Capítulo 77: O Castelo dos Leões Negros (2)
Embora Eugene não soubesse que estaria lutando contra Ciel de repente, não tinha intenção de pegar leve com ela.
Não foi porque Ciel não se divertiu com a piada que ele fez. Definitivamente não. Ignorando a forma como suas orelhas vermelhas estavam queimando de vergonha, Eugene estendeu a mão para Ciel.
A mana no ar flutuou. Avistando os mísseis mágicos que instantaneamente apareceram para cercá-la, Ciel enviou um sinal para seu wyvern com um clique de sua língua.
— Kyaaak! — Enquanto o wyvern soltava um grito agudo, bateu as asas.
Esses lagartos alados, que pareciam tão semelhantes aos dragões, podem não ser capazes de conjurar feitiços por conta própria, mas podem fazer algo semelhante. Com sua forte resistência à magia, os wyverns podem interromper feitiços com um bater de suas asas.
As trajetórias dos mísseis mágicos disparados em direção a Ciel foram instantaneamente desviadas em todas as direções. Sem resistir à força do vento, Ciel segurou seu corpo como uma flecha e converteu o vento em seu suporte. Tendo se acelerado ainda mais fazendo isso, Ciel avançou com sua espada.
— Bem, agora… — Eugene cantarolou divertido.
Parecia que esta não seria apenas uma batalha selvagem onde cada um colocava seus pés no chão e brandiam suas espadas um para o outro. Como sentiu uma pequena sensação de empolgação com essa percepção, Eugene apertou seu aperto em Winith.
Clang!
Um golpe de espada que subiu de baixo desviou o florete de Ciel. Ao mesmo tempo, o chicote que Eugene estava segurando em sua mão esquerda estalou para frente.
Ciel não pôde deixar de ficar confusa por um momento com o movimento estranho do chicote. Isso porque não havia sido balançado em direção a ela, mas, em vez disso, havia disparado para a frente como uma flecha.
— Ugh! — Ciel grunhiu em esforço.
O chicote parecia prestes a perfurar seu ombro, mas Ciel rapidamente torceu seu corpo no ar. Naquele momento, o pulso de Eugene, que ainda guiava o chicote, dobrou-se para o lado. Essa torção mudou a trajetória do chicote.
O chicote se curvou e envolveu a cintura de Ciel. Então, Eugene puxou, arrastando Ciel para o chão.
Recuperando-se da queda, Ciel levantou a cabeça, com um olhar extremamente distorcido em seu rosto.
Eugene ainda estava flutuando no ar. Com um sorriso, ele puxou o chicote mais uma vez. A força do chicote enrolado nos quadris de Ciel não era tão forte. Se Eugene estivesse determinado a apertar o chicote sobre ela, ele poderia ter esmagado as costas de Ciel, mas Eugene não tinha vontade de aleijá-la.
— Peguei você. — Ele zombou.
— Ainda não. — Ciel cuspiu.
Kyaaaaak!
O wyvern gigante atacou. Sua boca aberta mostrava presas intimidantes.
Assim que Eugene estava prestes a cortar o wyvern em pedaços com um golpe de Winith, Ciel de repente gritou alto: — Você não pode matar o Draggy!
— Draggy… Quem? — Eugene perguntou confuso.
Ciel gritou mais uma vez:
— Eu disse que você não pode matar meu wyvern!
Que garota sem vergonha. Foi ela quem lançou um ataque surpresa a ele em primeiro lugar, e agora estava fazendo todo tipo de exigências.
Enquanto resmungava para si mesmo, Eugene embainhou Winith. Embora quisesse ignorar os gritos de Ciel e cortar o wyvern ao meio, ele sabia que se o fizesse, Ciel poderia explodir em lágrimas e se ressentir por isso pelo resto de suas vidas.
— Você deveria saber que teve sorte hoje, seu lagarto sacana. — Disse Eugene ameaçadoramente.
Ele podia ter embainhado Winith, mas os espíritos de vento que ele invocou não desapareceram. Eugene girou o corpo no ar e balançou o pé.
Crack!
O chute de Eugene atingiu a mandíbula do wyvern. As mandíbulas escancaradas da criatura foram esmagadas e seu voo vacilou. Eugene imediatamente atacou o wyvern e deu um soco em seu focinho.
Bam!
O corpo do wyvern bateu no chão, sacudindo todo o campo. Enquanto isso, Ciel se livrou do chicote que a envolvia e tentou atacar Eugene mais uma vez.
