O Ceifador da Lua Crescente
Capítulo 239
Lee Yul ouviu a notícia de que Seong-un e Bo-kyeong haviam entrado na Mansão da Espada de Neve enquanto estava em seu quarto.
Ele não achou nenhuma surpresa que o Templo Shaolin enviasse pessoas.
Já esperava a presença deles desde o momento em que a luta contra a família Jin começou para valer.
A batalha entre as duas facções acontecia no quintal do Templo Shaolin. Portanto, não seria estranho que eles interviessem.
É por isso que Lee Yul não ficou nem um pouco surpreso quando soube que Seong-un e Bo-kyeong tinham vindo do Templo Shaolin.
Seong-un e Bo-kyeong imediatamente foram e tiveram uma reunião com Seol Kang-yeon, o líder da Mansão da Espada de Neve.
Mesmo que Lee Yul não verificasse pessoalmente, já era óbvio para ele que tipo de conversa eles teriam.
— Por mais que tentem cavar um sulco para desviar o curso de água, a enchente já começou, então como podem pará-la?
Um sorriso suave apareceu nos lábios de Lee.
Tudo estava indo do jeito dele.
A única coisa que continuava a incomodá-lo era o assassino que havia entrado furtivamente antes.
Aquele assassino conseguiu descobrir o motivo pelo qual enviou Jang Gwang-san e Sa Ok-yeon e rastreou-o.
Ele até conseguiu desaparecer sem deixar vestígios com Hong Ye-seol e os Quatro Fantasmas do Lótus Vermelho da União dos Cem Espectros seguindo seus rastros.
Dadas as circunstâncias, havia uma grande probabilidade dele estar com a família Jin.
— O fato de tal homem estar com a família Jin é uma grande ameaça.
Então ele não teve escolha senão gastar mais dinheiro do que o esperado originalmente, solicitando mais assassinos da União dos Cem Espectros. O comissionamento da União dos Cem Espectros custou-lhe muito dinheiro, mas o resultado era certo.
Embora tenha sido inesperado Hong Ye-seol quebrar o contrato, não era um problema tão grande, já que outros assassinos ocuparam facilmente seu lugar.
“Atrevida!”
Quando ele pensou em Hong Ye-seol, uma sutil intenção assassina veio aos seus olhos.
Pensar que uma mera assassina ousaria acusá-lo de violar o contrato e usá-lo como desculpa para rescindir arbitrariamente o contrato.
Lee Yul prometeu mostrar a ela como o mundo é assustador.
Tais promessas normalmente terminariam com apenas palavras passageiras, mas era diferente com Lee Yul. Ele nunca havia falado falsamente.
Em particular, quando se trata de coisas relacionadas ao seu orgulho, ele era obcecado a ponto de exagerar.
Essa tenacidade também foi a força motriz que o tornou quem ele era hoje.
— Do-kyung!
Ele chamou seu confidente Baek Do-kyung. Depois de um tempo, a porta se abriu e Baek Do-kyung entrou.
— Você chamou?
— Os monges do Templo Shaolin ainda estão na residência do líder da seita?
— Sim. Eles ainda estão tendo uma reunião.
— Após a reunião com o líder da seita, trate-os com o máximo cuidado, na medida em que se sintam sobrecarregados.
— Tudo bem.
Baek Do-kyung respondeu de cabeça baixa.
— Vá agora.
— Oh! Um convidado chegou.
— Convidado?
— Sim! A pessoa que você solicitou chegou outro dia.
— Sério?
— Devo chamá-los?
— Sim.
— Vou trazê-los imediatamente.
Enquanto Baek Do-kyung saía, Lee Yul murmurou:
— Agora, um quadro aproximado está sendo desenhado.
O começo é sempre o mais difícil.
Desenhar um esboço em uma folha de papel em branco e materializá-lo um por um consome uma enorme quantidade de força mental. Porém, depois de passar essa etapa, a pintura estará concluída sozinha, sem muito esforço.
A pessoa que Baek Do-kyung estava prestes a trazer também era uma peça que ele incluiu desde o momento em que concebeu a pintura.
Ele podia sentir sua presença e movimentos do lado de fora.
Baek Do-kyung voltou com o convidado.
Depois de um tempo, a porta se abriu e um homem entrou, seguindo Baek Do-kyung.
O homem foi o primeiro a cumprimentar Lee Yul.
— Jang Muryang, o líder da Corporação da Nuvem Negra, cumprimenta você.
* * *
Pyo-wol olhou para o céu.
O sol batia implacavelmente sobre ele.
Ele costumava sentir repulsa pela luz solar, mas esse sentimento já desapareceu há muito tempo.
Pyo-wol lembrou-se de repente de que não tinha comido nada o dia todo.
Não é que ele não tivesse apetite, mas ainda precisava comer na hora certa para manter o corpo nas melhores condições.
Pyo-wol olhou em volta e encontrou uma pousada.
Era uma pousada bastante grande, até equipada com um estábulo.
Muitos cavalos foram vistos na baia de um lado da pousada, sugerindo que muitos convidados tinham vindo para ficar na pousada.
