Capítulo 272
A mão de So-ok deslizou para dentro da manga.
Ela prendeu uma adaga dentro do pulso, era uma arma que podia ser sacada a qualquer momento. Ela a tinha mantido escondida em caso de emergência.
Como Pyo-wol havia dito, esta era uma das filiais do clã Hao.
No entanto, não era oficial, mas uma filial temporária feita às pressas.
Mesmo o clã Hao não esperava que a guerra entre as duas seitas em Runan se tornasse tão séria. Foi por isso que eles compraram apressadamente esse bordel específico e enviaram um grupo de cortesãs do clã Hao.
So-ok era uma dessas cortesãs.
Embora fosse pequena em estatura, com sua personalidade forte, ela era frequentemente enviada para lugares difíceis como esse.
Ela não conseguia esconder sua perplexidade.
Havia sido tão cuidadosa para manter em segredo a verdade sobre este lugar, mas o homem na frente dela tinha percebido tudo.
Julgando pelo olhar nos olhos dele, ele parecia já estar convencido de que esta era uma nova filial do clã Hao.
Seria tolice e ridículo da parte dela continuar fingindo o contrário na frente de alguém que já sabia de tudo.
So-ok segurou a arma na manga e perguntou:
— Como você sabia que esta é uma das filiais do clã Hao?
— Já era um rumor bem conhecido.
— O quê?
— Vá chamar Hong Yushin. Então vai descobrir.
— Isso—
Foi então.
— Você não precisa se incomodar com isso. Eu já estou aqui.
A porta se abriu e Hong Yushin entrou.
Quando Hong Yushin entrou, So-ok não conseguiu esconder seu pânico.
— Milorde!
— Você deveria sair agora. Ele não é alguém com quem você pode lidar.
— Sim!
So-ok respondeu fracamente e saiu.
Quando só os dois ficaram, Hong Yushin se sentou e disse,
— E pensar que eu te veria aqui novamente. Esperei por você por um bom tempo naquela época em Chengdu, mas você não voltou. Foi uma pena que você partiu sem se despedir—
— Fui para Xizang.
— Sim. Então eu ouvi as notícias depois de que algo ruim aconteceu ao Templo Xiaoleiyin… Se eu soubesse disso, teria esperado um pouco mais.
Hong Yushin sorriu.
Ele tinha uma atitude descontraída como se já soubesse de tudo.
— Você sabe bem.
— O movimento do Mestre Pyo é uma preocupação para o nosso lado também, então não temos escolha a não ser te observar de perto.
— É mesmo?
— Nós reunimos muitas informações sobre você agora. Você não ficará desapontado.
— Parece que você está tão interessado nos assuntos dos outros que parece não perceber que está sendo observado.
— O-O que você quer dizer?
— Então você realmente não percebeu.
Pyo-wol sorriu levemente.
Naquele momento, os olhos de Hong Yushin se arregalaram.
Ele geralmente não mostrava suas emoções, mas sempre que estava cara a cara com Pyo-wol assim, ele não conseguia deixar de ser inequivocamente abalado.
Pyo-wol sempre conseguia mexer com ele dizendo coisas que ele não esperava. Por outro lado, Pyo-wol nunca era afetado por nada do que ele dizia.
Quanto mais ele falava com Pyo-wol, mais sentia que estava do lado perdedor.
— O que você quer dizer? Eu estou sendo observado? Quem ousaria me espionar?
— Há uma razão para eu te contar isso?
— Eu acho que você também não sabe.
Os olhos de Hong Yushin brilharam afiados.
Ele de forma alguma era um tolo. Conseguia ver a verdade por trás das palavras de Pyo-wol de relance.
Pyo-wol riu suavemente.
— Mas é verdade que você está sendo observado.
— Você veio aqui apenas para dizer isso?
— Pensei que deveria apenas te deixar ciente disso—
— O que você quer? Não há como você me dizer isso por bondade.
— Eu já disse. Pensei que deveria te deixar ciente.
Hong Yushin franziu a testa diante da resposta de Pyo-wol.
Sempre sentia que estava perdendo quando falava com Pyo-wol. Sentir-se assim não era algo a que ele estava acostumado, o que o fazia se sentir ainda pior.
— Isso é tudo que você quer?
— É isso.
— Hmph, você realmente não é uma pessoa direta.
— Vou considerar isso como um elogio.
— Deixe-me perguntar uma coisa. Como você sabe que há alguém nos observando?
— Por acaso.
— Uma coincidência, hmm… Parece que o Mestre Pyo estabeleceu sua própria rede de inteligência aqui.
— Por que você acha isso?
