Capítulo 160
Em um momento em que os ponteiros das horas e dos minutos de um relógio estavam em ângulos retos, Arthur e Oliver chegaram à Loja Geral Millian na Estrada Centro-Oeste e bateram na porta.
Enquanto isso, McBore e Donna esperavam do lado de fora do prédio, prontos para ajudar se necessário.
CHUCK
Um homem espiou por uma pequena abertura na porta presa por uma corrente, revelando apenas metade do rosto.
— Quem é?
O homem perguntou.
Arthur observou as feições do homem — nariz grande, bigode, olhos penetrantes por trás de óculos grossos — e respondeu:
— Estou aqui para um compromisso. Deveríamos nos encontrar aqui.
O homem, que parecia ser o dono da loja, respondeu:
— Espere um minuto.
Ele então fechou a porta, desfez a corrente com um rangido e abriu a porta mais uma vez para permitir que Arthur e Oliver entrassem.
O homem que abriu a porta para Arthur e Oliver vestia camisa xadrez e calça marrom.
Ele era bem constituído e segurava uma espingarda de cano duplo em uma das mãos.
Ele simplesmente disse: “Sigam-me” e os conduziu até o depósito atrás do balcão.
No depósito, havia várias prateleiras espalhadas pelas paredes, cheias de diversos produtos, como latas, álcool e cordas.
No centro da sala, o homem levantou um tapete e abriu uma porta que dava para o porão abaixo.
— Entrem. Ele está esperando por você, disse ele.
O porão escuro estava abafado, mas não havia outra opção, então Oliver e Arthur desceram para o porão.
Assim que Oliver e Arthur entraram no porão, eles encontraram algo que parecia um círculo fluorescente no canto.
Ao se aproximarem, múltiplas lâminas surgiram e apontaram para eles.
— Obrigado por ter vindo, Oliver disse olhando para a escuridão.
Oliver reconheceu o homem como aquele com quem havia lutado naquele dia.
O homem observou Oliver por um momento, depois baixou as lâminas e acendeu o fogo com a mão.
O ar encheu-se com o som de fogo quando mais três homens, que pareciam ser colegas do homem, apareceram.
A situação agora era quatro contra dois.
Arthur estava nervoso, mas Oliver colocou a mão em seu braço protético de Golem e o acalmou.
— Está tudo bem… Eles não querem nos machucar. Ainda não.
O homem, que observava em silêncio, deu alguns passos para trás, moveu o fogo para uma tocha pendurada e sentou-se numa cadeira numa mesa de canto.
Só restava uma cadeira e ele apontou para Oliver e disse:
— Sente-se.
— Hum?
— Você disse que queria conversar… Sente-se.
Oliver olhou para Arthur e depois para a cadeira vazia que restava.
Ele estava prestes a oferecer o assento a Arthur, mas o homem interveio.
— Esse velho não, sente-se você. Eu só falo com o chefe.
— Este é o chefe.
— Não aos meus olhos. Você se senta ou iremos embora. Escolha, disse o homem em tom firme.
Se Oliver falasse sobre qualquer outra coisa, parecia que ele estava realmente pronto para ir embora.
Oliver olhou para Arthur e após um momento de reflexão, Arthur gesticulou para que Oliver se sentasse.
Oliver sentou-se e o homem à sua frente falou.
— Em primeiro lugar, você…
— Qual o seu nome? — Oliver imediatamente perguntou.
O homem olhou para Oliver com uma expressão desagradável.
— O quê?
— Perguntei seu nome.
— Qual é o sentido de saber disso?
— Achei que seria mais confortável conversar se eu soubesse seu nome. E pessoalmente, estou curioso, você se sente familiarizado.
— Familiarizado?
— Sim, você me lembra o Sr. Hammersh. A magia de fogo, o fluxo de mana e a forma como é usada são semelhantes. Se você não quer conversar, não precisa.
Naquele momento, as emoções do homem oposto a Oliver flutuaram. A raiva e a tristeza ferviam enquanto a paciência, a racionalidade e a tranquilidade as suprimiam.
— Um bordão, usuário único de magia negra e magia. Foi você quem pegou Damon, Allister e Hewitt.
— Exatamente.
Ao ouvir a resposta, o homem de repente começou a fazer caretas.
Então o rosto nu sob a máscara de couro foi revelado.