— Seu bruto malvado! — Ciel o acusou.
Eugene ficou perplexo com essa crítica. Foi ele quem foi atacado de surpresa. Também poupou a vida do wyvern depois que Ciel lhe disse para não matá-lo. Em vez disso, Eugene acabou de quebrar suas mandíbulas, tornando-o incapaz de mastigar carne por um tempo. Ao mantê-lo nesse nível, ele não estava mostrando consideração mais do que suficiente como irmão dela?
— Você realmente vai me atacar de novo? — Eugene perguntou exasperado.
Mesmo assim, Eugene admirava sua persistência. Cyan também era igual. Essa era a prova de que os métodos parentais de Ancilla eram bastante impressionantes?
“Eles são muito melhores que os métodos de Theonis, é claro.”
Eugene jogou fora o chicote encurtado e estendeu a mão com ousadia em direção ao florete. Ciel não pôde deixar de ficar aterrorizada com a visão de Eugene estendendo a mão para parar sua espada de força com as próprias mãos.
“Ele ficou louco?” Ciel perguntou a si mesma.
Assim como Eugene não tinha desejo de aleijar Ciel, ela também não queria ferir Eugene permanentemente. Em primeiro lugar, a batalha que acontecia nesta floresta pretendia ser apenas um teste para os herdeiros da linhagem direta. Não era para transformá-los em vegetais sem esperança de recuperação.
Por causa disso, Ciel mudou às pressas a trajetória de seu florete. Eugene sorriu com essa visão e se levantou para encontrar a lâmina.
— Como eu pensei, você é uma pirralha de coração mole. — Comentou Eugene.
Embora tenha tentado desesperadamente alterar a trajetória de seu florete, agora, Ciel não teve escolha a não ser se arrepender dessa decisão. Como poderia esperar que este maldito inacreditável arriscasse sua própria carne por uma emoção?
No entanto, era tarde demais para arrependimentos. A mão de Eugene agarrou o pulso de Ciel e o torceu.
— Ugh! — Ciel soltou um grito curto quando foi forçada a soltar o florete.
Ainda mantendo um aperto firme em seu pulso, Eugene torceu o braço de Ciel atrás das costas e a prendeu com um joelho.
— Você não pode ser um pouco mais gentil? — Ciel reclamou quando foi pressionada contra o chão, completamente de bruços.
Eugene sorriu e balançou a cabeça.
Ele disse: — Posso, desde que você prometa não me atacar mais.
— O resultado da luta já foi decidido. E, em primeiro lugar, o exame destina-se a colocar você contra um grupo. Sei que não sou capaz de testar seus limites sozinha. — Tendo cuspido essas palavras, Ciel mordeu os lábios por alguns momentos. Então perguntou: — Você esperava que eu torcesse meu florete para o lado?
— Eu dei uma chance de cinquenta por cinquenta. — Julgou Eugene.
Ciel advertiu:
— Se eu não tivesse torcido, sua mão poderia ter voado.
— Consegui estender a mão porque estava confiante de que não seria cortada. — Afirmou Eugene confiante.
— Seu filho da puta.
Ela sabia que ele diria algo chato assim. Mas a distância entre eles realmente cresceu ainda mais?
Eugene riu enquanto soltava o braço de Ciel.
— Desde que cheguei aqui, tem sido uma surpresa atrás da outra. Agora que te peguei assim, que tal me dar uma explicação? — Eugene pediu.
Ciel relutantemente concordou.
— Você só precisa ir até o Castelo dos Leões Negros.
Eugene bufou.
— Estou ciente disso. O que quero saber é, quão problemática eles estão planejando fazer a viagem até lá?
— Haverá sessenta Cavaleiros Leão Negro. — Ciel finalmente admitiu antes de se virar para ele com um beicinho: — Isso inclui capitães também. Todos estarão espalhados pela montanha e atacarão você e meu irmão quando os virem.
— Isso não é ir longe demais para uma Cerimônia de Maioridade? — Eugene perguntou surpreso.
— É porque os Anciãos do Conselho têm grandes expectativas em relação a você. Parece que também podem suspeitar um pouco de você. O meu pobre irmão está só sendo pego no meio da sua confusão.
— É natural que me tenham em alta, mas por que desconfiam?
— Você está seriamente fazendo uma pergunta tão óbvia? Não é porque você foi para Nahama depois que saiu de Aroth?
— É minha liberdade de ir aonde eu quiser.
