Histórias Bônus
Para Todas Vocês, Baratas
Tudo o que ele queria era tomar um drink, e foi por isso que seguiu em direção ao Beco Celestial.
Uma mulher o viu de longe.
— Renji! — ela gritou. — Espere! Ei, Renji! Eu encontrei o Renji! — E chamou as outras mulheres que estavam por perto.
Ela era barulhenta, mas não havia necessidade de prestar atenção. Ele continuou andando, olhando apenas para frente.
Bastaram poucos segundos. Em um piscar de olhos, ele estava cercado por mulheres. Não eram cinco, dez ou algo assim. Eram cerca de trinta. Não era a primeira vez, mas ele não conseguia evitar pensar: O que há com essas mulheres? O que elas querem?
Uma vez, uma delas tentou tocá-lo e, quando ele a advertiu com um simples “Não me toque,” ela começou a chorar. Desde então, as mulheres pararam de tentar encostar nele. Também não chegavam tão perto. Apenas se reuniam ao redor, o observavam, sussurravam umas para as outras e gritavam quando seus olhos ocasionalmente se encontravam com os delas. Quando ele se movia, as mulheres também se moviam. E falavam animadamente:
— Para onde você acha que o Renji está indo?
— Para a Taberna Sherry?
— Mas o Renji odeia lugares cheios, não é?
— É verdade. Ele parece mais o tipo que gosta de beber sozinho.
Sim, elas estavam completamente certas. Era por isso que ser cercado por aquelas mulheres era tão insuportável. Ele queria ir a um lugar onde pudesse ficar sozinho e beber tranquilamente.
Saíam do caminho! Sumam daqui! Ele estava prestes a gritar com elas, mas já havia feito isso antes e sabia que não adiantaria muito. As mulheres se dispersariam. Temporariamente. Elas não voltariam imediatamente, mas continuariam observando de longe. Isso era insuportável por si só.
Então ele decidiu repensar. Só precisava ignorá-las. Deixá-las fazerem o que quisessem. Se as deixasse em paz, elas acabariam se entediando e indo embora sozinhas.
Mas isso não estava acontecendo. As mulheres ainda corriam até ele sempre que o viam.
— Então, tipo, quando ele me ignora completamente, eu fico ainda mais encantada — disse uma delas.
— Super entendo isso — respondeu outra.
— Eu também! Eu também! — concordaram outras.
Elas são idiotas? Só podia ser isso. Ele não tinha tempo para perder com idiotas. Não queria desperdiçar seu tempo com elas. Ele sequer interagia com elas. Essas mulheres não percebiam que era inútil? Ele nem mesmo as via. Não as enxergava como criaturas vivas. Para ele, eram como insetos. Além disso, por que elas o cercavam? Qual era o propósito? Não fazia sentido se perguntar essas coisas. Era estúpido.
Uma das mulheres tropeçou no pé de outra e quase caiu.
Ele, reflexivamente, estendeu a mão e segurou a mulher.
— Tome cuidado — foi tudo o que disse.
— …S-Sim, senhor!
Malditos insetos. Estavam tão amontoados que tropeçavam nos pés umas das outras. Por que não pensavam um pouco sobre isso? Provavelmente, não tinham capacidade para isso. Insetos como eram. Ele não tinha tempo para pensar em insetos. Ele seguiu andando.
As mulheres não o seguiram.
Claro, isso era maravilhoso. Mas ele ficou um pouco incomodado, se perguntando por quê, então se virou. No momento em que fez isso…
— Aaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
Aquela mulher… não, aquele inseto que tinha tropeçado antes… se agachou e soltou um grito bizarro. Como se respondessem a ela, um burburinho começou entre as outras mulheres, que começaram a fazer um alvoroço.
— Aquilo foi incrível!
— Ele disse “Tome cuidado”!
— Meu Deus, meu Deus, meu Deus!
— Maravilhoso!
— Renji, Renji, ele é incrível!
— Eu poderia morrer agora!
— Então morra — murmurou Renji, quase sem pensar.
— Ahhh! — O inseto… ou melhor, a mulher que ouviu isso ficou vermelha e desabou. — Eu vou morrer! Estou morrendo! O Renji me disse para morrer! Isso é o máximo! Eu tenho que morrer agora…!
— Estou com tanta inveja! Quero que o Renji diga isso para mim também!
— Eu também!
— Eu também!
— Renji…!
— Se você dissesse isso para mim, Renji…!
— Sumam daqui de uma vez — disse Renji, exasperado.
