Genius Warlock
Capítulo 38
— Oi? — Oliver falou enquanto abria a porta e entrava.
Joanna, que estava na cama, olhou para Oliver sem responder.
Mas ele não ligou porque viu a raiva, ressentimento e dúvida dela por meio das emoções.
Oliver arrastou um banquinho para sentar ao lado dela e a cumprimentou novamente.
— Oi…?
— Oi… como está?
Criiiik~
Joanna respondeu levantando os braços que estavam presos por correntes.
— Desculpa. Também achei exagerado, mas esse era o único jeito para deixá-los à vontade… Está se sentindo desconfortável?
— Não, na verdade, não. Posso quebrar elas a qualquer momento.
— Bem, creio que você consegue, já que é uma paladina. Só que, nesse caso, a magia negra preparada aqui com antecedência será ativada junto com as das outras salas, e serão seus subordinados que sairão feridos.
Joanna percebeu isso também, então olhou para os Minions com uma expressão amarga.
Ela queria sair de lá imediatamente, mas não conseguia porque ficou preocupada com seus colegas.
Isso deixou Oliver curioso.
O jeito que ela lutava, que era corajosa diante da morte e que irradiava uma luz tão bonita…
Tinha tantas coisas que estavam martelando na sua cabeça.
— Antes de mais nada, vou me apresentar formalmente. Meu nome é Oliver. Muito prazer.
Oliver estendeu a mão, apresentando-se tão gentilmente quanto havia praticado. Contudo, a única coisa resposta foi um olhar frio.
— O que você está tentando fazer?
— Quero apenas conversar…
— Conversar…? Não sei o que você está tentando fazer, mas é inútil tentar obter alguma informação de mim ou mexer comigo. Não serei enganada e não cederei a nenhum tipo de tortura.
Ela falou com um tom espinhoso e foi sincera. E, por algum motivo, estava muito cautelosa diante do Oliver.
— Não vim aqui para obter nenhuma informação.
— E acha que vou acreditar?
— Hm… Você está sendo cautelosa comigo porque sou um Bruxo?
— Sim, existe algum outro motivo?
— Só fiquei muito curioso, tem alguma coisa errada em ser um bruxo?
Joanna, que afastou seu olhar do Oliver, franziu a testa e o olhou nos olhos. Por algum motivo, ela se sentiu muito desconfortável.
— Pensa que sou uma idiota? Ou só está tirando sarro de mim?
— Não. Não acho que você seja uma idiota nem estou tirando sarro. Quero apenas conversar.
Joanna olhou para Oliver sem falar nada.
Ela então abriu lentamente a boca.
— Você não sabe que faz drogas nocivas e afoga as pessoas num poço de doença?
— Ah… está falando dos Pilgarets?
— Sim, está falando sério que realmente não sabe quantas pessoas são prejudicadas pelas drogas que você fabrica?
— Não sei… Faz pouco tempo desde que me tornei um Bruxo.
— Não minta!
— Não é mentira. Acredite ou não, essa é a verdade… Enfim, até onde sei, Pilgaret não é tão prejudicial. Na melhor das hipóteses, dizem que é usado como um substituto para os cigarros… como um remédio.
— Mesmo assim, drogas são drogas, e não me diga que você não extorquiu as emoções de outras pessoas para fabricar?
— Não é extorsão, nós compramos com dinheiro apenas de pessoas que querem vender.
— Está insinuando que está tudo bem atrair os pobres com dinheiro para tomar as emoções deles?
Nesse momento, Oliver pensou na mulher que tinha perdido a si mesma e seu filho devido ao excesso de extração de todo o amor materno.
— Hm, não. Acho que não. Eles extraíram muito, e ela ficou quebrada por causa disso. É realmente triste.
— Então.
— Então quando eu for extrair emoções no futuro, só vou extrair uma quantidade apropriada sem prejudicar. Como pessoas que doam sangue.
Raiva e desgosto ficaram expostos no rosto da Joanna.
— Mas isso não muda nada.
— É sério? Desculpa. Mas estou feliz por poder falar com você… Só por perguntar, você pararia de odiar os Bruxos, se eles parassem de fabricar essas drogas, certo?
— Você está mesmo me perguntando isso…?
— Hm, sim… Só quero saber o porquê você odeia tanto os bruxos.
— Não gosto dos bruxos porque eles não hesitam em prejudicar as pessoas e ainda adoram demônios malignos por seus próprios desejos. A própria existência deles representa o mal.
