Hai to Gensou no Grimgar
Autor: Jyumonji Ao
Level 6 – Em rumo a uma glória que não vale a pena
Capítulo 1 – Um quarto de um dia. (Parte 1)
Tradução: PapupiroH
— Huff… Hahh… Huff… Hahh… — Haruhiro corria, ofegante.
Ele olhou por cima do ombro.
…Eles estão ali.
Ali.
Ali.
Ali.
Perseguindo-o.
Eles usavam grandes capas brancas, com um único buraco para os olhos. Era algo como um poncho longo. Tinham um torso, uma cabeça, dois braços e pernas. Seria justo dizer que sua constituição era notavelmente semelhante à de um humano. Só que havia um único olho espiando pelo buraco.
Nunca era apenas um daqueles com capa branca. Sempre havia vários deles.
Ele não precisava se preocupar em contar. Já sabia o número. Seis. Cinco deles carregavam lanças, e outro segurava uma espada e um escudo. As lanças não tinham nada de especial, exceto pelos cabos brancos, mas cada espada tinha um brilho ligeiramente arroxeado, e os escudos pareciam quase espelhos. Suas espadas, por algum motivo, haviam recebido o nome de Lightning Sword Dolphin, e os escudos eram chamados de Escudos Espelho, por causa de sua aparência.
Alguém começou a chamá-los assim—bem, não foi apenas alguém, foram eles que começaram com isso—cultistas.
Os portadores de lança eram cultistas comuns, aos quais eles apelidaram de Pansuke. O portador da espada era um cultista de elite, que apelidaram de Tori-san. Esses nomes pegaram.
— Droga, estou exausto… — murmurou Haruhiro.
Mesmo reclamando, ele continuava correndo sem diminuir o ritmo. Se ele não continuasse a todo vapor, os Pansukes e Tori-san o pegariam. Se isso acontecesse, Haruhiro, sendo apenas um ladrão, seria cercado e quase certamente morto num instante. Então, ele tinha que correr.
Correr. Era o único pensamento em sua mente. Por enquanto, só corra. Corra como um louco. É a única opção.
Sob um céu de azul profundo, com tons avermelhados, roxos, laranjas, amarelos, vermelhos e todas as cores entre eles espalhados, ele corria o mais rápido que podia pela cidade branca.
…Uma cidade.
Sim, aquilo era uma cidade, ou pelo menos algo do tipo. De ambos os lados das ruas pavimentadas com pedra branca, havia edifícios em forma de caixas, feitos, obviamente, de pedra branca. Nenhuma coincidência miraculosa jamais teria criado algo assim naturalmente. Era claro que alguém, algum ser inteligente, havia construído aquilo.
— Argh! Chega! — gritou Haruhiro.
O suor escorreu para o seu olho direito e o fez arder. Ele sentiu vontade de olhar para trás novamente, mas resistiu. Sem fazer nada desnecessário, ele correu. Com um olho fechado, ele correu.
— Hah… Hahh… Hah… Hah, hah…!
É naquela esquina. Vire ali.
Ele praticamente se jogou para a esquerda ao virar a esquina, e continuou correndo pela rua ligeiramente estreita.
Os passos dos cultistas se aproximavam. Seu estômago doía, como se estivesse sendo apertado com força.
Haruhiro gritou o mais alto que pôde. Ou melhor, ele não conseguiu conter o grito, e sua voz saiu por conta própria. Seu corpo estava tão ereto que ele sentia que poderia se dobrar para trás.
Devo levantar mais as coxas? Isso só vai me cansar mais? Ah, já não sei mais. Dói. Eu nunca deveria ter seguido esse plano estúpido.
— Crown Break! (Quebra da coroa) — Tada gritou.
Eles chegaram. Finalmente. Eles vieram.
Sem parar, Haruhiro olhou para trás. De um prédio à sua direita, um homem de óculos e uniforme de sacerdote saltou, atacando os cultistas. Especificamente, o Tori-san. O homem vestido como sacerdote tinha um martelo de guerra que parecia estupidamente pesado, e ele o desceu com um impacto satisfatório sobre a cabeça do Tori-san.
Tori-san era um espadachim de nível bastante alto, bem superior aos Pansukes, mas ele não tinha visto isso chegando. Recebeu o golpe com toda a força.
É claro que ele não estava bem depois de levar um golpe daquele martelo de guerra na cabeça. As capas dos cultistas eram altamente resistentes a ataques cortantes e podiam absorver impactos até certo ponto, mas isso não seria suficiente aqui. Tori-san caiu com a cabeça esmagada.
Com seu líder derrubado de repente, os Pansukes entraram em pânico.
— Aqui! — ecoou uma voz que parecia exatamente como se esperaria de um cara bonitão.
A emboscada ainda não tinha terminado.
Um homem que usava uma armadura com um hexagrama gravado saltou no ar, seguindo o homem com o uniforme de sacerdote, Tada.
— Hã? — Haruhiro parou, sem nem perceber. Por quê? Por que ele teve que pular? Não poderia simplesmente descer?
Mas Haruhiro sabia a resposta para essa pergunta. Tokimune não era um homem ao qual se podia aplicar lógica. Ele estava bem ciente disso, mas ainda assim, ficava chocado.
— Aqui é onde eu termino tudo com estilo!
Tokimune, o paladino que liderava os Tokkis, exibiu seus dentes brancos no ápice de seu salto, antes de mergulhar em direção ao chão.
Eles haviam conseguido deixar os Pansukes atordoados, mas Tokimune desperdiçara isso. Os Pansukes estenderam suas lanças em direção a ele.
