DanMachi Light Novel Capítulo 4 – Vol 08 - Anime Center BR

DanMachi Light Novel Capítulo 4 – Vol 08

 

Capítulo 4

O Adorável Guarda-Costas

“Bem-vindos de volta, bravos aventureiros. Como podemos ajudá-los hoje?”

Os aventureiros pediram conselhos sobre como melhorar a eficiência de sua exploração na Dungeon, e a jovem respondeu com uma voz brilhante e alegre.

“Imediatamente, bons senhores. Informarei o seu conselheiro, por favor, aguardem na sala de reunião.”

Os olhos das garotas brilhavam com admiração toda vez que um aventureiro vinha relatar um aumento de Nível.

“Parabéns. Nível 2… Seu avanço para um aventureiro de terceira categoria agora é oficial. Continue o bom trabalho e que a boa sorte sorria para você.”

Quando um aventureiro convida uma das amáveis jovens para jantar, elas sorriem de orelha a orelha enquanto o recusam educadamente.

“Se você não tem uma necessidade urgente, permita que outras pessoas compareçam ao balcão.”

E sempre que um aventureiro novato está na frente da entrada da Dungeon pela primeira vez, as moças se despedem com um sorriso.

“Bem-vindo a Cidade Labirinto: Orario. Nós, a Guilda, estamos aqui para ajudá-lo.”

As recepcionistas da Sede da Guilda.

Respondendo às necessidades dos aventureiros, elas são as “flores” da Guilda.

*****

A Sede da Guilda estava tão cheia como sempre.

O saguão de mármore branco estava tão lotado que às vezes era difícil respirar. Aventureiros iam e vinham sem parar, vestindo armas e armadura de todos os tipos e dando ao ar um cheiro metálico distinto. Os elfos carregavam cajados e arcos, os anões preferiam machados e martelos. Semi-humanos de todos os tipos estavam equipados com as armas e armaduras mais adequadas para sua raça.

Os aventureiros vinham pelo saguão movimentado até um dos muitos quadros de avisos ou até as recepcionistas, que esperavam pacientemente no outro lado do balcão.

“Bom dia, senhor.”

“Sim, em relação a esse problema —”

“A lei afirma claramente que quem encontra itens valiosos na Dungeon detém os direitos sobre ele. Portanto, é altamente improvável que seja devolvido…”

Várias filas se formavam na frente de cada recepcionista. Cada uma delas ouvia atentamente os problemas dos aventureiros e trabalhavam para resolvê-los.

Cada uma das jovens, oriundas de uma ampla variedade de raças, era extremamente profissional. Humanas, Chienthrope, pessoas-gato e até mesmo algumas elfas estavam entre elas. Se as moças tinham algo em comum, era que cada uma delas era incrivelmente bonita.

As recepcionistas da Guilda eram lindas em seu próprio jeito.

Aventureiros que vinham para a Sede da Guilda quase sempre iam para o balcão de recepção primeiro, então dizer que as recepcionistas eram a primeira imagem da Guilda não seria um exagero. A opinião de um aventureiro da Guilda, seja boa ou má, tinha um efeito direto em sua eficiência na Dungeon — quantas pedras mágicas eles traziam de volta a cada dia. Então, embora as habilidades e a personalidade sejam consideradas durante o processo de seleção, a Guilda priorizava a aparência ao contratar suas recepcionistas.

Isso naturalmente criou um ambiente onde muitos aventureiros com ar selvagem deixavam seu lado mais suave aparecer na frente das belas mulheres e jovens senhoritas.

“A missão foi concluída com sucesso. Obrigado pelo seu trabalho duro. A Guilda informará ao cliente que seu pedido foi realizado.”

Eina, uma meia elfa, era uma das recepcionistas da Guilda.

Seu cabelo castanho era comprido o suficiente para chegar a seus ombros. Seus olhos verde-esmeralda olhavam para o mundo por trás de um par de óculos. Suas orelhas pontudas, mais curtas que as de um elfo e mais longas que as de um humano, eram um resultado direto do fino sangue élfico correndo em suas veias.

Uma mulher animal completou uma missão que foi postada no quadro de avisos da Guilda. Eina a presenteou com a recompensa que o cliente havia fornecido.

“Aqui está sua recompensa. Por favor, leve com você.”

Eina sorriu quando entregou a caixa de itens e deu a aventureira uma reverência educada. Ela a viu se virar para sair antes de voltar ao balcão para ajudar a próxima pessoa da fila.

Este era seu quinto ano de trabalho na Guilda.

Depois de se formar no Distrito Educacional, as circunstâncias em casa a obrigaram a encontrar trabalho imediatamente. Ela escolheu uma carreira na Guilda, mas mesmo agora ela estava surpresa de como esse trabalho lhe convinha. Claro, não foi fácil, e houve alguns momentos difíceis, mas ela sentia que valeu a pena. Ela sempre foi uma pessoa intrometida, mas agora sua natureza viciada em trabalho estava sendo colocada em uso para os aventureiros que viajavam a Dungeon todos os dias.

Hoje foi outro dia agitado onde ela lidou com um aventureiro após o outro.

“Eina! Ei, Eina. Vamos comer alguma coisa!”

“Certo. Parece bom.”

Finalmente, era hora da pausa para o almoço.

A enxurrada de aventureiros finalmente diminuiu, dando ao saguão ensolarado um momento de paz.

As meninas, que trabalharam diligentemente para resolver todos os problemas trazidos à sua atenção, levantaram-se de suas cadeiras e espreguiçaram suas mãos no ar. Eina se permitiu relaxar por um momento quando uma colega de trabalho humana chamou por ela.

Seu cabelo rosa balançou de um lado para o outro enquanto a garota acenava.

Com um rosto expressivo e traços fofos, ela era bastante encantadora.

Misha Frot, amiga de Eina desde os tempos de escola, mal podia esperar para escapar de seu local de trabalho e rapidamente conduziu a meia elfa para longe do balcão.

“Estou com taaaaanta fome. Eu juro, meu estômago vai me comer de dentro para fora!”

“Misha! Não puxe.”

Eina informou a suas colegas de trabalho que as duas iriam sair enquanto a humana de cabelo rosa puxava seu braço.

“Aproveitem seu almoço!” disse uma das outras recepcionistas com um aceno. As duas meninas deixaram a estação nas mãos competentes de suas colegas de trabalho.

“Você está com sorte! Eu encontrei um lugar outro dia que tem uma comida muuuito boa! Fica no Bloco Oeste.”

“Misha, você tem certeza que temos tempo para comer e voltar antes do nosso intervalo acabar?”

“Hmmm, provavelmente sim.”

“Você sabe…”

A falta de atenção de Misha aos detalhes fez Eina se encolher e sorrir ao mesmo tempo.

Misha, de espírito livre, e Eina, sempre séria e direta, estavam juntas há muito tempo. Agora trabalhando lado a lado, as duas eram quase como um conjunto.

Elas começaram a conversar como faziam durante os dias de escola e saíram da Sede da Guilda pela porta de trás.

“E — Eina!”

“Ah… É você, Dormul?”

As orelhas pontudas de Eina se contraíram quando uma voz alta surgiu na rua de trás.

Um jovem anão estava esperando por ela quando ela se virou.

Misha se sentiu deslocada quando o anão correu até elas, animadamente agitando seus braços carnudos.

“Q-que surpresa, vê-la aqui fora. Eu estava a caminho…”

Eina soube imediatamente que era mentira e fez uma careta para si mesma.

Como a maioria dos anões, Dormul era um homem corpulento e robusto. Ele era, no entanto, mais alto do que a maioria de seus parentes, tendo um metro e setenta centímetros. Seus membros pareciam galhos robustos emergindo de um tronco sólido de árvore.

Com a barba por fazer, ele sorriu para Eina. Dormul parecia mais adequado para viver na natureza do que na cidade grande, possuindo um sotaque para combinar.

Ele nervosamente coçou o nariz enquanto fazia o possível para falar com Eina.

“Então, Eina, você vai almoçar, não é? Também estou a caminho do almoço… Quer vir comigo? Oh, claro que eu vou pagar a conta!”

“Não há, hum, não há necessidade disso… Mas, Dormul, hoje estou com uma das minhas colegas de trabalho, então…”

Ela perdeu a conta de quantas vezes o anão esbarrou nela “por acaso” e a convidou para almoçar. Nesse ponto, Eina não sabia mais o que fazer sobre isso.

Os músculos protuberantes sob sua armadura mostravam que Dormul era um aventureiro. Atualmente no Nível 3, este aventureiro de classe alta tinha feito um nome para si por sua força em batalha, uma vez possuindo Eina como sua conselheira. Os dois se conheciam há anos.

Eina sabia que o homem gostava dela.

Ela não queria dar a impressão de estar cheia de si, mas ela também não queria ferir seus sentimentos.

Ele não é um cara mau, mas…

Receber os avanços de um aventureiro era uma ocorrência diária para as recepcionistas da Guilda.

Mas Dormul não era como os outros aventureiros dando em cima de garotas bonitas. Ele sempre foi sincero, talvez até demais, então Eina não podia simplesmente despreza-lo. Ela sempre o recusou, mas escolhia suas palavras com cuidado para evitar magoá-lo. No entanto, Dormul ainda não tinha entendido a dica.

“… Eina, posso almoçar sozinha se estiver no caminho.”

“E-espere, Misha…!”

“Dah! Da-ha-ha-ha! Só porque somos perfeitos um para o outro, você não tem que pensar que está atrapalhando, mocinha!”

Um sorriso apareceu nos lábios de Misha, e Eina rapidamente a repreendeu. Dormul, por outro lado, interpretou isso como um sinal das coisas boas que viriam e não conseguiu conter sua risada alegre ou as lágrimas que se formaram em seus olhos.

Como o anão também era mais velho que ela, foi mais difícil do que nunca para Eina recusar sua oferta.

“Pare com isso imediatamente, anão desprezível. Você não vê que a Eina está desconfortável?”

“Uhm?!”

