DanMachi Light Novel Capítulo 3 – Vol 08 - Anime Center BR

DanMachi Light Novel Capítulo 3 – Vol 08

 

Capítulo 3: Uma Canção de Amor para uma deusa da forja

“Finalmente, tudo está em ordem.”

A luz de uma lâmpada de pedra mágica tremeluziu na escuridão.

Duas sombras encapuzadas estavam frente a frente em uma pequena sala.

“Nossos soldados conseguiram entrar em segurança. Assim que terminarmos, eles podem se mobilizar a qualquer hora.”

“Muito bem…”

Uma voz era a de um homem cheio de entusiasmo; a outra, uma voz severa e solene de alguém muitos anos mais velho. Sua conversa particular continuou.

“Já sabemos onde ele está. Farei contato em um ou dois dias.”

“…”

O homem deu um passo para mais perto de seu companheiro silencioso.

“Não me diga que você está ficando nervoso.”

“…”

“É tarde demais para vacilar agora. Recebemos uma importante tarefa que nos leva diretamente a uma promoção por nosso Lorde. Esta pode ser a nossa última chance.”

“Estou ciente.”

O mais velho assentiu enquanto o mais jovem se inclinava em sua direção.

O homem ficou muito satisfeito com essa resposta. Sem perder um segundo, ele canalizou em palavras às numerosas emoções que corriam em suas veias.

“Devemos trazê-lo de volta. Aquele poder pertence a nós, e este lugar não é digno dele.”

“…”

“A glória perdida está mais uma vez ao nosso alcance.”

O homem mais velho permaneceu em silêncio durante todo o discurso apaixonado de seu companheiro mais jovem.

A luz da lâmpada lançava duas sombras longas e oscilantes na parede.

Chamas brilhantes enchiam o interior da forja.

Hephaistos observou atentamente o fogo vermelho-escuro, da mesma cor de seu cabelo.

Ela estava em uma oficina onde a grande forja, uma bigorna e várias ferramentas estavam prontas para uso.

Hephaistos, vestida com roupa de trabalho, parou com um martelo em sua mão. A haste de uma espada de prata já havia tomado forma em cima da bigorna, o metal ainda brilhando com o calor.

As chamas da forja iluminavam metade de seu rosto, incluindo o tapa-olho roxo em forma de bandagem.

Os golpes pesados ​​do martelo cessaram, deixando para trás apenas a crepitação do fogo.

“Então você está aqui?”

A porta da forja se abriu, seguida de perto por uma nova voz.

Uma corrente de ar frio veio de fora, fazendo as chamas tremularem e arruinando as condições perfeitas dentro da oficina. Hephaistos se virou para falar com sua visitante.

“Tsubaki.”

“Ouvi rumores de que você se trancou nesta oficina. Eu vim até aqui para te ver, e você nem mesmo está balançando o martelo. Então, o que você está fazendo?”

A mulher que entrou na oficina tinha longos cabelos negros amarrados atrás de seus ombros e pele morena.

Assim como Hephaistos tinha um tapa-olho sobre o olho direito, esta mulher tinha um tapa-olho sobre o esquerdo. Vestindo uma calça carmesim no estilo do Extremo Oriente que era chamada <hakama>, Tsubaki repreendeu Hephaistos pela falta de trabalho com o martelo.

Elas estavam na loja da <Família Hephaistos>, localizada na Rua Principal Noroeste. Não muito longe da Sede da Guilda que ficava na rua conhecida como Caminho dos Aventureiros, a loja era equipada com uma oficina no primeiro andar.

“Nada demais,” Hephaistos respondeu a sua seguidora.

“Você passou muito mais tempo aqui desde que o garoto Welfy foi embora, não é, minha senhora? Está um pouco solitária?”

“… Sempre fico triste quando uma criança sai do ninho. Isso vale para qualquer um, não apenas Welf.”

Tsubaki, obviamente desanimada com a condição de sua deusa, não mostrou medo em transmitir sua insatisfação. Hephaistos sabia que não fazia sentido tentar enganá-la e confirmou suas suspeitas sem rodeios.

A mulher observou enquanto a deusa dava os toques finais na arma, antes de começar a limpar o espaço de trabalho.

“Bem, então, alguma notícia?”

Liberando seu cabelo carmesim de suas restrições e se esforçando para sair de suas roupas de trabalho, Hephaistos se dirigiu a sua seguidora. A mulher acenou com a cabeça, seu longo cabelo preto balançando atrás da cabeça.

“Uma mensagem da Guilda e da <Família Loki>. Rakia tem uma trama em andamento desta vez, pelo que parece.”

A deusa estreitou o olho esquerdo enquanto ouvia Tsubaki explicar os detalhes.

“Então, os filhos de Hestia serão a isca…” A deusa parecia presa em um pensamento profundo enquanto o nome de uma amiga saia de sua língua. “Tudo bem então,” ela disse com um aceno de cabeça. “Faça exatamente o que a Guilda diz. Tsubaki, assuma o comando para mim.”

“Estava pensando em me esconder um pouco na loja, mas isso pode ser divertido. É isso aí, eu vou assumir o comando.”

Com isso, a mulher saiu da oficina com um sorriso malicioso no rosto.

Hephaistos a observou sair antes de voltar seu olhar para o canto da oficina.

As chamas ainda ardiam intensamente dentro da grande forja.

*****

O calor de uma forja atingia a lateral do rosto de Welf.

As chamas queimavam com a intensidade equivalente de sua própria paixão. O rosto do jovem estava coberto de suor, apesar do pano enrolado em sua testa. Com apenas o rugido da fornalha na oficina escura, Welf repetidamente bateu o martelo no metal em cima da bigorna.

Ecos metálicos reverberavam pelo ar. Chuvas de fagulhas se espalhavam pelo chão. Era uma batalha entre ele e seu ofício.

Seu olhar não se moveu do que estava diretamente abaixo dele. Completamente focado em moldar o metal, nada poderia distraí-lo de sua tarefa. Segurando um martelo carmesim em sua mão, ele simplesmente o guiou até o alvo.

Cada golpe do martelo deixava um rastro fino de luz vermelha através do ar, gerado por sua Habilidade Avançada, <Forja>. Ela permitia que ele colocasse um poder considerável em cada uma de suas armas e armaduras, tornando-as mais fortes à medida que ascendiam a níveis de qualidade inspiradora.

Batida! Batida! Seus ouvidos aprenderam a amar o som de metal contra metal. Cada impacto tinha um som ligeiramente diferente, e ele podia ouvir cada detalhe.

Era como se o metal estivesse falando com ele, guiando a próxima queda do martelo. Um sorriso cresceu em seus lábios antes que ele percebesse.

— Ouça as palavras do metal, ouça seus ecos, coloque seu coração no martelo.

De volta a um canto esquecido de sua memória, a voz de um velho de muitos anos atrás surgiu em seus pensamentos novamente. Ele tinha ouvido o mantra em uma oficina tão escura quanto esta. Com o cheiro de metal em suas narinas, Welf tinha sido nada mais do que um assistente.

Breves imagens daqueles dias passaram por sua mente enquanto Welf dava vida à melodia da forja. O metal quente dobrava à vontade de seu martelo, assumindo a forma de uma espada afiada enquanto sua paixão queimava tão quente quanto às chamas ao seu lado.

“Desculpe pela espera. Terminei seu pedido, uma katana.”

Uma luz vermelha suave emergia das venezianas de ferro abertas da oficina.

Uma pequena estrutura de pedra construída atrás de sua casa, a oficina estava quieta sob o céu noturno.

O sol estava quase se pondo no momento em que Welf terminou o que havia proposto. Ele chamou suas aliadas para irem ali, enquanto ainda usava sua jaqueta encharcada de suor.

Welf não tinha ido a Dungeon hoje para completar algumas tarefas. “Ooo!” vieram às vozes coletivas de Lili, Haruhime e Mikoto, com as bocas abertas de surpresa e entusiasmo.

“Me certifiquei de que as medidas correspondem a da sua antiga arma. É um metal sintetizado a partir do dente de um <Ligre de presas> e do <Aço Noh> extraído do vigésimo sétimo andar. Deve ser capaz de aguentar bastante.”

“Muito obrigado, Senhor Welf! É linda…!”

A lâmina curva era preta e prata.

Mikoto pegou dele a lâmina que era forjada de um item dropado de <Adamantite> e um minério extraído da Zona Profunda da Dungeon, os braços tremendo com uma mistura de alegria e gratidão. Não era apenas a beleza da arma que fez seu coração de aventureira se apaixonar por ela à primeira vista. Devido às características da lâmina, ela poderia dizer que um Grande Ferreiro forjou manualmente a arma de terceiro nível.

Ela tinha adiado o pedido desta arma em favor do equipamento que ela precisava — uma lança e armadura leve — para preencher seu papel no meio da formação. Sentindo-se completa mais uma vez, as bochechas de Mikoto brilhavam.

“É tão conveniente ter um ferreiro na família.”

“Não fale sobre as pessoas como se fossem algum tipo de produto de pedra mágica, Pequena L.”

Lili olhou para ele com o canto do olho, comentando como se cada família devesse ter pelo menos uma pessoa capaz de restaurar armas e até mesmo criar novas quando necessário. Welf, no entanto, não ia ficar calado.

Refutando-a com os olhos semicerrados, o jovem então se virou de volta para Mikoto. Ela ainda estava segurando sua nova katana, sua mente em algum lugar perto das nuvens. Ele ficou ligeiramente intimidado por <Chizan> — a adaga que foi um presente de despedida de Takemikazuchi e que era uma arma de altíssima qualidade forjada pela <Família Goibniu>. No entanto, ele estava bastante orgulhoso do resultado da katana.

Extremamente satisfeito com a lâmina e a bainha, que era decorada com um padrão listrado preto e prata, Welf deu um passo para mais perto de Mikoto e tentou manter seu orgulho ao fazer uma sugestão em segredo.

“Ok, agora ela precisa de um nome… Tigre de Ferro, Kotetsu… Não, Listrada, Shimajirou.”

“Senhor Welf, por favor, espereeeeeee!”

Welf colocou a mão direita no queixo, um sorriso nos lábios. Mikoto expressou vigorosamente suas objeções. Começando a suar de nervoso, ela fez todos os esforços para impedir que aquele nome pegasse.

“Não é um nome maravilhoso: Mestre Listrado. É muito fofo…”

“Não é?!”

“O meu futuro está em jogo, Srta. Haruhime, então, por favor, fique em silêncio!”

Haruhime falava como a garota protegida que era, enquanto Welf estava muito feliz por encontrar alguém que pudesse entender seus gostos. Mikoto gritou para sua amiga de infância em desespero.

A discussão animada passou por muitas voltas e reviravoltas com uma Lili desanimada assistindo de fora. Ela acabou com Mikoto, implorando com as mãos e joelhos no chão e lágrimas derramando de seus olhos, finalmente vencendo a batalha para dar à nova katana o nome de <Kotetsu>.

Welf coçou o cabelo ruivo com uma expressão de total desapontamento no rosto enquanto Mikoto segurava a arma contra o peito com alívio depois de uma vitória difícil.

“… E estes são para vocês duas. Para defesa.”

“Isso é… uma capa?”

“Sr. Welf, isso poderia ser…?”

Welf entregou a Lili e Haruhime um manto preto com capuz.

Ele acenou com a cabeça para a surpresa de Lili.

“Está certa. Feito com o item dropado que recebemos daquele Golias. Bell e Lady Hestia me deram.”

Ele estava se referindo à batalha contra o monstro anormalmente poderoso, um <Irregular>, no décimo oitavo andar: o Golias Negro.

Bell recebeu o item dropado depois da batalha. Welf usou metade para fazer equipamentos de proteção para Lili e Haruhime. O item dropado, por sinal, teve que ser recuperado dos destroços do antigo quarto de Bell e Hestia sob a igreja, já que eles não tiveram tempo de vendê-lo.

A pele daquele monstro era tão forte que anulava completamente os ataques de centenas de aventureiros da classe alta sem nem mesmo um arranhão.

Portanto, Welf tinha usado seu incrível atributo defensivo para ajudar as duas suportes que eram vulneráveis ​​a ataques. Ele fez algumas escolhas pessoais em seu design, mas as capas eram, sem dúvida, itens defensivos de primeira linha.

“É muito pesado, não é…?”

“Sim, mas tente ignorar isso. Lembra-se do quão forte era a pele do Golias? Nenhuma lâmina ou feitiço irá passar por isso.”

Lili colocou a capa sobre os ombros imediatamente e comentou enquanto olhava para ela.

Enquanto Lili tinha sua habilidade, <Assistência de Artel>, para ajudar a carregar a carga, Haruhime estava sozinha. “Ah, uwaah!” Ela lutou para ficar de pé sob o peso de sua capa.

A fúria do Golias dependia de sua força bruta, então sua pele tinha que ser forte o suficiente para repelir ataques físicos e mágicos. As capas criadas a partir de seu item dropado eram, sem dúvida, fortes o suficiente para resistir a ataques de monstros nos níveis intermediários e nos níveis mais baixos da Dungeon sem muitos problemas. Agora foi a vez de Lili de se sentir grata.

“Mas não se esqueça, isso não faz nada para suavizar o golpe. Um ataque forte e está tudo acabado.”

Welf explicou a Lili que era exatamente o mesmo que uma armadura.

Uma placa de ferro pode evitar o corte de uma lâmina, mas a carne abaixo ainda sentiria todo o impacto. Lili e Haruhime eram Nível 1, o que significa que não precisaria de muito para tirá-las do chão. Se elas recebessem a força total do ataque de um monstro, havia uma possibilidade real de morrerem com a capa em perfeitas condições ao redor de seus corpos.

Expressões dóceis cresceram nos rostos de Lili e Haruhime após ouvirem o aviso de Welf.

“… Mas se isso é tão bom, não seria melhor dar ao Sr. Bell na linha de frente?”

Ele seria exposto a ataques muito mais ferozes do que Lili.

O risco de sofrer danos seria muito reduzido se ele estivesse usando este tipo de equipamento defensivo.

Bell não deveria vestir a túnica do Golias ao invés da armadura que ele usava agora? Ela fez a sugestão de forma muito clara.

Welf desviou o olhar delas.

“… Tenho muito orgulho de forjar sua armadura com essas mãos. Dar a ele um item dropado para usar na batalha simplesmente não vai funcionar.”

Não importa quão impressionante sejam as propriedades do item dropado, seu orgulho como ferreiro levaria um sério golpe se ele simplesmente o deixasse usá-lo.

Era seu trabalho como ferreiro pessoal de Bell forjar todo o seu equipamento, e ele não ia mudar de ideia agora.

O jovem cruzou os braços e se afastou das meninas. Lili estava um pouco cansada de sua teimosia, mas Mikoto e Haruhime compartilharam um sorriso.

Os últimos raios solares do dia lançaram uma tonalidade vermelha sobre o rosto de Welf.

“… Isso deve dar — agora saiam daqui. Eu tenho que terminar minhas coisas.”

“Senhor Welf. Amanhã é o dia em que entraremos na Dungeon com a <Família Takemikazuchi>, então não se esqueça de preparar seu próprio equipamento —”

“Eu sei, agora deem o fora!”

Ele conduziu as meninas para fora de sua oficina como uma forma de esconder seu embaraço.

As três jovens caminharam pelo jardim, sorrindo entre si enquanto sua voz alta ecoava atrás delas.

*****

A <Família Hestia> e a <Família Takemikazuchi> haviam decidido dois dias antes que viajariam até o décimo sétimo andar.

Os dois grupos trabalharam juntos várias vezes, então ninguém estava preocupado com seu trabalho em equipe. Eles estavam focando suas atenções nos objetivos de longo prazo, especificamente em ir ainda mais longe na Dungeon. Portanto, a melhor coisa a fazer era praticar com sua própria mini expedição.

Seu próximo objetivo era chegar ao vigésimo andar, o que significava que não havia horas suficientes durante o dia para eles voltarem a suas casas na superfície à noite. Tentar fazer isso cortaria seu tempo na Dungeon drasticamente e não valeria a pena à viagem.

A solução foi acampar dentro da Dungeon. O plano era simples. Eles iriam passar um dia inteiro explorando, e os dois grupos iriam se revezar na guarda quando precisassem descansar.