— Senso comum. A primeira coisa que um assassino faz é obter informações, e a maneira mais fácil de obter informações é fazer um pedido ao clã Hao, mas como nenhuma das filiais do clã Hao recebeu um pedido seu, então é lógico supor que você estabeleceu sua própria rede de inteligência.
— Que perspicaz.
— Bem, já que chegamos a este ponto, vamos fazer um acordo.
— Diga-me.
— Se você me contar quem está me observando, então eu te darei as informações que você precisa. O que acha? Parece um acordo vantajoso para ambos.
Pyo-wol assentiu levemente à sugestão de Hong Yushin.
— Bom!
— Então, é isso que você estava querendo o tempo todo.
— Como você diz, é um acordo mutuamente benéfico.
— Espero que continue assim até o final, então me diga. Quem está me espionando?
Pyo-wol contou a Hong Yushin a história que ele ouviu de Jang Noya.
O rosto de Hong Yushin ficou rígido enquanto ouvia.
Ele se sentiu constrangido por não ter percebido que alguém o estava observando, especialmente com sua posição como inspetor-chefe do clã Hao.
Ele se perguntou se havia a possibilidade de Pyo-wol estar mentindo, mas não havia motivo para alguém como Pyo-wol mentir para ele. Ele não era o tipo de pessoa que contaria uma mentira que poderia ser facilmente descoberta.
— Quem é?
— Por enquanto, só posso supor que foi Lee Yul quem agiu.
— Lee Yul… Você sabe alguma coisa sobre ele?
— Esse é o problema. Eu não sei nada sobre ele.
— Mesmo?
Hong Yushin franzia a testa.
Ele era quem melhor conhecia as habilidades de Pyo-wol.
Mesmo em Chengdu, sua capacidade de obter informações era demoníaca, a ponto dele ter conseguido estabelecer sua própria rede de informações em pouco tempo. Se nem Pyo-wol havia conseguido descobrir sua identidade, então só podia significar que Lee Yul havia escondido completamente suas próprias informações.
Mas é impossível para alguém esconder completamente suas informações. De alguma forma, informações sobre ele certamente apareceriam.
— Parece que terei que usar o poder da nossa seita para investigar o passado dele.
— Não será fácil.
— Você está subestimando o poder do clã Hao. Se não sabe, não há nada que não possamos descobrir, desde que coloquemos nossas mentes nisso.
— Estou ansioso por isso.
— Você não ficará desapontado.
Hong Yushin sorriu friamente.
* * *
— Bom, bom!
Dok Gohyang exclamou e riu em admiração. Ele estava assim desde que entrou em Runan.
Ao ver o comportamento animado de Dok Gohyang, Um Soso franziu a testa, mas não fez mais nada.
Embora ela não gostasse da maneira como ele estava agindo, ela não apontou seu comportamento. Porque sabia que, mesmo que fizesse, Dok Gohyang não era alguém que corrigiria e se importaria com seu comportamento.
Ele era assim quando era criança, e sua personalidade livre não mudou nem quando ele cresceu.
Dok Gohyang parecia gostar da atmosfera em Runan.
O ar ao redor deles estava tão tenso e quente que parecia que poderia explodir a qualquer momento.
Havia muito tempo desde que ela sentia uma atmosfera assim. Bem, pelo menos, era a primeira vez que experimentava uma atmosfera assim desde que chegou a essa área.
Com Dok Gohyang rindo constantemente, seu rosto estava vermelho como o ar aquecido.
— É assim que deveria ser. Eu me sinto vivo.
Dok Gohyang andava com um grande sorriso no rosto.
Inúmeras pessoas passavam por eles. Entre elas estavam monges que pareciam ter habilidades marciais fortes.
Enquanto Dok Gohyang absorvia a vista diante dele, as Três Espadas do Mar do Sul falaram suavemente com ele:
— Nós chegamos.
— Hã? Já?
— Sim, este é o local de encontro, o Pavilhão dos Quatro Mares.
Na frente deles estava uma estalagem com uma placa que dizia ‘Pavilhão dos Quatro Mares’, no entanto, ao contrário de seu grande nome, a estalagem era muito pequena.
Dok Gohyang entrou na estalagem sem hesitação, seguido por Um Soso e as Três Espadas do Mar do Sul.
Estava silencioso dentro da estalagem.
Enquanto outras estalagens estavam em caos devido à falta de quartos, o Pavilhão dos Quatro Mares estava estranhamente silencioso, sem ninguém por perto.
Apesar da atmosfera estranha, Dok Gohyang acenou como se fosse natural.