Uma voz aguda estalou como um chicote.

Dormul se virou para encontrar um aventureiro élfico bonito que personificava a própria definição da palavra elegante.

Orelhas mais longas e pontudas que as de Eina se destacavam por baixo de seus cabelos dourados. Vestido com uma armadura de couro, ele carregava um arco longo e tinha uma aljava de flechas amarrada às costas. Os dois homens tinham a mesma altura, mas seus corpos não poderiam ser mais diferentes. O elfo era tão magro e esguio quanto o arco preso a seu ombro.

A atmosfera de repente se tornou hostil. “Afaste-se”, disse o elfo quando passou rudemente pelo ombro do anão e parou na frente de Eina.

“L-Luvis…”

“Você está bem, Srta. Eina? Este homem não tentou tocar em você com suas mãos sujas, não é?”

“Quer dizer isso na minha cara?”

O elfo chamado Luvis bufou pelo nariz, afastando a ameaça do anão.

Eina também já foi conselheira desse elfo de Nível 3. Parecia que, assim como Dormul, ele desenvolveu sentimentos por Eina enquanto estava sob sua tutela.

Da maneira típica de um elfo, Luvis olhou com desprezo para Dormul antes de se voltar para Eina. “Heh-hem.” Ele limpou a garganta, fazendo um som mais alto do que o necessário.

“Acabei de encontrar o buquê mais raro e bonito da boutique no final da rua. Pensei em você no momento em que vi os tons deslumbrantes e a forma elegante dessas flores… Por favor, aceite-o como um presente.”

“V-você sabe que não posso aceitar isso, Luvis…”

O elfo estendeu o buquê para ela com ambas as mãos.

Os olhos de Eina foram atraídos para as cores vivas, mas ela fez o seu melhor para recusar graciosamente — quando uma mão grossa de repente agarrou o buquê.

“O que você está fazendo?!”

“Hmph. Não é você quem está transformando Eina em um peixe fora d’água? Empurrando essas flores maricas para ela? Como você acha que ela está se sentindo?”

“Aparentemente, a estética de um buquê está além da sua compreensão, anão imundo…! Nós, elfos, somos nobres. Mantenha distância!”

“Eina é só metade elfa! Não a agrupe com sua raça nojenta!”

Era incomum que elfos e anões concordassem, e esse era o exemplo perfeito.

Eina tinha visto esse tipo de coisa acontecer muitas vezes. Desistindo de resolver a situação, ela disse um rápido “com licença” e se virou. Os dois homens estavam tão envolvidos em sua discussão que não a notaram.

Dar um empurrão suave nas costas de Misha foi o sinal para irem embora.

“Isso está bem?”

“Não está bem, mas… só vai piorar se eu continuar lá.”

Ela deu uma olhada por cima do ombro e viu que Dormul e Luvis estavam cara a cara, trocando insultos acalorados sem parar.

Não, os dois não se davam bem.

Reconhecer um ao outro como rival na busca pelo coração de Eina apenas aumentou a antipatia mútua em seu relacionamento atual.

Na verdade, ambos se tornaram muito mais agressivos nos últimos dias… Isso pode ser um exagero, mas o fato de que eles estavam sendo muito mais diretos era inegável.

Os dois aventureiros haviam expressado interesse nela no passado, mas recentemente, eles encontraram maneiras de falar com ela após o horário comercial, durante seu tempo pessoal. As ações de Dormul esta tarde, esperando por ela na porta dos fundos da Guilda, era apenas o episódio mais recente. O que é pior, suas estratégias estavam se tornando mais elaboradas.

Era como se eles estivessem tentando superar um ao outro na busca de novas maneiras de abordar Eina.

Eu sei que eles não são pessoas más, mas…

A discussão de Dormul e Luvis parou de repente e ambos olharam da esquerda para a direita.

Um arrepio repentino desceu pelas costas de Eina e Misha enquanto elas olhavam para os dois homens, antes de se virarem abruptamente para frente.

Elas podiam sentir os olhares dos dois aventureiros em suas costas enquanto continuavam seu caminho. Sentindo-se um pouco desanimada, Eina ajustou os óculos enquanto caminhava.

*****

Sede da Guilda, os arquivos.

Informações sobre a cidade, as áreas circundantes, monstros e tudo relacionado à Dungeon, foi armazenado nesta sala de dois andares que estava localizada atrás do lobby, do outro lado de um corredor restrito. Diversas fileiras de estantes de madeira transformavam a biblioteca em um labirinto.

As estantes, pisos e pilares de sustentação estavam todos pintados em um acabamento marrom discreto. Vários funcionários da Guilda, em seus ternos pretos, silenciosamente liam os livros em suas mãos ou passavam pelos longos corredores.

“Tudo pronto…”

“Bom trabalho. Agora deixe-me ver…”

Seus colegas de trabalho vinham aos arquivos por muitos motivos diferentes, mas Eina havia reivindicado várias carteiras para criar uma ilha no espaço de leitura. Ela se sentou em uma cadeira em uma extremidade da ilha, e do outro lado de vários mapas e livros abertos estava um menino humano de cabelos brancos. Bell lhe entregou uma folha de papel.

Ela estava no processo de entregar uma de suas ocasionais lições sobre a Dungeon.

Eina queria ter certeza absoluta de que Bell estava pronto para enfrentar qualquer coisa na Dungeon. Seu método de escolha era ler livros.

Esse era o papel de um conselheiro.

A Guilda atribuía a cada aventureiro um conselheiro para apoiá-los e prepará-los para a exploração na Dungeon.

Os aventureiros podem fazer uma solicitação quanto ao sexo e raça de seus conselheiros. Já que eles se encontravam com as recepcionistas com mais frequência, as lindas garotas eram frequentemente selecionadas para preencher essa função. Havia cerca de 10 por cento de chance de a Guilda não poder atender aos desejos de um aventureiro — mas de qualquer forma, Eina tinha servido como conselheira de muitos aventureiros.

No entanto, seus superiores perceberam a velocidade e a qualidade de seus trabalhos. Constantemente encontrada com montanhas de papel e recebendo atribuições importantes dentro da Guilda, ela havia solicitado que seus colegas de trabalho assumissem a maioria de seus aventureiros.

No momento, Bell era o único de quem ela cuidava.

“… Sua lembrança das informações sobre monstros do nível intermediário é quase perfeita.”

“Você… você realmente acha isso?”

“Sim. Então é hora de um teste surpresa. Descreva uma estratégia de combate para cada monstro. Desenhe mapas de cada andar. Se eu encontrar algum erro, você escreverá cada um deles até que possa se lembrar em seus sonhos.”

“… Okay.”

A expressão de Bell obscureceu quando Eina lhe entregou outra folha em branco. Cerrando os dentes, o menino deu um aceno firme.

Os olhos esmeralda de Eina observaram a pena do menino se mover em um ritmo furioso, com o cotovelo apoiado na mesa e cabeça na mão. Ela estava feliz por vê-lo trabalhar tão duro.

Eina tinha uma postura muito particular quando se tratava de aconselhar aventureiros.

Além dos conselhos e reuniões usuais, ela também convocava seus aventureiros para aulas particulares, onde ela enfiava tanto conhecimento sobre a Dungeon em suas cabeças quanto possível.

Seu belo rosto escondia uma instrutora extremamente rígida que teria deixado os Espartanos dos Tempos Antigos orgulhosos. Chegou ao ponto dela ganhar uma reputação assustadora entre muitos aventureiros. Ninguém durou até o final de seu curso, fugindo no meio do caminho. Até Dormul e Luvis não suportaram seu estilo de ensino.

Bell mal aguentava.

Lágrimas ameaçaram vazar de seus olhos vermelho-rubi em mais de uma ocasião. Mesmo assim, ele permaneceu firmemente sentado à mesa.

Sua vontade vinha de sua ídolo.

A determinação para alcançar seu objetivo elevado era apenas um pouco mais poderosa do que seu medo do treinamento duro de Eina.

Às vezes, sua honestidade brutal e natureza direta funcionavam contra ele.

Não importa quantas vezes ele caia em batalha ou na sala de aula, ele sempre se levanta e enfrenta o problema de frente.

Essas eram as qualidades que Eina mais gostava nele.

No mínimo, eram a razão pela qual ela queria apoiá-lo.

O tempo está quase acabando…

Eina, cujo olhar gentil estava centrado no rosto de Bell, olhou para o relógio em um pilar próximo.

O ponteiro das horas estava apontado para o dez. Antes de começar a sessão de estudo, Bell disse a ela que a <Família Hestia> teve alguns dias ocupados. Seria cruel mantê-lo preso por muito mais tempo.

A noite já havia caído e poucos funcionários da Guilda ainda estavam andando em volta dos arquivos. O único som constante era o arranhar da pena de Bell que vinha da área de leitura localizada no meio da câmara maciça.

Mais alguns minutos silenciosos se passaram antes que o exausto Bell terminasse seu teste.

Eina imediatamente percebeu alguns erros, mas ela não conseguiu cumprir sua ameaça. Ela forçou um sorriso e os ignorou.

Eles podem ser mencionados na próxima sessão.

“Bom esforço hoje, Bell. Isso encerrará a lição de hoje.”

“… O-obrigado.”

Bell ergueu a cabeça da superfície da mesa. Havia um fraco sorriso em seu rosto.

Eina disse que ele poderia se sentar e esperar, mas o menino insistiu em ajudá-la a limpar a sala. Pegando alguns dos livros e mapas, ele se juntou a meia elfa devolvendo os materiais aos seus devidos lugares.

Bell tinha vindo aqui diretamente da Dungeon. Reequipando a armadura que estava ao lado do pilar, ele a seguiu para fora dos arquivos e através do corredor restrito para o lobby.

Dizendo um adeus rápido, o menino cambaleou ao longo do jardim em frente à Sede da Guilda. Eina o observou ir até que ele desapareceu na noite.

“Foi um longo dia, não foi, Eina?”

“Misha… E todas também.”