Eles podem ter apelidado com o título grandioso de “mini expedição”, mas como passar mais tempo na Dungeon estava se tornando uma realidade, esta primeira tentativa era importante para eles.

Vinte e quatro horas. Depois de embalar alimentos e cobertores, eles disseram adeus a uma relutante Hestia e a um sorridente Takemikazuchi, que disse a eles para terem cuidado. A <Família Miach>, a quem eles pediram para olhar sua casa enquanto estavam fora, os viram partir junto com as divindades enquanto o grande grupo saía da Mansão Coração de Pedra.

O grupo, somando dez ao todo, passou metade do dia viajando pela Dungeon até finalmente chegar ao décimo sétimo andar. Em seguida, eles se prepararam para descansar.

— Pelo menos era isso que deveria acontecer.

“Todoooos vocês preguiçosos na parede de escudos! Flexionem essas nádegas sujas e mantenha suas posições!”

Um comando raivoso rompeu o pandemônio de uivos implacáveis ​​e estrondos da batalha.

Uma linha de escudos maciços mantidos lado a lado conseguiu absorver um punho gigante, mas o impacto da onda de choque fez seus braços ficarem dormentes.

Os anões e as pessoas animais que seguravam os escudos fizeram uma careta de dor quando seus calcanhares foram empurrados para o chão da Dungeon. Gritos por ajuda e chamados para o ataque giravam ao redor deles. As vozes de usuários mágicos no meio de seus encantamentos enchiam o ar.

Um grande grupo de aventureiros estava lutando contra um monstro gigante que se erguia muito acima de suas cabeças.

“Como chegou a isso…?!”

“D-desculpe, Lili…!”

Gritos de homens e bestas irromperam de todo o campo de batalha. Lili ficou no centro de tudo, disparando uma série de flechas com sua arma de arco enquanto Bell acabava com os <Cães Infernais> e <Ligres de Presa> e se desculpava no meio do ataque.

O grupo de batalha conjunto foi arrastado para um grande conflito em uma caverna no final do décimo sétimo andar.

O grupo de aventureiros estava na frente do portal para o ponto seguro, o décimo oitavo andar.

Espalhado por uma centena de metros da direita para a esquerda e da frente para trás, o caos da batalha ecoou por toda parte com gritos, rugidos, aço e presas. Sob a vista iminente do <Grande Muro das Lamentações>, o maior monstro no campo de batalha era um gigante de sete metros de altura e de cor cinza.

“OUUOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO !!”

O <Rei dos Monstros> do décimo sétimo andar abriu os braços, intimidando os aventureiros abaixo com um uivo ameaçador. O chão quebrava onde quer que um de seus punhos caísse, enviando ondas de choque através do solo. Welf, Lili, Mikoto, Haruhime e todos da <Família Takemikazuchi> lutaram para manter o equilíbrio.

Tudo começou quando eles chegaram ao décimo sétimo andar e ouviram os sons da batalha ecoando à distância, seguidos pelo inconfundível rugido do monstro Golias. O grupo trocou olhares, decidiram suspender o plano e seguiram o caminho mais rápido… apenas para encontrar uma batalha entre o Golias e um grande grupo de aventureiros.

Ambas as famílias fizeram uma extensa pesquisa e preparação na superfície para se certificar de que escolheram o momento mais seguro para ir em sua mini expedição — mas eles não ficaram sabendo que a cidade subterrânea de Rivira estava planejando exterminar o chefe de andar neste dia. Apenas aconteceu do tempo de seus planos coincidirem.

O Golias sempre renasce em um intervalo de duas semanas, tornando difícil para os aventureiros da classe alta chegarem ao relativamente pacífico décimo oitavo andar. Isso, por sua vez, teve um efeito sobre os lucros das empresas residentes na cidade, pois dificilmente haveria alguém para extorquir. Portanto, era do seu interesse formar uma aliança temporária e viajar até o décimo sétimo andar para exterminar o Golias.

Foi isso que Bell e seu grupo encontraram — a força coletiva de Rivira colidindo com o gigante cinza.

Welf e os outros não tiveram estômago para ignorar os gritos de seus colegas aventureiros que ecoavam com a vibração constante dos passos do gigante. Mais importante, seu líder de cabelos brancos não poderia abandoná-los depois de ouvir “GEHHAAHHHHHH!!” ecoando pelos túneis.

O grupo de aventureiros da cidade veio em seu auxílio no passado, então Bell liderou o grupo para a batalha contra o chefe de andar.

“UOAHHHHHHHHHHH!! <Pequeno novato>, AJUDE-MEEEEEEEEE!!”

“Whoa!”

O aventureiro de terceira categoria Mord Latro estava na luta quando a grande parede de escudos parou um dos ataques do gigante, quando os usuários de magia estavam terminando seus feitiços, e quando os atacantes partiram para outra investida contra as pernas do gigante.

Mord considerou Bell um inimigo desde o momento em que se conheceram, mesmo que o menino não se sentisse da mesma maneira. Mord juntou forças com alguns bandidos e o colocaram em um batismo de fogo para aventureiros, mas ele reconheceu o verdadeiro caráter de Bell através dos eventos no décimo oitavo andar. Sua opinião sobre o humano de cabelos brancos melhorou tanto que vê-lo trouxe um sorriso ao seu rosto cheio de cicatrizes. Assim como os outros aventureiros de Rivira, Mord passou a aceitar Bell como um colega depois de ver suas façanhas na batalha contra o Golias Negro.

O homem passou muitos anos no Nível 2, contente em viver sua vida como um aventureiro de terceira categoria. Mas agora ele tinha começado a se esforçar, procurando aventuras mais uma vez como mostrava sua presença na equipe de extermínio. No entanto, essa determinação aventureira desapareceu no momento em que ele colocou seu orgulho de lado e gritou por ajuda com toda a sua força.

Um bando de monstros de categoria alta, Minotauros, apareceu do corredor principal que conectava a caverna. Bell passou pelo aventureiro em pânico e enfrentou os monstros com a <Faca de Hestia> e uma espada curta recém-forjada por Welf.

“Desde quando as equipes de extermínio enfrentam tantos problemas…?”

“Há mais monstro do que o normal desta vez! Não há pessoas suficientes para atacar o grandalhão!”

“Eles não entendem como trabalhar juntos…?”

Mikoto cortou um monstro e falou com o aventureiro de Rivira mais próximo. Ele gritou uma resposta para ela enquanto Chigusa murmurava baixinho e espetava um <Cão Infernal> com sua lança.

Paredes de escudos foram erguidas em vários pontos ao redor do gigante cinza para proteger os atacantes entre as tentativas de assalto. O pequeno arco de aventureiros segurando escudos foi colocado bem em frente ao portal do décimo oitavo andar.

Comparado com o Golias Negro na memória de Bell — uma criatura poderosa da mesma espécie — este era bastante fraco. No entanto, o Golias ainda era classificado como um monstro de Nível 4 pela Guilda. A besta tinha um cabelo preto que chegava até os ombros e que parecia esculpido em pedra sólida. O gigante cinza bateu seus punhos em uma parede de escudos após a outra.

Os homens musculosos atrás dos escudos conseguiram manter suas posições, mas não havia atacantes para tirar vantagem da situação. Aqueles que deveriam estar mantendo a besta desequilibrada e tentando derrota-la estavam muito ocupados envolvendo os monstros menores em combate. O mesmo acontecia com os usuários de Magia. Alguns deles foram forçados a interromper seus encantamentos no meio do caminho, alguns perderam a chance de lançar suas magias apesar de termina-las por causa dos monstros que se aproximavam, e outros não tinham escolha a não ser liberar a energia mágica acumulada sem um alvo. Bolas de fogo ocasionais passavam pelo campo de batalha de tempos em tempos.

Tudo se resumia a isso: os moradores da cidade de Rivira não estavam na mesma família. Era de se esperar de um grupo de bandidos. Trabalho em equipe não estava em seu vocabulário.

A recém chegada no Nível 2, Chigusa, lutou lado a lado com Mikoto, seus movimentos combinavam tão bem que pareciam pós-imagens uma da outra. Os ensinamentos de Takemikazuchi, um deus das artes marciais, lhes serviram bem enquanto uma pilha de monstros mortos foi construída aos seus pés. Por outro lado, os outros aventureiros de classe alta continuaram a lutar como indivíduos no caos.

“Não sei mais o que esperar dos aventureiros, mas…!”

Uma linha de batalha desenvolvida entre amigo e inimigo. Ninguém na equipe de extermínio se ajudava enquanto eles continuavam a lutar suas próprias batalhas.

Ouka tinha se juntado à briga de bom grado como um dos recém-chegados, mas um olhar para seus grupos desorganizados o fez suspirar enquanto cortava um <Ligre de Presas> com seu machado de batalha. Seus esforços salvaram uma Amazona da morte certa.

“— Esta besta tem um pouco mais de energia do que as normais!”

Um aventureiro gritou do campo de batalha principal após tentar enfrentar o gigante de frente.

A força do <Rei dos Monstros> variava a cada vez que renasciam, assim como as muitas espécies de monstros que vagavam pelos corredores da Dungeon. O Golias gerado desta vez era definitivamente um dos mais fortes, ou assim afirmou uma pessoa animal sangrando no grupo de atacantes.

O grupo de batalha conjunto ficou desanimado com esta notícia assustadora. Até então, eles bravamente se juntaram aos veteranos de Rivira e atacaram no campo de batalha repetidamente.

“Tsk! Precisamos de mais… Você aí! Volte para a cidade e peça ajuda! Você tem dez minutos!”

“Como diabos eu faria isso, Boris!”

O comandante da força de extermínio deu uma ordem, mas o humano do outro lado gritou uma queixa em resposta. Ele se virou para correr em direção ao túnel que conectava os andares, mas sua despedida resultou em Boris gritando: “Cale a boca e faça isso!”.

Incluindo os membros extras do grupo de batalha de Bell, havia quarenta aventureiros lutando na caverna.

Ou eles estavam relutantes em envolver mais pessoas com o grupo de extermínio ou eles não estavam levando a sério, mas era tarde demais para fazer qualquer coisa sobre isso agora.

Também havia a invasão de Rakia a ser levada em consideração.

Um grande número de aventureiros de classe alta que normalmente residiam em Rivira haviam sido chamados de volta à superfície para se juntar à Aliança e estavam atualmente fora da muralha da cidade. O fato de ninguém do grupo estar acima do Nível 4 era a prova disso. Até mesmo os Níveis 3 podiam ser contados em uma mão. Os aventureiros de segunda categoria eram necessários em todo o campo de batalha. Bell estava correndo por todo o lugar como um coelho branco veloz e não teve tempo de carregar sua Habilidade que poderia ajuda-los a vencer a luta — até mesmo a poderosa magia de gravidade que Mikoto possuía não ajudaria muito por causa do teto baixo e do número de aliados que seriam apanhados junto com os monstros.

Sua única esperança era os reforços vindos do décimo oitavo andar. No entanto, considerando a distância que eles tinham que percorrer, bem como o tempo que levava para se equipar com armas e armaduras, seus salvadores não chegariam tão cedo.

Todos podiam sentir que estavam lutando uma batalha perdida, e a moral dos aventureiros começou a diminuir.

Sem a ajuda de uma explosão concentrada dos usuários de Magia, os aventureiros da parede de escudos sofreram golpes demais. Um chute do pé do gigante mandou um grupo inteiro voando.

“GYAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!”

“Droga…!”

Muitas vozes gritaram de dor enquanto escudos e corpos voavam através do ar. Welf falou para si mesmo enquanto se defendia de um monstro com sua espada grande.

Em seguida, sua mão livre alcançou atrás de seu ombro.

Outra arma longa estava amarrada às suas costas, logo abaixo da bainha de sua espada. Ele a tinha forjado para no caso de as coisas piorarem durante sua mini expedição — uma Espada Mágica dos Crozzo. Envolvendo os dedos em torno do cabo, ele a puxou para fora.

Para ser franco, ele não se importava se algum desses bandidos vivesse ou morresse. Mas a este ritmo, o poder esmagador do gigante estava colocando seus amigos em risco. Ele não comprometeria seus aliados por causa de seu orgulho. “Droga, droga!” ele gritou com os dentes cerrados enquanto erguia a lâmina vermelha bem acima de sua cabeça.

Usar está espada seria um exagero, mas ele mirou no Golias e se preparou para derrubá-lo, quando de repente —

“— Crescimento.”

“!!”

Uma elegante voz alcançou seus ouvidos.

Ele se virou em direção ao som e viu alguém sozinha em um canto da caverna que estava desprovido de aventureiros e monstros — a suporte Haruhime.

Mikoto e Lili lutavam bravamente para proteger a garota. O capuz de sua capa estava extremamente baixo sobre o rosto enquanto ela continuava a recitar o feitiço.

Confine as ofertas divinas dentro deste corpo. Esta luz dourada concedida de cima. No martelo e no chão, que ele conceda a você a boa sorte — crescimento.”

Welf quase pulou de surpresa quando percebeu que a linda melodia estava quase completa. O nome do feitiço escapou dos lábios da menina um segundo depois.

“Martelo da Fortuna.”

Mikoto, que recuou para proteger as suportes, foi engolfada em um pilar de luz que assumiu a forma de um martelo.

Ela foi o alvo do Aumento de Nível de Haruhime. O martelo de luz desapareceu, deixando para trás um resíduo brilhante em seu corpo.

Lili foi rápida em remover sua própria capa preta — o manto do Golias — e o jogou sobre os ombros da garota coberta pelas luzes cintilantes.

Mikoto puxou o capuz sobre o rosto tão baixo quanto Haruhime havia feito e envolveu seu corpo no tecido escuro antes de correr para o caos.

“!!”

Uma flecha negra disparou pelo campo de batalha, cortando tudo em seu caminho.

A faca <Chizan> rasgou os monstros com o azar de estar em sua frente, seus membros e torsos voando para a esquerda e para a direita. Ela então passou pelos aventureiros de Rivira e fez seu caminho em direção ao gigante que ainda estava chutando a parede de escudos.

De maneira muito semelhante aos jogos de tabuleiro tradicionais do Extremo Oriente, Mikoto subiu de nível e se transformou em uma peça mais poderosa. Agora em pé de igualdade com os aventureiros de Nível 3, ela não perdeu tempo em ajudá-los.

Os atacantes avançaram para cobrir os membros da parede recém-destruída. Eles chamaram a atenção das bestas enquanto os outros se afastavam. Mikoto, no entanto, aproveitou aquela janela para atacar e rapidamente saltou para perto. Seus braços brilhantes empurraram <Chizan> de volta para sua bainha e puxaram <Kotetsu> em um movimento rápido.

“HAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!”

A katana emergiu com velocidade ofuscante e cortou a perna do Golias com um flash de luz.

A partir daí, a besta que permitiu que Mikoto se aproximasse tão rapidamente levou mais golpes por todo o corpo.

“?!”

Um jato de sangue jorrou da perna esquerda do gigante.

A resistente pele cinza foi perfurada. Um corte profundo foi aberto, um golpe que assinalava a mudança na maré da batalha.

Perdendo força em seu joelho, o Golias caiu no chão com um baque alto e uma onda de choque.

Os outros aventureiros de segundo categoria, incluindo Bell e outros sob o comando de Ouka, assistiram com espanto enquanto a portadora da katana habilmente evitou a queda do gigante e se dirigiu para outra área do campo de batalha como uma flecha negra disparada de um arco.

“Isso deve ser trapaça…!”

Ver o golpe incrível de Mikoto — não, o poder inspirador do Aumento de Nível de Haruhime — deixou Welf sem palavras. O choque foi tão poderoso que ele esqueceu de se orgulhar do fato de que uma de suas armas tinha desferido o golpe que literalmente derrubou o gigante.

“Puta merda!” “Quem é aquela?!” Vivas e elogios para a misteriosa aventureira encapuzada emergiram dos aventureiros de Rivira enquanto ela executava uma manobra perfeita de bater e correr. Enquanto mantinha sua identidade em segredo, Mikoto podia sentir todos os olhos sobre ela por baixo do manto do Golias. Ela se virou para fazer outro ataque no chefe de andar. Era a mesma técnica que ela tinha visto com seus próprios olhos na luta contra o Golias Negro, movimentos que espelhavam a aventureira “Ventania”.