— Mas parece que o Conselho dos Anciãos pode não ver dessa forma. Recentemente, a posição de Nahama tem sido um pouco suspeita. Então, no meio dessa tensão atual, você foi para lá por conta própria.
— Se é esse o caso, poderiam ter me dito para não ir para lá para começo de conversa. — Eugene resmungou enquanto dava um tapinha nas costas de Ciel em agradecimento: — Então? Você está me avisando que eles estão preocupados que eu possa ter entrado em algum tipo de situação que pode trazer problemas para o clã enquanto eu estava longe da família principal?
— E também é para testar você. — Ciel o lembrou antes de se virar para olhar para Eugene: — Até quando você vai continuar me humilhando?
— Ei, cuidado com suas palavras. Desde quando eu te humilho? — Eugene protestou.
— Você está fazendo isso agora. — Observou Ciel.
— Isso não é humilhar você. Estou apenas te subjugando. — Resmungou Eugene enquanto descia das costas dela.
Ciel imediatamente se levantou, agora estava sentada ereta, e então limpou a sujeira que manchava seu uniforme.
— Você quase quebrou um osso. — Reclamou Ciel.
Eugene descartou sua raiva.
— Se nada estiver quebrado, isso significa que você ficará bem.
O wyvern que foi jogado no chão levantou a cabeça com um gemido. Com isso, Ciel rapidamente se levantou e foi até ele, acariciando suas escamas como se estivesse escovando o pelo de um animal de estimação.
— Sessenta cavaleiros, você disse… — Eugene murmurou enquanto permanecia ali, perdido em pensamentos por alguns momentos: — Isso é demais para atacar apenas nós dois.
— Isso é porque a montanha é muito grande. — Ciel entrou na conversa: — Além disso, eles não estão aqui apenas para atacá-lo. Eles também estão aqui para impedir que você e meu irmão entrem em locais perigosos.
— Locais perigosos? — Os olhos de Eugene se iluminaram quando olhou para Ciel: — Tipo onde?
Surpresa, Ciel o lembrou.
— Eu disse que esses lugares são perigosos. Você deveria ter encontrado monstros no seu caminho até aqui, certo? Há muitos monstros nesta montanha.
— Então o que você está dizendo é que eles estão aqui para nos impedir de entrar no território de monstros perigosos? Isso é tudo? — Eugene perguntou com ceticismo.
A sepultura de Vermouth pode estar localizada em algum lugar nesta montanha. Eugene esperava que ela pudesse mencionar algo sobre isso enquanto se virava para olhar para Ciel.
— Embora você só possa encontrar ogros nesta área, se for um pouco mais fundo, poderá encontrar algumas coisas perigosas que caçam ogros por diversão. — Ciel avisou.
— Coisas?
— Bestas demoníacas. — A expressão de Ciel se contorceu quando disse isso.
Os olhos de Eugene ficaram frios quando exigiu:
— Bestas demoníacas? O que bestas demoníacas estão fazendo aqui?
— Elas estão sendo criadas aqui para servir como experiência de combate para os Cavaleiros Leão Negro — Ciel admitiu hesitante.
— Humanos estão criando bestas demoníacas? — Eugene perguntou antes de cair na gargalhada incrédula.
Um tempo atrás, na Rua Bolero, Eugene tinha ouvido as histórias sobre humanos comprando secretamente demônios como escravos. Naquela época, ele também ficou incrédulo, mas essa ideia de criar bestas demoníacas era ainda mais ridícula do que isso.
Bestas demoníacas não eram gado nem monstros. Era impossível criá-las. Embora chamassem isso de ‘criação’, eles provavelmente tinham acabado de soltar as bestas demoníacas nas profundezas das montanhas.
Comparado com o quão perigosas as bestas demoníacas eram, invocá-las não era tão difícil. Um mago habilidoso em magia de invocação poderia invocar bestas demoníacas sem nenhuma oferenda especial.
Era por isso que, trezentos anos atrás, o mundo ficou infestado de bestas demoníacas. Ao ficarem mexendo com os círculos mágicos de invocação que eram conjurados por todos os lugares, aqueles malditos Reis Demônios enganaram os magos usando-os para invocar bestas demoníacas em vez do que planejavam invocar. As bestas demoníacas que se espalharam pelo mundo como resultado disso e se reproduziram entre si, gerando descendentes, formando grupos e depois atacando as pessoas.
