DanMachi Light Novel Capítulo 2 – Vol 05 - Anime Center BR

DanMachi Light Novel Capítulo 2 – Vol 05

 

Capítulo 2: Quantos metros para um retorno seguro?

 

 

Uma pequena figura correu para o Panteão — a sede da Guilda.

Com dois rabos de cavalo pretos dançando atrás dela, a figura fez o seu caminho no lobby de mármore branco e através de uma multidão de aventureiros com quase o dobro do tamanho dela.

Hestia não se importava que sua pele estivesse coberta de suor ou que sua respiração estivesse irregular, quando ela disparou para o balcão no canto do lobby.

“Sra. Conselheira!”

“De-deusa Hestia?”

Os olhos de Eina se arregalaram quando a pequena deusa praticamente atacou o balcão da recepção.

Hestia não esperou a meio elfa responder e foi direto ao ponto, com uma voz desesperada.

“Bell veio aqui ontem?!”

“Lo-logo pela manhã, antes de ir para a Dungeon. Eu não o vi desde então… ”

O rosto de Hestia se contorceu como se sentisse dor depois de ouvir sua resposta.

Vendo um olhar de confusão no rosto de Eina, a jovem deusa imediatamente começou a explicar.

“Bell não voltou para casa ontem a noite.”

“!”

“Também não sei onde estão a suporte e o outro garoto. Provavelmente, todos eles ainda estão na Dungeon.”

Welf era membro da <Família Hephaistos>. Lili vivia no antiquário de um gnomo.

Hestia visitou os dois lugares no início da manhã, na esperança de conseguir informações sobre Bell e os outros — assim como ela, ninguém os viu desde a manhã anterior.

O rosto de Eina ficou um pouco mais claro, seus olhos esmeralda bem abertos enquanto ela escutava.

Pedindo a deusa que esperasse um momento, Eina desapareceu da recepção como uma flecha liberada de um arco, retornando um minuto mais tarde.

“Acabei de falar com a Estação de Troca. Ninguém correspondente com a descrição do Bell foi lá ontem.”

“…!”

O sangue de Hestia congelou.

O mais provável era que o grupo inteiro não saiu da Dungeon.

Embora ela não pudesse descartar completamente a possibilidade de eles terem se envolvido em algum incidente depois que eles saíram. Mais do que isso, ela queria acreditar que era esse o caso.

Especialmente porque ontem era o dia em que Bell estava planejando explorar os níveis intermediários da Dungeon pela primeira vez.

Na verdade, Bell havia dito: “Vou te dizer como são os níveis intermediários quando eu voltar!” antes de sair ontem de manhã.

Hestia o fez prometer que sempre que fosse para um novo andar ele entraria em contato com ela imediatamente quando voltasse. Ontem foi a primeira vez que ele falhou em cumprir sua promessa.

Hestia era inteligente o suficiente para perceber o que isso significava, e tinha sido incapaz de descansar a noite inteira.

Bell e seu grupo não conseguiram sair dos níveis intermediários.

Sua intuição divina confirmou ainda mais sua conclusão. O sentimento de estar certa a estava deixando louca.

“… Sra. Conselheira, por favor, você pode descobrir se alguém o viu?”

“Sim, eu dou minha palavra. Vou perguntar ao maior número possível de aventureiros por informação.”

O coração acelerado de Hestia pareceu se acalmar por um momento depois de fazer seu pedido. Tudo o que ela podia fazer era suspirar e juntar suas próximas palavras em sua cabeça.

A deusa estava agradecida pela cooperação de Eina, mas ela precisava de mais do que uma promessa.

“Além disso, gostaria de emitir uma missão. O objetivo é simples: encontrar Bell.”

Ela não teve tempo suficiente para ser exigente, então essa foi a maneira mais rápida e eficaz de ter outros aventureiros participando.

Eina entendeu imediatamente e voltou para sua mesa com um aceno rápido, voltando ao balcão com uma folha de papel. Ela começou a preencher o formulário de inscrição com alguns movimentos rápidos de uma caneta de pena.

“O que você propõe como recompensa?”

“Quatrocentos mil vals. Toda a economia da minha <Família>.”

Essa era a maior quantia em dinheiro que ela poderia preparar imediatamente. Respondendo a mais algumas perguntas de Eina, as duas trabalharam no resto dos detalhes.

Por fim, Hestia pegou a caneta da mão estendida de Eina e praticamente jogou sua assinatura na parte inferior do formulário. O registro foi concluído.

“Preciso de aprovação do andar de cima para postar isso. Por favor, entenda que o processo levará cerca de uma hora. A missão será postada assim que possível.”

“Obrigado. Estou contando com você.”

Eina deu outra rápida reverência antes de se levantar e fazer o seu caminho para as escadas. Hestia se afastou do balcão e foi em direção a porta.

A deusa atravessou a porta e seguiu em direção ao gramado da frente da sede da Guilda. Muitos aventureiros passaram por ela, caminhando por uma fila de belas estátuas de mármore. O céu estava limpo e a rua estava relativamente silenciosa, completamente diferente da tempestade que assolava o coração de Hestia.

Miach e Nahza estavam ao lado de um monumento lindamente esculpido, no centro do gramado da frente da sede.

“O que você descobriu, Hestia?”

“Nada. Parece que eles realmente não conseguiram sair da Dungeon.”

Miach e Nahza ficaram em silêncio enquanto Hestia balançava a cabeça de um lado para o outro.

Tendo ouvido todos os detalhes de Hestia, os dois sabiam quão séria a situação se tornou.

A imagem de todo o grupo desaparecendo brilhou na mente dela.

Hestia de repente gritou o mais alto que pôde para limpar sua cabeça.

“Bell ainda está vivo! Minha bênção ainda está com ele!”

Ele foi a única pessoa na Terra a receber sua Graça Divina. Ela ainda podia sentir o icor do seu sangue no fundo do Status de Bell, nas costas dele — o vínculo não foi quebrado.

Os outros dois ficaram surpresos com a explosão repentina de Hestia. Cautelosamente abaixando o braço, foi Nahza quem iniciou a conversa sobre o que fazer a seguir.

“Lady Hestia, você já aplicou a missão…?”

“Sim, obrigado pelo seu conselho, Nahza. Deve estar pronto em breve.”

Miach e Nahza foram a razão pela qual Hestia decidiu registrar a missão em primeiro lugar, apesar de quase não haver informações sobre o paradeiro de Bell.

Se ele aparecesse do nada, então todos poderiam rir disso mais tarde. No entanto, a <Família Miach> já havia quase perdido Nahza na Dungeon em uma situação muito semelhante. Hestia precisava esgotar todas as opções antes que fosse tarde demais.

“Nesse caso, sugiro que façamos uma visita a Hephaistos e Takemikazuchi. Precisamos de tanta ajuda quanto possível.”

“O que estamos esperando?!”

Hestia concordou rapidamente com a sugestão de Miach.

Eles deixaram a sede da Guilda para trás e foram para a rua.

Uma hora depois.

Assim como Eina havia prometido, a missão de Hestia foi publicada no boletim na sede da Guilda.

Entre todos os aventureiros que procuravam uma missão, um em particular encontrou a missão recém-publicada e se inclinou para ver mais de perto.

Sem aviso — rip! Ela arrancou o aviso do quadro.

“Algo muito ruim aconteceu… Lorde Hermes.”

Doze horas antes.

A Dungeon ficou em silêncio. Sem monstros por perto, apenas o cheiro mofado do ar úmido e rochas acinzentadas estavam lá para fornecer uma atmosfera.

O túnel estava muito escuro. A única luz vinha de muito acima, manchas no teto piscando como fogueiras distantes. Somente os sons de passos pesados ​​no cascalho ressoavam na escuridão.

Bell silenciosamente caminhou um passo de cada vez através do túnel, seu rosto suavemente iluminado pelas luzes acima.

Uma gota de suor percorreu seu rosto marrom, coberto de poeira, e caiu pelo seu queixo estreito. Aterrissou silenciosamente a seus pés. Os cortes cobrindo sua cabeça finalmente se fecharam e rios de sangue seco cobriram suas bochechas.

“Hunh… Hunh…” Suas respirações profundas perfuraram o silêncio enquanto ele ajustava o braço pendurado em seu ombro.

“Me desculpe, cara…”

“Não… se preocupe…”

Bell conseguiu expressar as palavras entre as respirações, em resposta a voz fraca em seu ouvido.

Welf tinha uma expressão de muita dor, o rosto coberto de suor enquanto Bell o ajudava a seguir em frente. Bell olhou pelo canto do olho para trás de Welf e viu Lili, parecendo tão esfarrapada quanto eles, não muito atrás. Ela notou o olhar dele e deu um sorriso trêmulo como se dissesse: “Lili está bem.”

Os três conseguiram sobreviver ao ataque de fogo dos Cães Infernais, embora tivesse sido por muito pouco.

O ataque veio de um grupo bastante grande de monstros. Eles fizeram o movimento para escapar antes que a fumaça desaparecesse, e sua corrida louca para segurança tinha sido bem sucedida.