Atrás de todos os espectadores entusiasmados, Welf, Lili e Haruhime rapidamente se distanciaram do ponto de partida de Mikoto para evitar qualquer tipo atenção indesejada.

“Todos vocês, atacantes preguiçosos, avante! Cortem aquilo! AGORAAAAAA!”

Era a chance que eles estavam esperando. Seus espíritos de repente se incendiaram, uma onda de aventureiros avançou enquanto gritava o mais alto que podiam.

Havia uma estratégia para enfrentar monstros de grande categoria e chefes de andar: golpeie-os em baixo, derrube-os.

Os atacantes estavam praticamente babando quando viram seu alvo se contorcendo com dor no chão.

Espadas grandes, martelos de guerra e machados de batalha brilharam ameaçadoramente na luz fraca, a onda de aventureiros alcançou o Golias e levantou suas armas.

Então…

“— Deixe-me dar uma olhada nisso.”

Uma sombra surgiu do nada, cruzando o campo de batalha em um piscar de olhos e cortando o braço direito do gigante.

“OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!”

“O que…?”

Welf congelou assim que deu uma boa olhada na pessoa que pousou ao lado da besta.

Uma katana grossa, <hakama> carmesim e longos cabelos negros balançando por causa de sua parada repentina. Seus lábios se moveram por conta própria.

“Tsubaki…”

Quase como se o tivesse ouvido, a recém-chegada se virou para Welf e deu um sorriso.

O braço do Golias se arqueou no ar e pousou a uma curta distância, esmagando todos os monstros infelizes o suficiente para estarem debaixo dele. Bell, Mikoto, Ouka e todos os outros aventureiros presentes passaram o momento em silêncio, atordoados.

Pele morena e cabelo preto preso em um rabo de cavalo. Sua armadura era composta de manoplas e algumas outras placas em torno do corpo. Com a grande katana em mãos e a sua escolha de roupas, ela tinha o ar de uma espadachim de uma nação insular do Extremo Oriente.

Mas a característica que se destacou acima de tudo foi o tapa-olho cobrindo seu olho esquerdo.

“Ciclope… Ciclope…”

“… Nível 5.”

Vários aventureiros engoliram em seco ao ver a guerreira que carregava muitas semelhanças com a Deusa da Forja, Hephaistos.

“N-NÓS VAMOS GANHAR, SEUS BASTARDOOOOOS!!”

A chegada da líder dos ferreiros — parte artesã, parte aventureira de alto escalão — revigorou os aventureiros ainda mais, e eles aplaudiram em celebração.

Esse foi o golpe final.

Sua presença no campo de batalha disparou a moral para um ponto mais alto, e a maré do conflito se virou completamente a seu favor. Os gritos de comemoração chamaram a atenção dos aventureiros que estavam enfrentando os monstros menores, e eles vieram correndo em direção ao gigante caído. Até mesmo o grupo de batalha conjunto se juntou ao ataque.

A missão do grupo de extermínio foi concluída em questão de segundos com a ajuda da ferreira de Nível 5. A grande caverna ficou em silêncio logo depois.

*****

A disputa pelo saque ocorreu logo depois que o chefe do andar foi morto.

Todos tentaram reivindicar não apenas a pedra mágica do <Rei dos Monstros> que era maior do que o normal, mas também a <Presa do Golias> que apareceu nas cinzas do gigante. A pequena montanha de pedras mágicas dos monstros menores também estava na disputa.

Os atrasados — como os reforços que chegaram depois, eles não foram autorizados a fazer qualquer reinvindicação — foram oprimidos pelos proprietários de lojas de Rivira que tentavam vender pedras mágicas. “Somos aventureiros, o que mais posso dizer?” Mord disse com um sorriso forçado enquanto ele e seus bandidos passavam com sua parte do saque.

Já que não fazia sentido ver como a disputa pelos objetos restantes acabaria, o grupo de batalha conjunta da <Família Hestia> e da <Família Takemikazuchi> decidiu descer ao décimo oitavo andar, já que eles estavam próximos de qualquer maneira.

Um ponto seguro cheio de verdes exuberantes e lindos cristais onde os monstros não nasciam.

Uma massa de cristais azuis e brancos, em forma de flor, ficava no meio do “céu” azul sobre o piso conhecido como Resort Inferior. Bell e o resto do grupo finalmente tiveram a chance de descansar seus corpos cansados.

“Mais uma vez, chegamos ao décimo oitavo andar sem planejar…”

Lili murmurou enquanto protegia os olhos da luz dos cristais que brilhavam no alto como o sol do meio-dia.

Os membros do grupo que estiveram envolvidos nos eventos que aconteceram um mês e meio atrás refletiram sobre sua experiência enquanto os membros restantes da <Família Takemikazuchi> admiraram a paisagem com uma mistura de espanto e admiração. Haruhime, que recentemente passou pela <Conversão>, movia ansiosamente sua cauda de raposa para frente e para trás enquanto sorria ao lado de Mikoto e Chigusa. As três meninas estavam se lembrando da mesma coisa: o cenário em que brincavam juntas quando crianças. “É como se tivéssemos voltado no tempo”, disse Ouka com um sorriso forçado enquanto observava seu pequeno grupo de longe. No entanto, Bell e Welf podiam ouvir a empolgação em sua voz que sua expressão séria não mostrava.

Vários rios serpenteavam pela floresta na região sul do décimo oitavo andar. Alguns dos aventureiros cansados ​​se ajoelharam em suas margens e beberam um pouco da água clara, enquanto os outros se espalharam no chão gramado. O grupo de batalha conjunto estava apenas começando a se recuperar da luta contra o chefe do andar quando o resto dos aventureiros de Rivira finalmente conseguiram atravessar o túnel que conectava os andares. “Por que vocês não vêm até a cidade?” gritou um deles enquanto acenava. Mais alguns falaram, dizendo que iriam comemorar a vitória e os convidaram a participar.

Parte de sua motivação era a culpa por mantê-los fora do saque. Eles estavam com um ótimo humor e se ofereceram para dar um banquete como desculpa. A oferta foi difícil de recusar. O grupo conjunto estava muito cansado.

Então eles se juntaram ao grupo de aventureiros viajando para o oeste em direção à ilha rochosa no meio de um lago. Cruzando a ponte para a ilha, não demorou muito para que eles chegassem à cidade no penhasco e passassem pelo portão de madeira em sua entrada.

“Oh, uau…! Esta é a cidade de Rivira?”

“Hum, é sua primeira vez aqui, Srta. Haruhime?”

“Sim, é. Eu participei de muitas explorações durante meu tempo com Lady Ishtar e, portanto, já passei por este andar várias vezes… mas eu nunca tive permissão para entrar na cidade.”

O Aumento de Nível de Haruhime e a sua própria existência tiveram que ser mantidos em segredo, então ela teve que ficar escondida o máximo possível. Agora ela estava andando entre as várias tendas e lojas, olhando para os cristais e corando de alegria. A cauda e as orelhas de raposa da menina se moviam para frente e para trás animadamente, pois ela não conseguia decidir para onde olhar. Bell podia sentir a excitação que emanava dela e corou quando os dois fizeram contato visual por um momento.

A cidade de Rivira tinha uma bela vista do lago abaixo, bem como da floresta extensa ao sul e ao leste. Havia também uma grande quantidade de dinheiro do mercado negro sendo ganho dentro das tendas e lojas que se alinhavam nas ruas da cidade. Um bar foi construído diretamente no terreno da Dungeon. Muitas vozes felizes e bêbadas ecoaram do outro lado da porta na face do penhasco.

As ruas estavam muito menos cheias do que da última vez que estiveram aqui, devido ao ataque de Rakia. Mesmo assim, melodias de instrumentos de corda e sopro enchiam a cidade. Tudo estava em paz sob o céu subterrâneo de cristal.

“Foi um bom trabalho lá em cima, <Pequeno Novato>! Estaríamos ferrados sem você!” disse o “líder” de Rivira, Boris Elder.

Extremamente musculoso, o aventureiro era ainda mais alto que Ouka.

A maioria dos membros do grupo de batalha de Bell o tinha visto muitas vezes durante a luta contra o Golias Negro e o reconheceram rapidamente.

Ele não era alguém fácil de esquecer, com sua aura intimidante e rude.

“Você estar aqui significa que a <Família Hestia> está indo para a Zona Profunda, certo?”

“Uh, sim… Eventualmente.”

“Boa, garoto! Seremos sua área de preparação para a exploração na Zona Profunda! Vou garantir que todos lhe deem um desconto, colega aventureiro!”

Assim como Mord, o líder de Rivira tinha visto o que Bell fez contra o Golias Negro, e era relativamente amigável com o menino humano de cabelos brancos.

“Sim, continue voltando! Muitas vezes!” disse o homem que reconheceu o poder de Bell com um sorriso, ele envolveu seu braço musculoso ao redor dos ombros do menino. Lili, no entanto, olhou com desconfiança enquanto caminhava para trás deles.

“… Oh sim, <Pequeno Novato>. Tem algo que eu queria te perguntar.”

“E o que é?”

Um pouco intimidado pelo braço carnudo em torno de seus ombros, Bell forçou um sorriso trêmulo e olhou para o líder. O homem tentou o seu melhor para parecer dócil e baixou a voz para perguntar.

“Aquele ferreiro que faz espadas mágicas está com você, não está? Você pode apresenta-lo para mim?”

“— Vamos, por favor!! Me faça uma espada mágica!”

Rugas apareceram na testa de Welf.

Aconteceu no meio da festa, quando Bell deixou o grupo para falar com o líder e Welf tinha ido sozinho encontrar um local confortável na base dos cristais gêmeos, um azul e um branco.

A espada larga e a espada mágica ainda estavam presas às suas costas quando uma pequena horda de aventureiros correu até ele, gritando tão alto quanto poderiam.

“Uma poderosa, como aquelas espadas mágicas incríveis que vi nos Jogos de Guerra!”

“Você é um dos Crozzos, não é?”

“Ouvi dizer que eles foram amaldiçoados, então não podem mais forjar espadas mágicas. É tudo mentira, não é?”

“Eu pagarei qualquer coisa, basta dizer o preço! Então vamos lá!”

Eles formaram um anel em torno dele, empurrando e abrindo caminho para frente com a mesma solicitação:

“Faça-me uma Espada Mágica dos Crozzo!”

A maior parte de Orario havia testemunhado os Jogos de Guerra através dos <Espelhos Divinos> que tinham sido colocados em toda a cidade. O boato de que as lendárias espadas mágicas — aquelas da lenda — foram feitas por Welf se espalhou através das fileiras de aventureiros como um incêndio. Todos queriam espadas mágicas poderosas o suficiente para transformar as paredes grossas de um castelo em pilhas de entulho. Foi fácil para eles descobrirem que o ferreiro em questão era um membro da <Família Hestia>.

“Bastardos…”

Ele teve muitos visitantes após os Jogos de Guerra que fizeram pedidos semelhantes… mas nenhum foi tão insistente ou agressivo como estes.

A <Família Hestia> tinha vindo para Rivira — o fabricante daquelas espadas estava aqui. Os únicos residentes de Rivira eram aventureiros, e todos sabiam como obter informações. A notícia se espalhou, e praticamente todos na cidade queriam falar com o ferreiro da espada mágica.

Cheios de ganância, eles vieram atrás de Welf, todos implorando a ele para fazer uma espada mágica. O jovem estava farto.

“— Calem a boca, todos vocês!! Eu nunca vou vender ou dar nenhuma espada mágica! Agora digam aos seus companheiros e me deixem em paz!”

Ele afastou os aventureiros, rugindo de raiva.

Os pedidos sinceros e as respostas rudes iam e vinham, mas Welf não ia ceder. Cuspindo com nojo e vomitando reclamações, os aventureiros finalmente desistiram quando perceberam que sua vontade era tão forte quanto aço.

Haruhime e Chigusa também se encolheram de medo. “Bastardos…” ele sussurrou novamente, mastigando a palavra enquanto seu mau humor continuava a piorar.

“…”

“… O que há com esse olhar, grandalhão?”

“Nada… Quer um pouco dessa <Nuvem de Mel>?”

“Por que diabos eu iria querer?”

Ouka teve pena de Welf e gentilmente ofereceu uma fruta doce em um esforço para animá-lo, mas o ruivo não aceitou. As garotas estavam definitivamente assustadas agora, então ele se separou do grupo e saiu em busca de um lugar para se acalmar.

Sua habitual personalidade amigável de irmão mais velho havia desaparecido. Agora ele era um lobo solitário, atacando por conta própria.

“Welf!”

“… Bell.”

Bell o encontrou assim que Welf alcançou um dos pontos mais bonitos de toda Rivira.

O ferreiro havia encontrado um lugar isolado da multidão. O menino caminhou até ele, parecendo envergonhado e coçando seus cabelos brancos.

“Desculpe, Welf. Parece que todos na cidade vieram te encontrar… o líder me perguntou se ele poderia falar com você, e eu tentei recusar, mas…”

“… Não, nada disso é culpa sua. Eu sabia que isso aconteceria muito antes de nós cruzarmos aquele portão.”

Ele estava pronto para isso no momento em que escolheu usar uma espada mágica ao invés de deixar a vida de seus amigos em risco. Mesmo assim, seu orgulho como ferreiro e sua teimosia chegaram ao auge, levando a sua reação enfurecida.

“Não se desculpe”, disse ele com um sorriso forçado para o menino que ainda não sabia o que dizer. Então ele fechou os olhos e respirou fundo.

“Mas, caramba, eles sabem alguma outra palavra além de ‘espada mágica’…? Eles têm algum resquício de respeito próprio? A única coisa que um aventureiro precisa é uma arma confiável em um braço forte, só isso.”

“Ah-ha-ha-ha…”

O rosto de Bell relaxou assim que Welf se recuperou o suficiente para falar.

“Falando nisso — de espadas, pelo menos — aquela espada curta que fiz, o que achou?”

“Muito boa. Não é tão difícil de usar e ajudou um pouco na batalha hoje cedo.”

Bell retirou a espada curta da bainha. A arma em sua mão esquerda tinha um alcance maior do que suas adagas, por isso foi ótimo enfrentar monstros de uma distância mais segura. A lâmina brilhou na luz dos cristais acima. “Fico feliz em ouvir isso”, disse Welf com um aceno de cabeça satisfeito.

Assim que um sorriso finalmente apareceu em seu rosto… o som de passos emergiu das sombras.

Os dois se viraram. Os olhos de Welf se arregalaram de surpresa.

“Ha-ha-ha, você é bem popular, menino Welfy.”

Eles podiam ver um <hakama> carmesim e equipamentos de batalha no estilo do Continente. Uma katana grossa estava pendurada na cintura. Uma ferreira com cabelos pretos presos em um rabo de cavalo. A líder da <Família Hephaistos> e aquela que surgiu para salvar a equipe de extermínio, Tsubaki, caminhou para mais perto.

“Você — o que você quer…?! Por que você está aqui?!”

“O que há com você, menino Welfy? É assim que você cumprimenta uma ex-chefe e colega ferreira? Que decepcionante. Eu não cuidei muito bem de você antes de sair?”

“Apenas me responda, droga!”

“Hmph. Tudo bem então, mas eu vou responder a segunda pergunta primeiro. Já faz tempo que quero esticar minhas pernas na Dungeon. Quanto a primeira… eu vim para fazer você sofrer.”

Ela sorriu com um brilho nos olhos. “Vá para o inferno!” Welf respondeu, apertando a mandíbula enquanto memórias surgiam em sua mente.

Líder da <Família Hephaistos>, Tsubaki Collbrande.

Com um metro e setenta de altura, ela era frequentemente confundida com humana. Apesar de sua mãe ser uma humana do Extremo Oriente, seu pai era um anão do Continente, tornando-a meio anã. Sua pele morena tinha um brilho saudável e seus seios eram bastante grandes, apesar de estarem amarrados sob um pano de batalha. Ela tinha todas as qualidades físicas para ser uma mulher muito atraente, mas seu espírito livre e desejo de se divertir significava que ela passava pouco tempo tentando agir como uma senhora perfeita. Ela sempre esteve perto de Welf desde o dia em que entrou na família, mas isso era apenas porque era muito divertido provocá-lo.

