Capítulo 76: O Castelo dos Leões Negros (1)
— Aaaaaaahhh… — O grito de Cyan foi lentamente se afastando.
Mesmo enquanto Eugene estava caindo, ele não tirou os olhos de Cyan.
Cyan era o jovem mestre da linhagem direta dos Lionheart, um famoso e prestigioso clã de guerreiros. Com tal experiência, Cyan definitivamente aprendeu muitas coisas desde tenra idade, mas não havia como ele estar familiarizado com uma queda livre como essa.
E isso não era apenas natural? Tendo passado por um portão de teletransporte, eles foram imediatamente deixados para cair do alto do céu. Então, neste momento, Cyan estava batendo os braços no ar, ainda gritando.
Eugene pensou: ‘Preciso ajudá-lo?”
No momento, Eugene decidiu cuidar de sua própria segurança primeiro. Depois que diminuiu sua queda com alguma magia de flutuação, ele olhou para Cyan mais uma vez. Com as habilidades de Cyan sozinho, ele não seria capaz de sobreviver a uma queda dessa altura. Mesmo com a maior sorte, alguns de seus ossos seriam completamente quebrados.
— Parece que não preciso ajudá-lo. — Decidiu Eugene.
Este não foi um simples acidente. Se alguém planejou derrubá-los do céu desde o início, eles devem ter preparado algumas medidas de segurança para o caso.
Foi exatamente como Eugene esperava. Embora Cyan ainda estivesse gritando e se esgoelando por ajuda, sua queda estava lentamente sendo desacelerada. Em algum lugar na floresta abaixo, um mago deve ter lançado um feitiço em Cyan.
Sem prestar mais atenção em Cyan, Eugene virou a cabeça. Ele podia ver um castelo construído perto do pico da montanha próxima. Eugene olhou para a bandeira balançando no topo de uma torre.
A bandeira trazia um emblema de um leão mostrando suas garras e presas, provando que este era o Castelo dos Leões Negros, onde originalmente deveriam ter chegado. Eles permitiriam que Eugene voasse para lá a partir dali? Não. Se fosse esse o caso, eles não o teriam feito cair desta altura para começo de conversa.
Embora não soubesse as razões específicas por trás disso, por enquanto, Eugene decidiu aceitar essa situação com otimismo. Embora o túmulo de Vermouth possa estar escondido em algum lugar no terreno do Castelo dos Leões Negros, também pode estar escondido em algum lugar nesta montanha.
“Embora eu não ache que eles vão nos deixar vagar como quisermos.”
Para começar, Eugene decidiu dar uma olhada em qualquer um dos lugares que lhe chamassem a atenção enquanto se dirigia ao castelo. Com isso em mente, Eugene começou a acelerar sua descida. O vento envolvendo Eugene começou a empurrá-lo para frente.
Ao longe, uma voz perguntou:
— Isso tudo é o poder de Winith?
Eles receberam uma resposta:
— Não. Antes de invocar um espírito do vento, ele primeiro usou um feitiço de flutuação.
— Também não mostrou nenhum sinal de pânico… Como esperado. Ele também é habilidoso em magia. — Observou outra voz.
Doynes sorriu brilhantemente enquanto estava com as mãos atrás das costas. Ele e os outros membros do Conselho dos Anciãos estavam de pé na parede do castelo, observando Eugene e Cyan. Mesmo sem usar algo como um telescópio, eles eram capazes de ver os dois ao longe, tão claramente como se estivessem bem na frente deles.
— Quão proficiente ele é em magia? — Perguntou Doynes.
— Com a magia de flutuação, até os feitiços mais fáceis pertencem ao Quarto Círculo. Mesmo caindo de tal altura, sua velocidade é constante e… Ele também tem um bom controle de seu equilíbrio. Não posso dizer com certeza, mas parece que pelo menos ele alcançou o Quinto Círculo.
Aquele que respondeu à pergunta de Doynes era um ancião usando óculos grandes. Ele vinha de uma família renomada por sua habilidade em magia, mesmo entre todos os ramos colaterais do clã Lionheart.
Como tal, ele não pôde deixar de ficar surpreso com a compreensão da magia de Eugene. Para Eugene Lionheart ter alcançado pelo menos o Quinto Círculo tendo apenas dezenove anos era absurdo. O ancião até tinha ouvido falar que o progresso de Eugene com a Fórmula da Chama Branca havia sido tão rápido que foi sem precedentes. Poderia Eugene realmente ter subido para o Quinto Círculo, sendo que começou a aprender magia há apenas dois anos?
