Aaaaaarghh!
Eugene pisou forte no chão várias vezes, então esmagou os punhos contra as paredes rachadas. Ele não se importava com seu corpo exausto, seus ferimentos ou qualquer outra coisa. Rugindo vários xingamentos, Eugene descarregou sua raiva.
— Aquele desgraçado!
Depois que sua birra continuou por algum tempo, a raiva de Eugene se acalmou um pouco. Ele respirou fundo e se sentou no chão.
“Ele sabe sobre mim”, Eugene pensou consigo mesmo.
“Leão tolo.”
Essa escolha de palavras tinha que ser deliberada.
“Minha existência, minha alma e tudo o mais só é possível por causa do Juramento de Vermouth? Afinal, o que isso quer dizer?”
Poderia ser isso? Será que o Rei Demônio do Encarceramento quis dizer que Vermouth havia feito um juramento com os Reis Demônios em troca da reencarnação de Hamel? Mas isso soava absurdo. Talvez houvesse alguns sentimentos puros de amizade escondidos no fundo do peito daquele homem triste, que fizeram com que Vermouth não pudesse superar a morte de seu companheiro. Mas se esse cara realmente se importasse com Hamel, teria priorizado matar os Reis Demônios em vez de providenciar a reencarnação dele.
“Em primeiro lugar, aquele juramento era algo parecido com um tratado de paz. Não deve ter sido focado na minha reencarnação.”
O Rei Demônio do Encarceramento não disse outra coisa também? Que em troca do juramento, Vermouth havia sacrificado sua ‘liberdade’.
“O fim do Juramento… A roda parada. Aquele filho da puta do encarceramento. Como um Rei Demônio, por que ele tem que ser tão tímido com suas palavras?”
Quanto mais pensava nisso, mais sentia que estava prestes a explodir. Ele deveria ter avançado no Rei Demônio sem pensar nas consequências? Havia centenas de xingamentos que Eugene queria falar para nele, então deveria ter ido em frente e feito isso.
Não tenho nenhum sentimento bom por Hamel.
— Eu também te odeio, seu filho da puta. — Eugene xingou enquanto cerrava os dentes.
No final, ele não conseguiu destruir o cadáver de sua vida anterior que foi transformado em um Cavaleiro da Morte. Bem, tudo bem. Não tinha o que fazer. Em vez do corpo falecido de sua vida anterior, o corpo em que ele reencarnou não era mais importante?
“Eu tive sorte? Isso vale para você também… porque da próxima vez, eu vou te matar.” Eugene prometeu à Amelia em sua cabeça.
O Rei Demônio do Encarceramento não matou Eugene.
Mesmo sabendo que Eugene era Hamel, o Rei Demônio ainda não o havia matado. Ele também não perguntou o que havia acontecido além daquela porta.
Eu me pergunto quem será capaz de fazer uma nova promessa no lugar de Vermouth e parar esta roda mais uma vez.
“Não tenho intenção de fazer promessas.” Enquanto pensava nisso, Eugene enfiou a mão em seu manto. “Por que eu deveria tentar parar essa roda? Se essa porra começar a se mover de novo, em vez de pará-la, eu só preciso quebrá-la.”
Se sua reencarnação… Tivesse sido arranjada por Vermouth em vez de Sienna ou Anise, então…
“Se for você. Então não vai esperar muito de mim, certo?”
Eugene tirou a mão do manto.
O que tirou de lá eram algumas folhas murchas. Ele havia encontrado essas folhas… Na sala onde a Espada do Luar havia sido selada.
Por que havia folhas caídas ali, nas profundezas do subsolo, onde não havia nem ervas daninhas, muito menos árvores?
— Um pensamento desagradável vem à mente. — Eugene murmurou enquanto se levantava.
Duzentos anos atrás, depois que Vermouth morreu, alguém se esgueirou nesta sepultura.
Sienna percebeu o que estava acontecendo no túmulo, então viajou até aqui de Acryon. Ela começou a lutar contra o intruso, e então desapareceu.
Eugene reconheceu essas folhas. “Estas são as folhas da Árvore do Mundo.”
Elas eram um tesouro que Sienna valorizava ainda mais do que Akasha. As folhas da Árvore do Mundo, a figura sagrada da religião dos elfos. Com elas, era possível se teletransportar para a floresta dos elfos de qualquer lugar do mundo.
Se Sienna tivesse sido encurralada, ela pode ter usado as folhas da árvore do mundo para se teletransportar para a floresta dos elfos.
Mas quem foi aquele que invadiu seu túmulo? Eles realmente conseguiram encurralar Sienna?
Ele também se lembrou de um mistério anterior, “dizem que a maldição de um lich aniquila corpo e alma.”
Eugene tropeçou enquanto tentava se levantar.
“Foi curado por Anise? Ou talvez fosse devido ao poder da Espada Sagrada? De qualquer forma, parece que não fui aniquilado de nenhuma maneira.”
Seu cadáver e sua alma foram preservados. Então, ambos foram colocados nesta sepultura.
“Então alguém tirou meu corpo do caixão naquela sala… E o trouxe aqui… Mas o único que poderia fazer isso seria…”
Vermouth.
“Então ele fingiu sua morte… Mas que razão poderia ter para fazer isso?”
Eugene suspeitava que aquele que havia lutado contra Sienna era o próprio Vermouth.
Mas ele realmente não queria acreditar nisso.