Capítulo 5 – Cruzeiro na Selva
O chilrear de um pássaro, cheep-cheep-cheep. A luz do sol que entrava pelas janelas. Uma atmosfera que só se encontra nas profundezas de uma floresta.
Qualquer um deles teria sido o suficiente para despertar Vaqueira de seu sono, mas não foi o que realmente a acordou.
— Mmn, hggh… ahhh…
Ela empurrou para o lado o cobertor de pele, espreguiçando-se bastante. O frio da manhã era agradável ao seu corpo nu.
Não houve tempo para saboreá-lo, no entanto.
Uma coisa a despertou do sono.
Clank, clank. Era o som metálico de raspagem que podia ser ouvido do quarto de hóspedes adjacente.
— Certo…! — Vaqueira deu-se um tapa revigorante em cada bochecha, em seguida, começou a enfiar seu corpo amplo em suas roupas. Ela vestiu a calcinha com pressa, fechou os botões da camisa e então…
Minhas calças! O que há com minhas calças…?
Ela não estava nem um pouco acima do peso, mas de alguma forma simplesmente não conseguia colocá-las. Seus dedos escorregaram, talvez por causa de sua pressa.
— Ohh, para…!
Ela estalou a língua e decidiu que não era algo com que normalmente se preocupava. Em vez disso, empurrou a divisória que a separava da sala de estar, vestindo apenas uma camisa por cima da roupa íntima.
— B-Bom dia!
— Hrm…
Como esperava, ele estava lá.
Ele estava com seu capacete de aço de aparência barata de sempre e uma armadura de couro encardida, sua espada de um comprimento estranho no quadril e seu pequeno escudo redondo no braço esquerdo.
Também estava carregando sua sacola de itens diversos; parecia pronto para partir em uma viagem a qualquer momento.
Ela murmurou um “Hmm” ou algo parecido como uma forma de distraí-lo e então abraçou o próprio braço.
— Você já está indo…?
— O esconderijo dos goblins é quase certamente rio acima — disse ele, assentindo com firmeza — Se colocassem veneno no rio, seria o fim.
— Sim, isso seria ruim — disse Vaqueira com um sorriso ambivalente. Sua cabeça cheia do clima, do sol e de seu tio. Tudo girando e girando… — Er, bem… Tenha cuidado, viu?
Essas foram as palavras que finalmente saíram de sua boca – aquelas palavras óbvias e banais.
Ele acenou com a cabeça e respondeu:
— Eu vou.
Então caminhou em direção à porta em um ritmo ousado.
Enquanto ela o observava ir embora, Vaqueira abriu a boca várias vezes, mas a cada vez, fechou novamente sem dizer nada.
— Você também… — Com a mão na porta, ele balançou a cabeça ligeiramente — Todas vocês.
Então houve um som quando a porta foi aberta e outro quando foi fechada.
Vaqueira soltou um suspiro. Ela pressionou a mão no rosto, em seguida, passou pelo cabelo.
Ah, pelos… O mais suave dos gemidos escapou dela.
De repente, houve um farfalhar de pano e uma voz atrás dela.
— Ele foi embora?
— Sim… — Vaqueira deu um pequeno aceno de cabeça e esfregou o rosto. Por fim, virou-se lentamente — Você gostaria de ter a chance de dizer adeus?
Garota da Guilda, ainda em suas roupas de dormir, murmurou:
— Na verdade não — e coçou a bochecha desajeitadamente. Ela deu um sorriso fraco —, não… quero que ele me veja antes de eu maquiar meu rosto.
— Não posso dizer que não simpatizo, mas…
Garota da Guilda podia não estar maquiada e podia não ter arrumado o cabelo. No entanto, tanto quanto Vaqueira poderia dizer, ela ainda ostentava uma beleza sem adornos.
Ainda assim, ela e Vaqueira tinham mais ou menos a mesma idade. Vaqueira sabia como se sentia e estava, de fato, dolorosamente ciente disso. E ainda assim…
— Gosto que ele seja capaz de ver a minha aparência normal.
— Invejo a sua coragem… — disse Garota da Guilda, de alguma forma triste.
Vaqueira tentou distraí-la com um aceno de mão desdenhoso.
— Só tento não pensar nisso, só isso.
Nenhuma delas disse no que estavam tentando não pensar:
Que cada despedida poderia ser a última.
***
O porto dos elfos: em uma coleção de folhas que saíram para o rio como uma ponte, os aventureiros foram reunidos.
— Mm… Hmm… — Alta Elfa Arqueira semicerrou os olhos como um gato e soltou um grande bocejo; ela ainda estava meio adormecida. Os outros aventureiros, porém, já estavam ocupados carregando a bagagem no barco.
Os barcos élficos eram elegantes vasos em forma de lágrima esculpidos nas raízes prateadas da bétula branca.
— E erga, e ho, e hup, e oh!
Anão Xamã estava ocupado alinhando tábuas de madeira ao longo da amurada como escudo, transformando a pequena casca em um navio de guerra tosco.
— Eles não poderiam ser feitos um pouco mais… bonitos? — perguntou o elfo com capacete brilhante, fazendo uma careta.
— “Mendigos temerários não podem escolher”. Não temos muitos deles e eu tive que preparar com pressa. Não há tempo para se preocupar com a aparência — bufou Anão Xamã, irritado, e coçou a barba branca. — Não que eu fique feliz em pendurar tudo dessa forma, de qualquer maneira.
Teria sido uma coisa se tivessem tido mais tempo, mas em um piscar de olhos, isso era o máximo que poderia ser feito. O elfo devia ter reconhecido isso, porque em vez de continuar reclamando, estendeu a mão para o vento.
— Ó sílfides, belas donzelas ventosas, concedam seu beijo mais raro; abençoem nosso navio com uma bela brisa.
Houve um assobio quando o vento soprou no ritmo do cântico do elfo e começou a soprar ao redor do barco.
— Tenho uma certa afinidade com os duendes pelo fato de ser um elfo, mas ainda sou um patrulheiro, um rastreador. Peço-lhe que não espere milagres.
— Acredite em mim, eu não espero — disse Anão Xamã com um sorriso malicioso e um olhar pelo canto do olho para Alta Elfa Arqueira. — Todo mundo é bom em algumas coisas… e não em outras.
— Yawn… — Alta Elfa Arqueira ainda esfregava os olhos, as orelhas compridas caindo tristemente. Parecia ainda precisar de algum tempo para ficar completamente acordada.
— E onde está a irmã mais velha dela? — perguntou Anão Xamã.
— Parece que as duas irmãs ficaram conversando até bem tarde na noite passada…
— Ainda está nos braços de Morfeu, hein?
O elfo com capacete brilhante soltou um suspiro, então franziu a testa como se sua cabeça doesse.
— Os humanos são bem trabalhadores… Minha nova irmã mais nova poderia aprender algo com eles.
Ele estava olhando para os dois clérigos, que já estavam a bordo do barco e oferecendo suas orações aos deuses.
— Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, por favor, por sua mão reverenciada, guie a alma de nós que deixamos este mundo…
— Ó grande ovelha que caminhou pelo Cretáceo, conceda-nos um mínimo de seu sucesso longamente entoado em batalha!
Sacerdotisa estava se agarrando a seu cajado e implorando à Mãe Terra para mantê-los seguros em sua aventura.