Pensou em ir para outro lugar, porque não gosta de lugares lotados, mas não havia outras pousadas por perto.
No final, Pyo-wol entrou na pousada que viu pela primeira vez.
Como esperava, a atmosfera dentro da pousada era movimentada e caótica. Muitos grupos de convidados chegaram e levaram os cavalos que montaram para os estábulos.
Pyo-wol olhou em volta por um momento e sentou-se perto da janela.
Demorou muito até que um garçom corresse até ele.
O garçom correu apressadamente e disse suas saudações.
— Bem-vindo. Sinto muito por estar um pouco atrasado. Tive que acomodar muitos convidados.
Seu rosto estava vermelho, porque ele estava ocupado cuidando dos estábulos há pouco tempo.
— Apenas me traga uma tigela de carne de porco frita e macarrão.
— Tudo bem.
O garçom fez uma reverência e correu de volta para a cozinha.
O garçom parecia estar correndo o dia todo.
Pyo-wol olhou pela janela enquanto esperava a comida chegar. Ele agora estava se familiarizando com as ruas depois de ficar em Runan por alguns dias.
Enquanto Pyo-wol olhava a paisagem do lado de fora da janela assim.
— Todos devem ter dificuldade em vir até aqui. Tenha um bom descanso até o retorno do capitão.
— Beba com moderação.
— Bom trabalho a todos!
Um grupo de guerreiros entrou correndo pela entrada em direção ao estábulo.
Acompanhado de suas vozes altas, o cheiro de suor exalava, o que faria qualquer um se sentir incomodado.
Pyo-wol de repente franziu a testa.
Ele ouviu uma voz familiar misturada na multidão.
Pyo-wol virou a cabeça e olhou para as pessoas que entraram na pousada.
Num instante, uma expressão de reconhecimento brilhou em seus olhos.
Como esperava, ele viu rostos familiares.
“Heo Ranju e Daoshi Goh.”
Os convidados que deixaram seus cavalos no estábulo e recentemente entraram na pousada eram os guerreiros da Corporação da Nuvem Negra.
Uma poeira espessa caiu sobre suas cabeças e ombros, como se tivessem percorrido um longo caminho.
— Hã?
Naquele momento, Heo Ranju exclamou surpreso.
Ela também notou a presença de Pyo-wol.
Heo Ranju olhou para Daoshi Goh com uma expressão confusa. Ela não esperava encontrar Pyo-wol ali.
— Esse maldito!
— É ele!
Assim que o resto dos guerreiros da Corporação da Nuvem Negra reconheceram Pyo-wol, eles imediatamente expressaram sua hostilidade.
Eles perderam muitos de seus camaradas enquanto lidavam com Pyo-wol.
A lembrança daquele dia ainda permanecia em suas mentes como um pesadelo recorrente.
Naquela época, a Corporação da Nuvem Negra não teve escolha senão deixar a província de Sichuan sem receber a remuneração adequada, porque a seita Emei, que os contratou, havia perdido terrivelmente.
Por isso, assim que viram Pyo-wol, revelaram suas intenções assassinas.
Seu rosto era algo que eles nunca esqueceriam.
Eles sabiam muito bem que por trás daquele rosto, que é mais bonito que o de uma mulher, está uma natureza cruel como um demônio.
Naquele momento, Heo Ranju e Daoshi Goh deram um passo à frente e os detiveram.
— Esperem!
— Todos aguardem!
Os dois se adiantaram para deter os furiosos membros da Corporação da Nuvem Negra.
Eles estavam igualmente confusos, mas sabiam muito bem que não obteriam bons resultados se enfrentassem Pyo-wol ali.
Apenas um pequeno número da Corporação da Nuvem Negra entrou na pousada. Se eles realmente quisessem lutar contra Pyo-wol, toda a Corporação da Nuvem Negra teria que ser mobilizada.
— Ufa! Eu não esperava ver você aqui novamente. Oi, bonito!
Heo Ranju cumprimentou Pyo-wol casualmente e sentou-se.
— E pensar que nos vimos de novo, heh heh!
Daoshi Goh também sentou-se ao lado de Heo Ranju e cumprimentou-o.
Mesmo que um de seus braços tenha sido cortado por Pyo-wol, Daoshi Goh o cumprimentou com um sorriso.
Então foi ainda mais assustador.
Nenhuma pessoa comum seria capaz de rir na frente de uma pessoa com quem guardava ressentimentos.
Pyo-wol abriu a boca.
— Você deve ter recebido um pedido aqui, certo?
— Que pedido? Estávamos apenas de passagem por esta área. E você? O que está fazendo aqui?
— Estou de passagem também.
— É mesmo? Heh heh! Que grande coincidência.
Daoshi Goh riu com bom humor.
Heo Ranju então disse, enquanto sorria.
— Nesse ritmo, isso não é realmente destino? Não acredito que nos encontramos onde quer que vamos. Enfim, por que você está mostrando sua cara? Originalmente você costumava cobrir o rosto com um lenço, não é?
— Porque é irritante.