Ela ainda gostava de zombar do jovem ferreiro Crozzo, mas ela o tratava mais como uma criança, ocasionalmente ajudando e dando conselhos, mas principalmente usando-o como alvo de suas piadas. Aconteceu tantas vezes que Welf não conseguia se lembrar de todas. No entanto, ele sabia que outros ferreiros da família se referiam a ele como “brinquedo da Tsubaki” por trás de suas costas.

Mesmo quando ele, Bell e Lili foram forçados a fazer a decisão de vida ou morte de viajar para o décimo oitavo andar e receberam ajuda da <Família Loki>, Tsubaki fazia parte da expedição naquele dia. Claro, ela o procurou, perguntando se ele estava se sentindo sozinho sem ela na oficina. Não havia absolutamente nenhuma dúvida de que Welf não gostava muito dela.

Ao mesmo tempo, Tsubaki era conhecida em toda Orario, como ferreira e como aventureira de primeira categoria.

O fato de ela ter alcançado o posto de Mestre Ferreira complicou a vida de Welf. Considerando como ela o tratava diariamente, o jovem fez todos os esforços para evitá-la.

Welf franziu a testa e tentou esconder o rosto quando Tsubaki deu a Bell uma saudação curta, uma vez que o caminho dos dois já se cruzou no campo de batalha. Então ela se voltou para ele.

“Nossa deusa está presa em uma rotina infernal desde que você partiu, menino Welfy. Ela está sozinha.”

“… Isso é mentira.”

Na verdade, Welf ficou surpreso ao ouvir isso. Mas ele foi rápido em esconder qualquer reação.

“Oh, mas é verdade”, respondeu Tsubaki com um grande aceno de cabeça. O brilho estava de volta em seus olhos e outro sorriso cresceu em seus lábios.

Bell assistiu a conversa, sem saber se deveria intervir quando falou.

“Hã? O que está acontecendo?”

“Não é tão difícil de descobrir. Esses dois têm uma conexão especial… ou algo assim. No mínimo, o menino Welfy aqui tem uma coisa por aquela deusa. Não é?”

“Ei, pare com isso! Por que eu —?”

O sorriso de Tsubaki se alargava quanto mais frustrado Welf ficava. No entanto, o rosto do jovem corou e a voz tremeu enquanto ele gritava para ela não fazer suposições.

Quanto a Bell, ele nunca tinha visto esse lado de Welf. Ele nunca suspeitou que o jovem sentisse algo mais do que a reverência usual que os seguidores tinham por suas divindades. A revelação repentina o pegou de surpresa.

Welf, por outro lado, desviou o olhar do menino, incapaz de resistir à visível surpresa de Bell. “Droga…” ele murmurou com a mão sobre sua bochecha.

Em seguida, o jovem disse algumas coisas como: “Pare com isso” e algumas outras expressões mais grosseiras. Tsubaki riu para si mesma, ombros pulando para cima e para baixo — então sua aura de repente mudou completamente.

“Isso mesmo, qualquer velho ferreiro pode se apaixonar por aquela deusa cabeça-dura.”

Seu olho direito, oposto ao tapa-olho, se estreitou para Welf.

“Como divindade, como mulher… e por sua habilidade com um martelo.”

As mandíbulas de Bell e Welf caíram enquanto Tsubaki continuava.

“Menino Welfy, por que diabos você não usou aquela espada mágica desde o início da luta? Por que você se recusa a fazê-las?”

“Você — você estava lá o tempo todo…?!”

“Achei que você já tivesse superado toda aquela besteira de não querer fazer espadas mágicas.”

Saber que Tsubaki o estava observando desde o momento em que ele se juntou à batalha com a equipe de extermínio fez Welf ranger seus dentes. Ela ignorou a raiva aparecendo no rosto do menino e continuou falando em uma voz baixa e fria.

A provocação acabou e o interrogatório começou.

“Seja talento ou sangue, nós, como mortais, não podemos chegar perto de forjar uma arma suprema sem despejar tudo o que temos em nosso trabalho. A idiota pela qual você está apaixonado está em um nível totalmente diferente. Você não vai alcança-la nem em seus sonhos desse jeito.”

As palavras duras da ferreira deixaram Bell sem palavras. Welf, no entanto, estava furioso.

O objetivo que conduzia todos os ferreiros através de suas provações e tribulações, forjar uma arma suprema… Hephaistos mostrou a ele com o que a habilidade dos deuses pareciam, mas ele se recusou a tirar vantagem do sangue em suas veias para chegar lá. Tsubaki ter falado aquilo foi muito pior do que qualquer insulto e o fez retaliar.

“Não me diga o que posso e não posso fazer! Eu não tenho um pingo de interesse em alcançar o reino supremo forjando espadas mágicas! Eu odeio essas coisas!”

“…”

“Vou chegar lá fazendo do meu jeito, você vai ver!”

A declaração de Welf de que alcançaria o sucesso em seus próprios termos sem depender de espadas mágicas fez o olho direito de Tsubaki estremecer.

Seu olhar então mudou para Bell — ela se aproximou antes que ele soubesse o que estava acontecendo.

Tsubaki se moveu tão rápido que Welf nem conseguia vê-la. Bell se esqueceu de respirar.

Tudo o que ele viu foi um borrão — que era ela segurando o cabo de sua katana com um lampejo de intenção assassina em seus olhos. O corpo do menino reagiu por reflexo, trazendo a espada curta ainda em sua mão esquerda para se proteger.

Tudo acabou em um piscar de olhos. A katana de Tsubaki saiu de sua bainha e colidiu com a espada curta, quebrando-a ao meio.

“—”

Snap! O tempo parou para Welf, o som metálico tocando em seus ouvidos enquanto observava a lâmina que forjou se despedaçar.

Ela não quebrou, foi dividida.

Um simples corte para cima. Não havia nenhuma técnica ou nada sofisticado em seu ataque, apenas um simples impacto de lâmina contra lâmina. E no momento em que as lâminas colidiram, a habilidade de Welf como ferreiro se perdeu.

A lâmina quebrada girou no ar na frente dos dois meninos. Bell ficou sem palavras. Welf estava em choque.

Agora foi a vez de Tsubaki retrucar quando o pedaço da espada atingiu o chão.

“Era para ser um palito de dente?”

Um céu azul brilhante estava acima, a cidade de Rivira estava em paz.

Mas tudo isso poderia muito bem ser de outro mundo. A mulher que estava no topo do mundo da ferraria manteve seu tom frio mesmo enquanto sua voz alta ressoava pelo andar.

“Seu próprio caminho? Idiota, nesse ritmo você vai morrer muito antes de chegar perto do reino dos deuses.”

“…?!”

“Tornar-se um Grande Ferreiro te deixou arrogante?”

A realidade em suas palavras perfurou sua alma.

Ele não tinha intenção de ser pomposo. No entanto, ele não podia negar que o sentimento de realização que sentia em carregar o título de Grande Ferreiro o fez perder um pouco de sua vantagem.

O olho direito da mulher estava queimando com um brilho acusador.

“Ferreiros que fazem lâminas assim custam dez centavos a dúzia.”

A voz de Tsubaki baixou quando ela deu o golpe final.

“Não se superestime, Welf Crozzo.”

Por baixo de sua raiva, suas palavras também pareciam um aviso.

Um momento pesado passou antes que ela virasse as costas, o rabo de cavalo chicoteando para o lado.

Welf e Bell ficaram congelados no lugar quando ela deu o primeiro passo para longe deles.

“Você receberá o pagamento pela arma quebrada amanhã.”

Sem se preocupar em olhar por cima do ombro, Tsubaki os deixou para trás.

Welf ainda não havia se mexido. Vários momentos se passaram ​​antes que ele desabasse no chão ao lado da lâmina destruída.

“W-Welf…”

Não havia como as palavras do menino alcançá-lo.

Todos os desafios que ele superou até agora desapareceram em comparação com o choque que ele acabara de receber. Welf caiu no mais profundo poço de desespero.

*****

A luz dos cristais acima desapareceu conforme a “noite” desceu sobre o décimo oitavo andar.

O grupo decidiu passar a noite em Rivira.

Suas armas estavam em mau estado, e eles usaram uma grande quantidade de seus itens durante a luta contra o Golias — na verdade, sobraram apenas alguns — então, em vez de acampar na floresta onde a ameaça de monstros era real, eles optaram pela segurança da cidade. Decidindo ter sua mini expedição em outra ocasião, o grupo procurou um lugar para dormir.

Embora eles reclamassem que todos os seus preparativos tinham sido desperdiçados, o grupo se estabeleceu em uma pousada construída em uma caverna natural.

Tudo na cidade de Rivira era caro porque os proprietários sabiam exatamente o que os aventureiros precisavam e que eles iriam pagar mais para obtê-lo. Apesar de tudo isso, está pousada era extremamente razoável. Não havia problemas óbvios lá dentro, muito pelo contrário. Com tapetes de pele no chão, lustres de pedra mágica e quartos com camas, tudo parecia estar em ótima forma. Considerando as outras opções, este lugar era definitivamente uma das pousadas de melhor qualidade em Rivira.

E ainda assim, o preço era muito mais baixo…

“… Dizem que esta é a mesma pousada onde foi encontrado o cadáver de um aventureiro sem a cabeça…”

“Vocês têm certeza absoluta de que ficar aqui é a melhor opção?!”

“L-Lady Lili, por que não procurar um local diferente…?”

“Não, não é possível. Qualquer outro lugar é muito caro. Lili não liga para o que aconteceu ou não aqui, o preço supera tudo. Não é como se o aventureiro morto assombrasse estes corredores…!”

— Esse incidente horrível era a razão pela qual os clientes não compareciam a esta pousada.

Haruhime, Mikoto e Chigusa estavam visivelmente abaladas enquanto levantavam suas objeções, mas não conseguiram convencer a Pallum a reconsiderar. Lili fez uma cara de brava e foi fazer o check-in na recepção. O balconista quase chorou de alegria ao ver seus primeiros clientes em muito tempo.

Tão feliz, na verdade, que os ofereceu lanches leves e vinho. Assim que terminaram, todos seguiram caminhos separados para ir dormir. Eles haviam reservado dois quartos, um para os homens e outro para as mulheres. As meninas se amontoaram em seu quarto, fazendo o possível para superar o medo e tentando obter algum sono.

As luzes se apagaram nas tendas e lojas da cidade.

Apenas as luzes dos bares permaneceram acesas. Vozes bêbadas e alegres encheram Rivira enquanto a noite desceu.

“…”

Welf deixou a pousada sozinho e voltou ao mesmo ponto onde tudo aconteceu naquela “tarde”.

Ele podia ver os muitos cristais cintilantes que pontilhavam na paisagem urbana, bem como a paisagem imaculada do décimo oitavo andar. O brilho suave dos cristais se refletia na superfície do lago como estrelas.

Ele não voltou aqui para apreciar a vista, mas a admirou por alguns momentos até perceber que tinha companhia e se virou lentamente.

Bell havia deixado a pousada depois de perceber que o jovem havia desaparecido. Ficando fora de vista, ele o seguiu por todo o caminho até esse ponto.

“O que foi, Bell?”

Welf fez o possível para parecer amigável.

“Welf… eu, um…”

“…”

“Eu… Desde que… Mesmo agora, eu prefiro o seu…”

O menino tinha dificuldade para falar, sua boca abrindo e fechando enquanto tentava desesperadamente transmitir como se sentia.

Mas ele simplesmente não conseguia depois de ver a expressão nos olhos de Welf. Ele desviou o olhar e ficou em silêncio.

De alguma forma, ele entendia como o ferreiro estava se sentindo, como se já tivesse passado por algo parecido. Ele também sabia que, neste estado, não havia palavras que o confortariam.

Depois de olhar da esquerda para a direita por alguns momentos, ele caminhou para o lado de Welf.

Os dois ficaram lado a lado em silêncio, ouvindo as vozes pesadas que vinham dos bares e olhando para a cidade de Rivira.

Eles estavam no mesmo lugar em que a lâmina forjada por Welf tinha quebrado tão facilmente.

“… Ei, Bell. Posso dar uma olhada na faca de Lady Hestia por um momento?”

“Hã?”

“Por favor.”

Welf falou após alguns minutos, fazendo um pedido.

O menino ficou lá por um momento antes de assentir e remover a faca da bainha em sua cintura.

Welf pegou a <Faca de Hestia> de sua mão estendida.

“Ahhh, droga… É realmente uma coisa linda…”

Seus olhos seguiram a série de hieróglifos que foram esculpidos na superfície da lâmina enquanto uma mistura de admiração e dor rodava dentro dele. Uma expressão sombria tomou conta de seu rosto.

A lâmina divina quase tirou seu fôlego na primeira vez em que ele a viu.

A arma pareceu escurecer no momento em que deixou as mãos de Bell. Welf nunca tinha sido capaz de descobrir o porquê até que soube que foi a própria Hephaistos que forjou a lâmina.

Esse era o seu verdadeiro valor. A habilidade de um deus foi usada em sua criação. Uma habilidade que estava em um reino exclusivo.

Uma nova onda de admiração pela Deusa da Forja cresceu dentro dele enquanto segurava a arma em suas mãos.

“… Todos os ferreiros passam por um rito de passagem antes de se juntarem a <Família Hephaistos>.”

“… Como uma cerimônia?”

“Sim. Cada um de nós, sem exceções.”

Devolvendo a faca ao seu dono, Welf refletiu sobre suas próprias origens e explicou como conheceu Hephaistos.

Ele havia fugido de seu local de nascimento, o Reino de Rakia, e estava procurando um novo país para chamar de lar.

Ele chegou a uma pequena cidade especializada em metalurgia e conseguiu ser contratado como aprendiz, até que a própria Hephaistos entrou em sua loja. Não só isso, mas ele chamou sua atenção.

Depois que ele aceitou o convite, ela o levou para uma sala na casa de sua família e seu rito de passagem começou.

“Ela nos mostra uma espada. Então decidimos se vamos ou não entrar na família.”

Apenas os dois, sozinhos na sala. Hephaistos disse a ele:

“Se você não sente, vá para outro lugar.”

Então ela abriu a porta de uma sala dos fundos. Ela estava lá.

Uma única espada no topo de um pedestal.

A visão daquela arma causou arrepios na espinha de Welf.

“— Eu estava tremendo. Eu não acredito que qualquer ferreiro humano possa fazer uma arma como aquela.”

Se lembrar da visão da lâmina forjada pelas mãos de Hephaistos causou-lhe arrepios.

Com seu poder <Arcano> selado e nenhuma outra habilidade especial, a deusa usou técnicas puras e refinadas para forjar aquela lâmina.

Era a espada contra a qual todas as espadas eram julgadas, a original, forjada por mãos praticamente humanas. O ápice absoluto do que as pessoas de Gekai poderiam alcançar.

Era uma obra divina, uma peça que realmente pertencia ao reino dos deuses.

“É a verdade absoluta. O melhor que um humano sem nenhuma habilidade especial pode alcançar.”

Welf não olhou para Bell. Em vez disso, seu olhar foi lançado sobre a cidade enquanto suas palavras refletiam a paixão ainda queimando em seu coração.

Ele não pôde deixar de sorrir enquanto se lembrava do que viu naquele dia.

“Quero fazer uma arma que a supere.”

Welf cerrou o punho direito na frente do peito.

Qualquer um que visse aquela lâmina instantaneamente sentia uma conexão com Hephaistos, um tipo de amor que os fazia querer aprender com ela e, eventualmente, superá-la. Fazia com que eles quisessem alcançar a deusa inspiradora. Fazia com que eles quisessem alcançar seu nível e descobrir o que estava além.

Era um caminho muito mais difícil do que qualquer um poderia imaginar.

Em comparação, sua jornada era muito mais árdua e desafiadora do que a jornada de Bell para alcançar Aiz Wallenstein.

O objetivo do menino era a <Princesa da Espada> — também conhecida como Kenki — uma mortal que estava no lugar onde todos os aventureiros queriam estar, entre os melhores dos melhores. O lugar onde Welf queria estar era entre o reino dos deuses.

Era um objetivo que exigiria muito mais esforço e devoção para alcançá-lo.

A surpresa apareceu no rosto de Bell quando ele começou a entender a profundidade da ambição de Welf. O olhar do ferreiro estava travado em seu punho cerrado.

“… Eu quero fazer isso… ou pelo menos tentar.”

Sombras cobriram seu rosto quando ele abaixou a cabeça.

