Capítulo 8.2
Você nunca levou uma boa surra, não é? (2)
Tradutor: Th_rmh
Assim que ele digitou a senha e entrou no apartamento, Yoo Hye-Sook saiu feliz para cumprimentá-lo, mas ela se assustou.
Ela olhou para a calça de moletom surrada que ele usava e o curativo enrolado em sua mão.
“Eu me machuquei malhando, então fui para a casa do meu professor trocar de roupa antes de ir para o hospital.”
“Onde? Quão ruim foi? O médico disse que está tudo bem? Há algum problema?”
Ela estava genuinamente preocupada, mas estava exagerando. Foi irritante.
Assim que Kang Chan franziu a testa, Yoo Hye-Sook parou de falar.
“Eles disseram que estou bem.”
Yoo Hye-Sook também foi uma vítima. Ela era uma vítima que havia perdido seu filho perfeitamente normal e tinha que ser legal com um homem frio como pedra. Kang Chan suprimiu seu aborrecimento, ele queria pagar sua dívida com o dono de seu corpo, mesmo que fosse apenas um pequeno gesto.
“Você jantou?” Talvez Yoo Hye-Sook tenha se sentido magoado com a reação dele, seus olhos ficaram vermelhos quando ela chorou.
“Ainda não.”
“Nesse caso, vá descansar primeiro. Te ligo quando o jantar estiver pronto.”
“Ok.”
Kang Chan entrou em seu quarto e se jogou na cama.
***
Quando Kang Chan acordou de seu cochilo, já estava escuro em seu quarto. Ele havia dormido mais profundamente do que o esperado, provavelmente por causa da injeção que lhe aplicaram no hospital quando suturaram o ferimento na palma da mão.
“Então você não conseguiu falar com ele sobre isso, hein?” Kang Chan ouviu a voz de Kang Dae-Kyung.
“Acho que Chan me odeia.”
“O que te faz dizer isso? Ele provavelmente está um pouco nervoso por causa do acidente.”
“Não, não é isso. A maneira como ele olha para mim agora é completamente diferente de antes. Ele provavelmente pensa que é tudo minha culpa.”
Yoo Hye-Sook estava chorando.
“Absurdo! Vou dar um sermão nele mais tarde.”
“Está bem. Não faça isso.”
Kang Chan podia ouvir Yoo Hye-Sook inalando alto pelo nariz.
“Assim como você disse, vou ficar satisfeito com o fato de ele ter sobrevivido. Mesmo que ele me encare… ou fique ressentido comigo, ficarei contente de qualquer maneira porque ele está vivo. Soluços.”
Kang Chan ouviu a voz de Yoo Hye-Sook mais uma vez. Ela parecia ter se acalmado um pouco.
“Querido, se Chan não tivesse acordado do coma naquela época, eu não teria conseguido continuar vivendo. Então vou parar de ser gananciosa, como você disse antes. Independentemente de quão bom é o filho de Seong-Hee, ele não pode nem ser comparado aos dedos dos pés de Chan.”
“Agora, agora, querida. O filho de Seong-Hee deve ser melhor que os dedos dos pés, certo?” Kang Dae-Kyung comentou casualmente. Ele começou a confortar sua esposa.
“Falarei com Chan amanhã.”
“Eu disse para você não fazer isso. Se ele acabar me odiando ainda mais, vai tornar as coisas ainda mais difíceis.”
“Tudo bem, tudo bem.”
Kang Chan estava com fome, mas não conseguia sair do quarto. Ele deitou na cama e olhou fixamente para o teto. Kang Dae-Kyung e Yoo Hye-Sook eram completamente diferentes de seus pais em sua vida passada. Mesmo que um filho fodido tenha aparecido em suas vidas do nada, eles estavam determinados a abandonar sua ganância.
O que teria acontecido se Kang Chan tivesse nascido como filho desde o início? Eles conceberam um filho porque queriam um filho, mas não teriam desejado um filho como ele, não é?