— Patriarca, você sabe qual Estrela Eugene Lionheart alcançou na Fórmula da Chama Branca? — O ancião escondeu sua expressão quando se virou para olhar Gilead.
Gilead estava olhando para Eugene e Cyan com uma expressão ligeiramente rígida. Ele ponderou sobre esta questão por alguns momentos antes de responder.
— Antes de partir para Aroth, Eugene havia alcançado a Terceira Estrela, e eu recebi uma carta no ano passado me informando que ele havia alcançado a Quarta.
— Hoho!
Quem respondeu a essa revelação com risadas foi Doynes.
Acenando com a cabeça, ele esfregou o queixo e disse:
— Para um jovem de dezenove anos ter alcançado a Quarta Estrela…! Talvez ele possa até avançar para o próximo nível em um ano.
— Algo assim… É impossível. — Quem respondeu dessa vez foi um homem de meia-idade que dava uma impressão bem conservada.
Entre os dez anciãos do conselho, apenas três deles eram membros da linhagem direta que praticavam a Fórmula da Chama Branca.
O mais velho da linha direta e Chefe do Conselho, Doynes Lionheart.
A irmã do ex-patriarca, Carmen Lionheart.
E quem acabava de afirmar que era impossível era outro dos irmãos do ex-patriarca, o irmão mais novo de Carmen, Klein Lionheart. Ele já havia se separado da família principal há várias décadas e fundou seu próprio ramo da família; então, dez anos atrás, se aposentou do serviço ativo e foi aceito como um dos Anciãos do Conselho.
Embora possa ter se aposentado, Klein ainda treinava a Fórmula da Chama Branca durante sua prática diária.
No entanto, mesmo com isso, Klein ainda não conseguiu romper a parede que havia entre ele e a Sétima Estrela. Entre os Lionhearts vivos atuais, apenas duas pessoas -Doynes e Carmen – conseguiram cruzar aquela parede e alcançar a Sétima Estrela. Mesmo o atual Patriarca, Gilead, e seu irmão mais novo, Gion, ainda não haviam chegado à Sétima Estrela, o que significa que eles ainda estavam nos degraus finais da Sexta Estrela.
Mas esse pirralho, que ainda não atingiu a idade adulta, teria o potencial de alcançar a Quinta Estrela da Fórmula Branca em um ano. Klein recusou-se absolutamente a reconhecer tal possibilidade.
— Só porque você é incompetente não significa que todo mundo seja tanto quanto você. — Carmen murmurou enquanto puxava um charuto de uma caixa opulenta.
— Ugh, irmã mais velha! — Klein gritou em protesto.
— Não me chame de irmã mais velha com essa cara. — Carmen ordenou.
— O que há de errado com minha cara? — Klein perguntou defensivamente.
Carmen fungou.
— Qualquer um que olhasse para nós pensaria que você é meu pai ou mesmo meu avô.
— É porque você não age de acordo com a sua idade e teimosamente insiste em manter o rosto jovem, irmã…! — Klein acusou: — Por quanto tempo planeja manter essa aparência jovem?
— É muito melhor parecer jovem do que parecer velha. — Carmen se defendeu.
— Mas estou dizendo que, com sua aparência, não há senso de dignidade nenhum! Quando você começou a ouvir as pessoas chamá-la de anciã, deveria ter tentado cultivar um senso de dignidade que combinasse com esse título; em vez disso, irmã, mesmo que você tenha mais de sessenta anos, ainda age como se fosse uma jovem donzela em seus vinte e poucos…
Crack.
Os dentes de Carmen morderam o charuto e Klein se viu incapaz de dizer mais nada. Embora fosse embaraçoso admitir isso quando já tinha essa idade, Klein tinha medo dos punhos de sua irmã.
No entanto, ele ainda acreditava que era importante cultivar um senso de dignidade que fosse digno de suas posições como anciãos. Carmen foi a única dos dez anciãos que insistiu em permanecer na ativa.
E bastava olhar para a atual Carmen. Ela havia colocado outro charuto apagado na boca, e um casaco grande o suficiente para caber nela como uma capa estava pendurado em seus ombros. Além disso, ela ergueu um de seus pés calçados com botas no parapeito e, mesmo com o vento soprando direto em seu rosto, Carmen ainda mantinha a pose.