— “Nós, como mortais, não podemos chegar perto de forjar uma arma suprema sem despejar tudo o que temos em nosso trabalho.”

— “A idiota pela qual você está apaixonado está em um nível totalmente diferente. Você não vai alcança-la nem em seus sonhos desse jeito.”

O Grande Ferreiro conhecia os limites de sua habilidade.

Ela, que estava no topo do mundo da ferraria, era reconhecida como líder por Hephaistos.

Ela, que sabia que seu objetivo estava ainda mais além, entendeu.

Mas hoje, ela havia enfatizado esse ponto de maneira dolorosa, deixando claro o quanto ele não era necessário.

Afinal, ele era apenas um ferreiro tentando desafiar uma deusa, sonhando com um objetivo lendário. Não é um absurdo?

Foi como Tsubaki disse, e ele nunca alcançaria seu objetivo sem se aproveitar do sangue detestável em suas veias?

Sem ser um ferreiro de espadas mágicas, ele algum dia chegaria no mesmo nível que Hephaistos?

“Eu…”

Bell observou enquanto Welf erguia os olhos para o céu azul escuro do labirinto.

*****

O próximo dia.

A <Família Hestia> e a <Família Takemikazuchi> deixaram o décimo oitavo andar.

Depois de passar algum tempo nos níveis intermediários, recuperando suas perdas financeiras da luta contra o chefe da sala e de passar a noite em Rivira, o grupo de batalha conjunto conseguiu voltar à superfície pouco antes de anoitecer.

Alguns deles foram para a Estação de Troca, outros voltaram diretamente para seus deuses para informá-los sobre o que havia acontecido na Dungeon. Todos seguiram caminhos separados no Parque Central. Welf saiu por conta própria, andando pelas ruas da cidade sob o céu vermelho escuro.

Os prédios de cada lado da rua estavam bem iluminados por lâmpadas de pedra mágica e cheios de vozes turbulentas. Aventureiros que acabaram de voltar da Dungeon compartilhavam suas histórias de bravura com outros clientes, membros da equipe, ou qualquer um que quisesse ouvir. Os bardos usavam uma série de instrumentos para preencher os bares com melodias otimistas enquanto os ouvintes cantavam com jarras de cerveja nas mãos. Até as mulheres mais bonitas que trabalhavam nos bares entravam em cena dançando junto com a música. Todo mundo estava sorrindo e se divertindo.

Welf passou pela multidão animada sem dizer uma palavra. Ninguém disse olá enquanto ele andava pela rua. Era como se ninguém percebesse que ele estava lá.

Ele não tinha visto Tsubaki desde a conversa acalorada.

Suas palavras, no entanto, nunca foram embora. Ainda persistindo em seus ouvidos, elas o arrastaram para um redemoinho de angústia toda vez que ele baixava a guarda.

“Droga,” ele gemeu e balançou a cabeça. Welf estava se perguntando as mesmas perguntas repetidamente desde a noite passada, mas ainda não tinha chegado a qualquer conclusão.

Apesar de que, no final, só havia uma resposta.

A frustração crescia à medida que seu ânimo piorava, Welf olhou para seus pés enquanto caminhava. Seus olhos não fizeram nada mais do que seguir o padrão de pedra do pavimento abaixo dele.

Ele foi para o oeste, os últimos raios de sol iluminando sua jaqueta quando de repente…

“— Welf.”

Ele ouviu uma voz na qual não podia acreditar.

“—”

Welf congelou no local. Olhos arregalados, ele rapidamente virou a cabeça em direção à voz.

Por um breve momento, ele teve certeza de que algo estava errado em sua cabeça, que estava alucinando e era apenas uma invenção de sua imaginação. Mas ele podia ver um contorno fraco nas sombras de um beco ao lado.

As sombras giravam na frente de Welf e por fim avançaram para mais fundo no beco. Um convite, sem dúvida.

Welf o seguiu sem qualquer hesitação.

Ei, não pode ser, por quê…?

Ele fez caminho pelo beco estreito.

Mais novas perguntas enchiam sua mente a cada momento, criando turbulência em seus pensamentos.

Por que ele está aqui?

Seu pulso se acelerou. O batimento de seu coração contra suas costelas era muito alto para ignorar. A ansiedade ameaçou dominá-lo enquanto ele perseguia a figura encapuzada ainda mais profundamente nos becos sinuosos da cidade — até que, finalmente, a sombra parou.

Eles estavam em algum lugar nas ruas secundárias. Lixo espalhado no chão, vozes animadas vindas dos bares ao longe.

A figura encapuzada se virou para encarar Welf enquanto ele estava no caminho completamente deserto e estreito. Em seguida, ele baixou o capuz.

“Já faz muito tempo, Welf.”

O rosto de um homem de meia-idade que parecia muito velho emergiu do capuz. O grande número de rugas cobrindo seu rosto tornava difícil determinar sua idade. Seu cabelo castanho, comprido para um homem, estava amarrado atrás de sua cabeça. Seus olhos mostravam anos de dificuldades, provações e tribulações. Não havia brilho e nem força em seu olhar.

Welf não conseguia acreditar no que estava vendo enquanto olhava para o humano que era um espelho de si mesmo, mostrando como ele seria em algumas décadas. Então ele falou.

“Velhote…?”

A pessoa na frente dele não era outro senão seu pai. Eles tinham o mesmo sangue correndo em suas veias.

Wil Crozzo.

Welf havia cortado todos os laços com ele sete anos atrás. Este homem não era nada além de uma parte de seu passado.

Cidadão de Rakia, ele era o atual chefe da família de nobres ferreiros, os Crozzo.

“Por que você está aqui…? Por que você viria aqui?!”

“Isso precisa de uma resposta, garoto tolo?”

Welf lutou para controlar sua voz trêmula. Wil lançou seu olhar cansado sobre o jovem.

Ele apertou a mandíbula.

Assim como o homem havia dito, a resposta óbvia estava fora das muralhas da cidade. Pensar não era necessário.

Todos sabiam sobre os 30.000 soldados que estavam lutando com a Aliança de Orario.

O homem à sua frente pertencia ao exército do rei divino que veio do ocidente.

O sangue de Welf ferveu enquanto ele juntava todas as peças. Este homem tinha entrado furtivamente na Cidade do Labirinto como parte da invasão Rakiana.

Não me diga…?!

A razão pela qual Wil veio para a cidade, a razão pela qual ele o procurou, a razão pela qual Rakia queria atacar em primeiro lugar.

O pai do jovem observou as expressões no rosto do filho e declarou seu propósito.

“Welf. Forje espadas mágicas para nós.”

“…!!”

“O Reino de Rakia, o próprio Lorde Ares, todos reconheceram o poder de suas espadas mágicas. As que você forjou para aquela partida inútil entre divindades usando o dom de nossa família.”

A partida entre divindades — os Jogos de Guerra.

Assim como sua habilidade atraiu a atenção dos aventureiros dentro Orario, a notícia da incrível força das espadas mágicas de Welf se espalhou para o Reino de Rakia. E agora, Ares havia lançado um ataque em um esforço para garantir as poderosas Espadas Mágicas dos Crozzo para si mesmo.

“A única razão desta guerra é você.”

Essa dura verdade atingiu Welf como um soco no estômago, o choque viajando por todo o seu corpo e deixando-o sem palavras.

Essas espadas mágicas já tinham levado o exército de Rakia à invencibilidade, permitindo-lhes obter níveis inimagináveis ​​de glória no passado distante. Agora, eles queriam reconquistar esse status lendário ao invadir Orario para recuperá-lo.

Welf ficou chocado com o nível de obsessão de Rakia com as Espadas Mágicas dos Crozzo.

“Claro, estávamos nos preparando para atacar Orario há algum tempo. No entanto, uma vez que a notícia dos Jogos de Guerra chegou até nós, Lorde Ares e nosso rei decidiram mudar os planos.”

“…!”

“Então passou a ser meu papel recuperar você… Venha comigo, Welf. Com você e as Espadas Mágicas dos Crozzo ao nosso lado mais uma vez, Rakia deve recuperar sua antiga glória.”

Sua divindade tinha sede de batalha. Welf percebeu que ele provavelmente não era o único objetivo de Rakia.

No entanto, o fato do Reino de Rakia ter juntado um exército de 30.000 soldados e começado uma guerra total para obter espadas mágicas, apenas acrescentou combustível ao fogo que ardia em seu coração. “Você está com morte cerebral?!” Welf praticamente cuspiu as palavras de sua boca.

A Guilda era muito rígida quando se tratava de monitorar o fluxo de guerreiros capazes, então atrair um aventureiro de classe alta para fora da cidade era quase impossível — e escalar a grande muralha da cidade não era fácil. Mesmo que Wil conseguisse fazer contato com Welf, a força dos aventureiros de Orario estaria lá para impedir sua retirada.

A solução foi trazer 30.000 soldados e atrair a atenção do máximo de aventureiros possíveis. Provavelmente, a razão pela qual eles ainda estavam lutando era para ganhar tempo suficiente para tirar Welf de Orario.

O Reino de Rakia estava disposto a ir muito longe para clamar o poder perdido das Espadas Mágicas dos Crozzo.

“Vá para o inferno! Eu, ir com você?! Só nos seus sonhos! Eu disse adeus a nossa família e Rakia há muito tempo! Não há razão para eu entrar nesse seu esquema maluco de merda!”

“Garoto tolo, eu estava te dando à chance de vir pacificamente por causa da minha misericórdia paterna…”

Pai e filho, presos em um olhar intenso.

O ar estava elétrico, mas Welf não se intimidou com a ameaça de Wil. Alcançando as espadas em suas costas, ele curvou os lábios em um sorriso.

“Então você vai me sequestrar? Me arrastar à força?”

Welf agora estava ciente das outras figuras tentando se esconder na escuridão.

Ele olhou para os becos, sorrindo como se estivesse ansioso para uma luta.

“Podemos estar fora do caminho aqui, mas não longe o bastante para as pessoas não ouvirem uma briga. Esta é Orario — não haverá escapatória uma vez que eles saibam que vocês estão aqui.”

Welf estava no Nível 2. Ele era mais forte do que a maioria das pessoas que viviam fora da cidade, incluindo os membros do exército de Rakia. Seus oponentes teriam que usar outras estratégias. Embora o jovem estivesse genuinamente surpreso por eles terem chegado tão longe sem serem descoberto pela Guilda, isso também significava que não poderia haver muitos deles. Eles precisariam de mais do que alguns soldados para dominá-lo.

Welf tinha a vantagem. No entanto, a expressão de Wil permaneceu inalterada quando ele disse a seu filho:

“Se você se recusar a vir em silêncio, meus camaradas vão colocar fogo na cidade com suas espadas mágicas. Autênticas espadas Crozzo, ainda por cima.”

“—”

A lâmina de sua espada tinha saído poucos centímetros de sua bainha quando a mão Welf parou abruptamente.

Seus olhos tremeram em choque enquanto ele gritava.

“Não me venha com essa merda! Não pode haver mais Espadas Mágicas dos Crozzo sobrando em Rakia!”

“Na verdade, sim, existem. Cinquenta delas foram poupadas na época da maldição das fadas.”

Ele continuou acrescentando que Welf não tinha idade suficiente para aprender o segredo de família antes de partir.

Um sorriso apareceu no rosto de Wil pela primeira vez.

Nos tempos antigos, quando as Espadas Mágicas dos Crozzo pavimentaram o avanço do Reino de Rakia com destruição total, qualquer coisa perto do campo de batalha — sejam lagos, montanhas ou uma floresta élfica — tornaram-se nada mais do que pilhas de cinzas carbonizadas. Isso atraiu a raiva dos elfos e outras fadas, que quebraram todas as espadas mágicas em fragmentos inúteis. Seu último ato foi lançar uma maldição sobre a família dos ferreiros que as criou. Agora, Welf era o único membro da família capaz de forjar espadas mágicas.

No entanto, não havia incerteza na voz de Wil quando ele afirmou que várias espadas mágicas sobreviveram ao expurgo das fadas e à maldição.

“Os comandantes estavam com medo de perdê-las, então elas ficaram juntando poeira todos esses anos…”

Com o sorriso ainda estampado em seu rosto enrugado, Wil enfiou a mão dentro de seu manto e retirou uma lâmina.

“Isso deve ser prova suficiente.”

“!”

A arma nas mãos de seu pai era, sem dúvida, uma espada mágica.

Welf soube em um instante o que a energia vermelha dentro de sua lâmina queria dizer, e isso o deixou sem palavras. O sangue Crozzo em suas veias sabia como reconhecer uma de suas espadas. Isso não era um blefe.

“Cada um dos meus compatriotas também tem uma. Se eu der o sinal ou não conseguir voltar no tempo programado, eles vão desencadear o fogo do inferno em Orario.”

Caso as Espadas Mágicas dos Crozzo sejam usadas dentro das muralhas de Orario, os resultados seriam devastadores.

Assim como as florestas élficas e as casas das fadas, esta cidade tranquila se transformaria em um mar de chamas, seus prédios reduzidos a escombros. Incontáveis vidas de civis seriam perdidas se isso acontecesse.

Wil pôde ver que seu filho entendia a situação e estreitou os olhos.

“Se você vier conosco, nada disso acontece. Nada mesmo.”

O Crozzo mais velho observou a determinação desaparecer do rosto de seu filho, e seu sorriso se transformou em um sorriso ameaçador.

Ele então começou a falar com alegria desenfreada, gradualmente se libertando de anos de supressão com cada palavra.

“Welf, o Reino de Rakia vai se erguer mais uma vez com seu retorno! E nós, a família Crozzo, podemos mais uma vez aproveitar a glória dos dias antigos! Dinheiro, status, fama — tudo isso será nosso!”

“…!”

“Lorde Ares deu sua palavra de que restaurará nossa família a seu devido lugar se você concordar em forjar espadas mágicas mais uma vez! O nome da nossa família será aclamado como era antigamente! Os maiores desejos da família Crozzo vão se tornar realidade!”

Wil deixou suas emoções assumirem o controle, uma nova luz brilhando em seus olhos enquanto seus longos cabelos ondulavam atrás da cabeça.

O vigor em seus olhos estava muito perto da insanidade. Eles cintilavam anormalmente na luz fraca.

Welf foi afligido pela devoção de um homem preso por sua obsessão.

As muitas rugas no rosto de Wil se curvaram enquanto ele sorria na direção do filho.

“Faça seus preparativos para deixar Orario esta noite. Traga todas as espadas mágicas que você tem em sua posse para as instalações de armazenamento localizadas na borda sudoeste da cidade à meia-noite… Eu não preciso lembrá-lo do que vai acontecer se você contar a alguém, certo?”

Wil terminou de dar ordens ao filho antes de voltar para as sombras.

As outras figuras nos becos também recuaram, mas algumas permaneceram perto o suficiente para que Welf ainda pudesse sentir suas presenças. Ele estava sendo vigiado.

Welf ficou ali, olhando para o pai até que ele desapareceu. Suas mãos se fecharam em punhos trêmulos.

*****

Depois de voltar para casa, Welf inventou uma desculpa para passar a noite em sua oficina e evitar falar com alguém.

Ele não estava confiante em sua capacidade de manter uma expressão calma.

A última coisa que ele queria era que Hestia descobrisse que algo estava errado.

Sozinho no prédio de pedra nos fundos de sua casa, com a luz das chamas vermelhas iluminando seu rosto, Welf olhou para o coração do fogo na forja. Ele se sentou em seu banco, sem mover um músculo.

Sua mente começou a se agitar junto com a dança sutil das chamas.

Cada mudança no fogo trouxe uma série de memórias esquecidas que tinham sido despertadas pelo reencontro repentino com seu pai.

— “Ouça as palavras do metal, ouça seus ecos, coloque seu coração em seu martelo.”

Antes que ele percebesse, havia um martelo em sua mão e metal quente sobre a bigorna. Wham! Wham!

Uma chuva de faíscas caía no chão com cada impacto, ecos enchendo a oficina. Seu coração ouvia a música do metal, sincronizando-se com ela para criar calma na tempestade. Welf estava encontrando seu núcleo.

Craque, craque. Os sons da forja aumentaram na noite profunda.

Ele havia completado a espada na hora que teve que partir.

Não era uma espada mágica, mas a arma de prata emanava um brilho claro. Um tipo de lâmina que ele nunca tinha feito antes estava em suas mãos.