Lagarto Sacerdote estava fazendo um gesto estranho com as palmas das mãos juntas e persuadindo seus ancestrais para ajudá-lo no combate.
Mesmo que esses não fossem pedidos de milagres propriamente ditos, não havia dúvida de que a proteção dos deuses estaria com eles.
— Uff… — Terminando suas orações por enquanto, Sacerdotisa se levantou e enxugou seu suor enquanto o barco balançava suavemente na correnteza. — Não tenho certeza de que devemos implorar aos deuses por favores como este. Devemos tentar por conta própria até entender onde somos insuficientes. — Ela parecia que ia cair a qualquer momento; agora uma mão com escamas a sustentava e Lagarto Sacerdote assentiu.
— Acho que tentar não vem com deméritos. Por que orar a um deus que não lhe conceda a vitória, mesmo depois de ter apostado tudo em uma batalha tremenda, despendendo todos os seus esforços?
— Acho que isso pode estar um pouco além do que estou falando.
Um deles era uma clériga devota e serva da Mãe Terra.
O outro era um Lagarto Sacerdote que venerava seus antepassados, os temíveis nagas.
Mas essa diferença não significava que necessariamente deviam estar em desacordo.
— De qualquer forma, vamos fazer o nosso melhor. — Sacerdotisa assentiu para si mesma, segurando seu cajado com vigor.
— Já terminaram? — perguntou Matador de Goblins ao emergir do convés inferior.
Seus braços estavam cheios de provisões e roupas de dormir e ele correu o olhar ao longo dos escudos que haviam sido colocados nas laterais da embarcação.
— Ah, sim, os escudos estão levantados, fizemos nossas orações e temos a bênção do vento também.
— Entendo — murmurou Matador de Goblins. — Obrigado pela ajuda.
— Ah, de nada!
Sacerdotisa tinha um sorriso brilhante no rosto; Matador de Goblins acenou para ela e então corajosamente desceu para o cais. As folhas grandes estremeceram ligeiramente sob o peso dele e de seu equipamento; uma ondulação correu ao longo da superfície da água.
— Fico grato por sua ajuda.
— Não precisa pensar nisso — respondeu o elfo com capacete brilhante uniformemente. — No entanto — acrescentou —, se deseja me agradecer, traga minha cunhada de volta em segurança.
— Muito bem — respondeu Matador de Goblins sem hesitação. Ele se virou para olhar para a garota em questão, que ainda parecia perigosamente instável.
Sacerdotisa estava se esforçando para calar Anão Xamã, que estava sugerindo que um mergulho no rio faria bem à elfa.
— Eu aceito — disse Matador de Goblins.
— Muito bem — respondeu o elfo. Seu rosto relaxou com o que poderia ter sido alívio, mas ele logo tornou sua expressão tensa novamente. Em seguida, enfiou a mão em uma bolsa de itens em seu quadril e retirou um pequeno frasco de mel dourado e encorpado. — Isso é um elixir — disse. — Um remédio secreto transmitido aos elfos. Dizem que é feito com uma combinação de ervas, variedades de seiva de árvore e sucos de frutas, junto com um ritual aos espíritos. A tampa foi selada com uma folha de papel de rei, então o elixir pode ser bebido apenas uma vez.
Matador de Goblins pegou a garrafa sem dizer uma palavra e a colocou em sua bolsa de itens.
— Se eu não voltar, por favor, cuide das duas mulheres.
— Eu irei.
— E dos goblins também.
— Mas é claro. — O elfo acenou com a cabeça e então, depois de pensar por um momento, acrescentou sombriamente: — Ela pode não ser perfeita, mas agora é minha cunhada e eu a conheço há muito tempo, cuide dela.
— Enquanto estiver ao meu alcance, farei isso.
Mesmo o elfo, durante toda sua longa vida, pareceu surpreso com a resposta de Matador de Goblins.
— Você não leva nada levianamente, não é? — disse ele, sua expressão suavizando um pouco, mas ele falou tão baixo que apenas as árvores puderam ouvir. Então continuou: — Os anciãos receberam algum tipo de notícia da cidade da água.
— Oh?
— Mas mesmo eu ainda não sou maduro o suficiente para os cálculos dos Alto Elfos. Não consigo adivinhar que movimento os anciãos podem estar planejando fazer.
A imaginação élfica abrangia um vasto período de tempo. A menor e aparentemente mais insignificante coisa podia dar frutos muitos anos depois.
As ações que eles tomariam ali, naquele momento, provavelmente seriam as mesmas. O elfo com capacete brilhante cerrou os dentes. Ele seria o próximo chefe e, ainda assim, sequer foi informado de quais eram as novidades.
Não que não pudesse adivinhar, é claro, mas um palpite ainda era um palpite. Não um fato.
Enquanto não soubesse o que as ondulações na superfície poderiam formar, ele só poderia ficar em silêncio.
Matador de Goblins olhou para o elfo silencioso e grunhiu. Então, lentamente, como se nada tivesse acontecido, abriu a boca:
— Além disso, tome cuidado com o rio.
— São vocês que precisam tomar cuidado — disse o elfo levemente, sentindo-se um pouco estranho com a indiferença das palavras de Matador de Goblins. — Acredito que hoje haverá alguma névoa.
Suas orelhas se contraíram como folhas quando ele ouviu o som do vento e olhou para a luz pálida do céu da manhã.
— Os goblins não são o único perigo nesta floresta. Na hora errada, a própria natureza pode ser sua inimiga. Tenha isso em mente conforme avança. — Porque, afinal… o elfo com capacete brilhante e Matador de Goblins olharam para a floresta. — Você estará viajando para a escuridão.
— Para a escuridão — repetiu Matador de Goblins suavemente.
O mar de árvores que se estendia até a nascente do rio abrigava uma escuridão impenetrável.
Uma brisa quente trazia um ar úmido e espesso. Como o interior de um ninho de goblins, pensou Matador de Goblins. E isso era um fato.
O que devia fazer, então? Considerou por um instante, então formulou seu plano.
— Tenho mais um pedido…
— Qual é? — O elfo olhou para ele interrogativamente.
— Prepare outro barco.
— Farei isso. — O elfo acenou com a cabeça, fazendo o sinal ritualístico de uma promessa de seu povo.
Vendo isso, Matador de Goblins disse:
— A propósito — como se tivesse acabado de pensar em algo —, estive pensando… É verdade que os elfos não conhecem o conceito de “limpar”?
— Nós conhecemos — respondeu o elfo com capacete brilhante, parecendo muito cansado —, mas algumas irmãs não.
— Entendo…
O nevoeiro acabou por ser uma verdadeira bênção.
Ele bloqueava o sol, pintando tudo com uma névoa branca, de modo que mesmo os objetos a uma curta distância eram vagos e indistintos.
Os goblins não pensavam na névoa como uma bênção; para eles, era apenas natural. Quando algo bom acontecia a um goblin, ele não sentia gratidão por ninguém ou por nada. Uma vez que eram atormentados com tanta frequência, tão oprimidos, era justo que algo decente às vezes acontecesse com eles.
Desta vez não foi diferente.
O goblin que foi instruído a observar o rio fluindo pela floresta percebeu imediatamente. Ele estava relaxando em seu trabalho, então guinchou e comemorou quando isso aconteceu.
