Devourer – Capítulo 14 - Anime Center BR

Devourer – Capítulo 14

Capítulo 14 – Bloqueio!

Sarana puxou a capa com capuz um pouco mais perto de si enquanto caminhava pelo distrito da luz vermelha de Averlon. Este trecho específico da cidade era conhecido como Fossa dos Descascadores tanto pelos habitantes locais quanto pelas autoridades. Por que tal nome? Bem, esta parte específica da cidade ficava nas terras baixas. O que significava que havia um problema constante de drenagem de água. Isso combinado com sua proximidade com a parede, o que significava que muito pouca luz solar realmente chegava a este lugar. Tudo isso fez com que este lugar fosse o mais inóspito para se viver na cidade. No entanto, sua proximidade com a parede significava que era um viveiro de contrabandistas. Isso significava que este lugar também era um foco de criminosos e pobres, que os criminosos exploram e recrutam.

Quanto à parte “Descascador” do nome, se você viesse por prazer, estaria tirando a roupa de alguém. Isso e os bandidos e criminosos locais tinham o hábito de esfolar as pessoas vivas para enviar uma mensagem aos seus inimigos.

No geral, este lugar era um lugar horrível para se viver, mas se você quisesse algo que não conseguiria normalmente. A Fossa dos Descascadores era o lugar para se ir…

Sarana tentou, na última semana, providenciar sua passagem para fora de Averlon. As aldeias deveriam ter sido atacadas hoje. O que significa que o laço está apertando em volta do pescoço dela. Precisava sair daqui logo, se a notícia dos ataques se espalhasse, ela estaria perdida. Quem sabe lorde Averlon pode até usá-la como bode expiatório e crucificá-la para apaziguar as massas. Afinal, já aconteceu antes…

Todos os seus arranjos, entretanto, falharam. Não havia como sair da cidade por meios legais devido ao bloqueio das estradas. Portanto, a única saída era pelas trilhas dos contrabandistas, mas pelo que ela ouviu até os contrabandistas interromperam os carregamentos. Efetivamente, pelo que ouviu, esta cidade estava realmente sob um bloqueio, legal ou não.

Havia apenas uma organização que poderia parar completamente toda a atividade de contrabandistas. O Sindicato… ela esperava estar errada, mas seu instinto sabia que sua suspeita estava certa…

Sem mais opções, Sarana decidiu recorrer a um antigo aliado. Ela tinha muitos favores a pedir e planejava usá-los para dar o fora desta cidade…

Quando alcançou a porta despretensiosa, ela bateu e viu uma persiana aberta.

“Quem vem lá?” Sarana ouviu o homem do outro lado perguntar enquanto seus olhos redondos se estreitavam em seu rosto encapuzado.

“Senhora Sarana.” Sarana disse enquanto levantava o capuz apenas o suficiente para que o homem visse seu rosto pela luz que vazava pela veneziana.

A persiana fechou com um clique e o som de várias travas sendo abertas podia ser ouvido do outro lado da porta. Então a porta se abriu e Sarana entrou em um corredor sombrio.

“Você quer falar com o chefe?” o homem perguntou. Sarana olhou para ele e viu a própria definição de bandido. Braços musculosos tatuados, barba desgrenhada e cheia de piolhos, roupas horríveis com cheiro azedo, ele até tinha uma cicatriz no rosto…

“Sim.” Sarana disse com um aceno de cabeça.

“Me siga.” o homem disse rispidamente enquanto caminhava pelo corredor.

Ele chegou a um trecho aparentemente aleatório da parede e empurrou uma das pedras. Sarana ouviu um clique e a pedra cedeu para revelar uma porta.

“Lá embaixo, o chefe está…” o homem começou enquanto gesticulava para descer um lance de escadas.

“Eu sei onde.” Sarana falou impacientemente enquanto descia as escadas.

As escadas levavam a uma porta, ela podia ouvir música tocando do outro lado. Sarana empurrou bruscamente a porta para revelar uma grande sala bem iluminada cheia de pessoas se entregando a todos os vícios conhecidos pelo homem. Ela olhou para a direita e viu o que parecia ser um nobre bem vestido com as calças nos tornozelos, no colo saltava uma prostituta particularmente bonita. O homem tomou um gole de uma garrafa antes de enterrar o rosto no peito da prostituta.

Ela olhou para a esquerda e viu o que parecia ser o chefe de uma gangue local cheirando um pó vermelho de uma mesa, enquanto duas mulheres nuas se agarravam a cada braço. Quando Sarana olhou em volta, viu que era praticamente a mesma história em todos os lugares. Provavelmente havia pelo menos duas dúzias de “Clientes” tendo o melhor momento de suas vidas miseráveis.