Ele passou vários momentos olhando para seu reflexo na superfície da espada esbranquiçada. Em seguida, ele a colocou suavemente na bigorna. Envolvendo várias outras armas em um pedaço de pano branco, ele deixou sua oficina.

O tempo passou muito mais rápido do que ele esperava.

O céu noturno estava claro e cheio de estrelas. Nenhuma luz vinha das janelas da Mansão Coração de Pedra.

Welf olhou para sua casa por algum tempo antes de sair pelo portão dos fundos.

A hora marcada se aproximava. Welf silenciosamente fez o seu caminho através das ruas em direção à periferia da cidade.

Quando de repente…

“O que… Bell?!”

Ele sentiu a presença de alguém o seguindo e se moveu para confronta-lo, apenas para encontrar o garoto de cabelos brancos.

Bell ficou diretamente sobre a luz de uma lâmpada de pedra mágica e passou vários segundos tentando descobrir o que dizer. Alguns segundos mais tarde, ele disse em voz baixa:

“Você parecia chateado… E eu estava preocupado.”

Bell foi o único que percebeu que algo estava errado com o ferreiro durante sua breve interação em casa.

Welf ficou surpreso com o menino que escapou à noite para segui-lo… Mas então sorriu.

Aconteceu de novo, assim como no décimo oitavo andar quando Bell chegou pulando atrás dele como um coelho solitário. Isso o fez se sentir quente por dentro.

Ele estendeu a mão direita e bagunçou o cabelo do menino.

Ver o olhar vazio no rosto de Bell quebrou suas últimas defesas, e Welf sorriu sinceramente.

Ver aquela expressão mais suave fez Bell seguir o exemplo.

Welf estava decidido a resolver esse problema sozinho, mas agora ele sentia como se pudesse compartilhar a carga. Ele contou ao menino tudo que aconteceu mais cedo naquela noite.

“R-Rakia?! Não só isso, mas seu pai…!”

“Sim. Aquele país realmente tem uma queda pelas Espadas Mágicas dos Crozzo.”

Bell ficou pasmo com a notícia enquanto os dois continuavam a andar pelas ruas.

Welf ainda podia sentir a presença de seus observadores mantendo a distância, mas o que eles poderiam fazer neste momento? Com Bell por perto, eles não seriam capazes de se aproximar e seriam forçados a deixar essa transgressão passar.

“… Então, o que você vai fazer?”

Bell olhou para cima ansiosamente, visivelmente abalado.

Ele estava legitimamente preocupado que o ferreiro cedesse as demandas. Welf riu secamente, abrindo um sorriso.

“Eu não vou deixar você — nenhum de vocês — para trás. Portanto, não se preocupe.”

Ele disse ao menino para deixar tudo com ele.

Ao mesmo tempo, a preocupação de Bell ajudou Welf a relaxar. Os dois continuaram a caminhar sob o céu noturno em direção ao ponto de encontro.

Havia uma estação intermediária entre as instalações de armazenamento localizadas na borda sudoeste da cidade.

Servia de entrada para as remessas que chegavam a Orario por via terrestre e marítima. Produtos de outras regiões e países eram trazidos aqui e armazenados até que os comerciantes os distribuíssem por Orario. Também servia como mercado, já que muitas pessoas vinham aqui para comprar itens incomuns de terras estrangeiras.

Bell e Welf chegaram a uma parte da instalação que abrigava muitos armazéns grandes e pequenos. As lâmpadas de pedra mágica eram poucas e distantes entre si e não podiam iluminar todos os caminhos que se espalham através da instalação. Havia muitos becos escuros e pontos cegos para contar. A presença intimidante da muralha da cidade também estava próxima.

Os dois ficaram de olho nos arredores até que finalmente um homem apareceu em um beco. Ele balançou sua capa como uma indicação para segui-lo. Welf ouviu Bell engolir em seco enquanto seguiam o homem.

O beco estava completamente deserto, exceto pelo som de passos de três pessoas. O homem encapuzado os conduziu a um antigo armazém retangular que já viu dias melhores.

“— Eu disse para você vir sozinho, Welf.”

“Eu queria, mas ele me seguiu. O que eu deveria fazer?”

Wil Crozzo estava no meio da antiga unidade de armazenamento, iluminado pelo luar que entrava pelas janelas de vidro no topo de suas altas paredes.

As sobrancelhas do homem afundaram em desgosto. Welf, no entanto, estendeu a mão direita e bagunçou o cabelo de Bell.

Wil observou o garoto de cabelos brancos corar enquanto seu filho o provocava. “Isto não importa”, disse ele com um sorriso forçado.

“É um prazer conhecê-lo, mas é aqui que vocês dois se despedem.”

Wil enfiou a mão em sua capa e retirou sua espada mágica. Imediatamente, outras figuras encapuzadas emergiram das sombras do antigo armazém.

Havia pelo menos cinquenta deles, muito mais do que Welf esperava.

Com Bell ao seu lado, o jovem se preparou para enfrentar a desvantagem numérica esmagadora.

“Como diabos você entrou em Orario? Os porteiros estavam dormindo?”

“A Guilda pode ser poderosa, mas Orario não é uma fortaleza. Comerciantes, <Famílias>… Existem várias maneiras de entrar e sair.”

Wil deixou suas palavras abertas à interpretação, criando ideias de que a vigilância da Guilda estava longe de ser perfeita. Isto serviu apenas para piorar o estado de espírito de Welf.

Os aliados de Wil começaram a aparecer sob o luar — os soldados da <Família Ares> esconderam suas identidades com uma variedade de mantos e capas, disfarçando-se como viajantes. Desembainhando facas e adagas escondidas em suas cinturas, os guerreiros se moveram para cercar Bell e Welf.

“Agora, garoto tolo. Você vem com a gente!”

Bell e Welf estavam prontos. A voz de Wil estalou com uma risada alegre. Mas então…

Incontáveis ​​lâmpadas de pedra mágica ganharam vida, inundando o armazém com uma luz brilhante.

“?!”

Wil, seus soldados, Bell e Welf ficaram pasmos.

Um círculo de semi-humanos que superava em números os soldados de Rakia tinha cercado seu grupo. O armazém estava sob seu controle.

Welf semicerrou os olhos para protegê-los da súbita rajada de luz que vinha das lâmpadas. A primeira coisa que viu quando seus olhos se ajustaram foi o emblema gravado na armadura dos recém-chegados.

Martelos sobrepostos na frente de um vulcão.

“Fa-família Hephaistos?!”

A voz de Bell ecoou pelo armazém ao mesmo tempo que o círculo de semi-humanos se abriu para permitir a passagem de uma mulher.

“Bem, parece que Finn acertou em cheio.”

“Tsubaki?!”

O queixo de Welf caiu ao ver a ferreira, seu longo rabo de cavalo balançando para frente e para trás e um olho escondido por um tapa-olho.

Liderando uma família conhecida em todo o mundo, Tsubaki apareceu ao lado de muitos Grandes Ferreiros que compunham um dos mais poderosos grupos de aventureiros e artesãos. A voz de Wil tremeu quando ele gritou o mais alto que podia:

“O que, como você nos encontrou?!”

“Oh, nós já sabíamos sobre este pequeno plano há algum tempo. Então nós ficamos de olho em seu alvo.”

O rosto de Wil ficou tenso em uma mistura de choque e descrença. Ao mesmo tempo, os lábios de Tsubaki se contraíram em um sorriso enquanto ela falava.

A <Família Loki>, percebendo que o exército de Rakia estava evitando uma batalha decisiva, descobriram seu verdadeiro objetivo. Trabalhando junto com a Guilda, eles ordenaram que a <Família Hestia> — especialmente Welf — fosse colocada sob vigilância.

“Então, eu era a isca, não era…?”

A raiva de Welf era palpável quando ele gritou com Tsubaki. Essa era a razão pela qual ela continuou aparecendo — até mesmo na Dungeon — nos últimos dias.

Tsubaki desviou seu olhar de Welf quando uma divindade apareceu ao seu lado.

“Meus filhos capturaram os reforços que você posicionou fora do armazém. Seja grato.”

“D-Deusa Hephaistos…?!”

Wil recuou ao ver a deusa que usava um tapa-olho semelhante ao de Tsubaki.

O tapa-olho, a beleza, o olho vermelho e o cabelo de Hephaistos eram instantaneamente reconhecidos em todo o mundo. Sua aparição repentina atordoou até mesmo os soldados de Rakia. Wil respondeu com um tom que beirava a insanidade.

“Isso não acabou! Ainda temos nossas espadas mágicas — o poder dos Crozzo está do nosso lado!”

Ele ergueu a lâmina vermelha — a Espada Mágica dos Crozzo — bem alto no ar. Um calafrio de ansiedade percorreu Bell e os membros da <Família Hephaistos>.

Era uma das últimas espadas mágicas lendárias que diziam ser capaz de “queimar o mar”. A expressão de Tsubaki se tornou muito mais severa em frente de uma arma perfeitamente adequada para enfrentar números superiores.

Hephaistos permaneceu calma e serena. Ela lançou seu olhar sobre Welf.

Os soldados de Rakia foram revigorados pelo chamado de Wil. Cada um desembainhou suas próprias espadas mágicas, uma por uma.

“Welf, venha conosco se você não quer ver a cidade se tornar um oceano de chamas!”

Wil gritou para o filho, seus olhos queimando em um desespero medonho.

“Bem, não planejei isso. Então, o que fazer… eh, menino Welfy?”

“Todos vocês fiquem fora disso.”

“Welf!”

“Você também. Confie em mim.”

Tsubaki chamou o homem ruivo que caminhava em direção a seu pai. Mas Welf não olhou para ela quando respondeu. Quando Bell também deu alguns passos em direção a ele, Welf sorriu por cima do ombro.

Uma expressão de alívio passou pelo rosto de Wil quando seu filho se aproximou.

“Isso mesmo, Welf! Agora venha, entregue todas as espadas mágicas que você trouxe!”

Welf continuou a caminhar em direção ao pai, mas parou cerca dez passos à sua frente.

Todos no armazém assistiram com a respiração suspensa enquanto Welf alcançava o rolo de pano branco que carregava sobre o ombro.

O jovem retirou uma única espada carmesim de dentro da massa de lâminas contida dentro do pano. Então ele a levantou.

“Isso é tudo que eu tenho.”

“O que…?”

“Sim. Esta é a única que fiz.”

Ele declarou que em sua casa e oficina, este era a única Espada Mágica dos Crozzo que existia.

Foi então que Wil percebeu que Welf havia trazido todas as outras armas embrulhadas no pano para ajudá-lo a se livrar de suas garras. Seu rosto mudou instantaneamente de surpresa para um vermelho ardente de raiva.

Welf simplesmente disse que não havia maneira de forjar uma espada mágica em menos de meio dia e encolheu os ombros.

“Já esqueceu o que eu disse a você, garoto tolo…? Orario se tornará uma paisagem infernal…!”

Welf interrompeu os protestos de seu pai.

“Essa espada em sua mão é a única verdadeiramente dos Crozzo, não é?”

“—”

Bell, Tsubaki e todos os membros da <Família Hephaistos> se aproximaram dos dois homens no centro do armazém depois de ouvir essas palavras.

Apenas a própria Hephaistos não foi afetada enquanto observava a cena tensa se desenrolar.

“Passar algum tempo preso na minha oficina era exatamente o que eu precisava para esfriar a cabeça. Mesmo que tantas espadas mágicas tenham sobrevivido ao expurgo, não há como Rakia deixá-las sair ao mesmo tempo.”

Assim como sua família, Welf sabia que o Reino de Rakia ansiava por seus dias de glória quando as Espadas Mágicas dos Crozzo reinavam supremas, e eram, portanto, muito apegados a elas. Eles não arriscariam as poucas espadas mágicas que tinham em um plano que poderia ou não dar certo. Era altamente improvável que esta força expedicionária tivesse acesso ao restante das espadas em primeiro lugar.

Ele raciocinou que seu plano original era se reunir com seus aliados fora da muralha da cidade, armados com todas as novas Espadas Mágicas dos Crozzo que ele supostamente forjou e, em seguida, enfrentar as forças da Aliança em um ataque mortal.

Welf descobriu que seu retorno a Rakia era a moeda de troca que seu pai usou para adquirir uma das preciosas espadas mágicas restantes.

Wil ficou em silêncio, quase confirmando as suspeitas de Welf. Seus aliados de fato carregavam espadas mágicas, mas elas não eram Espadas Mágicas dos Crozzo. Cada um deles trocou olhares nervosos.

Welf ficou parado, confiante. Wil deu um passo para trás em face do olhar penetrante de seu filho.

“Gah — GRHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!”

Os olhos de Wil de repente brilharam enquanto ele uivava de raiva.

“Apenas uma é o suficiente para queimar todos vocês no esquecimento!”

Outra onda de energia atravessou o armazém quando o homem segurando a lâmina vermelha gritou à beira de perder a cabeça.

O destino deles seria determinado pelo movimento de seu pulso. Bell esticou o braço direito para liberar sua Magia. Tsubaki lambeu os lábios, sua mão descansando nervosamente no punho de sua grossa katana, seu pé direito se movendo para obter o melhor salto possível.

Em meio a toda essa tensão, Welf disse:

“Faça.”

Seu pai congelou. O cabelo ruivo de Welf balançou para o lado enquanto ele zombava friamente do homem.

“Vá em frente e tente.”

Ele sorriu, mostrando os dentes.

Seu pai deve ter ultrapassado o ponto de ruptura, porque ele ignorou os pedidos de seus aliados para parar e dar um passo à frente com a Espada Mágica dos Crozzo erguida acima de sua cabeça.

“S-SEU GAROTO TOLOOOOOOOOOOO!!”

Então, antes que a espada vermelha pudesse abaixar —

Antes que Bell, os Grandes Ferreiros e até mesmo Tsubaki pudessem reagir —

Os olhos de Welf se abriram enquanto ele balançava a longa espada carmesim em sua mão com todas as suas forças.

“— Inferno Feroz!!”

Uma explosão de chamas surgiu.

Ao mesmo tempo, uma onda de fogo apareceu da espada mágica vermelha de Wil para encontrá-la.

Na frente dos aliados atuais e antigos de Welf, na frente do olhar intenso de Hephaistos, as chamas carmesins do jovem ferreiro absorveram e dominaram as chamas vermelhas — e as eliminou. Um fogo crepitante e uma montanha de faíscas encheu o armazém, o calor explodindo em todas as direções.

Aqueles que foram pegos nele foram lançados ao chão; outros caíram de quatro em um esforço desesperado para suportar a onda de choque. Com o <hakama> vermelho balançando violentamente em torno de suas pernas, Tsubaki ficou de pé na frente de sua deusa para protegê-la.

Então, quando os olhos de todos se recuperaram do brilho vermelho…

Bell e os outros observadores lentamente olharam para cima… e viram Welf, de pé, e Wil, sentado no chão carbonizado do armazém.

O rosto de Wil congelou em descrença, quando de repente — CRACK! A espada mágica vermelha em suas mãos caiu em pedaços. A espada carmesim de Welf não só estava inteira, mas cintilava com ainda mais energia mágica.

A diferença entre a potência das duas lâminas, bem como seus limites, estava clara para todos verem. Não houve comparação.

A espada mágica forjada pelo menino, que tinha tossido sangue trabalhando o máximo que podia para melhorar seu Status, era superior a forjada por seus antepassados, que dependiam apenas de seu talento inato.

“… Por quê?!”

Wil, absolutamente pasmo enquanto olhava para os restos da espada mágica, gritou para seu filho.

Tremendo da cabeça aos pés, o que restava de seu autocontrole desapareceu e todas as emoções reprimidas saíram furiosamente de uma vez.

“Por que você não forja espadas mágicas quando você tem todo esse poder?!”

“…”

“Por que você não usa esse poder para sua família — para seu país?!”

Welf não respondeu aos gritos de seu pai.

Com Bell, Hephaistos e Tsubaki olhando, ele apertou o punho da espada mágica em sua mão.

“Por que é você quem pode forjar espadas mágicas?! Se fosse eu, se eu tivesse nascido com o dom…! Maldito seja, seu menino inútil!”

Wil ficou de pé enquanto descarregava anos de frustração em Welf.