Eina ficou surpresa ao ser saudada por um grupo de suas colegas de trabalho depois que ela voltou ao escritório.

Era muito raro que todas as recepcionistas ainda estivessem na Guilda tão tarde da noite.

“Não sei como você faz isso, trabalhando tanto com um aventureiro. Não vai mudar nada no seu salário.”

“Ah-ha-ha…”

Eina sorriu secamente com as palavras da recepcionista sênior enquanto a mulher lhe entregava uma xícara cheia de chá quente.

Não havia homens no escritório, então cada uma das damas pegou uma cadeira e reclamou do trabalho por um tempo.

“Oh, isso me lembra, Tulle. Um aventureiro deu em cima de você hoje?”

“… Misha.”

“O que eu deveria fazer? Como você pode esperar que eu mantivesse uma história tão suculenta para mim?”

Eina olhou para sua amiga que não conseguiria guardar um segredo para salvar sua vida. Mas logo ela riu alegremente. Ela não conseguia ficar brava com Misha por muito tempo.

Segurando a vontade de suspirar, ela olhou para a recepcionista mais velha. Sua colega estava sentada com os braços cruzados, obviamente não achando graça.

“Sério, estou bem aqui, e ainda assim você recebe toda a atenção… Os aventureiros precisam ter seus olhos examinados.”

“Mas, Rose, você renunciou aos aventureiros, não é?”

“Cada um deles. Os aventureiros sempre quebram suas promessas.”

Rose, uma lobisomem, brincava com as pontas de seus longos cabelos ruivos enquanto continuava seu discurso.

“Nada de bom vem em estar com alguém com um desejo de morte.”

A atmosfera no escritório mudou repentinamente.

As outras recepcionistas olharam para o chão, para o lado, ou esconderam seus rostos atrás de suas xícaras de chá.

“Eles dizem ‘eu quero você’, ‘eu te amo’, qualquer coisa que eles acham que queremos ouvir. Mas quando chega a hora, eles nunca voltam para casa. Eu acho que os aventureiros estão mais interessados ​​em monstros do que em mulheres.”

Havia uma grande dose de ironia em sua voz. Depois de alguns momentos, porém, todas podiam ver que era apenas um rosto corajoso.

Na maior parte, as recepcionistas — não, todos os funcionários da Guilda — mantinham sua distância dos aventureiros.

Ninguém tentava cruzar a linha desenhada na areia — embora seja melhor dizer que o número de pessoas que fazia isso estava diminuindo constantemente.

Assim como Rose havia dito, era apenas uma questão de tempo antes que os aventureiros desaparecessem.

Para sempre perdidos em algum canto profundo e escuro do labirinto abaixo de Orario.

Era quase uma garantia que mais do que uma das mulheres presentes tinha amado um deles de todo o coração, apenas para encharcar o travesseiro de lágrimas. A própria Eina uma vez caiu de joelhos de tristeza quando um dos aventureiros que ela estava aconselhando voltou da Dungeon como um cadáver. A meia elfa olhou para o lado e viu que nem mesmo Misha estava com sua animação usual.

Quando se tratava de aventureiros, sempre havia o perigo de eles não estarem por perto para ver o amanhã.

Então, as recepcionistas faziam o possível para mantê-los à distância.

Elas podem sorrir e usar palavras gentis em suas interações com aventureiros, mas isso fazia parte do trabalho. As recepcionistas estavam sendo profissionais.

“Tulle, não direi nada sobre como você faz seu trabalho… mas, quanto mais você tenta ser amiga de todos, mais arrependimentos você terá e mais complicadas as coisas ficarão.”

“… Entendo.”

De todas as recepcionistas, Eina era a única que tentava fazer conexões pessoais com seus aventureiros.

Ela os ajudava a tentar alcançar seus objetivos, fornecia-lhes informações valiosas, tomava a iniciativa de fazê-los estudar, e tudo com um sorriso em seu rosto.

Tudo porque ela pensava que havia algo que ela pudesse fazer por eles, fornecendo um pequeno impulso extra que garantiria seu retorno seguro da Dungeon.

Eina não queria desistir e acreditar que todos iriam simplesmente morrer; ela não os deixaria.

Ela tinha várias cicatrizes invisíveis da dor de eventos passados. Mesmo assim, Eina ajudava os aventureiros à sua maneira.

“Isso vale para o resto de vocês. Nunca fiquem muito perto de um aventureiro. Você só terá que lidar com a família, e eles não vão deixar nada para trás, nem mesmo dinheiro… E se você acabar com um, esprema os bolsos dele antes que ele morra!”

Essa última frase arrancou uma risada seca das outras recepcionistas.

Mesmo que houvesse um tom de brincadeira em sua voz, a mensagem da recepcionista veterana era um aviso e também um conselho.

Não apenas para Eina, mas para todas as suas colegas de trabalho.

Elas eram conhecidas como as “flores” da Guilda. No entanto, a menos que as mulheres conseguissem criar uma parede sólida entre o trabalho e o pessoal, suas vidas poderiam se tornar um inferno na terra.

*****

As recepcionistas se despediram e Eina saiu sozinha para voltar para casa.

Atravessando a Rua Principal Noroeste, ela continuou ao norte a partir da Sede da Guilda.

Muitos funcionários da Guilda optavam por residir no Distrito Norte por causa da habitação e comunidade de alta qualidade. A Guilda também construiu um conjunto de casas para as recepcionistas. Na verdade, a Guilda possuía vários edifícios na área e os repassava aos seus funcionários.

Amiga de todo mundo… Bem, eu não posso negar isso.

Já era tarde da noite, mas Eina estava cercada de atividades em ambos os lados da rua enquanto ela caminhava.

Embora não fosse nada em comparação com as ruas principais, luz quente e vozes alegres flutuavam das janelas abertas de vários bares da área. A rua estava completamente iluminada por lâmpadas de pedra mágica, tanto que ela podia ver cada um dos becos.

As palavras da recepcionista sênior se repetiram em sua cabeça, fazendo-a se sentir um pouco deprimida.

“… Não estou tentando ser a Srta. Simpatia, mas deve parecer assim.”

Eina não tinha intenção de ganhar elogios ou mudar sua atitude para ser exaltada. No entanto, o tempo extra e esforço que ela gastava com os aventureiros podem ser mal interpretados por suas colegas de trabalho.

Seu desejo de ajudar aventureiros era genuíno. Ela não pretendia mudar sua maneira de interagir com eles. Mas, ao mesmo tempo, uma parte dela sabia que isso podia complicar as coisas.

Na verdade, havia mais do que alguns aventureiros que sentiram uma conexão com a sempre amigável Eina. Dormul e Luvis eram exemplos perfeitos.

Mais do que isso, a relativa indiferença de suas colegas de trabalho a fez se destacar ainda mais.

Eina suspirou para si mesma enquanto reajustava a bolsa sobre seu ombro.

“…?”

Zip! Um calafrio percorreu sua espinha ao sentir o olhar de alguém em suas costas. Eina olhou por cima do ombro.

Havia várias pessoas do lado de fora, de pé no pavimento de pedra. Mas ninguém estava olhando em sua direção.

Ela também não reconheceu nenhum rosto. Inclinando a cabeça para o lado, ela se virou para a frente novamente.

Então, depois de dar apenas alguns passos…

“…!”

Ela sentiu aquele olhar misterioso novamente.

Seu coração bateu tão forte que ela não conseguiu respirar por um momento. Tentando agir como se não tivesse notado, Eina caminhou casualmente por alguns momentos antes de girar o mais rápido que podia.

A vida noturna da rua secundária refletiu em seus olhos esmeralda. Uma via reta, sem voltas ou reviravoltas.

Ela conhecia esta área como a palma de sua mão, então foi fácil identificar a sombra negra que saltou para fora de sua linha de visão.

Quem quer que fosse, estava usando um manto preto com capuz. Alguns momentos se passaram antes da pessoa espiar cautelosamente pela esquina do edifício e continuar olhando para ela.

Zip! Outro arrepio na espinha e agora um suor frio.

“…!”

Ela começou a se mover novamente, em direção a casa, em um ritmo mais rápido.

Com um pensamento após o outro passando por sua mente, ela se aproximou do conjunto de casas.

Quase ninguém estava na rua. Claro, havia muitas pessoas nos bares, mas sua única defesa era a luz que vinha das lâmpadas de pedra mágica. Ela estava inquieta, para dizer o mínimo.

Ainda me seguindo…?!

Ela ainda podia sentir o olhar grudado em suas costas. Quem quer que fosse, estava a seguindo persistentemente.

Deixando a comunidade de alta classe para trás, Eina emergiu em uma rua de aparência elegante. No entanto, estava completamente vazia e iluminada por poucos postes de pedra mágica. Seu perseguidor deve ter sentido a mudança nas circunstâncias, porque ela o sentiu mais perto do que nunca.

Eina estava correndo, e nem mesmo percebeu. Segurando a bolsa perto do peito, ela correu pelo pavimento de pedra tão rápido quanto suas pernas podiam carrega-la. Completando a última etapa de sua jornada no que pareceu uma eternidade, ela finalmente chegou ao portão da frente do conjunto de casas.

Eina entrou pelo portão e subiu para o prédio. Ela colocou a mão em um dos pilares externos e tentou recuperar o fôlego enquanto olhava ao redor. Tudo o que ela viu foi seu bairro envolto pela noite. Nenhuma figura encapuzada, nada fora do lugar.

Agarrando as costelas para controlar o coração acelerado, Eina não se mexeu daquele local.

*****

“O que?! Você foi perseguida ontem à noite?!”

“M-Misha! Não tão alto!”

Era manhã no saguão da Guilda.

Aventureiros estavam começando a entrar pelas portas da frente quando Misha gritou após ouvir a história de Eina.

Cobrindo rapidamente a boca com suas duas mãos, ela sussurrou um “D-desculpe!” para a amiga.

“Ele não tentou nada atrevido, não é? Você viu o rosto dele?”