Quem quer que seja seu velho amigo, é um bom empresário. Ele é um dos três senhores do crime da Fossa dos Descascadores. Sua riqueza rivaliza até com Lord Averlon, afinal ele é o principal distribuidor daquele pó vermelho que todo mundo estava cheirando. Pó do Céu, uma droga alucinógena que está na moda agora no submundo. Aparentemente, isso fez o usuário se sentir no céu, uma onda de euforia e todo prazer imaginável é amplificado. Então os usuários cheiram e passam a beber e foder até de manhã.

Sarana passou por grupo após grupo de homens rindo e prostitutas gemendo. Pelo que ela lembra, este lugar cobra quantias exorbitantes por uma noite de êxtase. Seu velho amigo nunca teve falta de clientes, está sempre lotado e pessoas eram assassinadas por causa de um lugar neste antro de prazer.

Eventualmente, ela chegou a uma porta e passou direto pelos dois guardas e abriu a porta. Ninguém ousaria tentar isso a menos que soubesse exatamente o que estava fazendo. Então os guardas não fizeram nada quando ela entrou na sala.

A primeira coisa que ela viu foi seu velho amigo sentado em sua mesa com uma prostituta montada nele, gemendo enquanto ela saltava.

“Ahem,” Sarana disse impacientemente.

A cabeça da prostituta virou para trás para olhar para ela, choque evidente em seu rosto. Ela imediatamente saiu e correu para o canto da sala. Sarana viu seu velho amigo soltar um suspiro enquanto se abaixava para puxar as calças para cima.

“Você se assusta muito facilmente.” o homem falou lentamente enquanto a prostituta visivelmente se encolheu com o comentário, o medo colorindo seus olhos.

“Cornenk,” Sarana disse enquanto olhava para seu velho amiga. Ele tinha pele verde, orelhas pontudas, pequenos olhos pretos redondos e duas presas saindo de seu lábio inferior.

Cornenk era meio Orc, a maioria dos Orcs são criaturas estúpidas, mas Cornenk era meio humano. Sua mãe foi capturada por um ataque Orc no território de uma cidade-estado distante de Averlon. Bem, os Orcs gostavam de levar mulheres por um motivo mas a mãe de Cornenk acabou sendo resgatada. No entanto, não antes de Cornenk já estar em sua barriga. É contra as leis do céu interromper intencionalmente uma gravidez, então Cronenk foi salvo. Ele tinha o corpo de um Orc, mas sua mente era muito humana, com um toque daquela típica brutalidade Orc.

“Sarana o que te traz aqui?” Cornenk perguntou enquanto mostrava a ela um sorriso com presas.

“Negócios,” Sarana respondeu enquanto se sentava em frente à mesa dele.

“Claro…” Cornenk disse em falso desapontamento.

“Você sabe que se visitar por prazer vou deixa-la passar uma noite aqui de graça. Eu poderia conseguir alguns homens bonitos e legais para você. Cornenk disse com uma risada.

“Talvez em outro momento. Tenho algo urgente para discutir com você. Sarana disse.

“Bem, o que você precisa?” Cornenk perguntou com o rosto agora muito mais sério.

“Eu preciso sair de Averlon”, disse Sarana em voz baixa.

Com essas palavras, Cornenk soltou um suspiro enquanto apertava a ponta do nariz. Ele parou por um momento como se estivesse pensando. Então olhou para a prostituta ainda parada nervosamente no canto da sala.

“Você. Traga-me uma garrafa de vinho daquele armário. Cornenk disse enquanto apontava para um dos armários no outro extremo da sala.

Enquanto a prostituta caminhava nervosamente até o armário. Quando ela estava de costas, Cornenk pegou uma besta de uma mão que estava sob sua mesa e calmamente atirou nas costas dela. A prostituta engasgou ao cair de cara no chão. Sarana olhou para a ela e viu seus olhos arregalados de terror enquanto uma espuma vermelho-sangue borbulhava de sua boca. O branco de seus olhos ficou vermelho enquanto seu rosto ficou roxo.

“Veneno de Lince da Areia?” Sarana perguntou.

“Sim, de ação rápida e causa paralisa. É difícil conseguir uma morte garantida com algo desse tamanho.” Cornenk disse enquanto jogava a besta em sua mesa.

“Estou supondo que algo está errado? Ou você não matou nada nestes últimos meses?” Sarana perguntou enquanto levantava uma sobrancelha.