Mas eles pagaram um preço alto para ganhar sua sobrevivência improvável. Um das pernas de Welf foi esmagada no declive do nível treze. Era impossível para ele andar sozinho. Enquanto Lili não tinha muitas lesões visíveis, Bell percebeu pela expressão em seu rosto que o membro mais fraco do seu grupo teve o momento mais difícil durante sua fuga. Além disso, sua mochila estava em frangalhos. Não havia dúvida de que eles haviam perdido um grande número de poções e outros itens.

Bell olhou para baixo para avaliar sua própria condição depois de verificar seus aliados.

Nós teríamos sido eliminados sem a lã de salamandra…

O tecido vermelho ainda brilhava sob o que restava de sua armadura. Uma gota de suor frio escorreu por sua nuca enquanto Bell pensava no que teria acontecido se não estivesse com ela. Todos eles estariam em pilha de cinzas ardentes neste momento.

A proteção mágica que residia dentro do tecido feito por fadas era o único motivo pelo qual eles sobreviveram. A lã de salamandra protegeu seus corpos do calor intenso.

Olhando para as queimaduras em suas mãos, Bell agradeceu a sua consultora repetidamente.

Eina salvou as nossas vidas.

“Lili, que itens nos restam…?”

“Quatro poções e dois antídotos; não sobrou nenhuma poção de alto nível…”

A resposta de Lili fez Bell perceber quão perigoso era a situação em que estavam. Sair dos níveis intermediários seria extremamente difícil.

Ele tentou fazer as contas na cabeça — quanta distância eles precisavam cobrir com seu estoque atual de itens. Todos os aventureiros sabiam que armas poderiam quebrar e que itens de cura eram extremamente importantes nos níveis intermediários. O fato de Bell e Lili não terem muita força física tornou a condição de Welf um dilema ainda maior.

Poções normais foram projetadas para restaurar a força física. Apenas poções de alto nível e elixires podem coagular o sangue e salvar alguém com cortes profundos, ossos quebrados e outros ferimentos graves. A perna esquerda de Welf — tudo abaixo do joelho — estava revestida com uma mistura de vermelho escuro e preto, o osso estava obviamente quebrado em muitos lugares. Era impossível para Bell ou Lili tratar essa lesão com os itens que eles ainda tinham em mãos.

Sua formação havia perdido seu único lutador da linha de frente. Sobreviver nos níveis intermediários havia se tornado muito mais difícil.

E nós também… caímos.

Bell olhou para as luzes e conseguiu distinguir os buracos no teto enquanto o grupo avançava.

Eles estavam no décimo quarto andar.

Todos eles haviam caído por um desses buracos. Aconteceu durante a corrida louca, logo após o deslizamento de rochas no nível treze, enquanto tentavam fugir dos Cães Infernais. Ninguém viu o buraco a tempo e eles caíram no andar abaixo.

Eles eram de fato alçapões. O choque de cair todo esse caminho fez Bell e seu grupo se levantarem com uma dor extrema.

Todos os buracos acima deles estavam alinhados em uma pequena fileira. Contudo, as paredes que as levavam eram muito altas e lisas para subir. Então, haviam os buracos em si; seu grupo escorregaria e cairia muito antes de alcançar o andar de cima. A Dungeon era impiedosa.

Esta é a pior situação possível em que eles poderiam estar. O grupo foi vítima de uma “Artimanha da Dungeon”.

“Bell, Pequena L… Se for o caso, vocês precisam me deixar para trás…”

“O que o Sr. Welf acha que está dizendo…?”

“Não, absolutamente não.”

Eles tiveram uma conversa fraca. Bell reajustou o ombro em que apoiava Welf após a tentativa desnecessária do ferreiro de lhes dizer para salvar a si mesmos.

Eles ainda não tinham encontrado nenhum monstro na escuridão silenciosa. Os únicos sons que vinham das sombras foram produzidos por Bell, Lili e Welf. As luzes acima eram fortes o suficiente para iluminar suas silhuetas, aumentando a sensação de desespero que os cercava.

O som do cascalho sendo esmagado sob seus pés era ensurdecedor.

A cada passo que dava, Bell se perguntava se seria aquele a revelar sua posição para qualquer monstro próximo.

Eles caíram neste andar. Claro que os monstros aqui em baixo seriam mais forte do que os que estavam lutando no décimo terceiro andar. Mais alçapões estavam alinhando esse túnel de ambos os lados. Tendo cuidado para ficar no meio do túnel, cada eco soava como o primeiro aviso da abordagem de um monstro. Bell não sabia mais a diferença entre sons, sua mente estava no limite. Só agora ele percebeu que sua boca estava muito seca e estava desesperado por um pouco de água.

O caminho deles começou a se curvar em direção a um cruzamento. Primeiro eles viraram a esquerda, e depois a direita.

Plop-plop. Os olhos dos três aventureiros dispararam em direção a fonte do som. Eram apenas algumas pedrinhas caindo do teto. Isto tomou toda a força de vontade que eles tinham para desacelerar seus corações acelerados.

O som de suas próprias respirações encheram seus ouvidos. Eles estavam cansados, mas essa não foi a única razão para seus suspiros rasos e irregulares.

Era medo.

Medo da escuridão, medo do que a Dungeon tinha lhes reservado.

Bell pensou em quão orgulhoso se sentia quando subiu de nível e se tornou um aventureiro de classe alta, seu nome se espalhando por Orario. Ele riu desdenhosamente de si mesmo. Não foi Eina quem lhe disse os aventureiros estavam em maior perigo quando pensavam que as coisas estavam indo bem?

Eles estavam nas profundezas do inferno, tudo por causa de um pequeno buraco.

Cada um deles estava a beira de se sobrecarregar, em um lugar tão profundo que nunca tinha visto a luz do sol.

“… Um beco sem saída.”

Bell conseguiu se impedir de dizer “outro”.

Eles estavam completamente perdidos. De todos os perigos que espreitavam na Dungeon, se perder era a única coisa que você precisava evitar a qualquer custo.

Os únicos marcadores disponíveis para os aventureiros na Dungeon eram as escadas que ligavam cada nível. No entanto, Bell e os outros caíram por um buraco. Não haviam marcos ou escadas para ajudá-los a se orientarem. Além disso, bússolas e outros equipamentos de navegação eram completamente inúteis na Dungeon devido a presença de metais como adamantite nas paredes.

Sem sequer um mapa para usar, Bell não fazia ideia de qual direção os conduziria para fora.

Os olhos de Bell e Welf se estreitaram em frustração ao encontrarem mais um bloqueio na estrada.

“Vamos descansar um pouco.”

Lili respirou fundo e fez uma proposta enquanto os dois jovens estavam de pé, olhando para a parede sólida na frente deles. Eles se viraram para encará-la e viram que estava encharcada de suor, mas de alguma forma se forçando para ficar calma.

Da mesma forma, os olhos castanhos de Lili tiveram um efeito calmante em Bell e Welf. Eles estavam começando a ficar desesperados, e ainda assim a pequena Pallum, com quase metade do tamanho deles, conseguia manter a cabeça fria. Os dois assentiram e abaixaram seus corpos para o chão.

Assim como Lili havia proposto, os três pararam para respirar e começaram a tentar descobrir o que fazer a partir dali.

“Primeiro, quantos itens de cura temos? Lili tem quatro poções e dois antídotos. E o Sr. Bell? Sr. Welf?”

“Eu não tenho nada.”

“Ainda tenho algumas poções no coldre em minha perna.”

Lili tirou as poções da mochila e as passou para os outros. Ela manteve apenas uma para si. Pensando no caminho a frente, Welf estava com a maior necessidade de poção de cura.

“E as armas? Lili perdeu sua arma de arco durante a queda. A espada do Sr. Welf está bem…”

“Bell, você perdeu a espada curta, o escudo e a espada larga?”

“S-sim.”

Bell estava ficando cada vez mais ansioso enquanto a conversa deles continuava.

Os três estavam sentados em um pequeno triângulo no final de um túnel com apenas uma saída. Não havia para onde correr se os monstros os encontrassem. Além disso, eles não tinham ideia se os monstros poderiam surgir das paredes que os cercavam e, mesmo que soubessem, não saberiam dizer quando o fariam. Bell fez tudo o que pode para não expressar o medo que estava em seu peito. Welf e Lili estavam sem dúvida fazendo o mesmo.

Eles mantiveram a voz baixa para evitar atrair atenção. Bell pôs a mão atrás das costas e procurou pelas bainhas de suas duas armas, a <Faca de Hestia> e Ushiwakamaru.

“Mas as minhas duas facas estão aqui.”

“E a lã da salamandra ainda está aguentando.”

“Ok… Levando todas essas informações em consideração, Lili acredita que nossa melhor chance de voltar a superfície vivos é evitar o combate com monstros, se possível. Somente lutar se não tivermos escolha.”

Bell estava ajoelhado no chão enquanto Welf estava sentado no cascalho frio, com a perna ferida esticada. Um nova onda de suor escorreu por seu rosto quando Bell o apoiou, mas ele assentiu em acordo.

Sentada na frente deles, Lili respirou fundo outra vez e criou coragem para dizer o que a estava incomodando todo esse tempo.