— Hm… Mas não existem alguns bruxos bondosos e generosos também?
— Se tiver porcos com asas neste mundo, então talvez existam alguns bruxos bons.
— Hm… Nunca vi porcos com asas… Ah, é uma metáfora? Desculpa, não sou muito bom em entender essas coisas.
— Sim, é exatamente isso. Não existe algo como porcos com asas ou bruxos bons neste mundo. Por quê? Vai negar?
Oliver ponderou por um momento.
— Não, mesmo que eu não adore algum Demônio, ainda mato pessoas quando preciso.
— Haa…! — Joanna zombou das palavras dele.
— Mas todo mundo é assim, não é?
— O quê?
— Você também não matou pessoas quando precisava?
— Que… besteira você está falando?
— Hm, sinto muito se ofendi. Porém, o diretor do orfanato, o supervisor da mina, o estalajadeiro, os bruxos, os magos, o mestre… todos tentaram me matar, quando necessário.
— …
— Por isso pensei que estava tudo bem. Matar pessoas, se necessário… Assim, matei a garçonete, Tom, os gângsteres, os magos e meu mestre. É errado?
— Claro! O que você acha que é a vida?
— Só que vocês Paladinos também não mataram todos os gângsteres?
Naquele momento, o coração da Joanna disparou brevemente, como se as palavras dele tivessem jogado sal na ferida.
— Aquilo… foi inevitável. Eles eram pecadores que trabalharam com um Bruxo. E nem mesmo ouviram o meu último conselho para se render, que ordenei com a misericórdia de Deus. Foi inevitável.
— Hm…
Oliver assentiu com a cabeça, falando de novo em seguida.
— Sinto muito, mas quem julgou que era inevitável?
— …?
— Foi Deus quem disse?
— Você está blasfemando contra o nosso Deus agora?!
— Não, eu realmente não sei de nada sobre isso… Mas Deus não é alguém que vê a todos igualmente, sejam eles paladinos, bruxos ou gângsteres?
— Como você ousa falar como se soubesse de tudo?! Você está ridicularizando da vontade de nós, Parterianos, que dedicamos nossas vidas para proteger o mundo humano de bruxos e demônios? Até mesmo todos os países estão de acordo!
— Em outras palavras… Deus não lhe disse nada especificamente? Pelo menos, você viu?
O rosto bonito da Joanna franziu de raiva, mas não conseguiu falar nada.
Ficou muito agitada porque alguém lhe fez a mesma pergunta que a incomodava todo esse tempo.
— Seu objetivo… é destruir minha fé com essa sua língua impertinente?
— Não, não… Sendo franco. Gosto de você do jeito que é agora.
Joanna franziu a testa e olhou de volta para Oliver.
Ele não conseguiu organizar seus pensamentos, então deu rapidamente uma explicação tosca.
— Hm, não sei como explicar isso, mas realmente gosto de você, Srta. Paladin. Estava linda.
— Como você ousa dizer essas palavras tão sujas…
— O quê? Ah, não sei qual é o problema, mas desculpa. É só que suas emoções estavam tão bonitas. E parecia incrível…
— …?
— Por que você se tornou uma paladina?
— Onde… você quer chegar?
— Como deve saber, estive assistindo à sua batalha contra os gângsteres. Você nem gosta de lutar, então por que lutou tanto? Sempre que alguém vai para uma batalha, todos tendem a ficar imersos no prazer da vitória, na superioridade de ser forte e no desejo de destruir, mas a Srta. Paladina tinha apenas uma fé como um papel em branco. Você ficou triste até mesmo quando derrotou os gângsteres.
— …
— Quero saber qual é o motivo. Por que você luta?
— Não luto porque é divertido… mas porque é um dever. Porque alguém tem que fazer isso.
— Sério? É por isso que você conseguiu ficar calma quando estava prestes a morrer?
Joanna ficou agitada nesse momento.
Ela se lembrou de quando as emoções do Oliver a engoliram na escuridão, exceto por um olho e uma boca.
— O que raios… foi aquilo?
— O quê?
— A escuridão que cobriu os esgotos. Pode ser minha primeira missão oficial, mas nunca ouvi falar de nada assim.
— Hm, você também não sabe. Na verdade. É a minha primeira vez extraindo essas emoções, então tem muitas coisas que não sei. Portanto, me desculpe se eu te ofendi de alguma forma.