Klein suspirou: “Ela está até fazendo isso onde nosso sobrinho possa vê-la…”
Pode não importar quando apenas os mais velhos se reunissem, mas Klein pelo menos queria que Carmen parecesse um pouco mais merecedora de respeito quando seu sobrinho, Gilead, estivesse por perto para vê-la. Ainda mais agora que seus sobrinhos-netos chegariam em breve…
“Já é tarde demais”, admitiu Klein com um suspiro enquanto acariciava a barba.
Afinal, Carmen já não havia aceitado sua sobrinha-neta Ciel como escudeira há dois anos? Sempre que se lembrava disso, Klein não podia deixar de se encolher de vergonha alheia por causa de sua irmã mais velha ainda imatura.
— Eles aterrissaram. — Declarou Doynes.
Depois de ver Cyan e Eugene cair na floresta, Doynes se virou. Atrás dele estavam os anciãos e os dez capitães que lideravam as divisões dos Cavaleiros Leão Negro.
— Klein. — Disse Carmen, ao pisar forte no chão com a bota que havia apoiado no corrimão, fazendo um baque.
Diante dessa visão, Klein não pôde deixar de soltar outro suspiro. Esta irmã mais velha infantil dele se orgulhava como um dos membros mais veteranos do clã Lionheart, ao lado de Doynes, mas ainda não havia se aposentado do serviço ativo e continuou a liderar sua divisão nos Cavaleiros Leão Negro.
Ouvindo Carmen chamar claramente seu nome, Klein rapidamente balançou a cabeça.
— Não vou com você. — Insistiu ele.
Agora que já se tornou um ancião, por que deveria trabalhar seu corpo?
Os olhos de Carmen se estreitaram com essa resposta. Semelhante à como Klein pensava que sua irmã mais velha era imatura, Carmen também acreditava que seu irmão mais novo era infantil. Em vez de dar um exemplo para seus descendentes seguirem, ele estava apenas pensando em como passar seus dias com conforto, pois estava envelhecendo…
“É por isso que ele não conseguiu fazer nenhum avanço.”
Carmen balançou a cabeça para a natureza lamentável de seu irmãozinho e então caminhou até as escadas que desciam das muralhas do castelo. Carmen não era a única que queria ir. Além dela, outros seis capitães também começaram a se afastar aos poucos.
— Dominic. — Gritou Doynes para o neto, que estava entre os capitães que se preparavam para partir.
Dominic Lionheart era o capitão da Primeira Divisão e, em vez de atender ao chamado de seu avô, ele apenas acenou com a cabeça levemente enquanto continuava a partir.
— Não deve ser tarde demais, se esperarmos para testá-los depois que chegarem ao castelo… — Gilead argumentou hesitante.
Doynes o interrompeu.
— Então não seria um grande teste, seria, Patriarca? Será que você não confia em seus filhos?
— Claro que confio. — Gilead negou a acusação.
Doynes declarou:
— As coisas são diferentes da Cerimônia de Continuação da Linhagem Sanguínea. Não faria sentido se ajustássemos os critérios levando em consideração a idade e a experiência das crianças. Especialmente porque… Os filhos do Patriarca são… Haha. Pode não ser a coisa mais confortável para você ouvir isso, Patriarca, mas eles não são muito mais excepcionais do que você era na idade deles?
— Se a Cerimônia de Maioridade fosse ser realizada assim, acho que seria bom incluir Eward também. — Gilead resmungou enquanto lutava contra a vontade de franzir a testa.
No entanto, não havia nada que Gilead pudesse fazer sobre os sentimentos que cresciam no fundo de seu peito. Adivinhando a fonte do descontentamento de Gilead, Doynes balançou a cabeça como se simpatizasse com ele.
— Você ainda tem algum arrependimento pelo seu filho mais velho? — Perguntou Doynes.
Gilead permaneceu em silêncio.
— …
— Patriarca, eu sei que não pode ser evitado, já que ele é seu filho, mas você deve deixar de lado seus arrependimentos em relação a Eward. Porque essa criança não quer ter nada a ver com seus arrependimentos. Você deve estar ciente disso também, certo? Eward está vivendo uma vida pacífica com seus sogros e encontrando sua própria felicidade lá.