“Ele não me tocou, mas eu não dei uma boa olhada em seu rosto… Havia um capuz no caminho.”

Eina explicou todos os detalhes dos eventos da noite anterior.

As duas esperaram pacientemente por aventureiros no balcão. No entanto, a preocupação de Misha não a deixava ficar em silêncio, e ela se inclinou para mais perto.

“Isso é muito ruim, Eina! Converse com os chefes e veja se você não consegue um guarda-costas! Alguns dos melhores membros da <Família Ganesha> ainda estão na cidade — um deles pode levá-la para casa esta noite.”

“V-você não acha que isso é um exagero? Pode ter sido apenas minha imaginação.”

Misha ainda falava muito mais alto do que precisava, e Eina se encolheu para longe dela.

Ela pensou que envolver uma família, mesmo uma com laços próximos com a Guilda, era ir longe demais. E sim, havia uma possibilidade real de que tudo estava em sua cabeça.

Mas acima de tudo, ela não queria receber nenhum tratamento especial.

“Exagero? Como isso é exagero? Já faz um tempo, mas eu já ouvi histórias sobre esse tipo de coisa — garotas sendo alvos, seguidas, sequestradas e levadas para fora da cidade!”

“Eu duvido que… Aqui é Orario, afinal. A segurança do portão inspeciona completamente qualquer um que saia da cidade, e quem ousaria atacar uma funcionária da Guilda…?”

“Mas, mas, mas…! Existem tantos rumores sobre meninas sendo vendidas para bordéis, e até mesmo alguns sobre um grupo de soldados Rakianos que encontraram uma maneira de entrar na cidade…!”

Eina deu a sua amiga um olhar suspeito quando a garota de cabelo rosa começou a falar sobre teorias da conspiração.

Misha gostava de boatos. Ela provavelmente pegou algumas histórias pela cidade e as repetia para qualquer pessoa que quisesse ouvir.

Ela estava prestes a dizer algo quando um aventureiro apareceu em sua frente no balcão. Misha relutantemente voltou ao trabalho. Eina logo fez o mesmo.

Mas… tenho certeza de que estava sendo seguida.

Só pensar nisso enviou arrepios pela sua espinha.

Tentar ignorar o problema a deixou ainda mais ansiosa.

Ela sabia que não deveria acreditar em nada que saísse da boca de Misha, mas… Arrepios percorreram seus braços.

Sua linha de pensamento a levou para um lugar que ela não queria ir, fazendo seu corpo tremer.

“Senhorita Eina?”

“!”

Ela conhecia aquela voz.

Bell estava parado na frente dela, parecendo bastante confuso.

Aparentemente, ele havia entrado na fila em frente a ela e agora era sua vez.

— Foco! Estou trabalhando!

Ela sorriu rapidamente depois de se repreender.

“Desculpe por isso, Bell. Eu me distraí por um momento. Como eu posso te ajudar hoje?”

“Eu… eu tenho uma pergunta sobre algo na Dungeon…”

Isso era tudo que Eina precisava ouvir.

Deixando Misha e as outras recepcionistas no balcão, ela se reuniu com Bell na sala de reuniões assim que juntou alguns documentos para o encontro.

“O que? Você já conquistou o décimo sétimo andar?”

“Sim, graças a toda a ajuda que recebemos da <Família Takemikazuchi>… Então gostaríamos de fazer uma tentativa de explorar o décimo nono andar.”

Ambos se sentaram em lados opostos da mesa na sala à prova de som. Bell foi direto ao ponto e explicou a situação.

O menino acabara de registrar sua segunda subida de nível há menos de uma semana.

Embora ela não tenha mostrado, Eina ficou absolutamente pasma com o ritmo incrível de Bell. Ele já estava no Nível 3.

Ele detém o recorde de subida de nível mais rápida. Quase tudo que o menino sentado em sua frente fazia a surpreendia de uma forma ou de outra.

“Hum… Srta. Eina.”

“O que é, Bell?”

“Aconteceu, hum, alguma coisa?”

Os olhos de Eina se abriram com a pergunta.

“Você… não parece você mesma hoje…”

Eina achou que estava fazendo um ótimo trabalho de atuação ao fingir que hoje era um dia normal como sempre. Aparentemente, ela não estava indo tão bem.

Pelo menos o suficiente para o menino notar.

“Não sei se posso ajudar… Mas se você quiser que alguém ouça, eu poderia, hum…”

As palavras de Bell ficaram confusas enquanto suas bochechas ficavam rosadas. Ele coçou atrás da cabeça e disse: “Você sempre ouve meus problemas, Srta. Eina.”

Talvez fosse porque Eina ainda estava agitada da noite passada, mas ver o menino tímido tentar oferecer ajuda deu a ela a mais leve sensação de calor em seu coração.

As palavras deixaram sua boca antes que ela percebesse. Esquecendo-se de sua posição, ela aceitou a oferta de Bell.

“Noite passada…”

Ela contou tudo o que aconteceu e observou a expressão do menino mudar várias vezes durante a história. Ele ficou sem palavras quando ela chegou ao fim. Sorrindo fracamente com sua reação, Eina olhou para Bell do outro lado da mesa.

E se…

E se Bell estiver disposta a levá-la para casa…

E se ele estiver disposto a se tornar seu guarda-costas, assim como Misha tinha sugerido…

Sua linha de pensamento chegou tão longe antes de… Não, que estúpido! Ela franziu a testa para si mesma.

Era vergonhoso até mesmo considerar isso.

“Desculpe. Por favor, esqueça tudo o que eu disse, Bell.”

“Huh… M-mas —”

“Este é o meu problema, e não é tão sério. Eu mesma vou encontrar uma maneira de consertar isso.”

Certamente seria um incômodo para ele ser arrastado para isso, então ela retirou suas palavras.

De volta ao modo de funcionária da Guilda, Eina repetiu para Bell que ela estava bem e deu o seu melhor para sorrir.

No entanto, Bell a interrompeu antes que ela pudesse dizer qualquer outra coisa.

“I-isto provavelmente é sério! Definitivamente sério! Rakia está tentando invadir, e até dentro da muralha…!”

“B-Bell?”

O menino falou como se soubesse de algo. Mas um olhar para Eina e ele percebeu seu erro. Ops! Estava escrito em seu rosto. Encolhendo os ombros e fechando a boca, Bell de alguma forma conseguiu evitar que a informação fosse divulgada. Ele lutou para mudar de assunto.

“Se você acha que eu posso ajudar, por favor, peça! Eu não tenho certeza de quão bem eu posso fazer, mas se você precisar de um guarda-costas ou algo assim, é só dizer!”

Guarda-costas. Ele disse guarda-costas. Os olhos de Eina se arregalaram mais uma vez.

“Você me ajudou muito, Srta. Eina… Então, por favor!”

“… Obrigado, Bell. Mas este é meu trabalho. Você não me deve nada por meu apoio.”

Finalmente calma, Eina apresentou um argumento sólido.

A razão pela qual ela ouvia os problemas de Bell e lhe dava conselhos era apenas porque ela era empregada pela Guilda.

Ela reforçou sua posição dizendo que estava lisonjeada por Bell estar disposto a sair de seu caminho para ajudá-la, mas recusou educadamente.

“— A armadura!”

“O quê?”

Bell havia encontrado seu contra-argumento.

“A <Braçadeira Verde>! Aquela que você comprou para mim! Por favor, considere isso como minha maneira de retribuir!”

Isso foi há muito tempo atrás.

Eina sugeriu que ele precisava de uma nova armadura, e os dois procuraram por opções juntos.

Naquele dia, Eina comprou para ele um escudo de braço, uma <Braçadeira>, como um presente.

Ele estava certo. Isso não fazia parte de seu trabalho.

Foi uma decisão que ela tomou por conta própria, e o fato de que ela não tinha pedido qualquer tipo de reembolso falava muito sobre o significado por trás disso.

“… Tão persistente.”

Ela podia dizer pelo olhar de Bell que ele não iria recuar. Eina aceitou a derrota.

Um longo suspiro escapou de seus lábios, os músculos de seu rosto se contraíram. Mas mesmo assim, ela sorriu para o menino.

“Se você insiste, vou aceitar. Estou contando com você, Bell.”

“E-eu não vou te decepcionar!”

*****

O sol se pôs atrás da muralha da cidade quando a noite começou a aparecer.

Eina estava sentada no balcão com suas colegas de trabalho quando ela avistou Bell, voltando da Dungeon, fazendo seu caminho para a Estação de Troca. Os dois acenaram com a cabeça um para o outro e ela se levantou.

Ninguém mais notou sua breve comunicação.

“Minhas desculpas, mas devo encerrar o dia.”

“Oh? Vai para casa mais cedo? Te vejo amanhã.”

Ela juntou suas coisas entre breves conversas com suas colegas de trabalho. Misha olhou para ela de sua montanha de papéis com preocupação em seus olhos. Eina acenou para ela, dizendo para não se preocupar.

“Desculpe deixá-lo esperando, Bell.”

“Não é, hum, grande coisa. Devemos…?”

“Sim, vamos lá. Só… até eu chegar em casa. Estou contando com você.”

“Eu farei o meu melhor.”

Eina, que havia saído pela porta traseira da Sede da Guilda, encontrou Bell esperando por ela. Os dois partiram juntos.

Era oficial: depois da conversa, ela pediu a Bell para se tornar seu guarda-costas.

O menino havia deixado seus aliados para protegê-la durante seu trajeto para casa imediatamente após sair da Dungeon.

“Desculpe por tudo isso, Bell. Você deve estar cansado depois de explorar a Dungeon.”

“Na verdade, não. Voltamos cedo hoje, então ainda estou em boa forma. Nada para se preocupar.”

“… Obrigada.”

Ela viajou pela mesma rua de sempre, mas desta vez havia outra pessoa junto dela.

As ruas estavam vivas sob o céu vermelho escuro porque, assim como Bell, outros aventureiros estavam voltando da Dungeon. Os bares estavam começando a se encher de semi-humanos à esquerda e à direita, tornando difícil a passagem pelas multidões.

