Capítulo 3
— Olá, bem-vindo!
— Opa. Traga-nos três ales e duas águas com limão para começar!
— Certamente!
— E, hum… é, bolinhos de chuva será suficiente. Para cinco!
— Com certeza! — respondeu intensamente a garçonete, olhando de relance para o aventureiro com a espada de duas mãos em suas costas e anotando o número que ele estava fazendo com os dedos.
Qualquer taverna estaria animada no começo da noite, mas na taverna da Guilda dos Aventureiros, isso era diferente. Havia pessoas relaxando após uma aventura onde lutaram por suas vidas. Outros poderiam ficar, finalmente, mais à vontade quando amigos regressavam de muito longe.
Alguns clientes eram aventureiros de longe, começando com uma refeição agora que chegaram nessa cidade.
A felpubro ou garota-fera garçonete corria de um lugar para outro, ela adorava essa atmosfera. A sensação de que estava ajudando pessoas a motivava mais do que seu salário.
Enquanto seu cabelo longo cuidadosamente amarrado balançava como uma cauda (sua verdadeira cauda estava debaixo da saia), ela gritava para a cozinha:
— Três ales, duas águas com limão e cinco pratos de bolinhos de chuva!
— Pode deixar. Bom, grande pedido… torna tudo mais fácil para mim!
Um rhea rechonchudo de meia-idade se movia constantemente para lá e para cá pela cozinha pequenina.
Panelas e frigideiras, facas e espetos, conchas e rolos de massa. Ele trabalhava com o fogo e os utensílios de cozinha como mágica, e a comida estava pronta sem nenhuma demora.
Um molho levemente doce cobria o frango e peixe dourados em óleo. Eles eram crocantes e quente por fora, e quando você os mordia, o suco fluía na boca. As felpubros não eram as únicas cheirando o ar com aroma fragrante.
— Aqui está. Entregue-o!
— Sim, senhor!
Quando se tratava de cozinhar, não havia raça tão talentosa quanto os rheas.
Claro, eu adicionei meu pequeno toque!
Seus pequenos toques além da enorme habilidade do cozinheiro faziam deles, essencialmente, heróis da comida incomparáveis.
Ela tirou um pouco de ale de um barril, espremeu um limão sobre um pouco da água e o pedido estava pronto.
Ela sapateava com a refeição em uma bandeja para onde o grupo já estava sentado à mesa esperando ansiosamente.
Talvez eles não quisessem esperar para ir para casa tirar suas armaduras, pois cada membro do grupo tinha retirado algum do seu equipamento. Os membros da linha de frente, todavia mantinham suas espadas onde poderiam pegá-las a qualquer momento, o que demonstrava sua longa experiência.
— Obrigado por esperarem! Três ales, duas águas com limão e bolinhos de chuva para cinco!
O guerreiro de armadura leve meio-elfo que era responsável pelas finanças do grupo deu a ela algumas peças de prata.
— Obrigado. Ah, e vinho tinto para mim.
— Claro, eu sei!
A garçonete pegou as moedas com as mãos carnudas e as colocou no bolso do avental. Eles deram um pouco mais do que a quantidade da conta, talvez estivessem incluindo atenciosamente uma gorjeta. Embora era também possível que ele fosse só um mulherengo.
— Veja, quando se vai a uma taverna, você deveria começar com ale, não é? — disse uma cavaleira como se não pudesse acreditar no que ouviu. Ela repousou o queixo nas mãos.
— Lá vai a nossa Senhora Cavaleira dizendo tudo o que quiser de novo… sempre boa e fiel à Ordem!
— Bem, obviamente. Está até escrito nas Escrituras do Deus Supremo — disse Cavaleira como se não pudesse acreditar, estufando o peito.
Guerreiro de Armadura Leve pressionou a mão na fonte como se estivesse evitando uma dor de cabeça e suspirou profundamente.
— Crianças, não cresçam para ser como ela, tudo bem?
— Simssenhor!
— Mas ela parece tão legal quando está toda arrumada, no entanto…
Garoto Batedor ergueu a mão como confirmação, enquanto Druidesa deu um suspiro perturbado.
Cavaleira estufou as bochechas irritada.
— Do que está falando? Eu sempre pareço legal.
— Gah! Ainda nem tomou um gole e já parece bêbada. — Guerreiro de Armadura Pesada fez um gesto de “silêncio” como se estivesse repreendendo um bebê, depois levantou a caneca de ale. — Agora temos que brindar! Voltamos de uma aventura. Comam e bebam quanto quiser, crianças!
— Uooh! Carne! Carne!
Garoto Batedor e Cavaleira deram um grito de alegria e se jogaram na comida e bebida. Seus companheiros os observaram com uma pequena irritação, mas se prepararam para sua própria refeição também.
— Casa finalmente…
— Estamos. Bom, trabalho, hoje?
— Pode apostar! Bom trabalho.
Com um tilintar do sino em cima da porta, os próximos a entrar era um homem forte e robusto com uma lança, e uma mulher bela e voluptuosa.
Lanceiro e Bruxa se sentaram em seus lugares, com os rostos ruborizados com a satisfação de um trabalho feito.
— Ei, senhorita! Gostaríamos de fazer um pedido!