Era o “anoitecer”, quando o sol atrás do véu de névoa acabava de nascer.
Misturado com a corrente gorgolejante do rio, ele ouviu um som de rangido se aproximando.
O guarda goblin arregalou seus olhos feios; ele perscrutou a névoa e ouviu o mais atentamente que pôde.
Sim, estava lá.
Creak, creak. Não havia dúvida: o som vinha de baixo, da direção da aldeia dos elfos.
Os elfos, que sempre olharam com desprezo para os goblins, pensaram que eles poderiam simplesmente subir este rio!
— GROORB.
Quando ele avistou a forma esguia de um marinheiro emergindo em meio à névoa, o goblin lambeu os lábios.
Se fosse um elfo, poderiam espancá-lo até a morte e banquetear dele.
Se fosse uma elfa, poderiam torná-la a portadora de seus filhos.
Qualquer que fosse, ele o havia encontrado primeiro, então tinha o direito de ser o primeiro a apreciá-lo, não?
Ele não pensou nem por um segundo que a única razão pela qual qualquer um desses resultados fosse possível, seria exatamente porque seus companheiros estavam com ele.
— GRORO! GROOBR!!
O goblin colocou os dedos na boca e emitiu um assobio não muito hábil.
— GROB?!
— GOORBGROOR!
Os goblins, que estavam dormindo, não gostaram de ter sido acordados cedo. Mas também acordaram no momento em que avistaram o barco élfico.
Elfos! Aventureiros! Presas! Comida! Mulheres!
— GORBBR!
— GOBGOROB!
O mais silenciosamente que puderam, eles sussurraram suas luxúrias uns para os outros, pegando seu equipamento e voando para suas queridas montarias.
Bem, não digamos queridas. Eles não se importavam muito com os lobos que montavam.
— GOROB!
O guarda, que agora se imaginava o líder, deu uma ordem e os goblins saíram a galope.
Ao contrário dos cavalos, os lobos não fazem barulho de cascos ao se aproximarem. Enquanto estiverem amordaçados, também não uivam. Goblins (exceto hobgoblins) podiam montar cavalos, mas lobos eram mais convenientes.
Os goblins bateram cruelmente nas laterais de suas montarias, empurrando-as para a frente.
— GROOROGGR!!
Primeiro, lidariam com o capitão. Então, o remador. Depois, subiriam a bordo e terminariam o trabalho.
Os goblins sorriram e gargalharam, imaginando os rostos em pânico dos elfos. A visão do orgulhoso povo da floresta derramando suas tripas no convés seria realmente deliciosa.
A imaginação sombria fez os goblins agarrarem suas armas com muito mais força. Eles carregavam lanças e flechas de pedra bruta, junto com fundas. Embora as armas fossem primitivas, eram potentes o suficiente para tirar uma vida.
— GGRO! GRRB!
O guarda uivou calamitosamente e os outros goblins estalaram a língua. Ele estava ficando muito cheio de si. Depois teriam que corrigir isso.
— GRORB!
— GGGROORB!
Ignorando o guarda lamurioso, os goblins mantiveram suas armas prontas e puxaram as cordas dos arcos.
O guarda reclamou com entusiasmo, mas quando descobriu que ninguém o estava ouvindo, ergueu tristemente a própria lança.
Esporeando em suas montarias, começaram seu ataque.
Apontaram na direção geral do barco que rangia; não havia líder para coordenar sua ofensiva.
— GORB! GBRROR!
Quase metade das flechas que caíram simplesmente espirraram na água.
Algumas, porém, não apenas as flechas, mas também as lanças e as fundas, conseguiram acertar o remador.
— !
O diabo estava morto! Esse era o pensamento coletivo de cada goblin ali. Alguns até aplaudiram.
Mas…
— …?
Sem nem mesmo se mover ou emitir um único som, o remador continuou a remar.
O ataque não foi intenso o suficiente? Ou o remador, por pura sorte, evitou um ferimento fatal?
Pegos de surpresa, os goblins, no entanto, se prepararam para outro ataque. Mas naquele instante:
— Um…!
Um guerreiro em uma armadura de couro suja saltou no meio deles e cortou a garganta do guarda.
— GBBOOROB?!
O monstro gritou e desabou, Matador de Goblins o chutou para fora do caminho, para o rio.
O respingo que se seguiu foi o sinal.
- Bbffah!
O sinal para o segundo navio sendo puxado por trás do primeiro.
Este navio, cujas laterais eram protegidas por escudos defensivos e que contava com a bênção dos espíritos do vento, não foi afetado pelas flechas.
Alta Elfa Arqueira jogou fora a cobertura de pele que ocultava o navio e se levantou de onde estava se escondendo atrás da armadura.
— Seus fedorentozinhos, estúpidos e feios…! Como se atrevem a chegar tão perto da minha casa!
Ainda sobre um joelho, ela pegou e preparou seu grande arco em um movimento elegante e disparou três flechas de ponta-broto simultaneamente. Elas voaram pelo ar com um assobio.
— GOOB?!
— GROBO?!
Os disparos perfuraram os olhos e gargantas dos goblins, arremessando-os de seus lobos como se já estivessem se afogando. A técnica impecável de Alta Elfa Arqueira não foi nem um pouco afetada pelo balanço do barco ou pela névoa que obscurecia sua visão.
Suas orelhas compridas se contraíram, captando cada som no campo de batalha.
— Orcbolg! Eles estão vindo da direita!
Em vez de uma resposta, ela ouviu um goblin gritar “GBOR?!” e acenou com a cabeça em satisfação.
— Devo dizer, porém, que preparar um segundo barco inteiro apenas para distraí-los com sons semelhantes parece uma perda de tempo…
— Verdade, e ele ainda precisou de Marinheiros Dragodentes e tudo mais — resmungou Anão Xamã, puxando seu machado e espiando por trás da proteção para ver melhor.
Os dois Guerreiros Dragodentes, que estavam vestidos com sobretudos e colocados no barco da frente, continuavam a remar fielmente mesmo em face do ataque. Flechas e lanças haviam passado por seus corpos quase vazios ou, ocasionalmente, alojado-se em um osso.
— Ah, mas nós temos que reduzir nossa velocidade… — Sacerdotisa colocou seu dedo indicador nos lábios enquanto se agachava e se agarrava a seu cajado. — Matador de Goblins está na costa e tudo mais.
— Hmm. Também irei desembarcar, então, por favor, convença-os a desacelerar.
Pronto com uma garrespada na mão, Lagarto Sacerdote gritou:
— Hrrraaaaahhhahhhh! — Depois se lançou em direção aos goblins na costa, sua cauda balançando, esmagando o pescoço do primeiro monstro que encontrou.
Sacerdotisa gritou e agarrou a proteção enquanto o barco balançava com a força de seu salto.
— Você não pode pular um pouco mais silenciosamente?! — exigiu saber Anão Xamã. Então ele chamou Sacerdotisa: — Você ainda está a bordo?
— E-Estou bem!
Sacerdotisa e Anão Xamã deveriam ficar fora do caminho, então seu trabalho era lidar com qualquer goblins que por acaso entrasse no barco.
— Huh, não se preocupe. Eu não vou deixá-los chegar… perto de nós! — A postura da Alta Elfa Arqueira não vacilou nem um centímetro quando ela disparou outras três flechas.