“O que você gostaria que eu fizesse?” Kang Chan perguntou ao dono de seu corpo.
“O que exatamente você quer que eu faça?”
O teto não lhe deu uma resposta.
A nova vida de Kang Chan era muito confusa.
***
Era de manhã.
Kang Chan não tinha dormido muito na noite passada, provavelmente por causa da injeção que havia levado no hospital. Na verdade, ele estava tão acostumado a dormir nos campos de batalha que nunca havia tido insônia antes. Ele tinha o hábito de acordar cedo, e ainda era o mesmo agora.
TOC Toc toc.
“Chan, você se levantou?”
“Sim.”
Assim que Kang Chan abriu a porta e saiu da sala, Yoo Hye-Sook caminhou cuidadosamente ao redor dele. Como um culpado.
“Vamos comer.”
Com as palavras ‘eu terei cuidado’ escritas por todo o corpo, Yoo Hye-Sook correu para a cozinha.
“Você dormiu bem?” Kang Chan perguntou.
“Oh! Sim e você?” Kang Dae-Kyung respondeu.
“Sim, tive uma boa noite de sono.”
“Como está sua mão? Ouvi de sua mãe que você se machucou. Foi ruim?”
Kang Dae-Kyung estava tentando o seu melhor para esconder o olhar preocupado em seus olhos.
“Eu me machuquei durante o treino. O médico disse que levará aproximadamente um mês para cicatrizar.”
“Poderia ter sido muito ruim. Vamos cavar.”
(NT: na tradução inglesa, o termo usado é “dig in”, e traduzido fica literalmente “cavar”, não há muitos significados, então usando o contexto da frase, é como se dissesse para “relevar”.)
“Sim.”
Os três começaram a comer.
“Você disse que seu professor emprestou algumas roupas para você?”
“Sim.”
“Devemos fazer uma visita a ele como uma formalidade?”
“Apenas esqueça isso. Vai ficar tudo bem.”
Kang Dae-Kyung disse que iria repreendê-lo, mas parecia que ele também estava fazendo o possível para não irritar Kang Chan.
De alguma forma, eles conseguiram tomar o café da manhã juntos.
“Vamos. Vou te dar uma carona para a escola.”
“Eu estou indo para a escola com Mi-Young.”
Yoo Hye-Sook instantaneamente olhou para cima e tentou o seu melhor para manter a compostura.
“Você não tem planos para este fim de semana, certo?”
Kang Chan se perguntou do que se tratava. Ocorreu-lhe que hoje era sexta-feira.
“No domingo de manhã, sua mãe é…”
“Ei! Eu não disse para você não dizer nada!”
Ao contrário de como ela falou com Kang chan, Yoo Hye-Sook atacou Kang Dae-Kyung. Assim que ela fez isso, Kang Dae-Kyung estalou os lábios e agarrou o paletó.
“Dirija com cuidado.”
Assim que Kang Dae-Kyung assentiu e saiu de casa, Kang Chan foi para seu quarto. Ele pegou seu uniforme extra e o vestiu. Ele então lembrou que havia deixado sua bolsa com Seok Kang-Ho.
‘Seok Kang-Ho provavelmente vai trazer para a escola e passar para mim.’
“Estou saindo agora.”
“Ok. Fique bem.”
Kang Chan tentou ser legal. No entanto, ele sentiu que era mais difícil do que lutar contra dez pessoas armadas com facas de filé, então decidiu tentar novamente depois de praticar mais.
Quando Kang Chan saiu pela entrada no primeiro andar do complexo de apartamentos, Kim Mi-Young, que batia no chão com o pé, sorriu amplamente para ele.
‘Sem auto-respeito.’
Assim que Kang Chan assentiu, Kim Mi-Young correu até ele.
“Como está sua mão?”
Kang Chan levantou a mão esquerda e simplesmente caminhou sem dizer nada. O ponto de ônibus ficava bem em frente ao complexo de apartamentos. Havia um grande número de alunos lá, provavelmente porque todos os alunos estavam indo para a escola naquele horário.