— Sim, senhor! Bem-vindos de volta! — Garçonete Felpubro se apressou para a mesa enquanto Lanceiro levantava a mão languidamente no ar. — O que vão querer?
— Para mim… Deixe-me, ver. Vinho tinto e, pato, salteado. Pode conseguir, esses?
— Para mim… Coxa de boi, com osso e bem grelhada. E licor de maçã.
— Ah, maçãs… — murmurou Bruxa, entrecerrando os olhos. Seus lábios se abriram ligeiramente com o pequeno desejo, mas se fecharam imediatamente outra vez.
Lanceiro deu de ombros indiferentemente. — Quer um pouco?
— Não, prec…
— Coloque um par de maçãs assadas então. Quero uma também.
— …Hrrrm.
— Pode deixar, já está anotado.
Apesar das aparências, elas podem realmente ser bem bonitas. Essa foi a impressão que Garçonete Felpubro recebeu de Bruxa, que estava sentada contraindo os lábios como uma menina.
Ou é porque ele está aqui?
— Diga, senhorita? — disse Lanceiro.
— Sim?
— Garota da Guilda ainda está aqui?
Lá se foi a impressão delas.
Garçonete Felpubro viu sua força a deixando, mas se manteve firme perante Lanceiro, que estava com uma expressão séria.
Ela empurrou sua franga para o lado e deu um suspiro. Ela tinha certeza de que Garota da Guilda ainda estava trabalhando. A garçonete sabia muito bem até que horas ela ficava às vezes.
— …Sim, parece que ela ainda está aqui.
— Simmm!
Bruxa e Garçonete Felpubro observaram sem entusiasmo Lanceiro quando ele fez um punho e comemorou.
Céus, e quando ele tem uma mulher linda bem ao lado… era um comentário para se manter consigo mesma.
Era assunto de todos por quem eles se apaixonavam.
E ainda assim, pensar que esse aventureiro “mais forte da fronteira”, alguém cuja habilidade com a lança poderia deixar os Cavaleiros da Capital envergonhados, seria assim…
Ele pareceria mais legal se ficasse de boca fechada.
Ela se sentiu um pouco desconfortável ao considerar que, porventura, se descobrisse a verdadeira razão de todos se tornarem aventureiros, seria uma desilusão tão grande quanto essa.
Bem, acho que ele é fácil de se fazer amizade, ao menos.
Isso era indubitavelmente melhor do que ser distante, não é? Com esse pensamento, Garçonete Felpubro correu em direção a cozinha.
— Vinho tinto, pato salteado, coxa de boi com osso bem passada, licor de maçã. E duas maçãs grelhadas!
— Pode deixar! Leve as bebidas primeiro!
— Simssenhor!
Chef Rhea gritou com uma voz que desmentia seu tamanho diminuto. Garçonete Felpubro respondeu com um grito para igualar.
Quando ela trouxe as duas bebidas, eles deram um sorriso, um “obrigado” e entregaram a ela o dinheiro.
— Muito bem, aqui está o nosso “encontro”.
— Sim. Um, brinde.
Como que em harmonia com o elegante tilintar dos copos de Lanceiro e Bruxa, o sino badalou novamente.
— T-tão cansado…
— Vamos, ande direito! Céus!
Os dois aventureiros novatos entraram, a imagem própria da fadiga e exaustão.
Sacerdotisa Aprendiz praticamente empurrou Guerreiro Novato para o assento, depois limpou o suor da testa.
— De alguma forma não estou com vontade de comer…
— Bem, que pena! Precisa comer!
Repentinamente, a garota olhou para cima para repreender o garoto, que parecia pronto para adormecer a qualquer momento.
Seus olhos encontraram os de Garçonete Felpubro, e a garota aventureira corou.
— Ah, d-desculpe. Humm… Uma tigela de mingau de aveia, por favor, e pão para dois…
— Sim, senhorita!
— Ah, e água!
— Deixa comigo!
Ela foi até a cozinha e retransmitiu o pedido. Chef Rhea ergueu a sobrancelha.
— Muito bem! Leve as coisas com carne grelhada. Hmm, então, onde foi parar aquele vinagre?
— Eu sei, eu sei. Ah, o vinagre está na prateleira atrás de você.
Quando o chef sorriu e se virou, Garçonete Felpubro apontou para uma das prateleiras. O chef pegou um pouco de queijo e colocou no prato com o pão, então balançou a cabeça, satisfeito.
— Está bem, vou levar esses aqui então!
— Faça isso!
Ela deixou o crocante e oleoso prato com Lanceiro e Bruxa, e lhes ofereceu uma palavra de agradecimento. Então ela caminhou até onde o garoto e a garota estavam, mas Sacerdotisa Aprendiz pestanejou para ela.
— Hã? Desculpe, nós não pedimos isso…
— Está tudo bem, apenas comam. — Garçonete Felpubro balançou a mão, apontando para o queijo com o dedo peludo. — De qualquer forma, virá alguém em breve que não consegue se fartar dessa coisa, e teremos que fazer um novo pedido. Precisamos esvaziar nosso estoque!
— Obr-obrigada.
— Nem. Obrigada por nos ajudar com isso!