Três gritos se seguiram. Sua pontaria beirava a magia.
— Nove, dez!
— GROOBOO?!
Matador de Goblins havia saltado à frente na névoa e agora balançava seu escudo para a esquerda, confiando na sorte para acertar algo. A borda polida e afiada rasgou o rosto de um goblin.
Ele se moveu novamente, contando com o grito para guiá-lo, perfurando a garganta da criatura com sua espada.
O monstro acenou com os braços, tentando puxar a espada; Matador de Goblins chutou para longe e agarrou a adaga de seu cinto.
Ele girou a adaga em um aperto reverso quando ouviu o uivo dos lobos se aproximando. Mesmo enquanto fazia isso, sua mão esquerda vasculhou sua bolsa de itens e encontrou uma tira de couro com pedras amarradas em cada extremidade.
— Hmph.
Deixou a alça voar; a girou, roçando o chão, e de algum lugar no nevoeiro veio o uivo de um lobo.
— GORB?!
Seguiu-se o som de algo caindo no chão e o grito de um goblin.
As bolotas haviam se enrolado nas pernas de uma das montarias bestiais.
Sem parar, Matador de Goblins saltou naquela direção, cortando a garganta do goblin que havia caído.
Para ele, existia pouca diferença entre a escuridão de uma caverna e a visibilidade limitada da névoa.
— Dez e um.
Portanto, foi Matador de Goblins quem levou vantagem ao pular na confusão.
Afinal, os goblins mal sabiam quem era amigo e quem era inimigo. Um golpe descuidado de uma arma poderia atingir um aliado. Ao contrário de qualquer caverna, era difícil contar com os números para dominar o inimigo.
Não que algum goblin estivesse especialmente preocupado com o que acontecia com os outros, mas eles odiavam perder um escudo que poderia tê-los protegido.
— Uma patrulha, ou talvez um encontro aleatório…
— GOROOB?! GROBOR?!
— Então você concorda?
Lagarto Sacerdote chutou um dos cavaleiros, em seguida, agarrou o lobo pelo focinho e rasgou suas mandíbulas com pura força.
Estar em combate o fazia parecer feliz, mas foi o sangue ao redor que acelerou o raciocínio do homem-lagarto.
— Se isso é para ser uma emboscada — disse Matador de Goblins, despedaçando a espinha do cavaleiro no chão e murmurando “Doze” enquanto um grito abafado soava —, eles não têm poder ofensivo.
Ao se levantar, lançou sua adaga na névoa, provocando um grito agudo.
— Não podemos deixar nenhum deles voltar vivo para casa.
— Ha ha ha ha! Deixaríamos alguma vez?
Lagarto Sacerdote arrastou sua cauda, jogando um goblin atrás dele contra uma árvore, quebrando sua espinha.
Treze. Seis, talvez sete restantes. Matador de Goblins agarrou uma lança aos seus pés.
— Nesse caso…
Ergueu o escudo e avançou, desviando da adaga envenenada de um goblin escondido na névoa, atacando com sua lança.
Podia sentir que não tinha fincado o suficiente. Instantaneamente, empurrou com a arma para evitar que o monstro se movesse, em seguida, esmagou seu rosto com o escudo.
A criatura caiu, sua testa quebrou e Matador de Goblins caiu sobre ela para esmagar sua garganta.
Quatorze. Matador de Goblins extraiu sua lança do monstro morto.
— Devemos terminar isso antes da névoa se dissipar…
E foi exatamente isso que fizeram.
— Será que as flores estão desabrochando…? — O murmúrio foi de Sacerdotisa, logo depois que o grupo derrotou os goblins cavaleiros.
Os únicos sons eram o barulho da água, o rangido do remo e a respiração superficial de cinco aventureiros.
À medida que avançavam rio acima, até os animais que viviam nas árvores pareciam prender a respiração.
O sol subiu mais alto e a névoa começou a se dissipar, mas a vegetação densa ao redor deles lançava sombras escuras. O brilho não voltou e havia algo estranho em tudo isso, como se estivessem entrando nas profundezas de uma caverna.
Talvez seja por isso que Sacerdotisa respondeu à inesperada e cada vez mais perceptível doçura no ar do jeito que ela fez.
Ela se agarrou ao seu cajado, mas Alta Elfa Arqueira balançou a cabeça.
— Não sei, mas… nunca ouvi falar de uma flor que cheire assim.
— O território deles está próximo — disse Matador de Goblins calmamente, mantendo sua mão na arma que roubou dos goblins. Era uma clava que parecia uma árvore raspada e tinha manchas vermelho-escuras horríveis aqui e ali. O respingo era de quando tinha sido usado para esmagar cabeças de pessoas… e goblins.
No final das contas, mais de vinte goblins e suas montarias estavam mortos no rio. Não poderiam deixar os cadáveres expostos; muitas chances de serem descobertos por outro grupo. E não havia tempo para enterrá-los.
De qualquer forma, se os cadáveres seguissem rio abaixo, não seriam notados pelos goblins rio acima…
E os peixes carnívoros do rio provavelmente se livrariam dos corpos por eles.
Isso deu à Sacerdotisa alguma ansiedade, mas Lagarto Sacerdote disse a ela que era uma forma de enterro à sua própria maneira.
— A névoa está começando a se dissipar. Talvez devêssemos nos preparar. — Aquele mesmo Lagarto Sacerdote estava tentando ver o mais longe que podia através da névoa. Com um aceno de mão, dispensou um de seus dois Guerreiros Dragodentes, o que estava pilotando o barco. O marinheiro esquelético puxou o remo e sentou-se, abraçando-o.
— Não seria um problema pequeno se nos descobrissem pelo som do remo.
— Oh, devo clamar pelo milagre de Silêncio…? — perguntou Sacerdotisa.
— Ainda não — disse Matador de Goblins, balançando a cabeça. — Já usamos Guerreiro Dragodente duas vezes e Garrespada uma vez.
O capacete virou-se para Lagarto Sacerdote como se procurasse confirmação, o clérigo deu um grande aceno de cabeça.
O grupo tinha um total de sete milagres. Agora tinham quatro sobrando e a única magia disponível para todos eles pertencia ao Anão Xamã, que também poderia administrar outras quatro. O grupo foi abençoado com consideráveis recursos mágicos, mas ainda era importante manter o controle de quantos milagres e feitiços estavam disponíveis.
Além disso, Silêncio por si só não era garantia de que evitariam o combate.
— Continue guardando seus milagres.
— Tudo bem. — Sacerdotisa sentiu que não tinha sido muito útil na batalha anterior. Ela assentiu sem entusiasmo — …? — Então piscou, esfregou os olhos e espiou entre os escudos que protegiam o barco.
— Ho, cuidado aí — disse Anão Xamã, segurando a cintura da garota para apoiá-la.
— Claro — disse Sacerdotisa, olhando ao redor com os olhos arregalados.
Ela tinha visto uma sombra delgada subindo através da névoa.
Não era uma árvore. Sua silhueta parecia muito estranha para ser vegetação.
De pé ao lado da margem do rio, a coisa deformada parecia quase a presa de um pássaro açougueiro, empalada em galhos…
— Isso é um… totem?! — Um grito ofegante escapou da garganta de Sacerdotisa.
Era um cadáver. Os restos mortais de alguém que foi perfurado, desde o meio das pernas até a boca.
