Um Encontro Inesperado (1)

O festival rolou por um bom tempo. Lucan chegou a ir e voltar da realidade para Hwanmong umas vinte vezes. Por mais de dois meses no tempo real, houveram festividades e celebrações na base de Lucan.

Até aquele momento, ele só tinha se concentrado em ficar mais forte, mas ele não precisava fazer isso agora que era um ser do caos.

Honestamente, Lucan sabia que aumentar o número de suas tropas, mesmo que centenas de vezes, não importaria, já que ele era absolutamente poderoso. Isso também porque todos os poderes de seus subordinados combinados não seriam páreos para um ser transcendente. Não havia sentido para Lucan, um ser do caos, aumentar o seu número de tropas.

No entanto, depois que o festival terminasse, Lucan continuaria a aumentar seu poder como de costume e inclusive convocar mais tropas. Como um soberano dimensional, Lucan queria expandir seus horizontes. Era o destino dado a um soberano dimensional.

— Vou começar com os mundos inferiores desconhecidos da Estação Pavalia e depois expandir para outras estações.

Esse era o plano de Lucan. Claro, durante o festival, Lucan também descansou com os membros de sua Família e apreciou a festa. Shakan e Keljark, que estavam dormindo em suas asas, acordaram e participaram do festival. Eles iam sempre junto com Lucan para a realidade e para Hwanmong.

A realidade se tornou interessante desde o momento em que eles se mudaram para a casa de Lucan no Edifício Delta. A intenção deles era permanecer como humanos comuns e desfrutar de uma vida comum na Terra. Isso, para eles, era mais interessante que explorar mundos desconhecidos no mar dimensional.

No início, eles apenas ficaram no Edifício Delta e não saíam de lá exceto para comer. Lucan descobriu então que Shakan tinha construído uma loja grande de barriga de porco assada perto de uma universidade, e Keljark já era a dona de um restaurante de frango caipira. Quando estavam de bom humor, eles não só pagavam comida e bebida para todo mundo, mas também jogavam com os clientes. Suas lojas logo se tornaram famosas e as pessoas faziam fila para entrar.

Além disso, Shakan abriu um bar que servia odeng como aperitivo. Ele iria direto para o bar quando o restaurante fechasse às 10 da noite. Ele tinha uma vitalidade infinita e não ficava com sono, então o horário de atendimento ia até as 5 da manhã, mas às vezes ele o estendia até as 10 da manhã.

Ele conversava e bebia com os convidados no bar de odeng. O bar tinha um balcão estreito e apenas uma mesa comprida, então era um lugar onde as pessoas vinham e bebiam com estranhos. Claro, era basicamente focado no proprietário, Shakan. Na verdade, Shakan era originalmente um dragão muito sábio e digno, mas essa característica havia desaparecido com o tempo.

No entanto, ao ouvir os problemas das pessoas que vinham beber todos os dias, seu senso de justiça renasceu. A partir de então, coisas estranhas começaram a acontecer na Terra. Na verdade, começou especificamente na Coréia do Sul.

Os salários dos funcionários aumentaram, e os presidentes de diversas companhias foram obrigados a pedir desculpas e pagar os salários atrasados, além de dar bônus aos funcionários. Além disso, pacientes com doenças terminais de repente começaram a melhorar. Isso não foi tudo. Os políticos que haviam mentido e enganado as pessoas se desculparam e se aposentaram. De repente, grandes corporações e pessoas ricas estavam fazendo doações para diversas entidades. Não era apenas uma propaganda para se aparecer com a doação, mas feitos que realmente ajudaram a eliminar a desigualdade social. Alguns criminosos violentos admitiram seus feitos e se suicidaram, enquanto alguns pais encontraram milagrosamente suas crianças desaparecidas há tempos.

Estas coisas estavam acontecendo, mas as pessoas não perceberam que era Shakan quem estava fazendo isso. Elas apenas se maravilharam com as coincidências.