Nesse momento, um homem de meia-idade que parecia ser o dono do Pavilhão dos Quatro Mares apareceu e disse:
— Não estamos abertos para negócios, então não podemos aceitar hóspedes.
— Como pode haver tantos assentos vazios?
— Sinto muito.
— Não precisa se desculpar. Eu não vou sair de qualquer maneira.
— Eu já te disse que não estamos abertos para negócios, certo?
A voz do dono da estalagem de repente ficou fria.
Uma aura emanava de seu corpo que dificilmente poderia ser atribuída a um estalajadeiro.
Sueuk!
Nesse momento, Um Soso deu um passo à frente.
Ela simplesmente ficou na frente de Dok Gohyang, mas o dono do Pavilhão dos Quatro Mares sentiu como se uma espada gigante estivesse apontada para seu pescoço.
Os cantos dos olhos do dono da estalagem tremeram.
— Uma… mestra.
Ele mesmo aprendera uma arte marcial poderosa ao ponto de se orgulhar disso. Como resultado, ele olhava para os outros de cima. Mas a mulher na frente dele era forte o suficiente para olhar para ele de cima.
Ele não sentiu ameaça até que ela deu um passo à frente. Isso significava que o nível dela era tão alto que ele não conseguia perceber.
Um Soso abriu a boca:
— Nós somos do Mar do Sul.
— Mar do Sul? Então—
— Isso mesmo.
Assim que ela terminou de falar, o dono do Pavilhão dos Quatro Mares baixou a cabeça e se desculpou.
— Sinto muito. Meus olhos estão cegos por não ter reconhecido que um mestre havia vindo.
— Está tudo bem. Acontece.
Dok Gohyang sorriu como se fosse nada. Mas o suor frio escorria pelas costas do dono do Pavilhão dos Quatro Mares.
Dok Gohyang deu um tapinha no ombro dele e disse:
— Está tudo bem. Relaxe.
— Obrigado.
— Onde está Mugeuk?
— Ele está te esperando lá em cima.
— Mesmo?
Dok Gohyang olhou para a escada.
O topo da escada estava tão escuro que ele não conseguia ver o que havia lá em cima. Parecia que um monstro tinha a boca aberta, esperando sua presa entrar por vontade própria.
Enquanto Dok Gohyang subia as escadas, ele disse a Um Soso:
— Vou me encontrar com Mugeuk sozinho. Você fica aqui.
— Entendido.
Um Soso respondeu e recuou.
Dok Gohyang a deixou para trás e subiu as escadas sozinho. Ao passar pela área escura, ele finalmente chegou a um grande espaço aberto no segundo andar.
O segundo andar deveria ter sido preenchido com mesas de jantar, mas, como tudo havia sido removido, exceto uma, o chão parecia mais espaçoso.
Havia um homem sentado à mesa de jantar.
O homem estava sentado na frente da mesa, olhando para a janela.
No momento em que Dok Gohyang avistou as costas do homem, suas sobrancelhas se contraíram.
Era como ver uma montanha gigante bem na frente dele.
A constituição do homem era comum, mas ele tinha um peso e uma presença que pareciam como ver o Monte Tai.
“Como eu esperava, isso é interessante.”
Dok Gohyang riu e virou-se para encarar o homem.
A sombra de Dok Gohyang se estendeu longa sobre a cabeça do homem. Só então o homem levantou a cabeça para olhar para Dok Gohyang.
— Oh! Você chegou?
O homem tinha um rosto tão comum quanto sua constituição.
Seus olhos eram pequenos, e seu nariz era baixo. No geral, ele dava uma impressão opaca. Mas no momento em que Dok Gohyang olhou para o rosto do homem, sentiu uma pressão como uma montanha esmagando-o. Mas a pressão desapareceu no próximo momento, como a neve derretendo.
Dok Gohyang se sentou na frente do homem e disse:
— Ao que você estava assistindo tão focado?
— Apenas isso e aquilo. Foi um incômodo chegar até aqui, mas valeu a pena.
— Concordo! Assim como você, também conheci um cara interessante no caminho até aqui, então foi divertido.
— Fico feliz em ouvir isso.
— Por isso, sou grato a você, por me convidar para esse tipo de evento.
— Eu gostaria de ter podido te convidar para a Seita Militar Celestial, então espero que isso sirva por hoje.
— É uma pena que eu não pude ir para a Seita Militar Celestial, mas ainda é bom ver seu rosto aqui.
Dok Gohyang sorriu.
O homem comum se chamava Jang Mugeuk.
Ele era o jovem líder da Seita Militar Celestial, uma das duas facções líderes do mundo.