Deixado de fora neste lugar quente e úmido, começou a apodrecer, seus sucos se expandindo a tal ponto que agora parecia quase humano. A julgar pela armadura roída pela ferrugem, era uma mulher. O cadáver foi tão mutilado por insetos, que agora nem mesmo estava claro a qual raça originalmente pertencia.
— Ugh…! — Alta Elfa Arqueira sentiu-se a ponto de vomitar, mas forçou para baixo o que ameaçava subir.
Era óbvio porque os goblins haviam exposto o cadáver.
Crueldade.
Uma declaração ousada para o mundo de que aquele era o seu território e uma zombaria brutal para qualquer um que ousasse atacá-los.
Eles simplesmente queriam ver qualquer intruso apavorado, em pânico, louco de medo ou pelo menos enfurecido.
Por qual outro motivo colocariam um troféu como este, um objeto nos portões que não servia para nenhum propósito defensivo?
— Ela foi espetada viva ou montada naquele pedaço de pau após a morte…? — perguntou Lagarto Sacerdote, olhando ao redor enquanto juntava as mãos em oração — No mínimo, teve a sorte de permanecer como parte do ciclo natural…
O motivo de seu amplo gesto ficou claro: havia mais de um totem.
Havia uma floresta deles.
Cadáveres empalados em varas alinhavam-se na margem do rio como árvores ao longo de uma estrada. Alguns eram apenas ossos; em outros, a carne ainda não havia começado a apodrecer.
Alguns tinham uma série de cicatrizes recentes, enquanto outros haviam inchado quase comicamente com o gás.
Alguns dos cadáveres pareciam ser mercadores, enquanto outros carregavam ornamentos que os faziam parecer aventureiros.
Quantos foram mortos?
Quantos foram transformados em brinquedos dos goblins?
— Ergh… — Sacerdotisa colocou a mão em sua boca, e quem poderia culpá-la?
Ela se agachou, com o rosto pálido, enquanto seu cajado soava ruidosamente no convés.
— Hrrrgh…! — Agarrando-se à lateral do barco, esvaziou o conteúdo de seu estômago no rio. O que finalmente aconteceu foi a percepção de que o cheiro doce sobre o qual se questionava era o fedor de cadáveres em decomposição.
Já por um ano e meio, ela tinha testemunhado a crueldade dos goblins e tinha se tornado um pouco acostumada a isso, mas mesmo ela não conseguia suportar isso.
Houve uma série de respingos enquanto vomitava na água.
— Aqui, mastigue isso. E beba um pouco de água. — Anão Xamã esfregou suas costas suavemente.
— Ur… Urgh. O-Obrigada… — Sua voz estava fraca, sua garganta queimando.
Com as duas mãos, ela pegou as ervas e a água que ele lhe estendeu, mastigando as folhas suavemente.
— Então é isso que vai acontecer conosco se perdermos esta luta? — Alta Elfa Arqueira devia ter se sentido tão mal quanto Sacerdotisa, visto que sua pele sempre pálida agora estava completamente sem sangue. Ela cuspiu uma maldição: — Isso não é uma piada.
— Concordo — disse Matador de Goblins. — Não é uma piada.
O capacete de metal de aparência barata olhava para a frente.
Lá, na névoa, uma forma estranha se ergueu como uma montanha.
A coisa apareceu como uma sombra escura na névoa branca.
Inesperadamente, um vento fétido soprou, empurrando a névoa para longe.
— Huh… — disse Alta Elfa Arqueira, seus lábios ainda apertados, mas seu tom terrivelmente equilibrado. — Então esse é Aquele Que Para as Águas…
Como descrever isso?
Era feito de grandes blocos de cal, um templo ou santuário – ou talvez uma fortaleza.
A elegante estrutura, que existia desde a Era dos Deuses, estava agora gasta, coberta de musgo e trepadeiras. No entanto, a construção, construída para represar o rio, dificilmente parecia o tipo de ruína que os goblins considerariam amáveis.
— É ao lado da sua porta, moça. Você realmente não sabia sobre isso?
— Ei, este era o território de Mokele-Mbembe. — Alta Elfa Arqueira franziu os lábios e sacudiu as orelhas como se protestasse contra Anão Xamã. — Mas talvez os velhos da aldeia soubessem disso. Talvez minha irmã tenha ouvido falar sobre isso.
— Então você realmente não sabia de nada — brincou Anão Xamã, provocando um silvo raivoso da elfa.
O argumento deles era tão enérgico como sempre, e talvez isso fosse deliberado. Depois da visão terrível que acabaram de ver, qualquer um iria querer mudar o clima.
— O que temos para nos preocupar agora é a fortaleza dos goblins — cuspiu Matador de Goblins, olhando ao redor. — Pare o barco, a névoa está se dissipando.
— Sim, sim — disse Lagarto Sacerdote, gesticulando uma rápida instrução para o Guerreiro Dragodente. O esqueleto levou a pequena embarcação para mais perto da costa.
Matador de Goblins colocou a mão na clava em seu cinto e se ajoelhou ao lado de Sacerdotisa.
— O que você acha?
— Er… O que eu acho? — O sangue havia sumido de seu rosto e ela balançava a cabeça apaticamente de um lado para o outro. — Nós temos que fazer alguma coisa…
— Sim.
— Se nós… a-apenas deixarmos assim…
— Sim. — Sua voz era baixa como a dela, mas não fraca. — Não vamos simplesmente deixá-los.
Sacerdotisa engoliu em seco. Matador de Goblins viu a mão dela ir para sua armadura e ele pegou o cajado caído. Sacerdotisa segurou-o contra o peito com as duas mãos, como se em um abraço, depois se levantou cambaleante.
Ela se forçou a relaxar os músculos faciais rígidos e olhou para o visor dele.
— Porque… são goblins.
— Sim — concordou ele —, são goblins.
— Espere aí, Corta-Barba — Anão Xamã se ergueu para a costa enquanto o barco élfico seguia silenciosamente para a margem. Ele habilmente amarrou o barco, prendendo-o a uma árvore próxima. — Como você disse, a névoa está se dissipando. E vai ser noite em breve. Vai demorar um pouco para entrar sorrateiramente.
— Nesse caso… — Alta Elfa Arqueira tentou duas ou três vezes estalar os dedos, mas acabou estalando a língua ao ouvir o som de fop fop lamentável que seu estalar produziu. — Nesse caso, tenho uma ideia…!
Algum tempo depois.
O grupo se arrastou como um trem de sombras sob a iluminação das luas gêmeas.
Através da vegetação rasteira, empurrando para o lado as folhas e galhos, mantiveram o peso baixo, movendo-se o mais rápido que podiam.
O único som entre eles era o mais leve sussurro de uma prece de Sacerdotisa:
— Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia, conceda-nos paz para aceitar todas as coisas…
Ela correu pelo silêncio absoluto o mais rápido que pôde, o suor escorrendo por sua testa, as mãos agarrando seu cajado.
À medida que se aproximavam, o dique e a fortificação dos goblins surgiram estranhamente à frente deles.
A maneira como as rochas foram empilhadas e esculpidas era obra dos anões.
A forma como as estruturas foram construídas sem perturbar as árvores ao redor era obra dos elfos.
Os preparativos contra o ataque deviam ser vindouros do conhecimento dos homens-lagarto ou dos humanos.