Tendo assim feito uma ronda bem-sucedida em suas mesas, ela foi até a parede e suspirou.
O barulho animado dos aventureiros na taverna ameaçava se transformar em um zumbido em seus ouvidos.
Eles estavam se divertindo rindo, gritando e cantando, e após comerem e beberem, eles retomavam seus divertimentos.
— Hm. — Garçonete Felpubro achava satisfatório apenas ficar ali com os braços cruzados, os observando.
Então…
— Ahhhh cara, estou cansada! Quero um pouco de comida e quero ir para cama!
— Havia um montão de goblins, não havia?
O sino tocou outra vez, e mais cinco pessoas entraram. Na frente do grupo, abrindo a porta com um estrondo, estava uma alta-elfa patrulheira. Uma sacerdotisa da Mãe Terra a seguia.
— Bem, um banquete é habitual depois de uma batalha. Beber, comer, se alegrar e depois dormir… à sua maneira, essa é uma recordação de nossos inimigos.
— Verdade, mas Corta-barba vai ir caçar mais goblins amanhã, não é? Que viciado em trabalho…
Depois veio um homem-lagarto com um passo pesado e sólido e um anão conjurador bem constituído.
E então veio o último deles.
— Sim. — disse francamente o aventureiro quando entrou pela porta. Todo mundo na taverna olhou para ele.
Amadura de couro suja, um capacete de aparência medíocre, um pequeno escudo redondo preso no braço, e na sua cintura havia uma espada de tamanho estranho.
— Precisamos de dinheiro — disse Matador de Goblins tranquilamente.
— Sinto muito. Se eu tivesse só um pouco mais de vitalidade…
Assim, Alta-Elfa Arqueira interrompeu como se estivesse cobrindo a aparentemente decepcionada Sacerdotisa.
— Ei, não se preocupe com isso. Apenas deixe outros aventureiros lidarem com isso.
— Se não houver goblins, vamos considerar isso.
— Céus, é sempre desse jeito com você. — Alta-Elfa Arqueira olhou para o teto irritada, balançando as orelhas.
— Olá, bem-vindos!
Garçonete Felpubro seguiu até a entrada, cumprimentando os aventureiros com um sorriso brilhante.
Havia muitos aventureiros selvagens e rebeldes, mas essas pessoas tinha uma gentileza nascida da experiência, um deles era ranque Prata.
Então era natural que quisesse servi-los com um sorriso.
— Oh-ho — disse o intermediário deles, Lagarto Sacerdote, revirando os olhos. — Como vai minha senhora garçonete? Bem, eu anseio solicitar um pouco de queijo…
Garçonete Felpubro soltou uma risada com seu tom sombrio. Era do conhecimento geral que esse homem-lagarto se tornara bastante encantado com queijo em todas as formas.
— E o resto de vocês?
— Humm, vou querer… como era?… aquela coisa fina. Macarrão? Vou querer isso — disse Alta-Elfa Arqueira.
— Ah, hum, alguma coisa um pouco leve para mim… — murmurou Sacerdotisa.
— Então isso é tudo? — disse Anão Xamã. — Sou o único com um apetite adequado? Carne, eu disse, carne! E um bom e forte vinho.
— Alguma coisa com carne, sim, senhor! — adentrou Lagarto Sacerdote.
A bainha da saia da garçonete se levantou quando ela se virou para olhar para o último aventureiro.
— Senhor, nosso especial do dia é lúcio! Pego na cidade da água e grelhado fresco!
Apenas os ingredientes certos, perfeitamente preparados, e é claro, os talentos do chef estavam fora de questão. Ela informou tudo isso como um desafio, estufando seu peito de tamanho médio como se quisesse provocar uma resposta.
— Então, o que vai querer?
Era uma maneira um pouco impertinente de se falar com um cliente, mas ela não considerava esse homem como um cliente nesse momento.
Ela encarou ele, se recusando a deixá-lo escapar, e ela pensava que podia ver um olho vermelho dentro do capacete.
— Nada. — disse Matador de Goblins. — Estou bem por hoje.
— O que há com ele? Ele é louco?!
— Bem, não tenho certeza disso…
Garçonete Felpubro interrompeu a resposta do aprendiz da oficina batendo o punho no balcão.
— Digo, aventureiro deveriam matar dragões, beber vinho e rir como Fua-ha-ha-ha! Esse é seu trabalho, não é?
— Não posso negar que há alguns assim. — O aprendiz aceitou o argumento da garota com um sorriso irônico, então enfiou um garfo em alguns peixes em um prato. O lúcio bem passado começara a esfriar um pouco, mas ainda continuava gorduroso e delicioso. Havia limão ou algum outro condimento nele, lhe dando um leve cheiro de cítricos que dava água na boca.
— De qualquer forma, obrigado pelo lanche. Hm, isso é bom. Faz algum tempo desde que comi peixe.
— Eu só não queria desperdiçar as coisas que esfriaram. Não interprete errado!
— Gosto de como nem sequer está dizendo isso para cobrir seu embaraço ou algo do gênero.
Quando se tornou parte da rotina diária de Garçonete Felpubro levar um pouco de comida — na verdade sobras — assim?