Eina e Bell fizeram o possível para evitar esbarrar nas outras pessoas enquanto abriam caminho através da multidão.

… Isso é um pouco estressante.

Não era nada muito drástico, mas ela podia sentir o quão próximos eles estavam.

Eles ainda tinham que decidir por quanto tempo isso iria continuar, mas o pensamento de ir para casa com Bell todos os dias fazia seu coração disparar. Ela não tinha esquecido de seu misterioso perseguidor, mas não podia ignorar o menino ao lado de seu ombro enquanto caminhavam lado a lado.

Seus olhos dispararam ao redor enquanto ela se perguntava o que os outros pedestres pensariam deles.

Bell nunca tinha passado por esta parte da cidade antes. Eina se inclinou para frente, tentando dar uma espiada em seu rosto.

“—!”

Naquele momento…

A aura de Bell mudou completamente, pegando Eina de surpresa.

“B-Bell?”

“… Estamos sendo observados, provavelmente.”

“Nós estamos…?”

Ao contrário de ontem, ela não tinha ideia.

Eina pode ter ficado pasma com seus sentidos aguçados, mas o olhar focado no rosto de Bell a surpreendeu ainda mais.

Seus olhos vermelho-rubi examinaram a multidão e os edifícios circundantes, não deixando nenhuma fenda sem supervisão.

Embora pareça estranho ver Bell agindo como um aventureiro, seu pulso acelerou ligeiramente.

Então ele tem essa expressão também…

Ela tinha visto flashes disso enquanto assistia aos Jogos de Guerra… mas o ver assim pessoalmente a estava deixando um pouco agitada.

Ela o observou cuidadosamente por vários momentos antes que a tensão fosse embora de seus ombros.

“Eu acho que… foi embora. Quem quer que seja, pode estar se escondendo…”

“V-você consegue sentir isso, Bell?”

“Sim. Algo está sempre me observando, então eu fiquei bom em perceber…”

“Hã?”

“Hum, não é nada.”

A percepção aguçada de Bell foi desenvolvida sob o olhar poderoso de uma deusa misteriosa.

Se o que ele disse é verdade, isso quase confirmava que ela tinha um perseguidor. A noite passada não era uma invenção de sua imaginação, afinal. Alguém a estava seguindo.

Um calafrio percorreu sua pele, quando de repente — o fluxo da multidão mudou sem aviso.

Eina foi engolida por uma onda de pessoas. A cabeça branca de Bell estava prestes a desaparecer.

Uma mão surgiu do nada e segurou seu pulso.

“V-você está bem?”

“… S-sim.”

Bell, de alguma forma, conseguiu encontrar uma brecha na multidão. As palavras de Eina soaram fracas quando ela respondeu.

Cinco dedos fortes seguraram sua mão e não a largaram.

Eina não pôde evitar de ficar corada.

“Ah… Oh! Desculpe!”

Bell percebeu porque ela estava mais vermelha do que o normal e imediatamente soltou sua mão.

O calor persistente da mão de Bell parecia uma luva ao redor da sua. Mas no momento em que viu Bell ficar envergonhado, uma risada nervosa escapou de seus lábios.

“Devemos ir?”

“Hum, sim.”

Uma confirmação rápida e eles partiram novamente.

A garota precisou de tudo que tinha para esconder seu nervosismo. Um sorriso lentamente apareceu em seu rosto quando Eina mais uma vez olhou para o menino ao seu lado, protegendo-a. Seu guarda-costas.

Quando eles deixaram a Guilda, o pequeno espaço entre eles a fez ficar nervosa. Agora era reconfortante tê-lo tão perto.

“Ei, Eina. Você tem andado distraída nos últimos dias. O que aconteceu?”

“… O quê?”

Manhã, dois dias depois.

Elas estavam no meio do trabalho, mas as palavras de Misha fizeram Eina hesitar.

“Você está sorrindo sem parar com um brilho nos olhos. É como se você estivesse rindo para si mesma ou algo assim.”

“E-eu estou?”

“Bastante.”

Cada parte do balcão de recepção vinha equipada com um espelho para as recepcionistas. Eina o pegou e deu uma olhada.

De fato, suas bochechas estavam salpicadas de rosa sob as bordas de seus óculos. De repente envergonhada, ela manteve os olhos em seu reflexo e consertou sua franja.

“Alguém estava perseguindo você no outro dia. Está tudo certo agora?”

“Bem, eu não diria que está exatamente resolvido, mas…”

“Ok, então qual é o problema? Algo bom aconteceu?”

Nenhuma palavra saiu da boca de Eina.

Ela não tinha uma resposta pronta para a pergunta de Misha.

Havia apenas uma resposta que fazia sentido — o motivo pelo qual ela estava tão feliz era que ela estava ansiosa pelo tempo que passaria com Bell.

Eina procurou as palavras certas, mas Misha interrompeu sua linha de pensamento com um grito repentino. “Ah! É aquele anão de antes. Qual era o nome dele… Dodomel?”

“Sério?”

Ignorando o erro óbvio de sua amiga, Eina seguiu sua linha de visão. Dormul estava parado do outro lado do saguão.

Com a boca fechada e olhando em sua direção, ele rapidamente se virou no momento em que percebeu que ela estava olhando para ele.

Normalmente, ele inventaria uma desculpa para falar com ela… No entanto, desta vez ele foi diretamente para a saída enquanto Eina o observava confusa.

“Ele saiu. Espere um minuto, havia um elfo aqui fazendo exatamente a mesma coisa não faz muito tempo.”

“Foi… Luvis?”

“Sim. Ele ficava olhando para você.”

Luvis conversava com Eina sempre que visitava a Guilda, assim como Dormul. Não deveria ser tão estranho para eles não dizer olá uma ou duas vezes, mas o pensamento confundiu Eina enquanto ela inclinou a cabeça.

Misha já havia reiniciado a conversa anterior, mas a meia elfa ficou observando o local por onde o anão havia saído do prédio.

“O grupo estava completamente cercado por Minotauros, então tivemos que sair de lá…”

“Hee-hee… Isso foi perigoso.”

Aquela noite. Bell se juntou a Eina em sua caminhada para casa, assim como ele havia feito nos últimos dois dias.

Já era tarde da noite. Retornar da Dungeon demorou mais do que Bell esperava, e ele contou a ela tudo o que aconteceu. Eina sorriu e ouviu, expressando sua opinião de vez em quando.

A sombra sinistra não se mostrava desde que Bell começou a acompanha-la.

Esta situação não pode durar para sempre… Eu tenho que encontrar uma solução.

Era sua culpa que Bell tivesse se envolvido nisso, e ela odiava. Tranquilizando-se de que era apenas temporário, a mente de Eina estava em outro lugar enquanto falava com Bell.

… O que Bell é para mim?

De repente, ela percebeu que o pensamento de parar de se encontrar com Bell a fazia se sentir um pouco solitária. Lembrando-se de sua conversa com Misha naquela manhã, Eina decidiu se perguntar algumas questões.

Para Eina… Bell era como um irmão mais novo. Essa foi a melhor maneira de descrevê-lo.

Nada mais, nada menos. Com essa mentalidade, não devia haver qualquer espaço para pensamentos dele como um homem entrarem em sua cabeça.

Mas, novamente, ela se sentia atraída por homens como Bell.

— Eina corou furiosamente e olhou para o chão assim que esse pensamento lhe veio à cabeça.

Idiota! Ela se repreendeu repetidamente por querer que este tempo com ele continuasse.

Bell estava bem ao lado dela, tentando desesperadamente descobrir o que estava errado com a meia elfa.

“S-Srta. Eina, chegamos.”

“…! Oh, obrigada, Bell.”

Eles haviam chegado ao portão em frente à casa compartilhada da Guilda.

Ainda nervosa, Eina ergueu os olhos e disse um rápido obrigado. Apenas então ela percebeu o cansaço no rosto do menino.

Claro, fazia todo o sentido. Ele tinha acabado de terminar uma exploração extremamente difícil na Dungeon e tinha vindo para levá-la para casa imediatamente depois. Ele vinha fazendo isso a vários dias.

“Bem, Srta. Eina, estou indo para casa.” Entregando-a em segurança, Bell se afastou de Eina.

Ela se sentiu tão mal por colocá-lo nessa situação que as palavras saíram de seus lábios antes que ela soubesse o que estava acontecendo.

“… Bell? Você gostaria de subir?”

“Hã?”

Eina percebeu o que tinha feito depois que terminou de falar. Mas ela não podia ignorar o quão cansado o menino parecia e decidiu continuar. “Bem, você trabalha tanto todos os dias e ainda me ajuda… o mínimo que posso fazer é preparar uma xícara de chá para você.”

O nervosismo estava de volta. Ela lutou para evitar que sua voz tremesse. Suas orelhas pontudas estavam queimando.

A oferta gentil de Eina pegou Bell desprevenido por um momento. Mas logo seu rosto relaxou e ele sorriu para ela antes de recusar.

“Muito obrigado, Srta. Eina. Mas minha família está esperando por mim, então… Boa noite,” ele disse, e se virou mais uma vez.

“… Haaa.”

Um suspiro de decepção escapou de Eina.

Mas um sorriso cresceu em seus lábios logo depois, enquanto o observava partir.

Ela ficou parada até que ele sumisse de vista.

*****

O dia seguinte foi o quarto consecutivo em que Bell serviu como guarda-costas de Eina.

Foi também o dia em que tudo mudou.

“B-Bell, o que há de errado? Você está suando muito…”

“O observador… quer matar…”

Os dois se encontraram atrás da Sede da Guilda nas primeiras horas da noite. Aconteceu quando eles estavam no meio do caminho para casa.

Bell manteve a cabeça girando, verificando incessantemente os arredores.

“V-você tem certeza?”

“Sim… embora a intenção assassina pareça ser direcionada a mim ao invés de nós dois.”

Bell não fez nenhuma tentativa de amenizar a situação. A expressão em seu rosto revelou o quão forte a pressão estava sobre ele.