“Sr. Bell, Sr. Welf, por favor, ouçam atentamente. Este é apenas o instinto de Lili, mas… este poderia muito bem ser o décimo quinto andar.”

” ” …! ” ”

Suas mandíbulas ficaram frouxas quando Lili continuou sua explicação.

“Considerando o tempo em que estávamos caindo, é possível termos descido dois andares. A julgar pela cor das paredes, a largura dos túneis, a falta de luz e complexidade do layout da Dungeon, esta área parece mais com o décimo quinto do que com o décimo quarto ou décimo terceiro andar.”

Bell se lembrou de também ficar surpreso com o tempo que a queda levou. Isso foi mais do que suficiente para convencê-lo de que ela estava certa.

Isso significa que o caminho para a superfície se tornou surpreendentemente grande. Esta já era uma situação desesperadora se eles estivessem no décimo quarto andar, mas agora eles teriam que andar pela Dungeon e encontrar o caminho correto no décimo quinto, décimo quarto e décimo terceiro andares para atingir os níveis superiores. Na condição deles, isso era impossível. Todos estão com muita dor física e exaustão, enquanto isso teriam que enfrentar monstros fortes e terrenos complexos.

Isso é xeque-mate. As palavras vieram do fundo da mente de Bell, uma onda de medo frio lavando seu corpo.

Lili respirou fundo e continuou.

“Essa é a parte importante. É verdade que nossas chances de sobrevivência continuam muito baixas. No entanto, temos outra opção abaixo de nós… podemos nos esconder no décimo oitavo andar.”

Bell não entendeu direito o que ela disse a princípio.

Lili continuou sua explicação.

“O nível dezoito é um dos poucos andares na Dungeon onde monstros não podem nascer — um ponto seguro. É usado como uma área de preparação para expedições indo para os níveis mais baixos e além. Lili acredita que estaremos seguros se pudermos chegar lá.”

Em uma Dungeon infestada de monstros, havia muito poucas áreas que podiam ser consideradas “seguras”. Os aventureiros haviam aprendido ao longo dos anos que nenhum monstro saia das paredes no décimo oitavo andar, e então eles usam como uma área de descanso.

O décimo oitavo andar era o primeiro ponto seguro na Dungeon depois de entrar no primeiro andar, por isso era altamente provável que aventureiros mais fortes do que eles estivessem lá agora. Se eles pudessem de alguma forma participar de um grupo que estava voltando a superfície, isso garantiria a eles uma passagem para casa em segurança.

“L-Lili, espere um segundo. Não temos ideia se conseguiremos sair desse andar. Se formos mais longe…”

“Nós vamos usar os buracos. Existem centenas deles, e todos eles levam para baixo. Com boa sorte, podemos chegar ao nosso destino rapidamente. Nós estamos perdidos. Lili acha que temos uma chance muito melhor de encontrar um dos buracos do que uma escadaria que leva para cima.”

A lógica da Lili fazia sentido. Bell não tinha contra-argumento e limpou sua garganta.

Welf lutou contra a dor na perna por tempo suficiente para abrir os olhos, encontrar o olhar de Lili e fazer uma pergunta.

“O que fazemos com o chefe do andar? Não é aquele desgraçado maciço do nível dezessete?”

Mesmo quando se depara com o pensamento de um dos monstros mais poderosos da Dungeon, Lili já tinha uma resposta pronta.

“No dia em que o Sr. Bell matou o Minotauro… Duas semanas atrás, a <Família Loki> tinha iniciado uma expedição. Para proteger um grupo tão grande, eles devem ter derrotado o monstro em vez de tentar evitá-lo.”

“C-como você sabe?”

“Lili ouviu dizer que o chefe de andar do nível dezessete, Golias, está localizado em frente a entrada para o décimo oitavo andar. A <Família Loki> possui muitos aventureiros poderosos. Seria mais fácil para eles como um grupo se o chefe do andar estivesse fora do caminho.”

Lili continuou explicando que deixar o Rei dos Monstros intocado coloca os aventureiros de nível inferior de seu grupo em perigo.

“Golias reaparece a cada duas semanas… Há uma chance de chegarmos ao décimo oitavo andar antes que ele renasça.”

Ainda pode haver tempo para passar pelo chefe de andar do nível dezessete se eles se moveram rapidamente.

Isso é o que Lili estava sugerindo.

“Você está falando sério…?”

Não para cima, mas para baixo.

Isso significaria se colocar em mais perigo a fim de ir para casa em segurança.

Welf ficou sem palavras com o olhar sério no rosto de Lili.

Ele olhou para ela com uma mistura de choque e reverência, por ela ser capaz de apresentar uma estratégia tão ousada nessas circunstâncias.

Bell também olhou para ela e se perguntou quanta coragem e espírito poderia caber em um corpo tão pequeno.

“… Esta é apenas uma opção. Como o Sr. Bell e o Sr. Welf disseram, tentar encontrar uma maneira de subir é a rota mais segura. Há uma chance de encontrarmos outro grupo de batalha apenas andando por aí.”

No entanto, isso seria completamente ao acaso.

Embora fosse fácil encontrar aventureiros de nível inferior nos níveis superiores, os aventureiros da classe alta fortes o suficiente para rondar os níveis intermediários eram poucos e distantes entre si. Para piorar, o layout dos níveis intermediários incluíam o entrelaçamento de túneis superiores e inferiores, enquanto o chão era apenas um labirinto plano e circular. Levaria uma considerável quantidade de sorte para encontrar alguém. Foi por isso que Lili mencionou que aventureiros de alto nível se reúnem no décimo oitavo andar.

Lili ficou em silêncio por um momento, antes de olhar para Bell com determinação inabalável.

“Sr. Bell é o líder deste grupo. Lili deixa a decisão final com você.”

De repente, todo o ar deixou os pulmões de Bell.

As palavras dela acenderam um fogo dentro da barriga dele que era mais quente do que qualquer coisa ele sentiu naquele dia.

Cada poro em sua pele se abriu; suor frio escorria por seu rosto.

Bell olhou para Welf. O jovem estava fazendo uma careta de dor, mas encontrou seu olhar e deu um sorriso.

“Você decide. O que você escolher, eu não vou me opor.”

Essas palavras mostraram o quão profundo era seu vínculo de confiança.

E ao mesmo tempo, elas fecharam qualquer meio de fuga que Bell tivesse de tomar essa decisão.

Sua frequência cardíaca acelerou.

Líder do grupo… Ele era o único que poderia desempenhar esse papel.

Lilly, a suporte, e Welf, o ferreiro, emprestavam seus talentos e habilidades para Bell, o aventureiro. Ele era o líder, sem dúvida.

Ele não tinha escolha senão enfrentar esse desafio.

… !!

Seu coração continuava acelerado. Era como se fosse se despedaçar nesse ritmo.

Esta decisão determinaria o destino de seu grupo. Ele nunca sentiu tanta pressão antes. Suas próximas palavras determinariam se seus amigos viviam ou morriam.

O medo de perdê-los fez seus joelhos tremerem. Ele queria chorar, correr para longe, pedir perdão e se esconder de sua responsabilidade.

No entanto — por trás de todo esse medo e ansiedade, ele entendeu que era o trabalho do líder do grupo tomar decisões como essa.

Um aventureiro solo nunca sentiu essa pressão. Todo membro de um grupo de batalha tinha que confiar no líder com suas vidas.

O oposto também era verdadeiro. Bell tinha que confiar em Lili e Welf com sua vida. São eles que protegem seu ponto cego e que cobrem suas costas. Ele tinha que ter a máxima fé neles.

Eles o escolheram e acreditaram nele. Seria um desrespeito abandonar aliados que o tinham em tão alta estima. Se houvesse um momento para provar a eles que ele era digno de sua confiança, o momento é esse.

Bell apertou as mandíbulas e cerrou os punhos. Ele respirou o mais profundo que pode para se firmar.

Ele construiu a coragem. Agora tudo o que restava era tomar a decisão.

Volte para trás ou siga em frente.

Confie na sorte ou siga seu próprio caminho.

Para ir em uma aventura ou não.

Bell fechou os olhos por um momento — então os abriu.

Ele olhou para cada um dos membros de seu grupo com confiança e disse:

“Vamos continuar.”

O relógio na parede mostrava que era início da noite.

Hestia estava parada na Farmácia Azul, casa da <Família Miach>.

Eles vendem poções e outros itens de cura neste edifício de madeira. Como muitos aventureiros vem aqui, funcionou bem como local de reunião para começar a missão. Os preparativos para resgatar o grupo de batalha de Bell começou.

Juntamente com Hestia, Miach e Nahza, a deusa de cabelos vermelhos Hephaistos também estava presente.

Em frente a eles estava Takemikazuchi, com os longos cabelos presos em três lugares: nas laterais da cabeça e na parte de trás. O resto de sua <Família> estava de pé atrás dele, incluindo Mikoto.

“Minhas desculpas, Hestia. É muito possível que meus filhos sejam parte da razão pela qual o seu ainda não voltou.”

“…”

Hestia cruzou os braços, fechou os olhos e desviou o olhar. Mikoto e os outros estavam atrás dele, silenciosamente olhando para o chão como se estivessem se arrependendo.