Fora tarde da noite, todos os aventureiros tinham ido para suas estalagens, e ela estava sem seu uniforme limpando a taverna.
Quando se aprontou para ir para casa, ela espiou a oficina, onde o garoto aprendiz estava sozinho cuidando do fogo.
“O que está fazendo” perguntara ela, e ele respondera: “Não podemos deixar o fogo abaixar”.
Claro, isso era só uma desculpa; com seus olhos aguçados, ela viu que ele estava fazendo uma adaga.
Fazia sentido. Ele trabalhou durante o dia, então ele tinha que arranjar tempo para praticar.
Para Garçonete Felpubro, era uma excelente oportunidade; dar a ele as sobras de comida parecia a coisa mais lógica a fazer.
— As pessoas que podem comer, deveriam comer.
— Acho que é uma contradição de termos…
— É por isso que me deixa louca quando as pessoas ignoram a minha comida! — disse Garçonete Felpubro, mostrando sua raiva quando sacudia a cauda vigorosamente. Não estava claro até que ponto o aprendiz compreendia o gesto único da felpubro.
— Você entende que isso tem a ver com a minha honra como garçonete? Ou não? Gostaria de saber se você segue o meu raciocínio!
— Bem… — O aprendiz coçou o rosto com a ponta do dedo de constrangimento. — …Acho que não gostaria que as armas que faço fossem jogadas em qualquer lugar por aí.
— Imaginei que não.
— Aquele cara joga as espadas de todas as formas — resmungou o aprendiz. E as lâminas infelizes nem sequer eram obra do aprendiz (ele ainda não tinha permissão para expor seu trabalho na loja) mas do seu chefe.
— O chefe diz: “Você é o único que pode ficar verdadeiramente satisfeito com seu próprio trabalho”.
— Bem, eu quero que aquele esquisito experimente a comida de nossa taverna.
— Não é como se ele não comesse, é?
— É por isso mesmo! — Garçonete Felpubro se inclinou sobre o balcão da oficina, que foi lustrado. O balcão pressionava os peitos dela, tal como estava, e o garoto aprendiz desviou os olhos o mais casualmente possível. — Depois de suas aventuras, ele normalmente não come.
— Eu… eu acho que já ouvi sobre pessoas que não comem antes de irem…
— Ahhh, caramba. Talvez ele não goste de nosso cardápio…
— Isso está realmente te incomodando de repente. — Os olhos do aprendiz desceram lentamente, e ele os ergueu apressadamente de novo. Suas bochechas coraram. — Qual é o problema?
— Quero dizer, ele nunca costumava vir à taverna, não é? — disse ela, aparentemente inconsciente do olhar do garoto. — Há quanto tempo ele está aqui mesmo?
— Cerca de cinco anos, não é?
— Não sei…
Para Garçonete Felpubro, a questão de saber quando o aventureiro apareceu era trivial. Se alguém prestasse atenção a essas coisas, ela teria igualmente se lembrado de quando eles sumiram. Assim que começa se preocupar sobre onde fulano tinha ido depois de um tempo, você se perde. Era preferível pôr toda sua energia em acolher as pessoas que estavam aqui agora. Ela aprendeu isso no seu primeiro ano.
Agora que penso nisso, a recepcionista não começou a se animar cinco anos atrás?
Garçonete Felpubro estava ali estendida com o peito no balcão, murmurando “Hmm…”.
O garoto aprendiz tentou evitar olhar para ela, mas de alguma forma continuou olhando na sua direção. Seus olhos se moviam para direita, depois para esquerda, de novo e de novo, até que em pouco tempo eles se focaram em um único ponto.
— Oh!
— O quê? — Garçonete Felpubro se ergueu, com as orelhas balançando.
— Não sei se é verdade ou não — disse o garoto aprendiz, balançando a cabeça, — mas ouvi dizer uma vez que ele gosta de guisado. Carne.
— Guisado de carne, é?
— Correto!
Parada na frente de uma panela grande e borbulhante, Garçonete Felpubro estufou o peito. Ao lado dela, o chef estava em uma escadinha para olhar a panela, com os braços cruzados e murmurando “Hmm”.
— Desculpe, velhote. Você está tendo que me ensinar e tudo mais.
— Bem, se você aprender a cozinhar, posso dormir um pouco mais sossegado.
— Ah, pare de denunciar sua idade, velhote.
— Acho que talvez é minha idade falando. Sou como uma manteiga espalhada demais.
— Quer dizer o seu espírito?
— É como se eu estivesse esticado e puxado. — Com um “com licença”, o chef pegou uma colherada do guisado e provou. — Hmm, nada mal. Deixe cozinhar um pouco mais.
— Está beeem!
Essa seria sua chave para a vitória.
O chef olhou para Garçonete Felpubro enquanto ela soltava um “Oba!” a plenos pulmões e murmurou:
— Mas gostaria de saber o que um aventureiro iria achar disso…
— Hum? — Ela congelou instantaneamente. — Não estava bom?
— Ehh, eu não diria isso. — Ainda que se ele dissesse alguma coisa, nunca poderia parar. Chef Rhea coçou seu nariz arredondado. — Bem, pense por si mesma.