— Não sei pra que você está falando comigo assim.
— Porque quero saber sobre a bela luz.
— Bela luz?
— Sim, sendo preciso, é uma emoção bonita, que brilha intensamente antes de uma pessoa morrer. Já vi ela três vezes, mas você foi a única que exalou ela enquanto viva… Portanto, só quero saber o que você estava pensando no fim…
Oliver ajustou sua postura e se sentou direito para ouvir.
Até parecia uma criança curiosa esperando por uma resposta.
Joanna encarou Oliver por um bom tempo e depois falou: — Antes de responder, posso fazer uma pergunta? Por que está curioso com isso?
— Hm… porque é linda.
Uma emoção que não conhece.
Não tinha nenhum motivo específico para Oliver aprender magia negra ou descobrir sobre as emoções bonitas.
Era só o seu objetivo.
— Você está se esforçando tanto atrás disso só por causa daquela emoção bonita?
— Sim… E aí, você sabe?
Assim que ouviu a resposta dele, Joanna aliviou sua raiva e ódio por Oliver e olhou para ele de uma nova perspectiva.
Era simpatia.
— Você está… quebrado.
— Quebrado?
— Sim. Responda. Quantas vezes você já se sentiu triste ou zangado?
Oliver pensou nisso muito seriamente.
Ele já ficou triste ou zangado?
Ficou triste ou zangado quando foi incriminado injustamente no orfanato e apanhou do Diretor?
Não.
Quando foi enganado e vendido para a mina?
Não.
Quando as crianças na mina fizeram bully com ele?
Não.
Quando o supervisor da mina cuspiu no rosto dele e o chamou de órfão?
Não.
Quando quase morreu na estalagem?
Não.
Quando foi esbofeteado na bochecha pelo discípulo intermediário?
Não.
Quando Andrew tentou matá-lo?
Não.
Quando seu mestre tentou matá-lo?
Não.
— Hm… Não muito. Ah! Fiquei um pouco triste quando a bela luz não pôde ser extraída e desapareceu. Também fiquei triste quando vi a mulher que perdeu todo o amor materno.
— Isso não é tristeza, é arrependimento. Como uma criança que não ganhou o brinquedo que queria.
— Hm… é mesmo?
Oliver cruzou os braços ao ouvir essas palavras e parou para pensar nisso.
Em seguida, Joanna falou novamente.
— Você está quebrado. Não sente as emoções certas. É por isso que você corre atrás de magia negra ou dessas emoções bonitas.
— É mesmo?
— Pelo menos, é assim que vejo na minha opinião. Então, deixe-me te ajudar.
— Hm… como?
— Pare o que você está fazendo agora, peça perdão e pague pelos seus pecados.
— O que devo fazer… depois de pagar por isso?
— Não permaneça nesta escuridão, saia para o mundo. Conheça muitas pessoas por aí e aprenda a viver como uma pessoa normal.
— Como é viver como uma pessoa normal?
— Acorde cedo, trabalhe duro, faça amigos, converse com os vizinhos, ria e sofra juntos. Isso vai ajudar.
Oliver entendeu que Joanna foi sincera.
Realmente sentiu pena dele e queria ajudar.
Ela era uma mulher gentil.
Oliver nunca tinha visto ninguém com emoções tão bonitas e afetuosas.
— Lindo… essa é uma história interessante. De verdade. Mas é complicado.
— Por quê?
— Quero tentar, mas agora não posso, porque tem muitas coisas que prometi e que devo fazer. Acho que devo cumprir minha palavra primeiro.
— Você acha que… nos prender assim vai resolver o problema?
— Não. Mas acho que as negociações acontecerão em breve. Então, acredito que vai ficar tudo bem.
— Negociações?
— Ah, desculpa… Era um segredo, então esqueça, por favor.
Oliver se levantou do assento, enquanto Joanna tentava se levantar sentindo-se confusa, mas as correntes prendendo suas mãos rangeram e a impediram.
— Isso…!
Quando estava prestes a sair, Oliver se virou e olhou para Joanna.
— Senhorita Paladina… Muitíssimo obrigado por suas palavras hoje. Acho que consegui um pouco do que precisava. Então, obrigado de coração.
— Ei…!
Joanna tentou falar alguma coisa para ele, mas Oliver saiu sem escutar.
Ele quase conseguiu tudo o que queria.
Depois disso, uma semana se passou, e Joanna foi libertada.