A manobra de passagem da <Família Takemikazuchi > no décimo terceiro andar.

Mikoto e os outros aventureiros haviam retornado com segurança a sua casa na hora em que Hestia veio procurar informações sobre Bell. Eles ouviram tudo — como Bell e seus aliados estavam vestidos, suas feições, sua formação — e perceberam o que tinha acontecido. Eles não esconderam nada de seu deus e lhe contaram tudo, seus rostos pálidos.

Takemikazuchi entendeu que eles estavam em uma situação desesperadora, mas ele não teve escolha senão pedir desculpas pelo que seus seguidores haviam feito. O silêncio de Hestia foi ensurdecedor quando ela percebeu que eles eram mais do que provavelmente a causa do desaparecimento de Bell.

Por fim, Hestia abriu os olhos azuis e fez contato visual com o crianças do outro lado da sala. Miach e Hephaistos estavam ao lado dela.

“Se Bell não voltar, guardarei rancor contra todos vocês como vocês nunca acreditariam. Mas eu não vou os odiar. Eu prometo.”

Mikoto ficou boquiaberta com as palavras de Hestia.

Os corações da <Família Takemikazuchi> foram tocados por essa deusa que, apesar de sua angústia, foi capaz de olhá-los com olhos resolutos e mostrar tolerância. Foi a primeira vez que alguém que não era seu próprio deus teve tal impacto sobre eles.

Hestia os perdoou e fez um pedido.

“Por enquanto, vocês estariam dispostos a me ajudar?”

” ” — Por nossa honra.” ”

Todos os seis membros da <Família Takemikazuchi> se ajoelharam rapidamente, antes de abaixar a cabeça na direção dela.

Takemikazuchi e Miach foram surpreendidos por este grupo de crianças decididas, que liderados por seu líder, Ouka, queriam retribuir a bondade que Hestia tinha lhes mostrado.

Enquanto isso, Hephaistos sorriu quando sua amiga deu a essas crianças uma oportunidade de reparar seu erro.

“Vamos prosseguir? O tempo é essencial.”

Miach deu um passo a frente enquanto falava. Hestia assentiu em resposta.

“Esta é uma equipe de busca, certo? E sabemos que o garoto de Hestia ainda está vivo?”

“Sim, ele está. Hephaistos, e o seu, Welf?”

Desta vez, foi Takemikazuchi quem fez a pergunta. Hestia respondeu e depois se virou para Hephaistos. A deusa fechou seu olho descoberto e coçou o queixo por um momento antes de responder. Como usar seu poder divino, Arcano, não era uma opção, ela escolheu observar o número total de “contratos” ativos, em vez de encontrar um específico, para economizar tempo.

“Espere só um momento. Muitas crianças têm minha bênção, então sentir apenas uma é bastante difícil… Sim, ele provavelmente está vivo. O número de vínculos que tenho com meus filhos não diminuiu.”

Agora Miach tinha uma pergunta para ela.

“Algum de seus filhos pode nos ajudar, Hephaistos?”

“Atualmente, muitos dos meus estão ajudando a expedição da <Família Loki>… Todos que poderiam chegar tão longe já estão lá agora. Os que estão disponíveis no momento não durariam muito nos níveis intermediários.”

Hephaistos se virou para Hestia e pediu desculpas, mas Hestia balançou a cabeça para dizer a ela que estava tudo bem.

“Parece que temos que contar com o grupo de Take afinal.”

“Por mim está tudo bem… Ouka e Mikoto vão com certeza… Chigusa, você pode acompanhá-los como suporte?”

“S-sim.” Uma garota cujos olhos estavam cobertos por sua franja acenou para ela com o pedido de seu deus.

Ouka e Mikoto eram os únicos aventureiros de classe alta da <Família Takemikazuchi > — os únicos que atingiram o nível 2. A garota chamada Chigusa ainda estava no nível 1, então ela seria colocada como suporte para fornecer aos outros armas e poções.

Eles eram os melhores que a <Família> tinha a oferecer, então eles foram selecionados para formar a equipe de busca.

“Ouka é o único que tenho que pode se defender contra qualquer coisa nos níveis intermediários. Os outros apenas ficariam para trás.”

“Acho que o mais importante para uma equipe de busca é a velocidade…”

“Eu concordo com Nahza. Se sacrificarmos a velocidade ao tentar elevar nossa força, será tarde demais.”

“Então isso significa que estamos dependendo desses três…?”

Nahza, que já quase morrera nos níveis intermediários, acrescentou sua opinião e foi apoiada por Hephaistos. As palavras saíram da boca Hestia quando ela novamente cruzou os braços na frente do seu grande peito.

Foi quando eles chegaram.

” — Vou me juntar a você, Hestia!”

A porta da frente foi aberta para revelar um deus encantador parado na entrada.

“Hermes?! O que você está fazendo aqui?!”

“Grande saudação, Takemikazuchi. Claro, estou aqui para ajudar minha amiga.”

Hermes deslizou para o meio da sala sob o olhar vigilante de Miach e Nahza, e sorriu para Takemikazuchi. Sua seguidora Asfi, entrou silenciosamente atrás dele.

“Olá, Hestia. É bom te ver!”

“Hermes… Por que você está aqui?”

Hestia usava a mesma expressão de confusão que todos ao seu redor. Hermes caminhou até ela com o mesmo sorriso elegante em seu rosto.

Ele enfiou a mão na jaqueta e tirou uma folha de papel — um formulário de missão da Guilda.

“Você está com problemas, não está?”

“…”

Hermes acenou suavemente o papel na frente dela. As palavras ENCONTRAR BELL brilharam diante de seus olhos.

Hestia tentou responder, mas nenhuma palavra saiu.

“Por que você quer ajudar Bell Cranel, Hermes? Diga o que você está planejando.”

“Ei, ei, Takemikazuchi. Eu sou o primeiro e único Hermes, sabia? Quando um dos meus amigos estiver em necessidade, farei tudo o que puder para ajudá-los.”

“Hermes, esta é a primeira vez que você vê Hestia desde que ela chegou a este mundo, não é?”

“Ha-ha, Hephaistos, Miach, vocês não estão sendo um pouco severos?”

Além dos olhos atentos de Takemikazuchi, Hermes estava agora sendo reconhecido pelas outras duas divindades na sala. Eles não foram enganados pelo seu charme. Nahza, Mikoto e os outros humanos foram completamente ignorados quando o drama se desenrolou na frente deles.

Hermes soltou sua tagarelice alegre por um momento e falou em um tom de voz sério pela primeira vez desde que ele chegou.

“Mas meu desejo de ajudar Hestia é real. Eu quero salvar Bell.”

Ele abriu os braços e sorriu seriamente para cada um deles.

“Que tal, Hestia?”

“…”

Hermes se virou para encarar Hestia por último. Sorrindo e com os olhos estreitos, a divindade encantadora encontrou o olhar dela diretamente.

Ela olhou para os olhos alaranjados dele por alguns momentos antes de soltar um pequeno “Hmph”.

“Tudo bem… vou aceitar sua ajuda, Hermes.”

“Ótimo! Você pode contar comigo!”

O sorriso encantador de Hermes retornou depois que Hestia aceitou sua oferta.

De volta ao seu estado habitual, ele caminhou até Miach, que o estava encarando e lhe deu alguns tapinhas no ombro.

“Você tem certeza, Hestia?”

“Resgatar Bell e o seu grupo é a nossa primeira prioridade. O fato é, precisamos de mais pessoas.”

“… Ok, se você diz.”

Takemikazuchi, mantendo seus olhos fixos em Hermes, inclinou-se para perto de Hestia e sussurrou em seu ouvido. Ela respondeu o mais silenciosamente possível.

Ele decidiu manter a boca fechada por enquanto e fazer o seu melhor para trabalhar com Hermes.

“Isso significa que os seguidores de Hermes podem se juntar a nós… Isso será o suficiente?”

“A maioria das crianças de sua <Família> não está no nível dois, Hermes?”

“Sim, que tal, Hermes.”

“É como você disse, Hephaistos. Infelizmente, a maioria deles está fora da cidade a negócios — é por isso que estou trazendo a Asfi comigo! Ela é meu às; não há nada a temer!”

A <Família Hermes> foi registrada como uma família do tipo Dungeon. Ao mesmo tempo, muitos de seus membros estavam envolvidos em outros tipos de negócios. Eles eram famosos como uma <Família> que se envolvia com tudo. A Guilda atribuiu-lhes uma classificação F.

Escolhendo acreditar na afirmação de Hermes de que o alcance da Dungeon de Asfi inclui o décimo nono andar, Miach e os outros deuses decidiram deixá-la se juntar a equipe de busca.

A garota deu um suspiro pesado, percebendo que seu deus acabara de incluí-la no grupo.

“Partimos assim que os preparativos estiverem completos. Algum momento mais tarde essa noite?”

“De fato, assim será melhor.”

“Ouka, Mikoto, Chigusa. Certifiquem-se de estarem prontos.”

” ” ” Sim, meu senhor! ” ” ”

Algo ocorreu a Asfi enquanto Hephaistos e os outros deuses estavam falando.