— …Céus. Você vai arrepender do dia em que me deu tempo para pensar!
— Har har! Continue.
Garçonete Felpubro olhou para seu chefe com os olhos entreabertos enquanto ele acenava com a mão, depois ela voltou sua atenção ao caldeirão.
Olhar atentamente para ele não era a forma de descobrir algo, contudo…
— Minha nossa, bem me parecia que cheirava algo bom aqui…
Ela ouviu uma voz familiar e dois tipos de passos. O sino da porta não tinha tocado. Os recém-chegados vieram de outra parte do edifício.
Garçonete Felpubro colocou a cabeça para fora da cozinha e levantou a mão alegremente para suas duas colegas.
— Olá! Estou fazendo a comida. O prato do dia… guisado de carne!
— Oh, guisado, isso é ótimo.
— Oooh, guisado de carne!
Elas eram suas colegas, embora estritamente falando, elas eram funcionárias e ela apenas uma assistente, apesar das três trabalharem na Guilda.
Mas Garçonete Felpubro não dava atenção a essas distinções, nem estava nervosa com Garota da Guilda e Inspetora.
— Obrigada. Hã? Vocês vieram almoçar? — Ela podia ver quando espiou pela janela que o sol ultrapassara seu auge e começava a descer. Não era exatamente o crepúsculo. — Já é bem tarde para isso.
— Nós meio que perdemos…
— Isso não é bom, como esperam manter seu corpo dessa forma?
Ou elas o “perderam” porque…?
Certamente não havia nada errado em deixar seus olhos aguçados se virarem por um instante para um lugar particular.
— Você está certa. Estou faminta… — disse Garota da Guilda, com a mão na barriga. Garçonete Felpubro odiava aquele estômago.
Temos que engordá-la.
— Entendi, então, experimentaria um pouco disso? Serviremos isso aos aventureiros essa noite.
— Claro, se não se importa — disse Garota da Guilda com um sorriso e um aceno. Depois ela acrescentou: — Ah, mas…
— Hum? — Garçonete Felpubro inclinou a cabeça.
Garota da Guilda disse desajeitadamente: — …Me pergunto o que os aventureiros vão pensar disso.
— É… Parece meio sangrento.
— Oh…
Agora que elas haviam mencionado isso, ela também pôde entender o que queriam dizer. O estoque, que incluía tomate, era preto avermelhado; pedaços de carne borbulhavam para superfície.
Enquanto Garçonete Felpubro ficava ali murmurando consigo mesma, ela sentiu uma mão minúscula bater nela por trás.
— Quêê!
— Desculpe, senhoritas, por favor, não interfiram em meus ensinamentos.
Era, desnecessário dizer, o chef. O homem de meia-idade que apareceu ao lado delas bateu com raiva em sua barriga rotunda, e colocou uma expressão severa no rosto. — Eu esperava ver se essa garota notaria por si mesma.
— Ah, céus, nos perdoe.
Garota da Guilda deixou escapar um pequeno riso e, indicando o guisado, disse: — Vamos almoçar aqui então. Para se desculpar.
— Então vocês devem… comer bastante! Só o guisado é suficiente?
— Ah, está bem. Vejamos então. Pão e… Pode me trazer um chá preto?
— E muita geleia para acompanhar!
— Com prazer!
Garota da Guilda e Inspetora fizeram seus pedidos; Chef Rhea lhes deu uma resposta animada e apertou o avental.
— Bem, não fique aí parada… ao trabalho, ao trabalho!
— Ergggg… simsenhor!
Agora não havia nada a se fazer. A comida estava pronta e quem quisesse comer comeria.
Garçonete Felpubro se apressou com suas tarefas, e no devido tempo, a noite caiu.
Quando o sol se pôs completamente, aventureiros surgiram na taverna como sempre.
Previsivelmente, o guisado de carne parecia inesperado, e os compradores poucos.
Será que eles não queriam isso logo após uma aventura? E mesmo assim servir guisado de carne logo de manhã parecia…
— …Na verdade, talvez iria funcionar pôr no cardápio do café da manhã.
Ela se ocupou com esses pensamentos otimistas até que finalmente um aventureiro veio andando com um passo audaz.
Por um segundo, cada olhar na taverna se virou para ele e a conversa parou, mas rapidamente foi reanimada.
A armadura de couro suja, o capacete de aço medíocre, o pequeno escudo redondo no braço e a espada de tamanho estranho no quadril.
Ele atravessava o edifício da Guilda, indo para fora. Ele nem sequer olhou na direção da taverna.
Como se eu fosse deixar você ir embora!
Garçonete Felpubro correu até ficar na frente dele e o fixou com o dedo.
— Senhor, o prato do dia é guisado de carne!
— É?
— O que gostaria de pedir?!
— Nada. — disse Matador de Goblins. — Estou bem por hoje.
— Pensei que disse que ele gostava de guisado de carne!
— Eu disse que foi algo que ouvi dizer.
Era meia-noite.
Em meio à luz fraca do lampião, Garoto Aprendiz parecia bastante satisfeito com a terrina com guisado de carne que ela trouxera para ele.
Isso não ofendeu exatamente Garçonete Felpubro, mas ela franziu os lábios e olhou feio para ele mesmo assim.