Compreendendo a gravidade das circunstâncias, Eina deu uma rápida olhada em torno de si antes de se inclinar para perto do ouvido de Bell.

“Bell, vire naquele beco.”

“Hã?”

“Vamos atrair quem quer que seja para longe das outras pessoas. Não há dúvidas de que ele vai nos seguir.”

Uma pessoa que emanava uma aura tão poderosa provavelmente não estava pensando direito.

Considerando a situação, ele os perseguiria em qualquer lugar, especialmente se houvesse menos pessoas.

Ao mesmo tempo, as chances de uma briga estourar assim que eles encontrassem o perseguidor aumentaram imensamente.

Bell entendeu tudo isso sem que Eina precisasse dizer uma palavra. Ele sabia o perigo, mas se decidiu em um piscar de olhos e deu um aceno afirmativo. Chegou a hora de Bell cumprir seu papel como guarda-costas.

Os dois deixaram a rua movimentada e entraram no beco escuro. Após andar por um tempo, eles encontraram um local ideal para ficar à espera, bem escondidos pelas sombras.

Eles ouviram passos apressados ​​e poderosos alguns segundos depois. Eina se agarrou a Bell enquanto os ecos chegavam aos seus ouvidos. Ela fez o seu melhor para ser o mais silenciosa possível, respirando apenas quando necessário.

Então aconteceu — uma sombra negra passou sobre seu esconderijo. Ele continuou para ainda mais longe em direção a um beco sem saída. Bell saltou para fora das sombras no momento em que seu perseguidor parou.

“Eh?! — Dormul?!”

Eina entrou na luz fraca atrás de Bell e engasgou no momento em que viu o homem olhando para seu guarda-costas.

O anão usava um manto com capuz que mal era adequado para ele. No entanto, ele não deve ter ouvido a voz de Eina por que seu olhar estava preso apenas em Bell, todo o seu rosto queimando em vermelho.

“O que você pensa que está fazendo, trazendo Eina para um lugar como este, hein?”

Dormul gritou enquanto desenganchava um martelo de guerra de suas costas.

Ele o agarrou com as duas mãos, ergueu-o bem acima da cabeça e avançou antes que Bell pudesse dizer uma palavra.

“B-Bell! Dormul! Pare com isso —!”

O impacto ensurdecedor do martelo de Dormul abafou a última parte do grito desesperado de Eina.

Fragmentos de pedra voaram alto; uma tremenda onda de choque se espalhou pela rua. Bell soube naquele momento que não poderia se segurar contra este oponente e rapidamente sacou duas facas.

Girando para fora do caminho, ele se moveu para o contra-ataque.

“Cabelo branco, olhos vermelhos, humano… Eu conheço você, você é o <Pequeno Novato>!”

“!”

“Mas você não tem chance contra mim!”

Dormul bloqueou facilmente o ataque de Bell como se fosse brincadeira de criança. Ele sorriu enquanto balançava a enorme arma.

Bell não teve escolha a não ser recuar. Os braços musculosos do anão guiaram o martelo em uma série de golpes poderosos.

Isso não é bom, pensou Eina.

Bell e Dormul eram aventureiros de segunda categoria. No entanto, Bell tinha subido de nível recentemente, enquanto Dormul atingiu o Nível 3 há quase três anos. Em termos de força e habilidade, o anão era um verdadeiro veterano. Portanto, ele possuía uma vantagem distinta.

Eina temia o pior, lamentando instantaneamente sua decisão de colocar Bell em perigo. Mas esses temores logo se mostraram inúteis.

“—!!”

“WAHH!”

Bell estava preso em um beco sem saída, sem nenhum lugar para escapar. Dormul levantou o martelo para dar o golpe final, mas uma faca preta o interceptou em seu caminho. Esculpindo um arco violeta no ar, ela forçou o martelo de guerra para o chão.

Dormul, que estava atordoado, assistiu com olhos arregalados enquanto Bell ganhava velocidade.

Ele… ele é rápido!

Eina ficou igualmente surpresa.

O menino era rápido demais para ela ver. Saltando pelas paredes e através do ar como um coelho, Bell encontrou seu caminho para os pontos cegos do anão — e atacou por trás e pelos lados. Quando Eina pensou que Dormul tinha uma janela para contra-atacar após bloquear um dos ataques de Bell, o menino já tinha sumido. Os olhos dela giraram, tentando acompanhar seus movimentos.

A surpresa de Eina veio do fato de que Bell realmente parecia um aventureiro de segunda categoria.

Mesmo em comparação com o experiente Dormul, a nitidez de suas ações não era de nenhuma forma inferior. Ele não estava dependendo do poder de seu Status.

Mesmo quando encurralado, ele movia seu corpo extremamente bem e executava técnicas que o colocavam em pé de igualdade com seu oponente. Este era um combate corpo-a-corpo da mais alta categoria.

Eina se lembrou de suas façanhas nos Jogos de Guerra. O coelho branco contra o comandante inimigo, o aventureiro de nível superior Hyakinthos — o azarão virando a mesa contra um opressor com habilidades e técnicas tão afiadas quanto uma espada.

Vendo com seus próprios olhos, Eina percebeu que a professora que tinha lhe ensinado técnicas de combate era extraordinária.

“Pare… pare de pular por aí, DROGA!”

Dormul estava perdendo sua capacidade de acompanhar Bell a cada segundo. Seus golpes atingiam nada além do ar vazio, e o menino estava tomando vantagem das aberturas para contra-atacar.

Era a tática de bater e correr do coelho branco. Dormul gritou de frustação enquanto balançava para frente e para trás.

A Agilidade de Bell — sua velocidade estava em um nível diferente.

Os anões eram conhecidos por sua força e poder, mas essa era uma combinação horrível contra Bell.

“MERDA! Tente se esquivar disso, coelho!”

A frustração de Dormul atingiu seu ponto de ebulição. Ele alcançou atrás de seu ombro e puxou outro martelo gigante.

— Uma espada mágica?!

Eina soube imediatamente que a energia amarela brilhante envolvendo a arma não era apenas para exibição.

Espadas mágicas vinham em diversas formas diferentes, mas cada uma tinha a capacidade de invocar incrível poder mágico em um piscar de olhos. Se uma dessas poderosas armas liberasse sua energia neste espaço confinado, acertaria seu alvo sem falhar. Dormul sabia o que estava fazendo.

Eina se esqueceu de respirar. Ela tinha que parar isso, mas antes que pudesse tentar…

Um Bell de olhos arregalados atacou Dormul de frente.

Bell!

A julgar pelo ângulo de sua investida, Eina viu imediatamente que ele estava afastando o ataque dela para que ela não fosse pega na explosão.

Os lábios de Dormul se contraíram em um sorriso enquanto ele observava seu alvo se aproximar. Ele trouxe a arma mágica direto para o caminho do menino.

Tudo o que Bell pôde ver ao cruzar o pavimento de pedra foi o anão colocando todos os músculos de seu corpo no balanço.

“COMA ISSO!!”

“— Hah!”

Bell ergueu a faca carmesim em sua mão esquerda para encontrar o martelo.

Deixando um rastro de luz escarlate em seu rastro, a lâmina da faca foi para baixo da cabeça do martelo e cortou o cabo.

“—”

A parte pesada da arma mágica em forma de martelo girou alto no ar.

O resto da arma, o cabo cortado na mão de Dormul, não atingiu seu alvo. Seu ás na manga falhou.

Bell passou direto pelo anão e saltou na frente da meia elfa chocada com a velocidade estonteante. Ele assumiu uma postura defensiva com ela em suas costas, protegendo Eina como um guarda-costas deveria.

Dormul congelou no lugar, absolutamente pasmo que seu ataque de espada mágica tinha falhado.

Se recuperando rapidamente, ele pegou seu martelo de guerra mais uma vez e se virou para Bell, pronto para mais.

“Isso não acabou!”

Contudo.

O resto do martelo decapitado caiu do céu logo acima dele.

Eina e Bell assistiram em choque quando a parte plana do martelo atingiu a cabeça de Dormul.

“GWAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!”

Um grosso raio surgiu no momento em que seu grito ecoou através do beco.

A energia amarela pulsando dentro da arma mágica tinha sido lançada em um poderoso flash, trazendo um pilar de energia elétrica para cima do anão.

Bell e Eina foram lançados para longe. Colidindo no ar, eles caíram juntos no chão.

“B-Bell! Você está machucado?”

“E-eu estou bem… estou mais preocupado com ele, para ser honesto.”

Eina caiu de costas, Bell de bruços em cima dela. Apoiando em seus cotovelos, ela pôde ver que as costas do menino estavam chamuscadas. Bell, por outro lado, apontou para a origem da explosão.

Uma sensação de alívio inundou suas veias quando os dois se levantaram. Em seguida, foram verificar Dormul.

“Ehh…”

Cada uma das paredes que compunham o beco sem saída tinha sido consideravelmente danificada. O anão estava no meio de uma pilha de pedras carbonizadas, queimado da cabeça aos pés.

Ao lado de seu corpo fumegante estava a grande cabeça do martelo. Com sua energia gasta, ele rachou e caiu em pedaços.

“E-ele está vivo…?”

“Sim… ele está respirando.”

Chegando ao seu lado, os dois verificaram os sinais vitais. Vendo que ele estava bem, o menino finalmente relaxou os ombros.

Eina, no entanto, tinha uma expressão mais turva.

Ela não conseguia acreditar. Dormul era seu perseguidor? Isso não podia ser verdade.

Ela tinha encontrado todos os tipos de aventureiros em seus anos de trabalho como recepcionista da Guilda. Ela estava muito confiante em sua capacidade de ver o verdadeiro caráter de uma pessoa. Como poderia um anão estranho com uma alma gentil fazer algo assim…?

Eina se virou, um olhar sombrio em seus olhos.

“…”

Bell estava ao lado dela, olhando ao redor do beco sem saída e nas paredes que os cercavam.

