A neve estava caindo.
Cacos brancos bonitos e cruéis caíram do céu, acumulando-se em seu corpo congelado.
Eu estava sozinha.
Eu estava congelando.
Não havia ninguém para me ajudar, nem para curar minha pele.
Meus membros gradualmente congelando impotentes, era a realidade.
Meu corpo sujo não mudaria, essa era a verdade.
Por que estou tão suja, pobre e vazia?
Essas mesmas perguntas que ela provavelmente se fez mil vezes flutuaram no mar de seu coração coberto de cinzas e desapareceram.
O que devo fazer para parar de ser assim?
Em um canto de seus pensamentos que gradualmente se tornavam embaçados e efêmeros, ela continuou a pensar honestamente. Ficou pensando, tentando sair daquela vida.
Nesse momento…
— Você está bem?
Uma voz melodiosa ecoou em seus ouvidos.
Abrindo com força as pálpebras que estavam tentando se fechar, seus olhos se arregalaram no instante em que a viu.
Uma beleza sem limites, rica, plena e quente estava ali.
Foi a primeira vez que ela soube que algo assim realmente existia no mundo.
— Acho que posso te salvar e te ajudar de agora em diante, mas… você, o que você quer?
Assim como uma de suas habituais mudanças de planos.
Ou possivelmente, como se estivesse vendo a alma brilhar dentro daquele corpo.
A existência diante de seus olhos pedia isso.
Algo assim existia.
Sendo assim, já estava decidido.
Saber que beleza, riqueza, plenitude e calor assim existiam. Havia apenas um desejo em seu peito.
Isso não foi inveja, capricho ou ciúme – foi um “desejo”
Eu quero ser você.
Quero deixar de ser eu, e ficar linda e quentinha, quero me tornar você.
A outra parte certamente não pensou que diriam isso a ela.
Surpresa, ela começou a rir alto.
— Você quer se tornar uma Deusa (eu)? Você, até onde vai sua ganância! Até agora não houve uma criança que me dissesse tal coisa!
Havia pessoas que desejavam seu amor. E pessoas que imploravam por seu favor.
Mas não houve ninguém que tentou se tornar ela.
Ela riu.
A Deusa de cabelos prateados continuou a rir.
Como se dissesse que era inevitavelmente engraçado.
Como se seu interesse fervesse.
— Então eu vou te dar esse desejo. Mas em troca, o que você faria – por mim?
Ela assentiu ligeiramente como se dissesse ‘Tudo’.
E então a Deusa perguntou enquanto estendia a mão na sem teto sem salvação.
— Qual é o seu nome?
Os lábios da garota tremeram.
— Syr.
× × ×
Isso foi uma troca de “destinos”.
Desde então, meu destino estava determinado.
Mas ainda assim, não importa.
Se eu conseguir me livrar dessas ruas frias.
Se eu puder me livrar dessa solidão e escuridão.
Se eu puder me tornar aquela existência bonita, rica, satisfeita e, acima de tudo, calorosa.
E então eu me transformei.
Dessa forma, eu renasci como uma “Deusa”.