— Ooh, pedaços de batata. Perfeito.
— …Tem certeza de que não disse isso só porque queria um pouco de guisado de carne?
— De jeito nenhum. Bem, talvez só um pouquinho. — Garoto Aprendiz deu um grande sorriso para ela.
A carne bem cozida era tão macia que poderia ser cortada com uma colher. Mas não estava molenga; ainda parecia o ideal para morder. E os sucos jorravam cada vez que era mastigado, o óleo e a base da sopa estavam deliciosos, mesmo que estivessem um pouco frios.
Quanto aos vegetais, ele gostava de massudo e espesso.
— Então, o que anda fazendo?
— Estou recolhendo limalha de quando fizemos a afiação.
Garçonete Felpubro observou ele com interesse genuíno, e ele respondeu enquanto devolvia a terrina à ela.
Ele varreu um canto da loja de ferraria com uma vassoura, o tempo todo pensando que isso não era para ele.
— Vocês fizeram bastante, até para facas. — Ele não salientou que algumas pessoas consideravam espadas nada mais que facas gigantes.
A afiação foi realizada desbastando o metal contra uma pedra de amolar na forma de uma roda de carroça, então o processo produziu bastante cavaco. Certificar-se de que foram devidamente limpos era um dos vários trabalhos importantes do aprendiz.
Além disso, havia também o fato de que misturá-los com certos metais fazia seu material durar mais. Às vezes, também se utilizava limalhas quando um trabalho urgente exigia mais suprimentos do que tinham.
O que realmente quero é se apressar e fazer algum artigo de ferraria, no entanto…
Como um aprendiz, ele ainda estava aprendendo. Obviamente, ninguém iria confiar nele a importantíssima produção de armas e armaduras.
Assim, ele acreditava que simplesmente teria de se dedicar o máximo possível ao que lhe foi dado para fazer.
Não é como se não entendesse, esse sentimento de ver seus esforços completamente ignorados.
E se ele exibisse as armas que tivesse feito — no futuro, é claro — e elas fossem sumariamente ignoradas?
— Quer saber ao menos o porquê, não é? — perguntou ele.
— É, exatamente! Não consigo aceitar dessa forma… aceitação é muito importante!
— Hummm — murmurou o aprendiz, cruzando os braços. Então ele repentinamente descruzou e bateu as mãos, exclamando: — Ei, é isso!
— O que foi? Teve uma ideia, Ó futuro mestre ferreiro? Conte-me!
Quando Garçonete Felpubro se inclinou na direção dele, uma fragrância de algum tipo flutuou do cabelo dela. Era o odor da cozinha, o cheiro herbáceo único para os Felpubros, sabão, e outra coisa, algo doce. Garoto Aprendiz engoliu em seco e acenou com as mãos.
— B-basta perguntar! Pergunte a alguém que saiba mais.
— O quê, quer dizer como o velhote na cozinha?
— Não — disse ele. — Quero dizer a garota da fazenda.
— O que é isso? Guisado?
— An-ham!
Era o término da manhã, na porta de serviço atrás da Guilda.
Vaqueira descarregara a mercadoria com um “Hhup!” e agora pestanejava para Garçonete Felpubro.
Seus seios generosos saltaram quando ela deu um suspiro e limpou o suor da testa.
Garçonete Felpubro estava bem ciente de que ela mesma estava na média, na verdade, talvez um pouco mais do que a média; seguramente não menos. Mesmo assim…
Talvez estejam cheios de leite?
Ela não conseguiu impedir que o pensamento sórdido atravessasse sua cabeça.
De acordo com a fofoca do escritório, Garota da Guilda trabalhava sem parar para manter sua figura, nesse aspecto, Garçonete Felpubro ainda estava muito bem.
— Tenho certeza de que você é uma melhor cozinheira do que eu. — Vaqueira corou e juntou as mãos na frente do peito desajeitadamente. — Só sei fazer coisas que que se faz em casa…
— Não tem a ver com se é ou não boa em cozinhar. — Garçonete Felpubro se sentou em um barril com a leveza de uma felina. Ela passou a pena pelo recibo preso a prancheta que segurava. Os assuntos financeiros era o trabalho dos funcionários da recepção, mas checar o pedido era trabalho dela.
— Eu sei que pergunto isso sempre, mas tem certeza de que não quer olhar dentro?
— Meu nariz sabe. Está tudo bem.
Garçonete Felpubro deu uma pequena gargalhada orgulhosa e esticou o peito que pressionava seu avental. Sabendo, é claro, que nunca poderia ganhar essa disputa, ela rapidamente balançou a mão para mudar de assunto.
— Como eu disse. Não se trata de se você sabe cozinhar. Há um cara que não come, e eu tenho andado matutando sobre isso.
— Tem um aventureiro que não come?
— Alguma coisa errada?
— Não… — Vaqueira deu um sorriso conturbado e coçou a bochecha. — …Ele não tem má intenção.
— Essa é a questão!
— Humm… — Vaqueira parecia um pouco perdida com a insistência de Garçonete Felpubro. Ela limpou o suor com o braço, depois se sentou em uma caixa próxima.