Seu olhar inquisitivo pousou em Dormul e depois no céu noturno. Ele era incapaz de afastar um sentimento entranho.

*****

Bell ajudou a mover o inconsciente Dormul para a Sede da Guilda antes do fim da noite.

O anão teria a chance de se explicar assim que recuperasse a consciência, mas o golpe da espada mágica tinha sido tão poderoso que ele ainda não tinha acordado.

Eina ainda estava se recuperando do choque. Ela não conseguia nem se concentrar no trabalho.

“Eina, você está se sentindo bem?”

“Sim, estou bem. Desculpe.”

Ela sentiu um nó no coração o dia inteiro. O tempo passou e a noite caiu novamente.

Eina forçou um sorriso para Misha e suas colegas de trabalho preocupadas antes de sair da Sede da Guilda.

Claro, Bell não estava esperando por ela. O incidente do perseguidor foi resolvido, então não havia mais razão para ele acompanhá-la.

Com o céu noturno acima, Eina seguiu por ruas familiares em seu caminho para casa.

“— O que?”

Não houve nenhum aviso.

Eina simplesmente olhou por cima do ombro, apenas para ter o vislumbre de uma figura estranha. Alguém com um manto preto e capuz. Era o mesmo traje que seu perseguidor estava usando na primeira noite.

Todo o sangue foi drenado de seu rosto.

“!”

Não pode ser! Ela gritou silenciosamente e saiu correndo. Outro olhar por cima do ombro confirmou que a figura encapuzada a estava seguindo.

Então não era Dormul afinal…?!

O verdadeiro perseguidor era outra pessoa. O gentil anão não tinha nada a ver com isso, fazendo com que ainda mais pensamentos passassem pela mente de Eina. Dormul estava na área por acaso e aconteceu um mal entendido. Ele deve ter acreditado que Bell a forçou a entrar naquele beco escuro.

Ela saiu correndo pela comunidade de classe alta e foi para uma rua estranha. Não havia ninguém à vista. A luz fraca de uma lâmpada de pedra mágica iluminou o lado de seu rosto enquanto ela corria.

Seu perseguidor era mais rápido. Não havia como escapar.

Ela podia senti-lo se aproximando. Eina respirou fundo em preparação para soltar um grito que poderia ser ouvido por outras pessoas.

“<Flecha de Fogo>!”

Um raio flamejante brilhou antes que ela pudesse gritar.

Veio de trás dela e de seu perseguidor de capa preta. A Magia correu pelo pavimento de pedra e explodiu tão perto deles que Eina e a figura pararam para olhar.

De repente, o som de passos ecoou de cima das casas que ladeavam a rua — um lampejo de cabelos brancos apareceu das sombras quando alguém saltou no ar.

O borrão desceu em cima da figura encapuzada, um pé atingindo suas costas.

“Uph!”

“!”

“B-Bell?!”

“D-desculpe, algo simplesmente não parecia certo… E-eu deveria ter vindo mais rápido.”

Bell lutou para pronunciar as palavras entre suas respirações irregulares. Livre do terror, Eina não poderia ter ficado mais aliviada em vê-lo e estava cheia de vontade de abraçar o menino. Rapidamente enxugando as lágrimas em seus olhos esmeralda, ela lhe fez uma pergunta. “O que você quer dizer, algo não parecia certo?”

“Eu não queria assusta-la, então não disse nada, mas… havia vários pares de olhos nos observando todos os dias quando voltávamos para a sua casa…”

Bell continuou, dizendo que sentia alguns olhares distantes mesmo quando lutava com Dormul.

Aparentemente, ele tinha planejado levá-la para casa novamente porque não conseguia se convencer de que estava apenas sendo paranoico. Assim que ouviu da Guilda que a recepcionista deprimida já havia partido, ele correu a toda velocidade.

“— DORYAAAAAAAAAAAAAAAAAA!”

” ” “!” ” “

A situação mudou novamente um segundo depois.

Um anão musculoso irrompeu na rua lateral como um tanque rompendo as linhas inimigas.

As três figuras ficaram imóveis, sem saber como responder quando os punhos enormes do anão foram direto para a pessoa que usava a capa preta.

O alvo girou para fora de seu alcance.

“Você está bem, Eina?”

“É você, Dormul…? O que você está fazendo aqui? Como você saiu da Guilda?”

“Fiz minha própria porta com aquela parede insignificante!”

Eina bateu com a mão na testa.

Mas Dormul não percebeu sua reação ou o fato de que Bell começou a suar de nervoso. Todos os seus sentidos estavam totalmente focados na figura encapuzada, seu olhar queimando de fúria.

“Então é você? O doente que está perseguindo Eina?”

Os olhos de Eina se arregalaram de surpresa por Dormul saber sobre sua situação.

Ao mesmo tempo, a figura encapuzada colocou as mãos nas bordas do capuz.

“Você se atreve a me chamar por um título tão incivilizado, anão imundo?”

“L-Luvis?!”

Mais uma surpresa — Eina tinha perdido a conta de quantas — fez sua mandíbula cair.

Com seu elegante cabelo dourado exposto, o elfo devolveu o olhar do anão.

“Prefiro chamá-lo de pervertido! Como você vai explicar isso?”

“Gh… eu só queria expressar meus verdadeiros sentimentos por Eina…”

As bochechas do elfo assumiram um tom claro de rosa quando ele lançou seu olhar na direção de Eina, antes que assumisse uma postura ofensiva.

“Em… em qualquer caso, fiquei farto de seguir todas as voltas e reviravoltas da convenção social. É minha natureza ser mais direto! Você cometeu um grave mal-entendido!”

“Oh-ho! Que mal-entendido seria esse?”

Bell foi completamente excluído da conversa. Ele ficou lá, olhando da esquerda para a direita enquanto os dois homens trocavam golpes verbais. Eina assistiu com a sensação inexplicável de que ambas as partes estavam perdendo informação vital.

Ela se colocou entre eles e convocou cada fragmento de profissionalismo que ela havia desenvolvido durante o trabalho. “Parem aí, vocês dois! Ambos os lados desta discussão precisam ser ouvidos, então se acalmem neste instante!”

O estalo do chicote verbal de Eina fez Dormul e Luvis ficarem em silêncio, mas os dois ainda estavam se encarando.

Agora que as coisas haviam se acalmado um pouco, Eina se voltou para o elfo.

“Podemos ouvir o seu lado da história, Luvis? Cada detalhe que o trouxe até este ponto.”

“C-claro, eu suponho…”

Luvis engoliu em seco sob a pressão do olhar de Eina. Movendo-se desconfortavelmente em seu manto, ele finalmente assentiu.

“Alguns dias atrás, quando eu estava presente no saguão da Guilda… ouvi dizer que você estava sendo perseguida por um indivíduo desconhecido, e eu comecei a segui-la para ter certeza de que nenhum dano acontecesse a você.”

Eina piscou algumas vezes. O momento em que sua amiga Misha gritou atrás do balcão imediatamente se repetiu em sua cabeça. Isso colocou a questão de lado.

Provavelmente, Dormul também soube de sua situação de um modo semelhante.

“Huhhh? Pare de mentir, todos nós sabemos que você foi o único desde o início…!”

“Dormul, você terá a oportunidade de falar, então, por favor, fique quieto por enquanto. O que você estava dizendo, Luvis?”

“Oh, sim… eu consultei o deus da minha família.”

… O quê? Eina congelou no lugar.

“Ele me aconselhou que homens de verdade deveriam proteger das sombras. Então eu me escondi enquanto me certificava de que nenhum mal aconteceria com você… “

“… Meu deus disse a mesma coisa. Um homem digno protege por trás.”

“O quê?”

… Algo estava muito, muito errado.

“Basicamente, vocês dois estavam preocupados… então vocês decidiram me seguir secretamente? “

“Isso resume tudo.”

“Eu acho, se você colocar dessa maneira.”

Foi uma pílula amarga para Eina engolir. Os dois aventureiros tinham admitido que se comportaram exatamente como perseguidores.

Mas havia mais nessa história. Suas abordagens cada vez mais agressivas também foram devido ao conselho de seus deuses. Ambos fariam o que fosse necessário para ganhar seu coração, e eles seguiram cegamente às instruções das divindades.

Quanto ao menino que foi puxado para a situação como guarda-costas, ambos os aventureiros o viam como inimigo. Essa rivalidade unilateral atingiu níveis perigosos quando o viram sendo amigável e segurando a mão dela.

Então, isso significa — Eina sentiu que estava a um passo de identificar o verdadeiro culpado.

“Dormul também usava algo assim, mas… Luvis, pode explicar o manto…?”

“Oh, isso? Meu deus disse que é a última “tendência” ou algo parecido…”

“Uh, hum… Você não acha que seria o contrário? Isso iria assustá-la…”

“O quê?”

Foi exatamente isso.

O garoto de cabelos brancos levantou a mão cautelosamente enquanto falava. Vestir aquele tipo de manto à noite só iria instilar medo nela e tornar mais provável que Eina interpretasse mal suas intenções.

Dormul e Luvis fecharam a boca como se tivessem levado todo esse tempo para perceber o que tinha acontecido.

Um silêncio constrangedor caiu em torno dos quatro — “Geh-hee-hee-hee!”

Uma risada encheu o ar de algum lugar fora de vista.

A-assim como eu pensei…

Os mortais imediatamente olharam para os telhados. Foi quando eles viram: duas divindades segurando os estômagos enquanto apontavam e riam para eles.

— Eles tinham sido enganados, todos eles.

Eles tinham dançado nas palmas das mãos de dois deuses entediados.

Sendo esse o caso, provavelmente o primeiro perseguidor de capuz preto foi uma das duas divindades. O plano deles era colocar seus dois seguidores apaixonados um contra o outro, assim que Luvis e Dormul vieram até eles em busca de conselhos.

Tudo para “entretenimento”.

As divindades normalmente não tinham problemas em tratar as muitas crianças que viviam Gekai como nada mais do que peças em um tabuleiro. Eles foram inconscientemente sugados para uma brincadeira divina.