— Não é tão perigoso. — Ciel acrescentou rapidamente ao ver o rosto de Eugene endurecer: — Todas as semanas, inspecionamos os territórios das bestas demoníacas e as abatemos. Através deste processo, os cavaleiros podem acumular experiência prática e—
— Você acha que está tudo bem, só porque são bestas demoníacas? — Eugene perguntou enquanto estreitava os olhos e olhava para Ciel: — O túmulo de nosso ancestral deve estar em algum lugar nesta montanha. Então realmente não consigo entender isso. Como pôde deixar bestas demoníacas, de todas as coisas, vagarem livremente no túmulo de nosso ancestral?
— Por que você está com raiva de mim? — Ciel protestou.
— Como membro da família principal, isso não é algo que eu possa deixar de me irritar. — Argumentou Eugene de volta.
— Desde quando você é tão apaixonado pelo clã? — Ciel fez beicinho enquanto subia nas costas do wyvern: — Até onde sei, o túmulo de nosso ancestral não está nem perto do território das bestas demoníacas. Não é como se o Conselho dos Anciãos fosse louco, então como eles poderiam liberar bestas demoníacas perto do túmulo de nosso ancestral?
Eugene perguntou:
— Então onde está?
— Como eu vou saber? O que está claro é que não está nem perto do habitat das bestas demoníacas. Saí várias vezes matando-as, mas nunca vi nada sobre o túmulo. — Ciel ofereceu essa informação.
A testa de Eugene franziu quando ele se perdeu em pensamentos, “Se é esse o caso… Em algum lugar onde as bestas demoníacas não estão por perto. Onde poderia estar? Esta montanha é muito grande…”
Ela havia dito a ele que os Anciãos do Conselho suspeitavam dele. Isso era um aborrecimento. Ele estava planejando vasculhar a montanha enquanto fingia estar indo em direção ao Castelo dos Leões Negros.
“Já tenho muita atenção em mim, então é óbvio que será pior se fizer algo desnecessariamente suspeito.”
Agora que as coisas ficaram assim, Eugene não teve escolha a não ser usar o outro método que havia pensado. Embora não se sentisse muito satisfeito com essa situação, por enquanto, Eugene decidiu apenas seguir silenciosamente em direção ao Castelo dos Leões Negros. De qualquer forma, ele teria que explicar por que parou em Nahama. Podia ter dado a Lovellian a desculpa de que estava indo lá para experimentar os escorpiões cactos, mas essa desculpa não funcionaria com os velhos vagabundos do Conselho.
Eugene terminou seus cálculos e olhou para Ciel.
— Aonde você pensa que está indo?
Ciel tinha subido em seu wyvern e estava acariciando seu pescoço enquanto ele continuava choramingando e gemendo de dor.
— Por que você perguntaria algo tão óbvio? Vou voltar. — Ciel respondeu impaciente.
— Quem decidiu isso?
— Eu. Você tem algum problema com isso?
— Estou pensando em levá-la como refém e montar em seu wyvern de volta ao castelo. — Confessou Eugene.
— Não diga algo tão ridículo. — Resmungou Ciel enquanto puxava as rédeas: — Antes de ir, deixe-me dar um conselho. Seria melhor você sair daqui o mais rápido possível.
— Por que diz isso? — Eugene perguntou.
Ciel explicou:
— Já que você era meu alvo desde o início, sou apenas aquela que chegou até você mais rápido. Os outros cavaleiros também estarão a caminho em breve.
— Quem?
— Não sei. Mas os capitães devem chegar um pouco mais tarde. Eles estavam todos perto da muralha do castelo—
Antes que ela terminasse de falar, Eugene correu e atacou Ciel. Assustada com o ataque repentino, Ciel soltou as rédeas e saltou para trás.
Fwoosh!
O vento soprando de Eugene empurrou o corpo de Ciel para trás ainda mais. Ao mesmo tempo, Eugene agarrou as rédeas do wyvern.
— Kyaaak!
O wyvern soltou um grito alto e tentou se livrar de Eugene. Em resposta a isso, Eugene soltou as rédeas e colocou a mão em sua nuca.
— Você quer morrer? — Ele perguntou.
Como um wyvern, ele não era capaz de entender a linguagem humana. Mas por que isso deveria importar? Foi criado e nutrido por mãos humanas para voar com pessoas nas costas, e até foi equipado com uma sela e rédeas. O wyvern pode não ser capaz de entender as palavras de Eugene, mas pode sentir o poder e a intenção de matar vindo da mão em seu pescoço. Além do mais, já havia sido espancado por ele uma vez.
