(Apêndice) Capítulo 6
Bom.
Tradução: Tinky Winky
A lua vermelha olhou para baixo como se estivesse rindo deles.
Wezel foi para o oeste e mais para o oeste.
Ranta o seguiu, mantendo um olho em seus arredores enquanto caminhava.
Amanheceu na floresta. Ele não podia nem ver seus pés. Não que isso o assustasse. Fazer coisas perigosas era, bem, perigoso. Até mesmo Ranta ocasionalmente tropeçava ou pisava em algo estranho e pensava: “Eca. Arrepiante”. Foi assustador, sabe? Mas bom.
Wezel caminhou sem hesitação, como se pudesse ver claramente. Isso foi estranho, não importa como você olhe para isso.
“Ei”, disse Ranta.
-…O que?
-Eu estive pensando. Vocês elfos cinzentos têm boa visão noturna?
“Tch, tch, tch, tch…” Wezel riu, então parou e chamou Ranta.
Parecia que ele poderia esfaquear Ranta se ele se afastasse descuidadamente, mas se o elfo fosse fazer isso, que assim fosse.
Eu o cortarei antes que ele possa me esfaquear. Quero dizer, sério, matá-lo seria fácil.
Quando Ranta se aproximou, Wezel esticou os dois braços para cima, estreitando os olhos e respirando fundo.
Suas pupilas vermelhas brilhavam ameaçadoramente. Como se seus olhos estivessem brilhando. Só parecia assim? Não, não importa quantas vezes verifique, elas realmente brilhavam.
“Ruwintimroti…Ruwingwinbodoichiewiris…”
Era uma voz baixa, diferente de quando ele falava, muito baixa.
Ele estava recitando um feitiço?
“Yeruwifi…” Wezel continuou. Imatebuimugaruwado… Tiwiyesuburidirevad… Igolusingweldinoswun…
De repente, Ranta ouviu outro sussurro, separado do canto de Wezel.
O que foi isso?
Havia muitos sussurros, indo e vindo, não em qualquer idioma em particular, mas algo estava estranho.
Ranta tentou tapar os ouvidos.
Eu sabia, ele refletiu. Eu ainda podia ouvi-los. Por que eu ainda podia ouvi-los?
“É isso… o que os xamãs fazem?” Ranta perguntou hesitante.
Wezel apontou para ele com as duas mãos.
-Oh! Ranta jogou a cabeça para trás involuntariamente.
Ele não sabia o que era. Ele podia não ter forma, nem massa, mas alguma coisa, só que era assim que ele podia chamar, alguma coisa tinha acontecido com ele.
Ele não só veio a ele, mas entrou nele.
Fluiu, correndo ao redor de seu corpo.
“Ah?!” Ranta gritou.
De repente, seus olhos se iluminaram.
-É brilhante…!
Ele sentiu o brilho do sol brilhando diretamente em seus olhos.
Ranta piscou. Nada mudou. Ainda estava claro.
“Isso é… inacreditável”, disse ele, espantado.
“Arte lunar”, disse Wezel. O tipo mais básico.
“Se você tivesse esse tipo de magia conveniente, você poderia ter lançado em mim mais cedo,” Ranta rosnou.
“Não é magia.
“Está bem perto.
-É diferente. Completamente diferente. São semelhantes, mas não a mesma coisa.
Wezel começou a andar. Seus olhos devem estar brilhando devido à sua técnica de xamã. Se sim, os olhos de Ranta estavam brilhando agora também?
Caminhando pela floresta que parecia tão brilhante quanto meio-dia, Ranta percebeu que nem sempre era brilhante. Parecia que quando a lua estava atrás das nuvens, escurecia.
“Arte lunar, hein,” Ranta murmurou. Agora eu entendo.
No entanto, além disso, Wezel tinha pernas fortes. Quando eles estavam descansando, ele não se deitou, ele apenas sentou, e quando eles começaram a andar novamente, ele não descansou por muito tempo.
Ranta estava confiante em sua própria resistência, mas ficou surpreso com a resistência de Wezel. Ainda assim, não importa o que aconteça, ele não diria: Uh, hey, estou exausto. Isto é difícil. Vamos descansar.
“Espere”, Ranta disse de repente. Não estávamos indo para o sul…?
Ele se cansou de sofrer em silêncio, então apenas murmurou para si mesmo, mas Wezel realmente se comprometeu com ele pela primeira vez.
“Você veio de… de onde?” perguntou o elfo cinza.
— Vale dos Mil.
“Ao sul de lá… as Terras Altas de Nargia… você as cruzou?”
— Não. A segurança lá era louca, então eu não ia passar por lá.
-…Aposto.
“Eu vim e fui, vagando por mais de um ano, atravessando as montanhas e assim por diante. Eu também vi o deserto de Nehi. Eu não pus os pés lá, obviamente.