“Awww, e eu pensei que Eina iria rejeitar os dois uma vez que eles fizessem seu movimento.”

“Eu ganhei a aposta, de forma justa.”

Ambos tremeram de tanto rir sob a luz da lua. Seus seguidores, Dormul e Luvis, também tremiam, mas por um motivo muito diferente.

“Grrrrrrr…” O anão rosnou, apertando os dentes. Mesmo a pele do orgulhoso elfo tinha ficado vermelha da cabeça aos pés.

Com os punhos cerrados, eles suportaram a humilhação.

“Luvis, papai acabou de ficar rico com a aposta. Eu vou te dar uma grande festa assim que chegarmos em casa esta noite!”

“Dormuuuul. Estou com pouco de dinheiro — você pode me emprestar alguns vals? Por favor?”

” “— VÁ PARA O INFEEEEEEERNO!!” “

Uma serie de flechas do elfo e qualquer rocha que o anão pudesse alcançar bombardearam as duas divindades.

No entanto, os dois deuses escaparam antes que qualquer uma das flechas ou pedras pudessem atingi-los. A risada deles ecoou pelos prédios enquanto o par alegre desapareceu na noite enluarada.

“…”

“… Umm.”

Eina não conseguiu dizer uma palavra, e Bell fez o possível para quebrar o silêncio enquanto olhava para ela.

Dormul e Luvis estavam furiosos, os ombros subindo e descendo como cada insulto imaginável que vinha à tona por entre seus dentes cerrados. Isto é, até Luvis levantar a cabeça.

“Não, não, não! Eu me recuso a deixar isso acabar assim! Eina, estou apaixonado por você! Por favor, torne-se minha parceira eterna!!”

“E-eu tenho um amor maior por você, Eina! Torne-se minha noiva!”

“Eh… O QUÊ?!”

Mais uma revelação a estava esperando, e Eina gritou de surpresa. Luvis e Dormul coraram ao olhar para ela.

Muitos homens confessaram seu amor por ela, mas uma proposta de casamento? Isso nunca tinha acontecido em nenhum de seus dezenove anos de vida. Além do mais, ela poderia dizer pelo olhar de seus pretendentes que ambas as propostas eram completamente sérias.

Bell, mais uma vez fora da conversa, assistiu ao desenrolar dos eventos com a boca aberta.

“Como se eu fosse confiar Eina a uma pessoa como você! Vá se esconder na floresta de onde você veio!”

“Saia daqui! Um anão como você nunca poderia produzir filho com uma garota maravilhosa como ela em primeiro lugar!”

“NGAH! O que você planeja fazer com ela, seu desgraçado?”

“N-não seja idiota!! Eu não sou um pervertido enrustido!! Eu estava simplesmente trazendo a diferença de raça à sua atenção…!”

Quando outra discussão entre Luvis e Dormul estava prestes a explodir, ambos se voltaram para Eina ao mesmo tempo.

Ela estava sem palavras. Seus ombros pulavam nervosamente.

“Por favor, me dê sua resposta, Eina!”

“Estou pronto, qualquer que seja a sua resposta!”

O pânico inundou suas veias enquanto ambos pressionavam por uma decisão.

Não importa para quem fosse sua resposta, isso significava que ela ficaria noiva. E claro, ela não estava pronta para isso. E se ela os recusasse sem um motivo plausível, ambos continuariam a persegui-la com ainda mais determinação do que antes.

Eina estava à beira das lágrimas quando olhou para o lado.

E lá estava Bell, parado ali. Ele mudou seu peso de um lado para o outro, vendo tudo se desenrolar sem interferir.

Diga alguma coisa, qualquer coisa…!

O silêncio do menino despertou raiva por algum motivo.

Tudo sobre ele que já a irritou passou por sua mente enquanto seus olhos arregalados se estreitaram. “Hã?” Bell inclinou a cabeça para o lado com um olhar verdadeiramente ingênuo no rosto.

As bochechas de Eina se tornaram completamente vermelhas.

Se era porque Bell estava presente, ela não sabia.

Com seu comportamento calmo perdido há muito tempo, Eina fechou os olhos para esconder a raiva que crescia dentro de si.

“— Não posso dar uma resposta a nenhum de vocês, cavalheiros.”

Em seguida, ela colocou o braço em volta do cotovelo de Bell e o arrastou para seu lado.

“Porque nós dois estamos em um relacionamento!”

” ” “O QUEEEEEEEEEEEE — ?!” ” “

Três vozes chocadas encheram a noite.

“Por que você está tão surpreso?”

“D-desculpe…!”

O olhar frio de Luvis e a acusação uivante de Dormul imediatamente caíram sobre o menino, que ofereceu desculpas aterrorizadas imediatamente.

Ambos os aventureiros deram alguns passos para mais perto de Eina, apesar do fato de que Bell ainda estava preso ao lado dela.

“D-diga que não é verdade, Eina!”

“Isso é um truque, não é?”

“Não, nós estamos nos vendo! Ele… ele se confessou para mim!”

Eina fechou os olhos com força e gritou o mais alto que pôde. Bell, no entanto, havia se tornado uma espécie de boneca de pano, com um brilho vazio em seus olhos.

As bochechas de Eina estavam vermelhas como maçãs. Ela soltou o cotovelo de Bell, agarrou seus ombros e trouxe o rosto do menino diretamente para frente do seu.

“Bell, é claro que você se lembra daquele dia, quando você voltou para casa com segurança do quinto andar! Você se confessou para mim, não foi?”

“?!”

Pareciam anos atrás. Atacado por um Minotauro e salvo por Aiz, Bell tinha escapado com vida.

Você disse essas palavras, Eina gritou silenciosamente através de seus olhos enquanto puxava o menino para ainda mais perto.

Aqui, agora, mais uma vez — diga novamente.

Toda a energia de seu corpo estava sendo canalizada em suas pupilas esmeralda. O nariz dela estava tão perto do dele, que eles se tocariam caso um deles se mexesse. Ela não estava piscando, apenas transmitindo a mensagem com cada fibra de seu ser.

Os lábios do menino começaram a abrir e fechar, mas nenhuma palavra saiu.

“Diga para eles, Bell. Diga! Diga o que você disse naquele dia.”

Os olhos de Bell começaram a girar na frente do rosto vermelho de Eina.

Então seus lábios finalmente se moveram.

“Eu… te… a-mo…”

Com as bochechas queimando em um vermelho vivo, o garoto olhou para seus pés.

“— Aí! Aí está! Ouçam — ouçam como ele quer me proteger! E ele — Bell é a pessoa certa para mim!!”

O golpe final.

BANG! Dormul e Luvis cambalearam para trás como se tivessem sido atingidos por um raio.

Eles não podiam ver ou ouvir qualquer falsidade nas palavras ou comportamento de Eina. Eles vagaram apáticos no local por um momento antes de suas cabeças e ombros afundaram. Então, eles deram alguns passos fracos em direções diferentes.

“…”

“…”

O anão e o elfo deixaram a rua. Uma brisa fria passou por Bell e Eina.

Os dois estavam igualmente envergonhados, os rostos no mesmo tom de vermelho.

Alguns segundos estranhos se passaram antes de Bell, com lágrimas saindo de seus olhos, se voltar para Eina como se tentasse fazer algum tipo de apelo.

No entanto, Eina endireitou os ombros na direção dele, colocou as mãos juntas, apertou os olhos o mais forte que pôde e fez uma profunda reverência.

“Eu sinto muito…!”

Ela espremeu um pedido de desculpas para fora de seus lábios rosa claro.

*****

O céu era azul e brilhante no meio da manhã.

A luz do sol entrava pelas janelas de vidro. A Sede da Guilda estava ocupada novamente hoje.

Incontáveis ​​aventureiros vinham e iam. Muitos, como sempre, formavam filas em frente à recepção.

Eina estava do outro lado da mesa e assumiu o ar de perfeita recepcionista da Guilda, como sempre fazia.

Vai ser estranho se Bell vier hoje…

O mero pensamento do que tinha acontecido na noite passada deixou seu rosto tão quente que ela tinha certeza de que suas bochechas pegariam fogo.

Ela se perdeu no momento, deixando suas emoções tirarem o melhor dela…

Ela lamentou, mais do que qualquer coisa em sua vida, pelo fato de ter puxado o menino para o centro de sua bagunça.

Ela deveria ser a mais velha… Seu coração suspirou pelo que parecia ser a centésima vez naquele dia.

” “Ah… ” “

Bell apareceu na frente de sua fila.

“…”

“…”

Eles trocaram olhares silenciosos.

Outros aventureiros assistiram por trás, frustrados com o tempo perdido. Os dois começaram a corar antes de desviar os olhos.

Tão embaraçoso… O que eu posso fazer? O cérebro de Eina procurou desesperadamente pelas palavras certas para quebrar a silêncio constrangedor.

Mas foi Bell quem quebrou o gelo, forçando um sorriso e timidamente dizendo:

“Hum, eu preciso de um pequeno conselho. Você poderia me ajudar?”

Foi uma pergunta normal como em qualquer outro dia. Os olhos de Eina se arregalaram.

Então, muito lentamente, um sorriso apareceu em seus lábios.

“Claro… eu ficaria feliz.”

Os dois fizeram contato visual e voltaram a si naquele momento.

Conselheira e aventureiro. Ou talvez irmã mais velha e irmão mais novo.

Eles foram para a sala de reunião para discutir o problema e sentaram-se em lados opostos da mesa. Isso é bom — isso é o suficiente, ela repetiu para si mesma.

Eina ficou satisfeita.

Seu relacionamento estava bem assim.

“Desculpe… Obrigada, Bell.”

“…”

“Dizer que você me amou mais uma vez… Isso me fez feliz.”

“……”

Sua voz estava baixa, quase um sussurro. Bell fingiu não ouvir enquanto corava e examinava seu colo.

Eina deu uma risadinha para si mesma com um sorriso de satisfação no rosto.

 

 

 

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