Droga. Isso não é bom. Ele vai ser empalado, pensou Haruhiro. Mas, surpreendentemente, isso não aconteceu.
— Dance como uma pantera! — Tokimune girou o corpo inteiro junto com sua espada e escudo, desviando as lanças dos Pansukes. — E pique como uma baleia!
Pisando na cabeça do Pansuke A, ele se impulsionou e desferiu um chute circular no Pansuke B, antes de aterrissar no chão e fechar um dos olhos.
— Resolvi isso, né? — Tokimune disse, sorrindo.
— Bem, pelo menos ainda não foi furado. — retrucou Haruhiro, com uma piada.
Tada, o homem com roupa de sacerdote, golpeou o flanco do Pansuke C com seu martelo de guerra, lançando-o para longe.
— Você não resolveu nada! — ele gritou.
— Tch, tch, tch. — Tokimune clicou a língua calmamente, balançando a cabeça. — A luta já está decidida, sabia?
— Heh! — Um homem de meia-idade com um rabo de cavalo, um tapa-olho e um macacão de couro apertado, uma combinação embaraçosa, saiu de um beco e enterrou sua espada de lâmina única no olho do Pansuke D.
Logo em seguida, uma mulher, que parecia uma maga pelo traje, mas era gigantesca de várias maneiras e empunhava tanto um cajado quanto uma espada, surgiu. Seu apelido era giganta. Mimori, também conhecida como Mimorin, primeiro atingiu o Pansuke E no lado do rosto com seu cajado, e em seguida, sem perder o ritmo, perfurou seu olho com a espada.
— Boa sorte, yeah?! Kill them all! — Uma garota pequena, com cabelos loiros e olhos azuis, espiou do beco e os incentivou com uma mistura de japonês e inglês.
Anna-san podia até espiar, mas não se envolvia nas lutas. Ela era basicamente uma animadora de torcida.
— Yahoo! Deixa eu participar também! — Kikkawa gritou. O guerreiro descontraído pulou do telhado, provavelmente imitando Tokimune. Até aí, tudo bem, até o momento em que ele dançou no ar e fez uma pose.
Na verdade, não, não estava bem. Era completamente inútil.
O guerreiro descontraído, Kikkawa, tentou se jogar sobre o Pansuke A, o mesmo que Tokimune havia desequilibrado ao pisar na cabeça. Ou pelo menos foi isso que parecia que ele ia fazer, mas enquanto ele fazia a pose, Tada grunhiu e balançou seu martelo de guerra, lançando o Pansuke A contra a parede do prédio, e a espada de Kikkawa cortou apenas o ar.
— Ahahaha, Tadacchi! Você roubou minha kill! — Kikkawa reclamou.
— Wahahahahahh! — Tokimune berrou.
Então, um pedaço de lixo saltou sobre o Pansuke B, que Tokimune havia derrubado com o chute circular, mas que ainda tentava se levantar.
— Meu, meu, meu! — Aquele lixo sanguinário segurou o Pansuke B no chão e foi para o golpe final. — Para Skullhell!
— Sai da frente. — Tada deu um chute no lixo para afastá-lo e, sem dó, bateu com seu martelo na cabeça do Pansuke B, espalhando os pedaços dentro do seu poncho.
— Nããããããããããããão! — O pedaço de lixo conhecido como Ranta sentou-se no chão e começou a chorar.
Bem, pelo menos ele não está chorando de verdade.
— Que inferno?! — Ranta gritou. — Eu ia matar aquele! Seu idiota estúpido!
— Hã? — Tada pressionou o dedo indicador esquerdo contra seu martelo coberto de sangue. —Um idiota estúpido? Você tá me chamando disso?
— …Não, não você — Ranta disse rapidamente. — Desculpa. Sério, sério, desculpa. Eu não quis dizer você, de verdade. Não… P-Perdoe-me! — O lixo rapidamente se prostrou no chão. — Foi só o jeito que saiu, sabe! No calor do momento, e tudo mais! Eu não quis dizer isso de verdade!
— Bom, está bem. Desta vez, eu vou deixar passar. — Tada apoiou o martelo de guerra no ombro. — Na próxima, eu te mato.
— S-S-Sim, s-senhor! M-M-Muito obrigado! — Ranta gaguejou.
Ele é um idiota?, Haruhiro se perguntou, mas também sabia que Tada não hesitaria em esmagar Ranta com aquele martelo. Pedir desculpas provavelmente foi a decisão certa. Sério, os Tokkis eram exagerados de todas as formas possíveis.
— Uau… — Yume, que estava escondida por perto, apareceu com os olhos arregalados. — Já acabou. Foi rápido, né?
— Foi mesmo. — Shihoru saiu de trás de Yume, olhando ao redor.
— Nem tivemos chance de mostrar serviço… — O esguio Kuzaku saiu do beco.
— Foi rápido demais — Mary suspirou. Ela estava atrás de Kuzaku, um pouco na diagonal.
— Bom, quando a gente trabalha, é fácil assim, não é? — Tokimune exibiu seus dentes excessivamente brancos e lhes deu um sinal de positivo. — A luta de verdade está só começando, né, Haruhiro?
— É. — Haruhiro deu um chute nas costas de Ranta. — Vamos, se prepara.
— Aí! Ei! Você não passa de um Haruhiro. Como ousa me chutar—
— Miau! — Yume já tinha uma flecha pronta. — Está vindo!
Um barulho. Um som alto vindo em sua direção. Da mesma esquina que Haruhiro havia acabado de virar. Ali estava.