Aqui e ali, uma pedra foi desalojada pelos goblins, manchando este lugar.
Para que esse lugar poderia ter sido construído? Sacerdotisa se perguntou de repente.
Um santuário, um templo, uma torre, um castelo, um dique, uma ponte… Parecia ser tudo isso, mas nenhum deles.
Fosse o que fosse, era agora um ninho de goblins e para desafiá-lo seria necessário mais do que um milagre da Mãe Terra, não importa o quão misericordiosa ela pudesse ser.
Por isso os aventureiros tinham algo mais para defendê-los.
Uma névoa branca que parecia subir por conta própria, foossh, foossh.
Também estava intensamente quente.
Até certo ponto, isso era de se esperar – afinal, estavam em uma floresta tropical – mas também estava terrivelmente úmido. As vestimentas de Sacerdotisa haviam absorvido água o suficiente para ficarem pesadas, e seu suor fez com que suas roupas se agarrassem a ela de forma desagradável. Ela arregaçou as mangas por necessidade, mas nunca parou de orar.
Havia outra pessoa que não parou em seu trabalho: Anão Xamã.
Ele segurava uma pedra brilhando em vermelho com suas mãos ásperas. A fonte do calor e da névoa estava naquela pedra, na salamandra que vivia dentro dela.
Chama dançante, a fama da salamandra. Conceda-nos uma parte sua.
O espírito do fogo invocado pelo feitiço Aquecer evaporou a água da qual os espíritos do ar estavam tão cheios. O resultado foi como estar envolto em névoa.
Anão Xamã olhou com desconfiança para Alta Elfa Arqueira enquanto ela bufava triunfante.
Ela está ficando tão ruim quanto Corta-Barba.
Mesmo assim, Lagarto Sacerdote era do Sul, Alta Elfa Arqueira era desta mesma floresta e Anão Xamã era bastante íntimo do fogo. O calor espesso tornava seus movimentos mais rápidos, no mínimo.
Sacerdotisa suspirou e bufou junto, a expressão do Matador de Goblins não pôde ser vista.
Lagarto Sacerdote olhou para uma torre de observação no alto da fortaleza dos goblins. Com seus olhos detectores de calor, avistou um goblin com uma lança tirando uma soneca feliz.
Sem problemas. Ele acenou para Matador de Goblins, que então voltou a liderar o grupo.
Os portões da fortaleza estavam praticamente na frente de seus narizes.
A porta enorme e grossa era caracteristicamente élfica, feita de madeira antiga e resistente. Não havia nenhum sinal de metal nela, mas sua durabilidade estava além de qualquer dúvida.
A princípio, parecia ser tudo de uma peça, mas no canto direito do enorme portão um contorno quadrado podia ser visto. Uma porta menor dentro da porta, talvez uma portinhola de saída.
Matador de Goblins gesticulou para seus companheiros esperarem nos arbustos, em seguida, puxou sua clava do cinto. Alta Elfa Arqueira escalou uma árvore, suas orelhas compridas se contorcendo; ela alcançou um galho e sentou-se sem sequer deslocar uma única folha. Ela colocou uma flecha em seu arco e puxou-a silenciosamente, enquanto lá embaixo, Lagarto Sacerdote ajustava o aperto em sua garrespada.
Quanto à Sacerdotisa e Anão Xamã, continuaram a entoar seus milagres e magias, respectivamente. O silêncio continuou e a névoa continuou aumentando.
Os lábios de Sacerdotisa formaram brevemente as palavras “Tenha cuidado”. Matador de Goblins assentiu.
Quando ele deixou a bolha de Silêncio, o tom e o grito da vida de repente voltaram para a floresta. As folhas farfalharam com o vento soprando nelas. O rio gorgolejava. Ele podia ouvir sua própria respiração dentro do capacete.
— Hmm. — Ele parou por um momento em frente ao portão antes de bater ruidosamente nele. Então, com uma agilidade que desmentia o peso de sua armadura de corpo inteiro, cravou os dedos na fibra da madeira e se ergueu.
A reação surgiu um momento depois.
— GROB?
A pequena portinhola de saída foi aberta e um goblin, provavelmente um sentinela, colocou seu rosto para fora.
Alta Elfa Arqueira estava preparada para disparar sua flecha naquele mesmo instante, mas Matador de Goblins não se moveu. Um segundo, então um terceiro goblin saiu pela pequena porta.
O estalar da língua de Alta Elfa Arqueira foi silenciado pela prece de Sacerdotisa, então ninguém ouviu.
Um quarto monstro emergiu e, depois de esperar exatamente cinco segundos, Matador de Goblins se moveu.
— GORAB?!
Ele saltou de cima, pousando nas costas do último goblin a sair. O impacto roubou o ar dos pulmões da criatura e ela não fez mais barulho.
Matador de Goblins moveu sua clava.
Houve um som seco de algo quebrando e o crânio do goblin virou para uma direção impossível em um ângulo igualmente impossível.
Matador de Goblins sacou a espada do cinto do cadáver se contorcendo.
— Um.
— GBBR?
O primeiro goblin, surpreso com o grito repentino, começou a se virar…
— GORB?!
Uma flecha com a ponta de um botão assobiou pela noite, acertando a criatura direto na orelha direita e saindo pela esquerda. Ele caiu de joelhos como uma marionete com as cordas cortadas e, um instante depois, o segundo goblin estava morto.
Apesar do choque com a emboscada, os dois monstros restantes começaram a agir.
Mas os aventureiros foram rápidos demais para eles.
Um goblin se virou para o inimigo atrás e encontrou seu rosto esmagado com a clava.
— Dois e…
— GRRB…?! — A criatura caiu para trás, segurando o nariz esmagado; Matador de Goblins imediatamente saltou em cima dele. Ele já havia largado a clava, puxando a lâmina roubada de sua bainha. Tapou a boca do goblin com a mão esquerda e, com a direita, esfaqueou impiedosamente a traqueia da criatura e, em seguida, cortou.
— Isso conta com três…
E isso significava que sobrou um.
Este último goblin era ligeiramente mais esperto do que os outros; ele pelo menos percebeu que dois de seus companheiros foram mortos. Estava respirando fundo, abrindo bem a boca para gritar por reforços, mas antes que tivesse tempo de levantar a voz, encontrou uma flecha alojada em sua garganta.
Ele tombou para a frente com a força do tiro.
— Quatro…
Matador de Goblins confirmou com seus próprios olhos que todas as quatro criaturas pararam de respirar, então rapidamente olhou para dentro da portinhola de saída. Estava escuro, mas ainda havia duas luas no céu para fornecer iluminação.
Dentro do portão havia um quadrado aberto. Não havia sinal de goblins por perto.
Por mais indolentes que os goblins possam ser, a ausência dos guardas não passaria despercebida por muito tempo.
Matador de Goblins apoiou a pequena porta aberta com um pino, em seguida, apontou para os arbustos.
Sacerdotisa soltou um longo suspiro e correu até ele.
— Você está bem…? Está ferido, ou…?
— Não, não estou.
Com isso, seu pequeno peito relaxou, aliviado.