— Pode ser o caso, mas Eward é meu filho, e ele continua sendo o filho mais velho da linhagem direta. Pode ser impossível para ele me suceder como Patriarca, mas devemos pelo menos ter o direito de realizar uma Cerimônia de Maioridade para ele.
— Essa criança já se tornou adulto. — Disse Doynes com um sorriso irônico enquanto dava um tapinha no ombro de Gilead.
Embora Gilead não continuasse falando, ele não conseguia compreender o que Doynes queria dizer com essas palavras.
Fazia dois anos que Theonis e Eward haviam retornado à casa dos sogros de Gilead. Durante esse tempo, ele nunca conseguiu se encontrar com os dois.
Isso porque o Conselho chefiado por Doynes não permitiu que ele o fizesse. Por mais sérios que fossem os pecados de seu filho, Gilead não podia aceitar que lhe negassem uma reunião. No entanto, nem conseguiu realizar uma Cerimônia de Maioridade para Eward, e também não teve permissão para visitar seus sogros para a Cerimônia de Maioridade que realizaram para seu filho em seu lugar.
O fato do filho mais velho da família principal ter tentado aprender magia negra era um pecado grave que espalhou lama por todo o nome do clã Lionheart, que foi transmitido por mais de trezentos anos. Normalmente, não seria estranho que Eward fosse expulso da família por causa desse problema.
“Embora, na verdade, ele praticamente tenha sido expulso”, Gilead resmungou para si mesmo.
Se eles não chegaram ao ponto de expulsá-lo, não deveriam pelo menos ter dado a Eward uma chance de expiar seus pecados, atribuindo-lhe uma punição? Gilead havia questionado o Conselho sobre esse assunto várias vezes, mas Doynes se recusou a mudar sua posição.
Quanto às suas razões para isso… Gilead só podia fazer suposições vagas. Doynes e os membros do Conselho podem suspeitar que Eward pode ter sido tentado a querer aprender magia negra a pedido de outra pessoa. E talvez Eward, aproveitando-se da família principal – incluindo Gilead – desviando sua atenção dele, poderia tentar aprender magia negra mais uma vez…
Assim, o Conselho estava usando Eward como isca para atrair seus inimigos internos e externos.
Embora Gilead pudesse entender a lógica por trás disso, ele não pôde deixar de sentir uma profunda sensação de insatisfação, decepção e raiva em relação ao Conselho. De qualquer forma, mesmo sendo o Patriarca da família principal, já que seu filho havia cometido tal crime, Gilead não podia se opor à vontade do Conselho.
“Eward…”, Gilead pensou melancolicamente enquanto soltava um longo suspiro e fechava os olhos.
Ele poderia confiar em seu filho, mas o Conselho nunca confiaria em Eward.
* * *
Flafla.
Eugene olhou para as folhas e galhos que estavam quebrando sob seus pés, depois olhou de volta para o céu, mas o céu era difícil de ver porque a folhagem era muito espessa.
— Hm… — Eugene cantarolou enquanto esfregava o queixo e se virava para olhar ao seu redor.
Alguns traços que haviam sido esculpidos nos troncos das árvores chamaram sua atenção.
“Há uma barreira.”
Embora ele já tivesse previsto que haveria uma, agora tinha certeza. Essa barreira parecia projetada para distorcer o senso de direção de qualquer um preso dentro dela, fazendo-os girar e girar nos mesmos lugares. Eugene sorriu enquanto pegava alguns galhos que haviam caído no chão da floresta e os quebrava entre as mãos.
Então, quando deixou cair os fragmentos de madeira um por um, Eugene começou a avançar. Ele não estava apenas derrubando os pedaços de madeira, mas jogando-os em várias direções. Ele pensou em quebrar a barreira inteiramente com a Espada do Luar, mas ficou claro que isso só causaria problemas para ele depois.
O nome da Espada do Luar não havia sido deixado em nenhum registro histórico. Mesmo os livros transmitidos pela linhagem direta não tinham nada escrito sobre a arma.
“Embora, em primeiro lugar, eu me pergunte se é possível quebrar uma barreira desse tamanho com a atual Espada do Luar.”
Depois de deixá-los na floresta, deveriam apenas voltar para o Castelo dos Leões Negros? Isso foi o que Eugene pensou inicialmente, mas isso não poderia ser apenas um simples exercício de orientação.
Esta floresta era bastante perigosa. Embora não tivesse passado tanto tempo desde que foi deixado ali, Eugene já havia encontrado dois Ogros de Cabeças Gêmeas, que como o nome sugeria, eram ogros com duas cabeças.