Ela foi para o lado de Hermes e disse em voz baixa:

“Lorde Hermes… Agora mesmo você disse que estava me levando junto. Não me diga que você está planejando…”

“Claro. Eu vou com você.”

Os óculos de prata de Asfi deslizaram até a ponta de seu nariz. Ela o empurrou de volta ao lugar com o dedo.

“Não é proibido aos deuses entrarem na Dungeon?”

“Isso significa apenas que não podemos divulgar nossa presença, certo? Qual é o problema? Só preciso entrar e sair antes que a Guilda saiba que estou lá. Eu disse isso antes, não é? Eu quero salvar o Bell.”

“Não me diga que você planejou isso o tempo todo…!”

“Ha-ha-ha! Vou precisar da sua proteção, Asfi.”

As sobrancelhas de Asfi se arquearam e ela inchou as bochechas em frustração, enquanto Hermes ligou o seu charme novamente com um sorriso cheio de dentes. De repente — whap!

Hestia acabou de ouvir a conversa deles. A cabeça dela se virou tão rápido que todos na sala puderam ouvi-la.

Seus rabos de cavalo ganharam vida como se fossem guiados por seu mestre e se enrolaram no pescoço de Hermes.

“Gaoh ?!”

” — me leve com você, Hermes.”

A divindade se curvou para trás enquanto os cabelos de Hestia o puxavam. Asfi deu um pulo de surpresa.

Hestia se aproximou do rosto dele, o cabelo dela não o deixava dizer nada.

“Eu vou salvar Bell. Eu não posso simplesmente sentar aqui e não fazer nada enquanto os outros estão lá fora procurando por ele.”

“Es-espere um momento, Hestia! Acalme-se!”

Hermes tinha conseguido se libertar do cabelo o suficiente para conseguir falar. Ele virou o corpo para encará-la.

Ele fez contato visual com ela mais uma vez e tentou convencê-la a ficar para trás.

“A Dungeon é muito perigosa. Sem nosso poder, um golpe de monstro e nós estaremos mortos. Mas acima de tudo — o que aconteceria se você fosse descoberta?”

“Você acha que eu não sei disso?” Respondeu Hestia secamente.

“Você vai mesmo depois de eu dizer tudo isso, não é?”

“Um ou dois deuses não farão tanta diferença.”

“Ummm…”

“Estou indo, entendeu?”

O tom forte de Hestia deixou Hermes sem palavras.

Um olhar derrotado surgiu no rosto de Hermes enquanto ele se deparava com o fato de que ela não seria influenciada.

“De alguma forma, eu não estou surpreso…”

“Não faça nada imprudente, ok?”

Assim como Hermes, Hephaistos e Takemikazuchi ficaram chocados com a declaração de Hestia e só podiam fazer uma careta. “Estou bem!” ela disse, ignorando completamente a preocupação de seus amigos. A deusa estava pegando fogo por dentro; ela mesma ia salvar Bell.

Miach também estava prestes a expressar sua opinião, mas foi Nahza quem avançou.

“O que é isso, Nahza?”

“Lady Hestia, aqui… ”

Ela entregou a Hestia uma bolsa cheia de frascos, com uma grande quantidade de poções.

A expressão de Hestia se suavizou enquanto ela olhava para os frascos com líquidos vermelhos, azuis e verdes.

“Isso é tudo o que posso fazer… desculpe por não poder me juntar a você…”

“Isso é mais do que suficiente. Obrigado Nahza.”

Reconhecendo o trauma que a garota Chienthrope tinha com os monstros, Hestia aceitou a bolsa. O olhar de Nahza caiu enquanto ela pedia desculpas, mas Hestia apenas sorriu de volta para ela.

“Eu também tenho algo para você.”

“Oh? Ohhh?!”

Hephaistos estendeu uma embalagem longa e fina embrulhada em pano branco. Era surpreendentemente pesada — tanto que Hestia quase perdeu o equilíbrio quando ela estendeu as mãos para pegá-lo.

Parte do tecido caiu quando Hestia mexeu os pés para ficar em pé. Um pedaço de uma lâmina vermelha escura apareceu. Embora a própria lâmina fosse grossa, não parecia afiada o suficiente para cortar nada.

“Hephaistos, o que é isso…?”

“Aquele garoto, Welf, conseguiu. Eu tenho guardado isso por ele.”

A Deusa da Forja de cabelos ruivos, observou Hestia dar um olhar mais de perto na arma.

“Você pode usá-lo se precisar… Por favor, entregue-o para Welf assim que o encontrar. Além disso, diga a ele para parar de comprometer seus aliados por causa de seu orgulho.”

Hestia assentiu lentamente com as palavras significativas de Hephaistos.

De qualquer forma, Hestia ficou grata pelo apoio de seus amigos. Os outros deuses na sala sorriram e acenaram para ela.

Enquanto isso.

“Bem, isso complica as coisas…” Hermes murmurou para si mesmo de fora do círculo de suporte de Hestia.

Observando todos os bons sentimentos circulando, Hermes se inclinou na direção de sua seguidora que estava de pé ao seu lado e fez uma pergunta.

“Asfi, você acha que pode proteger nós dois?”

“O grupo de batalha de Takemikazuchi estará lá também, mas… eu não tenho garantias de eles conseguirem acompanhar.”

Asfi lhe disse com a maior sinceridade que ela seria capaz de proteger ele, mas não poderia se responsabilizar pelo bem-estar de Hestia. A equipe de busca não era forte o suficiente.

Hermes refletiu sobre as palavras dela por um momento antes de expirar pelo nariz por muito mais tempo que o necessário.

“Talvez eu deva encontrar mais ajuda.”

 

O sol estava se pondo no oeste, tingindo o céu com uma luz vermelha.

É por volta dessa hora que os aventureiros terminam o dia e saem da Dungeon. Como muito dos outros bares da região, a equipe da Senhora da Abundância estava trabalhando duro para se preparar para os cliente daquela noite.

Humanos e pessoas gato estavam correndo por todo o estabelecimento, limpando e organizando tudo atrás de uma porta de madeira com o sinal FECHADO pendurado na frente. Alguns deles estavam carregando mesas redondas e cadeiras; outros estavam comprando ingredientes para abastecer a cozinha. Era como um campo de batalha por si só.

As orelhas compridas e pontudas de uma certa elfa foram iluminadas pela luz vermelha vinda da janela, enquanto ela passava um pano pela superfície do balcão do bar.

As orelhas de Ryuu saltaram quando ela ouviu um leve tilintar atrás dela. Alguém tinha acabado de abrir a porta da frente.

“Desculpe, eu vou entrar.”

Uma divindade magra entrou no bar.

A luz avermelhada do lado de fora se misturou com seus cabelos alaranjados, criando um brilho enferrujado em torno dele nas primeiras horas da noite.

Hermes sorriu de orelha a orelha enquanto entrava no prédio, Asfi atrás dele.

“Sinto muito, Lorde Hermes. Ainda não estamos abertos. Você pode voltar daqui a pouco?”

“Desculpe por atrapalhar, Runoa. Eu vou fazer isso rápido.”

Hermes passou pela garota humana Runoa e seguiu direto para o seu alvo pretendido.

As outras garçonetes pararam o que estavam fazendo e o seguiram.

Hermes finalmente parou no meio do bar, diretamente na frente de Ryuu.

“… você quer falar comigo?”

“Muito mesmo. Eu preciso de um favor, Ryuu.”

Asfi parou ao seu lado quando Hermes abriu os olhos mais do que o usual.

“Tem uma missão que eu gostaria que você aceitasse — preciso do ‘Leão da Ventania.”

Esse tinha sido o apelido de Ryuu durante seu tempo como aventureira. Ela tinha uma reputação selvagem.

A tensão no bar aumentou instantaneamente.

A divindade e sua seguidora foram instantaneamente cercados por um chiado sinistro. As pessoas gato Ahnya e Chloe, assim como Runoa e a outras garçonetes, estavam olhando furiosamente para eles.

Não havia escapatória. As mãos de Asfi ficaram instantaneamente suadas por causa da pressão terrível de todos os olhos apontados em sua direção. Toda a equipe da Senhora da Abundância agora os via como inimigos que precisavam ser eliminados.

O brilho vermelho das janelas intensificou a atmosfera perigosa.

“Você está me ameaçando?”

As sobrancelhas finas de Ryuu se curvaram para baixo enquanto seus olhos se fixavam no deus em pé na sua frente.

Pouquíssimas pessoas conheciam sua história, e ameaçar torná-la pública servia como uma boa chantagem. Ela tinha que saber.

Hermes levantou as duas mãos dizendo: “Não, não, essa não minha intenção” para a elfa enquanto ela vinha em direção ao rosto dele.

“Há um garoto… Bell Cranel, que precisa ser salvo.”

“… O que você quer dizer com isso?”

Hermes explicou a situação de Bell, e que ele queria que ela se juntasse a equipe de busca.

Os olhos azul-claros de Ryuu se suavizaram por um momento enquanto ela ouvia, mas de repente eles se aguçaram novamente.

“Por que você veio até mim?”