“Não, não, eu matei alguns na semana passada… e sim, algo está muito errado, não posso arriscar que a notícia de nossa conversa vaze”, disse Cornenk enquanto seus olhos endureciam.

“Tentei sair da cidade pelos meus próprios canais, mas não tive sorte. Eu estava pensando se você poderia me ajudar?” Sarana perguntou.

“Você ainda está sem sorte…” Cornenk disse com uma careta.

“Cornenk, você me deve. Se não fosse por mim, Lorde Averlon teria comido sua cabeça. Sarana estalou em resposta.

“Eu sei, é por isso que não posso te ajudar. Não há como sair desta maldita cidade a menos que Lorde Averlon permita que você saia. Se eu pudesse tirá-la daqui, você não estaria falando comigo, eu já teria ido embora deste lugar…” Cornenk disse com uma careta.

“Você quer partir?” Sarana perguntou surpresa. Se ele fosse embora, estaria desistindo de muito, demorou uma década para construir esse império do crime. Partir agora tornaria discutíveis todos os seus esforços anteriores.

“Claro que sim, Sarana. Encontrei isso no meu travesseiro quando acordei há duas semanas”, disse Cornenk enquanto abria uma gaveta e tirava uma pena dourada, o cartão de visitas do Sindicato.

“Foda-se… você já tentou? O que está impedindo você de ir embora? Sarana perguntou ao sentir uma dor de cabeça começar a aparecer.

“Não, eu não tentei, não sou estúpido o suficiente para tentar. A única coisa que me impede é o medo da morte. Você conhece Boren? O chefe dos Cicatrizes Brancas? Cornenk perguntou.

“Sim, por quê?” Sarana perguntou ao se lembrar do nome do competidor número um de Cornenk na Fossa dos Descascadores.

“Ele está morto”, Cornenk respondeu com uma careta.

“Morto?” Sarana perguntou surpresa.

“Sim, morto. Ouvi dizer que os outros chefes também estavam tentando sair. Então, eu estava esperando que um deles tentasse primeiro. Boren foi estúpido o suficiente para tentar e agora eles estão raspando o que sobrou dele do teto do quarto. Cornenk disse com um suspiro.

“Então eles não o mataram quando ele tentou sair?” Sarana perguntou.

“Não, ele fez os arranjos, ele deveria partir no dia seguinte. Pelo que ouvi, fez todos os esforços para manter tudo em segredo. Aparentemente, não era segreto o suficiente…”, disse Cornenk.

“O que você ouviu do Sindicato?” Sarana perguntou.

“Rumores como sempre. Embora todos os rumores digam que o Sindicato não quer que ninguém saia da cidade. Você pode entrar tranquilamente, você simplesmente não pode sair, então as remessas ainda estão chegando. Mas não demorará muito para que os fornecedores percebam que seus vagões de suprimentos não voltam … ”Cornenk disse enquanto beliscava o ponte de seu nariz.

“Isso não é a pior coisa, os rumores dizem que a Dama da Vingança está aqui em Averlon.” Cornenk acrescentou enquanto baixava a voz com medo de ser ouvido em seu próprio escritório.

“Cornenk, meus contatos dizem que ela está em seis cidades diferentes. Isso apenas o torna o sétimo. Sarana respondeu, sua mente tentando se apegar a cada última negação plausível. Se a Dama da Vingança, a líder do Sindicato estava realmente aqui em Averlon, então ela está perdida…

“Eu sei, meus contatos dizem mais ou menos a mesma coisa. Não foram seis cidades pra mim foram mais umas quatro, não tenho tantos contatos quanto vocês. Mas eu só tenho um pressentimento ruim no estômago, o novo monstro aparecendo, os aventureiros mortos, o bloqueio e a princesa saindo de sua jaula mágica. Agora o Sindicato está fazendo movimentos, limpando as gangues mais indisciplinadas, matando os senhores do crime e agora eles dizem que ela está aqui? Há muitas coincidências aqui. Cornenk disse.

“Como você soube que a princesa saiu? Não, como você sabe sobre o Berço? Sarana perguntou chocada, ela manteve tudo isso em segredo com o melhor de sua habilidade, tanto quanto ela sabia era a única que sabia sobre o berço.

“Sarana, alguém teve que construir aquela mansão, ela não saiu exatamente do chão como um cogumelo. Aqueles trabalhadores da construção também falam, pelo menos falavam antes de você matar todos eles. Isso combinado com o momento conveniente de sua suposta morte e você comprando tanto Ether no mercado negro, além de rumores de magos indo para a floresta. Não é tão difícil somar dois mais dois. Cornenk respondeu.