Ela começou a balançar as pernas, despreocupadamente, então fixou Garçonete Felpubro com um olhar.
— É só isso?
Para um humano ou semelhante, o tom dela não teria soado diferente do normal. Mas nem tanto para Garçonete Felpubro. Suas orelhas aguçadas detectaram o mínimo estremecimento na voz de Vaqueira.
— É só isso o quê? — Ela inclinou a cabeça, fingindo não notar nada.
— Bem, hum, sabe. — Vaqueira não conseguia dizer bem as palavras, e seus olhos se moviam de um lado para o outro. Ela respirou fundo. — …Você quer dar a alguém que goste ou algo assim?
— Ahhh, não, nada disso.
Garçonete Felpubro deu uma risada calorosa e balançou a mão como se tivesse acabado de ouvir uma piada.
— Não tenho ninguém para cozinhar além dos clientes…
Sua mão parou de se mexer.
Bem, talvez uma pessoa.
Antes que percebesse, sua expressão mudou e ela a cobriu com a mão peluda.
Havia uma pessoa para quem ela sempre dava a comida que fazia.
— …Acho que poderia dar um pouco para aquele cara da oficina.
— …
Vaqueira olhou intensamente para o rosto de Garçonete Felpubro. Seus francos olhos vermelho-claros pareciam prender a felpubro no lugar.
— O-o que foi…? — perguntou Garçonete Felpubro, mas por um momento, Vaqueira não disse nada.
— …Bem, certo, então — disse ela indiferentemente depois de um tempo, e Garçonete Felpubro se viu soltando um suspiro. — Vou te dizer. Você tem algo para escrever?
— Bem aqui — disse Garçonete Felpubro, virando toda a papelada. Ela segurou a pena e disse: — Continue. — Vaqueira deu um sorriso impotente.
— Humm, está bem. A forma como se faz é…
E então ela explicou a receita em detalhes.
Guisado, na verdade, era um prato de carne cozida, não uma sopa. Mas a comida que ela descreveu usava muito leite. Em suma, a impressão que isso fez foi…
— Surpreendentemente… normal?
— Exato — assentiu Vaqueira com um sorriso. — É totalmente normal.
— Digo, é apenas um guisado simples, não é?
— Isso mesmo — disse ela, não deixando o sorriso sumir — Apenas um guisado normal.
Foi inesperado, para dizer o mínimo.
A garçonete tinha certeza de que havia algo mais… único na receita. Ela esfregou a têmpora com a parte de trás da pena.
— É algum tipo de receita especial, passada pela sua família por gerações?
— Ha-ha-ha. Acho que sim. — Vaqueira sorriu ligeiramente e pulou da caixa. Ela bateu as mãos para tirar a poeira, então se alongou, arqueando seus peitos generosos. — Não foi como se tivesse aprendido de minha mãe… Embora gostaria de ter.
Garçonete Felpubro inclinou a cabeça com o murmúrio.
— Seus parentes, então?
— Um vizinho. — Vaqueira olhou para o céu azul e semicerrou os olhos. O vento passou pelo seu cabelo vermelho. — A garota mais velha que vivia ao lado.
— Olá, bem-vindos!
— Opa. Nos traga três ales e duas águas com limão… para começar!
— Certamente!
— E, hum… é, a travessa de batata ao vapor será o suficiente. Para cinco!
— É para já!
A taverna no pôr-do-sol. Garçonete Felpubro abria caminho pelas conversas diversificadas dos aventureiros.
Era a mesma vivacidade de sempre. Os mesmos rostos. Era maravilhoso.
Mais um dia em que eles poderiam voltar para casa e comer alimentos e bebidas deliciosos. Apenas isso era o suficiente para motivar todo mundo.
— Pedidos chegando, velhote!
— Pode deixar. Tente não os deixar esfriar… ou cair!
Essa era a resposta favorita de Chef Rhea.
Ela espiou a cozinha, onde uma sopa fervia ruidosamente, uma frigideira escaldava e uma faca passava velozmente pelos ingredientes.
E claro, o chef estava no meio disso tudo, com seus braços curtos se movendo incessantemente.
Ele faz bastante coisa com esse corpo pequeno.
Ela nunca se cansava de observá-lo, mesmo que o visse todos os dias.
Quando os pratos saíam, Garçonete Felpubro os empilhava nos braços, olhando para a panela mais no fundo da cozinha.
— Está certo? Ainda não ferveu?
— Quê? Está me dizendo como cozinhar? Isso é culinária equivalente a uma criança de cinco anos!
— Está bem, está bem. Era só para confirmar.
Sentindo um sermão chegando, ela ajeitou sua cauda e a saia, e se afastou.
Esse sempre foi o momento favorito de Garçonete Felpubro na taverna.
Ela poderia das as boas-vindas aos aventureiros enquanto chegavam em casa, vendo seu alívio em voltar.
Também havia aqueles aventureiros que não puderam voltar para casa. Ela tinha fé de que estava viajando para algum lugar.
O que houve com o aventureiro, e onde, era algo que só o mais valente poderia dizer…
— …Humm?
As orelhas de Garçonete Felpubro se contraíram subitamente. Elas haviam captado passos indiferentes, ousados e quase violentos se aproximando.