Os olhos do homem estavam injetados de sangue, não muito diferentes de uma besta feroz, enquanto sua capa ondulava ao redor de seu corpo. “Você ainda está falando daquela besteira, que você não suporta ver uma arma que vai quebrar? Armas são descartáveis! Você pode apenas fazer outra!”

Isso chamou a atenção de Welf. Ele encarou seu pai com raiva. Mas Wil não percebeu e continuou seu discurso. “Faça mais lâminas, desfrute da vida com honra sem fim — você esqueceu os ensinamentos dos nobres ferreiros que obtiveram glória com espadas mágicas?”

Com essas palavras, Welf explodiu. “Que nobreza de ferreiros?! Que honra?!”

A voz do jovem cortou o ar dentro do armazém. Wil ficou em silêncio enquanto Welf dava vários passos à frente.

Um momento depois, o punho cerrado de Welf se enterrou profundamente na bochecha de seu pai.

“GEH!”

Os soldados de Rakia assistiram seu líder cair no chão em descrença. Vários avançaram, sacando suas armas, mas…

“Fiquem ai mesmo!”

O aviso cheio de raiva de Welf os fez congelar no local.

Embora o grito do Grande Ferreiro instilasse medo nos soldados, ele também foi destinado a Bell e Tsubaki.

“Levante-se! De pé!”

“…!”

Descartando sua espada mágica e o pano branco cheio de armas, Welf agarrou a gola de seu pai com as duas mãos.

Uma vez que Wil estava de pé novamente, lábio partido e sangrando, o jovem desferiu outro golpe.

“UGAH!”

“O ‘orgulho da nobreza’? Todos vocês se esqueceram da necessidade que impulsiona todos os ferreiros?!”

A enxurrada de socos e ataques verbais levou Wil para trás, mas ele ergueu a cabeça, as bochechas vermelhas queimando de raiva.

Wil canalizou essa raiva em seus punhos e deu um soco no momento que o rosto de Welf foi exposto. Ele atingiu a mandíbula do jovem.

“Comparados à honra, nossos desejos fúteis não são nada mais do que lixo!” Wil liberou sua mente e punho ao mesmo tempo, fazendo Welf recuar. No entanto, o jovem foi rápido em contra-atacar. Os impactos de seus socos soaram por todo o armazém.

Ambos os homens cambalearam, lutando para manter o equilíbrio enquanto trocavam golpes poderosos. Wil ficou claramente surpreso com a força dos socos de seu filho. Welf lançou outro ataque verbal.

“O que diabos você está chamando de lixo?! Seu velho acabado!”

“Você… você… SEU GAROTO TOLOOOOOOOO!!”

Dominado pela raiva, Wil tirou os braços do filho do caminho e saltou para perto com o punho direito erguido.

No entanto, toda vez que o punho de seu pai atingia seu rosto, Welf era rápido em contra-atacar com uma cotovelada ou um soco.

Os espectadores, incluindo Bell, observavam em silêncio atordoados, seus olhos seguindo atentamente cada movimento.

Esquecendo-se de sua dor física, pai e filho continuaram a intensificar sua luta. Nada mais importava para eles.

“Uma arma só precisa ser forte! Palavras bonitas não mudam nada!”

Cabelo castanho e cabelo ruivo balançavam para frente e para trás a cada golpe.

Seus rostos já eram uma mistura inchada de preto e azul, com faixas de sangue escorrendo da pele ferida. Gotas vermelhas se espalhavam toda vez que um soco era dado.

Os punhos de seu pai continuamente esmurraram seu rosto, mas Welf aguentou. O jovem se recusou a mostrar qualquer dor enquanto superava os impactos e retaliava.

“GHA…!”

Wil perdeu o equilíbrio e cambaleou para trás. Welf limpou o sangue de seu rosto com o antebraço.

“No momento, não sou diferente de qualquer outro cara que usa uma espada mágica!”

“…!”

“Isso é poder real? É nosso destino continuar fazendo essas coisas?”

De um lado, um Grande Ferreiro de Nível 2. Do outro, um descendente de nobres ferreiros de Nível 1.

Apesar do absurdo de tudo isso, Welf colocou todo o seu ser em cada soco, seu espírito por trás de cada golpe.

“Claro que não! Não pode ser!”

Os olhos de seu pai se arregalaram enquanto Welf dirigia o punho diretamente para a mandíbula dele.

“Uma arma é parte de seu portador! Um parceiro valioso que permanece ao seu lado, abrindo um caminho para frente! Um pedaço de sua alma!”

“Isso é… isso é um absurdo…!”

“Como ferreiros, temos que ter orgulho em fornecer esse tipo de arma!”

Pegando um vislumbre do menino de cabelos brancos com o canto do olho, Welf desferiu mais três golpes.

Ele colocou toda sua alma em seus punhos sujos de sangue.

“… Não teremos para onde ir se formos expulsos do reino! O nome dos Crozzo não pode sobreviver sem a glória da nobreza! Não vamos sobreviver…! Por que você não consegue entender isso?”

A linhagem havia perdido seu status nobre, seu orgulho. No momento em que a família fosse exilada, ela perderia a única maneira que Wil sabia de viver e morreria em pouco tempo.

A única maneira de salvar sua família era com espadas mágicas.

Wil insistiu que o poder escondido em seu sangue e as espadas mágicas que ele poderia produzir, era o único caminho para sua salvação. Seus socos impotentes mal atingiam o alvo, mas sua voz ainda estava tão apaixonada como sempre.

“Você está vivo, não é? Suas mãos ainda podem balançar um martelo, agarrar o metal!”

“…!”

Welf agarrou a gola de seu pai e o puxou para perto.

Ele olhou diretamente nos olhos do homem mais velho, sua garganta tremendo enquanto gritava:

“Um martelo, metal e um desejo ardente! Com eles, você pode forjar uma arma em qualquer lugar! Nobreza, reino — eles não significam merda nenhuma!”

Wil suportou o peso da raiva de seu filho enquanto Welf tentava desesperadamente fazer seu pai ver a verdade que estava bem à vista.

Hephaistos observou enquanto Welf repetia as palavras que estavam à beira de ser esquecidas.

“— ‘Ouça as palavras do metal, ouça seus ecos, coloque seu coração em seu martelo’! Você e meu avô me ensinaram isso, não foi?”

Uma oficina fedorenta coberta de fuligem.

Sua juventude, quando trabalhou ao lado de seu pai e avô, colocando o martelo no metal.

Um tempo antes que as habilidades latentes em seu sangue despertassem, quando a família desgraçada estava determinada a fazer um novo nome para si sem espadas mágicas. Uma época em que três gerações de ferreiros se uniram para tornar isso uma realidade.

Dias que uma vez existiram em seu passado.

Welf despertou essas memórias em seu pai. Os olhos de Wil tremeram.

Flexionando os músculos de seus braços e apertando a gola do pai, Welf estava quase chorando quando sua voz explodiu mais uma vez.

“Para onde foi aquele orgulho?”

Essas palavras pairaram no ar, ecoando por todo o armazém.

Elas permaneceram nos ouvidos dos soldados de Rakia, os Grandes Ferreiros e Bell. Ninguém se moveu.

Com a respiração entrecortada, Welf manteve o controle sobre a capa de seu pai e quebrou o contato visual, olhando para o chão.

O rosto de Wil estava uma bagunça absoluta. Os olhos do homem mais velho se arregalaram e ele deixou seus braços caírem.

Todos estavam focados nos dois ferreiros. Uma espessa quietude desceu sobre o armazém.

“É o suficiente.”

A voz de um velho quebrou o silêncio pesado.

Uma figura andou para frente do grupo de soldados Rakianos e puxou o capuz.

Os ombros de Welf tremeram no momento em que ele viu o homem com cabelos e barba branca.

“Avô…?!”

“Pai…!”

Welf continuou a olhar para seu avô enquanto Wil se virava para encará-lo.

Garon Crozzo.

Sendo bastante musculoso apesar de sua idade avançada, o homem entrou no luar com a coluna reta e a cabeça erguida. Ele era ainda mais alto do que Welf, mais de um metro e setenta. Ex-chefe da família Crozzo, foi ele e seu filho Wil quem deram a Welf sua fundação como ferreiro.

Não seria exagero dizer que Welf tinha aprendido o que era ser um ferreiro ao ver este homem moldar o metal a sua vontade.

O jovem ruivo fez o possível para esconder o choque de descobrir que seu avô também viera para Orario.

“… Vovô, você veio aqui pelo mesmo motivo que…”

“Sim. Eu também fui chamado para garantir o seu retorno.”

Welf se afastou de Wil, ganhando alguma distância antes de virar para enfrentar seu avô com os punhos prontos.

O Crozzo mais velho, no entanto, lançou seu olhar sobre Wil, que caiu de joelhos.

“Mas é o suficiente.”

“…!”

“Sua vontade é muito forte, como o aço temperado.”

Os cantos dos lábios de Garon se curvaram para cima, enviando um choque ao longo da coluna do jovem.

Nunca em toda sua vida Welf tinha visto seu avô sorrir.

“Quando você ainda era criança, eu nunca tive certeza de que forçar você a fazer espadas mágicas era a decisão certa… Olhando para você agora, é meu maior arrependimento.”

Havia muito remorso em sua voz baixa.

Quando seu talento foi descoberto há sete anos, e Wil queria forçá-lo a forjar diversas Espadas Mágicas dos Crozzo, Welf tinha procurado por ele em busca de ajuda. Em vez disso, o Crozzo mais velho olhou para seu neto com um rosto sem emoção e disse: “Faça”.

Para Welf na época, o próprio Garon era a própria essência de um ferreiro. Receber aquela ordem direta foi um choque incrível e o empurrou para a beira do desespero. Esse evento se tornou o principal motivo de Welf fugir de casa, do Reino de Rakia, para começar uma nova vida.

Ouvir os verdadeiros sentimentos de seu avô pegou Welf de surpresa. Mas havia algo na expressão de Garon.

“Porém, o sangue em suas veias nunca desaparecerá. A maldição dos Crozzo irá persegui-lo pelo resto de seus dias, atraindo-o infinitamente de volta ao caminho das espadas mágicas,” Garon continuou, os olhos queimando com uma paixão que o tempo não tirou. “Apesar deste destino, você tem certeza que sua vontade não vai diminuir?”

Suas palavras tinham muito em comum com as de Tsubaki, o conteúdo delas era quase idêntico.

Ambos apontaram para as características do ferreiro e se ele acessaria o poder escondido em seu sangue.

Ele não foi capaz de dizer nada a Tsubaki. Naquela hora, um sentimento de impotência havia abalado sua vontade.

Aquilo foi antes — isso é agora.

Diante de seu pai e avô — sua ligação com a família Crozzo — ele se lembrou de uma convicção que não podia se dar ao luxo de perder.

“De jeito nenhum!”

Welf respondeu a Garon sem perder o tom.

Ele deixou seu nível de devoção ser conhecido, especialmente para Tsubaki, que estava parada não muito longe.

“Vou forjar uma arma que envergonhará as espadas mágicas! Nossa linhagem de sangue não significa nada, e vou provar isso! Eu não sou apenas um Crozzo — sou um homem!”

Ele faria uma arma do seu jeito, algo que não era uma Espada Mágica dos Crozzo.

Ele expressou a ambição de criar algo divino.

“… Garoto atrevido.”

Garon estreitou os olhos depois que Welf terminou de falar.

Quase como se estivesse feliz em ver o quanto seu neto havia crescido.

“Não vamos mais persegui-lo.”

“Mas, pai! Se não… nós perderemos nosso lugar no reino…!”

Wil ergueu os olhos de sua posição agachada, expressando sua objeção à decisão de Garon.

Todos os músculos de seu rosto enrugado se esticaram sob a pele ensanguentada enquanto ele suplicava ao velho Crozzo. O velho respondeu com calma.

“Vamos recomeçar. Não como nobres ferreiros, mas como ferreiros.”

Wil não conseguiu responder. Seu olhar lentamente caiu para o chão enquanto ele fechava os punhos trêmulos.

Então Garon fez contato visual com seu neto.

“Com um martelo, metal e uma paixão ardente, uma arma pode ser forjada em qualquer lugar… não é? Você não poderia estar mais correto.”

Garon desviou o olhar de Welf e olhou para a deusa que ensinou a ele esta lição valiosa.

Ele estreitou os olhos, como se estivesse tentando olhar diretamente através dela, antes de fazer uma reverência profunda.

“Nós nos rendemos, deusa. A responsabilidade é minha e somente minha. Por favor, tenha misericórdia dos meus companheiros.”

“… Tudo bem então. Eu terei.”

Hephaistos assentiu lentamente, aceitando sua declaração de derrota.

Ninguém entre os soldados de Rakia expressou qualquer objeção. A derrota deles tinha sido uma conclusão precipitada no momento em que a Espada Mágica dos Crozzo se quebrou. Completamente cercados por Grandes Ferreiros, eles sabiam que não estavam em posição de resistir. Caindo de joelhos e descartando suas armas, eles estendem as mãos para os membros da <Família Hephaistos> amarrá-las.

“Idiota.”

“…”

Tsubaki se ocupou em conter os soldados, mas ainda encontrou tempo para dar um golpe verbal em Welf.

Ele podia ouvir a decepção em sua voz enquanto ela liderava os prisioneiros para longe, mas ele não disse nada.

Ele estava no centro do armazém, maltratado e machucado enquanto observava os soldados de Rakia serem escoltados para fora e em direção a Sede da Guilda.

Seu pai, Wil, e seu avô, Garon, com as mãos amarradas nas costas, estavam entre eles.

No último momento possível antes de sair pela porta aberta, Garon deu a ele mais um sorriso. Welf guardou essa imagem em sua memória.

Mesmo depois que seus familiares se foram, Welf continuou a olhar para a porta aberta como uma estátua.

“Welf…”

Bell e Hephaistos ficaram para trás.

Eles olharam para o jovem ruivo, parado sozinho ao luar que brilhava acima.

*****

As luzes das lâmpadas de pedra mágica começaram a se apagar nas ruas de Orario quando a noite chegava ao fim. A lua se tornou tênue à medida que o céu oriental assumiu um tom mais claro.

Welf se sentou de pernas cruzadas sob os últimos minutos de céu noturno.

Ele estava no telhado do armazém. Bem acima do solo e fazendo sua melhor imitação de uma estátua de pedra, ele ficou parado sem dizer uma palavra.

“…”

Bell estava um pouco atrás dele, sem saber o que fazer.

Welf queria ficar sozinho. Então, ele subiu até o telhado, sentou-se perto da borda, e não se moveu desde então. Bell entendeu que o jovem queria algum espaço e manteve distância.

Ele tinha estado lá por várias horas e estava muito frio. No entanto, o menino de cabelos brancos não podia simplesmente deixar o jovem para trás.

Incapaz de encontrar as palavras certas, ele se contentou em olhar para as costas do homem o tempo todo.

“Então, vocês dois estavam aqui.”

“Lady Hephaistos…”

O barulho das botas da deusa contra o telhado de aço anunciou a chegada de Hephaistos. Bell se virou para encará-la enquanto ela caminhava atrás dele.

Ela parou ombro a ombro com o menino, apertando os olhos enquanto observava o jovem sob o céu que ficava mais claro a cada momento.

“Bell Cranel. Você pode deixar isso comigo?” A divindade perguntou se ela poderia ficar sozinha com o ferreiro.

Bell ficou de olhos arregalados por um momento, mas respondeu com um breve aceno de cabeça. Ele fez uma rápida reverência antes de sair do telhado.

Hephaistos caminhou até o jovem enquanto os passos do menino ficavam mais fracos à distância.

“Os soldados de Rakia estão agora sob custódia da Guilda.”

“…”

“Seu caminho de entrada também foi revelado. Um informante os deixou entrar com a promessa de que começariam uma guerra. Seu principal objetivo era adquiri-lo.”

Welf permaneceu sentado com as pernas cruzadas, mesmo quando Hephaistos deu a ele uma atualização sobre tudo.

Ela não estava olhando para ele, no entanto. Em vez disso, seu olho estava focado no horizonte enquanto ela continuava seu relatório.

“A Guilda vai negociar com Rakia para pagar por sua libertação. Mesmo se as conversas não derem certo, eles serão liberados fora da cidade assim que a guerra acabar.”

“… entendo”, sussurrou Welf após ouvir o destino de seu pai e avô.