No entanto, no momento em que Kang Chan chegou, os alunos lentamente se afastaram dele, um passo de cada vez. Todo mundo estava evitando seu olhar – não, ninguém estava fazendo contato visual com ele.
Bem quando Kang Chan estalou os lábios, um ônibus se aproximou do ponto de ônibus e os alunos se aglomeraram em direção a ele.
Gritos, gritos.
Assim que a porta se abriu, os alunos entraram no ônibus. Considerando que os alunos e Kim Mi-Young estavam pegando aquele ônibus, naturalmente, era seguro presumir que ele estava indo para a escola. Kang Chan entrou confiante no ônibus, mas havia um problema – ele não tinha dinheiro.
“Você não vai passar seu cartão?” perguntou o motorista.
Cartão? Que cartão? Assim que Kang Chan olhou fixamente para o motorista e começou uma disputa de olhares com ele, Kim Mi-Young rapidamente correu.
(NT: um passo errado e o motorista morre kkkk)
“O que está errado?”
Depois de olhar para a expressão facial de Kang Chan, ela disse ao motorista que tocaria seu cartão pela segunda vez. Ela então colocou sua pequena carteira no leitor de cartão na frente.
Bip.
‘Droga. Se eu tivesse pegado o ônibus sozinho, eu teria sido completamente humilhado. ‘
Kang Chan seguiu Kim Mi-Young até o fundo do ônibus. Havia muitos alunos, mas estranhamente, o corredor estava livre. Assustados, os caras de aparência desagradável no banco de trás se levantaram.
“Por favor, sente-se aqui, hyung-nim.”
(NT: “Hyung” é usado por pessoas para se referir a outras mais velhas que eles, e também é usado como sinal de respeito, principalmente entre bandidos. Também é usado por uma pessoa para se dirigir a seu irmão biológico mais velho. Hyung-nim é uma versão mais respeitosa/formal.)
‘O que ele acabou de dizer?’
Os outros alunos fingiram não notá-los, simplesmente olhando para frente. Kim Mi-Young também estava olhando para Kang Chan com um olhar surpreso.
“Pare de falar besteira e apenas sente-se.”
“Não, está tudo bem. Só estou de pé porque minhas pernas estão dormentes.”
Havia seis caras se aglomerando em torno de Kang Chan. Assim que se levantaram de seus assentos e entraram no ônibus que já estava cheio de alunos, o resto dos alunos mantiveram os braços próximos ao corpo e tentaram ao máximo não fazer contato físico com eles, embora com muitas dificuldades.
Esses desgraçados adoram fazer isso, hein? Por que eles estão indo para a escola, então? Não seria melhor para eles simplesmente abandonar a escola e ir para a França ou se tornar um gangster?
Mais alunos embarcaram no ônibus na próxima parada.
“Ah! Sério! Alunos, vão para o fundo do ônibus!”
Mesmo que o motorista levantasse a voz frustrado, os alunos se recusaram a passar pela parte do meio do ônibus, onde ficava a porta traseira, porque os seis caras parados ao redor de Kang Chan pareciam cruéis.
Mesmo que Kim Mi-Young não estivesse olhando desajeitadamente para Kang Chan, o último ainda se sentiria muito desconfortável.
Naquele momento…
“Ah, porra! Apresse-se e vá para o fundo do ônibus.”
Alguém na frente xingou severamente, e três meninos que pareciam ter sido espancados apareceram depois de passar empurrando os outros alunos. Mas foi só isso.
Assim que fizeram contato visual com Kang Chan, os meninos colocaram a cabeça para fora da janela como soldados alistados em trens. Pelo que ele sabia, eles também podiam estar acenando com as mãos. A julgar por como eles usavam uniformes escolares diferentes, Kang Chan sabia que eles nem eram da mesma escola.
Ele sorriu porque viu o olhar de satisfação nos rostos dos seis caras atrás dele.
Sua viagem de ônibus para a escola foi muito agitada.