“Estamos levando algumas ‘bagagens’ que precisam ser protegidas e não podemos contar com outros deuses para protegê-las. Então, eu preciso de alguém forte, mas não vinculado às regras de uma <Família>. Você é a única que eu conseguia pensar… E então…”

Hermes interrompeu o contato visual e olhou para o canto da sala.

“Você é amiga de Syr, certo?”

Uma garota de cabelos prateados estava parada, estupefata, na porta que dava para o cozinha atrás do bar.

Ela chegou bem a tempo de ouvir o que estava acontecendo com Bell. A expressão de Ryuu se contorceu quando ela viu o olhar no rosto de sua amiga.

As pontas dos lábios de Hermes se curvaram para cima. Ele sabia que aquela última frase era muito mais convincente do que qualquer outra coisa até agora. Ele ganhou.

“Partimos às oito. Junte-se a nós; nós estaremos esperando por você.”

Hermes se inclinou para a orelha dela e sussurrou essas palavras pouco antes de sair.

O deus se virou e caminhou em direção a porta, escoltado por um série de olhares assassinos enquanto ele saia do bar com Asfi logo atrás.

“Ryuu.”

“Syr…”

Ryuu observou Hermes partir, uma expressão de puro ódio em seu rosto. Ela apenas desviou o olhar quando sua amiga veio ao seu lado. Syr parecia fisicamente doente quando fez contato visual com a elfa.

Um momento de silêncio passou.

“Sinto muito, Ryuu. Salve ele. Salve Bell.”

Ryuu olhou profundamente para os olhos prateados de Syr.

Ryuu podia ver claramente o medo de perder alguém especial, bem como uma grande quantidade de desamparo. Ela era particularmente sensível às emoções humanas. Syr estava tremendo, praticamente implorando para ela ir. Ryuu forçou um sorriso.

“Estou em dívida com você, Syr. Não posso recusar o seu pedido. E eu também,” Ryuu continuou, “não desejo a morte de Bell Cranel.”

Sua voz era clara e firme.

Syr se curvou repetidamente, se desculpando várias vezes e, finalmente, ofereceu seus sinceros agradecimentos.

As outras garçonetes que assistiram a tudo se reuniram-se em torno de Ryuu. Ahnya e as outras deram suas próprias palavras de apoio.

“Deixe o bar conosco, miau! Vamos dizer a Mama que Ryuu teve uma dor de barriga e não pode trabalhar, miau!”

“É irritante que Lorde Hermes possa nos controlar assim… mas não há o que fazer.”

“Mya-ha-ha, Ryuu! Salve-o esta noite e ele vai lhe dever para sempre, miau!”

A boba Ahnya, a sorridente Runoa, a intrigante Chloe, e todas as outras membros da equipe disseram suas palavras de apoio uma de cada vez.

Até os cozinheiros enfiaram a cabeça para fora da cozinha para oferecer palavras de encorajamento.

Ryuu olhou para cada um deles, impressionada com o seu apoio. Por fim, ela sorriu e acenou fracamente para Syr. Sua voz tremeu quando ela disse:

“Me desculpe. Por favor, me cubra.”

 

Ryuu correu em direção a porta, desatando a faixa do uniforme ao longo da caminho.

O suor continua escorrendo pelo meu rosto e pingando pelo meu queixo.

Eu acho que parte disso tem a ver com o ar abafado aqui nos níveis intermediários. Claro, eu não tenho ideia se vou sair daqui vivo, mas essa umidade está me matando.

Infelizmente, não tenho escolha a não ser enfrentar o calor enquanto avançamos.

Eu ainda estou emprestando meu ombro para Welf. Fisicamente, meus olhos e ouvidos estão em alerta máximo. Mas mentalmente, estou rezando — quase lamentavelmente — para que nenhum monstro apareça. Lili está andando apenas alguns passos atrás, cuidando para que nada se aproxime.

Nós cobrimos muita distância desde que decidimos ir para o nível dezoito. Infelizmente, não encontramos nenhum dos buracos que levavam para baixo.

Eu faço o meu melhor para manter a calma e parar com os barulhos de fome que meu estômago fazia.

Estamos sozinhos neste túnel escuro — a única coisa que não podemos fazer é entrar em pânico. Todos nós estamos no limite, mas no momento em que cedermos ao medo será o começo do fim.

Chegamos a uma bifurcação no túnel, um caminho leva a esquerda e o outro caminho a direita. No final de nossa reunião, eu disse a todos que deveríamos ir para a direita sempre que tivermos que tomar uma decisão. Assim como concordamos, todos nós fomos para a direita.

Haa… haa… As pequenas respirações de Lili soam dolorosas atrás de mim. Aposto que ela está realmente cansada. O corpo de Welf está pressionado contra o meu. É realmente quente. Mas não podemos desacelerar, não importa quanta dor estamos sentindo.

“… Pequena L, você não pode fazer algo sobre esse cheiro?”

Welf inclina a cabeça e olha para Lili pelo canto do olho.

Eu dou uma olhada por cima do meu outro ombro. Os olhos de Lili brilham com a pergunta de Welf — talvez ela tenha perdido a vontade de discutir.

“Por favor, aguente… Lili está apenas dizendo, mas o cheiro é muito pior aqui atrás.”

O “cheiro” de que eles estão falando é proveniente de uma bolsa pendurada do pescoço da Lili.

É tão podre que quero arrancar meu nariz do rosto. É incrível eu poder segurar as lágrimas que estão brotando dos meus olhos.

“Esse fedor nos incomoda, mas é como respirar veneno para os monstros. Enquanto nada drástico acontecer, o cheiro nos protegerá enquanto durar.”

Assim como Lili explicou, esta bolsa de mau cheiro é chamada de “Morbul”, e é a principal razão pela qual ainda não encontramos nenhum monstro.

A coisa realmente funciona; Estou vendo os efeitos com meus próprios olhos.

Não importa quão poderosos sejam os monstros nos níveis intermediários, nenhum deles querem ter algo a ver com esse fedor.

“Você conseguiu isso de Nahza, se bem me lembro…”

“Sim, Lili pediu sua ajuda enquanto ainda estávamos trabalhando nos níveis superiores…”

Lili tentou várias vezes criar um item que repelisse monstros, mas falhou. Então ela pediu a ajuda de Nahza.

Nahza está muito familiarizada com os ingredientes encontrados fora de Orario. Enquanto ela os misturava com itens da Dungeon, ela acidentalmente o criou. Foi isso que eu ouvi.

“A propósito, Nahza caiu no chão e rolou depois de dar um cheirada de teste.”

… Aparentemente, o odor era tão ruim que a pobre Nahza estava esfregando o nariz contra tudo, tentando desesperadamente tirar o cheiro. Eu sinto muito por ela, apenas pensando sobre isso — na verdade, eu posso ver que deve ter sido excruciante.

De qualquer forma, a bolsa no pescoço de Lili nos permitiu evitar qualquer encontro com monstros. Considerando nossos suprimentos limitados e nossa condição física, estou feliz em aguentar o odor.

Claro, ouvimos alguns uivos vindos do fundo do túnel algumas vezes, mas eles se afastaram assim que estavam perto o suficiente para nos cheirar.

“…!”

A nossa frente.

As luzes de vários olhos vermelhos brilhantes perfuram a escuridão diretamente em nosso caminho.

Os monstros — Cães Infernais — nos tem em sua mira. Eu posso ver três deles, seus olhos pulsando com antecipação.

Eles pararam bem fora do alcance do cheiro, cerca de trinta metros. Eu posso vê-los agitando a cabeça, batendo os pés no chão. Eles estão se preparando para lançar seu ataque de fogo.

Merda! Eu me preparo.

Se tomarmos todas as suas bolas de fogo assim, estaremos acabados. Eu ouvi o corpo de Lili se enrijecer atrás de mim.

Arriscar mais lesões com um ataque frontal? Ou os acertar com a Flecha de Fogo primeiro?

Trinta metros… Posso chegar lá a tempo? Os Cães Infernais podem nos atingir com força total nessa distância? Eu não sei o que fazer! De repente —

“Parece que eu tenho que tentar… eu tenho isso.”

A voz de Welf chegou aos meus ouvidos.

Hã? Seu braço direito dispara para frente no momento em que olho para ele em confusão.

O tecido vermelho na manga de sua jaqueta faz um estalo alto quando ele estende a palma da mão em direção aos Cães Infernais, agachados a distância.

Ele profere um breve encantamento: “Praga Ardente”.

O ar na frente da mão de Welf ondula instantaneamente, criando ondas de choque visíveis enquanto elas crescem para a frente.

Uma torrente furiosa de chamas — ainda silenciosa de alguma forma — corre para engolir os Cães Infernais que estavam a meros segundos de lançar seu próprio ataque.

“Fogo-Fátuo”

Três explosões em um piscar de olhos — enquanto o próprio fogo dos Cães Infernais os consumiam.

“Ignis Fatuus?!”

A voz chocada de Lili ecoou através do túnel.

Eu também vi as chamas que os monstros estavam prestes a cuspir em nós — e as explosões repentinas que se seguiram. Eu estou com os olhos tão arregalados quanto ela. A fumaça começa a clarear. Todos os Cães Infernais estão no chão, seus olhos estão brancos.