— Você não está tentando seduzir garotas, está?
— Mesmo se eu estivesse, não é da sua conta.
— Humf!
Heo Ranju bufou.
Daoshi Goh beliscou a lateral do corpo de Heo Ranju e disse telepaticamente:
“Calma, garota! Como você ainda pode estar obcecada com o rosto desse cara?”
Heo Ranju cerrou os dentes com os comentários de Daoshi Goh.
“De qualquer forma, eu simplesmente não consigo me acostumar com ele, então minha mente sempre divaga. Eu não aguento mais isso. Acho que é melhor matá-lo imediatamente.”
Mais do que tudo, a incomodava o fato de terem encontrado Pyo-wol em Runan.
Eles estavam atualmente empregados pela Mansão da Espada de Neve.
Jang Muryang, o chefe da Corporação da Nuvem Negra, foi se encontrar com o cliente, enquanto os principais guerreiros da cavalaria esperavam nos arredores de Runan.
Até agora, apenas alguns homens entraram em Runan para não chamar a atenção.
Mas com Pyo-wol ali, todos os seus esforços foram por água abaixo.
Pyo-wol sabia sobre a Corporação da Nuvem Negra e eles também sabiam sobre Pyo-wol.
Um movimento errado e as ações da Corporação da Nuvem Negra poderiam ter sido reveladas por Pyo-wol.
— Traga-me uma bebida!
À medida que a tensão aumentava, Heo Ranju pediu uma bebida ao garçom.
O garçom, que só notara naquele momento o ambiente inusitado, trouxe rapidamente uma garrafa de bebida alcoólica.
Heo Ranju colocou a ponta da garrafa de álcool na boca e engoliu. Um jato de bebida escorreu por sua boca e chegou ao esterno.
Bang!
Heo Ranju, que esvaziou metade da garrafa em um instante, colocou-a sobre a mesa e disse:
— Lindo irmão, vou ser honesto com você, saia deste lugar. Então não teremos problemas um com o outro. Seja qual for o propósito pelo qual você veio aqui, desista e vá embora.
— Como esperado, você está aqui a trabalho.
— Com você é a mesma coisa. Não há como um assassino como você ficar no mesmo lugar sem motivo. Quem te contratou? É a Mansão da Espada de Neve? Ou é a família Jin?
— Eu te disse. Estou apenas de passagem.
— Caramba! Você honestamente acha que eu acreditaria nisso?!
Heo Ranju olhou feio para Pyo-wol.
Quando liberou seu qi, os guerreiros da Corporação da Nuvem Negra, que observavam de perto a situação, sacaram suas armas em uníssono.
Com isso, Daoshi Goh suspirou.
— Hoo!
Entre os guerreiros da Corporação da Nuvem Negra, não havia ninguém que derrotasse Daoshi Goh em termos de seu ressentimento em relação a Pyo-wol.
Um de seus braços foi decepado por Pyo-wol e ele sofreu um ferimento no peito que quase o levou à morte. Mesmo assim, a razão pela qual ele guardava rancor era para garantir que o grande esquema traçado por Jang Muryang não fosse distorcido.
Se eles entrassem em conflito com Pyo-wol ali mesmo antes de começarem sua comissão, então o grande sonho de Jang Muryang entraria em colapso antes mesmo de se concretizar.
— Sua garota! Calma, por que você está com tanta raiva? Parece uma esposa olhando para o marido traidor. Você tem medo de que esse homem aja de acordo com sua aparência?
— O quê? Esse maldito Daoshi…
Heo Ranju teve uma reação perplexa aos comentários absurdos de Daoshi Goh. A atmosfera hostil que a Corporação da Nuvem Negra exalava também diminuiu.
Mas então algo inesperado aconteceu.
— Você não chegou mesmo quando eu estava esperando há muito tempo. O que está fazendo aqui sozinho?
Eles ouviram a voz suave de uma mulher.
Todos os olhares se voltaram para a dona da voz.
Uma mulher vestida de seda vermelha caminhava levemente pela entrada da pousada.
Hong Ye-seol era uma mulher que não tinha um rosto muito bonito, mas irradiava um encanto que fazia com que as pessoas não conseguissem tirar os olhos dela.
Hong Ye-seol caminhou como uma borboleta ao se aproximar do grupo. Assim que se aproximou, sentou-se ao lado de Pyo-wol e agiu timidamente.
— Você realmente esqueceu que deveria jantar comigo? Não acredito que está comendo sozinho em uma pousada barata como esta. Não fique aqui e venha comigo. Você tem que estar com a pessoa certa para crescer.
Hong Ye-seol falou enquanto olhava para Heo Ranju.
A expressão nos olhos dela era estranha.
Ela parecia estar desprezando as pessoas ao seu redor.
Os homens não notaram seu olhar condescendente, porque eram tolos, mas era diferente com Heo Ranju.
Ela levantou a voz e olhou para Hong Ye-seol,
— Quem é você?
— Eu?
Hong Ye-seol abraçou o braço de Pyo-wol e sorriu.
— Sou a amante deste homem.