O wyvern não gritou mais em protesto e imediatamente abriu suas asas. Às vezes, a comunicação física era um método ainda mais rápido do que a comunicação verbal. Eugene sorriu e agarrou as rédeas do wyvern.
— Esta será minha primeira vez montando um wyvern. — Murmurou Eugene.
Mesmo assim, graças a ter espancado ele antes, o wyvern foi extremamente obediente. Bateu as asas e subiu no ar.
— Seu filho da puta! — Ciel gritou, tendo pousado no chão: — Draggy! Volte aqui!
— Se você voltar, eu te mato. — Eugene rosnou em voz baixa enquanto sacudia as rédeas.
Kyaaaak!
O wyvern ignorou o grito de Ciel e subiu no ar.
Depois de subir um pouco mais alto no céu, Eugene foi capaz de olhar para baixo e observar toda a floresta. Depois de vasculhar a floresta por alguns momentos, Eugene levantou a cabeça e olhou para frente. À distância, ele avistou o Castelo dos Leões Negros.
— Caramba! — Exclamou Eugene para si mesmo.
Ele não viu apenas o castelo. Também viu as dezenas de wyverns voando em sua direção. Estreitando os olhos, Eugene verificou as identidades dos cavaleiros wyvern. Ele não podia ver Carmen. Embora não conhecesse as aparências dos outros capitães, não viu ninguém que parecesse forte o suficiente para ser capitão.
Nesse caso, não havia razão para ele hesitar.
— Hyah! — Eugene gritou enquanto sacudia as rédeas.
O wyvern bateu as asas e voou direto para a frente. Ao sentir o vento em seu rosto, Eugene mudou a forma de seu manto. O manto descontroladamente esvoaçante ficou justo e se agarrou ao corpo de Eugene.
— Que criança descarada…!
O cavaleiro montando o wyvern líder não pôde evitar estalar a língua de surpresa. Eugene realmente se atreveu a roubar um wyvern e voar para o céu? Embora essa possa ser a melhor opção se você quiser chegar ao castelo rapidamente, não seria esse o caso se não houvesse ninguém tentando impedi-lo?
Ao subir no céu assim, Eugene estava destinado a atrair a atenção de todos. E, de fato, todos os cavaleiros que pairavam sobre a floresta estavam agora se reunindo em torno de Eugene.
— Cuidado. — Um dos cavaleiros lembrou aos outros.
— Nós sabemos. — Os outros cavaleiros responderam com um aceno de cabeça.
Como o objetivo disso era apenas um teste, eles não podiam levar seus ataques longe demais. Dito isto, também não poderiam ser muito misericordiosos. Enquanto mantinham esses requisitos em mente, os cavaleiros sacaram suas armas.
Eugene não conseguia sentir nenhuma hostilidade ou intenção de matar deles. Ele sorriu e se levantou nas costas do wyvern. Pelo que podia ver, os Cavaleiros Leão Negro eram bastante habilidosos. Mesmo em sua vida anterior, ele nunca tinha visto uma ordem de cavalaria composta de talentos tão notáveis.
No entanto, não importa o quão excepcionalmente habilidosos eles fossem, não parecia que o estavam o enfrentando com total determinação. Se não tivessem qualquer hostilidade ou intenção de matar, então não seriam um teste para Eugene.
“Devo dar uma testada neles?”
Em vez disso, Eugene sentiu que deveria ser aquele que testava os Cavaleiros Leão Negro. Eugene pulou das costas do wyvern sem qualquer hesitação. O vento atrás dele jogou o corpo de Eugene para frente.
Os cavaleiros não puderam deixar de se surpreender com essa ação repentina. Embora já soubessem que Eugene podia voar pelo ar, os cavaleiros ficaram surpresos, porque não esperavam que ele realmente os atacasse em vez de mudar de direção.
Ouviu-se o grito:
— Bloqueiem ele!
Os cavaleiros se espalharam para formar uma parede. Aqueles entre os cavaleiros que carregavam arcos armaram suas flechas.
Então, as soltaram de uma só vez. As flechas que atiraram não perderam seu poder mesmo contra o vento. Em vez de interceptar as flechas que estavam zunindo em direção a ele, Eugene torceu seu corpo no ar.
Em um instante, seu manto se desenrolou e engoliu todas as flechas. Então imediatamente lançou as flechas na mesma direção de onde vieram.
“Até as pontas das flechas são cegas”, observou Eugene. “Esta é uma emboscada bastante gentil.”