Lagarto Sacerdote emergiu com a mesma rapidez, quase rastejando pelo chão, e Anão Xamã rolou atrás dele. Por último chegou Alta Elfa Arqueira, pulando da árvore e se dirigindo para a porta tão rapidamente que mal deixou uma sombra. Não seria divertido se aquela que deveria garantir que todos chegassem em segurança ao seu destino fosse descoberta.
— Eu deveria ser uma batedora, mas agora me senti como uma assassina — disse ela. — Então o que vem a seguir?
— Não gosto, mas teremos que investir em um ataque frontal. — Matador de Goblins limpou sua lâmina nos trapos de um goblin e a devolveu à sua bainha. Então pegou uma machadinha de um dos monstros e a enfiou sem cerimônia em seu cinto — Sinto muito — disse —, mas parece que não haverá tempo para descansar. Eu preciso de você na linha de frente.
— Relaxe, relaxe — sibilou Lagarto Sacerdote. — Nunca fui do tipo que faz menos do que estar na vanguarda da batalha.
Ele tinha um único milagre sobrando. O Guerreiro Dragodente foi deixado para guardar o barco, então sua garrespada e sua força eram tudo com que podiam contar.
Mas para Lagarto Sacerdote, isso era o suficiente.
— Tenho três sobrando comigo — disse Anão Xamã, acariciando sua barba.
— E quanto a mim, uh… — Sacerdotisa contou em seus dedos. — Mais dois.
— Tudo bem.
Isso indicava um total de seis.
Isso seria uma verdadeira recompensa para um grupo médio de aventureiros. Mas seria o suficiente para assaltar esta fortaleza?
Eles começaram com onze, então tinham usado cerca de metade de seu suprimento até o momento.
— … — Sacerdotisa balançou a cabeça, tentando limpar uma onda repentina de pensamentos ruins. O que aconteceu em sua primeira aventura não teve nada a ver com isso. Nem mesmo os mortos que ela tinha visto em seu caminho importavam agora.
— Hm, o que devemos fazer sobre a luz…?
— Sem luzes até entrarmos.
Os goblins podiam ver bem no escuro. Eles não precisavam de fogueiras para se locomover à noite. Entrar no pátio com tochas acesas seria o mesmo que implorar para que os goblins fossem ao seu encontro.
— Assim que entrarmos, nós a trataremos como qualquer outra caverna — disse Matador de Goblins.
— Certo, então vou preparar algumas tochas — respondeu Sacerdotisa.
— Por favor, prepare.
Enquanto falava, Matador de Goblins sacou sua adaga.
— Er… — Sacerdotisa suspirou. Ela fez uma careta, em seguida, soltou um suspiro resignado. — Nós temos que…?
— Sim. — Matador de Goblins girou sua faca em sua mão, em seguida, caminhou até o goblin com o rosto esmagado.
Alta Elfa Arqueira, percebendo, rapidamente ajeitou suas roupas, certificando-se de que estava tudo pronto. O sangue foi drenado de seu rosto e suas orelhas caíram lamentavelmente.
— Ah, você está falando sério…?
— A menos que você tenha um pacote de perfume.
— E-Ei, eu nunca imaginei que uma viagem para casa significaria ir à caça de goblins…
— Faz parte do trabalho.
Matador de Goblins não deu atenção à desculpa dela enquanto cortava a barriga do goblin. Ele puxou as entranhas quentes e Sacerdotisa envolveu-as em um lenço que havia produzido, com o rosto inexpressivo.
Alta Elfa Arqueira recuou com uma espécie de som sufocado; Anão Xamã rapidamente a pegou pela mão.
— Você tem que saber quando suportar.
— É preciso coragem. — Lagarto Sacerdote comentou de onde havia se movido para evitar que ela escapasse, seus olhos revirando em sua cabeça.
— Huh…? Não, de jeito nenhum, deve haver outra coisa que possamos…!
— Feche a boca.
Foi, talvez, apenas o nível de experiência de Alta Elfa Arqueira que a poupou de gritar.
Os aventureiros deslizaram ao longo da parede, Alta Elfa Arqueira à sua frente como batedora.
A torre estava em ruínas, o portão devastado, a natureza tomava a estrutura para si mesma e não faltavam sombras para se esconder.
E, da mesma forma, muitas sombras nas quais as coisas podiam estar escondidas.
Alta Elfa Arqueira lambeu os lábios, tentando decidir onde poderia colocar os pés sem perturbar a vegetação rasteira. Se algum sentinela goblin os encontrasse, isso resultaria em um alarme, e não seria nada divertido.
— Obrigado.
Minha nossa. Alta Elfa Arqueira piscou. Orcbolg, agradecendo a ela?
Os humanos não estavam bem equipados para rastejar pela noite apenas com a luz das estrelas e luas nebulosas para guiá-los.
— Os humanos têm dificuldade em fazer algo assim, hein? — disse ela.
— S-Sinto muito… — respondeu Sacerdotisa.
— Não tem problema, não se preocupe com isso. — Alta Elfa Arqueira acenou com a mão, desdenhosa, sem se virar. — Ooh… — Naquele momento, suas orelhas pontudas estremeceram, como se sopradas pela brisa.
Ela estreitou os olhos: estava olhando para um goblin que vagava, uma lança pousada em seu ombro.
Havia alguma distância entre eles. Os aventureiros ainda não haviam sido notados, mas ele estava seguindo nesta direção. Um sentinela.
Alta Elfa Arqueira tirou uma flecha de sua aljava e a colocou em seu arco.
— O que devo fazer?
— Atire.
O arco dela vibrou quase antes que ele terminasse de falar. O goblin, com uma perfuração na garganta, acenou com os braços sem compreender enquanto tombava no chão. Houve um sussurro abafado de grama, mas isso foi tudo. Nenhum outro guarda parecia ter notado o que aconteceu.
Alta Elfa Arqueira soltou a respiração que estava segurando e começou a se mover novamente, Matador de Goblins e os outros seguindo atrás. Ela tirou sua flecha do cadáver do goblin enquanto eles passavam.
— Ugh… — Ela franziu o rosto ao ver o sangue negro de goblin, dando uma sacudida completa na flecha. — Eu não quero ficar mais suja do que já estou…
— Nem brincando — concordou Sacerdotisa em uma voz verdadeiramente lamentável. Alta Elfa Arqueira assentiu com simpatia.
Essas duas doces jovens estavam cobertas da cabeça aos pés por uma sujeira indescritível. Era fedorento e pegajoso e, por mais que estivessem acostumadas, ainda as deixava um pouco enjoadas. Era necessário, mas nunca divertido.
— Argh, a ponta quebrou… Isso é o pior.
— Bem, se isso é o pior, então talvez nunca sejamos descobertos. — Lagarto Sacerdote, rastejando para frente, ergueu a cabeça como uma cobra. — Acho que as coisas serão um pouco mais problemáticas quando entrarmos na torre.
Seus olhos estavam focados à frente, no enorme portão de madeira que bloqueava a entrada da torre. Era imensamente grosso, e não era a única porta assim. Uma série inteira delas rodeava a parede externa da estrutura.
— Ouvi dizer que as tumbas reais às vezes têm entradas falsas — acrescentou Lagarto Sacerdote. — Talvez seja algo dessa natureza.
— Você quer dizer que são todas… falsas? — Sacerdotisa colocou a cabeça para fora para olhar, tomando cuidado para não ser notada pelos goblins. A porta maciça e pesada, imponente sob o luar pálido, dificilmente parecia nada menos do que real.