Ignis Fatuus.

Um nome para uma explosão resultante da incapacidade de controlar sua própria magia.

Nos Tempos Antigos, antes que os deuses viessem a Terra, elfos e outros usuários de magias criaram seus próprios feitiços e tentaram lançar Magias.

No entanto, seus corpos estavam em risco até que sua magia assumisse uma forma física. Poderia literalmente explodir em seus rostos se eles tentassem forçar isso — algo muito semelhante ao que aconteceu com aqueles Cães Infernais.

Graças aos deuses e sua Graça Divina, as pessoas hoje em dia tem uma chance melhor de encontrar uma Magia que se adapte melhor às suas habilidades, bem como controlá-las. Fogo-Fátuo quase não acontece mais.

A possibilidade de isso acontecer com um monstro é quase nenhuma.

“Que tal isso, funcionou…”

“W-Welf, o que aconteceu?”

“Minha Magia é meio especializada. Pelo que vi, ela reage a poder mágico e o faz explodir.”

Fogo-Fátuo — Magia anti-magia.

Quando usado no momento correto, pode ser usado como contra-ataque de Magias ou ataques elementares que usam poder mágico, simplesmente acionando um Ignis Fatuus. Quanto mais forte o ataque mágico ou maior o poder mágico do usuário, maior será a explosão. De certa forma, poderia selar o poder da Magia.

Como um ferreiro que luta com armas em combates de curta distância, esse tipo de Magia é perfeita para Welf. Eu posso ver por que ele iria querer isso.

“Eu nunca tinha experimentado em um monstro antes, mas… Funcionou muito bem.”

Ele olhou para a surpresa no meu rosto e lançou um sorriso de dor.

Aparentemente, ele não estava brincando quando disse que era sua primeira vez usando em um monstro. Não há monstros nos níveis superiores que possam cuspir fogo como os Cães Infernais. Caramba, não há monstros lá em cima que pode fazer qualquer coisa que se pareça com Magia.

Então no décimo terceiro andar, quando estávamos prestes a ser assados, ele não saberia o momento certo para lançar sua própria magia. Antes tarde do que nunca.

O feitiço é muito curto, mas ele precisa de algum tempo para se preparar. Eu acho que a magia de Welf não é perfeita.

“Espere, você disse ‘em um monstro’… Isso significa que você o usou em pessoas?”

“Sim. Pedi a um dos caras da minha <Família> que me ajudasse. Virou um belo show.”

“… Sr. Welf, isso é…”

“Eu sei que não deveria ter tentado, mas tinha que saber o que fazia. E ele sabia que havia um pouco de risco, sem saber o que poderia acontecer… Mas sim, foi completamente minha culpa.”

O rosto de Lili ficou mais cada vez mais assustado durante a explicação de Welf, até ele finalmente fazer uma careta e admitir seu erro.

Apenas talvez, haja uma razão pela qual seus colegas membros da <Família Hephaistos> não gostarem dele, além do sangue Crozzo…

Mas nosso caminho está livre graças a ele. Temos outra maneira de manter os Cães Infernais a distância. Isso é grande.

Fazemos nosso caminho passando por seus corpos, os monstros morrendo na nossa frente. Eu posso ouvir suas fracas respirações, mas ele não fazem nenhum movimento para nos perseguir.

Fazemos o mesmo com os próximos monstros que encontramos.

Evitamos todos os ataques enquanto fazemos o possível para suportar o forte odor da bolsa em volta do pescoço da Lili. Eu uso a Flecha de Fogo em qualquer coisa que chegue muito perto de nós.

Welf cuida dos Cães Infernais. Agora que ele sabe o momento e a distância, qualquer um dos monstros que tentar usar seu ataque flamejante em nós, se tornará vítima de sua Magia anti-magia.

“Bem, aqui…”

“O que é isso? Uma poção?”

Pego um frasco cheio de um grosso líquido vermelho do coldre da minha perna e entrego para ele.

Ele bebe cerca da metade antes de abrir seus olhos em surpresa.

“Isso não é uma poção mágica. Eu me sinto mais leve.”

Eu dei a ele uma poção dupla. É mais uma das criações de Nahza.

Depois de andar todo esse caminho em basicamente uma perna e lançar muitos feitiços, ele devia estar sofrendo, mas parece que a poção fez efeito.

Eu dou um suspiro de alívio e explico para ele. Um sorriso genuíno cresce em seus lábios pela primeira vez em muito tempo.

“Essa coisa é boa. Você tem que me dizer onde eu posso conseguir mais.”

“Quando voltarmos, eu vou te levar lá quantas vezes você quiser…”

Eu sorrio de volta para ele enquanto ele me dá o resto da poção. Eu bebo o resto em dois goles.

Uma nova onda de energia passa pelo meu corpo. Minha mente e a força física não voltaram a ficar cheias, mas está muito melhor do que antes.

“… Sr. Bell, que tal compartilhar um pouco com a Lili?”

“Eh? Nós acabamos de terminar, não é? Não quero desperdiçar nada.”

“Não é justo, não é justo! Não é justo que apenas o Sr. Welf tenha ganhado um pouco!”

“Do que você está falando?”

Finalmente, uma conversa descontraída entre os membros do grupo. Um pouco da tensão se foi. Tendo cuidado para não baixar a guarda, nós nos permitimos relaxar um pouco.

Nossa jornada pela Dungeon continua, eu dando um ombro para Welf e Lili vigiando nossas costas.

Nós temos esperança enquanto colocamos um pé na frente do outro, até que —

“Há uma…”

Vejo um buraco no chão da Dungeon quando viro uma esquina. Está bem no meio do caminho neste túnel.

É quase como se estivesse separado dos outros caminhos que poderíamos seguir. Também é um buraco irregular e de aparência estranha.

Eu ajudo Welf até o buraco e nós dois olhamos para baixo. Lili não está muito atrás e confirma o que nós dois estávamos pensando — está conectado a um piso inferior.

A julgar por sua profundidade… provavelmente o décimo sexto andar.

Nós olhamos para longe do vazio escuro e trocamos olhares antes de assentir um para o outro.

Coloquei meu braço direito firmemente ao redor da cintura de Welf e meu esquerdo ao redor da mochila de Lili.

Todos nós respiramos fundo e pulamos.

 

Uma lua dourada pairava no céu.

O sol se pôs completamente, um lindo céu noturno se espalhou por Orario. Lâmpadas de pedras mágicas pontilhavam a cidade como jóias preciosas brilhando na noite.

As ruas estavam cheias de pessoas curtindo a companhia um do outro, milhares de pontos de luz ao seu redor. E no centro da cidade, um edifício pairava sobre o Parque Central.

Uma torre estava sobre a entrada da Dungeon. Babel.

Uma certa deusa desviou o olhar do andar mais alto da torre branca e se moveu em direção a uma porta.

Tup, tup. Seus sapatos atingiram o chão enquanto ela andava. Ela jogou seu cabelo prateado para trás com as duas mãos enquanto ela passava. “Eu fiz você esperar?”

Ela abriu uma grande porta de madeira depois de atravessar o longo corredor. A Deusa da Beleza — Freya — foi a primeira a oferecer uma saudação.

A sala estava decorada com longas estantes cheias de muitos itens caros e luxuosos. Seu subordinado favorito, Ottar, e outro deus com um de seus seguidores estavam reunidos aqui.

“Não, de jeito nenhum. Desculpe por ocupar seu tempo, Lady Freya.”

Hermes estava sentado em uma mesa bastante estranha projetada para se parecer com uma maçã. Ele a cumprimentou com um sorriso e uma voz jubilante. Asfi, no entanto, não conseguia esconder o seu nervosismo.

Freya olhou para os dois antes de se sentar à mesa com Ottar ao seu lado.

Cada um de seus movimentos era gracioso e cativante. O vestido preto dela revelou um enorme decote quando ela deslizou na cadeira, seu grande busto balançando. A cadeira chiou levemente quando ela se recostou, seu cabelo prateado roçando contra seu colar branco.

Asfi foi cativada por ela e corou em vermelho escarlate antes de evitar seus olhos. Embora sua seguidora tenha ficado completamente encantada pela beleza da deusa, Hermes continuou sorrindo da sua maneira encantadora.

As duas divindades estavam sentadas em lados opostos da mesa, com seus seguidores de pé atrás deles.

“Então, o que é?”

Freya optou por ignorar qualquer conversa fiada e foi direto ao ponto.

Ela se sentou com os ombros retos para ele, pernas sem cruzar, com um sorriso muito confiante em seus lábios. Os olhos estreitos de Hermes se arregalaram.

“Como tenho certeza de que você já sabe, Bell Cranel ainda não retornou da Dungeon. Hestia e eu estamos a caminho de ajudá-lo, Lady Freya.”

“E?”

“Então, eu vim aqui para fazer um pedido.”

“Por que você se incomodaria em vir até mim?”

A expressão de Freya não mudou. Ambos os deuses trocaram olhares e sorrisos.

“Você o protegeu, Lady Freya. No último Denatus, você protegeu Bell.”