E foi exatamente o que aconteceu. Todas as mulheres… ou melhor, todas as baratas… caíram no chão, rolando e gritando.
Uma super garota
Enquanto desenhava sigilos elementais com a ponta de seu cajado, Mimori entoava um feitiço suavemente.
— Delm, hel, ru, em, jil, van, arve.
— Whoa…! Mimorin! — Anna-san tentou detê-la, mas era tarde demais. Se ela não se abaixasse agora, aquele feitiço seria absurdo.
Heat Wave. Tokimune, Kikkawa, Tada e Inui, que estavam trocando golpes com os famosos Minotauros da Montanha da Coroa nas Planícies dos Ventos Rápidos, gritaram, resmungaram ou arregalaram os olhos, para logo depois se jogarem no chão praticamente ao mesmo tempo.
Quente! Muito quente! Existe algum limite para o quão quente pode ficar, yeah?!
Uma onda de calor estupendamente intensa os envolveu, e parecia que, se os atingisse diretamente, os queimaria sem dúvida alguma. Os minotauros, que eram bons em suportar dor, ou melhor, verdadeiros masoquistas, além de resistentes, musculosos e dedicados exclusivamente a práticas nada reprodutivas por puro prazer, mugiram de agonia. Provavelmente estavam gostando. Mesmo se contorcendo em êxtase, certamente estavam sofrendo com o calor insuportável. Afinal, o pelo deles estava pegando fogo.
Finalmente, a terrível onda de calor diminuiu, e Mimori—ou Mimorin, como era conhecida—alta, esbelta, voluptuosa e absurdamente bonita, que parecia ter transcendido a humanidade recentemente, deu uma ordem para Tokimune e os outros: — Recuem.
— Hã…? — Tokimune levantou o rosto para olhar para ela.
— R-R-R-Recuar?! Agora? Não, isso tá errado! Era “corram”! Hurry up! Corram! — gritou Anna-san, desesperada.
Tokimune e os outros saíram correndo, gritando. Eles eram companheiros de Mimorin, então sabiam muito bem o quão insana ela estava ultimamente. Mimorin voltou a desenhar sigilos elementais com o cajado e a entoar seu feitiço.
— Delm, hel, ru, em, jil, van, arve.
— Isso?! — gritou Anna-san. — Você vai usar aquele feitiço?! Que diabos?! Oh my god! Isso vai ser uma explosão gigantesca, madame.
Detonation. Mesmo entre os muitos feitiços destrutivos da Magia Arve, este era um dos mais poderosos.
— Queeeee?! — gritou Anna-san, girando como uma gueixa sendo desnudada à força. A onda de choque era inacreditável. Anna-san foi lançada a uma distância absurda. Não teve como lutar contra o destino: rolou, rolou e rolou. — Aaaaaaaaaah…
Céu azul. Morte. Anna-san, estatelada. Sua sobrevivência, um mistério. Não, um milagre.
Aquele desgraçado do Tada rastejou até ela.
— Anna-san, tá bem? — perguntou ele. Mas como ela estaria?
Vou te chutar até o inferno, Tada, pensou Anna-san, mas era madura. Pegou a mão de Tada e se levantou. Que atitude nobre. Tão comovente…
Mimorin estava sozinha, com uma expressão fria, exibindo uma pose impressionante. Onde estavam os minotauros? Por enquanto, deviam ter sido lançados pelos ares com a magia dela.
Tokimune rastejou até os pés de Mimorin, como uma lagarta, e abriu um sorriso, mostrando os dentes brancos.
— Mimori, ultimamente você tá meio imparável, né? Aprendendo esses feitiços incríveis e conseguindo usá-los. Tô feliz por você, mas também um pouco assustado…
Sem sequer olhar para Tokimune, Mimorin disse friamente: — Porque não há mais nada para fazer.
— E-Eh… É? Ha, ha. Bom, tudo bem, então… — Tokimune abaixou a cabeça, parecendo exausto.
O cabelo que escapava do chapéu de Mimorin balançava ao vento. Estreitando os olhos, ela olhou para o horizonte. Então, sussurrou o nome dele: — Haruhiro.
Ela ainda queria vê-lo? Ainda não tinha desistido? Anna-san não conseguia evitar sentir ressentimento de Haruhiro por isso.
Maldito Haruhiro. Mimorin está triste, solitária, emagreceu e ficou elegante, agora é uma superbeleza. Ela está aprendendo magias incríveis também. Isso parece um problema, yeah. O que ele vai fazer a respeito? Aquele moleque estúpido…