“Normalmente, não há como os dois serem encontrados na mesma área”, observou Eugene.
Os ogros eram um dos mais poderosos entre todos os monstros de tamanho médio, e as variantes de duas cabeças eram especialmente fortes. Ao se estabelecer, eles geralmente tomavam uma floresta inteira como território. Não havia como ser coincidência que Eugene tivesse encontrado dois desses ogros, que não formavam grupos e, em vez disso, viviam vidas solitárias, em um período tão curto de tempo.
Eles tinham que ter nascido e crescido aqui. Não eram apenas ogros também. A floresta inteira era provavelmente um enorme terreno fértil para monstros.
“Isso não é demais para um teste com crianças?” Perguntou Eugene a si mesmo.
Embora isso seja apenas se eles estivessem falando sobre crianças normais. Como filhos da linhagem direta, eles poderiam confiar em Cyan e Eugene para passar facilmente por algo assim? Não. Se era isso que eles estavam pensando, isso era realmente muito fácil. Não importa o quão perigosos os ogros possam ser, contanto que você seja capaz de manejar a espada de força com habilidade, eles não são muito difíceis como oponentes.
“Não é como se eles tivessem restringido nossa mana como durante a Cerimônia de Continuação da Linhagem Sanguínea.”
A única coisa que estava incomodando Eugene no momento era a barreira que o fazia vagar pela floresta, incapaz de encontrar o caminho. Mas se fossem apenas manter os obstáculos como algo assim, não havia motivo para terem derrubado Eugene e Cyan do céu no início do teste.
Houve uma mudança no vento.
— De fato, como esperado. — Disse Eugene com um sorriso enquanto dobrava os joelhos.
Cracracrack!
Galhos de árvores de um lugar alto caíram na cabeça de Eugene. Para não ser pego nisso, Eugene pulou para trás e olhou para cima novamente.
— Hum. — Grunhiu Eugene.
Desta vez, ele realmente ficou surpreso. A próxima coisa a descer do céu em direção a ele foi um wyvern gigante. Mesmo que um monstro daquele tamanho estivesse caindo sobre ele direto de cima, ele demorou para perceber por causa da barreira.
O ataque do wyvern foi bastante surpreendente, mas a pessoa montada na sela nas costas do wyvern surpreendeu Eugene ainda mais.
Eugene perguntou sem rodeios:
— Desde quando você anda por aí montando wyverns?
A cavaleira era Ciel Lionheart. Enquanto puxava as rédeas, ela deu a ele um olhar intrigado.
— Como conseguiu perceber que eu estava vindo? — Ela perguntou a ele.
Ciel não pôde deixar de se surpreender. A barreira espalhada por toda a floresta era obra da Sexta Divisão, que era composta por magos de batalha que podiam ser encontrados até mesmo entre as fileiras dos Cavaleiros Leão Negro.
Essa barreira pretendia obscurecer completamente a presença do invasor. No entanto, apesar disso, Eugene não entrou em pânico por ser pego em uma barreira e foi capaz de responder ao ataque inesperado. Ciel simplesmente não conseguia acreditar que isso era verdade.
— O vento estava muito barulhento. — Explicou Eugene.
— Que conversa maluca é essa? — Ciel questionou enquanto freava seu wyvern.
Whoosh!
Com um grande bater de suas asas que derrubou um pedaço inteiro do chão da floresta, o wyvern atacou Eugene. Mais uma vez, Eugene recuou rapidamente e enfiou as mãos no manto.
— Como esperado, você está aqui para me impedir. — Comentou Eugene: — Achei que seria muito fácil se fossem apenas esses monstros.
— Faz muito tempo desde a última vez que nos vimos, e isso é tudo que tem a dizer? — Ciel reclamou.
— Isso vale para você também. Não acha que é demais me atacar sem nem mesmo dizer olá? — Eugene argumentou de volta.
— Sua cabeça não está doendo? — Ciel perguntou em vez de responder sua pergunta.
Eugene inclinou a cabeça para o lado enquanto puxava um chicote de seu manto.
— Minha cabeça? Por que você pergunta?
— Essa barreira deve estar influenciando sua mente… Turvando seus pensamentos… — Ciel afirmou hesitante.
— Não é à toa. — Eugene concordou com a cabeça: — Quando entrei pela primeira vez, senti um pouco de tontura.