Dito isto, se Eugene fosse atingido por uma flecha tão rápida, poderia não perfurar sua pele, mas ainda quebraria seus ossos. Com um sorriso malicioso, ele infundiu seu vento nas flechas que retornavam. Com isso, elas aceleraram como se estivessem sendo puxadas pelo vento, embora suas trajetórias fossem por todos os lados.
No entanto, nenhum dos cavaleiros foi atingido por elas. Eles habilmente balançaram suas armas para afastar as flechas, então checaram os movimentos de Eugene.
Ele não estava lá.
“É Teleporte!”, eles perceberam instantaneamente.
Então um deles sentiu algo vindo do lado. Sem qualquer hesitação, o cavaleiro brandiu sua espada de lado. Eugene, que acaba de aparecer naquele local, torceu o corpo e acenou com a mão.
Clang!
Uma adaga curta colidiu com a espada do cavaleiro.
Chiiing!
O corpo de Eugene girou como um pião. Ele subiu em cima da espada do cavaleiro e, em seguida, mergulhou instantaneamente a uma distância ao alcance do braço.
— Bang! — Pronunciou Eugene.
Uma bola de vento explodiu no espaço entre Eugene e o cavaleiro. O cavaleiro levantou apressadamente seu Escudo de Mana, mas o vento ainda fez o corpo dele voar para trás. Eugene usou as costas do wyvern como um trampolim e saltou no ar mais uma vez.
— Haha! — Um cavaleiro próximo caiu na gargalhada enquanto golpeava com sua lança.
Eugene reconheceu o rosto do cavaleiro. Era Naishon Lionheart, o comandante da Terceira Divisão que conheceu em Aroth.
Naishon perguntou:
— Então, onde você deixou a Senhorita Ciel?!
— Lá embaixo. — Respondeu Eugene ao seu grito enquanto tirava uma lança de seu manto.
Clack clack clack!
Suas duas lanças se entrelaçaram, colidiram e foram puxadas para trás, tudo dentro daquele curto combate.
Naishon não estava mais rindo enquanto pensava com espanto: “Eu realmente fui empurrado para trás?”
Mesmo com Eugene em uma posição tão instável, Naishon não conseguiu prendê-lo com seu golpe de lança. Em vez disso, foi Naishon quem foi empurrado para trás. Mesmo que não tivesse feito uso sério de sua mana, Naishon ainda não conseguia acreditar nesse fato.
— Hmm…! — Naishon grunhiu enquanto endurecia sua expressão e balançava sua lança novamente.
Em vez de encontrá-lo em combate, Eugene foi levado pelo vento e voou mais alto no ar. Não havia necessidade real de Eugene enfrentar seus oponentes apenas com suas armas. Eugene confirmou as posições dos wyverns ao redor e então infundiu o vento com sua mana.
Com isso, ele transformou o vento em uma tempestade de lâminas mágicas. As lâminas correram em todas as direções para atacar os wyverns. As criaturas podiam ter uma forte resistência à magia, mas não seriam capazes de interromper a densidade dos feitiços de Eugene apenas com isso.
Era óbvio que seus corpos seriam transformados em almofadas de alfinetes se ficassem onde estavam, então não tiveram escolha a não ser recuar. Os cavaleiros impacientes soltaram as rédeas de seus wyverns e se levantaram em suas selas. Estavam se preparando para pular no ar e pegar Eugene. Podiam não ter esperado que a situação acabasse assim, mas os cavaleiros também eram bem treinados para batalhas aéreas.
Mas antes que os cavaleiros pudessem saltar…
Boooom!
Algo disparou do chão como uma bala de canhão. Eugene imediatamente torceu seu corpo e abriu seu manto. No entanto, o Manto das Trevas não foi capaz de engolir o ataque como havia feito da última vez. Quando a parte de trás do manto inchou enormemente, Eugene girou todo o seu corpo.
A bala de canhão não engolida foi lançada no céu. Eugene olhou para a cauda da bala de canhão que se afastava.
“É uma rocha?”
Não era algum tipo de feitiço. Era apenas uma pedra que havia sido apanhada e jogada com toda a força por alguém. Eugene bufou divertido e olhou para baixo.
Mas logo, não pôde deixar de levantar o olhar mais uma vez.
— Opa. — Veio uma saudação.
Era Carmen Lionheart.
Tendo disparado e chegado bem na frente dele antes mesmo que ele percebesse que ela estava vindo, ela levantou a perna e então chutou Eugene.