“…”

“Ele é alguém digno da atenção de alguém tão bonita quanto você. Então você não pode me culpar por estar interessado.”

Dez dias atrás, neste mesmo edifício, durante a reunião dos deuses, Denatus, Freya realmente se impôs para proteger Bell. Mais especificamente, ela impediu Loki de tentar descobrir por que ele evolui tão rápido, apontando aos outros que era proibido investigar dados pessoais.

Freya tinha todos os deuses homens presentes no Denatus sob seu feitiço desde o início. Sua beleza era poderosa o suficiente para mantê-los em transe e fazer sua jogada sem que eles pensassem em suas motivações.

Hermes deveria ter sido um deles.

“Lady Freya, eu sou louco por você. No entanto, eu não estou tão confuso a ponto de não perceber algo bem debaixo do meu nariz.”

… Em outras palavras, ele estava agindo.

As outras divindades masculinas ao seu redor estavam sendo seduzidos com praticamente um olhar dela. Tudo o que ele precisava fazer era se misturar.

“Bem jogado”, ela sussurrou ao se lembrar do desempenho do deus encantador.

“Você está fazendo isso de maneira muito diferente do normal, mas duvido que mais alguém notou.”

O “estilo de recrutamento” de Freya era muito conhecido. Depois que encontra alguém que ela queira, ela faz sua jogada imediatamente.

Apesar de sua usual abordagem direta, ela ainda tinha que fazer a mesma coisa com Bell. A Freya que Hermes conhecia não teria perdido tempo.

Provavelmente, os outros deuses que foram atraídos pela beleza de Freya não teriam notado que o garoto estava no centro de sua mudança repentina de estratégia.

“Tudo bem, então”, disse Freya. Era inútil tentar manter as aparências, dado o quanto Hermes já sabia.

Ela parou de tentar esconder o fato de estar interessada no garoto e lançou seu olhar de prata para a divindade em frente a ela. Era o jeito dela de dizer vá direto ao ponto.

“Não tenho interesse em brincar com seu brinquedo. Eu só quero ver com meus próprios olhos o que ele pode fazer.”

Hermes assumiu uma expressão séria enquanto falava.

Em um piscar de olhos, seu rosto mudou para o de um mendigo na rua.

“Então, por favor — por favor, deixe minha <Família> em paz, Lady Freya?!”

“…”

Genuinamente surpresa com o pedido de Hermes, Freya sentou-se em silêncio por um momento, antes de olhar para ele como um verme patético indigno da sujeira em que vivia. Ela manteve essa expressão por um longo tempo e teve Hermes a beira das lágrimas.

As duas <Famílias> mais fortes de Orario pertenciam a Loki e Freya. E se Freya decidisse seriamente ir atrás deles, a <Família Hermes> seria exterminada em pouco tempo.

Era por isso que Hermes estava aqui — por segurança. Hermes aparentemente gostava muito de sua própria <Família>.

Ao mesmo tempo, ele não estava mentindo — mas também não estava dizendo a verdade.

Freya podia ver. Ela sabia que ele queria mais do que apenas testar o poder do garoto. Seus olhos se estreitaram, seu olhar foi ficando cada vez mais nítido… Mas ela parou.

Isso é tolice, ela suspirou para si mesma.

Ela percebeu que tentar destruir Hermes seria uma perda de tempo.

“Tudo bem, como você deseja.”

Freya decidiu concordar com seu pedido, mas prestar ainda mais atenção nele.

Estava claro para ela que Hermes não significava perigo a Bell.

O alívio percorreu os olhos repentinamente redondos de Hermes enquanto ele afundava em sua cadeira. “Você tem meus agradecimentos, Lady Freya! Eu lhe devo! Se você alguma vez precisar de algo, não hesite em perguntar! Não vou parar até…”

“No entanto.”

Freya se levantou, interrompendo Hermes no meio da frase.

Parando o seu charme, ela colocou a mão no ombro dele e inclinou-se para perto.

“Seria sensato se lembrar disso: o único permitido a jogar com ele sou eu.”

Sua voz encantadora encheu seus ouvidos.

O tempo parou. Uma onda de arrepios tomou conta da pele de Hermes enquanto todos os seus cabelos estavam arrepiados. Ele deu outro sorriso, assim que seus sentidos voltaram para ele.

“Claro… claro. Eu juro para você —”

“Isso é bom. Tenha certeza que sim.”

O rosto de Hermes brilhava com suor quando Freya se levantou com seu próprio sorriso encantador em seus lábios. Ela apontou para a porta com uma mão e deu um breve aceno de cabeça, como se dissesse: “Você pode sair.”

Hermes interrompeu as despedidas e aceitou a oferta. Freya assistiu ele e sua seguidora saírem pela porta. Asfi tinha sido tão intimidada pela presença de Ottar, que ela não falou uma palavra enquanto saiam. Hermes, no entanto, estava rindo de si mesmo, murmurando: “Pensei que estava morto por um momento lá…”

Clunk. As portas se fecharam atrás deles.

“Isso é aceitável para você?” Ottar se virou para Freya, uma vez que os outros dois estavam fora da sala e falou. “Apesar de tudo o que ele disse, as coisas podem se movimentar de modo que não podemos ver. Esta é apenas a minha opinião, mas… esse deus é muito suspeito.”

Freya riu baixinho para si mesma com o aviso direto de Ottar. “Eu vou lidar com isso quando a hora chegar.”

Ela deixou a mesa no meio da sala e caminhou em direção a uma grande janela.

O vidro longo e retangular ocupava a maior parte da parede daquele lado. Ela podia ver toda a paisagem noturna da cidade, com os pés banhados pelo luar.

“Ishtar está de olho em mim recentemente. Eu gostaria de evitar qualquer pergunta mesquinha… Se Hermes quiser fazer alguma coisa, tudo bem.”

Ishtar era outra deusa da beleza que havia participado do último Denatus. Freya se lembrou da pequena discussão que elas tiveram enquanto falava com Ottar.

Desde que ela possui o conhecimento que Hermes não irá machucar Bell, isso era o suficiente por enquanto.

Freya deu outro passo em direção a janela e olhou para baixo.

Todos os detalhes da cidade magnífica se espalharam embaixo dela. Ela podia ver todos os cidadãos cuidando de seus negócios, nada mais que grãos de areia a esta altura. As muitas luzes que ladeavam as ruas, misturadas como estrelas brilhantes no céu noturno.

Ela puxou a cabeça para trás quando algo chamou sua atenção.

As pessoas estavam se reunindo no Parque Central.

Freya riu para si mesma ao reconhecer o grupo do lado de fora do portão de Babel.

 

“Você está atrasado, Hermes!”

Hestia o repreendeu com raiva quando ele saiu da Torre de Babel.

Eles se reuniram em frente ao portão oeste da torre. A cortina da noite caiu sobre o Parque Central. O local era muito animado durante o dia, mas não havia quase ninguém agora. A grande abertura do parque estava terrivelmente quieta, e as árvores presentes estavam imóveis ao ar da noite.

Os preparativos da equipe de busca foram concluídos. Hestia ocultou o fato de que ela era uma divindade usando uma túnica de viajante longa e uma pequena mochila de suporte amarrada sobre os ombros. Na verdade, ela estava extraordinariamente parecida com a suporte Lili. Mikoto e o resto de <Família Takemikazuchi> estava reunida e pronta para sair a qualquer momento.

Hestia estava cansada de esperar. Hermes desceu os degraus da frente com Asfi ao seu lado e uma careta no rosto.

“Veja bem, eu tinha uma ponta bastante solta que precisava ser amarrada… Era mais fácil falar do que fazer.”

Sua expressão ficou em branco por um momento quando ele olhou para o ponto mais alto da Torre de Babel. Voltando a si mesmo, ele se virou para Hestia e sinceramente pediu desculpas pelo atraso.

Hestia sabia que o tempo era essencial e estava prestes a dar a ordem para entrar.

“… Lady Hestia.”

“!”

Mikoto se aproximou dela. Agora Hestia também percebeu.

Uma pessoa misteriosa emergiu da escuridão e estava andando em direção as meninas.

A figura usava uma capa com capuz que se estendia até a parte inferior das costas. A frente do capuz escondia grande parte do rosto do usuário; apenas os lábios eram visíveis. A julgar pelos shorts, botas até o joelho e delicadas pernas, essa pessoa era do sexo feminino.

Uma longa espada de madeira estava presa a um cinto logo abaixo da capa. Duas lâminas menores corriam pelos lados de suas coxas.

A fêmea, equipada com roupas de combate para aventureiros, não disse nenhuma palavra antes de parar na frente do grupo.

Mikoto se moveu para proteger Hestia, uma mão em sua katana. Hermes apenas riu.

“Ela está do nosso lado. E é bem forte. Não precisa se preocupar.”

Hestia lançou um olhar penetrante na direção de Hermes antes de dar uma olhada em seu novo suposto “aliado”.

Um par de olhos azuis surgiu por debaixo do capuz.

Com o aventureiro encapuzado se juntando a equipe de busca, o grupo fez seu caminho para a torre.

 

Para salvar Bell, Hestia e seu grupo entraram na Dungeon.

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