O amanhecer havia chegado. Os dois estavam lado a lado, observando o nascer do sol.

“… Eu estou ficando louco?”

Welf finalmente disse algo quando os raios de sol chegaram até eles do céu oriental.

Sua decisão de deixar o sangue em suas veias no passado e encontrar uma rota diferente para um reino superior ocupava seus pensamentos.

O olhar do jovem não deixou seu colo enquanto ele falava com a deusa.

“Talvez. Quem sabe?”

“…”

“Tsubaki não está errada. Crianças como você recebem apenas uma breve janela de tempo. A fim de chegar onde nós, divindades, estamos, você deve comprometer todo o seu ser para cumprir esse objetivo.” Hephaistos expôs tudo claramente. “Mas,” continuou a deusa enquanto Welf comprimia seus lábios, “você já se comprometeu, não é, Welf?”

“… Sim.”

“Então nunca duvide de si mesmo. Não há nada mais frágil do que aço vazio.”

Então a Deusa da Forja se virou para Welf e sorriu.

“Se há algo que procuramos nas crianças, é uma vontade poderosa o suficiente para tornar o impossível possível. Queremos testemunhar aquele momento quando as crianças chamadas de heróis superam dificuldades incríveis e lutam quando toda esperança está perdida.”

Todas as divindades queriam ver “crianças” que desafiavam a lógica e a razão. A deusa disse em uma voz suave e gentil que ela sabia do potencial que aqueles como Welf possuíam.

“… Eu vou alcança-la — do meu jeito.”

Ficando de pé, Welf reafirmou suas ambições com a deusa.

Não havia incerteza em sua voz. Ele endireitou os ombros e olhou diretamente nos olhos de Hephaistos.

“Só alcançar é o suficiente?”

“… Eu vou te superar.”

A deusa semicerrou os olhos, como se estivesse aproveitando o momento. Welf também abriu um sorriso.

A expressão de Hephaistos era algo semelhante a uma mãe com orgulho do crescimento de seu filho. Então ela estendeu a mão direita.

Ela começou a passar os dedos pelo cabelo dele, acariciando suavemente sua cabeça.

“— O que você pensa que está fazendo?!” Welf corou intensamente enquanto afastava a mão da deusa.

“Oh, você não gosta disso?”

“E-eu não sou mais uma criança! Faça isso com alguém da idade do Bell!”

“Hee-hee. É realmente fofo como você tenta agir como um irmão mais velho. Na verdade, eu gosto disso sobre você.”

“!!!!!!!!!!!”

Hephaistos deu uma risadinha alegre enquanto as orelhas de Welf queimavam intensamente.

Na verdade, ele assumiu o ar de irmão mais velho em sua nova família, mas ele não poderia mantê-lo na frente desta divindade.

“Droga,” ele falou baixinho, escondendo seu rosto corado com o antebraço. Por um momento, ver o sorriso daquela divindade quase o fez se apaixonar por ela. Ele se repreendeu por isso.

Mais do que isso, o fato de ele não poder responder nada reafirmou os sentimentos que tinha por ela. Foi exatamente como Tsubaki disse: Ele admirava Hephaistos como uma deusa, como uma ferreira — e como uma mulher.

Tudo começou com uma ambição de fazer algo igual ou maior que a Deusa da Forja. Seu objetivo era mostrar a ela que ele poderia criar algo de seu nível ou mesmo além dele.

Mas essa ambição mudou pouco a pouco cada vez que se encontrava com ela.

Ele era igual a Bell. Imenso respeito e admiração rapidamente se tornaram em anseio por sua ídolo. Foi as armas que ela havia criado que chamaram sua atenção, mas ele logo se apaixonou pela deusa que as forjou.

Ele não era ingênuo o suficiente para chamar de paixão, nem era formal o suficiente para chamar de amor.

Eu prefiro chamar de… um risco ocupacional.

Ele continuou a olhar para o rosto da deusa, com seu sorriso e bochecha corada escondida pela palma da mão.

“… Ou é o que você diz. Mas é verdade?”

“?”

O sol emergiu quase completamente no horizonte leste. Welf, que estava sendo provocado o tempo todo, cruzou os braços sobre o peito e perguntou algo que ele não havia entendido. “Eu ouvi daquela mulher… de Tsubaki, que você tem se sentido sozinha desde que eu parti.”

Um olhar vazio tomou conta do rosto de Hephaistos.

“Haaa… Aquela criança não consegue manter nada para si mesma.”

Ela não estava nervosa nem com raiva. Ela estava apenas reclamando sobre este deslize de um dos membros mais conhecidos de sua família.

Com Hephaistos admitindo a verdade imediatamente, Welf havia perdido sua única maneira de retaliar. Mas ao mesmo tempo ele também estava um pouco triste… Descobrir que ela não o via daquela forma enviou uma pontada de dor em seu coração.

Além do mais, percebendo que a escolha de palavras de Tsubaki tinha dado lhe esperança, tudo o que ele queria fazer agora era se enrolar em um pequeno buraco e morrer.

“Bem, sim, está muito quieto sem você por perto. ‘Haaa, outro dos meus filhos deixou o ninho.’ Esse tipo de sentimento de vazio.”

“Está bem então…”

Welf estava com muita vergonha para fazer contato visual, apesar de seu tom gentil. Ao invés disso, ele esticou o ombro e apertou os músculos com sua outra mão.

“Eu nunca diria isso a nenhum dos meus seguidores…, mas você não é mais da minha família, então sim, eu direi isso. Eu estou de olho em você e mal posso esperar para ver o que você se tornara.”

Ouvir os verdadeiros pensamentos de sua deusa mais uma vez jogou os sentimentos de Welf no caos.

Esse era provavelmente o maior elogio que ela poderia dar a ele como a Deusa da Forja. Como ferreiro, não havia maior honra. Fez o corpo dele tremer.

Hephaistos se virou para encará-lo com um brilho nos olhos e um sorriso maligno em seus lábios.

“E eu iria recompensá-lo se você alguma vez forjasse algo que me satisfizesse… Que pena.”

Ela olhou para ele com o canto do olho esquerdo, obviamente brincando. Ao mesmo tempo, um interruptor se acendeu dentro da cabeça de Welf enquanto ele olhava para a deusa de cabelos e olhos carmesins.

“Isso ainda está valendo?”

“O que ainda está valendo?”

“Se eu trouxer uma arma que fizer seu queixo cair, você ainda vai me recompensar?”

Hephaistos, pega desprevenida pela primeira vez, gaguejou: “S-sim. Se você puder,” para o jovem cujas bochechas estavam tão vermelhas quanto seu cabelo.

Com sua tentativa precipitada de garantir uma promessa da deusa sendo um sucesso, Welf deu um passo adiante, aproveitando a paixão mais uma vez queimando dentro dele.

“Se eu fizer… se eu fizer uma arma que te satisfaça, então eu quero que você seja minha!”

Ele disse.

Welf superou seus medos e observou Hephaistos cuidadosamente.

Depois de ouvir a confissão, a deusa atordoada… tentou esconder uma risadinha por trás das pontas dos dedos.

“E-eu estou me expondo e você…!”

“Hee-hee-hee-hee-hee…! D-desculpe, mas eu só… não posso evitar…!”

Com a mão livre em seu estômago, o corpo da deusa balançou enquanto ela ria. Na verdade, seus pulmões doíam porque ela não conseguia respirar.

Finalmente se acalmando o suficiente para enxugar as lágrimas que escorriam de seu olho esquerdo, Hephaistos sorriu para ele. “Faz muito tempo que não dizem essas palavras para mim.”

“Hã?” Welf congelou no local. Hephaistos continuou.

“Vários de meus seguidores há muito tempo… Ferreiros confessaram seu amor para mim, assim como você fez.”

Welf se tornou nada mais do que uma estátua que respira. A Deusa da Forja sorriu para ele. “Você está sendo superado por seus predecessores.”

Agora ele realmente queria morrer.

Desta vez, morrer parecia uma ideia muito, muito boa.

Um desejo de pular do telhado percorreu seu corpo.

Por que somos todos assim…?!

Teimosos ao extremo, parecia que os ferreiros só podiam confessar seus sentimentos para alguém muito superior. Welf agarrou sua cabeça e amaldiçoou cada ferreiro que já viveu, incluindo ele mesmo.

Hephaistos continuou a rir para si mesma enquanto o mortal experimentava ainda mais agonia. No entanto, sua expressão rapidamente se suavizou.

“No entanto, nem um conseguiu.”

Welf ergueu a cabeça.

Havia um sorriso nos lábios da deusa, o sorriso de alguém emitindo um desafio.

“Você será o primeiro?”

Welf se esqueceu de respirar. Ele não conseguia nem piscar enquanto a deusa de cabelos vermelhos olhava para ele. Um sorriso confiante apareceu em seu rosto alguns segundos depois. Ele a olhou bem nos olhos.

“Pode apostar que eu vou.”

Ele faria uma arma melhor que as espadas mágicas, que pertenceria a um reino superior e excederia as expectativas desta deusa.

Agora ele tinha mais objetivos a atingir.

Com o sol da manhã aquecendo o lado de seu rosto, ele trocou olhares com a deusa.

“Ainda assim… deixando toda essa conversa sobre eu ser sua de lado, é hora de você encontrar uma parceira.”

Ela deve ter ficado satisfeita com a recuperação mental de Welf, porque ela mudou de assunto ao esticar os braços na luz da manhã.

Ao mesmo tempo… “Hã?” Welf ficou tenso novamente, pego de surpresa por suas palavras.

“Você é muito teimoso, mas tenho certeza de que pode encontrar uma garota ótima.”

“E-espere um segundo! Eu não estou brincando…!”

“Welf, não há nada a ganhar perseguindo uma imortal como eu. Uma família nunca vai acontecer.”

Hephaistos forçou um sorriso para tentar evitar o último avanço de Welf.

“Sem mencionar que não atendo aos padrões de uma mulher de verdade.”

Não havia nenhum senso de depreciação em sua voz. As palavras saíram naturalmente de sua boca quando ela alcançou seu olho direito — e passou os dedos pelo tapa-olho preto.

“Há um rosto aqui que é tão horrível que vai fazer você se encolher.”

“…!”

“Estranho, não é? Uma deusa como eu. Eu nunca fui capaz de descobrir, não importa o quanto eu pensasse nisso. Fui ridicularizada pelas outras divindades em Tenkai.”

Seus dedos deslizaram suavemente pelo tapa-olho enquanto ela fazia o possível para sorrir.

A Deusa da Forja, Hephaistos.

Aquela com poder sobre o fogo e o trabalho em metal possuía um rosto “horrível” impróprio para uma divindade.

Deuses e deusas deveriam ser a personificação viva da perfeição. E ainda sim, mesmo com seu poder divino <Arcano>, Hephaistos não tinha sido capaz de fazer nada sobre o rosto que a tornava a Deusa da Forja.

Ela evitou interagir com sua própria espécie, foi chamada de “grotesca”, e foi ridicularizada por toda a sua existência.

“Até hoje, houve apenas uma deusa que não riu ou zombou depois de ver minha verdadeira face — Hestia.”

As bochechas de Hephaistos relaxaram enquanto ela explicava porque havia uma forte conexão entre ela e a jovem deusa. Por que Hestia era sua única amiga.

“Até aqueles que me procuraram em Gekai ficaram com medo. Então, por favor, não prossiga com isso.”

Ela deu um sorriso meigo antes de se afastar de Welf.

O jovem a observou dar alguns passos.

Welf ficou enraizado no local por um momento antes de seus olhos se arregalarem e ele correr para alcança-la.

Embora soubesse que isso estava à beira da blasfêmia, Welf estendeu a mão e agarrou o ombro de Hephaistos. Então ele a virou para encara-la mais uma vez.

Cara a cara com a deusa chocada, ele estendeu a mão para o tapa-olho negro.

“O que você está fazendo?!”

Ignorando sua voz assustada, Welf tirou o tapa-olho de seu rosto, os dedos deslizando contra a franja do cabelo carmesim da divindade.

Hephaistos não se mexeu. Esta foi a primeira vez que o jovem viu os dois olhos dela.

A verdadeira face da Deusa da Forja foi revelada.

Levemente mais baixa do que Welf, Hephaistos apenas olhou para ele, as pupilas vermelhas tremendo. Quanto a Welf — sua expressão não mudou. “Meh”, disse ele com um encolher de ombros.

Os cantos de seus lábios se curvaram em um sorriso. “Vamos lá, Lady Hephaistos, isso não é nada. Você achou que eu desistiria de você por alguma coisa como essa?”

Ele gentilmente colocou o tapa-olho nas mãos da deusa e deu a ela um sorriso decidido. “Isso está longe de ser suficiente para apagar o fogo que você criou em meu coração.”

A divindade olhou para ele por alguns momentos antes de lentamente recolocar a bandagem preta que servia de tapa-olho.

Com quase metade do rosto coberto, ela balançou levemente a cabeça, o cabelo vermelho iluminado pela luz da manhã enquanto olhava para o seu seguidor.

“Você certamente fala o quer.”

“Agora estamos quites.”

“Haaah! Ferreiros. Cada um deles é teimoso e odeia perder.”

Hephaistos devolveu o sorriso.

Welf sabia que ele finalmente havia ganhado um ponto com a deusa. Um olhar para a expressão clara dela trouxe uma sombra de orgulho ao seu rosto.

Os dois ficaram sob o nascer do sol. Cercados pelo ar fresco da manhã, o jovem e a deusa trocaram sorrisos.

*****

Mais tarde naquele dia.

Apenas aqueles envolvidos diretamente com a invasão Rakiana sabiam o que havia acontecido. Até mesmo a maioria dos funcionários da Guilda foi mantida no escuro.

Os chefes da Guilda pensaram que informar o público faria mais mal do que bem, então eles lidavam com tudo sozinhos. Os soldados inimigos capturados foram mantidos em câmaras no fundo do Panteão, longe da vista.

A vida em Orario continuava normal, os cidadãos desconheciam o que poderia ter acontecido se os eventos tivessem sido diferentes.

Em meio a tudo isso…

“E então Welf — você sabe o que Welf fez?”

Em um escritório da oficina, a voz de uma excepcionalmente animada deusa ecoou pelas paredes.

“Você já me disse sete vezes, senhora…”

Hephaistos estava sentada em uma cadeira, as bochechas nas mãos e os cotovelos sobre a mesa. Tsubaki segurava uma grande pilha de papéis nos braços enquanto entregava um brilho irritado para a deusa.

Desde aquela conversa, Hephaistos não parava de falar sobre o momento em que Welf capturou seu coração. Ela soava como uma adolescente apaixonada. Claro, quando ela estava na frente dele, ou na frente de seus seguidores, ela mantinha o ar digno de uma deusa. No entanto, esse não era o caso em seus aposentos privados.

Corando levemente, Hephaistos começou a contar sua história com um sorriso vertiginoso em seu rosto. Tsubaki deixou escapar um longo suspiro e se preparou para a oitava vez.

“Você demorou o suficiente para encontrar seu lado feminino…” murmurou Tsubaki com os dentes cerrados.

Ela estava claramente frustrada que sua deusa espirituosa não tivesse feito qualquer trabalho o dia todo. “Agora você conseguiu…” ela sussurrou para fora da janela, falando com o ferreiro que finalmente encontrou uma maneira de se vingar dela.

Ainda mais tarde naquele dia.

Tal como aconteceu com Tsubaki, Hephaistos foi incapaz de manter sua história em segredo e espalhou a notícia para ainda mais longe. Outros deuses e deusas conheciam cada detalhe sobre sua interação com o homem antes do anoitecer. A frase que roubou seu coração se tornou uma piada. ” ” “Patético — !” ” ” Todos tinham a mesma reação.

A cerimônia de nomeação do Denatus foi marcada para o dia seguinte. Com esta história fresca em suas mentes, eles decidiram o título do jovem rapidamente.

De agora em diante, Welf Crozzo teria o título de…<Ignis, o Sempre Ardente>.

E foi assim que o jovem foi forçado a suportar uma risadinha de Lili e Hestia, um sorriso comovido e inspirado de Mikoto e Haruhime, e o sorriso forçado de Bell sempre que a origem de seu título era mencionada.

Ele teve que esconder suas bochechas coradas todas às vezes.

 

 

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