“Sábio.
— No fim das contas… Vamos ver, hoje seria o dia 1.113, então três anos se passaram, né?
“Sul daqui é…” Wezel olhou para o sul por um momento. Lago Gandah. Na margem desse lago está o que já foi a cidade de Arabakia… Rodekia.
“Eu sei o nome, mas isso é tudo”, disse Ranta. Não é mais Rodekia, é?
— Grozdendahl. É uma base importante para as forças da aliança.
“A aliança… Espere, você não quer dizer… a Aliança dos Reis?
“Tch, tch, tch…” Os ombros de Wezel riram, mas ele não respondeu.
“A Aliança dos Reis se foi agora, não é? Ranta disse lentamente. Então porque…?
Há muito tempo, o Rei Não Vivo havia apoiado os reis orcs, goblins, kobolds e elfos cinzentos, instando-os a cooperar, e juntos eles formaram a Aliança dos Reis.
A Aliança dos Reis destruiu reinos humanos como Ishmal, Nananka e Arabakia, um após o outro, e então, a pedido do rei orc e outros, o Rei Vivo se tornou o imperador, estabelecendo o Império Imortal.
No entanto, quando o Rei Não-Vivo, que deveria ser imortal, morreu, a situação mudou completamente.
Sem imperador aparecendo para sucedê-lo, o Império Imortal desmoronou. Com a aliança fraturada, a raça de mortos-vivos criada pelo Rei Não Vivo agora detinha o poder nas antigas terras de Ishmal, e os orcs estavam nas antigas terras de Nananka. Enquanto isso, os goblins relativamente mais fracos criaram raízes em Damuro, enquanto os kobolds estabeleceram uma base nas Minas Cirene.
Essa era a compreensão humana da situação, pelo menos.
Mas já fazia muito tempo desde a partida de Ranta de Altana. A situação pode ter mudado agora.
Havia algo sobre isso que o incomodava, ou melhor, algo que ele lembrava.
Soma disse que havia sinais indicando o renascimento do Rei Não Vivo, e estabeleceu os Day Breakers para se infiltrar na DC Undead, no antigo domínio do Reino de Ishmal.
Ranta era tecnicamente um membro dos Day Breakers, mas não era particularmente próximo de Soma ou de qualquer um dos outros. Eles não lhe deram nenhuma informação detalhada e não estava claro se realmente havia sinais de alerta de seu retorno ou não. Ainda assim, ele não achava que Soma estivesse blefando. Soma não se sentia o tipo de pessoa que faria algo em vão.
Então, o homem provavelmente descobriu alguma coisa.
E, de fato, a Aliança dos Reis estava em movimento.
“Ei, Wezel,” Ranta falou. O que há em Undead DC?
—Ishidua Rohrō. É a casa do Rei Ishi, o rei dos mortos-vivos.
“Ishidua? Soa familiar.
“Se sim… não é surpreendente.
“Ele é famoso ou algo assim?” perguntou Ranta.
“Rei Ishi… era o príncipe de Arabakia.
“Uh…?”
—Ele recebeu o sangue do Rei Não Vivo… tornando-o morto-vivo. Ele era… um vassalo leal. Os associados mais próximos do Rei Não-Vivo… eram os Cinco Príncipes. Ele era um deles.
“Espere…” Ranta disse lentamente. Só espera. Os humanos recebem sangue? E eles se tornam mortos-vivos?
“Dizem que dar seu próprio sangue e criar mortos-vivos… é algo que apenas o Rei Morto e os Cinco Príncipes… podem fazer.
“Então, se o termo é Cinco Príncipes, isso significa que há mais quatro desses caras?”
“O Grande Príncipe de Igor, Deres Pain”, disse Wezel. O progenitor dos braços duplos, Gyabigo, o Dragon Slayer.
“Braços duplos… Espere!
O morto-vivo de Forgan, Four Armed Arnold, também tinha um braço duplo.
Se Gyabigo era o pai, isso significava que ele era o primeiro com braços duplos? Esse apelido de Dragon slayer provavelmente não era apenas para mostrar também. Ele provavelmente tinha matado um dragão.
“E os outros dois?” Ranta perguntou lentamente.
—O portador da magia original, Architekra. E Ainrand Leslie. O paradeiro de Leslie é desconhecido.
“Ainrand… Leslie… Ei, aquele é Ainrand Leslie do Acampamento Leslie?”
“Do nosso lado, ele também se chama Leslie, o Sequestrador. Em florestas e terrenos baldios, sua casa aparece de repente. Você nunca deve se aproximar. Os convidados… eles nunca mais voltam.