Cabelo ruivo que caía para trás como a juba de um leão, barba bem raspada, testa angulada, nariz alto e olhos vermelhos distintos.
Era Willes, um dos líderes do Exército de Libertação de Kell.
Arthur e os outros membros do grupo de Willes ficaram surpresos com a ação, mas ele não pareceu se importar.
— Meu nome é Willes. Membro do Exército de Libertação de Kell. E você?
— Meu nome é Dave. Sou um Solucionador de Landa. Muito prazer.
— Você não está surpreso.
— Não, estou surpreso sim.
— Que rancor você tem de nós por ter vindo até aqui?
— Não tenho nada contra vocês. Só vim porque fazia parte do meu trabalho.
CHAREENG.
Willes segurou sua espada na ponta do pescoço de Oliver,
— Hammersh é meu discípulo, aquele a quem ensinei magia pessoalmente.
— Entendo, Oliver respondeu.
— Damon perdeu seus pais para as forças de supressão do reino durante um protesto e se juntou a nós, e a história de Allister não é muito diferente.
— Entendo.
Willes pressionou a faca com mais força contra a pele de Oliver.
— Mas é só um trabalho para você?
— Sim, Oliver respondeu.
Willes encostou a espada na pele de Oliver.
— Por que você está aqui? Decidirei o que fazer com base na sua resposta. Pense bem antes de falar.
As emoções de Willes eram complexas — cautelosas e razoáveis, mas também fervilhando de raiva.
Ele não estava disposto a causar uma cena, mas não hesitaria em lutar se lhe fosse dado um motivo.
Oliver examinou os arredores, sentindo-se desconfortável com a situação atual.
Ele não tinha certeza das habilidades de Willes e a magia de fogo parecia mortal no espaço apertado.
Além disso, havia outro mago por aí, possivelmente um mago de guerra do exército do reino, que poderia causar problemas se interviesse.
Se o reino descobrisse quem eles eram, isso poderia ter consequências terríveis.
E o mais importante, Hewitt não estava em lugar nenhum.
Oliver reavaliou sua missão: seu objetivo principal era proteger Hewitt ou ajudar em sua fuga.
— Por que você não está me respondendo? — Willes pressionou por uma resposta.
— Estamos aqui para proteger o Sr. Hewitt, o hacker mágico.
Oliver respondeu, observando os inimigos que o cercavam erguerem suas espadas.
— Mas também recebemos outra ordem. — Acrescentou, e Willes levantou a mão para impedir que seus homens atacassem.
— Que ordem você recebeu? — Willes perguntou.
— Você pode nos dizer quais informações o Sr. Hewitt obteve? — Oliver perguntou em troca.
— Existe uma razão pela qual eu deveria te contar?
— Gostaríamos de ajudá-lo se você nos contar, ajudá-lo para que você possa escapar das forças do reino.
* * *
Eram nove horas da noite, horário ideal para uma reunião secreta.
As negociações que começaram involuntariamente revelaram-se mais bem-sucedidas do que o esperado.
Oliver, o negociador, também superou as expectativas.
Como resultado, o pedido da cidade para proteger Hewitt ou obter as informações que ele obteve e ajudá-lo a escapar foi atendido.
Arthur e seus colegas ficaram surpresos com as conquistas de Oliver.
No entanto, havia também preocupações de que o outro lado pudesse estar mentindo e de que fosse desconfortável estar tão diretamente envolvido com os rebeldes.
No entanto, seguindo a opinião de Arthur de que já era leite derramado, todos concordaram em cooperar com os rebeldes enquanto Oliver negociava.
Para cumprir o pedido da cidade, a cooperação parecia ser a melhor opção para este lado que tinha muitas coisas a considerar, como esconder a sua identidade e encontrar a localização de Hewitt.
Depois que Arthur trouxe a ordem, Oliver e seu grupo se prepararam e foram para o local de encontro.
O local de encontro era na periferia da cidade e havia várias casas de fazenda grandes e pequenas nas proximidades. Dizia-se que Willes e seu grupo estavam escondidos em um deles.
— Parece que eles podem estar mentindo para nós. — Disse Donna.
— Não se preocupe, srta. Donna. O Sr. Willes parecia genuinamente preocupado com alguma coisa e foi receptivo à nossa proposta, Oliver a tranquilizou.
McBore, que estava ouvindo, entrou na conversa.