— Certamente não parece…
— Teríamos sorte se for uma simples escultura — respondeu Lagarto Sacerdote. — Se fosse uma armadilha, hesito em pensar no que seria de nós.
— …
Por alguns segundos, Sacerdotisa olhou silenciosamente para as portas entre as ruínas. Algo parecia errado nelas, algo que não conseguia explicar. Ela tentou colocar o dedo naquilo…
— Bem, não acho que precisamos nos preocupar tanto… — disse ela com uma risadinha depois de um momento e apontou um dedo pálido e fino para a porta. — Veja como a vegetação rasteira foi pisada lá embaixo.
— Deuses, de fato…!
A porta falsa, fruto da imaginação de algum elfo ancestral ou algo assim, agora se tornara inútil com o passar do tempo e a estupidez dos goblins. Os goblins, sem pensar, usaram a porta de entrada e saída, de modo que os arbustos ao lado dela foram de fato pisoteados.
— Acho que isso nos deixa com o mesmo problema com que começamos — disse Alta Elfa Arqueira, irritada: — Goblins.
Um ou dois guardas estavam parados, parecendo entediados.
— A maneira mais rápida seria livrar-se dos guardas e roubar a chave.
— Isso se os goblins soubessem como trancar as portas — disse Anão Xamã, tirando uma folha errante da barba e soltando um suspiro pensativo. — No mínimo, temos que pegar os da direita e da esquerda simultaneamente se não quisermos ser descobertos.
— Não é um problema — disse Matador de Goblins. — Conheço mil e uma maneiras diferentes de matar goblins silenciosamente.
— Mesmo? — perguntou Sacerdotisa, piscando.
— Isso foi uma piada — continuou Matador de Goblins, balançando lentamente a cabeça protegida pelo capacete de um lado para o outro. — São muitas mais.
À luz da avaliação de Alta Elfa Arqueira de que flechas eram preciosas, foi decidido que Matador de Goblins e Anão Xamã tomariam a ofensiva. Cada um deles preparou uma funda, moveu-se para uma curta distância e soltou suas pedras quase ao mesmo tempo.
As rochas voaram pelo ar, infalivelmente encontrando a garganta de um goblin e a cabeça do outro.
— GRORB?!
— GBBO?!
O primeiro desabou com sua traqueia cruelmente esmagada; o outro levantou-se vacilante, agarrando a testa. Antes que a criatura pudesse gritar, no entanto, Lagarto Sacerdote saltou até ela, como se estivesse dançando. Sua garrespada cortou a garganta do monstro antes que ele pudesse fazer algum som.
Assim, os guardas foram despachados sem barulho, o silêncio do pátio em frente ao portão continuando imperturbável.
— Também aprendi a usar uma funda, mas não parece ter ajudado muito — disse Sacerdotisa, desanimada.
— Não se preocupe, há um tempo e um lugar para cada talento — disse Alta Elfa Arqueira, dando tapinhas nas costas dela.
Lagarto Sacerdote deu uma grande sacudida em sua garrespada para tirar o sangue e começou a arrastar os cadáveres dos goblins.
— Você deve fazer o que puder — concordou ele enquanto os enfiava em alguns arbustos. Enquanto Alta Elfa Arqueira se certificava de que estavam cobertos, Anão Xamã vasculhou as armas dos goblins, selecionando uma lança de mão.
Ele a ergueu contra o luar: a ponta de ferro brilhava, bastante afiada. Sem ferrugem também.
— Sabe, para um bando de goblins em uma fortaleza apodrecida, eles têm armas muito boas. Imagino se roubaram isso de algum aventureiro.
— Talvez houvesse um comerciante de armas entre aqueles que mataram — disse Matador de Goblins. — Ou talvez já estivessem aqui…
— Hrm — murmurou Anão Xamã, balançando a cabeça para as reflexões de Matador de Goblins. — Quem pode dizer? Parece antigo à primeira vista, mas às vezes os produtos são feitos para parecerem envelhecidos.
— Quais são as chances de terem sido forjadas aqui?
— Isso eu posso descartar — disse Anão Xamã com segurança. — O fogo não pode ser usado aqui. Não consigo fazer nenhuma forja sem um feitiço especial dos elfos.
— Hrm… — grunhiu Matador de Goblins. — Seja qual for o caso, a única coisa que sabemos com certeza é que um goblin estava carregando isso. Você encontrou uma chave?
— Sim, aqui — disse Alta Elfa Arqueira, entregando-a para ele. Era uma chave velha que estava pendurada no pescoço de um goblin alguns minutos antes. Tinha a forma de uma etiqueta com números gravados nela, amarrada em uma corda áspera e puída.
— Bom. — Matador de Goblins a segurou com força, examinando-a de perto. — Entramos e depois avançamos o mais longe que pudermos — disse.
— Essa é a nossa, uh, estratégia?
— Sim.
Como sempre, Sacerdotisa não pôde deixar de sorrir com seu comportamento. Então rapidamente se ajoelhou e segurou seu cajado.
— Ó Mãe Terra, abundante em misericórdia — entoou, rogando pela paz de todos os goblins que morreram até então e de todos aqueles que foram mortos por eles. — Por favor, por sua mão reverenciada, guie as almas daqueles que deixaram este mundo.
O grupo de aventureiros esperou até que ela terminasse sua oração de repouso, então correram em direção ao portão.
Matador de Goblins deslizou a chave na fechadura e girou-a. Houve um estalo oco.
— Não cabe.
Isso significava que tinha que ir para outra porta em outro lugar. Ele estalou a língua e puxou a chave.
Sacerdotisa abriu sua bolsa, abrindo espaço.
— Aqui, eu carrego isso.
— Sim, por favor.
Ela pegou a chave, guardou-a e soltou um suspiro.
— Acho que é a minha vez — disse Alta Elfa Arqueira, agachando-se confiantemente na frente da fechadura. Sua habilidade de arrombamento, que afirmava ter aprendido em grande parte para se divertir, provou-se bastante valiosa para o grupo.
Ela usou uma picareta para mexer na fechadura, mexendo as orelhas em busca do clique suave que anunciaria seu sucesso. Quando finalmente chegou, anunciou:
— Excelente — e estufou o peito com orgulho —, está destrancada.
— Certo, agora, antes de abrir… — disse Anão Xamã. Ele se agachou ao lado dela e vasculhou sua bolsa de catalisadores, puxando um pano.
Sacerdotisa inclinou a cabeça em confusão, perguntando hesitantemente:
— O que você está fazendo?
— Tenho que colocar um pouco de óleo ali. — Anão Xamã piscou. — Não queremos que comece a ranger agora, não é?
— Oh, eu vou ajudar!
— Então, vou pela direita e você pela esquerda.
Ele jogou para Sacerdotisa um pano embebido em óleo e ela começou a trabalhar. Ela demonstrou ser uma excelente faxineira, devido à longa experiência em seus deveres no Templo. Logo, a porta foi cuidadosamente lubrificada e os aventureiros a abriram sem fazer barulho.
Eles deslizaram tão silenciosamente quanto sombras, então fecharam a porta atrás deles. Os goblins ainda não haviam percebido que seus companheiros foram mortos.
Se tivessem percebido isso, não teriam lamentado ou chorado, teriam pensado apenas em como punir os aventureiros.