A armadura de couro suja, o capacete de aço medíocre, o pequeno escudo redondo no braço e a espada de tamanho estranho no quadril.
E com a aparição de Matador de Goblins, é claro, a taverna ficou em silêncio por alguns instantes.
— Senhor?!
— …A recepção me disse para não se esquecer de passar na taverna. — O capacete de aço se inclinou um pouco com o som de surpresa que escapou dela. — O que foi? Há goblins aparecendo aqui?
— Ah, não! Senhor, por favor, espere aí um momento.
— Está bem.
Deixando o estranho — mas assentindo — homem onde estava, Garçonete Felpubro correu para a cozinha.
—Oh… Oh-ho! O que foi agora?
— Dê-me um prato, velhote! Só um pequeno!
— Diga isso para a pessoa que os lavou!
— Fui eu!
Ela pegou um prato da prateleira de louças enquanto gritavam um com o outro. Ela colocou um pouco de guisado nele, depois correu de volta para a taverna para que pudesse servir ele enquanto ainda estava quente.
— Prove!
— … — Matador de Goblins olhou duvidosamente para o prato que Garçonete Felpubro colocou na frente dele. — Guisado?
— Isso mesmo!
— Para que eu prove?
— Isso mesmo!
— …Entendi.
Ele pegou o prato relutantemente, mas depois engoliu habilmente através da sua viseira.
Lá se foi a expectativa de Garçonete Felpubro que ele pudesse tirar o capacete enquanto comia. Mas…
Matador de Goblins deu um ligeiro “Hmm” surpreso.
As orelhas da garçonete não eram tão boas quanto de um elfo, mas elas não perderam isso.
Ela tinha conseguido. Um sorriso gracioso surgiu em seu rosto enquanto perguntava triunfantemente: — O que achou? Muito bom, não é?
— Sim — assentiu Matador de Goblins. — Nada mal.
— Iiiissso!
Ela acabou por erguer o punho para o alto e deu um viva de vitória. Ela nem sequer se preocupou com os aventureiros que olharam, tentando entender o que estava acontecendo.
— Sim! Demais! Consegui! — Ela girou, com a bainha de sua saia flutuando, depois disse alegremente: — Então você vai comer essa noite, não é, senhor? Qual o seu pedido? Guisado?
— Nada. — disse Matador de Goblins. — Estou bem por hoje.
— O quê?! Por quê?!
Garçonete Felpubro ficou tão surpresa que quase deixou o prato cair, se esforçando para não o deixar cair. Matador de Goblins disse: — Alguém está esperando por mim.
Sua voz foi breve, desapaixonada e fria, quase mecânica.
Mas Garçonete Felpubro pestanejou com as palavras. Ela olhou atentamente para o capacete.
Em sua mente, o olho vermelho olhando de dentro se sobrepôs com outro olho vermelho mais claro.
Ah…
Então era isso.
— O que foi? — Matador de Goblins inclinou a cabeça questionadoramente para Garçonete Felpubro, que tinham sorrido de repente.
Ela podia ver agora. Olhando assim, era inconfundível.
— Nada. Só estava pensando, senhor, você não tem má intenção.
— É mesmo? — Matador de Goblins assentiu firmemente e depois disse: — Já acabou?
— Acho que sim — disse Garçonete Felpubro, ao qual ele previsivelmente respondeu “Entendi” e se virou. — Nesse caso, eu irei.
— Claro, foi um prazer tê-lo aqui.
— Não sei ao que se refere.
Matador de Goblins balançou a cabeça e andou pela taverna com um passo firme, mas rápido.
— Ei, Matador de Goblins! Vai matar mais goblins?
— Que tal você lutar com outra coisa uma vez? Tem que caçar algo grande como eu!
— Ahh, sozinho hoje? Nenhuma sacerdotisa bonitinha ou elfa sexy?
Respondendo “Sim”, “É mesmo?” e coisas assim para as vozes provocadoras ao seu redor, Matador de Goblins abriu a porta.
E então, deixando apenas o tilintar do sino atrás dele, ele saiu para a cidade, pela noite afora.
Bem, isso não era bem correto.
Sua aventura acabou, ele estava voltando. Para sua casa.
— Céus. Se era isso que ele estava fazendo, ele poderia ter dito alguma coisa!
Garçonete Felpubro riu, percebendo quão unilateral a competição fora.
Então ela soltou um “Muito bem!” e deu um tapinha na bochecha com as mãos.
A alegria a revigorou, e ela reforçou o laço do avental nas costas, pronta para trabalhar.
— O prato do dia é guisado que dei meu coração e minha alma! Alguém vai querer?
Mãos se ergueram. Pessoas gritaram. À medida que cada pedido vinha, Garçonete Felpubro sorria e os anotava, dizendo “Pode deixar!”.
Mas ela tinha optado por uma panela muito grande para fazer o guisado. Não havia “talvez” sobre isso: havia certeza de sobra.
E nesse caso…
— Eu só posso fazê-lo comer!
Se ela pudesse fazer a comida que gostava, como gostava e dar a uma pessoa que ela gostava, seria o bastante.
Garçonete Felpubro se apressou no furor da taverna.