— Ah, já que você é um Bruxo, consegue ver através das emoções da outra pessoa, certo?
— Não é muito detalhado, mas consigo em um nível aproximado.
— Ouvi dizer que você pode até ler os pensamentos das pessoas em um determinado nível. Isso é verdade?
McBore perguntou como se estivesse conversando um pouco. Mas, ao contrário de sua aparência, ele não parecia perguntar por pura curiosidade, parecia estar tentando descobrir alguma coisa.
Não havia malícia, mas havia um sentimento de prudência.
Oliver respondeu:
— Não tanto. Posso sentir intenções e mentalidades, mas não pensamentos.
— Eu te invejo. Definitivamente vou ganhar se usá-lo enquanto jogo pôquer. Então, qual foi o sentimento de Willes?
— Ele estava se sentindo…
— Tive sorte por haver pessoas que eu poderia usar para empurrar o carro que eu tinha dificuldade em dirigir.
Só então, Willes e seus colegas emergiram da escuridão.
As três pessoas que tinham visto no porão também estavam lá, cada uma delas possuindo a mana de um mago.
Oliver não ficou surpreso, tendo percebido suas emoções antecipadamente, mas o grupo de Arthur estava visivelmente confuso.
Parecia que era bom que eles não tivessem que lutar. De qualquer forma, uma vez que lutassem, ambos os lados não conseguiriam evitar os danos.
— Este não é o local de encontro.
Willes respondeu à pergunta de Arthur enquanto estendia sua mana na forma de fios, explorando a área circundante enquanto falava.
— Viemos do nosso lado por precaução. Felizmente, não acho que você tenha feito nada de errado.
Oliver já tinha visto um aluno da Torre Mágica usar essa técnica antes, mas Willes a executou com facilidade, revelando seu profundo conhecimento de várias formas de magia.
Como o adversário à sua frente tinha uma recompensa de um bilhão e duzentos milhões, Donna e McBore se prepararam para uma possível luta, enquanto Willes e seu grupo também mantiveram a guarda elevada.
Era uma aliança estranha e constrangedora.
— Onde está Hewitt? — Arthur perguntou a Willes.
— Ele não está aqui. Já está se movendo. — Respondeu Willes.
— O quê?
— O quê? Você tinha um encontro marcado com Hewitt?
— Você disse que entregaria as informações que Hewitt encontrou. — Arthur lembrou a Willes.
— Eu sei. E vou te contar. Ouvi tudo de Hewitt. — Garantiu-lhe Willes.
— Ele está falando a verdade.
Oliver confirmou que suas palavras foram sinceras.
Com a garantia de Oliver, todos decidiram ouvir Willes por enquanto.
Willes começou a explicar a situação.
— Atualmente, a estrada principal ao norte é guardada por um pequeno número de tropas do reino. E a unidade reserva está pronta para fazer backup em caso de necessidade. Se formos pegos pelo menos uma vez, acabou.
— E daí? — Arthur perguntou.
— Enquanto Hewitt escapa em segurança, atacaremos as tropas do reino e roubaremos sua atenção. Ajude-nos com isso. Acho que ter um especialista em equipamentos mágicos, um atirador mágico, um braço protético de golem e magia negra será de grande ajuda. — Disse Willes.
— Você está nos pedindo para ajudá-lo a atacar o exército do reino? — Arthur perguntou surpreso.
— De qualquer forma, faz parte do trabalho, não é? — Willes disse, encolhendo os ombros.
Oliver não pensou muito sobre isso.
Parecia perigoso, então apenas pensou que deveria ter cuidado.
Mas Arthur era diferente.
Além da ansiedade de correr o risco, sentiu desconforto pessoal.
Mas, ao mesmo tempo, agonizou, avaliando o preço que receberia quando aquilo fosse feito com segurança.
Willes também abriu a boca para persuadir Arthur como se tivesse percebido isso.
— Você parece não gostar, mas mudará de ideia depois de ouvir as informações que lhe darei.
— O que te deixa tão confiante? Pense que sou alguém tão mesquinho que trairia meu país por suas palavras. — Retrucou Arthur.
As emoções de Willes flutuaram um pouco no momento.
— Porque não se trata apenas da nossa guerra. É mais importante do que isso. Como ser humano.
— O que é então?
— Alguém fez um acordo com o Demônio. Alguém da família real.