— Só isso? — Ciel perguntou com ceticismo.
Eugene explicou:
— Minha mentalidade é um tanto resistente.
Ciel bufou com essas palavras absurdas.
“Aquele manto. Eles não disseram que poderia bloquear feitiços até o Quinto Círculo? Mesmo assim… A magia fortalecendo essa barreira deve ultrapassar o Quinto Círculo, certo?” Ciel guardou essas dúvidas para si mesma.
Essa barreira foi criada para criar uma ilusão dos medos do alvo e desgastar sua mente. Agora, Cyan ainda estava gritando alto quando encontrou visões de fantasmas medonhos. No entanto, em vez de ver quaisquer ilusões, Eugene sentiu apenas uma leve sensação de vertigem.
Ciel olhou para Eugene. Nas circunstâncias normais, os inspetores não teriam atacado tão rapidamente e teriam primeiro esperado para ver como os participantes do teste responderiam ao serem confrontados com seus medos.
No entanto, ao contrário de Cyan, Eugene não foi impedido pela barreira. Como tal, eles não tiveram escolha a não ser atacar mais cedo do que haviam planejado.
— Não tem nada de que tenha medo? — Ciel perguntou curiosa.
— Eu não. — Eugene respondeu com um rosto calmo.
Embora ele tivesse acabado de se livrar do ataque mental com uma leve sensação de vertigem… Aquilo realmente tinha a intenção de assustá-lo? Uma barreira fraca como essa, como poderia incorporar o medo em seu coração?
“É lamentável, mas experimentei todos os tipos de ataques mentais ao ponto de me cansar deles”, murmurou Eugene para si mesmo.
Embora a reencarnação possa ter mudado seu corpo, sua alma permaneceu a mesma. Suas memórias também não foram apagadas. Graças a isso, a força mental de Eugene era a mesma de quando ele estava vivo como Hamel.
Em sua vida anterior, ele foi submetido a inúmeros ataques mentais mais terríveis e aterrorizantes do que o que estava enfrentando agora. Primeiro, houve a Rainha dos Demônios da Noite, Noir Giabella. Essa maldita cadela enviava seus Demônios da Noite para eles de vez em quando, sem qualquer aviso, para tentar quebrar seus espíritos.
Mas não foi apenas Noir Giabella. Enquanto o grupo estava conquistando os três primeiros Castelos dos Reis Demônios, eles constantemente recebiam ataques mentais, não importava o que fizessem.
Em primeiro lugar, a barreira montada nesta floresta não foi construída com a intenção de destruir sua mente, e com a adição do Manto das Trevas, a resistência mental de Eugene fez com que ele sentisse apenas uma leve sensação de tontura em vez de ver uma visão de seus medos.
— Você vai continuar montando essa coisa? — Eugene apontou.
O bater das asas do wyvern pode ser capaz de explodir uma tempestade, mas esses ventos não podem afetar Eugene. Isso porque os espíritos do vento que ele invocou através de Winith estavam compensando as rajadas criadas pelo wyvern.
— Por quê? Quer tentar montá-lo também? — Ciel perguntou provocando.
— Posso voar no céu mesmo sem montar nisso. — Disse Eugene com um sorriso enquanto levantava o corpo no ar.
Nesta abertura, Ciel imediatamente chutou as costas do wyvern e atacou Eugene. O florete que tirou da cintura veio perfurando-o. Eugene balançou levemente Winith, empurrando Ciel para longe dele.
— Desde quando se tornou uma rebeldizinha que gosta de fazer bullying com os outros? — Eugene murmurou para si mesmo.
— O quê?!— O rosto de Ciel se torceu em uma carranca quando ouviu as palavras de Eugene.
Usando um tronco de árvore como ponto de apoio, ela pulou em direção a ele mais uma vez, seu rosto ainda fixo em uma carranca enquanto gritava: — De onde você veio com uma piada idiota como essa?!
— Ahem. — Eugene tossiu para esconder seu constrangimento e balançou a cabeça: — Eu não estava tentando fazer piada. As palavras saíram assim—
— Essa piada não é nem remotamente engraçada! — Ciel gritou ofendida.
Embora ele realmente estivesse esperando ter pelo menos um pouco de diversão, Eugene escondeu qualquer sinal disso enquanto gritava de volta:
— E eu disse que não estava tentando ser engraçado!