“Tudo bem, mas como você sabia que ela saiu?” Sarana perguntou quando começou a se perguntar quanta informação estava realmente flutuando.

“Você parou de comprar Ether, não foi? A única razão pela qual alguém compra tanto Ether de forma tão consistente quanto você é que estava alimentando algo. Algo secreto, então tem que estar fora dos livros. Portanto, quando você para de comprar o Ether, significa que não precisa mais alimentar essa coisa.

Mas não se preocupe, até onde eu sei, ninguém mais sabe disso. Eu só tive minhas suspeitas por um tempo, só isso. Eu fiz algumas perguntas quando ajudei você a colocar as mãos naqueles trabalhadores da construção anos atrás. Você acabou de confirmar minhas suspeitas. Cornenk disse.

“Se você é o único que sabe sobre o berço, então por que os outros chefes estão tentando ir embora?” Sarana perguntou.

“Porque o Sindicato está atingindo eles com muito mais força do que eles estão me atingindo. Você me conhece, não gosto de usar gangues, prefiro profissionais, são mais fáceis de controlar. Tenho algumas gangues sob meu controle, mas essas são as mais organizadas.

Quando o Sindicato bloqueou a cidade, algumas das gangues decidiram tentar contrabandear as coisas de qualquer maneira. Você sabe como são essas gangues, elas acham que controlar uma rua ou duas as torna todo-poderosas. Faz com que pensem que são poderosos o suficiente para tentar desafiar os Regicidas. Cornenk disse.

“Suponho que você manteve suas gangues sob controle durante tudo isso?” Sarana perguntou.

“Claro, não tenho desejo de morrer.” Cornenk brincou enquanto olhava para Sarana, perguntando silenciosamente se ela achava que ele era um idiota.

“Certo, desculpe.” Sarana respondeu.

“Sim, de qualquer maneira, o Sindicato não gostou nada disso. Então eles limparam a casa, em uma noite eles eliminaram oito gangues, todos os envolvidos em sua demonstração de bravata idiota aparentemente desapareceram no ar.

Então não, não há como sair desta cidade. O Sindicato transformou este lugar em uma prisão. Ninguém sai. A menos que consiga persuadir Lorde Averlon a deixá-la sair, você está sem sorte.

Se eu encontrar uma saída, aviso, mas não conte com isso. Duvido que o Sindicato seja desleixado o suficiente para deixar uma saída da cidade. Cornenk disse com uma careta.

“Mesmo se você encontrar uma, pode ser uma armadilha, uma maneira conveniente de pegar os realmente problemáticos.” Sarana respondeu com um suspiro.

Isso era muito ruim, Cornenk estava certo, havia muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo para que isso fosse uma coincidência. O monstro, a quebra do berço e agora o Sindicato está fazendo suas jogadas. Existe até o maldito rumor de que a Dama da Vingança está em Averlon. Se ela realmente estivesse, ela precisava dar o fora de Averlon. Algo ruim estava por vir…

“Eu sugiro que você fique parada, eu sei que você ordenou esses ataques nas aldeias. Se as coisas ficarem muito ruins, você pode se esconder aqui comigo. Não tenho certeza de quão seguro será com o Sindicato perambulando por aí, mas é melhor do que estar no palácio com toda a cidade em busca de sangue.

Você provavelmente já sabe disso, mas não faça nada estúpido. Lembre-se que a regra número um aqui em Averlon não é ‘não foda com o céu’ ou não é ‘não foda com o rei’. A regra número um aqui é ‘não brinque com o Sindicato’. Se eles pedirem para você ir, você pergunta para onde, se eles pedirem para você pular, você pergunta a que altura.” Cornenk disse sério.

“Obrigado Cornenk, isso não era o que eu esperava, mas sua oferta é apreciada”, disse Sarana.

“Vou ficar de olho aqui e informá-la se algo importante surgir. Seus canais ainda têm acesso a alguns dos meus homens, certo?” Cornenk perguntou.

“Sim, você sabe quem são?” Sarana disse.

“Sim, acho que sim. Acho melhor a gente não confirmar nada, é só mandar uma mensagem por um dos canais de vocês que eu respondo.” Cornenk disse.

“Tudo bem, foi bom conversar com você, Cornenk.” Sarana disse enquanto se levantava.

Cornenk abriu a boca como se fosse responder, então ele congelou e seus olhos dispararam para onde estava a prostituta morta. Seu rosto ficou pálido e Sarana sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ela se virou e o que viu transformou seu sangue em gelo.

O corpo não estava lá…

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