No entanto, Shakan tentou não intervir em eventos de escala nacional tanto quanto possível. Ele simplesmente pensou nisso como uma pequena mão ajudando aqui e ali. Ele estava preocupado que Lucan ficasse bravo se ele fizesse algo muito significativo.

Por outro lado, Keljark era bem diferente.

O sentimento de justiça era inexistente para ela, já que ela era originalmente um rei demônio. Ela se divertia com matança e destruição. No entanto, quando ela se tornou transcendente, ela percebeu que matar e destruir eram coisas infrutíferas.

Claro, ela não fez nada pela justiça. Ela teria calafrios se precisasse fazer tal trabalho. Ela estava apenas satisfeita por não causar chacinas e destruição. Até agora, a única coisa justa que ela fez foi lutar contra os monstros do Hall da Destruição, que queriam destruir a Estação Pavalia.

Porém, ela ficou vagamente aborrecida quando percebeu que havia pessoas ruins na Terra. Era nojento ver os humanos que não eram soberanos vivendo em silêncio enquanto eram explorados. Claro, ela tentou se certificar de que Lucan estava completamente leigo quanto ao que ela estava fazendo. Ela acabaria com eles, como sua natureza exigia que fizesse, mas ela simplesmente faria isso em sigilo e de uma forma diferente.

A partir desse momento, pessoas com má-fama nos jornais começaram a se juntar à Família dela. Ela era famosa por ser muito rígida com seus membros. Ela não os fez se juntar para usá-los, mas sim para ficar de olho neles e intimidá-los sem que eles pudessem fazer nada a respeito.

Embora ela fosse uma transcendente, ela não sabia que teria que voltar para os métodos arcaicos.

Isso é irritante. Tem gente demais se juntando à minha Família.  

Ela decidiu examinar seus alvos cuidadosamente. A análise era simples. Ela apenas leria as memórias do sujeito. Ela se concentrou naqueles que tinham a possibilidade de cometer mais atos ruins no mundo. Desde então, ela passava metade do dia gerindo seu restaurante e a outra metade abusando dos membros de sua Família.

Ela nunca matou. Não houve danos à vida deles, mas houve educação mental diária através de controle e restrição rigorosos! Naturalmente, uma surra bem dada era uma parte básica disso.

Era um rei demônio ensinando humanos. Aqueles que foram educados passaram por momentos tão terríveis que não conseguiam sequer falar a respeito. Eles tinham que tentar fazer o bem com certa regularidade, e só então ela iria libertá-los.

Todos os tipos de coisas estranhas começaram a acontecer em todo o mundo.

Os ditadores começaram a deixar os cargos. Havia rumores de que a Coréia do Sul e a do Norte logo voltariam a ser uma só.

Tradicionalmente, quando um poder ditatorial era modificado, um novo governante apareceria, o que muitas vezes aumentava ainda mais a confusão. No entanto, estranhamente, não houve tais ocorrências.

Assim, depois que coisas estranhas estavam ocorrendo na Terra por alguns meses, Lucan descobriu que Shakan e Keljark estavam se envolvendo nos assuntos da Terra.

No entanto, Lucan não os impediu.

Ele não queria se envolver na própria realidade, e não viu necessidade de evitar isso. Ele não queria se tornar o governante da Terra, e Shakan e Keljark também não. Ambos os lados da luz e da escuridão foram muito eficientes.

Ainda assim, ele falou algo para eles:

— Vão com calma.

— Ha ha! Claro! Não se preocupe!

— Eu pego bem leve, então não se preocupe.

Keljark e Shakan ficaram satisfeitos quando Lucan permitiu que eles intervissem. Por outro lado, Lucan estava feliz porque os dois transcendentes estavam se comportando bem.