Também ouvi histórias nesse sentido. Ranta assentiu. Então Ainrand Leslie é um figurão morto-vivo? A sério…? Ranta suspirou. Nós realmente não sabemos de nada, não é?
“Vocês humanos são… insetos aqui em Grimgar. Insetos venenosos. Vermes. Foram exterminados, levados para a fronteira… e mesmo assim voltaram.
Originalmente, esta terra que os humanos chamavam de fronteira era o continente de Grimgar.
Os remanescentes das forças Arabakian e seu povo foram expulsos pelas forças da Aliança dos Reis, escapando ao sul das Montanhas Tenryu.
Essa área era uma terra não desenvolvida, bloqueada pelas Montanhas Tenryu e pelos dragões. Essa era a verdadeira fronteira.
Mas os humanos não queriam reconhecer que foram expulsos do centro da civilização. Então eles começaram a chamar as terras selvagens que haviam sido terras de fronteira no sul de “continente”.
Basicamente, a razão pela qual os humanos chamaram essa terra de “a fronteira” foi por orgulho ferido.
Wezel continuou andando em silêncio.
No momento em que o céu clareou, os efeitos da Arte da Lua haviam se dissipado.
Os dois pararam em uma aldeia na montanha. Havia cerca de vinte cabanas agrupadas entre as montanhas. Era uma aldeia insignificante.
Um orc estava em seu caminho. Ele tinha uma espada curvada pendurada na cintura. Seu cabelo bagunçado não estava tingido. Ele era alto e bem construído, mas sua perna esquerda era uma prótese feita de uma mistura de metal e madeira. Além disso, ele estava cego dos dois olhos, como se tivessem sido arrancados.
-Ah sim! Wezelred! — O orc chamou Wezel sem desembainhar sua espada.
Ele estava claramente cego, mas aparentemente podia vê-los de alguma forma.
Wezel se aproximou do orc. — Mugoh Sugedd. Lontaii.
Eles se cumprimentaram batendo os punhos. O orc se chamava Mugoh, e os dois eram aparentemente familiares.
Havia uma pedra chata no centro da aldeia, e um poço foi cavado ao lado dela. Mugoh, Wezel e Ranta sentaram-se juntos na rocha.
Para conhecidos, Mugoh e Wezel não conversavam muito. Eles pareciam estar apenas relaxando. Talvez eles fossem mais próximos do que conhecidos de passagem e pudessem se sentir à vontade quando estavam juntos.
Os aldeões gradualmente se reuniram e olharam para Ranta à distância. Muitos deles eram orcs, mas também havia vários mortos-vivos. Havia também alguns gumows, não muitos. Estavam todos vestidos com roupas surradas.
O que foi surpreendente foi que orcs, mortos-vivos e gumows eram todos igualmente pobres. Até onde ele podia ver, esses gumows não estavam sendo tratados como escravos.
“Que tipo de cidade é essa?” perguntou Ranta.
Depois de um curto período de tempo, Wezel falou. “Aqueles que rejeitam absolutamente lutar… também existem. Mas parece… covardia.
“Então esta é uma aldeia eremita ou algo assim?”
“Tch, tch, tch…” Os ombros de Wezel rugiram de tanto rir. Mugoh e seu povo… moram aqui. Isso é tudo.
Bem, todos nós temos nossas próprias maneiras de viver. Ranta deu de ombros.
“E nossas próprias maneiras de morrer… Sim.
Um pequeno orc que provavelmente era uma criança se aproximou hesitante. Ele estava perguntando a Wezel algo na língua orc.
Wezel se levantou. Parecia que eles estavam indo para algum lugar, e o garoto orc estava liderando o caminho.
Ranta não tinha nada a fazer a não ser ficar ali sozinho. Então ele decidiu acompanhá-lo.
Os dois foram para uma cabana. Era uma casa feita de pilares apoiados no chão, cercados por paredes de barro e um telhado simples de palha. Ainda assim, fora cuidadosamente construída e o chão estava coberto com esteiras de palha.
Em um lugar para dormir onde a palha havia sido empilhada nas esteiras, um único orc estava deitado. Ao contrário do orc que os trouxe aqui, este não era uma criança. Ele era um adulto.
Ele tossia constantemente e parecia estar passando por um momento difícil. Ele deve ter sido enfraquecido pela doença. Ele estava emagrecido.
Wezel se ajoelhou ao lado daquele orc.
O orc soltou uma tosse intensa e cuspiu algo preto escuro. Não era tanto sangue, mas fleuma sangrenta.
O menino estava constantemente esfregando as costas do orc mais velho, mas ele não parava de tossir.
O orc finalmente empurrou o menino para longe, como se dissesse: “Chega”. Até aquele gesto foi fraco.
Wezel deu ao menino uma ordem em orc.
A criança orc pareceu aceitar isso, e se afastou do orc adulto, então se sentou no canto da cabana.