Até pouco antes, a coisa tinha sido bastante inconveniente, uma vez que eles andavam sempre colados em Lucan. Porém, graças às novas ocupações dos dois, Lucan poderia aproveitar seu tempo na realidade com Hayun e ampliar seu conhecimento sobre espíritos aquáticos com Aquana em Hwanmong.

Naturalmente, ele não tinha mais conhecimento para obter, pois ele já havia obtido o nível mais alto. Apesar disso, Lucan ainda passava muito tempo na Ilha Freya.

Apesar de aproveitar a vida com duas amantes, Lucan não parou de estudar. Ele procurava a iluminação que o levaria em direção a um patamar mais alto.

Contudo, não houve progresso algum, parecendo que sua mina de inspiração havia secado. Às vezes, ele tentava retornar àquele espaço escuro para obter inspiração, mas era inútil.

Não tem outro jeito. Eu não vou me apressar e vou esperar o momento certo.  

Se ele tentasse arduamente sem desistir, um dia ele romperia aquela barreira.

Antes que ele se desse conta, o festival terminou e Lucan começou a explorar a Estação Pavalia com o Navio Rotas. O navio estava familiarizado com muitos pontos de teleporte, e por isso era mais fácil do que voar sozinho. Ele inclusive se lembrava de mundos que já tinham defensores, então ele procurou por novos mundos emergentes, como a Ilha Freya.

Em um determinado ponto, ele encontrou um mundo cheio da energia do fogo.

— Finalmente!

Era o Continente Sarmandia, que era dezenas de vezes maior que a Ilha Freya. Havia vulcões em todos os lugares e rios de lava fluíam em vez de água! Não era adequado para seres humanos viverem, mas era o melhor lugar para espíritos do fogo. Não surpreendentemente, Klater, a regente espiritual do fogo, apareceu, depois de se esconder nas asas dele por muito tempo.

*Hwaaak!  Hwaruruk!*

Uma luz vermelha se estendeu de suas asas e tomou a forma de uma bela mulher. Ela não havia saído nem quando o festival estava rolando. Aquana entrou nas asas e tentou chamá-la, sem sucesso. Até mesmo Shakan tentou, mas Klater fingiu estar dormindo.

— Minha nossa!

Klater olhou em volta com uma expressão de admiração. Os olhos deprimidos voltaram a ter um pouco de brilho. Então, ela viu Lucan de um lado e disse com uma expressão conturbada:

— Obrigada pela ajuda. Não consegui dizer isso antes, já que não saí das suas asas.

Ela nem sempre esteve dormindo nas asas, tendo também observado o que aconteceu do lado de fora. Portanto, ela sabia que Lucan havia se tornado um transcendente e um soberano dimensional. Ao contrário de quando ela conheceu Lucan, ela agora o tratou de forma muito educada.

Lucan apenas sorriu.

— A guerra na Estação Pavalia cessou, então esqueça o passado. Os dois transcendentes tornaram-se meus amigos e os espíritos da água estão se multiplicando.

— Sim, estou ciente disso.

Ela tinha ouvido isso diretamente de Shakan e Keljark. Portanto, ela esqueceu tudo sobre o passado, porém simplesmente não tinha motivação suficiente para recomeçar a vida. No entanto, parecia ter ganhado uma nova razão para viver depois de descobrir um mundo cheio de energia do fogo.

Havia expectativa em seus olhos enquanto ela olhava para Lucan.

— Você pode me dar esse mundo?

— Claro, Klater. Em troca, me permita fazer uma base nele.

Lucan já havia construído uma base após consumir uma Partícula Dimensional. Ele tinha a intenção de arrastar Klater para fora se ela não aparecesse, mas ele estava feliz por ela ter saído voluntariamente.

Então, Klater se aproximou com uma expressão impressionada e se ajoelhou diante de Lucan.

— Eu, a regente espiritual do fogo, Klater, quero me tornar parte de sua força no sistema dimensional criando um novo mundo de fogo. Você pode me aceitar na sua Família?