Certificando-se de que sim, Wezel se inclinou para perto da orelha do orc adulto para perguntar algo.
O orc tossiu, cuspindo catarro sangrento, então assentiu.
“Ah, entendi”, Ranta percebeu. Wezel, você é um xamã errante, afinal. No entanto, a magia da luz de Lumiaris não é tão boa contra doenças, pelo que ouvi.
“Isso está além de mim”, disse Wezel. Ninguém pode tratar uma doença mortal… nem mesmo os seres que chamamos de deuses.
-Ei? Então…
Wezel tirou um pequeno envelope de papel da bolsa de couro pendurada em sua cintura. Dentro havia um pó branco. Ele colocou o pó na garrafa de água de couro pendurada no ombro e a sacudiu. Wezel virou o rosto para Ranta.
-Ajude-me.
-Claro.
Ranta fez o orc se sentar. Wezel passou a garrafa de água para o orc, mas ele estava tossindo muito. Parecia que, em seu estado debilitado, ele nem tinha forças para levantar a garrafa.
“Faça-o beber”, Wezel disse a ele, então Ranta fez o que lhe foi dito. O orc tomou um gole da garrafa, mas imediatamente tossiu novamente.
“Não”, disse Wezel. Faça-o beber. Até a última gota.
-Bom. Se você me disser para beber, eu vou fazê-lo beber…
Agora Ranta se sentia teimoso. Ele ajudou o orc a beber o conteúdo da garrafa pouco a pouco. Quando ele terminou, a tosse havia parado.
Ele colocou o orc de volta na cama. Talvez ele estivesse calmo agora, já que sua respiração estava mais relaxada. Seus olhos se arregalaram um pouco, como se ele estivesse meio adormecido.
O menino orc se aproximou e sentou-se ao lado do orc. O orc o encarou.
Wezel levantou-se de repente e saiu, simples assim.
-Oh! Ouça! Ranta correu atrás dele.
Wezel caminhava como se fosse passear.
Mesmo quando Ranta o alcançou e caminhou ao lado dele, Wezel nem sequer olhou para ele.
“Wezel… O que você me fez dar para aquele orc?” perguntou Ranta.
Ele não esperava uma resposta. Ele pensou que Wezel iria ignorá-lo.
“Uma droga poderosa.
Wezel respondeu com tanta facilidade que Ranta ficou realmente surpreso.
“Então… veneno”, disse ele.
“Qualquer coisa… pode ser remédio ou veneno, dependendo de como é usado.
“E como você usou isso?”
“Ele… vai dormir em breve. Ele não vai acordar. É o sonho eterno.
“Você o matou?” perguntou Ranta.
“Tch, tch tch…” Os ombros de Wezel riram e ele parou. Sim. Ele vai dormir… e logo depois, vai morrer.
“É isso… o que o garoto pediu para você fazer?”
-Não.
-O que?
“O menino apenas disse: ‘Meu pai está doente. Ele está sofrendo. Por favor faça alguma coisa.”
“Você está me dizendo que fingiu dar remédio a ele e depois o fez beber veneno?”
“Ele não ia conseguir”, disse Wezel simplesmente.
O elfo cinza provavelmente estava dizendo a verdade.
O orc provavelmente tinha câncer de pulmão, ou algo assim, e era terminal. Cada respiração trazia uma dor grande demais para palavras. Para aquele orc, cada segundo era uma tortura.
Claro, ele não gostaria de deixar seu filho para trás. Ainda assim, isso era o que inevitavelmente aconteceria. Em breve, aquele orc estaria morto. Ele deve ter sabido que sua vida estava chegando ao fim.
O menino provavelmente sabia disso também.
“Eu o salvei”, disse Wezel. Isso é tudo.
“Cara, quantas pessoas você… matou assim? Ranta não esperava uma resposta.
Wezel não deu nenhuma, apenas um leve sorriso.
Fim do capítulo…
Notas finais do tradutor.
Este capítulo nos dá informações interessantes. O movimento da Aliança dos Reis é provavelmente o motivo da destruição de Altana. Uma invasão. A coisa sobre Leslie ser um humano que se tornou morto-vivo também é interessante.
Essa coisa de dar sangue me chamou a atenção, porque, você sabe, Jessie não reviveu Mary dando seu sangue? Ele cortou o pulso – não me lembro exatamente onde – e colocou no ferimento de Mary, e meio que sugou todo o sangue que saiu. Embora Jessie então acabe desaparecendo, fez uma concha, então talvez não seja a mesma coisa.
Convenientemente, agora apenas Yume e a própria Mary se lembram do que aconteceu, então esse assunto vai se arrastar ainda mais, pois o mais próximo de falar com ela foi Haruhiro, que terá que reencontrá-la…
